Buscar

Contabilidade de Agronegócios

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 251 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 251 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 251 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CONTABILIDADE DE 
AGRONEGÓCIOS 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Diones Fernandes Zanin 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Vamos aprender mais sobre o funcionamento e aplicação da 
contabilidade ao agronegócio, lembrando sempre que que o Brasil possui 
participação significativa nesse ramo econômico. Nesta aula, serão abordados 
alguns aspectos conceituais relativos à contabilidade rural, para melhor situá-los 
nesse ramo contábil. Na sequência, trataremos sobre algumas questões 
relacionadas à maneira de se determinar o exercício social na atividade rural. 
Com base em conhecimentos prévios abordados, chega o momento de tratar a 
ligação entre a contabilidade rural e o CPC 29, que trata dos ativos biológicos, 
parte integrante desse ramo contábil. Encerraremos esta aula tratando da 
aplicação da contabilidade rural com foco na atividade agrícola, a qual se divide 
em culturas temporárias e culturas permanentes. Então, vamos entrar nesse 
mundo da contabilidade aplicada ao agronegócio! 
CONTEXTUALIZANDO 
A contabilidade possui aplicabilidade nas mais diversas atividades 
econômicas, cabendo aos profissionais buscarem o conhecimento necessário 
para essas áreas diferenciadas. Essa diversidade de aplicação da contabilidade 
chega até o agronegócio, atividade que possui algumas particularidades, no 
entanto segue a mesma lógica contábil dos demais ramos contábeis. 
Considerando o cenário brasileiro, que apresenta significativa participação do 
agronegócio nas demais atividades, seja fornecendo matérias-primas, gerando 
empregos, seja gerando de renda, devendo aplicar a contabilidade para que seja 
possível melhorar a forma de gerir os negócios. 
TEMA 1 – ASPECTOS CONCEITUAIS DA CONTABILIDADE RURAL – 
AGRÍCOLA, ZOOTÉCNICA E AGROINDUSTRIAL 
A contabilidade como ciência surgiu com a responsabilidade de gerir o 
patrimônio das entidades, nas quais existem os mais variados ramos de atuação 
econômica, cabendo a ela se moldar, visando atender às necessidades que 
surjam, sempre seguindo os preceitos básicos que originaram essa ciência. 
Surge então a necessidade de aplicar a contabilidade ao meio rural, pois 
verifica-se que as atividades econômicas desenvolvidas nesse ambiente 
 
 
3 
também necessitam da devida contabilização, apuração de resultados, bem 
como uma gestão do patrimônio. 
Cada propriedade rural é considerada uma entidade contábil, cabendo a 
aplicação dos devidos preceitos contábeis, buscando uma gestão com maior 
subsidio informacional. Marion (2014) trata a entidade rural ou propriedade rural, 
como uma empresa rural, pois relata que são realizadas atividades de cunho 
econômico com o objetivo de obtenção de renda, seja uma empresa rural 
familiar, seja patronal. 
Seguindo o conceito de Marion (2014), podemos perceber que, de certa 
maneira, uma propriedade rural pode se equiparar a uma empresa, uma vez que 
existe a produção de algo e que se objetiva realizar a venda e a obtenção de 
lucro, semelhante a uma entidade comercial ou industrial. 
São necessários três fatores de produção para que seja possível atuar na 
atividade rural: terra, capital e trabalho (Marion, 2014). Sem esses recursos, a 
atividade rural não terá condições de ser desenvolvida, visto a criticidade de se 
explorar a terra. 
Dentre os fatores de produção citados, o mais significativo é a terra, uma 
vez que sem ela não é possível existir produção. Para produzir, são aplicados o 
trabalho e o capital, visando ao alcance de renda significativo. Tanto o tamanho, 
quanto a qualidade da terra terão influência na produção, cabendo ao produtor 
atuar para salvaguardar a capacidade produtiva desse ativo. 
O segundo fator de produção é o capital, representado por todos os 
equipamentos, benfeitorias, animais e insumos, que são aplicados na terra 
visando facilitar a produção. Em alguns casos, o capital terá importância 
semelhante à da terra, pois, conforme for a condição da terra, apenas o capital 
irá fazer com que se torne produtiva. 
Por meio do trabalho, que ocorre para atuar com sinergia, reunindo a terra 
e o capital, será aplicado o capital na exploração da terra, sendo o trabalho uma 
espécie de “cereja do bolo” para que seja possível o bom andamento da 
produção rural. 
A empresa rural, ao utilizar seus fatores de produção, irá buscar o máximo 
de desempenho de sua propriedade. Dentre as formas de realizar sua atividade, 
Marion (2014) expõe três maneiras diferentes de atuar no meio rural: 
a. Atividade agrícola; 
b. Atividade zootécnica; 
 
 
4 
c. Atividade agroindustrial. 
Vale ressaltar que não necessariamente o produtor rural atuará em 
apenas uma das atividades, podendo mesclá-las em busca de rendimentos 
melhores. A contabilidade rural se aplicará em todas as atividades, fornecendo 
informações de custos, apuração de resultados bem como dando condições 
mais favoráveis à gestão. 
A atividade agrícola é considerada a exploração da terra para o cultivo de 
plantas, sejam elas hortaliças, forrageiras, cereais, árvores frutíferas, como 
também árvores destinadas à produção de madeira. A contabilidade de sub-
ramo rural irá atuar desde o cultivo a momentos de colheita e posterior venda. 
Compreende-se a atividade zootécnica como a exploração da atividade 
rural por meio da criação de animais, por exemplo, bovinos, suínos, aves, 
abelhas, caprino, dentre outros. A atuação contábil se dará tanto para os animais 
destinados a corte quanto para aqueles destinados à produção, podendo então 
atuar de forma análoga, uma vez que animais destinados ao corte podem ser 
considerados como produtos em transformação de uma indústria. Como animais 
de produção, podem ser considerados como se fossem máquinas, pois são 
alimentados e cuidados para gerarem algum produto de forma contínua. 
Caracteriza-se a atividade agroindustrial aquela que, conforme Marion 
(2014), é capaz de combinar a seguintes características: 
 Não alterar a composição e as características do produto in natura; 
 Ser feita pelo próprio produtor rural, com equipamentos e utensílios 
usualmente empregados nas atividades rurais; 
 Utilizar exclusivamente matéria-prima produzida na unidade rural 
explorada. 
Dessa maneira, se o beneficiamento dos produtos não cumprir os 
requisitos apresentados, não se enquadrará como agroindustrial, e sim como 
industrial. No entanto a maneira de praticar a contabilidade se assemelha na 
indústria e na agroindústria. 
Percebemos como a contabilidade, especificamente a rural, possui um 
campo de atuação bem fértil para estudos e aplicação dos preceitos contábeis, 
com os quais estamos ficando cada vez mais hábeis no decorrer da graduação. 
 
 
 
5 
TEMA 2 – FORMA JURÍDICA DA ATIVIDADE RURAL – ANO AGRÍCOLA 
VERSUS EXERCÍCIO SOCIAL 
No meio rural, existem várias particularidades. Neste momento, 
trataremos um pouco sobre a forma jurídica de desenvolver a atividade, como 
também sobre o conflito entre o ano agrícola e o exercício social. 
2.1 Forma de explorar atividade rural 
Oliveira (2010) lembra que, no meio rural, existem duas formas de 
explorar a atividade (como pessoa física ou como pessoa jurídica), mas existe a 
predominância no Brasil da atuação como pessoa física. 
Pode-se dizer que uma das causas para haver o predomínio de 
explorações por pessoas físicas seja o fato de ser menos oneroso desempenhar 
a atividade rural dessa maneira. Tanto os aspectos produtivos quanto de gestão 
ficam a cargo da família dona da propriedade, sendo talvez esse outro motivador 
da atuação como pessoa física, uma vez que os controles não são tão apurados, 
diferentemente se fosse uma gestão profissional. 
Por exemplo, para o produtor rural pessoa física que obtiver rendimentos 
de até R$ 56.000,00, é dispensada a elaboração de livro-caixa, ao passo que 
aqueles que ultrapassarem esse valor necessitam manter livro-caixa com seus 
respectivos documentos comprobatórios. O produtorrural pessoa jurídica deverá 
realizar toda a escrituração contábil, seguindo os mesmos moldes de uma 
empresa do ramo comercial ou industrial. 
Além da diferença quanto à documentação, também haverá diferença na 
gestão e controle da entidade, sendo uma gestão não familiar, e sim profissional, 
pois isso se faz necessário quando se atua de maneira empresarial. 
2.2 Ano agrícola versus exercício social 
No ramo contábil, é muito comum se falar em ano fiscal, que é o período 
de 1 de janeiro até 31 de dezembro. Na maioria das empresas, o período fiscal 
também é considerado o exercício social. Isso facilita bastante todos os 
processos, pois essas atividades não sofrem a interferência de estações 
climáticas, como ocorre no meio rural de forma mais significativa. 
 
 
6 
Para o meio rural, o exercício social deverá ser baseado no ano agrícola. 
Mas, afinal, o que é o ano agrícola? É o período de 12 meses que inicia o cultivo 
até a colheita da principal cultura em termos de rendimentos da propriedade, ou 
no caso de a pecuária ser a principal atividade, conforme seu ciclo produtivo para 
determinar o ano agrícola. 
Caso a propriedade tenha como sua principal fonte de renda a cultura da 
soja, que possui plantio em setembro, e colheita prevista entre janeiro e maio, a 
entidade deverá trabalhar com esse período como ano agrícola no caso do 
exercício social. Caso fosse o milho a cultura principal, o plantio seria em agosto, 
com colheita prevista entre dezembro e junho, determinando assim o ano 
agrícola. Essas variações decorrem dos momentos adequados para plantio, 
conforme o clima, bem como período de maturação das culturas para a colheita. 
Em propriedades com predominância de atividades pecuárias, pode 
acontecer de o ano agrícola e o fiscal coincidirem, pois a pecuária costuma ter 
um ciclo operacional de receitas mensais, seja pela venda de animais, seja pela 
venda da produção desses animais. 
Considera-se sempre a atividade com maior rendimento para determinar 
qual será o ano agrícola da propriedade. Mesmo em casos de existirem várias 
culturas na mesma propriedade, sempre deverá haver o discernimento 
necessário para verificar qual será a de maior rendimento. 
TEMA 3 – CONTABILIDADE RURAL E O PRONUNCIAMENTO CPC 29 – 
ATIVOS BIOLÓGICOS 
Com o passar do tempo, a contabilidade rural, que não tinha tanta 
atenção, passou a ter maior representatividade, principalmente pelo fato de 
alguns normativos contábeis tratarem de situações mais comuns para as 
entidades que desenvolvem atividades rurais. 
O Pronunciamento CPC 29 – Ativos Biológicos surge para reger situações 
que envolvem esse tipo de ativos, que são comuns nas atividades rurais, o que 
explica a influência desse Pronunciamento no meio rural. Isso se justifica 
também ao verificar o seu objetivo: 
O objetivo deste Pronunciamento é estabelecer o tratamento contábil, 
e as respectivas divulgações, relacionados aos ativos biológicos e aos 
produtos agrícolas (CPC, 2009, p. 2). 
 
