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CONTABILIDADE DE AGRONEGÓCIOS AULA 1 Prof. Diones Fernandes Zanin 2 CONVERSA INICIAL Vamos aprender mais sobre o funcionamento e aplicação da contabilidade ao agronegócio, lembrando sempre que que o Brasil possui participação significativa nesse ramo econômico. Nesta aula, serão abordados alguns aspectos conceituais relativos à contabilidade rural, para melhor situá-los nesse ramo contábil. Na sequência, trataremos sobre algumas questões relacionadas à maneira de se determinar o exercício social na atividade rural. Com base em conhecimentos prévios abordados, chega o momento de tratar a ligação entre a contabilidade rural e o CPC 29, que trata dos ativos biológicos, parte integrante desse ramo contábil. Encerraremos esta aula tratando da aplicação da contabilidade rural com foco na atividade agrícola, a qual se divide em culturas temporárias e culturas permanentes. Então, vamos entrar nesse mundo da contabilidade aplicada ao agronegócio! CONTEXTUALIZANDO A contabilidade possui aplicabilidade nas mais diversas atividades econômicas, cabendo aos profissionais buscarem o conhecimento necessário para essas áreas diferenciadas. Essa diversidade de aplicação da contabilidade chega até o agronegócio, atividade que possui algumas particularidades, no entanto segue a mesma lógica contábil dos demais ramos contábeis. Considerando o cenário brasileiro, que apresenta significativa participação do agronegócio nas demais atividades, seja fornecendo matérias-primas, gerando empregos, seja gerando de renda, devendo aplicar a contabilidade para que seja possível melhorar a forma de gerir os negócios. TEMA 1 – ASPECTOS CONCEITUAIS DA CONTABILIDADE RURAL – AGRÍCOLA, ZOOTÉCNICA E AGROINDUSTRIAL A contabilidade como ciência surgiu com a responsabilidade de gerir o patrimônio das entidades, nas quais existem os mais variados ramos de atuação econômica, cabendo a ela se moldar, visando atender às necessidades que surjam, sempre seguindo os preceitos básicos que originaram essa ciência. Surge então a necessidade de aplicar a contabilidade ao meio rural, pois verifica-se que as atividades econômicas desenvolvidas nesse ambiente 3 também necessitam da devida contabilização, apuração de resultados, bem como uma gestão do patrimônio. Cada propriedade rural é considerada uma entidade contábil, cabendo a aplicação dos devidos preceitos contábeis, buscando uma gestão com maior subsidio informacional. Marion (2014) trata a entidade rural ou propriedade rural, como uma empresa rural, pois relata que são realizadas atividades de cunho econômico com o objetivo de obtenção de renda, seja uma empresa rural familiar, seja patronal. Seguindo o conceito de Marion (2014), podemos perceber que, de certa maneira, uma propriedade rural pode se equiparar a uma empresa, uma vez que existe a produção de algo e que se objetiva realizar a venda e a obtenção de lucro, semelhante a uma entidade comercial ou industrial. São necessários três fatores de produção para que seja possível atuar na atividade rural: terra, capital e trabalho (Marion, 2014). Sem esses recursos, a atividade rural não terá condições de ser desenvolvida, visto a criticidade de se explorar a terra. Dentre os fatores de produção citados, o mais significativo é a terra, uma vez que sem ela não é possível existir produção. Para produzir, são aplicados o trabalho e o capital, visando ao alcance de renda significativo. Tanto o tamanho, quanto a qualidade da terra terão influência na produção, cabendo ao produtor atuar para salvaguardar a capacidade produtiva desse ativo. O segundo fator de produção é o capital, representado por todos os equipamentos, benfeitorias, animais e insumos, que são aplicados na terra visando facilitar a produção. Em alguns casos, o capital terá importância semelhante à da terra, pois, conforme for a condição da terra, apenas o capital irá fazer com que se torne produtiva. Por meio do trabalho, que ocorre para atuar com sinergia, reunindo a terra e o capital, será aplicado o capital na exploração da terra, sendo o trabalho uma espécie de “cereja do bolo” para que seja possível o bom andamento da produção rural. A empresa rural, ao utilizar seus fatores de produção, irá buscar o máximo de desempenho de sua propriedade. Dentre as formas de realizar sua atividade, Marion (2014) expõe três maneiras diferentes de atuar no meio rural: a. Atividade agrícola; b. Atividade zootécnica; 4 c. Atividade agroindustrial. Vale ressaltar que não necessariamente o produtor rural atuará em apenas uma das atividades, podendo mesclá-las em busca de rendimentos melhores. A contabilidade rural se aplicará em todas as atividades, fornecendo informações de custos, apuração de resultados bem como dando condições mais favoráveis à gestão. A atividade agrícola é considerada a exploração da terra para o cultivo de plantas, sejam elas hortaliças, forrageiras, cereais, árvores frutíferas, como também árvores destinadas à produção de madeira. A contabilidade de sub- ramo rural irá atuar desde o cultivo a momentos de colheita e posterior venda. Compreende-se a atividade zootécnica como a exploração da atividade rural por meio da criação de animais, por exemplo, bovinos, suínos, aves, abelhas, caprino, dentre outros. A atuação contábil se dará tanto para os animais destinados a corte quanto para aqueles destinados à produção, podendo então atuar de forma análoga, uma vez que animais destinados ao corte podem ser considerados como produtos em transformação de uma indústria. Como animais de produção, podem ser considerados como se fossem máquinas, pois são alimentados e cuidados para gerarem algum produto de forma contínua. Caracteriza-se a atividade agroindustrial aquela que, conforme Marion (2014), é capaz de combinar a seguintes características: Não alterar a composição e as características do produto in natura; Ser feita pelo próprio produtor rural, com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais; Utilizar exclusivamente matéria-prima produzida na unidade rural explorada. Dessa maneira, se o beneficiamento dos produtos não cumprir os requisitos apresentados, não se enquadrará como agroindustrial, e sim como industrial. No entanto a maneira de praticar a contabilidade se assemelha na indústria e na agroindústria. Percebemos como a contabilidade, especificamente a rural, possui um campo de atuação bem fértil para estudos e aplicação dos preceitos contábeis, com os quais estamos ficando cada vez mais hábeis no decorrer da graduação. 5 TEMA 2 – FORMA JURÍDICA DA ATIVIDADE RURAL – ANO AGRÍCOLA VERSUS EXERCÍCIO SOCIAL No meio rural, existem várias particularidades. Neste momento, trataremos um pouco sobre a forma jurídica de desenvolver a atividade, como também sobre o conflito entre o ano agrícola e o exercício social. 2.1 Forma de explorar atividade rural Oliveira (2010) lembra que, no meio rural, existem duas formas de explorar a atividade (como pessoa física ou como pessoa jurídica), mas existe a predominância no Brasil da atuação como pessoa física. Pode-se dizer que uma das causas para haver o predomínio de explorações por pessoas físicas seja o fato de ser menos oneroso desempenhar a atividade rural dessa maneira. Tanto os aspectos produtivos quanto de gestão ficam a cargo da família dona da propriedade, sendo talvez esse outro motivador da atuação como pessoa física, uma vez que os controles não são tão apurados, diferentemente se fosse uma gestão profissional. Por exemplo, para o produtor rural pessoa física que obtiver rendimentos de até R$ 56.000,00, é dispensada a elaboração de livro-caixa, ao passo que aqueles que ultrapassarem esse valor necessitam manter livro-caixa com seus respectivos documentos comprobatórios. O produtorrural pessoa jurídica deverá realizar toda a escrituração contábil, seguindo os mesmos moldes de uma empresa do ramo comercial ou industrial. Além da diferença quanto à documentação, também haverá diferença na gestão e controle da entidade, sendo uma gestão não familiar, e sim profissional, pois isso se faz necessário quando se atua de maneira empresarial. 2.2 Ano agrícola versus exercício social No ramo contábil, é muito comum se falar em ano fiscal, que é o período de 1 de janeiro até 31 de dezembro. Na maioria das empresas, o período fiscal também é considerado o exercício social. Isso facilita bastante todos os processos, pois essas atividades não sofrem a interferência de estações climáticas, como ocorre no meio rural de forma mais significativa. 