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ContabilidadeContabilidade agropecuáriaagropecuária AUTORIA Ivã da Cruz de Araújo Bem vindo(a)! Seja muito bem-vindo(a)! Prezado(a) aluno(a), é com grande prazer que convido você a descobrir nesta disciplina uma Contabilidade Linda, como gosto de chamá-la e sou apaixonado. Como você já deve saber, a Ciência Contábil é uma ciência vasta, podendo ser aplicada em todos os tipos de entidades. A partir de agora vamos caminhar juntos pela disciplina de Contabilidade Agropecuária e descobrir um mundo contábil voltado para o agronegócio. Na Unidade I você aprenderá o conceito de agronegócio e as características das propriedades e empresas rurais, ampliando seu conhecimento para que, na Unidade II, possa entender como funcionam as culturas temporárias e culturas permanentes. Em seguida, ainda na Unidade II, trataremos dos redutores do ativo não circulante: depreciação, exaustão e amortização. Na Unidade III você verá que a pecuária possui características peculiares e conhecerá os sistemas de produção e reprodução, tipos de pastoreio, atividade de cria, recria e engorda do gado, a divisão dos rebanhos em categorias, forma de contabilização dos custos e apuração do resultado. Para �nalizar, na Unidade IV você verá um modelo básico de plano de contas aplicado às empresas rurais e aprenderá sobre o Imposto Territorial Urbano (ITR). Fica aqui o meu convite para que você amplie seus conhecimentos contábeis e cresça pessoal e pro�ssionalmente utilizando esta ciência fantástica. Muito obrigado e bom estudo! Sumário Essa disciplina é composta por 4 unidades, antes de prosseguir é necessário que você leia a apresentação e assista ao vídeo de boas vindas. Ao termino da quarta da unidade, assista ao vídeo de considerações �nais. Unidade 1 Conceitos básicos do agronegócio Unidade 2 Contabilidade agrícola Unidade 3 Contabilidade pecuária Unidade 4 Contabilidade gerencial e declaração do imposto territorial rural Conceitos básicos do agronegócio AUTORIA Ivã da Cruz de Araújo Sumário Introdução 1 - Conceitos e de�nições de agronegócio 2 - Caracterização de propriedades e empresas rurais Considerações Finais Introdução Olá! Essa unidade foi planejada e preparada cuidadosamente para que você conheça os principais conceitos e de�nições da Ciência Contábil no campo da Contabilidade Agrícola. Você verá também as principais características das propriedades e empresas rurais, assunto de grande relevância para a compreensão desta área fantástica da Ciência Contábil. Ressalto que conhecer tais conceitos e de�nições preparará você para que os conteúdos seguintes, abordados nas demais unidades desta obra, �quem mais claros e sejam melhores compreendidos. Não deixe de ler com atenção e se aprofundar no assunto. Boa leitura e bons estudos! Plano de Estudo: 1. Conceitos e de�nições de agronegócio. 2. Caracterização de propriedades e empresas rurais. Objetivos de Aprendizagem: 1. Conceituar e contextualizar o agronegócio no Brasil. 2. Compreender os tipos de propriedades e empresas rurais. 3. Estabelecer a importância do agronegócio e sua relação com a Ciência Contábil. Conceitos e de�nições de agronegócio O agronegócio é a expressão criada para representar a fusão da agricultura e/ou agropecuária e o negócio. Figura 1 - O Agronegócio Agricultura e Agropecuária Negócio Agronegócio+ = Fonte: o autor. O Brasil é um dos maiores produtores de alimento do mundo e tem no agronegócio um importante setor da economia com grande participação no Produto Interno Bruto (PIB) O clima no país favorece a produção de alimentos e, aliado a isso, o investimento em novas tecnologias faz do setor um grande mercado lucrativo. Conhecer esse mercado e como a contabilidade é aplicada ao setor é de suma importância para você, futuro contador. A Contabilidade de Agronegócio A Ciência Contábil, como você já deve saber, é composta por diversos campos de estudo, como: Contabilidade comercial; Contabilidade de Custos; Contabilidade tributária; Auditoria; Perícia Contábil; Contabilidade Gerencial; Contabilidade de Agronegócio. Como você pode notar a Contabilidade estudada de forma genérica possui diversas nomenclaturas, dentre elas a contabilidade de Agronegócio, se o campo de estudo forem as empresas rurais. Pode-se ainda encontrar denominações ainda mais especí�cas como: Talvez você viva em uma região cuja atividade rural não seja tão explorada como em algumas regiões do Brasil, porém conhecer estas atividades, bem como as empresas que as praticam funcionam, permitirá a você, além de entender a contabilização no agronegócio, compreender a ligação da área rural com a economia do País. Convido você a ler com atenção os tópicos a seguir e conhecer os principais conceitos ligados à Contabilidade de Agronegócio. Contabilidade Agrícola; Contabilidade da Pecuária; Contabilidade da Zootécnica; Contabilidade Agroindustrial. Caracterização de propriedades e empresas rurais As empresas rurais são aquelas que exploram o cultivo da terra, criação de animais e/ou a transformação de produtos agrícolas. Nesse momento você já deve ter entendido que uma empresa rural explora a capacidade produtiva do solo a �m de satisfazer necessidades humanas. Conforme Crepaldi (2012, p. 1), “a agricultura representa toda a atividade de exploração da terra, seja ela o cultivo de lavouras e �orestas ou com a criação de animais, com vistas à obtenção de produtos que venham a satisfazer as necessidades humanas”. As empresas rurais dividem-se em três grandes campos de atividade: Atividade Agrícola; Atividade Zootécnica; Atividade Agroindustrial. Atividade Agrícola Trata-se da exploração do solo com a �nalidade de plantio e produção vegetal. Segundo Crepaldi (2012), a atividade agrícola está relacionada à produção vegetal, sendo dividida em dois grandes grupos: cultura hortícola e forrageira e a arboricultura. A cultura hortícola e forrageira relaciona-se: aos cereais, como feijão, soja, arroz e milho; às hortaliças, como verduras, pimentão, tomate; aos tubérculos, como batata, cenoura e mandioca; às �bras, como o algodão, forragens e �ores. Já ao campo da arboricultura relaciona-se: o �orestamento; os pomares; os vinhedos; Atividade Zootécnica Trata-se da criação de animais para serviços de lavoura, consumo doméstico ou para �ns industriais e/ou comerciais. Alguns exemplos: Avicultura (criação de aves); Cunicultura (criação de coelhos); Pecuária (criação de gado); Piscicultura (criação de peixes); Apicultura (criação de abelhas); Entre outros pequenos animais. Aqui, vale ressaltar que o Brasil possui grande participação na pecuária mundial, sendo que o país possui um dos maiores rebanhos bovinos do mundo. Crepaldi (2017, p.3) diz que “Pecuária é a arte de criar e tratar o gado”. Atividade Agroindustrial Já parou para pensar que muitos dos alimentos que você consome precisam de vários processos e procedimentos até chegarem à sua casa, para, então, irem para sua mesa? Veja o exemplo do café, antes de chegar a sua mesa, passa por vários processos, dentre eles a colheita, secagem, torra, moagem e preparo. Esse processo de bene�ciamento ou transformação denomina-se atividade agroindustrial. A atividade agroindustrial, portanto, tem como sua principal função o bene�ciamento ou a transformação de produtos agrícolas (arroz, soja, café) e transformação zootécnica (mel e laticínios), como, por exemplo: Transformação do produto agrícola a conserva de frutas, a moagem de trigo e de milho, a debulha de milho, a moagem de cana-de-açúcar para produção de açúcar mascavo, melado e rapadura, a moagem de grão, transformando-o em farinha ou farelo. Transformação de produtos zootécnicos como laticínios (queijo, manteiga e requeijão), casulos de seda, mel acondicionado em embalagem de apresentação, produção de adubos orgânicos, sucos de frutas acondicionados em embalagens. No caso de produtos �orestais: produção de carvão vegetal, produção de lenha etc. Atividades não consideradas como rural A Instrução Normativa RFBnº 1.700, de 14 de março de 2017, em seu artigo 150 especi�ca as atividades não consideradas rurais: I - a industrialização de produtos, tais como bebidas alcoólicas em geral, óleos essenciais, arroz bene�ciado em máquinas industriais e fabricação de vinho com uvas ou frutas; II - a comercialização de produtos rurais de terceiros e a compra e venda de rebanho com permanência em poder da pessoa jurídica rural em prazo inferior a 52 (cinquenta e dois) dias, quando em regime de con�namento, ou 138 (cento e trinta e oito) dias, nos demais casos; III - o bene�ciamento ou a industrialização de pescado in natura; IV - o ganho auferido pela pessoa jurídica rural proprietária de rebanho, entregue, mediante contrato por escrito, à outra parte contratante (simples possuidora do rebanho) para o �m especí�co de procriação, ainda que o rendimento seja predeterminado em número de animais; V - as receitas provenientes do aluguel ou arrendamento de máquinas, equipamentos agrícolas e pastagens, e da prestação de serviços em geral, inclusive a de transporte de produtos de terceiros; VI - as receitas decorrentes da venda de recursos minerais extraídos de propriedade rural, tais como metal nobre, pedras preciosas, areia, aterro e pedreiras; VII - as receitas �nanceiras de aplicações de recursos no período compreendido entre 2 (dois) ciclos de produção; VIII - os valores dos prêmios ganhos a qualquer título pelos animais que participarem em concursos, competições, feiras e exposições; IX - os prêmios recebidos de entidades promotoras de competições hípicas pelos proprietários, criadores e pro�ssionais do turfe; X - as receitas oriundas da exploração do turismo rural e de hotel fazenda. Ciclo Operacional O ciclo operacional compreende o período da compra do estoque até a venda das mercadorias e produtos. Segundo Oliveira e Oliveira (2017, p. 45), no agronegócio “a maioria das atividades tem duração menor que um ano. Contudo é comum na atividade rural ciclos operacionais maiores que esse espaço de tempo como na pecuária de corte, produção de búfalos, plantação de eucalipto e �orestamentos em geral”. Oliveira, G., e Oliveira, G., (2017, p. 46) a�rmam que: O conceito de ciclo operacional pressupõe a quantidade de tempo decorrido e não datas iniciais e �nais. Portanto, contas do ativo que se transformam em caixa dentro de n meses/anos do ciclo operacional são classi�cadas como circulante. Quando se a�rma que as contas do ativo circulante são aquelas que se transformam em caixa dentro do exercício social subsequente, tem-se como premissa que o balanço é encerrado no “último dia do ciclo operacional” e que o exercício subsequente terá exatamente a quantidade de tempo deste ciclo. (OLIVEIRA, D; OLIVEIRA G, 2017, p. 46). Ano Agrícola x Exercício Social O exercício social é o período em que as empresas encerram suas demonstrações contábeis. A maioria das empresas comerciais, industriais ou de serviços encerra seu exercício social anualmente em 31 de dezembro. Aí surge a dúvida: quando é o término do exercício social das empresas rurais? Coincide com o ano civil, como nas demais empresas? De forma geral, as empresas optam pelo mês de dezembro considerando redução ou interrupção das atividades, o que também facilita o inventário de mercadorias. No caso das empresas rurais, o Ano Agrícola é in�uenciado por variáveis peculiares ao tipo de atividade explorada, fugindo à regra geral há pouco mencionada, seguida pelas empresas comerciais, industriais e de serviços. Nas empresas com atividades agrícolas, o exercício social segue o Ano Agrícola, ou seja, o período em que se planta, colhe e comercializa a safra. Nas empresas com atividade de pecuária, o nascimento do bezerro encerra o Exercício Social. Crepaldi (2017) sugere que, neste caso, o bezerro é como se fosse o fruto na atividade agrícola. Há empresas, por exemplo, que planejam o nascimento dos bezerros para um determinado mês, quando, portanto, encerram seu Exercício Social. Numa empresa rural com mais de uma atividade, a di�culdade aumenta e geralmente considera-se a atividade com maior representatividade na receita. Veja um exemplo: Considerando o produto de maior receita, a empresa encerrará suas demonstrações contábeis em outubro (31/10), data em que a Laranja, sua atividade com maior receita, encerra seu ciclo operacional (compra até a venda). Quadro 1 - Exemplo de determinação do exercício social na atividade Rural Empresa Produto Agrícola Aquisição de Insumos Recebimento das Vendas % Receita Tipo Laranja Abril Outubro 55% Sim Café Novembro Abril 30% Sim Maracujá Ano inteiro 15% Não Fonte: o autor. Porém nem tudo são �ores e a empresa rural tem um outro problema para resolver. Ela precisa cumprir obrigações �scais, o que a obriga a elaborar demonstrações contábeis coincidentes com o ano civil (01/01 a 31/12). Dessa forma, a empresa rural precisa cumprir a legislação �scal e, para �ns gerenciais, elaborar um balanço com base no ano agrícola. Forma Jurídica: PF x PJ Assim como em outras atividades na área rural, é possível exercer as atividades como pessoa física ou como pessoa jurídica. A pessoa física é a pessoa natural, ou seja, o ser humano cuja vida termina com o falecimento. As pessoas jurídicas são pessoas constituídas por lei para uma �nalidade especí�ca e com personalidade distinta daquela que a constituiu. Elas geralmente denominam-se empresas e podem ter �ns lucrativos ou não. Marion (2017 p. 7) a�rma que: No Brasil prevalece a exploração na forma de pessoa física, por ser menos onerosa que a de pessoa jurídica, além de proporcionar mais vantagens de ordem �scal principalmente em relação a pequenas atividades. As pessoas físicas tidas como pequeno e médio produtores rurais não precisam para �ns de imposto de renda, fazer escrituração regular em livros contábeis e podem utilizar apenas um livro caixa e efetuar a escrituração simpli�cada. Todavia, as pessoas físicas tidas como grande produtor rural serão equiparadas às pessoas jurídicas para �ns contábeis devendo fazer a escrituração regular por intermédio de pro�ssional contábil quali�cado, utilizando como base o método das partidas dobradas (lançamento a débito e a crédito simultaneamente). (MARION, 2017, p. 7). Empresas com �ns lucrativos: Empresas comerciais; Indústrias; Prestadoras de serviços. Empresas sem �ns lucrativos: Cooperativas; Empresas com cunho religioso; Associação �lantrópica; Associação de pais e mestres; Associação de produtores; Associação de Moradores; Demais associações. Veja que, por uma questão lógica e prática, muitos produtores optam pela atividade como pessoa física. Vale lembrar que esta opção é para os empresários rurais de pequeno e médio porte. Tal conceito é determinado com base na receita do produtor, cujo montante é �xado pela legislação do imposto de renda. O Código Civil de�ne como empresário aquele que exerce pro�ssionalmente atividade econômica organizada, o produtor rural, desta forma, também pode ser chamado de empresário conforme as seguintes formas jurídicas: Autônomo: será assim chamado o produtor sem registro na Junta Comercial. Empresário Individual: se inscrito na Junta Comercial, o que não é obrigatório. Sociedade Empresária: Sociedade Limitada ou Sociedade por Ações, inscrita na Junta Comercial. Tipos de Investimento e Associações De acordo com Marion (2017), na agropecuária é possível identi�car dois tipos de investimentos: Capital Fundiário e Capital de Exercício. Capital Fundiário é aquele que cuja possibilidade de retirar da terra não existe, como, por exemplo: terra, edi�cações, cultura permanente, pastos etc. Capital de Exercício é o instrumento essencial para que o negócio funcione. Podem não se destinar à venda (permanentes) ou serem recursos �nanceiros que serão transformados em dinheiro ou consumidos a curto prazo. Exemplos: tratores, equipamentos, animais de trabalho, gado para reprodução etc. Desses dois tipos de investimentos surgem formas de associações, como: Arrendamento: quando o proprietárioaluga seu terreno (capital fundiário) para uma outra pessoa exercer atividade de exploração agrícola, pecuária ou agroindustrial. Comodato: quando o proprietário cede suas terras para outra pessoa exercer atividades rurais sem receber nada em troca por isso. Condomínio: copropriedade cujos proprietários compartilham dos resultados das atividades lá exercidas. Entende-se como resultado lucros e prejuízos. Ativo Biológico Sabe-se que o ativo representa o conjunto de bens e direitos de uma entidade. Ele se divide em Ativo Circulante e Não Circulante, sendo este último dividido em quatro subgrupos: Realizável a longo prazo; Imobilizado; Investimentos; Intangível. Quero apresentar a você, no último tópico deste conteúdo, o conceito de Ativo Biológico, que você provavelmente não viu em outras disciplinas. O comitê de pronunciamento contábil, em seu pronunciamento de nº 29, de�niu o Ativo Biológico como animal e/ou planta vivos. O quadro a seguir apresenta exemplos destes ativos, os produtos agrícolas oriundos destes ativos biológicos, bem como os produtos resultantes do processamento após a colheita. Quadro 2 - Ativos Biológicos Ativos Biológicos ProdutoAgrícola Produtos resultantes do processamento após a colheita Carneiros Lã Fio, tapete Plantação de árvores para madeira árvore cortada Tora, madeira serrada Gado de leite Leite Queijo Porcos Carcaça Salsicha, presunto Plantação de algodão Algodãocolhido Fio de algodão, roupa Cana-de-açúcar Canacolhida Açúcar Plantação de fumo Folhacolhida Fumo curado Arbusto de chá Folhacolhida Chá Videira Uvacolhida Vinho Árvore frutífera Frutacolhida Fruta processada Palmeira de dendê Frutacolhida Óleo de Palma Seringueira Látexcolhido Produto da borracha Fonte: Comitê de Pronunciamentos Contábeis (2009) SAIBA MAIS O Comitê de Pronunciamentos Contábeis, em seu pronunciamento CPC29, traz alguns conceitos interessantes e que precisam de atenção. Produção agrícola é o produto colhido de ativo biológico da entidade. Ativo biológico é um animal e/ou uma planta vivos. A transformação biológica compreende o processo de crescimento, degeneração, produção e procriação que causa mudança qualitativa e quantitativa no ativo biológico. Despesas de venda são despesas incrementais diretamente atribuíveis à venda de ativo, exceto despesas �nanceiras e tributos sobre o lucro. Grupo de ativos biológicos é um conjunto de animais ou plantas vivos semelhantes. Colheita é a extração do produto de ativo biológico ou a cessação da vida desse ativo biológico. Fonte: Comitê de Pronunciamentos Contábeis (2009). REFLITA A contabilidade no Brasil é reconhecida como ferramenta gerencial ou simplesmente uma mera formalidade exigida pelo �sco? Fonte: o autor. Livro Filme Contabilidade agrícola AUTORIA Ivã da Cruz de Araújo Sumário Introdução 1 - Culturas temporárias e culturas permanentes 2 - Depreciação: conceito, métodos, cálculo e contabilização 3 - Amortização: conceito, métodos, cálculo e contabilização 4 - Exaustão: conceito, métodos, cálculo e contabilização 5 - Contabilização e apuração do resultado: CPC 29 Considerações Finais Introdução Olá! Essa unidade foi elaborada para você compreender os tipos de culturas existentes. Após entender as particularidades contábeis que cada cultura exige você verá os conceitos, métodos e a contabilização de depreciação, amortização e exaustão, itens importantíssimos e que exigem atenção especial. Por �m, será apresentada a forma de contabilização e apuração do resultado com base no pronunciamento do Comitê De Pronunciamentos Contábeis (CPC 29). Vale lembrar que na unidade anterior você aprendeu conceitos importantes do agronegócio, principalmente a de�nição de Ano Agrícola e Exercício Social e já está preparado(a) para seguir se aprofundando em contabilidade de agronegócio. Boa leitura e bons estudos. Plano de Estudo: 1. Culturas Temporárias e Culturas Permanentes. 