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ALUNO_REstudo_LPORT_ 5EF_1BIM_2020

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“Este documento foi classificado pelo Departamento de Educação – Área de Ensino e o acesso está autorizado 
exclusivamente para colaboradores da Fundação Bradesco” 
 
 
ORIENTAÇÕES PARA AS ATIVIDADES 
 Leia com bastante atenção o texto e as atividades apresentadas a seguir, pois elas representam uma 
retomada da trajetória de seus estudos bimestrais. 
Retome em sua apostila de Língua Portuguesa do 1º Bimestre as atividades e seus registros das páginas 
16, 17 e 18 (adjetivos) e 27, 31, 32 e 33 (pontuação em diálogos). 
 
Leia o conto de assombração a seguir. 
 
A noite assombrada 
 
 Contam que antigamente, no tempo em que galinha tinha dente, moravam numa cidadezinha do 
interior do Brasil uma moça e sua mãe velhinha. 
 O pai da moça tinha morrido havia pouco tempo. E, 
se no tempo dele já eram pobres, depois de sua morte 
ficaram miseráveis, ela e mãe. Elas acabaram sendo 
despejadas da casinha humilde onde moravam por não 
poderem pagar o aluguel. E agora? Para onde ir? 
Não tendo para onde ir, juntaram suas coisas – umas 
trouxas de roupas, uma mesa e algumas cadeiras, um 
armário velho, duas camas meio capengas e um relógio de parede, daqueles de cuco, puseram na carroça de 
um vizinho puxada por um burro velho, e se foram. Para onde? Ora, para onde vão quase todas as pessoas 
na situação delas (pelo menos nas histórias): para a periferia da cidadezinha, onde ficam os pobres mais 
pobres, os casebres mais casebres, a tristeza mais triste. O dono da carroça ajudou-as a descarregar suas 
coisas no final de uma rua escura e esburacada e se foi... 
A moça olhou em volta: barracos caindo aos pedaços, crianças magras com caras espantadas, 
mulheres de olhar desconfiado, uns cachorros sarnentos e a noite que lá vinha vindo de trás do morro. 
À beira de soltar um suspiro de desespero, a moça de repente se animou: 
– Mãe! Podemos ir para a casa dos gemidos! 
– O quê, minha filha? Para onde?!? 
– Para a casa dos gemidos, mãe! Aquela que fica perto da gruta, mais ali adiante! 
– Você endoidou, criatura?! A casa dos gemidos é mal-assombrada! Nunca nenhum ser vivente deu 
conta de pousar lá! 
ROTEIRO DE ESTUDO DE LÍNGUA PORTUGUESA – 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 
 
