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18Ondas Mecânicas • Identificar as características das ondas estacionárias em cordas vibrantes; • Reconhecer em situações reais as manifestações dos fenôme- nos ondulatórios de reflexão, difração, refração, polarização e interferên cia. Objetivos: 3.1 Reflexão de ondas É a alteração do sentido de propagação de uma onda, quando em determinada velocidade ocorre a incidência dessa onda em outro meio. Observe a representação esquemática desse fenômeno: UNIDADE 3 FENÔMENOS ONDULATÓRIOS Figura 10 - Reflexões de ondas bidimensionais Fonte: Elaborada pelos autores (2020) 19Ondas Mecânicas Ao analisarmos a Figura 10, é possível destacar as seguintes características da reflexão em ondas: 1 — A onda refletida retorna ao meio de onde se originou; 2 — Por ser uma característica do meio, a velocidade da onda refletida é a mesma antes da incidência, pois a onda não mudou de meio; 3 — A frequência é uma característica da fonte originadora da onda, portanto na reflexão ela também não sofre alteração; 4 — Como nem a frequência e nem a velocidade sofrem alteração na reflexão, é obvio que o comprimento de onda também permanece inalterado; 5 — O ângulo de incidência da onda com a normal é igual ao ângulo de reflexão. A partir da análise dessas características, podemos apresentar duas leis que regem a reflexão de qualquer onda: 1ª Lei da Reflexão O raio incidente, o raio refletido e a reta normal à superfície refletora no ponto de incidência estão contidos sempre em um mesmo plano (são coplanares). 2ª Lei da Reflexão O ângulo formado pelo raio incidente e a normal (ângulo de incidência i), e o ângulo formado pelo raio refletido e a mesma normal (ângulo de reflexão r) são sempre de mesma medida: i = r. O fenômeno da reflexão é característico tanto às ondas mecânicas quanto às ondas eletromagnéticas. Como o nosso estudo se restringe apenas às ondas mecânicas, não abordaremos exemplos de reflexão de ondas eletromagnéticas, como o caso da luz. 3.1.1 Reflexão de um pulso em uma corda Vamos considerar duas situações para análise da reflexão de um pulso em uma corda. A primeira situação é quando se têm uma das extremidades da corda fixa, a outra situação é quando uma de suas extremidades está livre. 20Ondas Mecânicas • Extremidade Fixa Em uma extremidade fixa, o pulso incidente (ou ondas) sofre reflexão com inversão de fase, mantendo todas as outras grandezas (frequência, velocidade e comprimento de onda) sem alteração. Como mostra a Figura 11, o pulso incidente sobre a ferramenta a qual a corda está fixa, tem um formato com amplitude para cima. O pulso refletido, Figura 12, tem a mesma forma, porém com amplitude para baixo. Figura 11 - Pulso em uma corda Figura 12 - Pulso em uma corda Fonte:https://phet.colorado.edu/sims/html/wave-on-a-string/latest/wave-on-a-string_pt_BR.html Fonte:https://phet.colorado.edu/sims/html/wave-on-a-string/latest/wave-on-a-string_pt_BR.html • Extremidade Livre Em uma extremidade livre, o pulso incidente sofre reflexão sem inversão de fase. Como a corda tem liberdade de se movimentar na barra fixa, quando o pulso incidente atinge o anel preso em sua extremidade, ela sobe e, ao descer, reflete o pulso em sentido contrário exatamente igual ao pulso incidente Figura 13 e Figura 14. Figura 13 - Pulso em uma corda Figura 14 - Pulso em uma corda 21Ondas Mecânicas Veja a animação clicando no link: SUGESTÃO DE SITE https://phet.colorado.edu/sims/html/wave-on-a-string/ latest/wave-on-a-string_pt_BR.html ] 3.2 Refração de ondas A refração ocorre quando uma onda proveniente de um determinado meio incide e passa para outro meio de características diferentes. Veja a representação esquemática na figura abaixo: Figura 15 - Representação esquemática da refração das ondas quando mudam de meio Fonte: Elaborada pelos autores (2020) 22Ondas Mecânicas Conforme mostra a Figura 15, podemos destacar as características comuns da refração de ondas: 1 — A velocidade da onda é modificada ao mudar de meio, em consequência disso, o comprimento de onda também muda; 2 — Dependendo do ângulo de incidência da onda, ela pode mudar a sua direção de propagação; 3 — A frequência como não depende do meio, permanece inalterada; 4 — A onda refratada está sempre em fase com a onda incidente. A descrição da refração de ondas é dada por duas leis: 1ª Lei da Refração O raio incidente, a normal à fronteira no ponto de incidência e o raio refratado estão contidos no mesmo plano (são coplanares). 