2. Depreciação: Conceito, Métodos, Cálculo e Contabilização. 3. Amortização: Conceito, Métodos, Cálculo e Contabilização. 4. Exaustão: Conceito, Métodos, Cálculo e Contabilização. 5. Contabilização e Apuração do Resultado: CPC 29. Objetivos de Aprendizagem: 1. Conceituar os tipos de culturas. 2. Compreender os conceitos, métodos, cálculo e contabilização de depreciação, amortização e exaustão. 3. Apresentar a forma de contabilização e apuração do resultado das culturas temporárias e permanentes. Culturas temporárias e culturas permanentes O tipo de cultura existente na propriedade dita os procedimentos contábeis a serem seguidos. Com relação à Contabilidade Agrícola temos dois tipos de cultura: Cultura Temporária A cultura temporária é basicamente aquela em que, após a colheita, o replantio é necessário. Nesse tipo de cultura o período entre o plantio e a colheita é curto ou médio, geralmente inferior a um ano. Marion (2017, p. 17) diz que culturas temporárias são “aquelas sujeitas ao replantio após a colheita. Normalmente, o período de vida é curto. Após a colheita, são arrancadas do solo para que seja realizado novo plantio”. Exemplos: Soja; Arroz; Feijão; Milho; Abacaxi; Cana-de-açúcar; Mandioca. Quanto a contabilização, Crepaldi (2012, p. 109) apresenta características deste tipo de cultura: a) Cultura Temporária. b) Cultura Permanente. Os custos na cultura temporária serão contabilizados em uma conta do Ativo Circulante com o título de Culturas Temporárias. Esses custos podem ser: sementes, fertilizantes, defensivos, mão de obra etc. acumulados até o término da colheita. Após o término da colheita, o saldo da conta de Culturas Temporárias será transferido para a conta de Produtos Agrícolas, na qual serão somados posteriormente à colheita os custos para deixar o produto à disposição para venda. Ao ser vendido o produto, transfere-se o valor correspondente ao volume vendido de Produtos Agrícolas para a conta de Custos de Produtos Vendidos, sendo assim, é possível calcular o resultado apurando-se o lucro bruto. (CREPALDI, 2012, p. 109). Note que a separação de custos e despesas se faz necessária e segue o mesmo esquema utilizado nas indústrias quanto ao custo ligado ao processo produtivo, e os gastos sendo classi�cados como despesas assim que o produto estiver pronto para venda. No caso da cultura temporária, os gastos serão classi�cados como Custos da Cultura até a colheita. Assim que o produto estiver disponível para venda, os gastos serão classi�cados como despesas. Marion (2017, p. 17) sugere a utilização da conta Cultura em Formação para apropriar os custos da cultura: Esses produtos são contabilizados no Ativo Circulante, como se fossem um “Estoque em andamento” numa indústria. Dessa forma, todos os custos serão acumulados numa subconta com o título especí�co da Cultura em Formação (arroz, ou trigo, ou, alho ou cebola, ou...) da conta “Culturas Temporárias”. Os custos que compõem essa rubrica são: sementes, fertilizantes, mudas, demarcações, mão de obra, encargos, energia elétrica, encargos sociais, combustível, seguro, serviços pro�ssionais, inseticidas, depreciação de tratores e outros imobilizados da cultura em apreço. (MARION, 2017, p. 17). Cultura Permanente A Cultura Permanente, segundo Crepaldi (2012), é aquela que não é sujeita ao replantio após a colheita, já que permite mais de uma colheita ou produção e possui vida útil acima do ano. Geralmente é atribuído o período mínimo de quatro anos para a cultura permanente. Exemplos: Café; Laranja; Seringueira; Limão; Cana-de-açúcar; Silvicultura (essências �orestais, plantações arbóreas); Frutas arbóreas (maçã, pera, jaca, uva, jabuticaba, goiaba). Com relação aos custos, Marion (2017, p. 20) apresenta as particularidades de tipo de cultura: No caso da cultura permanente, os custos necessários para a formação da cultura serão considerados no Ativo Não Circulante – Imobilizado. Os principais custos são: adubação, formicidas, forragem fungicidas, herbicidas, mão-de-obra, encargos sociais, manutenção, arrendamento de equipamentose terras, seguro de cultura, preparo do solo, serviços de terceiros, sementes, mudas, irrigação, produtos químicos, depreciação de equipamentos utilizados na cultura etc. (MARION, 2017, p. 20). Como já mencionado, a Cultura Permanente deve �gurar o Ativo Não Circulante – Imobilizado, visto que sofrerá depreciação ou exaustão para apropriação destes custos para a colheita do ano. Dessa forma, todos os gastos utilizados para formação da Cultura Permanente devem ser lançados na Cultura Permanente em Formação (Imobilizado), e dentro dessa conta utilizar subcontas para especi�car o tipo de cultura: guaraná, café etc. Perceba que aqui a formação é da Cultura Permanente e não da colheita. Sendo assim, os gastos, tais como mão de obra, encargos sociais, produtos químicos, custos com irrigação, entre outros utilizados na Formação da colheita serão acumulados na conta Colheita em Andamento do Ativo Circulante. Vale reforçar que aqui se acrescenta o custo com depreciação ou exaustão da Cultura Permanente Formada. Fique tranquilo(a) que nos próximos tópicos a depreciação a exaustão serão melhor explicadas. @freepik A partir do momento em que a Cultura estiver formada, transfere-se o saldo da conta Cultura Permanente em Formação para a conta Cultura Permanente Formada. Doravante, os gastos serão acumulados para apuração do resultado da primeira produção/colheita e não serão mais registrados no Ativo Não Circulante – Imobilizado. Após a colheita cria-se a conta Produtos Agrícolas, também do Ativo Circulante, que receberá o saldo da Conta Colheita em Andamento, bem como os gastos necessários para deixar o produto pronto para venda, como, por exemplo, o acondicionamento dos produtos em embalagens. Conforme o produto for sendo vendido, transfere-se o valor da Conta Produtos Agrícolas para a conta Custo dos Produtos Vendidos, que será utilizada para a apuração do resultado da colheita. Depreciação: conceito, métodos, cálculo e contabilização Conceito de Depreciação Os bens utilizados nas atividades e na manutenção da empresa rural, que servirão por vários ciclos operacionais, devem ser depreciados para que a redução do valor correspondente seja incorporada aos custos dos produtos. Esses bens estarão registrados no Ativo Não Circulante Imobilizado ou Intangível. A lei 6.404/76 – Lei das Sociedades por Ações – em seu art. 183, conforme redação dada pela lei 11.941/2009, obriga que a diminuição do valor dos elementos dos ativos imobilizados e intangível seja registrada na conta “depreciação, quando corresponder à perda do valor dos direitos que têm por objeto bens físicos sujeitos a desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência”. O quadro a seguir apresenta alguns detalhes sobre depreciação, amortização e exaustão, estes serão abordados nos tópicos seguintes. Métodos, Cálculos e Contabilização Há várias maneiras de calcular a depreciação, porém algumas são pouco utilizadas. Método linear ou método de linha reta Nesse método utilizam-se taxas anuais com base na vida útil do bem, considerando que ele fornecerá benefícios iguais em cada período. Por exemplo: Quadro 1 - Terminologias e Aplicação de Redução do Imobilizado e Intangível TERMINOLOGIA APLICAÇÃO EXEMPLOS Depreciação Bens Corpóreos Equipamentos, Máquinas, veículos, Cultura Permanente Exaustão Recursos Naturais Exauríveis Reservas Florestais, Petrolíferas Amortização Bens Intangíveis Marcas e Patentes, Contratos Fonte: o autor. Imagine uma empresa que adquiriu um bem com vida útil de 4 anos por 400.000,00 e não possui valor residual. Depreciação 400.000,00 x 25% = 100.000,00 ao ano Ou então: O valor residual é o valor que o bem está valendo ao �nal dos 4 anos de utilização. Caso o bem tenha o valor residual, basta reduzir do total e aplicar a taxa de depreciação apenas na diferença. O Comitê de Pronunciamento Contábeis, em seu pronunciamento CPC 27, de�ne valor residual de um ativo como “o valor estimado que a entidade obteria com a venda do ativo, após deduzir as despesas estimadas de venda, caso o ativo já tivesse a idade e condição esperadas para o �m de sua vida útil”. Exemplo: Custo do Bem – Valor Residual = valor depreciável Método da soma dos dígitos dos anos Conforme Crepaldi (2012, p. 133), Este é um método de depreciação acelerada que leva em consideração não apenas a obsolescência, mas também o incremento de utilização de um ativo no início. No início da vida de um ativo, o consumo é provavelmente maior do que o consumo em outra época. Isso é atribuível a menor quantidade de avarias e menos necessidade de manutenção. Quando o ativo �car mais velho, a probabilidade de menor utilização é maior e os custos de manutenção maiores, o que resulta em o ativo tornar-se menos produtivo com o passar do tempo. Assim, estes fatores fornecem a base para maiores débitos de depreciação quando o ativo é novo e menor nos últimos anos. (CREPALDI, 2012, p. 133). Exemplo: Imagine uma empresa que adquiriu um bem com vida útil de 5 anos por R$ 90.000,00 e não possui valor residual. Como são 5 anos: 1+2+3+4+5 = 15 Taxa = = 25% ao ano 100% 4 anos Cota de Depreciação : = 100.000, 00 ao ano 400.000, 00 4 anos Unidades produzidas e método das horas trabalhadas Nesse método considera-se a vida útil do bem em horas ou em capacidade produtiva. Considere uma máquina adquirida por R$ 200.000,00, possuindo vida útil com uma capacidade produtiva estimada em 1.000.000 de unidades. Sabendo-se que produzirá 200.000 unidades por ano, calcule a depreciação de cada ano. A máquina tem estimativa de operar 20.000 horas, utilizada na razão de 4.000 horas por ano. Não considere valor residual. Em função da capacidade produtiva: Valor do bem: R$ 