Mãe e filha despejadas 
Ilustração Luís Díaz 
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A mãe resistia, não queria ir, tinha medo – mas se não fossem, o que seria delas? 
Foram arrastando como podiam – e com a ajuda de alguns daqueles meninos esfomeados – os trastes 
que eram sua única fortuna. 
A casa dos gemidos era conhecida de todos os que viviam na região. Era tão assombrada, mas tão 
assombrada que o mato crescera em volta, na altura das janelas, 
de tanto que ninguém chegava perto. Corria que de noite a casa 
era só gemidos e urros horripilantes... 
Não era um casarão, e estava caindo aos pedaços de não 
ser cuidada. Mas a construção era boa, sólida, com proteção para 
chuva, vento e noite e com um janelão lateral. 
Mãe e filha entraram receosas, ressabiadas. A moça 
espirrou com a poeira, a mãe suspirou com os rangidos; a moça 
estacou com os estalos, a mãe estremeceu com os zunidos... Mas 
ficaram – fazer o quê? 
Remexendo nas trouxas, a mãe encontrou uns tocos de velas, uma caixa de fósforos, e a pouca luz 
deu para elas se ajeitarem. Na primeira noite, mãe e filha apavoradas dormiram agarradas uma à outra, mas 
nada de estranho aconteceu. 
Na segunda noite, cada uma foi dormir num quarto. A moça começou a dormir e logo estava 
sonhando com um baile encantado numa noite enluarada e um moço bonito e... 
– Eu caio! 
... e uma carruagem e... 
– Eu CAIO! 
– Hum? O... o quê? Mãe! É você? 
– Eu CAIO! 
– Hã?! – a moça acordou de vez e se sentou. 
– Que-quem está aí? 
– Eu CAIO! 
– Mãe?? – mas os roncos que vinham do outro quarto lhe diziam que não era a mãe. – Que-que-
quem está aí??? 
– E-E-EU CAAAIOOO! – a voz tremia, cavernosa. 
– Socorro! – gritou a moça, mas o medo era tanto que a voz saiu fininha, fraquinha... e logo ela 
desmaiou e não viu mais nada. 
A moça acordou, se lembrou de tudo, olhou em volta, mas a única coisa que viu caída no chão foi seu 
lencinho de algodão estampado. 
– Deve ter sido sonho! – concluiu. 
A casa dos gemidos 
Ilustração de Luís Díaz 
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(...) Mais uma noite chegou, ventosa e fria. 
Desta vez a coisa aconteceu de madrugada: 
– Eu caio! 
– Cai? Quem cai? Quem está aí? 
Era uma voz horrenda, tremida, rouca, parecia vir das profundezas dos infernos. 
– E-E-EU CAAAIIIIIIIO! 
Desta vez a voz veio mais horripilante ainda, com sete is. 
– Caia! Caia! Pode cair! Você repete tanto que até o medo da gente desiste! 
– PLOFF! 
 Caiu. E, quando a moça viu o que era, quem caiu foi ela. Desmaiada. 
Dia seguinte, chuva fina, ar cinzento, frio e úmido e a moça com febre. Delirou a manhã toda, mas 
depois acabou acreditando que tinha tido outro sonho ruim. 
Passou a tarde meditando e se preparou para não dormir à noite. Ia esperar e enfrentar o 
assombrado – se é que ele existia. 
Ao primeiro “Eu caio!”, foi logo se sentando na cama e dizendo: 
– Pois caia. Mas caia mesmo! Caia que nós vamos resolver isso é agora! 
A coisa que queria cair deve ter sentido firmeza na voz dela, pois pulou os “Eu caio!” seguintes e 
partiu logo para o... 
– PLOFF! 
Era uma... uma... UMA PERNA HUMANA! 
A moça gelou, tremeu, suou... mas ficou firme. 
– Caia! Caia mais! 
– PLOFF! 
A outra perna. 
– Isso! Continue! Vamos! 
– PAFF! 
Um braço. 
A moça batia os dentes de tanta tremedeira mas não deu o braço a torcer. 
– PAFF! 
Outro braço. 
–Ca-ca-caia! 
Parecia que a coragem estava indo embora. 
– CABRUM!!!! 
Um tronco humano! 
Moça conversa com a voz 
Ilustração Luís Díaz 
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– Ai, meu Deus. Ai, meu anjo da guarda. Ai, minha fada madrinha. Ai, meu preto velho... – rezava a 
moça. Mas sabia – sentia – que não podia recuar. 
– Vamos, caia! – gemeu, num fiapo de voz. 
– TUM! 
Num ruído seco, caiu a cabeça. 
A moça sentiu que ia desmaiar, mas respirou fundo e ficou firme. E viu: cabeça, tronco e membros, 
como num desenho animado, se juntaram e... Naquele tempo não havia desenho animado. Mas eu estou 
contando esta história hoje, quando já existe até desenho animadíssimo... 
– Minha santa! Minha salvadora! Deus lhe pague! 
Diante dela estava um homem. Nem alto nem baixo, nem velho nem novo, nem bonito nem feio: um 
homem de terno de riscado, botina rangedeira, um jeito meio antigo, de mãos postas, agradecendo. 
– Qu-quem é o senhor? Po-posso saber o que significa tudo isso? 
– Minha santinha! Deus lhe pague! Eu vou lhe contar tudo, fique calma. 
E contou: 
– Há mais de cinquenta anos eu vivia aqui, nesta mesma casa. Eu era dono dela e de muitas terras 
em volta. Tinha muitos empregados, e cada dia que passava ficava mais rico. E, quanto mais rico eu ficava, 
mais pão-duro e cruel eu também ficava. Explorava meus empregados, maltratava os outros, roubava, ria da 
miséria alheia. Um dia morri – picado por uma cobra venenosa, veja só. E fui condenado a me transformar 
em alma penada e a ficar vagando sem descanso, assombrando quem por aqui passasse. 
– E agora, o que vai acontecer? – mais calma, a moça até conseguiu perguntar. 
– Pois. Minha condenação terminaria quando alguém tivesse a coragem de esperar todas as minhas 
partes caírem e se juntarem, como você fez. Agora estou livre para descansar em paz na eternidade. Como 
recompensa por ter me libertado, vai ficar com toda a minha fortuna, que estáenterrada no quintal, embaixo 
da janela deste quarto... 
Depois disso, ela e a mãe viveram felizes – quer dizer, ricas – para sempre. Felizes, não sei... 
JUNQUEIRA, Sônia. A noite assombrada. São Paulo: Atual, 1994. Adaptado. 
 