 
 
7 
No tocante aos produtos agrícolas, fica estabelecida de forma fácil a 
ligação da atividade rural com esse pronunciamento, sendo abordado todo o 
tratamento contábil e a maneira de divulgação. 
No entanto, ao falar em ativos biológicos, faz-se necessário recorrer ao 
conceito estabelecido pelo próprio CPC 29 (CPC, 2009, p. 4): “Ativo biológico é 
um animal e/ou uma planta, vivos.” 
Percebe-se que tanto os animais quanto as plantas são objeto de 
patrimônio da entidade que atua na atividade rural, que posteriormente poderão 
dar origem a produtos agrícolas, todos abrangidos por esse pronunciamento. 
Vale ressaltar que também está ao alcance deste as subvenções 
governamentais, que estão relacionadas à atividade da empresa rural. 
Salienta-se que nem todas as plantas são abrangidas pelo CPC 29, sendo 
a exceção as plantas portadoras, as quais têm a função de produção de frutos, 
sendo cultivadas para produzir por mais de um período; São exemplos de plantas 
portadoras as laranjeiras, pessegueiros, dentre outras plantas frutíferas. 
Visando melhor ilustrar o que são ativos biológicos e produtos agrícolas, 
o CPC 29 traz um exemplo, conforme o Quadro 1. 
Quadro 1 – Ativos biológicos e produto agrícola 
Ativos biológicos Produto agrícola Produtos resultantes do 
processamento após a 
colheita 
Carneiros Lã Fio, tapete 
Plantação de árvores para 
madeira 
Árvore cortada Tora, madeira serrada 
Gado de leite Leite Queijo 
Porcos Carcaça Salsicha, presunto 
Plantação de algodão Algodão colhido Fio de algodão, roupa 
Cana de açúcar Cana colhida Açúcar 
Plantação de fumo Folha colhida Fumo curado 
Arbusto de chá Folha colhida Chá 
Videira Uva colhida Vinho 
Árvore frutífera Fruta colhida Fruta processada 
Palmeira de dendê Fruta colhida Óleo de palma 
Seringueira Látex colhido Produto da borracha 
Fonte: CPC, 2009, p. 3, 
Conforme o exposto no Quadro 1, fica claro como a atividade rural e sua 
contabilização se relacionam com o CPC 29, visto que necessitaram dos seus 
ativos biológicos para que seja possível realizar a produção, chegando ao 
produto agrícola. Assim, a primeira e a segunda coluna são tratadas pelo CPC 
29, por serem ativos biológicos e produtos agrícolas, com exceção das plantas 
 
 
8 
portadoras, como já abordado. Por outro lado, a terceira coluna apresenta 
produtos acabados, que são tratados pelo CPC 16 – Estoques. 
Além de tratar dos produtos oriundos das atividades rurais, o CPC 29 
também relata que o tratamento contábil é mensurar os ativos biológicos a valor 
justo (CPC, 2009). 
De maneira bem simples, considera-se o valor justo o valor de troca de 
uma mercadoria em uma transação não forçada. 
Esse valor justo, em alguns casos, pode ser determinado pelo mercado. 
Uma das funções da utilização do valor justo é a de determinar o valor do produto 
no lugar da utilização do custo. Isso ocorre porque, dependendo dos controles, 
pode ser difícil se estabelecer o custo dos ativos biológicos, bem como o custo 
talvez não represente efetivamente o valor dos produtos. 
Dessa maneira, podemos dizer que a contabilidade ultrapassa a barreira 
de apurar exclusivamente o custo, trabalhando com o valor, o que constitui um 
passo a mais para a evolução da contabilidade. 
Tal evolução fica evidente ao verificar a aplicação desse normativo por 
empresas que exploram a atividade rural e são participantes da B3, sendo esta 
o máximo de aplicação do CPC 29. Entretanto esse máximo ainda deixa a 
desejar, pois nas divulgações ainda existem pontos falhos quanto à evidenciação 
das informações, que poderiam ser mais claras e detalhadas. 
As entidades participantes da B3 acabam se preocupando em divulgar os 
itens obrigatórios, que acabam sendo mínimos, no entanto poderiam apresentar 
mais informações. Já as propriedades rurais de pessoas físicas talvez até 
desconheçam a existência de tais normativos, que facilitariam sua gestão, 
cabendo a nós, contadores, levar inicialmente a aplicação da contabilidade rural 
às propriedades, e posteriormente evoluirmos para a aplicação dessas novas 
normas. 
Observamos, portanto, que a contabilidade rural possui uma ligação clara 
com o CPC 29, e posteriormente veremos de forma mais detalhada sobre a 
maneira contabilizar de acordo com o esse pronunciamento. 
Saiba mais 
Visando apresentar a aplicação do CPC 29 nas empresas da B3, que se 
chamava BMF&Bovespa, recomendamos a leitura e análise de dois artigos, um 
do ano de 2010, e outro do ano de 2014, ambos com temas semelhantes. Esses 
 
 
9 
textos, além de agregarem um conhecimento, também fornecerão a 
possibilidade de comparar dois períodos de verificação. 
1. CARMO, C. R. S. et al. Pronunciamento técnico CPC:29: um estudo 
sobre sua aplicação em empresas de capital aberto do setor sucroalcooleiro 
listadas na BMF&Bovespa no ano de 2010. Cadernos da Fucamp, v. 10, n. 13, 
2011. Disponível em: 
<http://www.fucamp.edu.br/editora/index.php/cadernos/article/view/6>.Acesso 
em: 29 jul. 2019. 
2. THEISS, V. et al. Práticas de divulgação dos ativos biológicos pelas 
companhias listadas na BM&FBovespa. Registro Contábil, v. 5, n. 3, p. 41-58, 
2014. Disponível em: 
<http://www.seer.ufal.br/index.php/registrocontabil/article/view/1130>. Acesso 
em: 29 jul. 2019. 
TEMA 4 – ATIVIDADE AGRÍCOLA – CULTURAS TEMPORÁRIAS 
Entende-se como atividade agrícola o cultivo do solo para a produção, 
tendo uma divisão nos tipos de culturas a serem cultivadas (as temporárias e as 
permanentes). 
As culturas temporárias são aquelas que, a cada período de produção, 
necessitam ser replantadas, já que, após a colheita, a planta morre, seja pelo 
seu corte, seja por ser arrancada totalmente da terra. Temos como exemplos de 
culturas temporárias o milho, trigo, feijão, arroz, cebola, alface, dentre outros. 
Cada um dos produtos possui seu próprio período de cultivo, alguns com 
períodos mais longos entre o plantio e colheita, e outros com períodos mais 
curtos. No entanto, mesmo com as particularidades de cada cultura, o processo 
contábil é semelhante, sendo acumulados os valores dos custos de produção no 
estoque. 
Os custos a serem consumidos pelas culturas temporárias serão 
compostos por alguns elementos de custos. Essa apuração só será possível 
caso a entidade possua o devido controle de tais informações. O Quadro 2 
apresenta alguns elementos de custos com uma subdivisão. 
 
 
 
10 
Quadro 2 – Elementos de custos 
Insumos Mão de obra Gastos não 
desembolsáveis 
Outros custos 
 Sementes; 
 Mudas; 
 Adubos; 
 Pesticidas; 
 Herbicidas. 
 Salários; 
 Horas extras; 
 Férias; 
 13º salário; 
 INSS; 
 FGTS. 
 Depreciação; 
 Exaustão; 
 Amortização. 
 Energia elétrica; 
 Alugueis; 
 Água; 
 Combustível. 
 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
Conforme exposto no Quadro 2, na primeira coluna que demonstra os 
insumos, estão todos os itens utilizados para o início do cultivo e manutenção 
das plantas, até o momento em que possa ser iniciada a colheita. Em relação à 
mão de obra apresentada na segunda coluna, contemplam-se todos os gastos 
com pessoal que atua nos processos produtivos, desde o cultivo até os tratos 
culturais e a colheita. 
A terceira coluna se destina a todos os valores oriundos da depreciação 
de equipamentos, amortização de gastos anteriores e valor de exaustão de 
algum recurso natural, que são gastos não desembolsáveis, ou seja, não fazem 
com que sejam desembolsados valores no exercício, realizando apenas 
apropriação de valores. 
Na última coluna, constam exemplos de outros custos que podem ser 
utilizados, como a energia elétrica e o aluguel, que também fazem parte do 
processo de produção 
Todos esses custos serão acumulados no estoque, no entanto, visando 
uma classificação adequada, as culturas temporárias terão uma divisão em três 
categorias: 
 Cultura temporária em formação (nome da cultura); 
 Colheita em andamento (nome da cultura); 
 Produto agrícola (nome da cultura). 
Cada categoria irá acumular custos em um determinado estágio da 
produção. 
A cultura temporária em formação irá acumular os custos desde o plantio 
até o momento em que esteja pronto para colheita, ou seja, todos os gastos com 
insumos, mão de obra, depreciação e demais outros custos para plantio e 
formação da cultura serão estocados nessa conta. 
 