6 Para o meio rural, o exercício social deverá ser baseado no ano agrícola. Mas, afinal, o que é o ano agrícola? É o período de 12 meses que inicia o cultivo até a colheita da principal cultura em termos de rendimentos da propriedade, ou no caso de a pecuária ser a principal atividade, conforme seu ciclo produtivo para determinar o ano agrícola. Caso a propriedade tenha como sua principal fonte de renda a cultura da soja, que possui plantio em setembro, e colheita prevista entre janeiro e maio, a entidade deverá trabalhar com esse período como ano agrícola no caso do exercício social. Caso fosse o milho a cultura principal, o plantio seria em agosto, com colheita prevista entre dezembro e junho, determinando assim o ano agrícola. Essas variações decorrem dos momentos adequados para plantio, conforme o clima, bem como período de maturação das culturas para a colheita. Em propriedades com predominância de atividades pecuárias, pode acontecer de o ano agrícola e o fiscal coincidirem, pois a pecuária costuma ter um ciclo operacional de receitas mensais, seja pela venda de animais, seja pela venda da produção desses animais. Considera-se sempre a atividade com maior rendimento para determinar qual será o ano agrícola da propriedade. Mesmo em casos de existirem várias culturas na mesma propriedade, sempre deverá haver o discernimento necessário para verificar qual será a de maior rendimento. TEMA 3 – CONTABILIDADE RURAL E O PRONUNCIAMENTO CPC 29 – ATIVOS BIOLÓGICOS Com o passar do tempo, a contabilidade rural, que não tinha tanta atenção, passou a ter maior representatividade, principalmente pelo fato de alguns normativos contábeis tratarem de situações mais comuns para as entidades que desenvolvem atividades rurais. O Pronunciamento CPC 29 – Ativos Biológicos surge para reger situações que envolvem esse tipo de ativos, que são comuns nas atividades rurais, o que explica a influência desse Pronunciamento no meio rural. Isso se justifica também ao verificar o seu objetivo: O objetivo deste Pronunciamento é estabelecer o tratamento contábil, e as respectivas divulgações, relacionados aos ativos biológicos e aos produtos agrícolas (CPC, 2009, p. 2). 7 No tocante aos produtos agrícolas, fica estabelecida de forma fácil a ligação da atividade rural com esse pronunciamento, sendo abordado todo o tratamento contábil e a maneira de divulgação. No entanto, ao falar em ativos biológicos, faz-se necessário recorrer ao conceito estabelecido pelo próprio CPC 29 (CPC, 2009, p. 4): “Ativo biológico é um animal e/ou uma planta, vivos.” Percebe-se que tanto os animais quanto as plantas são objeto de patrimônio da entidade que atua na atividade rural, que posteriormente poderão dar origem a produtos agrícolas, todos abrangidos por esse pronunciamento. Vale ressaltar que também está ao alcance deste as subvenções governamentais, que estão relacionadas à atividade da empresa rural. Salienta-se que nem todas as plantas são abrangidas pelo CPC 29, sendo a exceção as plantas portadoras, as quais têm a função de produção de frutos, sendo cultivadas para produzir por mais de um período; São exemplos de plantas portadoras as laranjeiras, pessegueiros, dentre outras plantas frutíferas. Visando melhor ilustrar o que são ativos biológicos e produtos agrícolas, o CPC 29 traz um exemplo, conforme o Quadro 1. Quadro 1 – Ativos biológicos e produto agrícola Ativos biológicos Produto agrícola Produtos resultantes do processamento após a colheita Carneiros Lã Fio, tapete Plantação de árvores para madeira Árvore cortada Tora, madeira serrada Gado de leite Leite Queijo Porcos Carcaça Salsicha, presunto Plantação de algodão Algodão colhido Fio de algodão, roupa Cana de açúcar Cana colhida Açúcar Plantação de fumo Folha colhida Fumo curado Arbusto de chá Folha colhida Chá Videira Uva colhida Vinho Árvore frutífera Fruta colhida Fruta processada Palmeira de dendê Fruta colhida Óleo de palma Seringueira Látex colhido Produto da borracha Fonte: CPC, 2009, p. 3, Conforme o exposto no Quadro 1, fica claro como a atividade rural e sua contabilização se relacionam com o CPC 29, visto que necessitaram dos seus ativos biológicos para que seja possível realizar a produção, chegando ao produto agrícola. Assim, a primeira e a segunda coluna são tratadas pelo CPC 29, por serem ativos biológicos e produtos agrícolas, com exceção das plantas 8 portadoras, como já abordado. Por outro lado, a terceira coluna apresenta produtos acabados, que são tratados pelo CPC 16 – Estoques. Além de tratar dos produtos oriundos das atividades rurais, o CPC 29 também relata que o tratamento contábil é mensurar os ativos biológicos a valor justo (CPC, 2009). De maneira bem simples, considera-se o valor justo o valor de troca de uma mercadoria em uma transação não forçada. Esse valor justo, em alguns casos, pode ser determinado pelo mercado. Uma das funções da utilização do valor justo é a de determinar o valor do produto no lugar da utilização do custo. Isso ocorre porque, dependendo dos controles, pode ser difícil se estabelecer o custo dos ativos biológicos, bem como o custo talvez não represente efetivamente o valor dos produtos. Dessa maneira, podemos dizer que a contabilidade ultrapassa a barreira de apurar exclusivamente o custo, trabalhando com o valor, o que constitui um passo a mais para a evolução da contabilidade. Tal evolução fica evidente ao verificar a aplicação desse normativo por empresas que exploram a atividade rural e são participantes da B3, sendo esta o máximo de aplicação do CPC 29. Entretanto esse máximo ainda deixa a desejar, pois nas divulgações ainda existem pontos falhos quanto à evidenciação das informações, que poderiam ser mais claras e detalhadas. As entidades participantes da B3 acabam se preocupando em divulgar os itens obrigatórios, que acabam sendo mínimos, no entanto poderiam apresentar mais informações. Já as propriedades rurais de pessoas físicas talvez até desconheçam a existência de tais normativos, que facilitariam sua gestão, cabendo a nós, contadores, levar inicialmente a aplicação da contabilidade rural às propriedades, e posteriormente evoluirmos para a aplicação dessas novas normas. Observamos, portanto, que a contabilidade rural possui uma ligação clara com o CPC 29, e posteriormente veremos de forma mais detalhada sobre a maneira contabilizar de acordo com o esse pronunciamento. Saiba mais Visando apresentar a aplicação do CPC 29 nas empresas da B3, que se chamava BMF&Bovespa, recomendamos a leitura e análise de dois artigos, um do ano de 2010, e outro do ano de 2014, ambos com temas semelhantes. Esses 9 textos, além de agregarem um conhecimento, também fornecerão a possibilidade de comparar dois períodos de verificação. 1. CARMO, C. R. S. et al. Pronunciamento técnico CPC:29: um estudo sobre sua aplicação em empresas de capital aberto do setor sucroalcooleiro listadas na BMF&Bovespa no ano de 2010. Cadernos da Fucamp, v. 10, n. 13, 2011. Disponível em: <http://www.fucamp.edu.br/editora/index.php/cadernos/article/view/6>.Acesso em: 29 jul. 2019. 2. THEISS, V. et al. Práticas de divulgação dos ativos biológicos pelas companhias listadas na BM&FBovespa. Registro Contábil, v. 5, n. 3, p. 41-58, 2014. Disponível em: <http://www.seer.ufal.br/index.php/registrocontabil/article/view/1130>. Acesso em: 29 jul. 2019. TEMA 4 – ATIVIDADE AGRÍCOLA – CULTURAS TEMPORÁRIAS Entende-se como atividade agrícola o cultivo do solo para a produção, tendo uma divisão nos tipos de culturas a serem cultivadas (as temporárias e as permanentes). As culturas temporárias são aquelas que, a cada período de produção, necessitam ser replantadas, já que, após a colheita, a planta morre, seja pelo seu corte, seja por ser arrancada totalmente da terra. Temos como exemplos de culturas temporárias o milho, trigo, feijão, arroz, cebola, alface, dentre outros. Cada um dos produtos possui seu próprio período de cultivo, alguns com períodos mais longos entre o plantio e colheita, e outros com períodos mais curtos. No entanto, mesmo com as particularidades de cada cultura, o processo contábil é semelhante, sendo acumulados os valores dos custos de produção no estoque. Os custos a serem consumidos pelas culturas temporárias serão compostos por alguns elementos de custos. Essa apuração só será possível caso a entidade possua o devido controle de tais informações. O Quadro 2 apresenta alguns elementos de custos com uma subdivisão. 10 Quadro 2 – Elementos de custos Insumos Mão de obra Gastos não desembolsáveis Outros custos Sementes; Mudas; Adubos; Pesticidas; Herbicidas. Salários; Horas extras; Férias; 13º salário; INSS; FGTS. Depreciação; Exaustão; Amortização. Energia elétrica; Alugueis; Água; Combustível. Fonte: Elaborado pelo autor. Conforme exposto no Quadro 2, na primeira coluna que demonstra os insumos, estão todos os itens utilizados para o início do cultivo e manutenção das plantas, até o momento em que possa ser iniciada a colheita. Em relação à mão de obra apresentada na segunda coluna, contemplam-se todos os gastos com pessoal que atua nos processos produtivos, desde o cultivo até os tratos culturais e a colheita. A terceira coluna se destina a todos os valores oriundos da depreciação de equipamentos, amortização de gastos anteriores e valor de exaustão de algum recurso natural, que são gastos não desembolsáveis, ou seja, não fazem com que sejam desembolsados valores no exercício, realizando apenas apropriação de valores. Na última coluna, constam exemplos de outros custos que podem ser utilizados, como a energia elétrica e o aluguel, que também fazem parte do processo de produção Todos esses custos serão acumulados no estoque, no entanto, visando uma classificação adequada, as culturas temporárias terão uma divisão em três categorias: Cultura temporária em formação (nome da cultura); Colheita em andamento (nome da cultura); Produto agrícola (nome da cultura). Cada categoria irá acumular custos em um determinado estágio da produção. A cultura temporária em formação irá acumular os custos desde o plantio até o momento em que esteja pronto para colheita, ou seja, todos os gastos com insumos, mão de obra, depreciação e demais outros custos para plantio e formação da cultura serão estocados nessa conta. 