1. Sabemos que as palavras que indicam as características de pessoas, animais, objetos ou outros seres são 
classificadas como adjetivos. Identifique pelo menos quatro adjetivos usados no conto para caracterizar a 
mãe, a filha e a casa dos gemidos. 
 
Mãe e filha Casa dos gemidos 
 
 
 
 
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2. Relacione as explicações, na coluna da esquerda, com os respectivos adjetivos, na coluna da direita. Volte 
ao texto para conferir se você fez a escolha correta dos adjetivos. 
 
A Iluminado pelo luar. bonito 
 
B Que tem fome. desconfiado 
 
C Que tem pouca carne ou gordura. encantado 
 
D Que venta muito. enluarada 
 
E Aquele ou aquela que não confia. esfomeados 
 
F Aquele ou aquela que tem sarna. horripilantes 
 
G Que tem formas e proporções harmônicas; que agrada. magras 
 
H Que causa pavor. sarnentos 
 
I Que tem mistério; que é mágico. ventosa 
3. Leia o trecho a seguir, retirado do conto. 
 
“Contam que antigamente, no tempo em que galinha tinha dente, moravam 
numa cidadezinha do interior do Brasil uma moça e sua mãe velhinha.” 
 
Identifique e escreva o adjetivo que está no singular. Justifique a sua resposta. 
 
 
 
 
 
4. Leia o trecho a seguir. 
 
“Era uma casa com um muro bem grandão, cheio de rachaduras e que ficava 
atrás de cemitérios assombrados onde vivia um coveiro bem espertão que 
cuidava da proteção local. ” 
 
Identifique e escreva o adjetivo que está no plural. Justifique a sua resposta. 
 
 
 
 
 
 
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5. Preencha o diagrama com o plural das palavras a seguir: 
 
PALAVRAS POSIÇÃO 
gostoso 1. horizontal 
gordo 2. vertical 
esperto 3. horizontal 
liso 4. vertical 
fofo 5. vertical 
rápido 6. vertical 
 
 
 5 
 2 
 1 
 4 
 
 
 6 
 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6. Identifique a fala da moça e a voz do narrador no trecho a seguir. Justifique a sua resposta. 
 
– Mãe?? – mas os roncos que vinham do outro quarto lhe diziam que não era a mãe. – Que-que-
quem está aí??? 
 
Fala da moça Voz do narrador 
 
 
 
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7. Releia o trecho a seguir e identifique qual foi o sinal de pontuação usado para indicar as falas das 
personagens e onde ele foi inserido. 
À beira de soltar um suspiro de desespero, a moça de repente se animou: 
– Mãe! Podemos ir para a casa dos gemidos! 
– O quê, minha filha? Para onde?!? 
– Para a casa dos gemidos, mãe! Aquela que fica perto da gruta, mais ali adiante! 
– Você endoidou, criatura?! A casa dos gemidos é mal-assombrada! Nunca nenhum ser vivente deu 
conta de pousar lá! 
A mãe resistia, não queria ir, tinha medo – mas se não fossem, o que seria delas? 
 
 
 
 
 
 
8. Reescreva o trecho a seguir substituindo as aspas que marcam a fala das personagens por travessão. 
Quando estava desesperada, a moça de repente gritou: “Socorro! Socorro! Tem alguma coisa 
estranha atrás de mim! Me ajude!” 
Confusa, sua mãe levanta e diz: “Calma, minha filha. Foi só um sonho! Está tudo bem agora!” 
 
 
 
 
 
Retome em sua apostila de Língua Portuguesa do 1º Bimestre as atividades e seus registros das páginas 
11, 12, 13, 14 e 15 (estrutura do gênero). 
 
Leia o conto. 
 