200.000,00 Produção total estimada: 1.000.000 unidades Depreciação por unidade produzida: R$ 200.000/1.000.000 = R$ 0,20 por unidade Quota anual: 200.000 unidades x R$ 0,20 = R$ 40.000,00 Em função das horas estimadas: Valor do Bem: R$ 200.000,00 Horas estimadas: 20.000 Depreciação por hora = R$ 200.000 / 20.000 = R$ 10,00 Depreciação anual = R$ 10,00 x 4.000 = R$ 40.000,00 Contabilização da depreciação Para registrar os valores de depreciação apurados, utilizam-se as contas Depreciação (Custo ou Despesa) e Depreciação Acumulada (Ativo Não Circulante – Conta Redutora): D – Depreciação (Conta de Resultado) C – Depreciação Acumulada (Redutora do Ativo) Quadro 2 - Cálculo Depreciação Ano Fator Valor do Bem Quota 1º 5/15 x R$ 90.000 = R$ 30.000,00 2º 4/15 x R$ 90.000 = R$ 24.000,00 3º 3/15 x R$ 90.000 =R$ 18.000,00 4º 2/15 x R$ 90.000 = R$ 12.000,00 5º 1/15 x R$ 90.000 = R$ 6.000,00 Fonte: o autor. Balanço Patrimonial Ativo Não Circulante Bens Depreciáveis R$ 400.000,00 (-) Depreciação Acumulada (R$ 100.000,00) Amortização: conceito, métodos, cálculo e contabilização Conceitos, Métodos e Cálculo A amortização deve ser aplicada na recuperação de capital aplicado na aquisição de contratos. Dessa forma, como a�rma Marion (2017), a amortização ocorre para os casos de aquisição de direitos sobre empreendimentos de propriedade de terceiros. O autor cita como exemplo os casos de aquisição de direitos de extração de madeira de �oresta pertencente a terceiros ou de exploração de pomar alheio por prazo determinado, por preço pré-�xado. A exceção, prevista na legislação brasileira, é que se a �oresta pertencer a terceiros, mas for explorada em função de contrato por prazo indeterminado, caracterizam-se as quotas de exaustão e não de amortização. A principal diferença entre depreciação e amortização é que essa é aplicada sobre bens físicos e de propriedade da empresa rural, enquanto esta é aplicada sobre direitos com prazo limitado. Exemplo: Considere uma empresa que adquire o direito de explorar um pomar de goiabas por 4 anos pelo valor de R$ 40.000,00. Exemplo de Bens Amortizáveis: Benfeitorias em bens de terceiros com cláusula de ressarcimento que devem ser registradas no Ativo Imobilizado. Direitos classi�cados no Ativo Intangível: Concessões públicas:estradas, ferrovias, telefonias; Direitos autorais; Direitos de uso de marca; Contratos de exploração de �orestas de terceiros. Contabilização da amortização Para registrar a amortização: D – Amortização (Conta de Resultado) C – Amortização Acumulada (Redutora do Ativo) = 10.000 40.000, 00 4 anos Exaustão: conceito, métodos, cálculo e contabilização Conceito, Métodos e Cálculos Exaurir quer dizer esgotar, portanto a exaustão está relacionada com a perda de valor dos bens e direitos do Ativo pela exploração, sendo ela a extração ou o aproveitamento. Crepaldi (2012) a�rma que na exaustão a empresa registra, anualmente, a diminuição gradativa do valor de aquisição do bem (jazida, lavra ou reserva �orestal), em função da quantidade extraída, avaliados pelo custo de aquisição corrigido na conta Exaustão Acumulada. É válido lembrar que Recursos Florestais próprios de frutos sofrem depreciação, já as �orestas de terceiros para corte ou de fruto sofrem amortização, porque, neste caso, o que se amortiza é o contrato (direito de uso), e �orestas próprias de corte sofrem exaustão, uma vez que serão esgotadas. Bens exauríveis são Recursos Minerais e Recursos Florestais. A quota anual de exaustão é de�nida com base no tipo de recurso. Recursos minerais Considera-se o prazo de exploração previsto ou através da divisão da extração anual pela capacidade. Exemplo: Calcule o prazo de exploração de uma jazida (local com itens de exploração mineral) adquirida por R$ 1.200.000, com mais R$ 800.000,00 gastos para viabilizar o início da exploração, que será de 40 anos. 2.000.000 x 2,5% = 50.000 ou Total a exaurir: 1.200.000 + 800.000 = 2.000.000 = 2, 5% ao ano 100% 40 anos = 50.000, 00 2.000.000 40 anos Recursos �orestais De acordo com o art. 328 do RIR/99, poderá ser computada, como custo ou encargo, em cada período, a importância correspondente à diminuição do valor de recursos �orestais resultante de sua exploração. O cálculo para �oresta plantada será, portanto, através da capacidade total, ou seja, número de árvores extraídas dividido pelo número de árvores existentes no início do período de apuração. Para �orestas naturais, o cálculo será pelo percentual entre os recursos �orestais extraídos no período e o volume dos recursos �orestais existentes no início do mesmo período. Contabilização da Exaustão Para contabilizar a exaustão, utiliza-se uma conta de resultado e uma conta redutora do ativo: D – Exaustão (CR) C – Exaustão Acumulada (redutora do Ativo) = taxa de exaustão Número de árvores extraídas no período Número de árvores existentes no periodo = taxa de exaustão Área explorada no período Área total dos recursos no período Contabilização e apuração do resultado: CPC 29 Esquema de Contabilização da Cultura Temporária Figura 1 - Esquema de Contabilização - Cultura Temporária Produtos Colhidos Ativo Circulante Produtos Agrícolas Arroz Beneficiamento, acondicionamento, etc. oooo ooxx ooxx Ativo Circulante Cultura Temporária Arroz Plantio, adubação, mão de obra, herbicidas, etc. oooo oooo A contrapartida será geralmente no Caixa, Fornecedores ou Depreciação Acumulada xxxxx As despesas também irão para a DRE. Transferir custos da Conta Produtos Agrícolas para a Apuração Resultado ao Exercício Venda do Produto Formação da Colheita e Colheita Fonte: o autor. Note que a conta Cultura Temporária absorve todos os gastos até o �nal: a colheita. Quando, então, o saldo desta conta será transferido para a conta Produtos Agrícolas que receberá os custos que ocorrerem após a colheita, mas que são necessários para que o produto �que pronto para venda, como, por exemplo, gastos com o acondicionamento dos produtos colhidos. Após o produto estar pronto para venda, os gastos passam a ser classi�cados como despesas. Estas, por sua vez, irão para contas especí�cas que posteriormente serão encerradas para apuração do resultado exercício. Lançamentos contábeis na cultura temporária Pela formação da colheita D – Cultura Temporária (arroz, soja etc.) - Ativo Circulante C – Caixa, Fornecedores, depreciação acumulada Pela colheita (Produtos Colhidos) D – Produtos Agrícolas (Ativo Circulante) C – Cultura Temporária (Ativo Circulante) Pela Venda D – Caixa, Bancos, Clientes (Ativo Circulante) C – Venda de Produtos Agrícolas (Conta de Resultado) Pela Apuração do Resultado D – Custo dos Produtos Vendidos (Conta de Resultado) C – Produtos Agrícolas (Ativo Circulante) Lançamentos contábeis na cultura permanente Os lançamentos contábeis na cultura permanente são: 1º - Formação da Cultura: registram-se os gastos com a formação da Cultura Permanente na Conta Cultura Permanente em Formação (Ativo Não Circulante - ANC) D – Cultura Permanente em Formação (ANC) C – Caixa, Fornecedores etc. (Ativo Circulante - AC) 2º - Término da Formação: transferem-se os gastos da conta Cultura Permanente em Formação para Conta Cultura Permanente Formada, também do Ativo Não Circulante. D – Cultura Permanente Formada (ANC) C – Cultura Permanente em Formação (ANC) 3º - Período de Formação do Produto: cria-se a Conta Colheita em Formação (Ativo Circulante). D – Colheita em Formação (Ativo Circulante - AC) C – Caixa, Fornecedores, Depreciação Acumulado 4º - Término da Colheita: após o término da colheita transfere-se o saldo da Conta Colheita em Formação para a Conta Produtos Agrícolas (Ativo Circulante). D – Produtos Agrícolas (AC) C – Colheita em Formação 5º - Venda dos Produtos. D – Caixa, Clientes etc. C – Venda de Produtos Agrícolas – café, laranja 6º - Apuração do Resultado D – Custo dos Produtos vendidos (Conta de Resultado) C – Produtos Agrícolas (AC) Vale reforçar que gastos que acrescentam vida útil à cultura ou que bene�ciam mais de uma safra devem ser imobilizados para serem depreciados. No caso de empresas com mais de uma atividade os custos indiretos devem ser rateados. Livro Filme Contabilidade pecuária AUTORIA Ivã da Cruz de Araújo Sumário Introdução 1 - Sistemas de produção 2 - Pastagem 3 - Tipos de pastoreio 4 - Alimentação suplementar 5 - Reprodução 6 - Especialização das propriedades pecuárias 7 - Divisão do rebanho em categorias 8 - Cálculo do custo do bezerro 9 - Contabilização e apuração do resultado: CPC 29 Considerações Finais Introdução Olá! Na unidade anterior você conheceu a Contabilidade Rural voltada para agricultura, agora é hora conhecer como utilizar esta área da ciência contábil ligada à pecuária. Essa unidade foi elaborada para que você entenda a pecuária e seus processos, tais como a produção, a reprodução, os custos do bezerro e a apuração do resultado. Conhecer estes processos, bem como entender como a contabilidade trabalha com a pecuária, ampliará seus conhecimentos contábeis enriquecendo ainda mais sua formação acadêmica e pro�ssional. Boa leitura e bons estudos. Plano de Estudo: 1. Sistemas de Produção. 2. Pastagem. 3. Tipos de Pastoreio. 4. Alimentação Suplementar. 5. Reprodução. 6. Especialização das Propriedades Pecuárias. 7. Divisão do Rebanho em Categorias. 8. Cálculo do Custo do Bezerro. 9. Contabilização e Apuração do Resultado: CPC 29. Objetivos de Aprendizagem: 1. Conceituar Pecuária. 2. Compreender a pastagem, tipos de pastoreio, alimentação suplementar. 3. Conhecer processos como reprodução, Divisão dos Rebanhos. 4. Aprender a calcular o custo do bezerro. 