2ª Lei da Refração ou Lei de Snell Relaciona os ângulos, as velocidades e os comprimentos de ondas incidentes e refratados. Veja sua expressão matemática: (i) — é o ângulo de incidência; (r) — é ângulo refratado. v_1 — é a velocidade de propagação da onda no meio 1; v_2 — é a velocidade da onda no meio 2. λ_1— é o comprimento de onda no meio 1; λ_2— é o comprimento de onda no meio 2. 3.2.1 Refração de Ondas na Superfície da água em regiões de profundidades diferentes No caso de ondas do mar que passam de um meio profundo para um meio mais raso, ocorre uma mudança na sua direção de propagação, observe a Figura 16. 23Ondas Mecânicas Figura 16 - Ondas do mar Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d4/Refraction_animation.gif De acordo com a expressão matemática da velocidade das ondas do mar quando a altura da onda diminui, a sua velocidade também diminui, mas pela conservação da energia e da massa, sua amplitude crescerá. Isso explica o fato de, nas beiras de praia de solo inclinado, termos as famosas quebras de ondas, nas quais os surfistas aproveitam para surfar. 3.2.2 Refração e Reflexão de um pulso (ou ondas) em cordas tensas com diferentes densidades lineares. Na Figura abaixo, temos duas cordas emendadas, do lado esquerdo a corda (A) de densidade menor que a corda (B), do lado direito. Figura 17 - Representação de um pulso propagando-se em cordas com densidades diferentes Fonte: Elaborada pelos autores (2020) 24Ondas Mecânicas O pulso gerado na corda (A), ao propagar-se e incidir na corda (B), sofrerá uma refração e uma reflexão ao mesmo tempo. O pulso refratado percorrerá a corda (B) com mesma fase do pulso incidente, mas com velocidade menor, devido à densidade linear da corda (B) ser maior. No entanto, o pulso refletido retorna à corda (A), em oposição de fase, mas com velocidade de mesmo módulo do pulso incidente. Veja a Figura 18: Figura 18 - Representação de um pulso sofrendo reflexão e refração ao mesmo tempo Tomando agora a corda (A) com densidade maior que a corda (B), conforme mostra a Figura 19, é fácil perceber que o pulso refratado continuará em fase com o pulso incidente, mas agora com uma velocidade maior, devido à densidade linear da corda (B) ser agora menor. Neste caso o pulso incidente e o pulso refletido estarão em fase, pois a corda menos densa se comportará como se fosse uma extremidade livre. Fonte: Elaborada pelos autores (2020) Figura 19 - Representação de um pulso propagando em cordas com densidades diferentes 25Ondas Mecânicas 3.3 Difração de ondas na superfície da água Difração é a capacidade que as ondas têm de contornarem obstáculos (FERRARO; TORRES; PENTEADO, 2012). Os exemplos mais comuns de difração em ondas mecânicas são dados pelo som e na superfície de água. Por enquanto, vamos analisar esse fenômeno na superfície de água, deixando para estudar a difração do som na Unidade seguinte, onde trataremos apenas de ondas sonoras. Fonte: Elaborada pelos autores (2020) Observe a Figura 20, na qual uma onda que está se propagando na superfície da água incide sobre um obstáculo que contém uma pequena abertura. Note que a onda incide paralelamente ao obstáculo. No entanto, a parte que passa na pequena abertura sofre uma difração em forma de semicírculos mudando assim a direção de propagação da onda incidente. Ondas retas na superfície da água difratam na abertura e passam a se propagar como ondas circulares.26Ondas Mecânicas Figura 20 - Difração de Huygens Fonte:https://commons.wikimedia.org/wiki/File:HuygensDiffraction.jpg O fenômeno da difração, segundo o princípio de Huygens, ocorre pelo fato de cada ponto de uma frente de onda comportar-se como uma nova fonte de ondas elementares, que se propaga para além da região já atingida pela onda original e com a mesma frequência que ela (BÔAS; DOCA; BISCUOLA, 2012). Dois fatores tornam a difração perceptível, um é o comprimento de onda incidente que precisa ser da mesma ordem de grandeza da abertura no obstáculo, e outro é a largura da abertura do obstáculo. Experiências têm demonstrado que quanto maior for o comprimento de onda incidente, ou quanto menor for a abertura do obstáculo, mais perceptível será o efeito da difração. 