Presentes de Reis Magos 
Um dólar e oitenta e sete centavos. Era tudo. E sessenta centavos eram em pennies, economizados 
um a um. Por três vezes Della contou. Um dólar e oitenta e sete centavos. E no dia seguinte era Natal. 
Não havia certamente nada a fazer senão cair na pequena poltrona remendada e chorar. Assim fez 
Della. 
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Enquanto a dona da casa está chorando, dê uma olhada na casa. Um pequeno apartamento 
mobiliado por oito dólares semanais. Era bem pobre. Na entrada, uma caixa de correspondência na qual não 
penetrava nenhuma carta e uma campainha que nenhum mortal poderia fazer soar. 
Della terminou de chorar e se pôs a passar pó-de-arroz no rosto. (...) Amanhã era o dia de Natal, e 
ela só tinha um dólar e oitenta e sete centavos para comprar um presente para Jim. Tinha poupado cada 
centavo que podia durantes meses, com tal resultado. (...) As despesas tinham sido maiores do que ela 
calculara. (...) Somente um dólar e oitenta e sete centavos para comprar um presente para Jim. O seu Jim. 
(...) 
Havia um espelho alto e estreito entre as janelas do quarto. De repente, Della parou diante dele. 
Seus olhos brilhavam, mas sua face perdera a cor em vinte segundos. Rapidamente, ela soltou seus cabelos 
e deixou-os cair em todo o seu comprimento. 
No momento, havia dois bens de que ela e o marido se orgulhavam. 
Um era o relógio de ouro de Jim, que tinha sido de seu pai e de seu avô. O 
outro era o cabelo de Della. Agora, então, o belo cabelo de Della lhe caía pelo 
corpo, ondulado e brilhante como uma cascata de águas castanhas. Chegava 
abaixo de seus joelhos e quase a cobria como um vestido. E então ela o ajeitou 
de novo, nervosa e rapidamente. Enquanto hesitava por um momento e 
permanecia imóvel, uma lágrima ou duas respingaram no surrado carpete vermelho. 
Pôs sua velha blusa marrom, seu velho chapéu marrom. Com o brilho cintilante ainda em seus olhos, 
precipitou-se para a porta e, descendo as escadas, para a rua. 
Onde parou, lia-se na tabuleta: “Madame Sofronie. Cabelo de todos os tipos”. Um lance de escadas 
Della subiu correndo, e chegou arfando diante da senhora. 
“Quer comprar meu cabelo?”, perguntou Della. 
“Eu compro cabelo”, disse Madame. “Tire o chapéu, que eu vou dar uma olhada nele”. 
Caiu ondulante a cascata castanha. 
“Vinte dólares”, disse Madame, passando pela massa volumosa sua mão experiente. 
“Dê-me logo”, disse Della. 
Oh, e as duas horas seguintes voaram. Della vasculhava as lojas à procura do presente de Jim. 
Encontrou, por fim. Certamente fora feito para Jim e para ninguém mais. Não havia nada parecido 
em nenhuma outra loja, e ela havia revirado todas de ponta a ponta. Era uma corrente de platina para relógio, 
simples e sóbria, que valia por si mesma e não por algum adorno supérfluo — como devem ser as coisas 
boas. Era digna do Relógio. Assim que a viu, soube que deveria ser de Jim. Era como ele. Simplicidade e valor 
— a descrição se aplicava a ambos. Vinte e um dólares pediram por ele, e ela correu para casa levando os 
oitenta e sete centavos de troco. 
http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwitmZyfg-rSAhVGH5AKHThgBX4QjRwIBw&url=http://pt.depositphotos.com/39437711/stock-illustration-cartoon-old-pocket-watch.html&bvm=bv.150120842,d.Y2I&psig=AFQjCNFbsXf_xp9QSQtuplDR7Vj4Z5iJKw&ust=1490269111845208
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Quando Della chegou em sua casa, sua agitação foi dando lugar à prudência e ao bom-senso. Pôs-se 
a frisar o cabelo, tentando consertar na medida do possível os estragos pela generosidade aliada ao amor. 
Com seu cabelo curto, parecia um escolar. Olhou longamente para seu reflexo no 
espelho, cuidadosa e criticamente. 
“Se Jim não me matar”, disse para si mesma, “antes de dar uma segunda 
olhada em mim, dirá que eu pareço uma menina. Mas o que eu podia fazer — oh, 
o que eu podia fazer com um dólar e oitenta e sete centavos!” 
Às sete horas o café estava pronto, e a frigideira preparada para fritar as 
costeletas. 
(...) 
A porta se abriu e Jim entrou e fechou-a. Parecia abatido e muito sério. Pobre sujeito, tinha apenas 
vinte e dois anos — e estava carregando o peso de uma família! Precisava de um novo capote e estava sem 
luvas. 
Jim parou junto à porta, imóvel. Seus olhos estavam fixados em Della, e havia neles uma expressão 
que ela não conseguia interpretar, e isso a aterrorizava. Não era raiva, nem surpresa, nem censura, nem 
horror, nem nenhum dos sentimentos para os quais ela estava preparada. Ele simplesmente olhava para ela 
fixamente com aquela expressão particular em seu rosto. Della foi até ele. 
“Jim, querido”, gritou, “não me olhe desse jeito. Cortei meu cabelo e vendi-o porque eu não podia 
passar o Natal sem lhe dar um presente. Crescerá de novo — você não se importa, não é? Tive de fazer isso. 
Meu cabelo cresce incrivelmente rápido. Diga “Feliz Natal!”, Jim, e vamos ficar contentes. Você não sabe que 
belo, que bonito, que belo presente eu tenho para você”. 
“Você cortou o cabelo?”, perguntou Jim, a duras penas, como se só tivesse chegado a compreender 
aquilo depois do mais duro trabalho mental. 
“Cortei e vendi”, disse Della. “Você gosta de mim assim mesmo, não é? Sou eu mesma, sem meu 
cabelo, não é verdade?” 
Jim olhou o quarto com curiosidade. 
 