5. Entender a contabilização e a apuração do resultado. Sistemas de produção Ao ouvir a palavra gado você, se não trabalha nesta área, provavelmente deve associar a boi ou vacas. Porém gado são animais criados em campo para serviços de lavoura, consumo e para �ns industriais e/ou comerciais, tais como: Bovinos: bois, vacas. Caprinos: bodes, cabras. Equinos: cavalos, asnos, zebras, pôneis. Ovinos: carneiros, ovelhas. Muares: burros, mula. Bubalinos: búfalos. Marion e Segatti (2012) referem-se à pecuária como a arte de criar gado. Explicam que os bovinos, também chamados Gado Vacum, servemàs seguintes �nalidades: trabalho, reprodução, corte e leite. Utilizaremos neste material os bovinos como exemplo. Os sistemas de reprodução do bovino são divididos em: Extensivo. Semi-intensivo. Intensivo. Sistemas de Reprodução Extensivo O sistema de reprodução extensivo caracteriza-se por processos mais simpli�cados, em que a Unidade Animal (UA) por hectare (ha) é menor. Para Marion e Segatti (2012 p. 6), nesse sistema de reprodução Geralmente os animais são mantidos em pastos nativos ou cultivados na dependência exclusiva dos recursos naturais. Este sistema caracteriza-se por baixa lotação variando de 0,4 a 0,8 UA/ha/Ano, em áreas contíguas sem planejamento adequado de lotação e disponibilidade de forragens. O manejo sanitário baseia-se simplesmente em calendários o�ciais e vacinação da região em que está inserida a propriedade. O manejo zootécnico é ausente ou pouco presente, não se preocupando com o suprimento de forragem no período adverso do ano(seca). É um sistema utilizado ainda em áreas recém-desbravadas, onde a produção de forrageira exerce forte pressão sobre recursos naturais. (MARION; SEGATTI, 2012, p. 6). Sistema de Reprodução Semi-Intensivo Com relação ao Sistema de Reprodução Semi-intensivo, Marion e Segatti (2012) explicam que a falta de inviabilidade técnica e econômica do sistema extensivo, devido a degradação das forrageiras ou pastagens, obriga o pecuarista que pretende manter-se na atividade a implantar forrageiras que sofrem pastoreio racional através de subdivisões das pastagens, levando a uma maior capacidade de suporte por unidade área, chegando até a 4,0 UA/ha/ano. Nesse sistema as pastagens/forrageiras recebem normalmente corretivos de solo (calcário), adubação química. Além de um manejo mais adequado do rebanho, exige vacinas obrigatórias entre outros processos, como vermifugação, mineralização e acompanhamento zootécnico do rebanho. Sistema de Reprodução Intensivo Esse sistema, devido ao aumento da população e redução da área útil, com o intuito de obter maior produtividade e rentabilidade aliadas à tecnologia, exige maiores cuidados. Marion e Segatti (2012, p. 7) explicam que este sistema consiste Na formação de pastagens arti�ciais adequadamente adubadas e até irrigadas, com forrageiras adequadas à região, propiciando a divisão dos pastos para o estabelecimento do rodízio (permite repouso e recuperação das pastagens). Na melhoria tanto das condições de alimentação (arraçoamento, sal, minerais etc.), associando pasto + suplementação, ou pasto +con�namento, como da ordem higiênico-sanitária, o que foi possível pela redução da distância entre o curral e o rebanho. Na introdução de novas raças produtivas, adequadas à região, em substituição aos gados nativos. (MARION; SEGATTI, p. 7). Pastagem A pastagem é o local onde o animal pasta e come ervas não ceifadas. Divide-se em: Pastagem natural. Pastagem arti�cial. Pastagem Natural Também denominado pasto nativo, a pastagem natural é aquela cuja área não foi cultivada, mas é possível o aproveitando do potencial da natureza e geralmente não apresenta problemas com erosão. São exemplos de pastagens naturais: Campos. Capins Naturais. Pastagem Arti�cial São áreas cultivadas que exigem preparo do solo para que sirvam para criação de animais. As principais forrageiras utilizadas nos pastos arti�ciais são as gramíneas, leguminosas e cactáceas. SAIBA MAIS Veja a seguir as principais forrageiras utilizada nos pastos arti�ciais: Gramíneas: capim, colonião, mombaça, tanzânia, brachiaria, capim, pangola, tifton, coast cross entre outros. Leguminosas: alfafa, soja perene, siratro, guandu, leucena, aracleis, amendoim forrageiro. Cactáceas: palma, mandacaru, xiquexique. Outras: mandioca, batata-doce, cana-de-açúcar, silagem de milho etc. Fonte: Marion e Segatti (2012). Tipos de pastoreio O pastoreio é a forma como o pecuarista controla a utilização do pasto, inclusive planejando número de cabeças por hectare. Basicamente há dois tipos de pastoreio: o rotativo, que funciona como sistemas de rodízio, e o pastoreio contínuo. Pastoreio Rotativo: nesse tipo de pastoreio é feito um rodízio para manter o pasto em repouso para que ele se recupere e seja, posteriormente, aproveitado com qualidade nutricional. Divide-se a área em partes menores para que o rodízio destas áreas seja implantando. Pastoreio Contínuo: esse tipo de pastoreio consiste em deixar o gado no mesmo pasto permanentemente. Em ambos os tipos de pastoreios, geralmente, há um controle para separar os animais em lotes de acordo com suas categorias, como, por exemplo, vacas de cria, animais para engorda etc. Alimentação suplementar Basicamente, o objetivo da alimentação suplementar é fornecer para o gado nutrientes necessários para seu crescimento saudável. Esses nutrientes, tais como proteínas, minerais, vitaminas e carboidratos, melhoram a produtividade dos bovinos durante o período de seca. No período de seca as pastagens crescem com baixos índices nutricionais, o que requer suplementação para não prejudicar a qualidade do gado. @freepik Conhecer as melhores estratégias para manter, com menor custo possível, uma boa alimentação para gados de corte e de leite é extremamente necessário para o empresário rural. Este, por sua vez, deve procurar informação especializada e tomar medidas que melhor se enquadrem em sua propriedade e produção, principalmente por haver diversas variáveis que in�uenciam em cada caso, como, por exemplo, a diferença de climas nas regiões do país. Reprodução Parte fundamental também na pecuária, a reprodução consiste em multiplicar a espécie através de manipulação planejada. Buscar conhecimento para aprimorar técnicas de reprodução deve ser uma constante do empresário rural, que deve sempre buscar melhorar a qualidade e rendimento das próximas gerações. Métodos de Reprodução De acordo com Marion e Segatti (2012), os métodos de reprodução mais encontrados são: Seleção: trata-se do acasalamento de bovinos escolhidos dentro do plantel, considerando suas características raciais, produtividade etc., visando a melhoria da qualidade nas gerações vindouras. Consanguinidade: tendo como objetivo o aprimoramento de uma raça, faz-se o acasalamento de animais com alto grau de parentesco, como pai-netas, �lho- mãe etc. Cruzamento: reprodução entre animais da mesma espécie, porém de raças diferentes. Formas de Reprodução Há três formas utilizadas para reprodução, sendo a monta natural livre a mais utilizada. Crepaldi (2012, p. 231) a�rma que há três formas: A Monta Natural Livre é mais usada; nela, o reprodutor permanece o tempo todo com as vacas. Neste caso, a perda de cio é menor pelo fato de o próprio macho identi�car as fêmeas (vacas e novilhas) nesta fase. A relação de touro/vaca é menor (um touro para 20 a 25 vacas) pelo possível desgaste ocasionado por sucessivas montas numa vaca em cio; por este motivo são pouco utilizados animais de alto valor genético nesse tipo de manejo. [...] Monta Natural controlada ou inseminação arti�cial é o sistema em que a vaca observada em cio é levada ao reprodutor ou inseminada. As vantagens deste tipo de manejo são de poder-se anotar corretamente as datas da cobertura ou inseminação arti�cial, possibilitar maior controle de infecções relacionadas à reprodução, de melhor aproveitamento de um bom reprodutor, graças ao aumento da relação touro/vaca. Como desvantagens, veri�ca-se a necessidade de mais e melhor mão de obra e perda de cios por de�ciência na observação deste cio. [...] A monta natural parcialmente controlada é o sistema em que o reprodutor permanece junto com as vacas certo período do dia. É também um sistema de manejo que se aplica a gado de leite, uma vez que por ocasião das ordenhas, pela manhã e à tarde, o reprodutor é então colocado junto com as vacas. Facilita a identi�cação de cios feita pelo próprio reprodutor e não permite seu desgaste, uma vez que, após uma ou duas montas, a vaca em cio é separada do reprodutor. (CREPALDI, 2012, p. 231). Especializaçãodas propriedades pecuárias A especialização das atividades pecuárias possui três fases principais que são executadas individualmente ou em combinações. Cria. Recria. Engorda. A cria é a produção principal, o bezerro é vendido após o desmame. Geralmente a matriz produz um bezerro por ano e o desmame ocorre num período igual ou inferior a 12 meses. A recria consiste em, após desmamar o bezerro (entre 13 a 23 meses), produzir e vender o novilho magro para engorda. A engorda é a atividade que, a partir do novilho magro, produz o novilho gordo para venda. Divisão do rebanho em categorias A divisão do rebanho segue critérios como idade, peso e sexo e facilita a forma como o rebanho deve ser manejado, bem como interfere no controle da pastagem. Classi�cação por Idade O rebanho é dividido em: Bezerro; Novilha: antes da primeira parição; Vaca – Matriz: após a primeira parição; Novilho: estágio do desmame; Boi: bovino adulto castrado; Garrote: macho inteiro não castrado; Touro: reprodutor. Classi�cação Contábil do Gado O Parecer Normativo nº 57/76 do Fisco indica a classi�cação a ser utilizada para o Ativo Imobilizado: Podemos considerar como integrante do ativo imobilizado as contas a seguir indicadas, tendo em vista o disposto no art. 241 - RIR/75, Decreto 76.186/75, verbis: "Integram o ativo imobilizado, para os efeitos de correção monetária, os bens que se destinem à exploração do objeto social ou à manutenção das atividades da pessoa jurídica." 