3.4 Polarização de ondas Uma onda é dita polarizada quando ela tem uma direção de vibração bem definida, ou seja, quando sua vibração ocorre em um mesmo plano, em uma única direção perpendicular à direção de propagação (BONJORNO et al., 2016). Observe a Figura 21 que representa a descrição de uma onda polarizada. 27Ondas Mecânicas Figura 21 - Onda natural polarizada Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b6/Wave_in_a_rope.png Ao contrário das ondas polarizadas, temos as ondas não polarizadas, ondas que não têm uma direção de vibração definida. A sua vibração ocorre em diferentes direções perpendiculares à direção de propagação. A Figura 22 mostra uma corda vibrando transversalmente em várias direções, exemplificando o formato de uma onda não polarizada. Figura 22 - Onda natural com vários planos de vibração Fonte: Elaborada pelos autores (2020) 28Ondas Mecânicas Para polarizar uma onda, usamos polarizadores, dispositivos capazes de fazer uma onda vibrar em apenas uma direção. Isso só é possível em ondas transversais. A Figura 23 mostra a polarização de uma onda em uma corda. Figura 23 - Polarização de uma onda em corda Fonte: Elaborada pelos autores (2020) 3.5 Interferência de ondas em uma dimensão Ferraro, Torres e Penteado (2012, p. 442) definem que: “Interferência é o fenômeno resultante da superposição de duas ou mais ondas”. A Figura 24 mostra dois pulsos em uma corda que se propagam em sentidos opostos, mas em concordância de fase. Quando os pulsos se encontram, ocorre a superposição deles, dando origem a um pulso resultante de amplitude aumentada decorrente do somatório de cada pulso individualmente. Esta superposição é um exemplo de interferência construtiva. Após a superposição, cada pulso volta a comportar-se como antes, já que eles obedecem ao princípio de independência das ondas. 29Ondas Mecânicas Figura 24 - Interferência construtiva Fonte: Elaborada pelos autores (2020) Fonte: Elaborada pelos autores (2020) Quando temos, em uma mesma corda, o encontro de dois pulsos que se propagam em sentidos opostos, mas em oposição de fase, a interferência é destrutiva, pois em vez de somar cada pulso individualmente, é feita a subtração, por considerar o deslocamento de um deles negativo. Figura 25. Figura 25 - Interferência destrutiva 30Ondas Mecânicas Se a amplitude dos pulsos for igual, na interferência construtiva teremos um pulso resultante com o dobro da amplitude de um dos pulsos. Já na interferência destrutiva, o pulso resultante será nulo. 3.5.1. Interferência de Ondas Bidimensionais O princípio de superposição de ondas em cordas, visto acima, pode ser estendido para o estudo de ondas bidimensionais. De acordo com o princípio da superposição de onda, quando acontece a superposição de duas cristas ou de dois vales de ondas, temos uma interferência construtiva. Quando ocorre a superposição de uma crista e um vale, teremos uma interferência destrutiva. A Figura 26, abaixo, mostra o desenho esquemático que ajuda a entender melhor a formação desses pontos de interferência construtiva e destrutiva. No desenho, as circunferências de linhas contínuas representam as cristas das ondas. As circunferências de linhas tracejadas representam os vales de cada onda. O cruzamento das circunferências de linhas contínuas, assim como o cruzamento de circunferências das linhas tracejadas, representadas no desenho pelo ponto preto cheio, configuram uma interferência construtiva resultante da superposição de duas cristas ou dois vales. O cruzamento de uma circunferência de linha contínua com uma circunferência de linha tracejada, representado no desenho pelo ponto vazio, configuram uma interferência destrutiva resultante da superposição de uma crista e um vale. Figura 25 - Interferência destrutiva Figura 26 - Representação de superposição de ondas Fonte: Elaborada pelos autores (2020) 31Ondas Mecânicas As linhas que configuram os pontos de interferência construtiva são chamadas de linhas ventrais e as que configuram os pontos de interferência destrutiva são chamadas de linhas nodais. Saiba