11 Quando a cultura estiver pronta para iniciar a colheita, o saldo da conta de cultura temporária em formação será transferido para a conta contábil da colheita em andamento, que, além de herdar os custos já acumulados pela formação da cultura, irá também agregar os valores consumidos para a realização da colheita, como depreciação, salários, combustível, dentre outros gastos. Após o término da colheita, o saldo da conta de colheita em andamento será transferido para a conta contábil de produto agrícola, chegando assim a um estoque que posteriormente será vendido pela entidade rural, visando então obter lucro. É comum a existência desses gastos, pois no meio rural o preço de venda dos produtos é ditado pelo mercado. Assim, em muitos casos, compensa manter o produto agrícola estocado até que o preço seja o mais favorável possível. Na sequência vamos observar exemplos de lançamento contábeis das culturas temporárias, para que assim seja mais fácil compreender a forma de contabilizar. Algumas legendas serão utilizadas para facilitar: CTF – Cultura temporária em formação CA – Colheita em andamento PA – Produto agrícola Quadro 3 – Lançamentos das culturas temporárias Pela formação da planta (gastos desde o preparo do solo até o início da colheita) D – Nome da cultura CTF (Ativo Circulante – Estoques) C – Caixa ou bancos (Ativo Circulante – Disponível) ou Insumos ou materiais (Ativo Circulante – Estoques) ou Contas a pagar ou Fornecedores (Passivo Circulante – Obrigações) ________________________________________ Pelo Início da colheita (Transfere os saldos da cultura temporária para a colheita em andamento) D – Nome da cultura CA (Ativo Circulante – Estoques) C – Nome da cultura CTF (Ativo Circulante – Estoques) ________________________________________ Durante a colheita (gastos até a colheita total) D – Nome da cultura CA (Ativo Circulante – Estoques) C – Caixa ou bancos (Ativo Circulante – Disponível) ou Insumos ou materiais (Ativo Circulante – Estoques) ou Contas a pagar ou Fornecedores (Passivo Circulante – Obrigações) 12 ________________________________________ Pelo término da colheita (transfere os saldos da Colheita para Produtos Agrícolas) D – Nome do produto PA (Ativo Circulante – Estoques) C – Nome da cultura CA (Ativo Circulante – Estoques) ______________c_________________________ Durante o armazenamento (gastos com armazenagem) D – Nome do produto PA (Ativo Circulante – Estoques) C – Caixa ou bancos (Ativo Circulante – Disponível) ou Insumos ou materiais (Ativo Circulante – Estoques) ou Contas a pagar ou Fornecedores (Passivo Circulante – Obrigações) ________________________________________ Pela venda dos produtos (1º Reconhecer a receita) D – Caixa ou bancos (Ativo Circulante – Disponível) ou Cheques a receber ou Contas a receber (Ativo Circulante – Direitos) C – Venda de nome do produto (Resultado – Receitas) (2º Reconhecer o custo do produto) D – Custo do nome do produto vendido (Resultado - CPV) C – Nome do produto PA (Ativo Circulante – Estoques) ________________________________________ Pelas Despesas de Vendas, Administrativas ou Financeiras da Propriedade D – Despesa com nome da despesa (Resultado –Despesas) C – Caixa ou bancos (Ativo Circulante – Disponível) ou Contas a pagar ou Fornecedores (Passivo Circulante – Obrigações) Fonte: Elaborado pelo autor. Seguindo o exposto no Quadro 3, temos exemplificações da contabilização das culturas temporárias, sendo aplicável a propriedades rurais exploradas por pessoas físicas e por pessoas jurídicas. Salienta-se a importância de manter o devido registro de qual cultura se trata para que contabilmente seja facilitada a identificação dos valores de cada uma. Pode-se perceber que, ao aplicar os preceitos contábeis das culturas temporárias no cotidiano das propriedades, isso fará com que haja geração de informações contábeis para o produtor. 13 Saiba mais Para que seja possível compreender melhor como as culturas temporárias são trabalhadas quanto aos seus custos, recomendo a leitura de dois artigos que tratam sobre custos nas culturas temporárias. HOFER, E. et al. Gestão de custos aplicada ao agronegócio: culturas temporárias. Contabilidade Vista & Revista, v. 17, n. 1, jan.- mar. 2006. Disponível em: <https://revistas.face.ufmg.br/index.php/contabilidadevistaerevista/article/view/2 90>. Acesso em; 29 jul. 2019. SAMPAIO, A. L. M.; AKAHOSHI, W. B.; LIMA, E. M. Avaliação da aplicação do métodode custeio baseado em atividades (ABC) na produção agrícola de grãos: culturas temporárias. Custos e @gronegócios online, v. 7, n. 3, set.-dez. 2011. Disponível em: <http://custoseagronegocioonline.com.br/numero3v7/custos%20abc.pdf>. Acesso em: 29 jul. 2019. TEMA 5 – ATIVIDADE AGRÍCOLA – CULTURAS PERMANENTES Enquanto as culturas temporárias necessitam de replantio após a colheita, as culturas permanentes não precisam ser replantadas, fazendo com que a produção dure mais de um ciclo. Os elementos de custos são os mesmos que constam no Quadro 2. São exemplos de culturas permanentes a cafeicultura, fruticultura, reflorestamento, dentre outras que produzam mais de um período. Nas culturas temporárias, os custos são acumulados no estoque, ao passo que para as culturas permanentes todos os valores para a formação da cultura serão alocados no ativo imobilizado (Crepaldi, 2012). Ao iniciar uma cultura permanente, todos os valores consumidos para isso serão contabilizados no imobilizado na conta cultura permanente em formação, especificando o nome da cultura em questão. Essa conta contábil possui característica semelhante à da cultura temporária em formação, a não ser pelo fato da mudança de classificação contábil. Depois que a cultura permanente está pronta para a primeira colheita, considera-se que não está mais em formação, e sim formada, alterando a classificação contábil, de cultura permanente em formação para cultura permanente formada, mantendo-a no ativo imobilizado. 14 No momento em que a planta estiver apta para a produção, todos os valores consumidos visando à obtenção do fruto serão contabilizados na conta de colheita em andamento, que fica no estoque. Todos os custos necessários para a colheita e sua preparação serão acumulados nessa conta, por exemplo a poda, a capina, os herbicidas, o desbrote, dentre outros. A cultura permanente terá seu gasto de formação a ser apropriado aos períodos produtivos. O período produtivo será determinado por técnico da área e, baseado nesse prazo, a cultura permanente será exaurida. Na hipótese de alguns custos de tratos culturais prolongarem a vida produtiva da cultura, esses valores deverão ser imobilizados para não penalizarem a safra de um único período (Marion, 2014). Com o termino da colheita, o valor acumulado na conta colheita em andamento será transferido para a conta produto agrícola, permanecendo no estoque, com outra classificação, é claro. Após a venda, o estoque será baixado, transferindo-se para o custo do produto vendido no resultado. Analogamente, as culturas permanentes funcionam como máquinas ou equipamentos industriais, pois são utilizados alguns recursos para que esses ativos possam produzir, e perduram assim por mais de um período. Na sequência, vamos observar alguns exemplos de lançamentos contábeis das culturas permanentes para que assim seja mais fácil compreender a forma de contabilizar. Algumas legendas serão utilizadas para facilitar: CPF – Cultura Permanente em Formação CP – Cultura Permanente Formada CA – Colheita em Andamento PA – Produto Agrícola Quadro 4 – Lançamentos das culturas permanentes Pela formação da planta (gastos desde o preparo do solo até a primeira colheita) D – Nome da cultura CPF (Ativo Não Circulante – Imobilizado) C – Caixa ou bancos (Ativo Circulante – Disponível) ou insumos ou materiais (Ativo Circulante – Estoques) ou Contas a pagar ou Fornecedores (Passivo Circulante – Obrigações) ________________________________________ Com a produção pronta para a colheita (transfere os saldos da Cultura Permanente em Formação para Cultura Permanente Formada – somente na 1ª colheita). D – Nome da cultura CP (Ativo Não Circulante – Imobilizado) C – Nome da cultura CPF (Ativo Não Circulante – Imobilizado) 15 ________________________________________ Durante a formação do produto até a colheita (todos os gastos com tratos culturais para formar o produto) D – Nome da cultura CA (Ativo Circulante – Estoques) C – Caixa ou bancos (Ativo Circulante – Disponível) ou insumos ou materiais (Ativo Circulante – Estoques) ou depreciação (Ativo Permanente – Imobilizado) ou Contas a pagar ou Fornecedores (Passivo Circulante – Obrigações) ________________________________________ Pelo término da colheita (transfere os saldos da Colheita para Produtos Agrícolas) D – Nome do produto PA (Ativo Circulante – Estoques) C – Nome da cultura CA (Ativo Circulante – Estoques) ________________________________________ Durante o armazenamento (gastos com armazenagem) D – Nome do produto PA (Ativo Circulante – Estoques) C – Caixa ou Bancos (Ativo Circulante – Disponível) ou Insumos ou materiais (Ativo Circulante – Estoques) ou Contas a pagar ou Fornecedores (Passivo Circulante – Obrigações) ________________________________________ Pela Venda dos Produtos (1º - Reconhecer a receita) D – Caixa ou bancos (Ativo Circulante – Disponível) ou Cheques a Receber ou Contas a Receber (Ativo Circulante – Direitos) C – Venda de nome do produto (Resultado – Receitas) (2º Reconhecer o custo do produto) D – Custo do nome do produto vendido (Resultado - CPV) C – Nome do produto PA (Ativo Circulante – Estoques) ________________________________________ Pelas Despesas de Vendas, Administrativas ou Financeiras da Propriedade D – Despesa com nome da despesa (Resultado –Despesas) C – Caixa ou bancos (Ativo Circulante – Disponível) ou Contas a pagar ou Fornecedores (Passivo Circulante – Obrigações) Fonte: Elaborado pelo autor. O Quadro 4 nos apresenta os lançamentos contábeis referente às culturas permanentes, desde sua formação até a colheita, como também a venda. Todo o processo contábil dessas culturas irá fornecer informações de custos, que ajudarão no acompanhamento da atividade, uma vez que a cada período poderão ter custos superiores ou inferiores. A oscilação dos custos pode ter relação com alterações climáticas, pragas, dentre outras causas, culminando em alterações de custos, como também evidenciando o desempenho da cultura com o passar do tempo. 