 
11 
Quando a cultura estiver pronta para iniciar a colheita, o saldo da conta 
de cultura temporária em formação será transferido para a conta contábil da 
colheita em andamento, que, além de herdar os custos já acumulados pela 
formação da cultura, irá também agregar os valores consumidos para a 
realização da colheita, como depreciação, salários, combustível, dentre outros 
gastos. 
Após o término da colheita, o saldo da conta de colheita em andamento 
será transferido para a conta contábil de produto agrícola, chegando assim a um 
estoque que posteriormente será vendido pela entidade rural, visando então 
obter lucro. É comum a existência desses gastos, pois no meio rural o preço de 
venda dos produtos é ditado pelo mercado. Assim, em muitos casos, compensa 
manter o produto agrícola estocado até que o preço seja o mais favorável 
possível. 
Na sequência vamos observar exemplos de lançamento contábeis das 
culturas temporárias, para que assim seja mais fácil compreender a forma de 
contabilizar. Algumas legendas serão utilizadas para facilitar: 
 CTF – Cultura temporária em formação 
 CA – Colheita em andamento 
 PA – Produto agrícola 
Quadro 3 – Lançamentos das culturas temporárias 
Pela formação da planta (gastos desde o preparo do solo até o início da colheita) 
D – Nome da cultura CTF (Ativo Circulante – Estoques) 
C – Caixa ou bancos (Ativo Circulante – Disponível) ou 
Insumos ou materiais (Ativo Circulante – Estoques) ou 
Contas a pagar ou Fornecedores (Passivo Circulante – Obrigações) 
________________________________________ 
Pelo Início da colheita (Transfere os saldos da cultura temporária para a colheita em 
andamento) 
D – Nome da cultura CA (Ativo Circulante – Estoques) 
C – Nome da cultura CTF (Ativo Circulante – Estoques) 
________________________________________ 
Durante a colheita (gastos até a colheita total) 
D – Nome da cultura CA (Ativo Circulante – Estoques) 
C – Caixa ou bancos (Ativo Circulante – Disponível) ou 
Insumos ou materiais (Ativo Circulante – Estoques) ou 
Contas a pagar ou Fornecedores (Passivo Circulante – Obrigações) 
 
 
12 
________________________________________ 
Pelo término da colheita (transfere os saldos da Colheita para Produtos Agrícolas) 
D – Nome do produto PA (Ativo Circulante – Estoques) 
C – Nome da cultura CA (Ativo Circulante – Estoques) 
______________c_________________________ 
Durante o armazenamento (gastos com armazenagem) 
D – Nome do produto PA (Ativo Circulante – Estoques) 
C – Caixa ou bancos (Ativo Circulante – Disponível) ou 
Insumos ou materiais (Ativo Circulante – Estoques) ou 
Contas a pagar ou Fornecedores (Passivo Circulante – Obrigações) 
________________________________________ 
Pela venda dos produtos 
(1º Reconhecer a receita) 
D – Caixa ou bancos (Ativo Circulante – Disponível) ou 
Cheques a receber ou Contas a receber (Ativo Circulante – Direitos) 
C – Venda de nome do produto (Resultado – Receitas) 
 
(2º Reconhecer o custo do produto) 
D – Custo do nome do produto vendido (Resultado - CPV) 
C – Nome do produto PA (Ativo Circulante – Estoques) 
________________________________________ 
Pelas Despesas de Vendas, Administrativas ou Financeiras da Propriedade 
D – Despesa com nome da despesa (Resultado –Despesas) 
C – Caixa ou bancos (Ativo Circulante – Disponível) ou 
Contas a pagar ou Fornecedores (Passivo Circulante – Obrigações) 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
Seguindo o exposto no Quadro 3, temos exemplificações da 
contabilização das culturas temporárias, sendo aplicável a propriedades rurais 
exploradas por pessoas físicas e por pessoas jurídicas. 
Salienta-se a importância de manter o devido registro de qual cultura se 
trata para que contabilmente seja facilitada a identificação dos valores de cada 
uma. 
Pode-se perceber que, ao aplicar os preceitos contábeis das culturas 
temporárias no cotidiano das propriedades, isso fará com que haja geração de 
informações contábeis para o produtor. 
 
 
 
13 
Saiba mais 
Para que seja possível compreender melhor como as culturas temporárias 
são trabalhadas quanto aos seus custos, recomendo a leitura de dois artigos que 
tratam sobre custos nas culturas temporárias. 
HOFER, E. et al. Gestão de custos aplicada ao agronegócio: culturas 
temporárias. Contabilidade Vista & Revista, v. 17, n. 1, jan.- mar. 2006. 
Disponível em: 
<https://revistas.face.ufmg.br/index.php/contabilidadevistaerevista/article/view/2
90>. Acesso em; 29 jul. 2019. 
SAMPAIO, A. L. M.; AKAHOSHI, W. B.; LIMA, E. M. Avaliação da 
aplicação do métodode custeio baseado em atividades (ABC) na produção 
agrícola de grãos: culturas temporárias. Custos e @gronegócios online, v. 7, 
n. 3, set.-dez. 2011. Disponível em: 
<http://custoseagronegocioonline.com.br/numero3v7/custos%20abc.pdf>. 
Acesso em: 29 jul. 2019. 
TEMA 5 – ATIVIDADE AGRÍCOLA – CULTURAS PERMANENTES 
Enquanto as culturas temporárias necessitam de replantio após a colheita, 
as culturas permanentes não precisam ser replantadas, fazendo com que a 
produção dure mais de um ciclo. Os elementos de custos são os mesmos que 
constam no Quadro 2. São exemplos de culturas permanentes a cafeicultura, 
fruticultura, reflorestamento, dentre outras que produzam mais de um período. 
Nas culturas temporárias, os custos são acumulados no estoque, ao 
passo que para as culturas permanentes todos os valores para a formação da 
cultura serão alocados no ativo imobilizado (Crepaldi, 2012). 
Ao iniciar uma cultura permanente, todos os valores consumidos para isso 
serão contabilizados no imobilizado na conta cultura permanente em formação, 
especificando o nome da cultura em questão. Essa conta contábil possui 
característica semelhante à da cultura temporária em formação, a não ser pelo 
fato da mudança de classificação contábil. 
Depois que a cultura permanente está pronta para a primeira colheita, 
considera-se que não está mais em formação, e sim formada, alterando a 
classificação contábil, de cultura permanente em formação para cultura 
permanente formada, mantendo-a no ativo imobilizado. 
 
 
14 
No momento em que a planta estiver apta para a produção, todos os 
valores consumidos visando à obtenção do fruto serão contabilizados na conta 
de colheita em andamento, que fica no estoque. Todos os custos necessários 
para a colheita e sua preparação serão acumulados nessa conta, por exemplo a 
poda, a capina, os herbicidas, o desbrote, dentre outros. A cultura permanente 
terá seu gasto de formação a ser apropriado aos períodos produtivos. O período 
produtivo será determinado por técnico da área e, baseado nesse prazo, a 
cultura permanente será exaurida. 
Na hipótese de alguns custos de tratos culturais prolongarem a vida 
produtiva da cultura, esses valores deverão ser imobilizados para não 
penalizarem a safra de um único período (Marion, 2014). 
Com o termino da colheita, o valor acumulado na conta colheita em 
andamento será transferido para a conta produto agrícola, permanecendo no 
estoque, com outra classificação, é claro. Após a venda, o estoque será baixado, 
transferindo-se para o custo do produto vendido no resultado. 
Analogamente, as culturas permanentes funcionam como máquinas ou 
equipamentos industriais, pois são utilizados alguns recursos para que esses 
ativos possam produzir, e perduram assim por mais de um período. 
Na sequência, vamos observar alguns exemplos de lançamentos 
contábeis das culturas permanentes para que assim seja mais fácil compreender 
a forma de contabilizar. Algumas legendas serão utilizadas para facilitar: 
 CPF – Cultura Permanente em Formação 
 CP – Cultura Permanente Formada 
 CA – Colheita em Andamento 
 PA – Produto Agrícola 
Quadro 4 – Lançamentos das culturas permanentes 
Pela formação da planta (gastos desde o preparo do solo até a primeira colheita) 
D – Nome da cultura CPF (Ativo Não Circulante – Imobilizado) 
C – Caixa ou bancos (Ativo Circulante – Disponível) ou insumos ou materiais (Ativo Circulante 
– Estoques) ou Contas a pagar ou Fornecedores (Passivo Circulante – Obrigações) 
________________________________________ 
Com a produção pronta para a colheita (transfere os saldos da Cultura Permanente em 
Formação para Cultura Permanente Formada – somente na 1ª colheita). 
D – Nome da cultura CP (Ativo Não Circulante – Imobilizado) 
C – Nome da cultura CPF (Ativo Não Circulante – Imobilizado) 
 
 
15 
________________________________________ 
Durante a formação do produto até a colheita (todos os gastos com tratos culturais para formar 
o produto) 
D – Nome da cultura CA (Ativo Circulante – Estoques) 
C – Caixa ou bancos (Ativo Circulante – Disponível) ou insumos ou materiais (Ativo Circulante 
– Estoques) ou depreciação (Ativo Permanente – Imobilizado) ou Contas a pagar ou 
Fornecedores (Passivo Circulante – Obrigações) 
________________________________________ 
Pelo término da colheita (transfere os saldos da Colheita para Produtos Agrícolas) 
D – Nome do produto PA (Ativo Circulante – Estoques) 
C – Nome da cultura CA (Ativo Circulante – Estoques) 
________________________________________ 
Durante o armazenamento (gastos com armazenagem) 
D – Nome do produto PA (Ativo Circulante – Estoques) 
C – Caixa ou Bancos (Ativo Circulante – Disponível) ou Insumos ou materiais (Ativo Circulante 
– Estoques) ou Contas a pagar ou Fornecedores (Passivo Circulante – Obrigações) 
________________________________________ 
Pela Venda dos Produtos 
(1º - Reconhecer a receita) 
D – Caixa ou bancos (Ativo Circulante – Disponível) ou Cheques a Receber ou Contas a 
Receber (Ativo Circulante – Direitos) 
C – Venda de nome do produto (Resultado – Receitas) 
 
(2º Reconhecer o custo do produto) 
D – Custo do nome do produto vendido (Resultado - CPV) 
C – Nome do produto PA (Ativo Circulante – Estoques) 
________________________________________ 
Pelas Despesas de Vendas, Administrativas ou Financeiras da Propriedade 
D – Despesa com nome da despesa (Resultado –Despesas) 
C – Caixa ou bancos (Ativo Circulante – Disponível) ou Contas a pagar ou Fornecedores 
(Passivo Circulante – Obrigações) 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
O Quadro 4 nos apresenta os lançamentos contábeis referente às culturas 
permanentes, desde sua formação até a colheita, como também a venda. 
Todo o processo contábil dessas culturas irá fornecer informações de 
custos, que ajudarão no acompanhamento da atividade, uma vez que a cada 
período poderão ter custos superiores ou inferiores. A oscilação dos custos pode 
ter relação com alterações climáticas, pragas, dentre outras causas, culminando 
em alterações de custos, como também evidenciando o desempenho da cultura 
com o passar do tempo. 
 