mais No Phet simulações interativas da Universidade do Colorado, é possível explorar como um par de fontes de ondas cria um padrão de interferência, além disso, é possível identificar os pontos de interferência construtiva e destrutiva visualmente ou utilizando o detector de ondas. https://phet.colorado.edu/sims/html/wave-interference/ latest/wave-interference_pt_BR.html. 3.5.2. Condição de Interferência Construtiva em Ondas Bidimensionais Para a formação de qualquer ponto de interferência construtiva na linha ventral, a diferença das distâncias entre esses pontos e as fontes originadoras das ondas tem que ser nula, ou múltiplo inteiro par de meio comprimento de onda. Figura 27 - Representação de interferência de ondas bidimensionais Fonte: Elaborada pelos autores (2020) em que N = 0, 2, 4, 6... 32Ondas Mecânicas 3.5.3 Condição de Interferência Destrutiva em Ondas Bidimensionais Para a formação de qualquer ponto de interferência destrutiva na linha nodal, a diferença das distâncias entre esses pontos e as fontes das ondas têm que ser um número inteiro ímpar de meios comprimentos de onda. Figura 28 - Representação de interferência de ondas bidimensionais Fonte: Elaborada pelos autores (2020) em que n=1,3,5,7,… No caso de ondas em oposição de fase, as condições 3.5.2 e 3.5.3 se invertem. 3.6 Ondas estacionárias Uma onda estacionária é o resultado da superposição de duas ondas de mesma frequência, mesma amplitude, mesmo comprimento de onda, que se propagam na mesma direção e sentidos opostos. Como são produzidas as ondas estacionárias? Para responder a essa pergunta, vamos considerar, na Figura 29, uma corda fixa em uma das suas extremidades e na outra extremidade um aparelho que produz perturbações permanentes, criando ondas que se propagam ao longo da corda e incidem na extremidade fixa, sofrendo reflexão e invertendo a sua fase. As 33Ondas Mecânicas ondas refletidas se encontraram com as outras ondas incidentes, superpondo-se uma sobre a outra, dando origem a ondas de interferência construtiva e destrutiva. Este caso especial de interferência, chamamos Ondas estacionárias. Figura 29 - Representações de ondas estacionárias Fonte: Elaborada pelos autores (2020) Observe, na figura acima que representa o formato da onda estacionária, que existem pontos sem amplitudes e pontos com amplitudes máximas. Os pontos sem amplitudes são denominados de nó (representados na figura pela letra N) e representam a interferência destrutiva. Já os pontos onde a amplitude é máxima, passam a ser denominados de ventres (representados pela letra V) e representam a interferência construtiva. Observe também que a distância entre dois nós consecutivos, ou entre dois ventres, equivalem a meio comprimento de onda (λ/2), e a distância entre um nó e um ventre consecutivo vale um quarto do comprimento de onda (λ/4). É importante ressaltar que as ondas estacionárias não transportam energia, pois os nós e ventres estão estacionados, o que acontece é a transformaçãoconstante de energia cinética em energia potencial elástica ou o inverso. 34Ondas Mecânicas RESUMO Ao longo desta Unidade, fizemos uma abordagem sobre os fenômenos ondulatórios de reflexão, refração, difração, interferência e polarização em ondas mecânicas. Em cada um dos fenômenos, apresentamos os seus conceitos, leis e suas características próprias. Através de figuras ilustrativas, fizemos uma demonstração e estudo detalhado sobre o comportamento de cada fenômeno. Por fim, abordamos o conceito de ondas estacionárias, demonstrando, através de ilustração, como ocorre a sua produção e quais as suas características. 35Ondas Mecânicas REFERÊNCIAS BÔAS, Newton Villas; DOCA, Ricardo Helou; BISCUOLA, Gualter José. Tópicos de Física: termologia, ondulatória, óptica. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. BONJORNO, José Roberto et al. Física: termologia, óptica, ondulatória. 3. ed. São Paulo: Ftd, 2016. FERRARO, Nicolau Gilberto; TORRES, Carlos Magno A.; PENTEADO, Paulo Cesar M. Física: volume único. 1. ed. São Paulo: Moderna, 2012. RAMALHO JUNIOR, Francisco; FERRARO, Nicolau Gilberto; SOARES, Paulo Antônio de Toledo. Física: os fundamentos da física. 10. ed. São Paulo: Moderna, 2009.
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