16 As propriedades rurais poderão atuar simultaneamente com culturas temporárias e permanentes, visando mesclar sua produção, consequentemente variando também suas fontes de receitas. TROCANDO IDEIAS Imagine que daqui a alguns anos você possua um escritório contábil, que conte com uma boa carteira de clientes, no entanto esta pode ser composta exclusivamente por empresas industriais e comerciais. Em um determinado momento, um empresário rural chegou ao eu escritório, buscando seus serviços contábeis, já que seu atual contador lhe deixa insatisfeito com os serviços prestados, além de ter recebido boas referências de alguns de seus clientes. Percebe-se uma oportunidade interessante de um novo cliente. Considerando que, dentre todos seus clientes, nenhum é semelhante a esse empresário rural, quais serão os primeiros procedimentos a serem realizados para que seja possível que seu escritório atenda esse cliente de maneira satisfatória? NA PRÁTICA Agora vamos praticar um pouco com algumas situações, inicialmente com questões teóricas, e depois lançamentos contábeis. 1. Assinale a alternativa correta para cada questão: a. Para efeitos contábeis, devem ser considerados alguns tipos de culturas existentes, tais como: ( ) Culturas em erradicação; ( ) Culturas temporárias e flutuantes; (X) Culturas permanentes e temporárias; ( ) Culturas flutuantes e de erradicação. b. Marque “V” para verdadeiro e “F” para falso para as questões a seguir: (F) Cultura permanente tem um período de vida longo, o que permite sua colheita somente ao completar um ano; (F) Por ser uma cultura permanente e proporcionar sua colheita ao completar um ano, após requerendo o seu replantio, é exemplo típico de: arroz, milho e feijão etc.; 17 (V) As culturatemporárias necessitam de replantio; (V) As culturas permanentes perduram por mais de um período, não necessitando de replantio; c. No momento da colheita ou produção, como se classifica o produto da cultura permanente? ( ) Imobilizações em curso; ( ) Investimentos; (X) Estoque em andamento; ( ) Diferido. d. Qual alternativa a seguir contempla apenas culturas temporárias? ( ) Milho, arroz, batata, tomate e uva; (X) Tomate, mandioca, batata, milho e arroz; ( ) Arroz, milho, batata, mandioca e maçã; ( ) Batata, tomate, milho, arroz e pera. e. As culturas permanentes formadas são contabilizadas em que grupo de contas? ( ) Ativo Circulante; ( ) Estoques; ( ) Investimentos; (X) Imobilizados. 2. Efetue os lançamentos do período agrícola até 31/03/2012 a seguir em forma de razonetes. Os seguintes valores constam no seu Balanço em 31/03/2011: Quadro 5 – Exemplo de lançamentos (1) ATIVO PASSIVO Circulante 102.000,00 Circulante 50.000,00 Disponível 50.000,00 Obrigações com Fornecedores 50.000,00 Caixa 50.000,00 Fornecedores 50.000,00 Estoques 52.000,00 Feijão – PA Soja - CA Adubos 20.000,00 12.000,00 10.000,00 Combustíveis 10.000,00 Patrimônio Líquido 182.000,00 18 Não Circulante 130.000,00 Capital Subscrito 150.000,00 Imobilizado 130.000,00 Capital Social Integralizado 150.000,00 Terras 70.000,00 Reservas de lucros 32.000,00 Tratores 50.000,00 Lucros Acumulados 32.000,00 Arados Semeadoras 5.000,00 5.000,00 ATIVO 232.000,00 PASSIVO 232.000,00 Fonte: Elaborado pelo autor. a. Consumidos R$ 2.000,00 do estoque de combustível no preparo do solo para o plantio do milho; b. Pago à vista gasto com aluguel colheitadeira de R$ 3.000,00 na colheita da soja; b. Compra a prazo de R$ 20.000,00 de semente de milho; c. Venda de 70% do estoque de feijão por R$ 18.000,00 a vista, o restante será utilizado como semente para o próximo plantio; d. Pago frete à vista para entrega do feijão ao comprador R$ 500,00; e. Compra à vista de R$ 3.000,00 em inseticidas; f. Consumo de R$ 3.000,00 do estoque de adubo para a cultura do milho; g. Plantio do milho, utilização de toda a semente estocada; h. Aplicados R$ 2.000,00 de inseticidas na cultura do milho; i. Depreciação do trator e maquinários no período R$ 5.000,00 (60% cultura do milho e 40% Soja); j. Pago salario período R$ 24.000,00 (50% cultura do milho, 30% soja e 20% administração); k. Término da colheita da soja; l. Venda de toda safra de soja por R$ 25.000,00 à vista; m. Gastos com energia elétrica R$ 50,00 pago à vista; n. Gastos com telefone R$ 100,00 pago à vista; o. Pagamentos com fornecedores R$ 25.000,00 em dinheiro; p. Início da colheita do milho; q. Consumidos R$ 3.000,00 do estoque de combustível na colheita do milho; r. Pago aluguel de colheitadeira R$ 1.000,00 na colheita do milho; s. Termino da colheita do milho; t. Venda de todo o estoque de milho por R$ 50.000,00 a prazo para a própria cerealista. 19 Agora, vejamos como ficariam os lançamentos. Para melhor ilustrar, cada lançamento terá a letra respectiva ao lado, sendo que os saldos iniciais e finais não terão marcação. Quadro 6 – Exemplo de lançamentos (2) Caixa Feijão - PA Soja CA 50.000,00 3.000,00 b 20.000,00 14.000,00 d 12.000,00 24.200,00 l d 18.000,00 500,00 e 6.000,00 b 3.000,00 m 25.000,00 3.000,00 f j 2.000,00 24.000,00 k k 7.200,00 50,00 n 100,00 o 25.000,00 p 20.000,00 20.000,00 24.200,00 24.200,00 1.000,00 s - - - - Milho - CTF Sementes Milho a 2.000,00 42.000,00 q c 20.000,00 20.000,00 h g 3.000,00 h 20.000,00 i 2.000,00 j 3.000,00 k 12.000,00 93.000,00 56.650,00 42.000,00 42.000,00 20.000,00 20.000,00 36.350,00 - - - - - Sementes de Feijão Inseticidas Adubos 6.0000,00 f 3.000,00 2.000,00 i 10.000,00 3.000,00 g 6.000,00 3.000,00 2.000,00 10.000,00 3.000,00 6.000,00 - 1.000,00 7.000,00 - Terras Arados Combustíveis 70.000,00 5.000,00 10.000,00 2.000,00 a 3.000,00 r 70.000,00 - 5.000,00 - 10.000,00 5.000,00 70.000,00 - 5;0000,00 - 5.000,00 - Milho CA Soja PA (-) Depreciação Acumulada q 42.000,00 46.000,00 i l 24.200,00 24.200,00 m 5.000,00 j r 3.000,00 s 1.000,00 46.000,00 46.000,00 24.200,00 24.200,00 - 5.000,00 - - - - - 5.000,00 Milho PA Semeadoras Tratores 20 f 46.000,00 46.000,00 u 5.000,00 50.000,00 46.000,00 46.000,00 5.000,00 - 50.000,00 - - - 5.000,00 - 50.000,00 - Duplicatas a Receber u 50.000,00 50.000,00 - 50.000,00 - Fornecedores Capital Social Lucros Acumulados p 25.000,00 50.000,00 150.000,00 32.000,00 20.000,00 c 25.000,00 70.000,00 - 150.000,00 - 32.000,00 - 45.000,00 - 150.000,00 - 32.000,00 Venda Feijão Venda Soja Venda Milho 18.000,00 d 25.000,00 m 50.000,00 u - 18.000,00 - 25.000,00 - 50.000,00 - 18.000,00 - 25.000,00 - 50.000,00 Custo Feijão PA Frete S/ Venda Feijão Salário ADM d 14.000,00 e 500,00 k 4.800,00 14.000,00 - 500,00 - 4.800,00 - 14.000,00 - 500,00 - 4.800,00 - Custo Milho PA Energia Elétrica u 46.000,00 n 50,00 46.000,00 - 50,00 - 46.000,00 - 50,00 - Custo Soja PA Telefone m 24.200,00 o 100,00 21 24.200,00 - 100,00 - 24.200,00 - 100,00 - Como podemos verificar, os lançamentos contábeis não são difíceis, e com a prática tudo ficarámais fácil. FINALIZANDO Espero que tenham se empenhado e aprendido ao máximo com esta aula. Iniciamos abordando sobre a contabilidade rural, bem como alguns aspectos básicos que fazem parte das formas de desenvolver a atividade rural. Espero que esses pontos os tenham aproximado do meio rural. Na sequência, tratamos sobre a diferenciação do ano agrícola e do exercício social, sendo priorizada a cultura que mais gere renda para a propriedade, assim determinando o período que será contemplado como ano agrícola, que não necessariamente coincidirá com o ano fiscal. Em um terceiro momento, foi abordada a ligação entre a contabilidade rural e o CPC 29, que trata dos ativos biológicos, os quais são objeto do patrimônio da entidade, cabendo à contabilidade cuidar desse patrimônio. Os ativos biológicos, conforme vimos, são quaisquer plantas ou animais vivos, que são parte integrante da atividade rural, bem como de sua contabilização. O quarto e quito assuntos estão interligados, pois ambos trataram das culturas agrícolas, diferenciando-se apenas em culturas temporárias e permanentes, que é uma subclassificação para melhor controle contábil. As culturas temporárias são aquelas que necessitam replantio após a colheita, e apresentam três classificações contábeis, ao passo que as permanentes irão permanecer produzindo por mais de um período e possuem quatro classificações contábeis. Nesta aula, espero que tenha dado as devidas condições para compreender como é possível ligar a atividade rural com a contabilidade. Nós, como profissionais da área contábil, precisamos sempre conhecer mais áreas de atuação, sendo a contabilidade aplicada ao meio rural uma delas. Apesar de pouco explorada, aqueles que gostarem do assunto poderão se aprofundar. 