2.1.1. Gado Reprodutor, indicativa de touros puros de origem, touros puros de cruza, vacas puras de cruza, vacas puras de origem e plantel destinados à inseminação arti�cial; 2.1.2. Gado de Renda, representando bovinos, suínos, ovinos e equinos que a empresa explora para a produção de bens que constituem objeto de suas atividades; 2.1.3. Animais de Trabalho, compreendendo equinos, bovinos, muares, asininos destinados a trabalhos agrícolas, sela e transporte. Quanto ao Ativo Circulante, o parecer diz que devem ser classi�cados neste grupo animais pequenos destinados à revenda ou para consumo e gados. Exemplos: Aves; Gado bovino; Suínos; Ovinos; Caprinos; Coelhos; Peixes. Vale reforçar que na pecuária o período de curto e longo prazo é de�nido com base no ciclo operacional da atividade. Desta forma, e seguindo a Lei 6.404/76 (Lei das Sociedades Anônimas), o curto prazo leva em média três a quatro anos. Para evitar o trânsito entre Ativo Circulante e Ativo Não Circulante desnecessariamente deve-se con�rmar a real capacidade de reprodução do animal para, só então, reclassi�cá-lo como imobilizado. Até esta con�rmação este permanece no Estoque - Ativo Circulante. Cálculo do custo do bezerro Como você já sabe controlar os custos de qualquer empresa, qualquer processo ou atividade é de suma importância. Na pecuária esse controle também se faz necessário, o que exige planejamento e muito controle. O método de custo é de�nido por Crepaldi (2012) como o método que considera, para efeito de registro, os valores de aquisição ou de produção. Já o método de valor de mercado considera o preço de mercado do plantel, reconhecendo-o sempre que houver ganho econômico, uma vez por ano, considerando que o rebanho cresce naturalmente. Para �ns didáticos, no próximo tópico você verá como contabilizar pelo método de custo, porém não deixe de ler nos livros sugeridos o método de contabilização pelo método de mercado. Os principais Custos do Rebanho em Formação são: Salários e encargos sociais; Manutenção e conservação; Combustíveis; Energia Elétrica; Seguros; Depreciação de Instalações; Depreciação e exaustão de pastos bem como de outros ativos; Serviços pro�ssionais; Fretes; Peças de Reposição; Manutenção de cercas; Depreciação de matrizes; Depreciação de reprodutores; Materiais de inseminação; 13º Salário; Férias. A empresa pode ainda adotar a departamentalização e dividir as contas em departamentos de serviços que acumularia os gastos com Assistência Técnica e Almoxarifado e Departamento Produtivo para, por exemplo, os processos de cria, recria e engorda. Marion (2017) a�rma que o método de custo assemelha-se ao mesmo aplicado à empresa industrial, sendo que todo o custo da formação do rebanho é acumulado ao plantel e registrado no Estoque - Ativo Circulante (Ativo Biológico). Quando o estoque for vendido ocorrerá a baixa, debitando-se o Custo do Gado Vendido. Crepaldi (2017) menciona o Sistema de Custeio por Absorção como método de apropriação dos custos, que segue quatro passos: a. Separação dos gastos do período e classi�cação em custos e despesas. b. Classi�cação dos Custos em diretos e indiretos. c. Apropriação dos custos diretos aos produtos. d. Ratear e apropriar os custos indiretos à produção. A importância de separar custos e despesas é que as despesas irão diretamente para o resultado (Demonstração do Resultado do Exercício), enquanto os custos serão apropriados aos estoques. No próximo tópico você verá a contabilização deste processo e �cará ainda mais claro porque classi�car os gastos em custos e despesas é tão importante. @freepik Cabe à Contabilidade avaliar os gastos e classi�cá-los como custos ou despesas. Um bom plano de contas é de suma importância para auxiliar na contabilização desses gastos. Os gastos com administração da empresa (fazenda) podem ser, por exemplo, lançados como despesas, já os custos podem ser diretos, quando de fácil identi�cação com o produto, ou indiretos, quando houver a necessidade de rateio (divisão dos custos indiretos entre os produtos). Contabilização e apuração do resultado: CPC 29 Prezado(a) aluno(a), como você sabe a Ciência Contábil tem como principal objetivo fornecer informações para tomada de decisão, estudando e controlando o patrimônio das entidades. Na empresa rural, os processos, embora um pouco diferentes, utilizam os mesmos princípios contábeis aplicados nas empresas comerciais e industriais. Contabilização pelo Método de Custo Como você viu no tópico anterior, esse método consiste em acumular os custos de formação do rebanho na conta Estoque – Ativo Biológico – Ativo Circulante, que, por ocasião das vendas, é baixado e levado ao resultado como Custo do Gado Vendido, apurando o lucro no momento da venda. Considere uma empresa que no ano X1 apurou os seguintes fatos: a. Nascimento de 12 bezerros: 6 machos e 6 fêmeas; b. A empresa possui reprodutores no valor de R$ 4.800,00 e matrizes de R$ 4.000,00. c. Custo com rebanho no período no valor de R$ 12.000,00, sendo: • Salário dos Vaqueiros de R$ 5.000,00; • Rações de R$ 3.000,00; • Manutenções de R$ 2.000,00; • Depreciação de Matrizes e Reprodutores de R$ 1.000,00. • Exaustão de pastagens no valor de R$ 1.000,00. Considere que esses custos já estão registrados em contas especí�cas e que falta apenas serem transferidos para a formação do rebanho. Teríamos então: No Balanço Patrimonial teríamos: Pela Formação do Rebanho: D – Custo do Rebanho em Formação (AC) R$ 12.000,00 C – Salário dos Vaqueiros R$ 5.000,00 C – Rações R$ 3.000,00 C – Manutenções R$ 2.000,00 C – Depreciação de Matrizes e Reprodutores R$ 1.000,00 C – Combustíveis R$ 1.000,00 D – Bezerros de 0 a 8 meses (AC) C – Custo do Rebanho em Formação R$ 6.000,00 (AC) D – Bezerras de 0 a 8 meses (AC) C – Custo do Rebanho em Formação R$ 6.000,00 (AC) Note que o custo unitário do bezerro seria de R$ 12.000,00 / 12 = R$ 1.000,00. Essa mesma empresa no ano X2 apresentou os seguintes fatos: a. Nascimento de mais 12 bezerros: 6 machos e 6 fêmeas; b. Custo com rebanho no período no valor de R$ 24.600,00, sendo: • Salário dos Vaqueiros de R$ 8.600,00. • Rações de R$ 8.000,00. • Manutenções de R$ 4.000,00. • Depreciação de Matrizes e Reprodutores de R$ 1.000,00. • Combustíveis novalor de R$ 3.000,00. A contabilização dos custos seria igual, porém teríamos um custo unitário calculado considerando novos bezerros: R$ 24.600,00 / 24 bezerros = R$ 1.025,00 Agora temos dois processos que precisam de atenção: A conta Custos do Rebanho em Formação estará com Saldo de R$ 24.600,00. O Saldo das Contas de Bezerros de 0 a 8 meses e Bezerras de 0 a 8 meses será transferido para contas Novilhos de 9 a 18 meses e Novilhas de 9 a 18 meses C – Bezerras de 0 a 8 meses D – Novilhos de 9 a 18 meses ........... R$ 12.000,00 Quadro 1 - Balanço Patrimonial Balanço Patrimonial Ativo 31/12/x0 31/12/x1 Ativo Circulante Ativo Biológico Bezerro de 0 a 8 meses 0 6.000,00 Bezerra de 0 a 8 meses 0 6.000,00 Ativo Não Circulante Imobilizado (Ativos Biológicos) Reprodutores 4.800,00 4.800,00 (-) Depreciação Acumulada (600,00) Matrizes 4.000,00 4.000,00 (-) Depreciação Acumulada (400,00) Total de Ativos Biológicos 8800 19.800,00 Fonte: o autor. C – Bezerras de 0 a 8 meses D – Novilhos de 9 a 18 meses ........... R$ 12.000,00 Temos, então, o Custo do ano X2 e o nascimento de mais 12 bezerros que precisam ser contabilizados. É preciso, portanto, apropriar o custo unitário de 1.025 por cabeça para os bezerros que já são novilhos e também apropriar os custos para os bezerros nascidos em X2. Referente X1: 12 cabeças de R$ 1.000,00 cada + (12 x 1.025) = 24.300,00 Referente X2: 12 cabeças x R$ 1.025,00 = 12.300,00 Total do Rebanho: 36.600,00 E assim sucessivamente. Contabilização da Morte de Bezerros Considere ainda o exemplo citado no tópico 9.1, porém no ano X3. Quadro 2 - Balanço Patrimonial Balanço Patrimonial Ativo 31/12/x0 31/12/x1 31/12/x2 Ativo Circulante Ativo Biológico Bezerro de 0 a 8 meses 0 R$ 6.000,00 R$ 12.150,00 Bezerras de 0 a 8 meses 0 R$ 6.000,00 R$ 12.150,00 Novilhos de 9 a 18 meses 0 R$ 6.150,00 Novilhos de 9 a 18 meses 0 R$ 6.150,00 Ativo Não Circulante Imobilizado (Ativos Biológicos) Reprodutores R$ 4.800,00 R$ 4.800,00 R$ 4.800,00 (-) Depreciação Acumulada - R$ 600,00 (R$ 1.200,00) Matrizes R$ 4.000,00 R$ 4.000,00 R$ 4.000,00 (-) Depreciação Acumulada - R$ 400,00 (R$ 800,00) Total de Ativos Biológicos 8800 R$ 19.800,00 R$ 43.400,00 Fonte: o autor. nasceram 20 bezerros, sendo metade machos e metade fêmeas. morreram 10 bezerros, no início de X3, referente ao lote de bezerros de 0 a 8 meses. o custo do rebanho em X3 �cou em R$ 40.000,00. Para �ns de avaliação, o custo unitário dos bezerros de 0 a 8 meses no início de X3 é R$ 1.025,00. O custo dos bezerros mortos totaliza R$ 10.250,00 e será tratado como perda do período (irá direto para o Resultado). Veja como o custo deve ser calculado: Resultado Considere um rebanho com custo unitário de R$ 14.000,00 e com preço de venda da cabeça por R$ 20.000,00. A empresa vendeu um boi. D – Caixa C – Venda de gado ..... R$ 20.000.00 D – Custo do Gado Vendido C – Bovinos para Corte (Estoque – Ativo Circulante) ..... R$ 14.000,00 Ref x1: 12 cabeças Ref x2: 12 cabeças Ref x2: (10 mortes) Ref x3: 20 cabeças Total: 34 cabeças que receberão custos. R$ 40.000,00/34 cabeças = R$ 1.176,47 (custo unitário a ser apropriado ao rebanho vivo). Referente X1: 12 cabeças de R$2.025,00 cada + (12 x 1.176,47) = R$ 38.417,64 Referente X2: 2 cabeças x R$ 1.025,00 + (2x 1.176,48) = R$ 4.402,96 Referente X3: 20 cabeças x R$ 1.176,47 = R$ 23.529,40 Total do Rebanho: R$ 66.350,00 Rebanho Transferido para o Imobilizado Quando o touro e/ou a vaca forem transferidos como reprodutores, devem sair do Ativo Circulante e serem registrados no Ativo Não Circulante – Imobilizado. Nesse caso começarão a sofrer depreciação. Os reprodutores são depreciados em oito anos e as matrizes, em dez. Quadro 3 - DRE Demonstração do Resultado do Exercício Receita Bruta R$ 20.000,00 (-) Custo do Gado Vendido (R$ 