 
16 
As propriedades rurais poderão atuar simultaneamente com culturas 
temporárias e permanentes, visando mesclar sua produção, consequentemente 
variando também suas fontes de receitas. 
TROCANDO IDEIAS 
Imagine que daqui a alguns anos você possua um escritório contábil, que 
conte com uma boa carteira de clientes, no entanto esta pode ser composta 
exclusivamente por empresas industriais e comerciais. 
Em um determinado momento, um empresário rural chegou ao eu 
escritório, buscando seus serviços contábeis, já que seu atual contador lhe deixa 
insatisfeito com os serviços prestados, além de ter recebido boas referências de 
alguns de seus clientes. Percebe-se uma oportunidade interessante de um novo 
cliente. 
Considerando que, dentre todos seus clientes, nenhum é semelhante a 
esse empresário rural, quais serão os primeiros procedimentos a serem 
realizados para que seja possível que seu escritório atenda esse cliente de 
maneira satisfatória? 
NA PRÁTICA 
Agora vamos praticar um pouco com algumas situações, inicialmente com 
questões teóricas, e depois lançamentos contábeis. 
1. Assinale a alternativa correta para cada questão: 
a. Para efeitos contábeis, devem ser considerados alguns tipos de 
culturas existentes, tais como: 
( ) Culturas em erradicação; 
( ) Culturas temporárias e flutuantes; 
(X) Culturas permanentes e temporárias; 
( ) Culturas flutuantes e de erradicação. 
b. Marque “V” para verdadeiro e “F” para falso para as questões a seguir: 
(F) Cultura permanente tem um período de vida longo, o que permite sua 
colheita somente ao completar um ano; 
(F) Por ser uma cultura permanente e proporcionar sua colheita ao 
completar um ano, após requerendo o seu replantio, é exemplo típico de: arroz, 
milho e feijão etc.; 
 
 
17 
(V) As culturatemporárias necessitam de replantio; 
(V) As culturas permanentes perduram por mais de um período, não 
necessitando de replantio; 
 
c. No momento da colheita ou produção, como se classifica o produto da 
cultura permanente? 
( ) Imobilizações em curso; 
( ) Investimentos; 
(X) Estoque em andamento; 
( ) Diferido. 
d. Qual alternativa a seguir contempla apenas culturas temporárias? 
( ) Milho, arroz, batata, tomate e uva; 
(X) Tomate, mandioca, batata, milho e arroz; 
( ) Arroz, milho, batata, mandioca e maçã; 
( ) Batata, tomate, milho, arroz e pera. 
e. As culturas permanentes formadas são contabilizadas em que grupo de 
contas? 
( ) Ativo Circulante; 
( ) Estoques; 
( ) Investimentos; 
(X) Imobilizados. 
2. Efetue os lançamentos do período agrícola até 31/03/2012 a seguir em 
forma de razonetes. Os seguintes valores constam no seu Balanço em 
31/03/2011: 
Quadro 5 – Exemplo de lançamentos (1) 
ATIVO PASSIVO 
Circulante 102.000,00 Circulante 50.000,00 
 Disponível 50.000,00 Obrigações com 
Fornecedores 
50.000,00 
 Caixa 50.000,00 Fornecedores 50.000,00 
 Estoques 52.000,00 
 Feijão – PA 
 Soja - CA 
 Adubos 
20.000,00 
12.000,00 
10.000,00 
 
 Combustíveis 10.000,00 
 Patrimônio Líquido 182.000,00 
 
 
18 
Não Circulante 130.000,00 Capital Subscrito 150.000,00 
 Imobilizado 130.000,00 Capital Social 
Integralizado 
 
150.000,00 
 Terras 70.000,00 Reservas de lucros 32.000,00 
 Tratores 50.000,00 Lucros Acumulados 32.000,00 
 Arados 
 Semeadoras 
 5.000,00 
5.000,00 
 
 
ATIVO 232.000,00 PASSIVO 232.000,00 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
a. Consumidos R$ 2.000,00 do estoque de combustível no preparo do solo 
para o plantio do milho; 
b. Pago à vista gasto com aluguel colheitadeira de R$ 3.000,00 na colheita 
da soja; 
b. Compra a prazo de R$ 20.000,00 de semente de milho; 
c. Venda de 70% do estoque de feijão por R$ 18.000,00 a vista, o restante 
será utilizado como semente para o próximo plantio; 
d. Pago frete à vista para entrega do feijão ao comprador R$ 500,00; 
e. Compra à vista de R$ 3.000,00 em inseticidas; 
f. Consumo de R$ 3.000,00 do estoque de adubo para a cultura do milho; 
g. Plantio do milho, utilização de toda a semente estocada; 
h. Aplicados R$ 2.000,00 de inseticidas na cultura do milho; 
i. Depreciação do trator e maquinários no período R$ 5.000,00 (60% cultura 
do milho e 40% Soja); 
j. Pago salario período R$ 24.000,00 (50% cultura do milho, 30% soja e 20% 
administração); 
k. Término da colheita da soja; 
l. Venda de toda safra de soja por R$ 25.000,00 à vista; 
m. Gastos com energia elétrica R$ 50,00 pago à vista; 
n. Gastos com telefone R$ 100,00 pago à vista; 
o. Pagamentos com fornecedores R$ 25.000,00 em dinheiro; 
p. Início da colheita do milho; 
q. Consumidos R$ 3.000,00 do estoque de combustível na colheita do milho; 
r. Pago aluguel de colheitadeira R$ 1.000,00 na colheita do milho; 
s. Termino da colheita do milho; 
t. Venda de todo o estoque de milho por R$ 50.000,00 a prazo para a própria 
cerealista. 
 
 
19 
Agora, vejamos como ficariam os lançamentos. Para melhor ilustrar, cada 
lançamento terá a letra respectiva ao lado, sendo que os saldos iniciais e finais 
não terão marcação. 
Quadro 6 – Exemplo de lançamentos (2) 
 Caixa Feijão - PA Soja CA 
 
 50.000,00 3.000,00 b 20.000,00 14.000,00 d 12.000,00 24.200,00 
l 
d 18.000,00 500,00 e 6.000,00 b 3.000,00 
 
m 25.000,00 3.000,00 f j 2.000,00 
 
 24.000,00 k k 7.200,00 
 
 50,00 n 
 
 100,00 o 
 
 25.000,00 p 20.000,00 20.000,00 24.200,00 24.200,00 
 
 1.000,00 s - - - - 
 
 
 
 Milho - CTF Sementes Milho 
 
 a 2.000,00 42.000,00 q c 20.000,00 20.000,00 
h 
 g 3.000,00 
 
 h 20.000,00 
 
 i 2.000,00 
 
 j 3.000,00 
 
 k 12.000,00 
 
 
 
 93.000,00 56.650,00 42.000,00 42.000,00 20.000,00 20.000,00 
 
 36.350,00 - - - - - 
 
 
 Sementes de Feijão Inseticidas Adubos 
 6.0000,00 f 3.000,00 2.000,00 i 10.000,00 3.000,00 g 
 
 
 
 
 
 6.000,00 3.000,00 2.000,00 10.000,00 3.000,00 
 6.000,00 - 1.000,00 7.000,00 - 
 
 Terras Arados Combustíveis 
 70.000,00 5.000,00 10.000,00 2.000,00 a 
 3.000,00 r 
 
 
 
 
 
 70.000,00 - 5.000,00 - 10.000,00 5.000,00 
 70.000,00 - 5;0000,00 - 5.000,00 - 
 
 Milho CA Soja PA 
 (-) Depreciação 
Acumulada 
 
q 42.000,00 46.000,00 i l 24.200,00 24.200,00 m 5.000,00 
j 
r 3.000,00 
 
s 1.000,00 
 
 
 
 
 
 
 
 46.000,00 46.000,00 24.200,00 24.200,00 - 5.000,00 
 
 - - - - - 5.000,00 
 
 
 
 Milho PA Semeadoras Tratores 
 
 
 
20 
f 46.000,00 46.000,00 u 5.000,00 50.000,00 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 46.000,00 46.000,00 5.000,00 
 
- 50.000,00 - 
 
 - - 5.000,00 
 
- 50.000,00 - 
 
 
 Duplicatas a Receber 
u 50.000,00 
 
 
 
 
 
 50.000,00 - 
 50.000,00 - 
 
 Fornecedores Capital Social Lucros Acumulados 
p 25.000,00 50.000,00 150.000,00 32.000,00 
 20.000,00 c 
 
 
 
 
 25.000,00 70.000,00 - 150.000,00 - 32.000,00 
 - 45.000,00 - 150.000,00 - 32.000,00 
 
 Venda Feijão Venda Soja Venda Milho 
 18.000,00 d 25.000,00 m 50.000,00 u 
 
 
 
 
 - 18.000,00 - 25.000,00 - 50.000,00 
 - 18.000,00 - 25.000,00 - 50.000,00 
 
 Custo Feijão PA Frete S/ Venda Feijão Salário ADM 
 d 14.000,00 e 500,00 k 4.800,00 
 
 
 
 
 14.000,00 - 500,00 - 4.800,00 - 
 14.000,00 - 500,00 - 4.800,00 - 
 
 Custo Milho PA Energia Elétrica 
u 46.000,00 n 50,00 
 
 
 
 
 46.000,00 - 50,00 - 
 46.000,00 - 50,00 - 
 
 Custo Soja PA Telefone 
m 24.200,00 o 100,00 
 
 
 
 
21 
 
 
 24.200,00 - 100,00 - 
 24.200,00 - 100,00 - 
Como podemos verificar, os lançamentos contábeis não são difíceis, e 
com a prática tudo ficarámais fácil. 
FINALIZANDO 
Espero que tenham se empenhado e aprendido ao máximo com esta aula. 
Iniciamos abordando sobre a contabilidade rural, bem como alguns aspectos 
básicos que fazem parte das formas de desenvolver a atividade rural. Espero 
que esses pontos os tenham aproximado do meio rural. Na sequência, tratamos 
sobre a diferenciação do ano agrícola e do exercício social, sendo priorizada a 
cultura que mais gere renda para a propriedade, assim determinando o período 
que será contemplado como ano agrícola, que não necessariamente coincidirá 
com o ano fiscal. 
Em um terceiro momento, foi abordada a ligação entre a contabilidade 
rural e o CPC 29, que trata dos ativos biológicos, os quais são objeto do 
patrimônio da entidade, cabendo à contabilidade cuidar desse patrimônio. Os 
ativos biológicos, conforme vimos, são quaisquer plantas ou animais vivos, que 
são parte integrante da atividade rural, bem como de sua contabilização. 
O quarto e quito assuntos estão interligados, pois ambos trataram das 
culturas agrícolas, diferenciando-se apenas em culturas temporárias e 
permanentes, que é uma subclassificação para melhor controle contábil. As 
culturas temporárias são aquelas que necessitam replantio após a colheita, e 
apresentam três classificações contábeis, ao passo que as permanentes irão 
permanecer produzindo por mais de um período e possuem quatro 
classificações contábeis. 
Nesta aula, espero que tenha dado as devidas condições para 
compreender como é possível ligar a atividade rural com a contabilidade. Nós, 
como profissionais da área contábil, precisamos sempre conhecer mais áreas de 
atuação, sendo a contabilidade aplicada ao meio rural uma delas. Apesar de 
pouco explorada, aqueles que gostarem do assunto poderão se aprofundar. 
 