“Você disse que seu cabelo foi embora?”, disse, com uma aparência quase de retardado. 
http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwiynIfIg-rSAhXMPpAKHRpIBnUQjRwIBw&url=http://br.freepik.com/fotos-vetores-gratis/blackhair&bvm=bv.150120842,d.Y2I&psig=AFQjCNGhuSFrA6Zx_N4zxBkwG_kEWkjpXg&ust=1490269203694571
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“Não precisa procurá-lo”, disse Della. “Foi vendido, já lhe disse. É véspera de Natal. Seja bom comigo 
como isso foi para você. Talvez se possam contar meus fios de cabelos, 
mas ninguém poderia contar meu amor por você. Preparo as 
costeletas, Jim?” 
Jim pareceu finalmente acordar. Abraçou sua Della. Tirou um 
embrulho do capote e o pôs sobre a mesa. 
“Não se engane a meu respeito, Della”, disse. “Nada poderia 
fazer eu gostar menos de você”. 
Os dedos brancos de Della abriram o embrulho. E então um 
grito de alegria; e então lágrimas e soluços, e o conforto do marido. 
Pois ali estavam Os Pentes — um conjunto de pentes que Della namorara por muito tempo numa 
vitrine da Broadway. Belos pentes, com a cor certa para usar no belo cabelo desaparecido. 
Eram pentes caros, ela sabia, que seu coração desejara tanto. E agora eram seus, mas as tranças que 
eles deveriam adornar tinham sumido. 
Mas ela os apertou contra o peito, sorriu, entre lágrimas, e disse: “Meu cabelo cresce tão rápido, 
Jim!” 
E então deu pulos como um gatinho e gritou: “Oh, oh!” 
Jim não tinha visto ainda seu presente. Ela o estendeu em sua mão. 
“Não é uma beleza, Jim? Vasculhei a cidade toda para encontrá-lo. Dê-me seu relógio. Quero ver 
como fica com ele”. 
Ao invés de obedecer, Jim caiu na poltrona, pôs as mãos atrás da cabeça e sorriu. 
“Della”, disse, “vamos deixar nossos presentes de Natal de lado e guardá-los por ora. São belos 
demais para usar como meros presentes. Vendi o relógio para conseguir dinheiro para comprar os pentes. 
Agora, que tal preparar as costeletas?” 
Os reis magos, como vocês sabem, eram homens sábios que trouxeram presentes ao Menino na 
manjedoura. Inventaram a arte de dar presentes de Natal. Sendo sábios, seus presentes sem dúvida eram 
sábios. E aqui eu relatei a vocês a história de duas crianças tolas num pequeno apartamento que 
insensatamente sacrificaram, uma pela outra, os maiores tesouros de sua casa. Todos os que dão presentes 
assim estão entre os mais sábios. Todos que dão e recebem presentes como estes são os mais sábios. Seja 
onde for, são os mais sábios. Eles são os reis magos. 
 