14.000,00) Lucro Bruto R$ 6.000,00 Fonte: o autor. REFLITA Você acha que o consumo de carne bovina causa problemas ao meio ambiente? Fonte: o autor. Livro Filme Contabilidade gerencial e declaração do imposto territorial rural AUTORIA Ivã da Cruz de Araújo Sumário Introdução 1 - Planejamento na atividade rural 2 - Controles para a geração da informação 3 - Fato gerador do ITR 4 - Imóvel rural imune 5 - Contribuinte do imposto territorial rural 6 - Responsável pelo crédito tributário 7 - Domicílio tributário 8 - Declaração do imposto sobre propriedade territorial rural 9 - Distribuição da área do imóvel rural 10 - Distribuição da área não utilizada na atividade rural 11 - Cálculo do valor da terra nua 12 - Característica especí�ca da DITR para a atividade pecuária 13 - Apuração e contabilização do imposto territorial rural Considerações Finais Introdução Olá! Nas unidades anteriores você conheceu as particularidades das culturas temporárias e permanentes. Já entendeu que contabilidade na pecuária possui procedimentos peculiares e que exigem conhecimento contábil de diversas áreas, entre elas a contabilidade comercial e a contabilidade de custos. Agora, nesta unidade, você aprenderá sobre o planejamento e a tributação aplicados à contabilidade de agronegócio. Por �m aprenderá que contabilidade de agronegócio pode e deve ajudar os empresários rurais com informações importantes, seguras, con�áveis e tempestivas para tomada de decisão. Boa leitura e bons estudos! Plano de Estudo: 1. Planejamento na Atividade Rural. 2. Controles para a geração da informação. 3. Fato Gerador do ITR. 4. Imóvel Rural Imune. 5. Contribuinte do Imposto Territorial Rural. 6. Responsável pelo Crédito Tributário. 7. Domicílio Tributário. 8. Declaração do Imposto sobre Propriedade Territorial Rural. 9. Distribuição da Área do Imóvel Rural. 10. Distribuição da Área não utilizada na Atividade Rural. 11. Cálculo do Valor da Terra Nua. 12. Característica Especí�ca da DITR para a Atividade Pecuária. 13. Apuração e Contabilização do Imposto Territorial Rural. Objetivos de Aprendizagem: 1. Entender a importânciado planejamento rural. 2. Compreender formas decontroles e geração de informações para tomada de decisão. 3. Compreender as formasde tributação e suas particularidades rurais. Planejamento na atividade rural Quando se fala em planejamento na atividade rural, além dos controles já conhecidos e também abordados em outras áreas da contabilidade é preciso saber que um bom planejamento requer informações tempestivas e seguras. Conhecer a propriedade e o produto a ser desenvolvido é extremamente importante para que bons resultados sejam alcançados, porém há vários outros itens que precisam ser analisados: Como você vê, muitos itens precisam ser analisados para que um planejamento seja realizado, aumentando, assim, a produtividade, qualidade e, consequentemente, os resultados da empresa. De�nir objetivos bem de�nidos, como, por exemplo, aumentar a produtividade; Conhecer as informações contábeis da empresa; Estabelecer metas para custos e despesas; Conhecer o calendário de cada atividade da empresa; O solo é um dos componentes mais importantes para o meio de produção rural. É a base do processo produtivo, necessitando, portanto, de cuidados especiais; O uso de insumos agrícolas sem desperdícios; Um bom controle de estoque; Medidas para controle de pragas; Utilizar a tecnologia; Atualize seu planejamento sempre que necessário. Controles para a geração da informação Ter informações seguras e con�áveis facilita a tomada de decisão, aplicar a contabilidade gerencial na empresa rural permite controles mais efetivos, bem como fornece informações importantes para o empresário. Conhecer itens como margem de contribuição e ponto de equilíbrio do produto favorece a criação de metas e objetivos mais claros. Vale lembrar que na ciência contábil um bom plano de contas permite registros que fornecerão informações detalhadas para a empresa. Na empresa rural, embora o plano de contas tenha a mesma �nalidade que nas empresas industriais oucomerciais, ele possui características peculiares devido às atividades exercidas. Plano de Contas A seguir um modelo de plano de contas com as principais particularidades exigidas para atividades rurais. Vale deixar claro que muitas contas comuns não foram incluídas, visto que o objetivo aqui é demonstrar um exemplo para empresas rurais. @freepik A margem de contribuição é o que sobra das vendas para pagar os gastos �xos, portanto, através desta informação é possível, por exemplo, identi�car o produto que mais contribui para empresa gerar bons resultados e conhecer, desta forma, qual produto deve ter sua produção e vendas intensi�cados. O ponto de equilíbrio apresenta a partir de que momento a empresa passa a gerar lucro, dando perspectivas dos resultados, antes mesmo das demonstrações contábeis estarem disponíveis. Quadro 1 - Ativo Circulante ATIVO CIRCULANTE 1. Disponibilidades 6.1.4. Novilhas de 13 a 24 meses 1.1. Caixa Geral 6.2. Rebanho bovino para corte 1.2. Bancos c/ Movimento 6.2.1. Gado de engorda 2. Clientes 6.2.2. Touros descartados 2.1. Duplicatas a Receber 6.2.3. Matrizes descartadas 3. Créditos Diversos 6.3. Rebanho bovino em trânsito 3.1. Títulos a Receber 6.3.1. Reses em trânsito 3.2. Empréstimos a Receber 6.3.2. Reses a classi�car 3.3. Adiantamentos 6.3.3. Reses em pastagens de terceiros 3.3.1. Adiantamento de Salários 6.3.4. Reses em con�namento 4. Impostos e Contribuições a Recuperar 6.4. Rebanho de equinos 4.1. ICMS a Recuperar 6.5. Rebanho de ovinos 5. Aplicações Financeiras 7. Estoques 5.1. Certi�cados de Depósitos Bancários 7.1. Estoques de produtos agrícolas 6. Rebanhos 7.1.1. Arroz 6.1. Rebanho bovino em formação 7.1.2. Soja 6.1.1. Bezerros de 0 a 12 meses 7.2. Estoques de sementes 6.1.2. Bezerras de 0 a 12 meses 7.3. Almoxarifado 6.1.3. Novilhos de 13 a 24 meses 7.4. Insumos para a pecuária Fonte: o autor. Quadro 2 - Ativo Não Circulante ATIVO NÃO CIRCULANTE 1. Realizável a Longo Prazo 3.4. Bens Móveis 1.1. Títulos da Dívida Agrária 3.4.1. Caminhões 2. Investimentos 3.4.2. Tratores e Retroescavadeira 2.1. Empresas Controladas 3.4.3. Móveis e utensílios 2.2. Empresas Coligadas 3.5. Rebanhos 3. Imobilizado 3.5.1. Reprodutores 3.1. Terras 3.5.2. Gado 3.1.1. Terras da Granja - Fazenda 3.6. Matrizes 2. Pastagens 3.6.1. Gado 3. Edi�cações da produção pastoril 3.6. Semoventes de Produção 3.1. Mangueiras 3.6.1. Gado leiteiro 3.1.1. Balança 3.7. Depreciação e exaustão 3.1.2. Currais 3.7.1. (-) Depreciação acumulada 3.1.3. Con�namentos 3.7.2. (-) Exaustão acumulada 3.2. Edi�cações da produção agrícola 4. Intangível 3.2.1. Silos e Secadores 4.1. Fundo de Comércio Adquirido 3.2.2. Depósitos 4.2. Bens Incorpóreos 3.3. Construções residenciais 4.2.1. Marcas e Patentes 3.3.1. Residência sede 4.2.2. (-) Amortização Acumulada 3.3.2. Residência de funcionários Fonte: o autor. Quadro 3 - Passivo e PL PASSIVO NÃO CIRCULANTE 1. Empréstimos e Financiamentos 2. Patrimônio Líquido 2.1. Capital Social 3. Resultados Acumulados 3.1. Lucros a Destinar (Conta Transitória) 3.2. (-) Prejuízos Acumulados 3.3. Resultado Parcial do Exercício Fonte: o autor. Quadro 4 - Receitas RECEITAS 1. Receita de Vendas 4.1. Variações Monetárias Ativas 1.1. Pecuária e outros animais 5. Variações Cambiais Ativas 1.1.1. Venda de gado 5.1. Empréstimos 1.2. Produtos pecuários 6. Outras Receitas Financeiras 1.3. Produtos agrícolas 6.1. Juros de Aplicações Financeiras 1.3.1. Arroz 6.2. Aluguéis e Arrendamentos 1.3.2. Soja 6.3. Parcerias agrícolas 2. Deduções da Receita Bruta 6.4. Serviços veterinários prestados 2.1. Vendas Canceladas 7. Reversão de Provisões 2.2. Devolução de Produtos 8. Contas de Apuração 2.3. Devolução de Mercadorias 8.1. Exercício agrícola 3. Impostos e Contribuições s/ Vendas 8.2. Exercício pastoril 3.1. ICMS 8.3. Exercício 4. Receitas Financeiras 8.4. Lucro do Exercício Fonte: o autor. Quadro 5 - Custos e Despesas CUSTOS DESPESAS 1. Custos de rebanhos 4.3 Outros 1.1. Custo do rebanho bovino 3.1. Despesas de Pessoal 1.1.1. Aquisição de gado 3.1.1. Ordenados, Salários e Comissões 1.1.2. Transporte 3.1.2. Férias 1.1.3. Mão-de-obra na aquisição e marcação 4. Despesas c/ Fretes 1.1.4. Alimentação 4.1. Combustíveis 1.2. Custo do rebanho equino 4.2. Manutenção de Veículos 1.2.1. Aquisição 53. Outras Despesas 1.2.2. Transporte 5.1. Depreciações e Amortizações 1.2.3. Mão-de-obra na aquisição e marcação 6.4. Tributos e Contribuições Federais 1.2.4. Alimentação 6.5. Tributos e Contribuições Estaduais 2. Custos de culturas agrícolas 6.6. Tributos e Contribuições Municipais 2.1. Custo da cultura de arroz 6.7. Multas Fiscais 2.1.1. Sementes >6.8. Juros s/ Tributos e Contribuições 2.1.2. Adubos e defensivos 7. Materiais e Suprimentos 2.1.3. Mão-de-obra de plantio 8.1. Material de Escritório 2.1.4. Transporte plantio e colheita 9. Despesas Financeiras 2.1.5. Mão-de-obra de colheita 9.1. Juros Passivos 2.1.6. Irrigação 9.2. Despesas Bancárias 3. Variações por perdas 10. Provisões p/ Perdas e Ajustes de Ativos 3.1. Variações nos rebanhos 11. Baixas do Ativo Não Circulante 3.1.1. Norte de gado bovino 11.1. Baixas de Investimentos 3.3. Variações nas culturas 11.2. Baixas do Imobilizado 3.3.1. Perdas na cultura de arroz 12. Contas de Apuração 3.3.2. Perdas na cultura de soja 12.1. Exercício agrícola 4. Outros custos 12.2. Exercício pastoril 4.1. Depreciações 12.3. Exercício avícola 4.2. Manutenção de máquinas e equipamentos 12.4. Prejuízo do Exercício Fonte: o autor. Fato gerador do ITR O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) é um imposto federal conforme a Lei nº 9.393, de 19 de dezembro de 1996, art. 1º; Decreto nº 4.382, de 19 de setembro de 2002; Regulamento do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (RITR/2002), art. 1º; Instrução Normativa (IN) SRF nº 256, de 11 de dezembro de 2002, art. 1º. Tem