 
 
 
22 
REFERÊNCIAS 
CADELCA, I. et al. Pronunciamento Técnico CPC 29: um estudo sobre sua 
aplicação em empresas de capital aberto do setor sucroalcooleiro listadas na 
BM&FBovespa no ano 2010. Cadernos da FUCAMP, v. 10, n. 13, p. 37-54, 
Campinas, 2011. 
CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamento Técnico CPC 
29 – Ativo Biológico e Produto Agrícola, 7 de agosto de 2009. Brasília: CPC, 
2009. 
CREPALDI, S. A. Contabilidade rural: uma abordagem decisorial. 7. ed. São 
Paulo: Atlas, 2012. 
HOFER, E. et al. Gestão de custos aplicada ao agronegócio: culturas 
temporárias. Contabilidade Vista e Revista. v. 17, n. 1, p. 29-46, 2006. 
MARION, J. C. Contabilidade rural: contabilidade agrícola, contabilidade da 
pecuária. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2014. 
OLIVEIRA, N. C. Contabilidade do agronegócio: teoria e prática. 2. ed. 
Curitiba: Juruá, 2010. 
SAMPAIO, A. L. M.; AKAHOSHI, W. B.; LIMA, E. M. Avaliação da aplicação do 
método de custeio baseado em atividades (ABC), na produção agrícola de grãos: 
culturas temporárias. Custos e @gronegócio online. v. 7, n. 3, p. 133-158, 
2011. 
THEISS, V. et al. Práticas de divulgação dos ativos biológicos pelas companhias 
listadas na BM&FBovespa. Registro Contábil, v. 5, n. 3, p. 41-58, 2014. 
Disponível em: 
<http://www.seer.ufal.br/index.php/registrocontabil/article/view/1130>. Acesso 
em: 29 jul. 2019. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTABILIDADE DE 
AGRONEGÓCIOS 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Diones Fernandes Zanin 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Olá caros alunos, bem-vindo à disciplina de Contabilidade de 
Agronegócios. Já trabalhamos alguns conceitos iniciais e chegou o momento de 
estudarmos de forma mais profunda esse ramo da contabilidade. 
Vamos iniciar abordando sobre os ativos biológicos, desde seu 
reconhecimento e mensuração, e posteriormente, iremos compreender como a 
contabilização das culturas temporárias e permanentes irá ser alterada e 
adaptada, considerando o exposto no CPC 29 com relação aos ativos biológicos. 
Veremos a questão de perda de valor dos ativos biológicos, que pode 
ocorrer por meio da Depreciação, Exaustão ou Amortização, que conforme a 
característica do ativo biológico, irá incorrer em uma maneira diferente de 
desvalorização e apropriação contábil. 
Trabalharemos com o plano de contas a ser utilizado nas empresas que 
exploram a atividade agrícola, o qual deve ser customizado considerando as 
particularidades da atividade. 
Terminaremos nossa aula com a operacionalização do plano de contas, a 
qual possibilitará a apuração de custo por inventário, facilitando o processo de 
gestão. 
Bons Estudos! 
CONTEXTUALIZANDO 
Cada vez mais o conhecimento básico é necessário, no entanto, devemos 
como contadores permanecer buscar a evolução e aplicação das melhores 
técnicas. Com a assunção das normas internacionais, a contabilidade traz 
conceitos mais elaborados, para então aprimorar a contabilidade aplicada, e 
nesse caso, a contabilidade aplicada ao agronegócio. 
Sendo relevante estudar as formas de reconhecimento e mensuração 
adequados, facilitando o processo de contabilização e a elaboração de um plano 
de contas correto. 
Sabemos que uma contabilidade de qualidade começa com um plano de 
contas moldado a atender as necessidades da empresa, principalmente quando 
se considera a atividade rural como objeto da aplicação da contabilidade. 
 
 
 
3 
TEMA 1 – ATIVOS BIOLÓGICOS: RECONHECIMENTO E MENSURAÇÃO 
Os ativos biológicos possuem todas as características dos chamados 
ativos convencionais, claro que, guardadas as devidas particularidades, sendo 
necessário reconhecer tais ativos, e esse ato é entendido como o registro 
contábil do ativo. 
Para que possamos compreender melhor aspectos relacionados ao 
reconhecimento, vamos recorrer ao CPC 29 (2009), que traz as três condições 
para que possa ocorrer o reconhecimento dos ativos biológicos ou produto 
agrícola, que são: 
(a) controla o ativo como resultado de eventos passados; 
(b) for provável que benefícios econômicos futuros associados com o 
ativo fluirão para a entidade; e 
(c) o valor justo ou o custo do ativo puder ser mensurado 
confiavelmente. (CPC 29, 2009, p. 6) 
Como podemos ver, as plantas ou animais vivos que façam parte da 
atividade da empresa agrícola serão registrados ao atender as condições 
supracitadas. 
O controle geralmente se entende pela propriedade do bem, como 
também sua devida utilização, visando a geração de benefícios futuros. Em 
termos de mensuração, pode ser considerado o valor justo ou o custo. 
Sempre que for possível mensurar o valor justo do ativo biológico de 
maneira confiável, os mesmo deve ser reconhecido inicialmente pelo valor justo 
deduzido das possíveis despesas de venda. Ao final de cada período também 
deve ser realizada a verificação para ajustar possíveis variações do valor justo. 
Os produtos agrícolas oriundos de ativos biológicos, também serão 
mensurados a valor justo, considerando o momento adequado o início da 
colheita, visto a confiabilidade e mensuração nesse período (CPC 29, 2009). 
Falamos sobre mensurar a valor justo, caros alunos, lhes questiono: o que 
é o valor justo? 
Poderíamos pensar em inúmeros conceitos a respeito disso, ainda mais 
se pensarmos na etimologia da palavra, conceitos de justiça e afins, mas vamos 
optar por um conceito contábil básico. 
O CPC 46 é o pronunciamento responsável por tratar sobre o valor justo, 
abordando conceito, mensuração e formas de divulgação a respeito disso. 
O valor justo é tido como valor de troca em uma transação não forçada 
entre duas partes, ocorrendo em um mercado. Como as duas partes concordam 
 
 
4 
com a transação, sendo então considerada uma negociação justa (CPC 46, 
2012). 
Para a correta compreensão da aplicação do valor justo, é necessário 
observar que deve existir um mercado que opera com o bem negociado, no 
nosso caso, ativo biológico ou produto agrícola. 
Para clarificar essa situação o CPC 46 estabelece uma hierarquia, 
considerando 3 níveis de valor justo, cada um com suas particularidades quanto 
às informações disponíveis.Vamos verificar o Quadro 1 com os três níveis de 
informação relacionada ao valor justo. 
Quadro 1 – Níveis do valor justo 
 
Fonte: CPC 46, 2012, p. 15-17. 
 
Do nível 1 para o nível 3 vamos de informações mais confiáveis até um 
grau inferior de confiabilidade. 
No nível 1 o valor justo vem de uma fonte do mercado, como por exemplo 
no caso do meio rural, ter o preço da soja cotada pelo mercado. Esse mercado 
é quem determina o valor justo. 
Já o nível 2 não possui informações em mercado ativo, porém, são 
observáveis de forma direta ou indireta. Podem ser consideradas informações 
similares que constam em mercados ativos, visando assim aproximar ao máximo 
o nível 2 do nível 1. 
Por último, o nível 3 irá suprir a necessidade que não puder ser resolvida 
com os anteriores, considerando então informações não observáveis. Nesse 
nível a entidade deve buscar o máximo de dados, tendo mais subsídio para 
poder determinar o valor justo. 
Mesmo estando ciente dos diferentes níveis, ainda existem dificuldades 
para aplicar o conceito, seja por diferença de qualidade ou peso, como por outras 
 
 
5 
possibilidades. Devido a isso, pode-se agrupar os ativos biológicos considerando 
suas similaridades, possibilitando uma mensuração mais adequada e facilitada. 
Sempre será buscada a aplicação dos conceitos de valor justo para 
mensurar os ativos biológicos e produtos agrícolas, mas como já vimos, alguns 
casos podem ocorrer a mensuração pelo custo. 
Vejamos inicialmente o que o CPC 29 (2009) afirma sobre possíveis 
proximidades desses valores. 
Os custos podem, algumas vezes, aproximar-se do valor justo, 
particularmente, quando:(a) uma pequena transformação biológica 
ocorre desde o momento inicial (por exemplo, mudas plantadas no 
período imediatamente anterior ao de encerramento das 
demonstrações contábeis ou gado recém-adquirido); ou (b) não se 
espera que o impacto da transformação do ativo biológico sobre o 
preço seja material (por exemplo, para o crescimento inicial da 
plantação de pinos cujo ciclo de produção é de 30 anos). (CPC 29, 
2009, p. 8) 
Na ocorrência do reconhecimento inicial ser muito próxima do final do 
exercício, a variação será mínima, aproximando o custo do valor justo, o que é 
uma situação comum no meio rural, pois talvez algumas culturas podem ser 
plantadas ao final do exercício, devido às suas características e exigências. 
O mesmo pode ocorrer com animais, tanto pelo ciclo produtivo, como por 
aquisições. Situações com ciclos longo demais irão incorrer mudanças muito 
pequenas, não causando mudança material entre o custo e valor justo. 
Com a utilização do valor justo pode ocorrer ganhos ou perdas, os quais 
podem acontecer no reconhecimento inicial, como também ao final de cada 
período com o devido ajuste pela variação. A perda ou ganho deverá ser 
registrada no período em que ocorrer, visto sua competência. 
A perda pode ocorrer pelo fato do custo até então registrado ser superior 
ao valor justo, como também o valor justo do reconhecimento anterior ser 
superior ao da data do novo reconhecimento. Em relação ao ganho, poderá 
ocorrer pelo fato do valor justo ser superior ao valor de custo, como também o 
ajuste do valor justo decorrente do valor anterior ser inferior ao atual. 
Os ganhos e perdas podem ser comuns no meio rural, pois vários de seus 
ativos podem sofrer variação em decorrência do mercado. 
Por exemplo: uma safra recorde, ou uma safra ruim, as duas situações 
afetarão o valor de mercado do produto, afetando o processo contábil, seja por 
uma perda ou ganho. 
 
