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REVISTA_FINAL.indb 1 20/03/2014 16:47:38 Capa INNER Inteira.pdf 1 30/01/2014 15:56:25 REVISTA_FINAL.indb 2 20/03/2014 16:47:41 Ap re se nt aç ão Prezado leitor, É com a sensação de dever cumprido que trazemos a público mais um número da Revista do Congresso Brasileiro de Gestão do Ministério Público. Criado, em 2010, para disseminar boas práticas e promover a troca de experiências nas áreas de tecnologia da informação, planejamento e gestão, comunicação social e segurança institucional, o Congresso Brasileiro de Gestão reúne, em Brasília, membros e servidores de todas as unidades do Ministério Público para três dias de palestras, debates e minicursos. A iniciativa é realizada anualmente pelo CNMP, como parte de sua missão de “fortalecer e aprimorar o Ministério Público brasileiro, assegurando sua autonomia e unidade, para uma atuação responsável e socialmente efetiva”. A cada edição, o Congresso se consolida como relevante espaço de debate e de aprimoramento das práticas de gestão no MP. Tanto é assim que, em 2013, foram recebidas mais de 500 inscrições, compondo o maior público desde a primeira edição do evento. O comparecimento maciço de membros e servidores demonstra a importância dessa iniciativa, que já faz parte da agenda institucional do Ministério Público brasileiro. Além de continuar o trabalho desenvolvido até aqui, trazendo temas e palestrantes capazes de contribuir para a melhoria dos processos relacionados ao planejamento e à gestão, a quarta edição do Congresso inovou ao promover “Mostra de Projetos do Ministério Público”. Pela primeira vez, as unidades puderam apresentar suas iniciativas de sucesso. Agora, devidamente registrados e compartilhados, os projetos poderão ser adaptados e replicados em todo o Brasil, contribuindo para colocar em prática, com efetividade, o que foi planejado e discutido. As páginas a seguir trazem a memória do Congresso e o pensamento dos estudiosos convidados a colaborar, por meio do debate e da reflexão, com a gestão no MP. Esperamos que a leitura traga a todos boas ideias para levar adiante as tarefas de aprimorar o Ministério Público e garantir resultados cada vez mais efetivos para a sociedade brasileira. Cordialmente, Cláudio Henrique Portela do Rego Conselheiro e Presidente da Comissão de Planejamento Estratégico do Conselho Nacional do Ministério Público Blal Yassine Dalloul Secretário-Geral do Conselho Nacional do Ministério Público REVISTA_FINAL.indb 3 20/03/2014 16:47:41 O FUTURO DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS NO SETOR PÚBLICO GESTÃO DE STAKEHOLDERS: COMO LIDAR COM AS “PARTES INTERESSADAS” GESTÃO POR COMPETÊNCIAS CRIATIVIDADE E INOVAÇÕES 07 16 21 26 REVISTA_FINAL.indb 4 20/03/2014 16:47:44 SEGURANÇA PARA QUÊ? 30 38 42 49 56 SCRUM: GERENCIANDO O DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE DE MANEIRA ÁGIL NEGOCIAÇÃO E GESTÃO DE CONFLITOS GESTÃO ESTRATÉGICA DO FACEBOOK GESTÃO DE RISCO DE SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO REVISTA_FINAL.indb 5 20/03/2014 16:47:47 Conselheiros Rodrigo Janot Monteiro de Barros (Presidente) Alessandro Tramujas Assad (Corregedor Nacional) Luiz Moreira Gomes Júnior Jeferson Luiz Pereira Coelho Jarbas Soares Júnior Antônio Pereira Duarte Marcelo Ferra de Carvalho Cláudio Henrique Portela do Rego Alexandre Berzosa Saliba Esdras Dantas de Souza Leonardo de Farias Duarte Walter de Agra Júnior Leonardo Henrique de Cavalcante Carvalho Fábio George Cruz da Nóbrega Secretaria-Geral: Secretário-Geral: Blal Yassine Dalloul Secretário-Geral Adjunto: Wilson Rocha de Almeida Neto Secretários Roberto Fuina Versiani (Secretário Executivo) Paulo Rogério Lins Ribeiro (Auditor Interno) Humberto Costa (Secretário de Administração) Cristiana Zappalá Porcaro Duran (Coodernadora de Gestão de Pessoas) Cristiano Rocha Heckert (Secretário de Gestão Estratégica) Daniela Nunes Faria (Secretária Processual) Gustavo Almeida (Secretário de Tecnologia da Informação) Juliana Carvalho Garcia (Assessora de Comunicação Social e Cerimonial) Taíssa Couto Rosa Dagher (Secretária de Planejamento Orçamentário) Projeto Gráfico, revisão e diagramação Gráfica e Editora Movimento Setor Hoteleiro Sul, Quadra 01, Loja 42 - Galeria do Hotel Nacional - Asa Sul Tel.: 61 3248-2771 Supervisão Editorial Assessoria de Comunicação e Cerimonial do CNMP Publicação Anual Tiragem: 1.000 Exemplares Conselho Nacional do Ministério Público Revista do 4º Congresso Brasileiro de Gestão do Ministério Público: Gerenciamento de Projetos / Conselho Nacional do Ministério Público – Brasília : CNMP, 2014. Nº 4. 60 p. il. 1. Ministério Público. 2. Revista. I. Brasil. Conselho Nacional do Ministério Público. Biblioteca/CNMP CDU – 658 ISSN 2317-5397 Edi to r i a l REVISTA_FINAL.indb 6 20/03/2014 16:47:47 7 O FUTURO DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS NO SETOR PÚBLICO por Harold Kerzner* Como fatores fundamentais para o futuro bem-sucedido de projetos, destacam-se duas tendências em gestão, em alguns casos já realidade, que devem ser observadas pela organização: - a verificação da integridade dos projetos; - a necessidade de governança. Verificação da integridade de projetos Alguns gerentes de projeto têm uma fixação incrível com métricas e números de projetos, acreditando que as métricas são o Santo Graal no estado determinante. A maioria dos projetos parecem se concentrar em apenas duas métricas: tempo e custo. Estas são as principais métricas em todos os sistemas de medição de valor agregado (EVMS). Embora essas duas métricas “possam” fornecer uma representação razoável de onde você está hoje e realizar previsões para o futuro, ainda existem áreas “cinza” onde elas não permitem indicar problemas futuros que poderiam impedir a conclusão bem-sucedida e oportuna do projeto. Na outra ponta do espectro, temos gestores que não têm fé nas métricas e, portanto, incidem sobre a visão, a estratégia, a liderança e as previsões. Os projetos parecem progredir rapidamente até que estejam cerca de 60-70% completos. Durante esse tempo, todo mundo aplaude o trabalho que está progredindo conforme planejado. Então, às vezes, sem qualquer aviso, a verdade vem à tona e descobrimos que o projeto está em apuros. Isso ocorre porque: ◊ há descrença no valor do uso de métri- cas do projeto; ◊ há seleção das métricas erradas; ◊ nosso medo do que as verificações de integridade do projeto podem revelar. REVISTA_FINAL.indb 7 20/03/2014 16:47:48 8 “Ao invés de confiar apenas nas métricas, a solução mais simples poderia ser a de realizar exames de saúde periódicos sobre o projeto. ” Ao fazer isso, três questões críticas devem ser abordadas: ◊ Quem vai realizar o exame de saúde? ◊ Será que os entrevistados serão honestos em suas respostas? ◊ Como a gestão e os interessados irão reagir com a verdade? O surgimento de problemas até então desconhecidos ou ocultos pode levar à perda de emprego, rebaixamentos, ou cancelamento do projeto. No entanto, exames de saúde de projetos oferecem uma maior oportunidade para a ação corretiva mais cedo para salvar um projeto potencialmente falhando. Os exames de saúde também podem descobrir oportunidades futuras. Entendendo os exames de saúde As pessoas tendem a usar auditorias e exa- mes de saúde como sinônimos. Ambos são projetados para garantir resultados periódicos e bem-sucedidos em projetos, e ambos devem ser executados em projetos que pareçam estar se encaminhando para um resultado de sucesso, bem como naqueles que pareçam destinados ao fracasso. Há lições aprendidas e melhores práticas que podem ser descobertas a partir de sucessos e fracassos. Além disso, uma análise detalhada de um projeto que parece ser bem sucedido no momento pode ir além das ques- tões superficiais e mostrar que o projeto está em apuros. A Tabela 1 mostra algumas das diferenças entre auditorias e exames de saúde. Embora al- gumas das diferenças possam ser sutis,vamos focar a nossa atenção nos exames de saúde. VARIÁVEL AUDITORIA EXAMES DE SAÚDE Foco No presente. No futuro. Intenção Observância. Efetividade na execução e nas entregas. Tempo Geralmente agendado e infrequente. Geralmente não agendado e quando necessário. Itens de pesquisa Melhores práticas. Problemas escondidos possivelmente destrutivos e possíveis soluções. Entrevistador Normalmente alguém interno. Consultor externo. Como a entrevista é conduzida Com o time inteiro. Sessões um a um. Período de tempo Curto prazo. Longo prazo. Profundidade da análise Resumida. Revisão forense. Tabela 1: Auditorias, Exames de Saúde REVISTA_FINAL.indb 8 20/03/2014 16:47:49 9 Durante uma reunião da equipe, o gerente de projeto pergunta: “Como está o progresso do trabalho?” A resposta é: “Bem razoável. Nós estamos apenas um pouco acima do orça- mento e um pouco atrasados, mas achamos que podemos resolver os problemas usando recur- sos com salários mais baixos para o próximo mês e trabalhando horas extras. De acordo com a nossa metodologia de gerenciamento de pro- jetos, nosso custo desfavorável e as variações do cronograma ainda estão dentro dos limites e a geração de um relatório de exceção para a gestão não é necessária. O cliente deve estar satisfeito com os resultados até agora”. Estes comentários são representações de uma