 
HENRY, O. Presentes de Reis Magos. In: Quatro contos. Adaptação de Paulo Sérgio De Vasconcellos. São Paulo: CERED, 
2006. 2ª ed. revista. p. 9-14. 
 
 
https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwig_Y-xherSAhXBGJAKHXKeAxsQjRwIBw&url=https://pt.aliexpress.com/w/wholesale-black-wedding-tiaras.html&bvm=bv.150120842,d.Y2I&psig=AFQjCNHet5Z6rbv3GwpPtCtK_ZTQHocgiw&ust=1490269674505044
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Vocabulário: 
Escolar: estudante. 
Frisar: encrespar; fazer que fique ondulado. 
Pennies: plural de penny, unidade de moeda em uso nos Estados Unidos; equivalente a um centavo. 
Reis Magos: três sábios do Oriente que viajaram para prestar homenagem a Jesus Cristo, em seu nascimento, levando-lhe presentes. 
 
9. Em contos de suspense/mistério, o narrador ora introduz falas de dúvida ou temor na voz das personagens, 
ora demora para esclarecer algumas informações, justamente para atrair o interesse e despertar a 
curiosidade do leitor. 
Dos trechos abaixo retirados do conto, assinale dois que comprovam esta afirmação: 
( ) Pois ali estavam Os Pentes — um conjunto de pentes que Della namorara por muito tempo numa 
vitrine da Broadway. Belos pentes, com a cor certa para usar no belo cabelo desaparecido. 
Eram pentes caros, ela sabia, que seu coração desejara tanto. 
( ) “Se Jim não me matar”, disse para si mesma, “antes de dar uma segunda olhada em mim, dirá que eu 
pareço uma menina. Mas o que eu podia fazer — oh, o que eu podia fazer com um dólar e oitenta e 
sete centavos!” 
( ) Os reis magos, como vocês sabem, eram homens sábios que trouxeram presentes ao Menino na 
manjedoura. Inventaram a arte de dar presentes de Natal. Sendo sábios, seus presentes sem dúvida 
eram sábios. E aqui eu relatei a vocês a história de duas crianças tolas num pequeno apartamento que 
insensatamente sacrificaram, uma pela outra, os maiores tesouros de sua casa. 
( ) Jim parou junto à porta, imóvel. Seus olhos estavam fixados em Della, e havia neles uma expressão 
que ela não conseguia interpretar, e isso a aterrorizava. Não era raiva, nem surpresa, nem censura, 
nem horror, nem nenhum dos sentimentos para os quais ela estava preparada. Ele simplesmente 
olhava para ela fixamente com aquela expressão particular em seu rosto. 
( ) “Quer comprar meu cabelo?”, perguntou Della. 
“Eu compro cabelo”, disse Madame. “Tire o chapéu, que eu vou dar uma olhada nele”. 
Caiu ondulante a cascata castanha. 
“Vinte dólares”, disse Madame, passando pela massa volumosa sua mão experiente. 
“Dê-me logo”, disse Della. 
 
10. Justifique a resposta dada ao exercício anterior. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PARA SABER MAIS 
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Contos de mistério 
4 contos de mistério 
dos autores O. Henry, 
Edgar Allan Poe, Arthur 
Conan Doyle e 
Washington Irving 
 
Contos: Presentes de Reis Magos, A 
carta roubada, A sociedade dos ruivos, 
Rip Van Winkle 
Disponível em: 
<http://www.objetivo.br/arquivos/livros/quatro_contos.pdf>. Acesso em 26 mar. 
2020. 
Portal Só Português 
Site sobre 
conhecimentos 
linguísticos da língua 
portuguesa 
 
Só Português 
Disponível em: < 
http://www.soportugues.com.br/index2.
php>. Acesso em 26 mar. 2020. 
 
 
 
http://www.objetivo.br/arquivos/livros/quatro_contos.pdf
http://www.objetivo.br/arquivos/livros/quatro_contos.pdf
http://www.soportugues.com.br/index2.php
http://www.soportugues.com.br/index2.php

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