 
6 
Podem existir situações em que o valor justo não poderá ser mensurado 
de maneira confiável, e sua mensuração deverá ser feita pelo custo. Isso poderá 
ocorrer pela falta de informação do mercado ativo, ou até mesmo alguma 
impossibilidade momentânea (falta de informação ou falta de confiabilidade 
dessa informação). 
Vale ressaltar que o reconhecimento da mensuração feita pelo valor de 
custo só pode ser feito no reconhecimento inicial, posteriormente buscando 
fontes de evidência para utilização do valor justo. Os ativos biológicos que forem 
mensurados a valor justo deverão assim permanecer mensurados, até que 
ocorra sua venda. 
Como podemos ver, é muito importante conhecer o momento de se 
reconhecer um ativo, bem como compreender a forma adequada para sua 
mensuração, que conforme vimos, para os ativos biológicos e produto agrícola 
são regidos pelo CPC 29. 
O CPC 29 trata da mensuração a ser realizada pelo valor justo, que é 
definido pelo CPC 46, o que demonstra que os pronunciamentos contábeis 
sempre estarão atuando de maneira interligada. 
Saiba Mais 
Caros alunos, visando fornecer maior base conceitual relativa a 
mensuração dos ativos biológicos, recomendo a leitura e análise de um artigo: 
O impacto do valor justo na mensuração dos ativos biológicos nas empresas 
listadas na BM&F Bovespa. 
Acesse o link: <http://www.atena.org.br/revista/ojs-2.2.3-
06/index.php/UERJ/article/viewArticle/1424>. Acesso em: 30 jul. 2019. 
TEMA 2 – ATIVOS BIOLÓGICOS: CONTABILIZAÇÃO DE CULTURAS 
TEMPORÁRIAS E PERMANENTES 
Já vimos sobre como é feita a contabilização das culturas temporárias e 
permanentes, desde os aspectos iniciais do cultivo, até o fim da colheita. 
No entanto, consideramos apenas a contabilização de maneira simples, a 
qual se utiliza do custo como base de valor para os ativos biológicos e produtos 
agrícolas. 
 
 
7 
Nesse momento vamos verificar a alteração do comportamento contábil 
das contas referentes às culturas temporárias e permanentes, quando utilizamos 
o conceito de mensuração do valor justo. 
O contador deve dar a devida atenção para que a contabilidade da 
entidade rural seja efetuada da maneira mais acertada, refletindo então com 
maior confiabilidade as informações contábeis. 
Para ficar mais fácil, vamos segregar os dois tipos de cultura, abordando 
cada uma em seu próprio tópico. Já realizamos lançamentos em razonetes, e 
agora vamos trabalhar com lançamentos em forma de diário. 
2.1 Contabilização de Culturas Temporárias 
Vamos utilizar o caso da obra de Marion (2014) com algumas adaptações 
para ilustrar a contabilização utilizando o valor justo. 
Digamos que determinada empresa rural atue na produção de soja, sendo 
esses os ativos biológicos objeto da empresa, os quais são vendidos a terceiros. 
Conforme determinado pelo CPC 29, a produção de soja, que é um ativo 
biológico, deve ser mensurada pelo valor justo, descontado os valores que serão 
gastos para a realização da venda. 
Não vamos esquecer que desde o início do cultivo o ativo será mensurado 
ao seu valor de custo, e posteriormente, quando for possível mensurar 
confiavelmente a produção, utiliza-se o conceito do valor justo. 
Primeiramente todos os valores consumidos para plantio e formação da 
cultura da soja serão contabilizados da seguinte maneira: 
Fato Contábil: Plantio da Soja. 
D – Ativos Biológicos soja – AC – R$ 20,00 
C – Caixa/insumos – AC – R$ 20,00 
Assumimos como exemplo o valor de R$ 20,00, sendo utilizado desde 
insumos, mão de obra e afins. Todos os valores serão acumulados em conta do 
estoque. 
Chegado ao momento que é possível mensurar a quantidade estimada da 
produção, iremos mensurar o valor justo. O período do plantio até esse momento 
pode variar conforme a cultura, região, clima, dentre outras causas. 
A soja que está sendo utilizada como exemplo é uma commodity que 
possui mercado ativo. 
 
 
8 
A entidade utilizará os dados do mercado ativo, considerando o mercado 
futuro para mensurar ao valor justo. 
Vamos considerar que o valor justo seja de R$ 70,00, e o valor das 
despesas de venda é de R$ 7,00, que equivale a 10% do valor justo. Vamos 
então a contabilização desse ajuste. 
D – Ativos Biológicos soja – AC – R$ 43,00 
C – Variação do valor justo dos ativos biológicos – Resultado – R$ 43,00 
Podemos perceber que já é reconhecidaa receita do ativo biológico. 
Quase podemos comparar como uma antecipação de receita, no entanto sem 
que ocorra a entrada de dinheiro na entidade. 
O valor justo era de R$ 70,00, ao deduzir a despesa de venda que é de 
R$ 7,00, restando o valor de R$ 63,00, como já temos R$ 20,00 contabilizados, 
iremos realizar o lançamento apenas da diferença. 
Quando chega o momento da colheita, novamente deve ser mensurado o 
valor justo, atualizando o valor. 
Todos os valores consumidos na colheita serão contabilizados como 
gasto do período, pois o custo será baseado pelo valor justo. 
Digamos que agora o valor justo é de R$ 80,00, com despesas de venda 
no valor de R$ 8,00, o que representa 10% do valor justo, então devemos ajustar 
o valor na contabilidade. 
Primeiro é necessário transferir o saldo de ativo biológico para produto 
agrícola, uma vez que com a colheita ocorre a mudança de status. 
Mudança contábil de classificação: 
D – Produto Agrícola soja – AC – R$ 63,00 
C – Ativos Biológicos soja – AC – R$ 63,00 
 
Reconhecimento da diferença do valor justo: 
D – Produto Agrícola soja – AC – R$ 9,00 
C – Variação do valor justo dos ativos biológicos – AC – R$ 9,00 
Então reconhecemos o valor justo da soja que foi colhida e estocada, 
sendo o valor de R$ 72,00, que são os R$ 80,00 do valor de mercado, deduzidas 
as despesas de venda no valor de R$ 8,00. 
 
 
9 
Vamos verificar como seria a contabilização da venda à vista, 
considerando ainda os dados de valor justo de R$ 80,00. 
Pela Venda: 
D – Caixa/Banco – AC – R$ 80,00 
C – Receita de venda de soja – Resultado – R$ 80,00 
 
Pela despesa de venda: 
D – Despesa de venda – Resultado – R$ 8,00 
C – Frete a pagar – PC – R$ 8,00 
 
Pela baixa do estoque: 
D – Custo do produto vendido – Resultado – R$ 72,00 
C – Produto Agrícola soja – AC – R$ 72,00 
Assim, encerra-se o processo de contabilização considerando o CPC 29. 
Como a contabilização das culturas temporárias sofre alterações ao utilizarmos 
os conceitos do CPC 29, nós, contadores, devemos estar sempre atentos. 
2.2 Contabilização de Culturas Permanentes 
Agora veremos um exemplo da contabilização das culturas permanentes 
considerando o valor justo conforme estabelece o CPC 29. 
Vamos utilizar como exemplo a cultura da laranja, lembrando que estamos 
utilizando dados fictícios, visando única e exclusivamente compreender a 
contabilização. 
Os valores consumidos para a formação da cultura permanente são 
contabilizados conforme já vimos, serão agora alterados os lançamentos da 
produção para os oriundos da laranjeira. 
Hipoteticamente vamos assumir que a laranjeira teve um custo de 
formação no valor de R$ 1.000,00 e sua vida útil é de 10 anos, então, a cada 
ano, o valor de R$ 100,00 será incorporado ao custo da produção. 
No caso da cultura permanente formada, serão realizados gastos com os 
tratos culturais, que são todos os processos de cuidado da planta para que possa 
produzir de forma sadia. 
Contabilizaremos esses gastos para as laranjas que serão produzidas. 
Vamos assumir o valor de tratos culturais de R$ 700,00: 
 
 
10 
D – Ativo Biológico: laranja – ANC – R$ 700,00 
C – Caixa/insumos – AC – R$ 700,00 
Assim que for possível mensurar de maneira confiável, deve ser 
reconhecido o valor justo. 
Vamos assumir que a produção foi avaliada a preço de mercado, ou seja, 
valor justo de R$ 1.000,00, e os custos de venda são de 5% desse valor, ou seja, 
R$ 50,00. Seria assim a contabilização desse ajuste: 
D - Ativos Biológicos laranja – ANC – R$ 250,00 
C – Variação do valor justo dos ativos biológicos – Resultado - R$ 
250,00 
Assim como acontece com as culturas temporárias, nas culturas 
permanentes também se reconhece a receita nesse momento, mesmo sem que 
tenha ocorrido a venda ou recebimento de dinheiro. Então temos o valor justo de 
R$ 1.000,00, ao deduzir a despesa de venda que é de R$ 50,00, restando o valor 
de R$ 950,00. Como já temos R$ 700,00 contabilizados, iremos realizar o 
lançamento apenas da diferença. No momento da colheita novamente é 
necessário mensurar o valor justo, vamos supor que seja de R$ 980,00, com as 
despesas estimadas em 5% desse valor. 
Mudança contábil de classificação: 
D – Produto Agrícola laranja – AC – R$ 950,00 
C – Ativos Biológicos laranja – ANC – R$ 950,00 
 