equipe de projeto que não conseguiu reconhecer o verdadeiro status do projeto, porque estão muito envolvidos nas atividades diárias do projeto. Da mesma forma, temos os gerentes de projetos, patrocinadores e executivos que são apanhados em suas próprias atividades diárias e prontamente aceitam esses comentários com fé cega, deixando de ver o quadro geral. Se uma auditoria for realizada, a conclusão pode ser a mesma, ou seja, que o projeto tem sucesso seguindo a metodologia de gerenciamento de projetos da empresa e que as métricas de tempo e custo estão dentro dos limites aceitáveis. A verificação da saúde do projeto, por outro lado, pode revelar a gravidade dos problemas. Os exames de saúde devem, portanto, ser focados em valor. Auditorias, por outro lado, geralmente não incidem sobre o valor. O controle da saúde pode funcionar como uma ferramenta a ser utilizada de forma aleató- ria, quando necessário ou periodicamente du- rante várias fases do ciclo de vida. No entanto, existem circunstâncias específicas que indicam que um exame de saúde deve ser realizado ra- pidamente. Estas incluem: ◊ significativo aumento do escopo; ◊ custos crescentes, acompanhados por uma deterioração no valor e nos benefícios; ◊ atrasos no cronograma que não podem ser corrigidos; ◊ prazos não cumpridos; ◊ moral da equipe baixa acompanhada por mudanças no pessoal-chave do projeto. Os exames de saúde periódicos, se feitos corretamente, eliminam a ambiguidade de tal forma que o estado verdadeiro pode ser deter- minado. Os benefícios dos exames de saúde incluem: ◊ determinação do status atual do projeto; ◊ identificação dos problemas cedo o su- ficiente tal que exista tempo suficiente para a ação corretiva a ser tomada; ◊ identificação dos fatores críticos de su- cesso que irão apoiar um resultado de sucesso ou os problemas críticos que podem impedir a entrega bem-sucedi- da; ◊ identificação das lições aprendidas, melhores práticas e fatores críticos de sucesso que podem ser utilizados em projetos futuros; ◊ avaliação da conformidade para me- lhorias na metodologia de gerencia- mento de projetos corporativos; ◊ identificação das atividades que exigem ou se beneficiam de recursos adicionais; ◊ identificação dos riscos presentes e futuros, bem como possíveis estratégias de mitigação de risco; ◊ determinação dos benefícios e o valor serão alcançados na conclusão; ◊ determinação da necessidade da euta- násia; ◊ o desenvolvimento ou recomendação de correção no planejamento. Há equívocos sobre as verificações de inte- gridade do projeto. Alguns deles são: ◊ a pessoa que faz o exame de saúde não entende o projeto ou a cultura corpora- tiva, desperdiçando tempo; ◊ o exame de saúde é muito caro para o valor que irá receber por realizá-lo; ◊ verificar a saúde amarra recursos críti- cos em entrevistas; ◊ no momento em que tivermos os resultados do exame de saúde, ou é tarde demais para fazer mudanças ou a natureza do projeto pode ter sido alterada. Quem executa as verificações de saúde? Um dos desafios que as empresas enfren- tam é saber se o exame de saúde deve ser rea- lizado por equipes internas ou por consultores externos. O risco com o uso de pessoal interno é que eles podem ter lealdades ou relaciona- mentos com pessoas da equipe do projeto e, portanto, não serem totalmente honestos em determinar o verdadeiro estado do projeto ou da decisão de quem foi responsável. Usar consultores ou facilitadores externos muitas vezes é a melhor escolha. Facilitadores externos podem trazer à tona: ◊ a multiplicidade de formas, diretrizes, modelos e listas de verificação utilizadas em outras empresas e projetos similares; ◊ a promessa de imparcialidade e de confidencialidade; ◊ foco apenas nos fatos e livre da política; ◊ um ambiente onde as pessoas podem falar livremente e desabafar seus sen- timentos pessoais; ◊ um ambiente que está relativamente li- vre de outros problemas do dia a dia. “ Só porque um projeto está no tempo e / ou dentro do orçamento alocado isso não garante seu sucesso. O resultado pode ser um produto final de tão baixa qualidade que é inaceitável para o consumidor. Além de tempo e custo, a saúde do projeto tem foco na qualidade, em recursos, benefícios e requisitos, apenas para citar alguns. A verdadeira medida do sucesso futuro do projeto é o valor que os clientes veem em sua conclusão.” REVISTA_FINAL.indb 9 20/03/2014 16:47:49 10 Fases do ciclo de vida Existem três fases do ciclo de vida de proje- to para exames de saúde. Estes incluem: ◊ revisão do caso de negócio e a história do projeto; ◊ pesquisa e descoberta dos fatos; ◊ elaboração do relatório de verificação de saúde. Rever o plano de negócios e a história do projeto pode exigir que o líder do exame de saúde tenha acesso ao conhecimento de propriedade da organização e às informações financeiras. O líder pode ter que assinar acordos de não divulgação e também cláusulas de não concorrência, antes de ser autorizado a realizar a verificação de saúde. Na fase de investigação e descoberta, o líder prepara uma lista de perguntas que precisam ser respondidas. A lista pode ser preparada a partir de áreas de domínio ou áreas de conhecimento do Guia PMBOK®. As perguntas também podem vir a partir do repositório de conhecimento na empresa de consultoria e podem aparecer na forma de modelos, diretrizes, listas ou formulários. As perguntas podem mudar de projeto para projeto e de organização para organização. Algumas das áreas críticas que devem ser investigadas incluem: ◊ desempenho em relação às linhas de base; ◊ capacidade de cumprir as previsões; ◊ benefícios e análises de valor; ◊ governança; ◊ envolvimento dos interesses; ◊ mitigação de risco; ◊ planejamento de contingência. “ Se o exame de saúde requer entrevistas individuais, o líder do exame de saúde deve ser capaz de extrair a verdade dos entrevistados que têm diferentes interpretações ou conclusões sobre o status do projeto.” Algumas pessoas vão dizer a verdade, en- quanto outros vão dizer ou o que eles acreditam que o entrevistador quer ouvir ou distorcer a verdade como um meio de autoproteção. A fase final é a elaboração do relatório. Isto deve incluir: ◊ uma lista de questões; ◊ análises de causa raiz, possivelmente incluindo a identificação de indivíduos que criaram os problemas; ◊ análise de gap; ◊ oportunidades para a ação corretiva; ◊ melhorias ou correçõesno planejamen- to. A necessidade de governança ◊ a competição global tem forçado as empresas a aceitar projetos de clientes que estão em níveis diferentes de maturidade em gerenciamento de projetos e com diferentes requisitos de informação. Essas pressões tendem a desacelerar os processos de tomada de decisão ao mesmo tempo em que os interessados querem os projetos e processos acelerados. Uma pessoa, enquanto age como patrocinador do projeto, pode não ter tempo nem capacidade para resolver todos esses problemas adicionais. A menos que exista uma boa governança no projeto, o resultado será uma desaceleração. A desaceleração ocorre porque: ◊ pode esperar-se que o gerente de proje- to tome decisões em áreas onde ele tem um conhecimento limitado; ◊ o gerente de projeto pode hesitar em aceitar a plena responsabilidade e pro- priedade sobre o projeto; ◊ camadas excessivas de gestão para elaboração de relatórios e tomada de decisão são sobrepostas no topo da estrutura organizacional do projeto; ◊ a gestão de risco está sendo empurrada até níveis mais elevados na hierarquia organizacional para pessoas com conhecimentos limitados no tema, resultando em decisões atrasadas e estratégias de mitigação possivelmente defeituosas; ◊ o gerente de projeto pode demonstrar capacidade de liderança questionável em alguns dos projetos não tradicio- nais ou complexos. Os problemas resultantes dessas pressões não podem ser resolvidos facilmente e em tempo hábil, com apenas uma pessoa traba- lhando como patrocinadora do projeto. Estes problemas são mais propensos a serem resolvi- dos usando uma governança de projetos eficaz. “ Todos os projetos têm o potencial de se meter em encrencas. Mas, em geral, o gerenciamento de projetos pode trabalhar bem, desde que os requisitos do projeto não imponham uma forte pressão sobre o gerente do projeto e exista um patrocinador do projeto para auxiliar o gerente de projeto quando problemas aparecerem. ” No ambiente caótico de hoje, a pressão im- posta sobre projetos parece estar aumentando porque: ◊ as empresas estão aceitando maiores riscos e projetos altamente complexos como uma necessidade para a sobrevi- vência; ◊ os clientes estão exigindo um baixo volume de produtos de alta qualidade com certo grau de personalização; ◊ o ciclo de vida do projeto e o tempo de desenvolvimento de novos produtos estão sendo comprimidos; ◊ fatores ambientais da empresa estão tendo um impacto maior sobre a execu- ção do projeto; ◊ os clientes e as partes interessadas que- rem participar mais ativamente na exe- cução de projetos; ◊ as empresas estão desenvolvendo parcerias estratégicas com fornecedores e cada fornecedor pode estar em um nível diferente de maturidade de gerenciamento de projetos; Definição de governança em projetos A governança em projetos é um quadro pelo qual as decisões de projeto são tomadas. Governança diz respeito a decisões que definem as