22 REFERÊNCIAS CADELCA, I. et al. Pronunciamento Técnico CPC 29: um estudo sobre sua aplicação em empresas de capital aberto do setor sucroalcooleiro listadas na BM&FBovespa no ano 2010. Cadernos da FUCAMP, v. 10, n. 13, p. 37-54, Campinas, 2011. CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamento Técnico CPC 29 – Ativo Biológico e Produto Agrícola, 7 de agosto de 2009. Brasília: CPC, 2009. CREPALDI, S. A. Contabilidade rural: uma abordagem decisorial. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2012. HOFER, E. et al. Gestão de custos aplicada ao agronegócio: culturas temporárias. Contabilidade Vista e Revista. v. 17, n. 1, p. 29-46, 2006. MARION, J. C. Contabilidade rural: contabilidade agrícola, contabilidade da pecuária. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2014. OLIVEIRA, N. C. Contabilidade do agronegócio: teoria e prática. 2. ed. Curitiba: Juruá, 2010. SAMPAIO, A. L. M.; AKAHOSHI, W. B.; LIMA, E. M. Avaliação da aplicação do método de custeio baseado em atividades (ABC), na produção agrícola de grãos: culturas temporárias. Custos e @gronegócio online. v. 7, n. 3, p. 133-158, 2011. THEISS, V. et al. Práticas de divulgação dos ativos biológicos pelas companhias listadas na BM&FBovespa. Registro Contábil, v. 5, n. 3, p. 41-58, 2014. Disponível em: <http://www.seer.ufal.br/index.php/registrocontabil/article/view/1130>. Acesso em: 29 jul. 2019. CONTABILIDADE DE AGRONEGÓCIOS AULA 2 Prof. Diones Fernandes Zanin 2 CONVERSA INICIAL Olá caros alunos, bem-vindo à disciplina de Contabilidade de Agronegócios. Já trabalhamos alguns conceitos iniciais e chegou o momento de estudarmos de forma mais profunda esse ramo da contabilidade. Vamos iniciar abordando sobre os ativos biológicos, desde seu reconhecimento e mensuração, e posteriormente, iremos compreender como a contabilização das culturas temporárias e permanentes irá ser alterada e adaptada, considerando o exposto no CPC 29 com relação aos ativos biológicos. Veremos a questão de perda de valor dos ativos biológicos, que pode ocorrer por meio da Depreciação, Exaustão ou Amortização, que conforme a característica do ativo biológico, irá incorrer em uma maneira diferente de desvalorização e apropriação contábil. Trabalharemos com o plano de contas a ser utilizado nas empresas que exploram a atividade agrícola, o qual deve ser customizado considerando as particularidades da atividade. Terminaremos nossa aula com a operacionalização do plano de contas, a qual possibilitará a apuração de custo por inventário, facilitando o processo de gestão. Bons Estudos! CONTEXTUALIZANDO Cada vez mais o conhecimento básico é necessário, no entanto, devemos como contadores permanecer buscar a evolução e aplicação das melhores técnicas. Com a assunção das normas internacionais, a contabilidade traz conceitos mais elaborados, para então aprimorar a contabilidade aplicada, e nesse caso, a contabilidade aplicada ao agronegócio. Sendo relevante estudar as formas de reconhecimento e mensuração adequados, facilitando o processo de contabilização e a elaboração de um plano de contas correto. Sabemos que uma contabilidade de qualidade começa com um plano de contas moldado a atender as necessidades da empresa, principalmente quando se considera a atividade rural como objeto da aplicação da contabilidade. 3 TEMA 1 – ATIVOS BIOLÓGICOS: RECONHECIMENTO E MENSURAÇÃO Os ativos biológicos possuem todas as características dos chamados ativos convencionais, claro que, guardadas as devidas particularidades, sendo necessário reconhecer tais ativos, e esse ato é entendido como o registro contábil do ativo. Para que possamos compreender melhor aspectos relacionados ao reconhecimento, vamos recorrer ao CPC 29 (2009), que traz as três condições para que possa ocorrer o reconhecimento dos ativos biológicos ou produto agrícola, que são: (a) controla o ativo como resultado de eventos passados; (b) for provável que benefícios econômicos futuros associados com o ativo fluirão para a entidade; e (c) o valor justo ou o custo do ativo puder ser mensurado confiavelmente. (CPC 29, 2009, p. 6) Como podemos ver, as plantas ou animais vivos que façam parte da atividade da empresa agrícola serão registrados ao atender as condições supracitadas. O controle geralmente se entende pela propriedade do bem, como também sua devida utilização, visando a geração de benefícios futuros. Em termos de mensuração, pode ser considerado o valor justo ou o custo. Sempre que for possível mensurar o valor justo do ativo biológico de maneira confiável, os mesmo deve ser reconhecido inicialmente pelo valor justo deduzido das possíveis despesas de venda. Ao final de cada período também deve ser realizada a verificação para ajustar possíveis variações do valor justo. Os produtos agrícolas oriundos de ativos biológicos, também serão mensurados a valor justo, considerando o momento adequado o início da colheita, visto a confiabilidade e mensuração nesse período (CPC 29, 2009). Falamos sobre mensurar a valor justo, caros alunos, lhes questiono: o que é o valor justo? Poderíamos pensar em inúmeros conceitos a respeito disso, ainda mais se pensarmos na etimologia da palavra, conceitos de justiça e afins, mas vamos optar por um conceito contábil básico. O CPC 46 é o pronunciamento responsável por tratar sobre o valor justo, abordando conceito, mensuração e formas de divulgação a respeito disso. O valor justo é tido como valor de troca em uma transação não forçada entre duas partes, ocorrendo em um mercado. Como as duas partes concordam 4 com a transação, sendo então considerada uma negociação justa (CPC 46, 2012). Para a correta compreensão da aplicação do valor justo, é necessário observar que deve existir um mercado que opera com o bem negociado, no nosso caso, ativo biológico ou produto agrícola. Para clarificar essa situação o CPC 46 estabelece uma hierarquia, considerando 3 níveis de valor justo, cada um com suas particularidades quanto às informações disponíveis.Vamos verificar o Quadro 1 com os três níveis de informação relacionada ao valor justo. Quadro 1 – Níveis do valor justo Fonte: CPC 46, 2012, p. 15-17. Do nível 1 para o nível 3 vamos de informações mais confiáveis até um grau inferior de confiabilidade. No nível 1 o valor justo vem de uma fonte do mercado, como por exemplo no caso do meio rural, ter o preço da soja cotada pelo mercado. Esse mercado é quem determina o valor justo. Já o nível 2 não possui informações em mercado ativo, porém, são observáveis de forma direta ou indireta. Podem ser consideradas informações similares que constam em mercados ativos, visando assim aproximar ao máximo o nível 2 do nível 1. Por último, o nível 3 irá suprir a necessidade que não puder ser resolvida com os anteriores, considerando então informações não observáveis. Nesse nível a entidade deve buscar o máximo de dados, tendo mais subsídio para poder determinar o valor justo. Mesmo estando ciente dos diferentes níveis, ainda existem dificuldades para aplicar o conceito, seja por diferença de qualidade ou peso, como por outras 5 possibilidades. Devido a isso, pode-se agrupar os ativos biológicos considerando suas similaridades, possibilitando uma mensuração mais adequada e facilitada. Sempre será buscada a aplicação dos conceitos de valor justo para mensurar os ativos biológicos e produtos agrícolas, mas como já vimos, alguns casos podem ocorrer a mensuração pelo custo. Vejamos inicialmente o que o CPC 29 (2009) afirma sobre possíveis proximidades desses valores. Os custos podem, algumas vezes, aproximar-se do valor justo, particularmente, quando:(a) uma pequena transformação biológica ocorre desde o momento inicial (por exemplo, mudas plantadas no período imediatamente anterior ao de encerramento das demonstrações contábeis ou gado recém-adquirido); ou (b) não se espera que o impacto da transformação do ativo biológico sobre o preço seja material (por exemplo, para o crescimento inicial da plantação de pinos cujo ciclo de produção é de 30 anos). (CPC 29, 2009, p. 8) Na ocorrência do reconhecimento inicial ser muito próxima do final do exercício, a variação será mínima, aproximando o custo do valor justo, o que é uma situação comum no meio rural, pois talvez algumas culturas podem ser plantadas ao final do exercício, devido às suas características e exigências. O mesmo pode ocorrer com animais, tanto pelo ciclo produtivo, como por aquisições. Situações com ciclos longo demais irão incorrer mudanças muito pequenas, não causando mudança material entre o custo e valor justo. Com a utilização do valor justo pode ocorrer ganhos ou perdas, os quais podem acontecer no reconhecimento inicial, como também ao final de cada período com o devido ajuste pela variação. A perda ou ganho deverá ser registrada no período em que ocorrer, visto sua competência. A perda pode ocorrer pelo fato do custo até então registrado ser superior ao valor justo, como também o valor justo do reconhecimento anterior ser superior ao da data do novo reconhecimento. Em relação ao ganho, poderá ocorrer pelo fato do valor justo ser superior ao valor de custo, como também o ajuste do valor justo decorrente do valor anterior ser inferior ao atual. Os ganhos e perdas podem ser comuns no meio rural, pois vários de seus ativos podem sofrer variação em decorrência do mercado. Por exemplo: uma safra recorde, ou uma safra ruim, as duas situações afetarão o valor de mercado do produto, afetando o processo contábil, seja por uma perda ou ganho. 