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O APORTE DA ESTÉTICA NA CATEGORIA SENTIDO NO PENSA MENTO DE VYGOTSKY Maria Regina Namura1 O caminho trilhado pela pesquisa para compreender a categoria sentido no pensamento vygotskiano adotou o procedimento explicitado pelo próprio autor: a análise do subtexto, isto é, perguntar pela gênese e intencionalidade dos textos. Esse procedimento implicou na leitura de A Tragédia de Hamlet – o Príncipe da Dinamarca, a primeira monografia escrita em 1916 (1999) e Psicologia da Arte publicada em 1925 (1998), obras pouco discutidas no cenário acadêmico contemporâneo, a fim de encontrar um aporte teórico que revelasse o teor da categoria sentido e iluminasse a polêmica instalada na Psicologia Social entre as vertentes do cognitivismo, do construcionismo e materialismo histórico- dialético. A categoria sentido pode ser apreendida ao longo da obra de Vygotski, mas encontra- se melhor sistematizada no último capítulo do livro A Construção do Pensamento e da Linguagem [1934-2001], intitulado Pensamento e Palavra, Vygotsky faz inúmeras referências a poetas e obras literárias para mostrar que a reação estética suscitada pela arte é imprescindível para a psicologia poder explicar o comportamento humano, e que o sentido, objetivado em palavras, é a categoria mais importante da consciência: “o sentido real de cada palavra é determinado, no fim das contas, por toda a riqueza dos momentos existentes na consciência” [1934-2001, p. 466]. Ainda nessa obra o sentido aparece acoplado à linguagem e ao pensamento, diferente da Psicologia da Arte em que aparece ligado à estética e à arte. Na incomensurável contribuição que oferece à Psicologia a explicação da gênese e da constituição das Funções Psicológicas Superiores, Vygotsky enfatiza a mediação da linguagem (da palavra significativa) e as relações entre palavra e pensamento na configuração da consciência. Essa construção tem promovido a interpretação do sentido como um fenômeno lingüístico e minimiza a complexidade da categoria sentido que foi sendo construída na análise da tragédia sobre Hamlet – O príncipe da Dinamarca [1916-1999] e sistematizada na Psicologia da Arte [1925-1998]. Vygotsky também postula que a consciência não se esgota na palavra, e a dimensão semântica da palavra, não esgota a configuração do sentido, não contempla a totalidade da 1 Universidade de Taubaté. categoria sentido, porque não dá conta do sentido do todo. Para compreender o significado profundo dessa afirmação é preciso trazer a estética, porque insere as sensações e as emoções que Vygotsky definiu como um reflexo na consciência, diferente daquele do pensamento e da linguagem, mas não o excluiu; portanto, a psicologia da arte elucida o enigma dos sentidos ao incluir as emoções estéticas. “(...) para entender isto é preciso recorrer à síntese [psicológica] (...) partir do sentido do todo”. [1925-1998, p.232] As reflexões de Vygotsky sobre a arte ajudam a compreender que o signo semântico é indissociável do signo estético. Há uma longa e complexa polêmica quanto à tradição estética de Vygotsky que precisa ser entendida em função do método e não da filiação a alguma escola literária: a originalidade da visão psicológica da arte é o reconhecimento da arte como técnica social do sentimento, contemplando a fundamentação sócio-psicológica da sociologia marxista e o método analítico-objetivo que parte da análise dos mecanismos da arte para chegar à síntese psicológica. A partir desses pilares, ao afirmar que a arte é um conjunto de signos estéticos destinados a suscitar emoções nas pessoas, está propondo que, a análise desses signos estéticos pelo método analítico-objetivo recria os fenômenos psicológicos que correspondem aos mecanismos da arte. Essa concepção pressupõe o reconhecimento do psiquismo social [psicologia do indivíduo particular] como objeto de estudo da arte e não do sujeito coletivo. Para isso, é necessário delimitar os campos da sociologia e da psicologia da arte, e neste é preciso superar a cisão subjetivo/objetivo e definir que o psiquismo de um indivíduo particular é efetivamente social e socialmente condicionado. A psicologia da arte pretende conhecer e estabelecer as leis psicológicas que expliquem o influxo da arte sobre o homem, a recepção da obra de arte propiciada pela reação estética e pela catarse que revela o comparecimento da arte/estética na constituição do sentido. Detendo-se nos mecanismos da obra de arte, sua convenção estética, compreende-se sua ação psicofísica sobre o funcionamento mental do indivíduo, que a frui num determinado contexto sócio-histórico. A análise da resposta estética, portanto, é a recriação da psicologia; corresponde aos processos psicológicos que respondem à estrutura de estímulos da arte, apreende a contradição dialética entre a forma e o conteúdo, conferindo uma qualidade nova à dinâmica das relações entre material e forma da obra de arte e permite estabelecer as leis psicológicas que regem a psicologia da arte. Para Vygotsky, a