expectativas, a responsabilidade, a obrigação, a concessão de poder ou de verificação de desempenho. REVISTA_FINAL.indb 10 20/03/2014 16:47:50 11 “ As pessoas que participam da governança corporativa po- dem ser totalmente diferentes daquelas que participam da governança do projeto, e os papéis, responsabilidades e direitos de tomada de decisão podem ser diferentes tam- bém.” A governança em projetos e programas às vezes falha porque as pessoas confundem go- vernança do projeto com governança corpora- tiva. O resultado é que os membros dos comi- tês não têm certeza do que seu papel deveria ser. Algumas das diferenças mais importantes incluem: ◊ alinhamento: a governança corpora- tiva concentra-se sobre a forma como a carteira de projetos está alinhada e satisfaz os objetivos globais de negó- cios. A governança se concentra em maneiras de manter o projeto em andamento e verificar que o valor será criado na conclusão do projeto; ◊ direção: a governança corporativa pro- porciona direcionamento estratégico com foco em como o sucesso do projeto irá satisfazer os objetivos corporativos. A governança do projeto é a direção mais operacional com decisões base- adas em parâmetros pré-definidos no que diz respeito ao escopo do projeto, tempo, custo e funcionalidade; ◊ dashboards: painéis de governança corporativa baseiam-se em métricas financeiras, de marketing e de vendas. Os painéis baseados em métricas de projeto têm operações de tempo, custo, escopo, qualidade, itens de ação riscos e resultados; ◊ composição: a governança corporativa é composta pelos níveis mais seniores de gestão. A governança de projeto pode incluir alguns indivíduos de média gerência. Outro fator que pode levar ao fracasso de projetos e programas ocorre quando os mem- bros do projeto ou grupo de governança não entendem a diferença entre projeto e programa. Isso pode levar a microgestão não desejada pelo comitê de governança. Algumas pessoas acreditam que os projetos agregam valor, en- quanto que os programas criam ativos. Outra diferença mais aplicável a projetos é que a go- vernança do projeto pode ser de curta duração. Papéis, responsabilidades e poder de decisão Governança em projetos é a estrutura de gerenciamento de projetos na qual as decisões são tomadas. A governança é um elemento fundamental de qualquer projeto, enquanto as responsabilidades e as obrigações associadas às atividades “business-as-usual” de uma organização são estabelecidas em seus arranjos de governança corporativa. Raramente um quadro equivalente existe para governar o desenvolvimento de seus investimentos de capital (ou seja, projetos). Por exemplo, o organograma fornece uma boa indicação de quem na organização é responsável por qualquer atividade operacional que, nomeadamente, a organização realiza. Mas, a menos que uma organização tenha desenvolvido especificamente uma política de governança para projetos, é improvável que exista tal gráfico para o desenvolvimento de projetos. Portanto, o papel da governança do projeto é fornecer uma estrutura de tomada de decisão lógica, robusta e reproduzível para governar os investimentos de capital de uma organização. Desta forma, a organização terá uma abordagem estruturada para a realização de suas atividades tanto de negócios como de projetos. “ Governança diz respeito à gestão consistente, políticas coesas, processos e direitos de tomada de decisão para uma determinada área de res- ponsabilidade. ” A governança permite ocorrer uma decisão eficiente e eficaz, mantendo o valor esperado com o resultado do projeto. Portanto, os grupos de governança devem compreender os benefícios do projeto, o valor de negócio esperado, o ajuste estratégico e a probabilidade de sucesso. Os livros de gerenciamento de projetos afirmam que os gerentes são os únicos que têm responsabilidade de produzir os bens ou produtos do projeto. A responsabilidade é ge- ralmente definida como a obrigação e a autori- dade proporcional. No entanto, existem graus de autoridade e responsabilidade. Os gerentes de projetos têm quase sempre de compartilhar algum grau de autoridade e responsabilidade com os responsáveis pela governança, e o grau de compartilhamento deve ser claramente defi- nido no início, ainda que possa estar sujeito a alterações ao longo do projeto. Cada projeto pode ter uma governança diferente, mesmo que utilize a mesma metodologia de gerenciamento de projetos cor- porativos. A função da governança pode operar como um processo separado ou como parte da liderança em gestão de projetos. A governança não é necessariamente concebida para substi- tuir a tomada de decisão no projeto, mas para evitar que decisões indesejáveis ocorram. Projeto versus governança corporativa Governança em projetos não é o mesmo que governança corporativa.A governança corporativa consiste no conjunto de proces- sos, costumes, políticas, leis e instituições que afetam a maneira como as pessoas dirigem, administram ou controlam uma corporação. A governança corporativa também inclui as relações entre os muitos jogadores envolvi- dos (isto é, os stakeholders) e do alinhamento dos resultados aos objetivos corporativos. Os principais jogadores incluem os acionistas, administradores e o Conselho de Administra- ção. Outras partes interessadas incluem funcio- nários, fornecedores, clientes, bancos e outros credores, reguladores, o meio ambiente e a comunidade em geral. REVISTA_FINAL.indb 11 20/03/2014 16:47:51 12 GOVERNANÇA - De�ne resultados �nais esperados - De�ne entregas intermediárias - De�ne objetivos estratégicos - De�ne limites de �nanciamento - De�ne o envolvimento executivo - Desenvolve planos táticos - Determina as necessidades de recursos - Avalia a disponibilidade de recursos - Avalia o planejamento da capacidade - Estabelece as linhas de base - Avalia os riscos de implementação - Identi�ca as métricas/KPIs - Controla o aumento do escopo GER. PROJETO © 2012 International Institute for Learning, Inc. Entendendo as Responsabilidades Quadro 1: Diferenças de Responsabilidades © 2012 International Institute for Learning, Inc. - Prepara linhas de base - Mantém linhas de base - Negocia recursos - Mitigação “limitada” de riscos GER. PROJETOGOVERNANÇA - Decisões de planejamento estratégico - Altera os objetivos de negócio - Aprova alterações de escopo - De�ne o tempo de avaliação da saúde dos projetos - Cancela projetos Entendendo a Autoridade na Tomada de Decisão Quadro 2: Diferenças no Poder de Decisão Há sempre a questão de quais decisões devem ser tomadas pelo comitê de governança e quais as decisões que o gerente de projeto pode tomar por si só. Papéis e responsabilidades ambíguos ou sobrepostos levarão ao caos. Em geral, o gerente de projeto deve ter a autoridade para tomar decisões relacionadas às ações necessárias para manter as linhas de base. Os comitês de governança devem ter a autoridade para aprovar mudanças no escopo acima de um determinado valor monetário e de tomar decisões necessárias para alinhar o projeto com os objetivos e a estratégia empresarial. Os quadros 1 e 2 ilustram algumas das possíveis diferenças nas atividades realizadas pelo gerente do projeto e pelos grupos de governança. REVISTA_FINAL.indb 12 20/03/2014 16:47:51 13 Estruturas de governança Estrutura Organizacional do Projeto Descrição Abordagem de Governança Localmente dispersa Os membros da equipe podem tra- balhar em tempo integral ou parcial. Eles ainda estão presos administrati- vamente a sua área funcional, embo- ra a estrutura de matriz exista. Normalmente, uma única pessoa está agindo como patrocinadora, mas pode haver um comitê interno, dependendo da complexidade do projeto. Geograficamente dispersa Esta é uma equipe virtual. O gerente de projeto pode nunca ver alguns dos membros da equipe. Os membros da equipe podem trabalhar em tempo in- tegral parcial. Normalmente, há governança por co- mitê e pode incluir adesão das partes interessadas. Localizada Todos os membros da equipe estão fi- sicamente localizados em estreita pro- ximidade com o gerente do projeto. O gerente de projeto não tem qual- quer responsabilidade pela adminis- tração e pelos salários. Normalmente, uma única pessoa age como patrocinadora. Projetizada Isto é semelhante a uma equipe “co-localizada”, mas o gerente de projeto geralmente funciona como um gerente de linha e pode ter responsabilidade sobre salários e administrativas. Pode ser por um comitê de governança com base no tamanho do projeto e o número de parceiros estratégicos. Quadro 3: Abordagens de governança do projeto Historicamente, a governança tem sido realizada por um único patrocinador do projeto. Isso foi particularmente verdadeiro para projetos internos, especialmente aqueles que não eram muito complexos. Hoje, a governança é fornecida por uma comissão, que pode incluir representantes da organização de cada um dos interessados, independentemente se o projeto é para um cliente interno ou externo à empresa. O quadro 3 mostra várias abordagens de governança baseadas no tipo de estrutura or- ganizacional do projeto. Os membros de cada comitê de governança podem mudar de projeto para projeto e de indústria para indústria. A adesão também pode variar de acordo com o número de interessados e se o projeto é para um cliente interno ou externo. Em