6 Podem existir situações em que o valor justo não poderá ser mensurado de maneira confiável, e sua mensuração deverá ser feita pelo custo. Isso poderá ocorrer pela falta de informação do mercado ativo, ou até mesmo alguma impossibilidade momentânea (falta de informação ou falta de confiabilidade dessa informação). Vale ressaltar que o reconhecimento da mensuração feita pelo valor de custo só pode ser feito no reconhecimento inicial, posteriormente buscando fontes de evidência para utilização do valor justo. Os ativos biológicos que forem mensurados a valor justo deverão assim permanecer mensurados, até que ocorra sua venda. Como podemos ver, é muito importante conhecer o momento de se reconhecer um ativo, bem como compreender a forma adequada para sua mensuração, que conforme vimos, para os ativos biológicos e produto agrícola são regidos pelo CPC 29. O CPC 29 trata da mensuração a ser realizada pelo valor justo, que é definido pelo CPC 46, o que demonstra que os pronunciamentos contábeis sempre estarão atuando de maneira interligada. Saiba Mais Caros alunos, visando fornecer maior base conceitual relativa a mensuração dos ativos biológicos, recomendo a leitura e análise de um artigo: O impacto do valor justo na mensuração dos ativos biológicos nas empresas listadas na BM&F Bovespa. Acesse o link: <http://www.atena.org.br/revista/ojs-2.2.3- 06/index.php/UERJ/article/viewArticle/1424>. Acesso em: 30 jul. 2019. TEMA 2 – ATIVOS BIOLÓGICOS: CONTABILIZAÇÃO DE CULTURAS TEMPORÁRIAS E PERMANENTES Já vimos sobre como é feita a contabilização das culturas temporárias e permanentes, desde os aspectos iniciais do cultivo, até o fim da colheita. No entanto, consideramos apenas a contabilização de maneira simples, a qual se utiliza do custo como base de valor para os ativos biológicos e produtos agrícolas. 7 Nesse momento vamos verificar a alteração do comportamento contábil das contas referentes às culturas temporárias e permanentes, quando utilizamos o conceito de mensuração do valor justo. O contador deve dar a devida atenção para que a contabilidade da entidade rural seja efetuada da maneira mais acertada, refletindo então com maior confiabilidade as informações contábeis. Para ficar mais fácil, vamos segregar os dois tipos de cultura, abordando cada uma em seu próprio tópico. Já realizamos lançamentos em razonetes, e agora vamos trabalhar com lançamentos em forma de diário. 2.1 Contabilização de Culturas Temporárias Vamos utilizar o caso da obra de Marion (2014) com algumas adaptações para ilustrar a contabilização utilizando o valor justo. Digamos que determinada empresa rural atue na produção de soja, sendo esses os ativos biológicos objeto da empresa, os quais são vendidos a terceiros. Conforme determinado pelo CPC 29, a produção de soja, que é um ativo biológico, deve ser mensurada pelo valor justo, descontado os valores que serão gastos para a realização da venda. Não vamos esquecer que desde o início do cultivo o ativo será mensurado ao seu valor de custo, e posteriormente, quando for possível mensurar confiavelmente a produção, utiliza-se o conceito do valor justo. Primeiramente todos os valores consumidos para plantio e formação da cultura da soja serão contabilizados da seguinte maneira: Fato Contábil: Plantio da Soja. D – Ativos Biológicos soja – AC – R$ 20,00 C – Caixa/insumos – AC – R$ 20,00 Assumimos como exemplo o valor de R$ 20,00, sendo utilizado desde insumos, mão de obra e afins. Todos os valores serão acumulados em conta do estoque. Chegado ao momento que é possível mensurar a quantidade estimada da produção, iremos mensurar o valor justo. O período do plantio até esse momento pode variar conforme a cultura, região, clima, dentre outras causas. A soja que está sendo utilizada como exemplo é uma commodity que possui mercado ativo. 8 A entidade utilizará os dados do mercado ativo, considerando o mercado futuro para mensurar ao valor justo. Vamos considerar que o valor justo seja de R$ 70,00, e o valor das despesas de venda é de R$ 7,00, que equivale a 10% do valor justo. Vamos então a contabilização desse ajuste. D – Ativos Biológicos soja – AC – R$ 43,00 C – Variação do valor justo dos ativos biológicos – Resultado – R$ 43,00 Podemos perceber que já é reconhecidaa receita do ativo biológico. Quase podemos comparar como uma antecipação de receita, no entanto sem que ocorra a entrada de dinheiro na entidade. O valor justo era de R$ 70,00, ao deduzir a despesa de venda que é de R$ 7,00, restando o valor de R$ 63,00, como já temos R$ 20,00 contabilizados, iremos realizar o lançamento apenas da diferença. Quando chega o momento da colheita, novamente deve ser mensurado o valor justo, atualizando o valor. Todos os valores consumidos na colheita serão contabilizados como gasto do período, pois o custo será baseado pelo valor justo. Digamos que agora o valor justo é de R$ 80,00, com despesas de venda no valor de R$ 8,00, o que representa 10% do valor justo, então devemos ajustar o valor na contabilidade. Primeiro é necessário transferir o saldo de ativo biológico para produto agrícola, uma vez que com a colheita ocorre a mudança de status. Mudança contábil de classificação: D – Produto Agrícola soja – AC – R$ 63,00 C – Ativos Biológicos soja – AC – R$ 63,00 Reconhecimento da diferença do valor justo: D – Produto Agrícola soja – AC – R$ 9,00 C – Variação do valor justo dos ativos biológicos – AC – R$ 9,00 Então reconhecemos o valor justo da soja que foi colhida e estocada, sendo o valor de R$ 72,00, que são os R$ 80,00 do valor de mercado, deduzidas as despesas de venda no valor de R$ 8,00. 9 Vamos verificar como seria a contabilização da venda à vista, considerando ainda os dados de valor justo de R$ 80,00. Pela Venda: D – Caixa/Banco – AC – R$ 80,00 C – Receita de venda de soja – Resultado – R$ 80,00 Pela despesa de venda: D – Despesa de venda – Resultado – R$ 8,00 C – Frete a pagar – PC – R$ 8,00 Pela baixa do estoque: D – Custo do produto vendido – Resultado – R$ 72,00 C – Produto Agrícola soja – AC – R$ 72,00 Assim, encerra-se o processo de contabilização considerando o CPC 29. Como a contabilização das culturas temporárias sofre alterações ao utilizarmos os conceitos do CPC 29, nós, contadores, devemos estar sempre atentos. 2.2 Contabilização de Culturas Permanentes Agora veremos um exemplo da contabilização das culturas permanentes considerando o valor justo conforme estabelece o CPC 29. Vamos utilizar como exemplo a cultura da laranja, lembrando que estamos utilizando dados fictícios, visando única e exclusivamente compreender a contabilização. Os valores consumidos para a formação da cultura permanente são contabilizados conforme já vimos, serão agora alterados os lançamentos da produção para os oriundos da laranjeira. Hipoteticamente vamos assumir que a laranjeira teve um custo de formação no valor de R$ 1.000,00 e sua vida útil é de 10 anos, então, a cada ano, o valor de R$ 100,00 será incorporado ao custo da produção. No caso da cultura permanente formada, serão realizados gastos com os tratos culturais, que são todos os processos de cuidado da planta para que possa produzir de forma sadia. Contabilizaremos esses gastos para as laranjas que serão produzidas. Vamos assumir o valor de tratos culturais de R$ 700,00: 10 D – Ativo Biológico: laranja – ANC – R$ 700,00 C – Caixa/insumos – AC – R$ 700,00 Assim que for possível mensurar de maneira confiável, deve ser reconhecido o valor justo. Vamos assumir que a produção foi avaliada a preço de mercado, ou seja, valor justo de R$ 1.000,00, e os custos de venda são de 5% desse valor, ou seja, R$ 50,00. Seria assim a contabilização desse ajuste: D - Ativos Biológicos laranja – ANC – R$ 250,00 C – Variação do valor justo dos ativos biológicos – Resultado - R$ 250,00 Assim como acontece com as culturas temporárias, nas culturas permanentes também se reconhece a receita nesse momento, mesmo sem que tenha ocorrido a venda ou recebimento de dinheiro. Então temos o valor justo de R$ 1.000,00, ao deduzir a despesa de venda que é de R$ 50,00, restando o valor de R$ 950,00. Como já temos R$ 700,00 contabilizados, iremos realizar o lançamento apenas da diferença. No momento da colheita novamente é necessário mensurar o valor justo, vamos supor que seja de R$ 980,00, com as despesas estimadas em 5% desse valor. Mudança contábil de classificação: D – Produto Agrícola laranja – AC – R$ 950,00 C – Ativos Biológicos laranja – ANC – R$ 