idéia central da psicologia da arte é o reconhecimento da arte como técnica social do sentimento. Essa nova qualidade das relações entre material e forma que articula a resposta estética, tem a propriedade ou a função de conciliar os sentimentos opostos na consciência do leitor [síntese psicológica] um momento de resolução e solução da contradição – a catarse. A catarse na reação estética, conforme a formulação de Vygotsky, tem um conteúdo diferente da concepção psicanalítica da descarga de energia emocional e possui uma qualidade distinta do significado de catarse de Aristóteles, porque além de educativa é transformadora. A reação estética é uma reação especificamente humana em resposta à contradição subjacente à estrutura da obra de arte, a contradição entre forma e conteúdo. A contradição suscita sentimentos opostos, uns aos outros, e provoca um “curto circuito” que aniquila esses sentimentos; este fenômeno não se traduz em descarga emocional, mas na complexificação do pensamento e da vida afetiva que instaura o sentido psicológico da reação estética, formula Vygotsky. A inovação do método objetivo-analítico, ao apreender a contradição dialética forma/conteúdo, introduz o movimento no campo literário, contraria e supera as análises estáticas da estética oficial soviética, tanto as que fazem da arte imitação ou cópia da realidade, quanto as que interpretam a obra como manifestação da psicologia do autor e/ou do leitor, em outras palavras, nem a arte realista que pretende um paralelismo entre o sentido da arte e o sentido da vida, nem a arte idealista e subjetivista com suas raízes essencialmente individualistas “segundo a qual o sentimento que nasce em um indivíduo contagia a todos, torna-se social”; ao contrário, seria mais correto dizer que na arte, a dialética entre o individual e o social, os aspectos mais íntimos e pessoais do nosso ser, incorporam-se ao grande círculo da vida social. A arte introduz cada vez mais a ação da paixão, rompe o equilíbrio interno, modifica a vontade em um sentido novo, formula para a mente e revive para o sentimento aquelas emoções, paixões e vícios que sem ela teriam permanecido indeterminadas e imóveis”. [1925-1998, p. 316] “Seria mais correto dizer que o sentimento não se torna social, ao contrário, torna-se pessoal, quando cada um de nós vivencia uma obra de arte, converte-se em pessoal sem com isso deixar de continuar social. [op.cit, p. 315] Por isso, A ARTE É O SOCIAL EM NÓS, reflexão fundamental à compreensão do sentido estético-ontológico. O sentido na psicologia da arte antecipa a reconstrução da categoria sentido nas relações entre significado, sentido, emoções, pensamento e palavra sem com isso deixar de ser social. Vygotsky afirma com todas as letras que a verdade da arte e da realidade está em umarelação de tal complexidade que a realidade sempre aparece transfigurada na arte, não é possível transferir diretamente o sentido dos fenômenos da arte para os fenômenos da vida. As análises que assim procedem, mostra a incompreensão do fenômeno da arte como a estética stalinista O sentido só se evidencia quando ao analisar “a estrutura dos estímulos” [a obra de arte e seus mecanismos] pode-se recriar “a estrutura das respostas” [os mecanismos psicológicos correspondentes]. O psiquismo como tal, não está na obra de arte, isto é, não nos é dado diretamente, mas por vias indiretas. Isso é radicalmente diferente da interpretação dos signos estéticos, como manifestação da organização espiritual do autor ou dos leitores, das concepções românticas e naturalistas de arte, em outras palavras, supera as concepções idealistas da contemplação do belo, e as hedonistas do puro prazer estético. Os fundamentos da psicologia da arte estão sustentados na tradição aristotélica da tragédia, na reedição da tragédia shakespeariana e no contexto do simbolismo russo, e a formulação da concepção psicológica da atividade artística, expressão máxima da atividade superior do homem [funções psicológicas superiores] transpõe os limites puramente racionais, cognitivos e objetivos da criação artística e da recepção da arte pelo expectador/leitor. Em última instância, a teoria da reação estética (técnica social dos sentimentos) implica a arte e a estética na constituição do sentido, diferentemente do texto Pensamento e Palavra que aparece ligado à linguagem e ao pensamento. A partir da constatação de que o caminho de Vygotsky para apreender o sentido como a categoria fundamental da consciência – o microcosmo da consciência – para superar a cisão subjetivo/objetivo e definir que o psiquismo do indivíduo particular socialmente condicionado aponta o caminho estético-ontológico e não só lógico-epistemológico do sentido entendido na sua processualidade e na conversão incessante do social (e ético-político) ao psicológico e vice-versa, cujo eixo é a humanidade na sua historicidade. A particularidade imersa na processualidade aproxima nossa tese dos pressupostos da estética e da ontologia de Lukács. No livro Introdução a uma