pro- jetos de longo prazo, a adesão pode mudar ao longo do projeto. Para projetos externos à empresa, o número de comitês de governança pode ser significativo. Isso é mostrado no Quadro 4. A hierarquia dos comitês pode ser diferente para cada projeto. Também pode haver conflitos significativos e questões políticas entre os membros de vários grupos de governança sobre o valor do projeto, as mudanças de escopo, custos e outros tais argumentos. A obtenção do acordo entre os membros dos comitês é difícil de conseguir, já que cada membro pode ter uma agenda e interesse escondido. Nem todos os membros podem querer ver o sucesso do projeto. REVISTA_FINAL.indb 13 20/03/2014 16:47:51 14 Quadro 4: Estrutura Típica de Governança de Projetos Os três pilares da governança Os três pilares da governança em projetos incluem: ◊ estrutura organizacional; ◊ pessoas; ◊ informação. A estrutura refere-se ao comitê de gover- nança. Isso pode incluir várias comissões com diferentes graus de responsabilidade e auto- ridade. Os direitos de tomada de decisão de todos esses comitês e como eles se relacio- nam devem ser estabelecidos na política e na documentação processual. Desta forma, a governança do projeto pode ser integrada dentro da arena de gover- nança mais ampla. A eficácia da estrutura das comissões depende das pessoas que povoam os vários comitês de governança. Os membros do comitê são determinados pela natureza do projeto. Outros fatores entram em jogo quando da determinação à adesão dos vários papéis organizacionais, que por sua vez determina quais funções devem ser representadas na comissão. O último pilar diz respeito à informação que deve ser passada aos tomadores de deci- são, e que consiste de relatórios periódicos sobre o projeto, bem como os problemas e riscos que foram escalados pelo gerente do projeto. A informação também inclui alguns documentos-chave que descrevem o projeto, como o caso de negócio. Nem todas as informações apresentadas a esses comitês estão sob a forma de documen- tos. Para eliminar o alto custo da papelada, as empresas estão desenvolvendo sistemas de relatórios em painel, e pode haver um painel diferente para cada um dos membros de cada comitê com base em suas necessidades de in- formação. Falhas na governança As falhas de governança podem levar a falhas de projeto. Algumas causas comuns de falhas de governança incluem: ◊ não haver nenhuma propriedade cla- ramente definida para o projeto; ◊ a equipe de governança não concor- dar com os objetivos do projeto; ◊ o caso de negócio para o projeto ser inexistente ou mal definido; ◊ a equipe de governança ser muito grande ou muito pequena para o pro- jeto; ◊ não haver uma responsabilidade clara pelo sucesso do projeto, que assim, retarda o processo de tomada de decisão; ◊ os papéis e responsabilidades dos membros do conselho não estarem claramente definidos; ◊ os comitês de governança limitarem a autoridade de tomada de decisão da equipe do projeto, alongando assim o ciclo de vida do projeto; ◊ a composição da equipe de governan- ça mudarem continuamente; ◊ a equipe de governança realizar inclu- sões ao escopo, prolongando, assim, o ciclo de vida do projeto; ◊ terem membros da equipe de gover- nança têm pouco conhecimento em gerenciamento de risco;◊ a equipe de governança não receber informações corretas sobre a qual basear a sua decisão; ◊ a equipe de governança receber as informações corretas, mas faltar-lhes processo de tomada de decisão eficaz; ◊ os membros da equipe de governança permitirem que a política influencie suas decisões, tais como o tempo para anúncios públicos ou como o projeto vai impactar sua comunidade; ◊ ninguém tentar validar se a equipe do projeto pode realizar o que o conselho de governança requer; REVISTA_FINAL.indb 14 20/03/2014 16:47:51 15 ◊ os membros da equipe de governança não entenderem as diferenças entre governança de projeto e governança organizacional, concentrando-se, portanto, em vez de tomada de decisão em série, na tomada de decisão hierárquica; ◊ deixar de perceber que a eficácia da equipe de governança está diretamente relacionada com as relações das partes interessadas na eficácia da gestão; ◊ incapacidade dos membros do conselho de trabalhar em conjunto. Conclusões Os exames de saúde do projeto não são o “Big Brother”. Pelo contrário, é parte da supervisão do projeto. Sem eles, as chances de fracasso do projeto são significativamente aumentadas. A verificação da saúde do projeto também nos fornece uma visão sobre como manter os riscos sob controle. “ Realizar exames de saúde e tomar medidas corretivas precocemente é certamente melhor do que ter que gerenciar um projeto problemático. ” A governança em projetos é uma necessidade no ambiente de negócios de hoje. A governança efetiva proporciona à organização executora do projeto um mecanismo pelo qual os direitos e interesses das partes interessadas sejam atendidos. A governança é necessária para a entrega bem-sucedida de valor de negócio em projetos. *Harold Kerzner é Diretor Executivo do International Institute for Learning e especialista com reconhecimento mundial em geren ciamento de projetos, programas e portifólio, gerenciamento da qualidade e planejamento estratégico. REVISTA_FINAL.indb 15 20/03/2014 16:47:51 16 Gestão de Stakeholders: Como Lidar com as “Partes Interessadas” por Paul Dinsmore* Tudo na organização depende da gestão dos stakeholders (traduzido como “partes interessadas”). São eles que compram, vendem, aprovam, financiam, questionam, bloqueiam, facilitam, planejam, executam, controlam; em fim, os stakeholders influenciam e são influenciados por tudo que acontece na organização. De forma simplificada os stakeholders compreendem todos os envolvidos num processo, que pode ser de caráter temporário (projetos) ou duradouro (negócio de uma empresa ou a missão de uma organização.) O cenário no qual a organização é inserido consiste de um mundo de stakeholders que ora favorece, ora atrapalha o destino da organização. O exemplo clássico de gestão de stakeholders bem-sucedida foi o “Evento do Século XX”: o lançamento do homem à Lua, que tinham várias partes interessadas, incluindo o presidente dos EUA, o Congresso, os russos, a imprensa, a Nasa e, é claro, os astronautas. Todas estas partes tinham a ganhar ou perder, com o sucesso ou insucesso do empreendimento. O feito, que naquela época foi considerado praticamente impossível, aconteceu com sucesso total, em boa parte, devido à boa gestão dos stakeholders. Em toda situação onde há interação huma- na, as partes interessadas têm suas opiniões e preferências, e, consequentemente, precisam ser administradas. Num contexto empresa- rial, envolvendo expansão de uma fábrica, por REVISTA_FINAL.indb 16 20/03/2014 16:47:53 17 exemplo, as partes interessadas seriam: o dire- tor financeiro, o diretor industrial, o gerente do projeto, a equipe do projeto, os investidores, fornecedores e as empresas contratadas. Num ambiente governamental, as partes interessadas incluem autarquias, cidadãos, ministérios, servidores, outros órgãos, diretores, gestores e profissionais. De certa forma, a função de governo, seja federal, estadual, ou municipal se resume em: fazer a gestão de stakeholders! A sociedade como um todo, é composta de inúmeros stakeholders, e a função de governo é zelar pelo bem estar de todos. As ações, ou falta de ação, por parte de componentes do governo, têm implicações com diversas partes interessadas da sociedade. Uma mudança na política monetária afeta o povo, as empresas e até outros governos. A regulamentação de uma lei afeta quem aplica a lei e quem é sujeito à lei. “ Se gestão de stakeholders é importante em situações específicas no mundo empresarial, o assunto é ainda mais relevante no ambiente governamental. Afinal, a essência da função de governo é fazer a gestão de todas as partes interessadas da sociedade! ” Equipe Indivíduo Organização Extra Organização Figura 1: Visão Ampla de Stakeholders O conceito de stakeholders abrange desde a própria autogestão até a gestão de equipes e colegas, além de relacionamentos outros na or- ganização e públicos externos que podem ser impactados por ações ou omissões (Figura 1). “Há quem diga que o stakeholder mais importante é a pessoa que visa influenciar os demais stakeholders. ” Para perceber e influenciar outras pessoas ou entidades, é preciso haver em primeiro lu- gar, autoconhecimento. Vale portanto o preten- dente em stakeholder management, aproveitar cursos e outras oportunidades para aprimorar sua visão de si próprio, assim aumentando a clareza de sua visão dos outros. Stakeholders Externos à organização Uma organização é um organismo vivo cercado por outros organismos vivos, que in- fluenciam o destino da organização. Logo, os demais organizamos vivos são stakeholders externos da organização em questão. Estas partes interessadas externas à organização incluem: associações de classe, sindica- tos, ativistas, concorrentes, fornecedores, imprensa, entidades governamentais, acionistas, investidores, clientes, comunidades locais, sindicatos e agentes financeiros. Todos podem exercer influências positivas, negativas ou se manter neutras. “ O bom relacionamento e a boa gestão dos stakeholders garante um clima de eficácia e