Reconhecimento da diferença do valor justo: 
D – Variação do valor justo dos ativos biológicos – Resultado – R$ 19,00 
C – Produto Agrícola laranja – AC – R$ 19,00 
Então reconhecemos o valor justo da laranja que foi colhida e estocada, 
sendo o valor de R$ 931,00, que são os R$ 980,00 do valor de mercado, 
deduzidas as despesas de venda de R$ 49,00. 
Vamos verificar como seria a contabilização da venda, considerando 
ainda os dados de valor justo de R$ 980,00. 
Pela venda à vista: 
D – Caixa/Banco – AC – R$ 980,00 
 
 
11 
C – Receita de venda de laranja – Resultado – R$ 980,00 
 
Pela despesa de venda: 
D – Despesa de venda – Resultado – R$ 49,00 
C – Frete a pagar – PC – R$ 49,00 
 
Pela baixa do estoque: 
D – Custo do produto vendido – Resultado – R$ 931,00 
C – Produto Agrícola laranja – AC – R$ 931,00 
Conforme podemos ver, a contabilização irá refletir o valor justo dos ativos 
biológicos e produtos agrícolas, atendendo o exposto no CPC 29, bem como 
seguindo o apresentado pelo CPC 46 para determinar o valor justo. 
TEMA 3 – ENTENDENDO DEPRECIAÇÃO, EXAUSTÃO E AMORTIZAÇÃO DOS 
ATIVOS BIOLÓGICOS 
A contabilidade atua para gerar informação do patrimônio da entidade aos 
usuários, dessa forma existem alguns procedimentos que visam atender a esse 
objetivo. 
Quando a entidade realiza um alto desembolso em algum bem que irá ser 
usufruído por mais de um período, o valor deverá ser apropriado aos períodos 
de utilização desse bem. 
Na contabilidade os procedimentos que irão servir a esse propósito são 
conhecidos como depreciação, exaustão e amortização. 
A escolha do procedimento se dará conforme o item que consumiu o 
recurso que será apropriado aos períodos subsequentes. 
3.1 Depreciação 
O conceito de depreciação aplica-se a bens que sejam tangíveis, ou seja, 
aqueles que podem ser tocados. No meio rural, Marion (2014) traz como 
exemplo os tratores, colheitadeiras, outros implementos, culturas permanentes 
que produzam frutos, animais de produção, bem como instalações e 
construções. 
Quanto à depreciação de construções, o procedimento é semelhante à do 
meio comercial e industrial. Vamos verificar exemplos das demais depreciações. 
 
 
12 
3.1.1 Depreciação de animais de produção 
Os animais de produção, como bovinos leiteiros e reprodutores, serão 
depreciados de forma linear em função de sua vida útil. Uma matriz leiteira pode 
ter uma vida útil variável, mas vamos assumir que seja 7 anos. O valor gasto 
para aquisição ou formação desse reprodutor será apropriado durante sua vida 
útil. Vamos verificar de maneira simples quais seriam os lançamentos. 
Pela formação do reprodutor: 
D – Matriz – ANC – R$ 7.000,00 
C – Caixa/insumos/mão de obra – AC – R$ 7.000,00 
Assumindo que o gasto de formação ou aquisição da matriz foi de R$ 
7.000,00, então esse valor será apropriado aos próximos 7 anos. Vejamos o 
lançamento de apropriação. 
D – Bezerros – AC – R$ 1.000,00 
C – Depreciação Matriz – ANC – R$ 1.000,00 
Esse é o lançamento quando a propriedade atua na criação de animais, 
apropriando o valor aos bezerros. No caso de a produção ser de leite, o valor de 
R$ 1.000,00 será apropriado como custo da produção leiteria desse animal, 
semelhante a uma máquina industrial, que tem sua depreciação apropriada aos 
produtos, tendo o lançamento a seguir: 
D – Leite – AC – R$ 1.000,00 
C – Depreciação Matriz – ANC – R$ 1.000,00 
Conforme a utilização dos animais de produção, seu valor de depreciação 
será apropriado aos produtos específicos, ou animais oriundos de reprodução e 
com esse propósito. 
3.1.2 Depreciação de Culturas permanentesAs culturas permanentes que são depreciadas serão aquelas que irão 
produzir frutos, e após a extração dos mesmos, a planta continuará a produzir 
para o próximo exercício. Ocorrerá a depreciação em função da vida útil da 
cultura, tal prazo sendo fornecido por especialista da área. A título de exemplo 
 
 
13 
vamos considerar a cultura de café, bem como assumiremos a vida útil de 10 
anos. Como já vimos, todo o valor gasto para formar a cultura permanente será 
contabilizado no imobilizado, conforme a seguir: 
D – Cultura Permanente de Café – ANC – R$ 20.000,00 
C – Caixa/Salários/Mudas/Insumos – AC – R$ 20.000,00 
Conforme o exemplo, a depreciação anual será no valor de R$ 2.000,00, 
a ser contabilizado como depreciação da cultura, tendo como contrapartida o 
custo da colheita da cultura. Vamos verificar o lançamento contábil: 
D – Café CA (Colheita em Andamento) – AC – R$ 2.000,00 
C – (-) Depreciação Acumulada – ANC – R$ 2.000,00 
O lançamento para a depreciação de culturas permanentes será esse, 
lembrando que utilizamos a cultura do café como exemplo, seguindo 
procedimentos semelhantes para a laranja, uva, oliveiras, dentre outras culturas. 
Dependendo da cultura, a primeira colheita pode ter um rendimento 
inferior ao normal, para tanto a depreciação deverá ser proporcional. 
Por exemplo: considerando que o café produza normalmente em 
determinada área a quantidade de 500 sacas, como é a primeira colheita, a 
mesma será de 200 sacas, ou seja, 40%. Então, a depreciação ao invés de ser 
de R$ 2.000,00, será de R$ 800,00, seguindo a proporção para não penalizar o 
custo da primeira colheita. 
3.1.3 Depreciação de implementos e tratores 
Os implementos e tratores são equipamentos utilizados para a produção, 
podendo ser equiparados a máquinas industriais, e são depreciados em função 
da vida útil. No meio rural deve-se considerar a particularidade de cada 
implemento, por exemplo, um implemento que no período de um ano foi utilizado 
por apenas 3 meses, não é justo depreciar o equivalente a um ano. 
Visando sanar tal problema, alguns itens utilizados no meio rural podem 
ser depreciados conforme as horas de utilização. O trator é um exemplo claro, 
uma vez que o trator vem de fábrica com um medidor de horas. 
O valor da depreciação será apropriado na cultura que for utilizado o 
implemento. A título de exemplo, vamos considerar um implemento agrícola no 
 
 
14 
valor de R$ 20.000,00, que possui uma vida útil de 10 anos. Durante o ano esse 
implemento foi utilizado 50% do tempo na cultura do milho, 30% do tempo na 
cultura da soja e 20% do tempo na cultura do feijão. Temos a seguinte 
contabilização: 
D – Cultura do Milho – AC – R$ 1.000,00 
D – Cultura do Soja – AC – R$ 600,00 
D – Cultura do Feijão – AC – R$ 400,00 
C – Depreciação Implemento – ANC – R$ 2.000,00 
Assim seria a contabilização da depreciação de um implemento, agora 
vejamos como seria de um trator. Vamos assumir o valor de R$ 100.000,00 para 
o trator, e uma vida útil de 8.000 horas, então temos a depreciação por hora no 
valor de R$ 12,50 (R$ 100.000,00 / 8.000). No período foi utilizado o trator por 
100 horas, sendo 60 horas na cultura do milho, 30 horas na cultura da soja e 10 
horas na cultura do feijão. Temos a contabilização da depreciação do trator 
conforme as horas utilizadas em cada cultura: 
D – Cultura do Milho – AC – R$ 750,00 
D – Cultura do Soja – AC – R$ 375,00 
D – Cultura do Feijão – AC – R$ 125,00 
C – Depreciação Trator – ANC – R$ 1.250,00 
3.2 Exaustão 
A exaustão terá comportamento semelhante ao da depreciação, no 
entanto, irá se aplicar aos recursos vegetais e minerais que são exauríveis, ou 
seja, aqueles que com o desenvolvimento da atividade irá fazer com que o 
recurso vá terminando. Temos como exemplos as florestas e reflorestamentos, 
bem como exploração de minerais não renováveis. 
Nesses casos, as árvores são cortadas e as minas serão consumidas. 
Temos as culturas permanentes que serão cortadas para a realização da 
colheita, como árvores plantadas com objetivo de obtenção de madeira, cana de 
açúcar, pastagens, dentre outras culturas, e as explorações de minérios. 
O valor da exaustão será apropriado nos períodos de consumo da cultura 
a ser exaurida. No caso das árvores, será considerada a quantidade cortada, e 
 
 
15 
para minerais, estimado um volume de produção, e conforme for sendo extraído, 
irá ser contabilizada a exaustão. 
Vejamos um exemplo de exaustão, considerando um reflorestamento de 
uma determinada espécie de árvore, com 5.000 árvores, e custo de formação no 
valor de R$ 30.000,00. Dessa forma, a cada árvore cortada, é contabilizado 
referente a exaustão o valor de R$ 6,00 (R$ 30.000,00 / 5.000). Digamos que 
foram cortadas 200 árvores, temos então seguinte contabilização: 
D – Árvores CA – AC – R$ 1.200,00 
C – Exaustão – ANC – R$ 1.200,00 
Como podemos ver, ao realizar o corte da árvore, o valor de exaustão 
será apropriado ao estoque de árvores que estão em processo de colheita. 
Quando ocorrer o corte total das 5.000 árvores, todo esse reflorestamento terá 
sido exaurido, ou seja, terá o valor contábil zerado. 
3.3 Amortização 
Será aplicada a amortização a itens intangíveis ou investimentos pré-
operacionais. Temos como exemplos as marcas e patentes, e mais 
especificamente no meio rural, podemos observar a aplicação em gastos 
destinados à melhoria de solo, pois a empresa rural irá investir na melhoria do 
solo para que o mesmo possa ser fértil por vários períodos, sendo o valor 
apropriado durante os períodos de uso. 
Quando se inicia o cultivo em algum lugar novo, é comum a existência de 
gastos para deixar o terreno em condições ideais de cultivo. Os gastos mais 
comuns são em deslocamento, terraplanagem, nivelamento do solo etc. 
Tais gastos podem ter dois tratamentos, o primeiro seria considerar como 
valorização do terreno, então o valor seria contabilizado juntamente no valor do 
terreno. A outra possibilidade é ativar o gasto nos períodos de uso da terra. 
No caso da segunda hipótese, o valor ficará contabilizado no ativo 
intangível, em uma conta de melhoria de solo. 
A utilização de corretivos de solo também terá tratamento semelhante, 
sendo amortizados conforme o uso da terra nas culturas que serão beneficiadas. 
Vejamos um exemplo de valores gastos na melhoria do solo de R$ 30.000,00, e 
tais melhorias serão amortizadas em 5 anos. 
 