950,00 Reconhecimento da diferença do valor justo: D – Variação do valor justo dos ativos biológicos – Resultado – R$ 19,00 C – Produto Agrícola laranja – AC – R$ 19,00 Então reconhecemos o valor justo da laranja que foi colhida e estocada, sendo o valor de R$ 931,00, que são os R$ 980,00 do valor de mercado, deduzidas as despesas de venda de R$ 49,00. Vamos verificar como seria a contabilização da venda, considerando ainda os dados de valor justo de R$ 980,00. Pela venda à vista: D – Caixa/Banco – AC – R$ 980,00 11 C – Receita de venda de laranja – Resultado – R$ 980,00 Pela despesa de venda: D – Despesa de venda – Resultado – R$ 49,00 C – Frete a pagar – PC – R$ 49,00 Pela baixa do estoque: D – Custo do produto vendido – Resultado – R$ 931,00 C – Produto Agrícola laranja – AC – R$ 931,00 Conforme podemos ver, a contabilização irá refletir o valor justo dos ativos biológicos e produtos agrícolas, atendendo o exposto no CPC 29, bem como seguindo o apresentado pelo CPC 46 para determinar o valor justo. TEMA 3 – ENTENDENDO DEPRECIAÇÃO, EXAUSTÃO E AMORTIZAÇÃO DOS ATIVOS BIOLÓGICOS A contabilidade atua para gerar informação do patrimônio da entidade aos usuários, dessa forma existem alguns procedimentos que visam atender a esse objetivo. Quando a entidade realiza um alto desembolso em algum bem que irá ser usufruído por mais de um período, o valor deverá ser apropriado aos períodos de utilização desse bem. Na contabilidade os procedimentos que irão servir a esse propósito são conhecidos como depreciação, exaustão e amortização. A escolha do procedimento se dará conforme o item que consumiu o recurso que será apropriado aos períodos subsequentes. 3.1 Depreciação O conceito de depreciação aplica-se a bens que sejam tangíveis, ou seja, aqueles que podem ser tocados. No meio rural, Marion (2014) traz como exemplo os tratores, colheitadeiras, outros implementos, culturas permanentes que produzam frutos, animais de produção, bem como instalações e construções. Quanto à depreciação de construções, o procedimento é semelhante à do meio comercial e industrial. Vamos verificar exemplos das demais depreciações. 12 3.1.1 Depreciação de animais de produção Os animais de produção, como bovinos leiteiros e reprodutores, serão depreciados de forma linear em função de sua vida útil. Uma matriz leiteira pode ter uma vida útil variável, mas vamos assumir que seja 7 anos. O valor gasto para aquisição ou formação desse reprodutor será apropriado durante sua vida útil. Vamos verificar de maneira simples quais seriam os lançamentos. Pela formação do reprodutor: D – Matriz – ANC – R$ 7.000,00 C – Caixa/insumos/mão de obra – AC – R$ 7.000,00 Assumindo que o gasto de formação ou aquisição da matriz foi de R$ 7.000,00, então esse valor será apropriado aos próximos 7 anos. Vejamos o lançamento de apropriação. D – Bezerros – AC – R$ 1.000,00 C – Depreciação Matriz – ANC – R$ 1.000,00 Esse é o lançamento quando a propriedade atua na criação de animais, apropriando o valor aos bezerros. No caso de a produção ser de leite, o valor de R$ 1.000,00 será apropriado como custo da produção leiteria desse animal, semelhante a uma máquina industrial, que tem sua depreciação apropriada aos produtos, tendo o lançamento a seguir: D – Leite – AC – R$ 1.000,00 C – Depreciação Matriz – ANC – R$ 1.000,00 Conforme a utilização dos animais de produção, seu valor de depreciação será apropriado aos produtos específicos, ou animais oriundos de reprodução e com esse propósito. 3.1.2 Depreciação de Culturas permanentesAs culturas permanentes que são depreciadas serão aquelas que irão produzir frutos, e após a extração dos mesmos, a planta continuará a produzir para o próximo exercício. Ocorrerá a depreciação em função da vida útil da cultura, tal prazo sendo fornecido por especialista da área. A título de exemplo 13 vamos considerar a cultura de café, bem como assumiremos a vida útil de 10 anos. Como já vimos, todo o valor gasto para formar a cultura permanente será contabilizado no imobilizado, conforme a seguir: D – Cultura Permanente de Café – ANC – R$ 20.000,00 C – Caixa/Salários/Mudas/Insumos – AC – R$ 20.000,00 Conforme o exemplo, a depreciação anual será no valor de R$ 2.000,00, a ser contabilizado como depreciação da cultura, tendo como contrapartida o custo da colheita da cultura. Vamos verificar o lançamento contábil: D – Café CA (Colheita em Andamento) – AC – R$ 2.000,00 C – (-) Depreciação Acumulada – ANC – R$ 2.000,00 O lançamento para a depreciação de culturas permanentes será esse, lembrando que utilizamos a cultura do café como exemplo, seguindo procedimentos semelhantes para a laranja, uva, oliveiras, dentre outras culturas. Dependendo da cultura, a primeira colheita pode ter um rendimento inferior ao normal, para tanto a depreciação deverá ser proporcional. Por exemplo: considerando que o café produza normalmente em determinada área a quantidade de 500 sacas, como é a primeira colheita, a mesma será de 200 sacas, ou seja, 40%. Então, a depreciação ao invés de ser de R$ 2.000,00, será de R$ 800,00, seguindo a proporção para não penalizar o custo da primeira colheita. 3.1.3 Depreciação de implementos e tratores Os implementos e tratores são equipamentos utilizados para a produção, podendo ser equiparados a máquinas industriais, e são depreciados em função da vida útil. No meio rural deve-se considerar a particularidade de cada implemento, por exemplo, um implemento que no período de um ano foi utilizado por apenas 3 meses, não é justo depreciar o equivalente a um ano. Visando sanar tal problema, alguns itens utilizados no meio rural podem ser depreciados conforme as horas de utilização. O trator é um exemplo claro, uma vez que o trator vem de fábrica com um medidor de horas. O valor da depreciação será apropriado na cultura que for utilizado o implemento. A título de exemplo, vamos considerar um implemento agrícola no 14 valor de R$ 20.000,00, que possui uma vida útil de 10 anos. Durante o ano esse implemento foi utilizado 50% do tempo na cultura do milho, 30% do tempo na cultura da soja e 20% do tempo na cultura do feijão. Temos a seguinte contabilização: D – Cultura do Milho – AC – R$ 1.000,00 D – Cultura do Soja – AC – R$ 600,00 D – Cultura do Feijão – AC – R$ 400,00 C – Depreciação Implemento – ANC – R$ 2.000,00 Assim seria a contabilização da depreciação de um implemento, agora vejamos como seria de um trator. Vamos assumir o valor de R$ 100.000,00 para o trator, e uma vida útil de 8.000 horas, então temos a depreciação por hora no valor de R$ 12,50 (R$ 100.000,00 / 8.000). No período foi utilizado o trator por 100 horas, sendo 60 horas na cultura do milho, 30 horas na cultura da soja e 10 horas na cultura do feijão. Temos a contabilização da depreciação do trator conforme as horas utilizadas em cada cultura: D – Cultura do Milho – AC – R$ 750,00 D – Cultura do Soja – AC – R$ 375,00 D – Cultura do Feijão – AC – R$ 125,00 C – Depreciação Trator – ANC – R$ 1.250,00 3.2 Exaustão A exaustão terá comportamento semelhante ao da depreciação, no entanto, irá se aplicar aos recursos vegetais e minerais que são exauríveis, ou seja, aqueles que com o desenvolvimento da atividade irá fazer com que o recurso vá terminando. Temos como exemplos as florestas e reflorestamentos, bem como exploração de minerais não renováveis. Nesses casos, as árvores são cortadas e as minas serão consumidas. Temos as culturas permanentes que serão cortadas para a realização da colheita, como árvores plantadas com objetivo de obtenção de madeira, cana de açúcar, pastagens, dentre outras culturas, e as explorações de minérios. O valor da exaustão será apropriado nos períodos de consumo da cultura a ser exaurida. No caso das árvores, será considerada a quantidade cortada, e 15 para minerais, estimado um volume de produção, e conforme for sendo extraído, irá ser contabilizada a exaustão. Vejamos um exemplo de exaustão, considerando um reflorestamento de uma determinada espécie de árvore, com 5.000 árvores, e custo de formação no valor de R$ 30.000,00. Dessa forma, a cada árvore cortada, é contabilizado referente a exaustão o valor de R$ 6,00 (R$ 30.000,00 / 5.000). Digamos que foram cortadas 200 árvores, temos então seguinte contabilização: D – Árvores CA – AC – R$ 1.200,00 C – Exaustão – ANC – R$ 1.200,00 Como podemos ver, ao realizar o corte da árvore, o valor de exaustão será apropriado ao estoque de árvores que estão em processo de colheita. Quando ocorrer o corte total das 5.000 árvores, todo esse reflorestamento terá sido exaurido, ou seja, terá o valor contábil zerado. 