tranquilidade no ambiente oganizacional. Por outro lado, a gestão infeliz de apenas uma ou duas partes interessadas pode colocar em risco as me- tas da organização.” No início do Século XXI, houve um au- mento considerável no nível dos exigências por parte dos stakeholders externos. Como exem- plo, a gigante Walmart, vinha ocupando a posi- ção numero um na lista Fortune das empresas mundiais de varejo. A Walmart comercializa artigos dos mais variados, desde comestíveis, roupas e produtos de higiene pessoal, até fer- ramentas, material de construção e de jardina- gem. A empresa se orgulha dos seus valores do fundador Sam Walton: “respeito para o in- dividuo, bom serviço ao cliente, e a busca da excelência.” Em função da sua enorme presença e visibilidade perante ao público, a Walmart passou a ser alvo de grupos ativistas de consumidores. Havia críticas severas voltada as práticas da empresa em relação a remuneração dos funcionários, uso de mão de obra ilegal, e formas de discriminação. O índice de satisfação de consumidores medido pela Universidade de Michigan (American | Costumer | Satisfaction) em 2004 mostrou Walmart em posição baixa na escala. Na ocasião, havia pouca ênfase na organização em relações públicas voltadas à defesa da reputação da empresa. Em 2005, Walmart contratou grandes empresas de relações públicas para arquitetar um movimento para combater o noticiário negativo, e, ao mesmo tempo, criar um programa visando criar uma imagem mais simpática junto ao consumidor. Este programa foi lançado sob a bandeira de sustentabilidade e englobava iniciativas que incluem, além de melhorias na comunicação interna, aspectos de meio ambiente, saúde, oportunidade econômica e qualidade de vida dos stakeholders da empresa. A influência destemovimento atingiu as operações internacionais, inclusive a Walmart do Brasil, que abraçou a causa, conforme registrado nos seus Relatórios Anuais de Sustentabilidade. Como resultado, a Walmart tomou ações e passou a assumir uma postura pró-ativa em relação ao tema, e conseguiu projetar uma imagem de maior responsabilidade social, mitigando críticas muitas vezes infundadas sobre suas políticas. Stakeholders Internos Vimos que a influência dos stakeholders externos é enorme. Por outro lado, o sucesso da organização tem dependência igualmente forte na gestão dos stakeholders internos. Estes são os que impulsionam a organização em direção às suas metas, que cuidam dos aspectos estra- tégicos, táticos e operacionais. Membros de equipe e pares hierárquicos Na prática, como se faz para liderar os colegas de equipe e os do mesmo nível hierárquico? Quais as técnicas para estimulá- los a serem colaborativos com você e com sua área de atuação? Eis alguns pontos e perguntas de avaliação para melhorar sua interação com sua equipe e com seus pares hierárquicos: 1. Checar o relacionamento pessoal. Avaliar seu relacionamento com o outro. Se existe REVISTA_FINAL.indb 17 20/03/2014 16:47:54 18 empatia, como promover maior integração? Caso haja sinais de antipatia, explorar como eliminar as arestas; 2. Verificar as afinidades profissionais. Iden- tificar assuntos em que há complementaridade de interesses. Transformar eventual competição em colaboração. (Por exemplo: formar grupos de trabalho, colaborar em “papers” profissio- nais); 3. Averiguar os canais de comunicação. Le- vantar os canais de comunicação normalmente usados com o outro. Quais os canais pouco uti- lizados (que poderiam ser mais)? Por exemplo: documentos formais, telefone, literatura, conversas tête-à-tête, vias indiretas, con- versas informais e comunicações virtu- ais; 4. Tomar a iniciativa. Identificar as áreas de interfaceamento entre sua fun- ção e a dos colegas. Quais as áreas que não estão sendo trabalhadas e que preci- sam de atenção? Proponha ação, tome a iniciativa; 5. Demonstrar apoio. Mostrar através de atitudes e ações que você reconhece a importância da função da outra parte. Identificar medidas que você pode tomar para facilitar o trabalho do outro sem prejudicar suas próprias atividades; 6. Administrar áreas divergentes. Re- conhecer que a super-otimização de sua área poderá prejudicar outras áreas, por excesso de exigência. Identificar interfaces e entrar em entendimento com o outro quanto a metodolo- gias, prioridades, alocação de recursos e crono- logia. “ Como jogadores de futebol, os pares hierárquicos nas organizações ocupam posições que se complementam. Para o time (ou organização) vencer, cada pessoa deve interagir como membro da equipe. Esta consciência coletiva é que diferencia as empresas vencedoras daquelas que simplesmente sobrevivem. ” Na organização, como no futebol, os colaboradores, apesar de terem características e funções diferentes, só atingem os objetivos maiores propostos quando há colaboração entre os stakeholders. Para visualizar as vantagens e desvantagens de gerenciar melhor seus pares hierárquicos e membros da equipe, vale analisar os pontos convergentes e divergentes entre suas áreas de atuação. Por exemplo, eis os pontos de conver- gência: ◊ objetivos globais da organização em co- mum (missão, visão e valores); ◊ quanto mais crescimento, mais oportu- nidades para todos; ◊ programas de treinamento e integração (desenvolvimento gerencial e humano). Os pontos convergentes espelham os fatores que tendem a integrar os pares hierárquicos e têm abrangência. Por outro lado, há fatores que podem desagregar as equipes, devido à sua na- tureza divergente, por exemplo: ◊ metodologias; ◊ prioridades; ◊ alocação de recursos (humanos, financeiros e materiais); ◊ cronologias. Estes pontos tendem a ser críticos no que diz respeito ao relacionamento entre colaboradores e pares hierárquicos. O segredo da boa gerência dos colaboradores e pares hierárquicos é o de enfatizar as convergências e de administrar previamente as divergências através de planejamento, organização e negociação. Os conflitos que se apresentam em função dos pontos de interface podem ser administrados através da proação e da comunicação. Níveis superiores “Chefe também é gente.” Este conceito contém a chave capaz de abrir um novo mundo de relacionamento entre você e seus superiores. É o ponto de partida para obter maior apoio e minimizar interferências prejudiciais ao seu trabalho. Baseado nesta premissa, eis sugestões para você, que deseja interagir e comunicar- se melhor com seus superiores, minimizando atritos e aumentando o grau de apoio recebido. “ Pessoas de nível hierárqui-co superior, como todo mundo, têm muitos traços de personalidade, alguns dos quais conflitantes. E os chefes têm tanto qua- lidades quanto defeitos.” A maioria dos colaboradores é capaz de identificar com facilidade os defei- tos, pois estas características provocam frustração, críticas e desentendimentos. As qualidades, no entanto, nem sempre são valorizadas. Tanto o reconhecimento das qualidades do superior, quanto a iden- tificação do seu lado negativo (e como lidar melhor com este lado negativo), constituem a essência da técnica de gerenciamento do seu chefe. Eis algumas dicas para entender melhor seus stakeholders superiores: ◊ fazer uma lista dos defeitos e análise a lista. Indicar as probabilidades de haver mudança (100% para mudança na certa, 0% para nenhuma possibilidade de mudar, e graus intermediários para outros níveis de alteração comportamental). Levar em conta a predisposição já demonstrada no sentido de resistir ou aceitar mudança; ◊ nos casos em que julgar possível a mudança no comportamento, atitude ou abordagem da sua chefia, fazer uma lista responden- do à pergunta: “O que posso fazer para acelerar o processo de mudança?” Para os casos de probabilidade baixa de mudança, também cabe fazer uma lista, agora respon- dendo à pergunta: “Como posso conviver melhor com estas características do meu chefe?”; ◊ relacionar as qualidades. Analisar a lista das qualidades, colocar os itens em or- dem decrescente, iniciando a lista com a característica que mais contribuiu para Como então lidar com todos os stakeholders de maneira tal que a organização seja devidamente beneficiada? Existem formas clássicas que facilitam a gestão de stakeholders na organização. Toda escola de administração clássica, trata de estruturas que facilitam a gestão de stakeholders. Os conceitos de governança, gestão, supervisão, execução e controle têm a finalidade de facilitar a comunicação entre stakeholders. “ O gerenciamento estruturado permite um pla-nejamento abrangente dos passos necessários para influenciar realizadores e formadores de opinião. ”Lidar com as partes interessadas de forma customizada e baseada em necessidades de aumentar as chances de obter sucesso nas suas investidas de influência. Embora a intuição seja importante ao se lidar com stakeholders, a boa prática recomenda a forma estruturada para assegurar que todas as questões sejam levadas em consideração, conforme mostrado na Figura 2. Eis as etapas recomendadas para lidar com todos os tipos de partes interessadas: Identificar os Fase 1 Fase 2 Fase 3 Fase 4 Stakeholders; reúna informações Analisar o comportamento e os impactos prováveis Desenvolver a estratégia para com o stakeholder Implementar e manter a estratégia Figura 2: Abordagem de quatro etapas para o gerenciamento de stakeholders