 
16 
Lançamentos dos gastos de melhoria do solo: 
D – Melhorias do Solo (Ativo Intangível) – ANC R$ 30.000,00 
C – Caixa/Bancos/Estoques – AC – R$ 30.000,00 
No primeiro ano será amortizado o valor de R$ 6.000,00 (R$ 30.000,00 / 
5 anos). O solo foi utilizado nas culturas do Soja, Milho e Feijão, as quais foram 
plantadas nesse período. 
D – Milho CTF – AC – R$ 2.000,00 
D – Soja CTF – AC – R$ 2.000,00 
D – Trigo CTF – AC – R$ 2.000,00 
C – Amortização Acumulada – ANC – R$ 6.000,00 
Vemos a apropriação da amortização conforme o uso do solo que 
consumiu recursos anteriormente, para que então, a propriedade ficasse em 
condições de produzir. 
TEMA 4 – PLANO DE CONTAS PARA ITENS DE EMPRESAS AGRÍCOLAS 
A realização da contabilidade sempre terá como base o plano de contas, 
no qual constam todas as contas contábeis que receberão os lançamentos. No 
meio rural será seguida a mesma lógica, mas claro, algumas contas são 
diferentes das de empresas urbanas. 
Cada empresa deve ter seu plano de contas moldado de acordo com as 
suas necessidades, facilitando o processo contábil. Para o meio rural vamos 
utilizar um plano de contas voltado para a atividade, no entanto, a essência da 
contabilidade permanece a mesma. 
Inicialmente, observamos diferenças quanto às contas do estoque, pois 
ao verificarmos as culturas temporárias e permanentes e todo seu processo de 
transformação, temos uma semelhança com as indústrias. 
No meio rural teremos estoques de matérias primas, produtos em 
elaboração,produtos acabados, almoxarifado e os animais. As matérias primas 
são equivalentes aos insumos de produção (sementes, adubos, defensivos, 
mudas, rações etc.). Os produtos em elaboração são aqueles que estão em 
processo, E no meio rural são chamados de culturas temporárias em andamento 
(CTF) e as colheitas em andamento (CA). 
 
 
17 
O produto acabado basicamente é um estoque mais simples, onde 
ficaram os valores respectivos dos produtos prontos para venda, que de maneira 
sintética, são a produção colhida. 
No almoxarifado ficarão contabilizados itens que não irão compor os 
produtos, mas são estocados com a finalidade de manter as atividades da 
empresa. 
Os animais da propriedade que serão mantidos com a finalidade de serem 
vendidos serão contabilizados no estoque. Há uma segregação de contas 
conforme a classificação de animais. 
Vamos verificar uma exemplificação do estoque no Quadro 2, para então 
compreender melhor essa característica no plano de contas. 
Quadro 2 – Estoque na Empresa Rural 
Fonte: Adaptado de Marion (2014). 
O Quadro 2 foi adaptado da obra de Marion (2014), exemplificando o 
plano de contas concernente ao estoque da empresa rural. Devido às 
características peculiares do meio rural, o plano de contas do imobilizado 
também terá alguns detalhes a serem tratados para facilitar o fluxo contábil da 
empresa rural. 
 
 
18 
As culturas permanentes serão contabilizadas no imobilizado, desde a 
sua formação a quando estiver apta a produção, sendo as culturas permanentes 
em formação (CPF) e culturas permanentes formadas (CP). 
Para as empresas rurais que atuam na pecuária com pastagens (caso a 
atuação seja em confinamento não será necessária pastagem), também teremos 
as pastagens em formação e formadas, bem como os animais de reprodução e 
trabalho constarão no imobilizado. 
Vejamos no Quadro 3 um exemplo do plano de contas do imobilizado de 
uma empresa rural. 
Quadro 3: Imobilizado na Empresa Rural 
 
Fonte: Adaptado de Marion (2014). 
Como podemos ver no Quadro 3, o imobilizado mantém suas 
características essenciais no plano de contas, apenas são inclusas conta 
específicas cabíveis às empresas que atuam na atividade rural. 
No restante do plano de contas para as empresas rurais, mantém-se o 
padrão contábil sem mais particularidades referentes ao meio rural, cabendo 
então aos contadores, atuar com o intuito operacionalizar tal plano para gerar 
informações contábeis úteis. 
 
 
19 
TEMA 5 – OPERACIONALIZANDO O PLANO DE CONTAS COM APURAÇÃO 
DE CUSTO DO INVENTÁRIO 
Marion (2014) trata que para se operacionalizar o plano de contas é 
necessário verificar qual será o tipo de inventário utilizado pela entidade rural. 
O inventário é realizado para compreender aquilo que existe ou não 
dentro da empresa. 
O mais comum quando se fala em inventário, é pensar sobre o estoque, 
se os saldos estão corretos, valores corretos, dentre outras variações. 
Existem dois tipos de inventário: 
1. Permanente 
2. Periódico. 
Entende-se por inventário permanente o controle de estoque que 
represente a quantidade existente a qualquer momento que for verificado. 
Significa que ao verificar a ficha de estoque, ela efetivamente irá representar a 
quantidade correta no estoque, isso acontecendo de forma permanente. Esse 
método possibilita a geração de informações em tempo real. 
Enquanto o inventário periódico é apurado ao final de cada período, não 
podendo fornecer informações em tempo real. É recomendado quando o método 
permanente for inviável. No meio rural pode ser difícil trabalhar com o inventário 
periódico, mas em alguns casos será necessário. 
Vamos verificar como seria o inventário periódico aplicado a uma empresa 
rural, lembramos, que tal situação não é a ideal. Para tanto, são necessárias 
adaptações ao plano de contas, em especial na conta Custo do Produto 
Vendido, que deverá conter os grupos conforme o Quadro 4: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
Quadro 4 – Custo do Produto Vendido 
 5.1 CUSTO DO PRODUTO VENDIDO 
 5.1.1 Estoques Iniciais 
 Insumos 
 1 Sementes 
 2 Adubos 
 3 Fertilizantes 
 4 Herbicidas 
 5 Mudas 
 6 Ativos Biológicos - Culturas Temporárias em Formação 
 7 Colheitas em Andamento 
 8 Produtos Agrícolas 
 
 5.1.2 Compras no Exercício 
 Insumos 
 1 Sementes 
 2 Adubos 
 3 Fertilizantes 
 4 Herbicidas 
 5 Mudas 
 
 5.1.3 Mão de obra 
 Salários 
 Férias 
 13º Salário 
 INSS 
 FGTS 
 Aviso Prévio 
 
 5.1.4 Outros Custos Agrícolas 
 Irrigação 
 Energia Elétrica 
 Depreciação 
 Exaustão 
 Almoxarifado 
 Aluguéis 
 
 5.1.5 Estoques Finais 
 Insumos 
 1 Sementes 
 2 Adubos 
 3 Fertilizantes 
 4 Herbicidas 
 5 Mudas 
 6 Ativos Biológicos - Culturas Temporárias em Formação 
 7 Colheitas em Andamento 
 8 Produtos Agrícolas 
Adaptado de Marion, 2014. 
Como podemos ver no Quadro 4, são criadas subcontas para possibilitar 
a correta apuração do inventário periódico, para ao final funcionar como uma 
equação de apuração do custo do produto vendido. A equação 
simplificadamente é a seguinte conforme Marion (2014): 
Estoques iniciais + Compras do Exercício + Mão de obra + Outros custos 
agrícolas - Estoques Finais 
 
 
21 
Primeiramente, todos os valores de estoques iniciais serão transportados 
para as contas que irão apurar os valores do custo do produto vendido. 
 
 Sementes de Milho Milho CTF Milho PA 
 2.000,00 1.000,00 8.000,00 
 
 
 
 
 
Após os estoques iniciais vamos verificar outros valores de custo do 
produto vendido. 
 
 Compras Mão de Obra Outros Custos 
 800,00 4.000,00 500,00 
 
 
 
 
 
Agora que já temos os saldos devedores do custo, chega o momento de 
verificar os saldos credores, ou seja, identificar o estoque final, e deduzir dos 
custos totais. 
 
 Sementes de Milho Milho CTF Milho PA 
 500,00 400,00 5.000,00 
 
 
 
 
 
Agora com todas as contas de apuração do custo do produto vendido, 
vamos junta-las e verificar o valor do custo. 
Custo do Produto Vendido 
2.000,00 500,00 
1.000,00 400,00 
8.000,00 5.000,00 
800,00 
4.000,00 
500,00 
 
16.300,00 5.900,00 
10.400,00 
 
Dessa forma, realizamos o inventário periódico apurando um custo de 
produto vendido de $ 10.400,00. Lembrando que o ideal não é trabalhar com 
esse tipo de inventário, e sim com o inventário permanente, que irá refletir em 
tempo real os custos e estoques da entidade. 
 
 
22 
TROCANDO IDEIAS 
Caros alunos, estudamos alguns conceitos novos nesta aula, e vamos 
então conversar um pouco sobre o reconhecimento e mensuração dos ativos 
biológicos. 
Digamos que vocês são responsáveis pela contabilidade de uma grande 
empresa que atua no ramo industrial e comercial, e cada vez mais vem elevando 
sua participação no mercado. 
Foi chegado o momento de crescimento em que a empresa iniciará 
atividades com reflorestamento, o corte para fabricação de celulose. 
As árvores são ativos biológicos, algo extremamente novo dentro dessa 
empresa, e sem o devido planejamento serão enfrentados graves problemas no 
processo contábil. Nessa situação é necessário moldar o processo para se 
adequar a essa nova realidade. 
Quais medidas vocês como contadores responsáveis da empresa 
tomariam para fazer com que a entidade realize a contabilização de forma 
correta? 
NA PRÁTICA 
Caros alunos, agora vamos praticar um pouco com algumas situações 
retiradas da obra de Marion (2014). Assinale a resposta correta para cada 
questão: 
1. Com relação ao inventário de estoque, pode-se dizer que: 
a. O melhor método da atividade agrícola é o inventário permanente; 
b. Adotando o inventário periódico, torna-se

Continue navegando