como fato gerador, conforme a legislação mencionada, a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana do município, em 1º de janeiro de cada ano. REFLITA Você acha justo a cobrança de Imposto Territorial Urbano (ITR)? Fonte: o autor. Imóvel rural imune Antes de veri�car os casos de imunidade ao ITR você precisa saber a diferença entre empresa imune e isenta. A imunidade é determinada pela Constituição Federal, que não permite a tributação do que estiver relacionado. A isenção ocorre através de leis ordinárias. Enquanto na imunidade o fato gerador não ocorre, na isenção há o fato gerador, porém o ente competente dispensa a cobrança do tributo. De acordo com Instrução Normativa (IN) SRF nº 256, de 11 de dezembro de 2002, imóvel imune, ou seja, que não está sujeito ao recolhimento de ITR, é: I - a pequena gleba rural, desde que o proprietário, titular do domínio útil ou possuidor a qualquer título a explore só ou com sua família, e não possua outro imóvel; II - os imóveis rurais pertencentes à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios; III - os imóveis rurais pertencentes às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, desde que vinculados às suas �nalidades essenciais ou às delas decorrentes; e IV - os imóveis rurais das instituições de educação e de assistência social, sem �ns lucrativos, desde que vinculados às suas �nalidades essenciais. § 1º Pequena gleba rural é o imóvel com área igual ou inferior a: I - cem hectares, se localizado em município compreendido na Amazônia Ocidental ou no Pantanal mato-grossense e sul-mato-grossense; II - cinquenta hectares, se localizado em município compreendido no Polígono das Secas ou na Amazônia Oriental; III - trinta hectares, se localizado em qualquer outro município. § 2º As regiões e os municípios a que se refere o § 1º estão relacionados no Anexo I a esta Instrução Normativa. § 3º Sujeita-se à incidência do imposto a pequena gleba rural que tenha área explorada por contrato de arrendamento, comodato ou parceria. § 4º Para o gozo da imunidade,as instituições mencionadas no inciso IV do caput devem prestar os serviços para os quais houverem sido instituídas e os colocar à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem �ns lucrativos, e atender aos seguintes requisitos: I - não distribuir qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; II - aplicar integralmente, no País, seus recursos na manutenção e desenvolvimento dos seus objetivos institucionais; III - não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados; IV - manter escrituração completa de suas receitas e despesas em livros revestidos das formalidades que assegurem a respectiva exatidão; V - conservar em boa guarda e ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem de suas receitas e a efetivação de suas despesas, bem assim a realização de quaisquer outros atos ou operações que venham a modi�car sua situação patrimonial; A lei menciona ainda a isenção dos impostos para: VI - apresentar, anualmente, declaração de rendimentos, em conformidade com o disposto em ato da Secretaria da Receita Federal (SRF); VII - assegurar a destinação de seu patrimônio a outra instituição que atenda às condições para o gozo da imunidade, no caso de incorporação, fusão, cisão ou encerramento de suas atividades, ou a órgão público; e VIII - outros requisitos, estabelecidos em lei especí�ca, relacionados com o funcionamento das entidades a que se refere este parágrafo. I - o imóvel rural compreendido em programa o�cial de reforma agrária, caracterizado pelas autoridades competentes como assentamento, que, cumulativamente, atenda aos seguintes requisitos: a) seja explorado por associação ou cooperativa de produção; b) a fração ideal por família assentada não ultrapasse os limites da pequena gleba rural, �xados no § 1º do art. 2º; e c) o assentado não possua outro imóvel; II - o conjunto de imóveis rurais de um mesmo proprietário, titular do domínio útil ou possuidor a qualquer título, cuja área total em cada região observe o respectivo limite da pequena gleba, �xado no § 1º do art. 2º, desde que, cumulativamente, o proprietário, o titular do domínio útil ou o possuidor a qualquer título: a) o explore só ou com sua família, admitida ajuda eventual de terceiros; e b) não possua imóvel urbano. § 1º Sujeitam-se ao pagamento do ITR os imóveis rurais que tenham áreas exploradas por contrato de arrendamento, comodato ou parceria. § 2º Entende-se por ajuda eventual de terceiros o trabalho, remunerado ou não, de natureza eventual ou temporária, realizado nas épocas de maiores serviços. § 3º Para �ns do disposto no inciso II do caput, deve ser considerado o somatório das áreas dos imóveis rurais por região em que se localizem, o qual não poderá suplantar o limite da pequena gleba rural da respectiva região. Contribuinte do imposto territorial rural O contribuinte do ITR é o proprietário do imóvel rural, o titular ou possuidor a qualquer título. Enquadra-se aqui, portanto, o usufrutuário por ocupação autorizada ou não pelo poder público. Não se enquadra como contribuinte do ITR o arrendatário, comodatário ou parceiro de imóvel rural explorado devido a contratos de arrendamento, comodato ou parceria. Responsável pelo crédito tributário A Instrução Normativa (IN) SRF nº 256, de 11 de dezembro de 2002 cita como responsável pelo crédito tributário: O sucessor, a qualquer título, nos termos dos arts. 128 a 133 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional (CTN), exceto nos casos de: I - aquisição de imóvel rural pelo Poder Público, pelas suas autarquias e fundações, e pelas entidades privadas imunes; II - desapropriação de imóvel rural por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, inclusive para �ns de reforma agrária, seja ela promovida pelo Poder Público ou por pessoa jurídica de direito privado delegatária ou concessionária de serviço público. Domicílio tributário O domicílio tributário do contribuinte é o município de localização do imóvel, sendo vedada a eleição de qualquer outro. @freepik No caso de imóvel rural com área em mais de um município deve-se considerar domicílio tributário aquele onde está a sede da propriedade. Caso não exista, considerar aquele onde está a maior parte da área da propriedade. Declaração do imposto sobre propriedade territorial rural A cada ano o sujeito passivo deve apresentar, conforme modelo aprovado pela Receita Federal, a Declaração do Imposto Sobre Propriedade Territorial Rural (DITR) para cada imóvel. Enquadra-se aqui o contribuinte isento ou imune. Distribuição da área do imóvel rural Conforme Instrução Normativa (IN) SRF nº 256, de 11 de dezembro de 2002, considera- se área rural utilizada pela atividade rural a parte da área aproveitável do imóvel que no ano anterior tenha: Caso ainda não declarado pelo alienante, o adquirente deve informar na declaração a efetiva utilização da área adquirida no ano anterior ao de ocorrência do fato gerador. Entende-se como alienante aquele que transferiu o domínio ou a propriedade. Art. 17. Área efetivamente utilizada pela atividade rural é a porção da área aproveitável do imóvel rural que, observado o disposto nos arts. 23 a 29, tenha, no ano anterior ao de ocorrência do fato gerador do ITR: I - sido plantada com produtos vegetais; II - servido de pastagem, nativa ou plantada, observados, quando aplicáveis, os índices de lotação por zona de pecuária a que refere o art. 24; III - sido objeto de exploração extrativa, observados, quando aplicáveis, os índices de rendimento por produto a que refere o art. 26 e a legislação ambiental; IV - servido para a exploração de atividade granjeira ou aquícola; V - sido objeto de implantação de projeto técnico, nos termos do art. 7º da Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993. Art. 18. Observado o disposto nos arts. 23 a 29, considera-se utilizada pela atividade rural a porção da área aproveitável do imóvel rural que, no ano anterior ao de ocorrência do fato gerador do ITR: I - esteja comprovadamente situada em área de ocorrência de calamidade pública decretada pelo Poder Público local e reconhecida pelo Governo federal, da qual tenha resultado frustração de safras ou destruição de pastagens; II - tenha sido o�cialmente destinada à execução de atividades de pesquisa e experimentação que objetivem o avanço tecnológico da agricultura; III - tenha permanecido em descanso para a recuperação do solo, desde que por recomendação técnica expressa, constante de laudo técnico; IV - tenha sido ocupada com pastagens ainda em formação, às quais não se aplicam os índices de lotação por zona de pecuária a que se refere o art. 24. § 1º Para �ns do disposto no inciso I, o estado de calamidade pública deverá ter sido decretado no ano anterior ao de ocorrência do fato gerador do ITR. § 2º A área destinada a descanso para a recuperação do solo deverá ser passível de comprovação em procedimento �scal. Área Tributável Conforme Instrução Normativa (IN) SRF nº 256, de 11 de dezembro de 2002, considera- se área tributável: Art. 9º Área tributável é a área total do imóvel rural, excluídas as áreas: I - de preservação permanente; II - de reserva legal; III - de reserva particular do patrimônio natural; IV - sob regime de servidão �orestal ou ambiental; V - de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas para as áreas de preservação permanente e de reserva legal; VI - Comprovadamente imprestáveis para a atividade rural, declaradas de interesse ecológico mediante ato do órgão competente, federal ou estadual. VII - cobertas por �orestas nativas, primárias ou secundárias em estágio médio ou avançado de regeneração; VIII - alagadas para �ns de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas autorizada pelo poder público. Distribuição da área não utilizada na atividade
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