REVISTA_FINAL.indb 18 20/03/2014 16:47:56 19 apoiar o seu trabalho, e assim por diante. Ao lado de cada uma das características, anote como você pode aproveitar melhor as características positivas do seu chefe para criar maior sinergia. A maioria dos colaboradores é capaz de identificarcom facilidade os defeitos, pois estas características provocam frustração, críticas e desen- tendimentos . As qualidades, no entanto, nem sempre são valorizadas. Como agir para gerenciar seus superiores Após o entendimento e reflexão sobre o perfil dos superiores, é preciso agir para influenciar o comportamento. Eis algumas ideias que podem transformar sua relação com chefias em algo bem mais agradável e saudável para ambas as partes: ◊ negociar um pacto estratégico. Se o chefe é desorganizado e não traça linhas estratégicas para você seguir, redirecionar o pro- cesso. Anotar algumas diretrizes, políticas e metas e peça ao seu chefe para comentar a Minuta. Através de conversas sucessivas, procure chegar a um “pacto estratégico” sobre aquilo que diz respeito à sua área de atuação; ◊ nunca levar apenas problemas aos seus superiores. Já que os chefes têm suas próprias preocupações, eles não precisam de mais problemas. Se alguma situação merece a atenção dele, leve um resumo da situação, com alternativas de solução e uma recomendação de providências. Evitar “delegar para cima”; ◊ respeitar a posição das chefias. Reconheçer as pressões que sofrem. Além dos assuntos que você leva, eles têm outros colaboradores e recebe pressões laterais, superiores e externas; ◊ evitar insistir na paternidade de idéias. Quando insistir na paternidade de uma ideia, estará convidando o chefe a competir com você e, nesta competição, você leva desvantagem. A paternidade de uma ideia é sempre questionável. Fale em “nossa ideia” ou “eu li em algum lugar...”. O fato de ela ter ocorrido a você não significa que ela seja sua. Outras pessoas, inclusive superior, podem ter tido ideias semelhantes; ◊ dê tempo ao tempo. Não atropelar, como no caso do colaborador que passa meses estudando uma situação, sem envolver a chefia e, ao apresentar sua recomendação, espera uma decisão imediata. Respeitar o tempo de maturação. Uma abordagem estruturada Como então lidar com todos os stakeholders de maneira tal que a organização seja devidamente beneficiada? Existem formas clássicas que facilitam a gestão de stakeholders na organização. Toda escola de administração clássica, trata de estruturas que facilitam a gestão de stakeholders. Os conceitos de governança, gestão, supervisão, execução e controle têm a finalidade de facilitar a comunicação entre stakeholders. “ O gerenciamento estruturado permite um pla-nejamento abrangente dos passos necessários para influenciar realizadores e formadores de opinião. ”Lidar com as partes interessadas de forma customizada e baseada em necessidades de aumentar as chances de obter sucesso nas suas investidas de influência. Embora a intuição seja importante ao se lidar com stakeholders, a boa prática recomenda a forma estruturada para assegurar que todas as questões sejam levadas em consideração, conforme mostrado na Figura 2. Eis as etapas recomendadas para lidar com todos os tipos de partes interessadas: Identificar os Fase 1 Fase 2 Fase 3 Fase 4 Stakeholders; reúna informações Analisar o comportamento e os impactos prováveis Desenvolver a estratégia para com o stakeholder Implementar e manter a estratégia Figura 2: Abordagem de quatro etapas para o gerenciamento de stakeholders 1. Identificar e reunir informações preliminares a respeito dos stakeholders. Fazer uma lista de todos que aleguem interesses, de qualquer espécie, a uma parte dos resultados do projeto. No caso do projeto de implementação do gerenciamento por projetos, quem são os campeões, os participantes do projeto e os stakeholders externos? Lembrar que os stakeholders devem ser identificados como pessoas - com nomes e rostos - ao invés de como departamentos ou grupos. Não se esqueçer de incluir as seguintes informações: ◊ nomes; ◊ antecedentes profissionais; ◊ papel do stakeholder; ◊ circunstâncias especiais; ◊ experiências passadas. REVISTA_FINAL.indb 19 20/03/2014 16:47:57 2. Analisar o comportamento provável de cada stakeholder e seu provável impacto. Em que extensão os stakeholders têm um impacto sobre um projeto? E em que extensão pode seu comportamento ser influenciado? Uma forma simples de classificar os stakeholders é: A = stakeholders que podem ser fortemente influenciados; B = stakeholders que podem ser moderadamente influenciados; C = stakeholders que podem ser muito pouco influenciados; Os stakeholders também podem ser classificados de acordo com seu grau de impacto no projeto. Por exemplo: D = stakeholders que têm um forte impacto no projeto; E = stakeholders que têm um impacto médio no projeto; F = stakeholders que têm um fraco impacto no projeto. 3. Desenvolver estratégias para os stakeholders. Os stakeholders são do jeito que são - exceto quando são diferentes! Assim como em espor- tes coletivos, é necessário pessoas com características singulares, cada uma tendo um papel diferente, para gerenciar as organizações. Todas as equipes profissionais, sejam elas de basquete, futebol, ou criquete, têm participantes em campo (os jogadores) e fora do campo. Os participantes fora do campo são os proprietários, gerentes, patrocinadores, técnicos, torcedores, atletas e grupos de apoio. As organizações têm um elenco similar, e todas as partes têm que fazer sua parte para que as metas da organização sejam atingidas. Um plano precisa ser desenvolvido para explicar detalhadamente como cada stakeholder deve ser gerenciado. Para entender como lidar com stakeholders, faça-se as seguintes perguntas: ◊ quais são os objetivos ou posições declarados do stakeholder com referência ao projeto? ◊ qual é, provavelmente, a “agenda oculta”? ◊ que influências são exercidas sobre o stakeholder? ◊ quem é a melhor pessoa para abordar esse stakeholder? ◊ que tática deveria ser utilizada? ◊ qual é o melhor momento? As respostas a essas perguntas fornecem os dados para o desenvolvimento de uma abordagem específica para cada stakeholder de projeto. 4. Implementar e manter as estratégias. Esta fase requer a realização das atividades planejadas na etapa anterior, por meio de um plano de implementação de gerenciamento de stakeholders. Esse plano seleciona as ações específicas, as partes responsáveis e as datas para conclusão das ações. Esse plano deve então ser ajustado e retrabalhado conforme necessário. Para começar, no início, as estratégias são implementadas de acordo com a relativa importância dos stakeholders. Deve haver, por exemplo, uma grande ênfase de um pequeno número de stakeholders que tenham um forte impacto, esforços normais direcionados para um grupo intermediário, e atenção moderada para os stakeholders que se considera como tendo impacto menor. Nada muda se você não mudar Há uma tática usada no jogo de tênis que se traduz assim: “ Se você está apanhando, mude o seu jogo. Suba à rede, use o lob, saque de forme diferente. Esta mesma ideia pode ser levada ao campo das relações entre stakeholders. ” O ideal - e mais cômodo - seria que a outra parte mudasse de comportamento. Mas, na vida real, bem como no esporte, a única maneira de você conseguir mudar o jogo da outra pessoa é através da mudança no seu próprio. Em termos interpessoais, isto significa que você deve usar táticas, abordagens ou linguagens diferentes daquelas que você atualmente usa para induzir a outra pessoa a agir da forma pretendida. O fato de mudar o seu jogo evidentemente não garante o sucesso. Assegura, no entanto, que a outra parte, de uma forma ou de outra, mude de comportamento. Se a mudança iniciada por você vai provocar a resposta adequada ou não, dependerá da estratégia escolhida bem como a habilidade de implementá-la. Seu sucesso na organização depende forte- mente de sua habilidade de gerenciar as partes interessadas. Para tal, é preciso identificar as partes interessadas, analisar seu comportamento provável, desenvolverestratégias e implementá- -las. Já que cada caso é único, é preciso avaliar situações permanentes do tipo colegas e chefias, bem como situações transitórias que aparecem. Deste esforço, sua organização receberá os frutos de uma relação mais produtiva. As partes interes- sadas também se beneficiarão e todos passarão a sentir maior satisfação e realização profissional. * Paul Dinsmore é conferencista internacional com atuação na América do Norte, Ásia, África, América Latina e Europa. Autor de vinte livros gerenciais publicados no Brasil, Estados Unidos, Japão e Coreia. REVISTA_FINAL.indb 20 20/03/2014 16:47:59 21 O artigo apresenta os principais fundamentos da gestão por competências e sua aplicação como alternativa aos modelos de gestão tradicionalmente utilizados pelas organizações. Propõe- se a orientar esforços para planejar, captar, desenvolver e avaliar as competências necessárias à consecução dos objetivos organizacionais (BRANDÃO, H. et al, 2008). Gestão por competências por Pedro Paulo Carbone* A gestão por competências surgiu para responder a questões particulares do cenário empresarial. A emergência desta metodologia de gestão representa uma tentativa de resposta à necessidade de superação da concorrência num mercado globalizado, às exigências por agilidade, diferenciação e inovação contínua, às demandas de aprendizagem e de criação do conhecimento para lidar com questões inéditas e surpreendentes que surgem a cada dia no contexto organizacional. Seu foco principal está orientado ao desenvolvimento de competências e novos conhecimentos, fontes por excelência para a conquista de vantagem competitiva sustentável. Este modelo está situado no contexto maior da economia das organizações e possui o pressuposto de que a posse de recursos raros, valiosos e de difícil imitação conferem à organização vantagem competitiva. Tais recursos, por sua vez, são representados sobretudo pelos conhecimentos e pelas competências das pessoas que trabalham na organização1. 