estética marxista (1978) traz a categoria do realismo e totalidade enquanto fundamentos do social e do humano e concebe a categoria central da estética a particularidade, mediadora dos complexos nexos causais da realidade, a mediação entre o singular e o universal. Na Ontologia do Ser Social concebe o sentido como uma necessidade humana e deve ser entendido como uma afirmação ontológica, que vincula a existência do homem, ao movimento do mundo e aos fatos da vida individual. A direção ontológica é o eixo do debate epistemológico. Reiterando o princípio da totalidade e o materialismo dialético, Lukács está asseverando existência incontestável da objetividade do mundo exterior, independentemente da consciência humana. Segue que, tanto a ciência quanto a arte tem o mesmo referencial objetivo, partem da mesma realidade e categorias para fornecer de forma autêntica um conhecimento das relações humanas essenciais e significativas. A ciência e a arte são reflexos diferenciados da mesma realidade, pela prioridade das categorias específicas para cada esfera: na ciência, a categoria da universalidade, na arte a superação tanto do singular quanto do universal, na categoria da particularidade. O traço significativo que explica a centralidade de uma e outra categoria na ciência e na estética é o caráter antropomórfico desta, e a natureza desantropomorfizadora da ciência. “(...)na ciência todas as relações reais aparecem sob uma forma conceitual, abstratamente racional, ao passo que na arte elas aparecem através de uma representação sensível, imediatamente evocadora”. [1967, p. 107] Desse modo é que a teoria do reflexo e o realismo como método de criação artística superam os simples determinismos de classe na constituição da subjetividade, os solipcismos, os hedonismos particularistas e as produções formalistas do sentido. Ao contrário, é a expressão de um fato ontológico, enquanto um conhecimento sensível das formas de ser que se transformam [a história da transformação das categorias]. Como diz Tertulian a qualidade da subjetividade constituinte fundamenta-se num “estudo original da dialética entre subjetividade e objetividade, entre a heteronomia e a autonomia do sujeito” [2002, p. 45]. Esse relevo do papel ativo e criador do indivíduo é a evidência de que o realismo e a teoria do reflexo não excluíram o fator subjetivo que Lukács admitia ser um fator por vezes modificador e, até mesmo, decisivo da práxis social, concomitante ao caráter contraditório das formas de ser, ou seja, aquelas condições em que o homem realiza suas finalidades, toma decisões entre alternativas concretas, põe posições teleológicas futuras e, ao mesmo tempo, é constrangido por necessidades sociais e pressões que os indivíduos exercem uns sobre os outros, em outras palavras a dialética entre liberdade e necessidade. Os caminhos são diferentes, mas tanto o reflexo científico quanto o reflexo artístico encontram o ponto de partida nas mesmas contradições da realidade social. A superação tanto do singular quanto do universal na particularidade, reflete o caráter ativo e criativo do sujeito na luta contra as formas de alienação vigentes e expressa os mais profundos, mais secretos e os mais dificilmente acessíveis movimentos da subjetividade, as ‘sínteses’ afetivas e intelectuais feitas pela “consciência de si” que transcendem uma experiência empírica”. [Tertulian, 2002. P. 17] A estética lukácsiana permite uma reflexão profícua da categoria sentido enquanto núcleo da constituição do sujeito e da subjetividade na sua concreticidade e historicidade. A arte fundada na relação do homem com o mundo, cujo efeito catártico suspende o espectador de sua vida cotidiana e permite a compreensão de si e do mundo pela sensibilidade, traduz a mesma especificidade da formulação de Vygotsky, que também não aceita a catarse como pura descarga emocional, mas como um processo que transforma os sentimentos e os sentidos. Em ambos, essa semelhança tem um fundamento ontológico e um sentido propriamente humano no valor estético que não pode ser diluído numa compreensão genérica de signo nem em concepções lógico-epistemológicas, mas como Marx anunciou seu interesse em uma epistemologia do ser e não uma epistemologia sobre o conhecimento do ser, ou seja, a direção ontológica do debate epistemológico. A catarse que o objeto estético promove tem uma especificidade ou um reflexo na consciência, que tem o poder de trazer pela sensibilidade, as emoções e os sentimentos, dando uma dimensão, não só semântica à configuração da consciência, mas também afetivo- emocional, libertadora e emancipadora. Nesse debate a qualificação de Lukács como ontólogo e esteta também caracteriza Vygotsky. Considerações finais Diante do exposto, pode-se inferir que o sentido sistematicamente formulado por Vygotski como mediação e categoria psicológica, em A Construção do Pensamento e da Palavra [1934-2001], tem sua gênese na herança estética que trouxe para a psicologia, revelada pela análise do subtexto das suas reflexões. Chama a