3.3 Amortização Será aplicada a amortização a itens intangíveis ou investimentos pré- operacionais. Temos como exemplos as marcas e patentes, e mais especificamente no meio rural, podemos observar a aplicação em gastos destinados à melhoria de solo, pois a empresa rural irá investir na melhoria do solo para que o mesmo possa ser fértil por vários períodos, sendo o valor apropriado durante os períodos de uso. Quando se inicia o cultivo em algum lugar novo, é comum a existência de gastos para deixar o terreno em condições ideais de cultivo. Os gastos mais comuns são em deslocamento, terraplanagem, nivelamento do solo etc. Tais gastos podem ter dois tratamentos, o primeiro seria considerar como valorização do terreno, então o valor seria contabilizado juntamente no valor do terreno. A outra possibilidade é ativar o gasto nos períodos de uso da terra. No caso da segunda hipótese, o valor ficará contabilizado no ativo intangível, em uma conta de melhoria de solo. A utilização de corretivos de solo também terá tratamento semelhante, sendo amortizados conforme o uso da terra nas culturas que serão beneficiadas. Vejamos um exemplo de valores gastos na melhoria do solo de R$ 30.000,00, e tais melhorias serão amortizadas em 5 anos. 16 Lançamentos dos gastos de melhoria do solo: D – Melhorias do Solo (Ativo Intangível) – ANC R$ 30.000,00 C – Caixa/Bancos/Estoques – AC – R$ 30.000,00 No primeiro ano será amortizado o valor de R$ 6.000,00 (R$ 30.000,00 / 5 anos). O solo foi utilizado nas culturas do Soja, Milho e Feijão, as quais foram plantadas nesse período. D – Milho CTF – AC – R$ 2.000,00 D – Soja CTF – AC – R$ 2.000,00 D – Trigo CTF – AC – R$ 2.000,00 C – Amortização Acumulada – ANC – R$ 6.000,00 Vemos a apropriação da amortização conforme o uso do solo que consumiu recursos anteriormente, para que então, a propriedade ficasse em condições de produzir. TEMA 4 – PLANO DE CONTAS PARA ITENS DE EMPRESAS AGRÍCOLAS A realização da contabilidade sempre terá como base o plano de contas, no qual constam todas as contas contábeis que receberão os lançamentos. No meio rural será seguida a mesma lógica, mas claro, algumas contas são diferentes das de empresas urbanas. Cada empresa deve ter seu plano de contas moldado de acordo com as suas necessidades, facilitando o processo contábil. Para o meio rural vamos utilizar um plano de contas voltado para a atividade, no entanto, a essência da contabilidade permanece a mesma. Inicialmente, observamos diferenças quanto às contas do estoque, pois ao verificarmos as culturas temporárias e permanentes e todo seu processo de transformação, temos uma semelhança com as indústrias. No meio rural teremos estoques de matérias primas, produtos em elaboração,produtos acabados, almoxarifado e os animais. As matérias primas são equivalentes aos insumos de produção (sementes, adubos, defensivos, mudas, rações etc.). Os produtos em elaboração são aqueles que estão em processo, E no meio rural são chamados de culturas temporárias em andamento (CTF) e as colheitas em andamento (CA). 17 O produto acabado basicamente é um estoque mais simples, onde ficaram os valores respectivos dos produtos prontos para venda, que de maneira sintética, são a produção colhida. No almoxarifado ficarão contabilizados itens que não irão compor os produtos, mas são estocados com a finalidade de manter as atividades da empresa. Os animais da propriedade que serão mantidos com a finalidade de serem vendidos serão contabilizados no estoque. Há uma segregação de contas conforme a classificação de animais. Vamos verificar uma exemplificação do estoque no Quadro 2, para então compreender melhor essa característica no plano de contas. Quadro 2 – Estoque na Empresa Rural Fonte: Adaptado de Marion (2014). O Quadro 2 foi adaptado da obra de Marion (2014), exemplificando o plano de contas concernente ao estoque da empresa rural. Devido às características peculiares do meio rural, o plano de contas do imobilizado também terá alguns detalhes a serem tratados para facilitar o fluxo contábil da empresa rural. 18 As culturas permanentes serão contabilizadas no imobilizado, desde a sua formação a quando estiver apta a produção, sendo as culturas permanentes em formação (CPF) e culturas permanentes formadas (CP). Para as empresas rurais que atuam na pecuária com pastagens (caso a atuação seja em confinamento não será necessária pastagem), também teremos as pastagens em formação e formadas, bem como os animais de reprodução e trabalho constarão no imobilizado. Vejamos no Quadro 3 um exemplo do plano de contas do imobilizado de uma empresa rural. Quadro 3: Imobilizado na Empresa Rural Fonte: Adaptado de Marion (2014). Como podemos ver no Quadro 3, o imobilizado mantém suas características essenciais no plano de contas, apenas são inclusas conta específicas cabíveis às empresas que atuam na atividade rural. No restante do plano de contas para as empresas rurais, mantém-se o padrão contábil sem mais particularidades referentes ao meio rural, cabendo então aos contadores, atuar com o intuito operacionalizar tal plano para gerar informações contábeis úteis. 19 TEMA 5 – OPERACIONALIZANDO O PLANO DE CONTAS COM APURAÇÃO DE CUSTO DO INVENTÁRIO Marion (2014) trata que para se operacionalizar o plano de contas é necessário verificar qual será o tipo de inventário utilizado pela entidade rural. O inventário é realizado para compreender aquilo que existe ou não dentro da empresa. O mais comum quando se fala em inventário, é pensar sobre o estoque, se os saldos estão corretos, valores corretos, dentre outras variações. Existem dois tipos de inventário: 1. Permanente 2. Periódico. Entende-se por inventário permanente o controle de estoque que represente a quantidade existente a qualquer momento que for verificado. Significa que ao verificar a ficha de estoque, ela efetivamente irá representar a quantidade correta no estoque, isso acontecendo de forma permanente. Esse método possibilita a geração de informações em tempo real. Enquanto o inventário periódico é apurado ao final de cada período, não podendo fornecer informações em tempo real. É recomendado quando o método permanente for inviável. No meio rural pode ser difícil trabalhar com o inventário periódico, mas em alguns casos será necessário. Vamos verificar como seria o inventário periódico aplicado a uma empresa rural, lembramos, que tal situação não é a ideal. Para tanto, são necessárias adaptações ao plano de contas, em especial na conta Custo do Produto Vendido, que deverá conter os grupos conforme o Quadro 4: 20 Quadro 4 – Custo do Produto Vendido 5.1 CUSTO DO PRODUTO VENDIDO 5.1.1 Estoques Iniciais Insumos 1 Sementes 2 Adubos 3 Fertilizantes 4 Herbicidas 5 Mudas 6 Ativos Biológicos - Culturas Temporárias em Formação 7 Colheitas em Andamento 8 Produtos Agrícolas 5.1.2 Compras no Exercício Insumos 1 Sementes 2 Adubos 3 Fertilizantes 4 Herbicidas 5 Mudas 5.1.3 Mão de obra Salários Férias 13º Salário INSS FGTS Aviso Prévio 5.1.4 Outros Custos Agrícolas Irrigação Energia Elétrica Depreciação Exaustão Almoxarifado Aluguéis 5.1.5 Estoques Finais Insumos 1 Sementes 2 Adubos 3 Fertilizantes 4 Herbicidas 5 Mudas 6 Ativos Biológicos - Culturas Temporárias em Formação 7 Colheitas em Andamento 8 Produtos Agrícolas Adaptado de Marion, 2014. Como podemos ver no Quadro 4, são criadas subcontas para possibilitar a correta apuração do inventário periódico, para ao final funcionar como uma equação de apuração do custo do produto vendido. A equação simplificadamente é a seguinte conforme Marion (2014): Estoques iniciais + Compras do Exercício + Mão de obra + Outros custos agrícolas - Estoques Finais 21 Primeiramente, todos os valores de estoques iniciais serão transportados para as contas que irão apurar os valores do custo do produto vendido. Sementes de Milho Milho CTF Milho PA 2.000,00 1.000,00 8.000,00 Após os estoques iniciais vamos verificar outros valores de custo do produto vendido. Compras Mão de Obra Outros Custos 800,00 4.000,00 500,00 Agora que já temos os saldos devedores do custo, chega o momento de verificar os saldos credores, ou seja, identificar o estoque final, e deduzir dos custos totais. Sementes de Milho Milho CTF Milho PA 500,00 400,00 5.000,00 Agora com todas as contas de apuração do custo do produto vendido, vamos junta-las e verificar o valor do custo. Custo do Produto Vendido 2.000,00 500,00 1.000,00 400,00 8.000,00 5.000,00 800,00 4.000,00 500,00 16.300,00 5.900,00 10.400,00 Dessa forma, realizamos o inventário periódico apurando um custo de produto vendido de $ 10.400,00. Lembrando que o ideal não é trabalhar com esse tipo de inventário, e sim com o inventário permanente, que irá refletir em tempo real os custos e estoques da entidade. 22 TROCANDO IDEIAS Caros alunos, estudamos alguns conceitos novos nesta aula, e vamos então conversar um pouco sobre o reconhecimento e mensuração dos ativos biológicos. Digamos que vocês são responsáveis pela contabilidade de uma grande empresa que atua no ramo industrial e comercial, e cada vez mais vem elevando sua participação no mercado. Foi chegado o momento de crescimento em que a empresa iniciará atividades com reflorestamento, o corte para fabricação de celulose. As árvores são ativos biológicos, algo extremamente novo dentro dessa empresa, e sem o devido planejamento serão enfrentados graves problemas no processo contábil. Nessa situação é necessário moldar o processo para se adequar a essa nova realidade. Quais medidas vocês como contadores responsáveis da empresa tomariam para fazer com que a entidade realize a contabilização de forma correta? NA PRÁTICA Caros alunos, agora vamos praticar um pouco com algumas situações retiradas da obra de Marion (2014). Assinale a resposta correta para cada questão: 1. Com relação ao inventário de estoque, pode-se dizer que: a. O melhor método da atividade agrícola é o inventário permanente; b. Adotando o inventário periódico, torna-se
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