1 Sobre o assunto ver principalmente as obras de PRAHALAD e HAMEL (1990), DAVENPORT e PRUSAK (1998), NONAKA e TAKEUSHI (1997), LE BOTERF (1999), PLOYHART & MOLITERNO (2011), HUSELID (1995) e CARBONE (2012). REVISTA_FINAL.indb 21 20/03/2014 16:48:00 22 As dimensões da competência humana no trabalho O conceito de competências Pode-se afirmar que a competência está vinculada à capacidade de realizar algo. Para isso, é necessário possuir recursos e utilizá-los em de- terminada situação, com o objetivo de obter resultados. Esses recursos são os conhecimentos, as habilidades e as atitudes, adquiridos por meio da formação e das experiências de vida (BLOOM, 1973). “ O conhecimento está relacionado àquilo que se sabe. As habilidades àquilo que se sabe fazer. E, as atitudes, àquilo que se quer fazer. ” A Tabela 1, abaixo, exemplifica os conceitos. “ As competências profissionais podem ser definidas como combinações sinérgicas de conhecimentos, habilidades e atitudes, expressas pelo desempenho profissional dentro de determinado contexto organizacional, que agregam valor a pessoas e organizações (CARBONE et al, 2005). ” Revelam-se quando as pessoas agem ante as situações profissionais com as quais se deparam (ZARIFIAN, 1999) e servem como ligação entre as condutas individuais e a estratégia e resultados desejados pela organização. Concepções como essa parecem possuir ampla aceitação, na medida em que consideram as diversas dimensões do trabalho (cognitiva, psicomotora e afetiva), assim como associam a competência ao desempenho, dentro de um contexto ou de uma estratégia organizacional (BRANDÃO et al, 1998). Nesta perspectiva, a aplicação de conhecimentos, habilidades e atitudes no trabalho — além de evidenciar a interdependência e a complementaridade entre esses três elementos — gera um desempenho, expresso pelos comportamentos que a pessoa manifesta no trabalho e pelas consequências dos mesmos, em termos de realizações e resultados (GILBERT, 1978). O desempenho da pessoa representa uma expressão de suas competências (BRANDÃO & GUIMARÃES, 2001). Por isso, vários autores descrevem as competências sob a forma de referenciais de desempenho, de forma que o funcionário demonstraria deter uma dada competência por meio da adoção de determinados comportamentos observáveis no trabalho. O conceito de competência não está asso- ciado apenas a pessoas, mas também a equi- pes de trabalho ou a organizações. Le Boterf (1999), afirma que em cada equipe de trabalho se manifesta uma competência coletiva, que emerge das relações sociais que se estabele- cem no grupo e da sinergia entre as competên- cias individuais de seus membros. Já Prahalad e Hamel (1990), referem-se à competência como um atributo da organização, que a torna eficaz e permite a consecução de seus objeti- vos estratégicos, popularizando o conceito de core competence. Para Brandão & Guimarães (2001), as competências podem ser classifica- das, também, como profissionais e organiza- cionais. DIMENSÕES DA COMPETÊNCIA DOMÍNIO SIGNIFICADO CONHECIMENTO Refere-se ao SABER ◊ Estrutura de informações ou proposições armazenadas na memória do indivíduo, que influenciam seu julgamento (GAGNÉ et al, 1988); ◊ conjunto de informações integradas pelo indivíduo dentro de um esquema cognitivo pré-existente (DAVENPORT &PRUSAK, 1998). HABILIDADE Refere-se ao SABER FAZER ◊ Capacidade de aplicar e fazer uso produtivo do conhecimento (GAGNÉ et al, 1988); ◊ capacidade de instaurar conhecimentos para utilizá-los em uma ação específica (DURAND, 1998). ATITUDE Refere-se ao QUERER FAZER ◊ Diz respeito a aspectos sociais e afetivos relacionados ao trabalho (DURAND, 1998); ◊ predisposição do indivíduo em relação à adoção de umcurso de ação. Domínio relacionado a sentimentos, crenças e valores. (BLOOM et al, 1973); ◊ estado complexo do ser humano que afeta o seu comportamento em relação aos outros, a objetos ou a situações (GAGNÉ et al., 1988). Tabela 1: Dimensões da competência REVISTA_FINAL.indb 22 20/03/2014 16:48:00 23 A gestão por competências A gestão por competências propõe-se, dessa forma, a orientar esforços para planejar, captar, desenvolver e avaliar, nos diferentes níveis da organização (individual, grupal e organizacional) as competências necessárias à consecução de seus objetivos (BRANDÃO, H. et al, 2008). “ A etapa inicial da gestão por competências é a formulação da estratégia organizacional. Em seguida, em razão dos objetivos estabelecidos, pode-se definir indicadores de desempenho no nível corporativo e metas, e identificar as competências necessárias para concretizar o desempenho esperado. ” Depois, por meio de instrumentos de avaliação de desempenho e de outras ferramentas gerenciais, como o balanced scorecard a organização pode identificar o seu gap ou lacuna de competências, isto é, a discrepância entre as competências necessárias para concretizar a estratégia corporativa e as competências disponíveis internamente. A ideia é aproximar ao máximo as competências existentes na organização daquelas necessárias para a consecução dos objetivos organizacionais. A figura 1 retrata o gap entre as competências atuais da organização e as competências necessárias. Figura 1: Identificação do gap (lacuna) de competências Fonte: LENAGA apud BRANDÃO e GUIMARÃES (2001), com adaptações. Sob essa perspectiva, minimizar eventuais lacunas de competências significa orientar e estimular os profissionais a eliminar as discrepâncias entre o que eles são capazes de fazer (competências atuais) e o que a organização espera que eles façam (competências necessárias). Nesta direção, a área de gestão de pessoas possui um papel fundamental nesse processo, na medida em que seus diversos subsistemas (identificação e alocação de talentos, capacitação corporativa, avaliação de desempenho profissional, remuneraçãoe benefícios, entre outros) podem promover ou induzir o desenvolvimento profissional e, por conseguinte, a eliminação de gaps ou lacunas de competências. Feito esse diagnóstico de competências, a área de gestão de pessoas pode orientar suas políticas, planos e ações, integrando todos os seus subsistemas de RH em torno da aquisição das competências necessárias à consecução dos objetivos organizacionais, conforme a figura 2, abaixo, que retrata a introdução da variável competência no processo estratégico de gestão de pessoas. Definida a estratégia organizacional e mapeado o inventário de competências organizacionais, profissionais e pessoais a atuação da área de gestão de pessoas passa a ocorrer de forma integrada, tendo como insumo principal as competências que determinam a qualidade dos trabalhos e garantem resultados. Estratégia Organizacional e Diagnóstico de Competências Planejamento em Gestão de Pessoas Avaliação do Desempenho Profissional Educação Corporativa Identificação e Alocação de Talentos Orientação Profissional e Carreira Remuneração e Benefícios Comunicação Interna Planejamento Subsistemas de Gestão de Pessoas Competências © 2012 International Institute for Learning, Inc. Figura 2: Alinhando a Gestão de Pessoas à Estratégia Organizacional. Fonte: CARBONE, et al (2005). Pode-se afirmar, portanto, que a proposta da gestão por competências é compreender quais são as competências organizacionais críticas para o sucesso organizacional, desdobrá-las em termos de competências profis- sionais e desenvolvê-las junto ao quadro de funcionários internos. Trata- -se de uma metodologia de gestão moderna, focada no desenvolvimento profissional permanente. “ Trabalha-se com o pressuposto que o maior patrimônio das organizações são as competências dos seus funcionários (SVEIBY, 1998, DAVENPORT, 2001, EDVINSSON & MALONE, 2001). Uma organização só se mantém viva se consegue alinhar as competências de seus funcionários às reais necessidades do trabalho. ”Ao implantar um modelo de gestão por competência, a empresa induz todo o quadro de funcionários a discutir e focar suas ações no que é fundamental para a qualidade no trabalho e para o crescimento sustentável da organização. REVISTA_FINAL.indb 23 20/03/2014 16:48:02 24 As fases da implantação da gestão por competência Objetivos e propósitos da implantação da gestão por competências A implantação da gestão por competências impactará positivamente a organização em várias frentes, em particular na melhoria da performance global da organização e na identificação dos mais adequados mecanismos de desenvolvimento profissional capazes de induzir a competência