atenção também a formulação do sentido como a “soma de todos os fatos psicológicos” [1934-2001, p. 465], da formulação que aparece na Psicologia da Arte como a “síntese” psicológica, o que nos permite pensar que a categoria sentido tem implicações mais profundas, que superam a atribuição de sentidos e significados da linguagem e da comunicação humana, e não se fixa aos postulados da semântica das palavras, mesmo porque, o próprio autor alerta seus leitores que sentido se separa da palavra, pode se preservar, ultrapassar e até existir sem palavras. Entretanto, os estudiososde Vygotsky focam suas reflexões e discussões nas obras psicológicas propriamente ditas e quando se referem à Psicologia da Arte o fazem como se ela fizesse parte de um passado já superado que pouco tem a contribuir para a psicologia, especialmente para a categoria sentido, e se fixam, unilateralmente, nas análises semânticas a despeito da riqueza e diversidade das contribuições contidas naquela herança. É importante destacar que a qualidade em ser do passado, imposta à obra Psicologia da Arte, não é a mais adequada, pois o momento da sua produção e publicação ocorre em 1925, contemporânea, portanto, do Significado da crise da psicologia e Psicologia Pedagógica publicadas em 1926; há, portanto, uma intersecção temporal na sua produção artística e na publicação das obras psicológicas. Além disso, os fatos históricos mostram que a arte nunca saiu do cenário de Vygotsky, continuou interessado pelo teatro; na década de trinta há registros quanto à publicação de um trabalho sobre a psicologia do ator, palestras proferidas e encontros com diretores e cenógrafos, principalmente com Eisenstein “para discutir como as idéias abstratas do materialismo histórico poderiam ser representadas em imagens de cinema” [Cole, 1979]. Quando nos mantemos atentos à trajetória intelectual de Vygotsky, rastreando a obra Psicologia da Arte encontramos certa dissonância em relação à compreensão hegemônica e interpretação exclusivamente semiológica da categoria sentido. O autor se empenhou em instaurar, em sistematizar o campo da psicologia da arte, propondo categorias psicológicas para analisar os fenômenos psicológicos que configuram o sentido na relação com a arte literária, inaugurando nesse campo o que na atualidade é um tema recorrente na estética, a recepção da arte. O pensamento dialético e a assunção do princípio da totalidade, sua imersão na filosofia, sociologia, literatura, estética e na lingüística, entre outras áreas do conhecimento, seus pressupostos metodológicos e estético-ontológico, desautorizam a discussão e a ênfase no enfoque exclusivamente epistemológico e semiológico da categoria sentido. Ao contrário, levam ao questionamento do rumo que está se dando para a compreensão da categoria sentido na escalada do século XXI, que ao deixar o materialismo histórico-dialético à sombra impede uma concepção social do homem como a delineada pelas teorias psicossociais críticas. Essas, ao eleger o sentido como matriz psicológica para a compreensão do sujeito evitam deslizar por concepções idealistas e diluir ou reificar o sentido nas produções midiáticas. A categoria sentido não se serve à promoção do individualismo exacerbado das expressões neoliberais como meio para se atingir os fins econômicos que atravessam a sociedade de consumo e distanciam o homem da sua gênese social e da sociedade humana. Apesar da ênfase dada à atividade mediada pela linguagem, e do seu interesse pela lingüística e pelos processos de significação que emergiam com muita força no espírito da época, Vygotsky propõe esse caminho sem abandonar o materialismo histórico-dialético, pois, ao propor a mediação dos sentidos como pelo método “objetivo-analítco” da consciência, está se despregando das concepções idealistas e naturalistas do sentido. Lembremos o destaque dos parágrafos finais de Pensamento e Palavra ao postular que o sentido objetivado em palavras é a categoria mais importante da consciência, o coroamento da ação do ser social. Para finalizar pode-se questionar o que nos permite fazer esse caminho e essa interpretação, ou seja, o que nos autoriza, frente ao acesso limitado dos textos no idioma de origem, pretender socializar e elucidar a constituição do sentido, seu papel na configuração da consciência, na compreensão do homem, construção do sujeito ou na construção de um “novo homem”. A resposta está na expressão do próprio Vygotsky, “uma nova sociedade e um novo homem” e reflexões que chamam a atenção para a importância de que as emoções sejam compreendidas em suas conexões com sistemas psicológicos mais complexos e abrangentes, ou seja, não apenas a partir da perspectiva da vida privada de uma determinada pessoa. Referências Bibliográficas ANTUNES, R. & Rego, W.L. Lukács no século XX. São Paulo: Boitempo, 1996. BAUDELAIRE, C. O pintor da vida moderna. Tradução de Tereza Cruz. Lisboa: Veja. 1993. Título original:Le Peinte de la Vie Moderne. DANIELS, H. 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