no trabalho. O conjunto de objetivos e propósitos desse modelo de gestão pode ser definido como segue: ◊ melhorar o desempenho global da organização; ◊ alinhar os esforços dos funcionários e das equipes para o alcance dos objetivos estratégicos e das metas da organização; ◊ identificar os funcionários competentes e com desempenho excelente; ◊ identificar os funcionários com desem- penho insuficiente, que necessitem de capacitação ou orientação; ◊ aprimorar o sistema de retribuição (reconhecimento, remuneração etc), tornando-o mais justo; ◊ estabelecer um sistema efetivo de feedback para o aprimoramento do desempenho; ◊ identificar as necessidades de capacita- ção; ◊ alocar e movimentar as pessoas a partir das competências e do desempenho; ◊ reter os talentos da organização; ◊ mensurar o capital humano da organi- zação, permitindo o planejamento da gestão de pessoas; ◊ mensurar o desempenho individual e por equipe, permitindo a construção de diagnósticos organizacionais e pro- fissionais. Tecnicamente, a gestão por competência é implantada a partir de um conjunto de fases e procedimentos, observados os vários processos de RH. A primeira fase é o diagnóstico de competências e a definição de metas de desempenho, indispensáveis para a compreensão da realidade e dos desafios da organização. A partir de então é possível dar sequência às demais fases, observadas as prioridades estratégicas e as disponibilidades de recursos existentes. A tabela 2, abaixo, exemplifica as fases do processo de implantação do modelo de competências em uma organização, seja ela pública ou privada. PROCESSOS-CHAVE DE RECURSOS HUMANOS FASES DE IMPLANTAÇÃO DO MODELO DE COMPETÊNCIA DIAGNÓSTICO DAS COMPETÊNCIAS ◊ Mapeamento e descrição de competências profissionais desejadas para todos os espaços ocupacionais da organização; ◊ inventário das competências detidas dos funcionários. ESTABELECIMENTO DE METAS DE DESEMPENHO ◊ Descrição das metas de equipe e das metas individuais (funcionários). AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO POR COMPETÊNCIAS ◊ Sistematização dos instrumentos de avaliação de desempenho por competências da organização para permitir a identificação de gaps de competências. RECRUTAMENTO E SELEÇÃO POR COMPETÊNCIA ◊ Metodologia de recrutamento e seleção externa por competência; ◊ metodologia de recrutamento e seleção interna e formação de banco de talentos. DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS E TRILHAS DE APRENDIZAGEM ◊ Sistematização da capacitação e dos mecanismos de avaliação de aprendizagem; ◊ sistema trilhas de aprendizagem por competências; ◊ mecanismos de compartilhamento e disseminação de conhecimentos via educadoria corporativa; ◊ sistema de certificação de conhecimentos. SISTEMA DE TI PARA O MODELO DE COMPETÊNCIAS ◊ Sistema de TI de RH para o funcionamento do modelo de competências. SISTEMA DE INCENTIVOS ◊ Sistema de incentivos funcionais para o funciona- mento do modelo de competências. Tabela 2: Fases de implantação do modelo de competência por processo-chave de RH REVISTA_FINAL.indb 24 20/03/2014 16:48:02 25 Considerações finais Os resultados que tenho observado nas organizações que implantaram o processo de gestão por competências são muito animadores. “ Percebe-se que cresce muito a motivação de todos os envolvidos para o desenvolvimento das competências profissionais desejadas pela organização, gerando um maior engajamento ao trabalho, melhoria da performance individual e grupal e um mais refinado alinhamento das ações dos indivíduos e das equipes à estratégia corporativa. ” Não obstante, há muitas ressalvas quanto à eficácia da implantação do modelo de competências no setor público. Via de regra, temos observados o contrário. As organizações públicas contam, quase sempre, com servidores de nível cognitivo alto, facilitando sobremaneira o processo de implantação do modelo de competências, bastando o direcionamento de esforços e a criação de incentivos para vincular as competências individuais detidas pelos servidores às necessidades da organização. No geral, as respostas à implantação do modelo são muito positivas e o funcionalismo público adere com rapidez e boa vontade às práticas de gestão de pessoas por competências. Por fim, resumimos as vantagens funcionais que esse modelo favorece: ◊ crescimento funcional baseado no mérito; ◊ clareza no desempenho esperado e das competências a serem exercidas; ◊ compreensão do espaço ocupacional; ◊ oferta de capacitação dirigida às necessidades do trabalho de cada funcionário; ◊ competência e desempenho transparentes, permitindo a valori- zação do funcionário competente. *Pedro Paulo Carbone é professor, consultor e pesquisador em gestão de recursos humanos há mais de 25 anos. Doutor em economia pela Católica, mestre em administração pública pela FGV e graduado em administração pela USP. REVISTA_FINAL.indb 25 20/03/2014 16:48:02 26 CRIATIVIDADE E INOVAÇÕES por Charles Watson* Criatividade não é apenas um assunto de interesse para quem pinta quadros, faz esculturas, escreve livros ou compõe músicas. É algoque torna possível ideias inovadoras que têm alguma importância em qualquer que seja a disciplina ou área de atuação dentro do contexto da nossa cultura. Criatividade envolve a criação de novas ideias que têm algum valor dentro de um contexto específico. Este valor deve ser conferido por alguém além do próprio criador. E para poderem ser conferidas, estas ideias terão que ter algum nível de concretização. Um ato criativo pode se manifestar em diversos campos de atuação. Ao mesmo tempo e paradoxalmente, fatores implícitos no pensamento criativo parecem ser contraditórios às estruturas frequentemente enrijecidas dos nossos sistemas de pensamento. Podemos pensar sobre manifestações disso tanto nos sistemas educacionais como na estrutura hierárquica das empresas. Ambos sistemas que valorizam o resultado mais do que o processo: no caso das empresas, o custo benefício; nas instituições educacionais, os diplomas fruto das provas e avaliações. Criatividade mesmo envolve maior compreensão das estruturas que promovem inovação, e criar espaço para isso no contexto do trabalho. Nem sempre estas ideias são compatíveis com as hierarquias inerentes às empresas. O erro é sistematicamente penalizado nos nossos sistemas educativos e por extensão, nas nossas empresas. “Criamos, como resultado, indivíduos treinados em o que pensar e não como pensar, assim diminuindo a autonomia de reflexão e criatividade.” Criatividade REVISTA_FINAL.indb 26 20/03/2014 16:48:03 27 As contradições Quais são estes fatores contraditórios? O principal deles é o que podemos chamar de valorização da “informação inútil”. Vamos chamar isso de informação inútil, pois a sua utilidade ainda é indeterminada. “Como informação inútil quero dizer informação que, por enquanto, não serve para nada, mas que pode vir a ser- vir como resposta para um problema que ainda não foi formulado – o amanhã desco- nhecido, mudanças inespera- das no meio ambiente etc.’’ Por exemplo, a descoberta do Teflon por um pesquisador da Dupont decorreu de um erro do pesquisador que procurava outra coisa. Essa descoberta representaria informação inútil se comparada com a meta inicial da pesquisa, mas acabou se tornando útil para outra coisa. Depois de tal descoberta, foram cogitados vários problemas para os quais o Teflon seria uma solução, desde suas múltiplas aplicações na indústria aerospacial até em panelas. Para entender o uso de informação inútil em sistemas dinamicamente criativos, é valioso investigar áreas da biologia, que, ao mesmo tempo que valorizam custo-benefício, parecem investir muita energia na produção de informação aleatória. Bons exemplos disso são o sistema imunológico, sistemas organizacionais de animais sociais (abelhas, cupins, formigas), mas principalmente os mecanismos envolvidos no processo da evolução darwiniana. Todo sistema capaz de crescimento, adaptação e inovação depende não apenas de informações previstas pelo sistema, mas também de informação que vem de fora. “A lógica do sistema evolutivo é ao mesmo tempo preservar a informação útil e garantir o surgimento de informação inútil. ” Isso é feito através de erros no processo de cópia da informação genética (cuja unidade é o gene). Estes erros são frequentes na reprodução de bactérias, vírus, e menos bem tolerados em outras espécies como a nossa. A maioria destas outras espécies contam com reprodução sexual para garantir o embaralhamento de informação genética. Este embaralhamento é uma espécie de loteria. O sistema imunológico é um outro bom exemplo da necessidade de informação inútil. O principal problema do sistema imunológico é que ele não sabe com antecedência contra quais tipos de patógenos ele vai ter que proteger o corpo. Ele enfrenta um número potencialmente astronômico. E a pergunta é, como melhor se preparar para um número enorme de problemas cuja natureza não pode ser antecipada. A resposta do sistema imunológico (através do trabalho dos linfócitos) é produzir proteínas aleatoriamente que não se identificam com nenhum antígeno presente mas que aumentam uma possível futura identificação. Produção de proteína é um processo muito custoso para um organismo. Se um sistema biológico investe tanta energia neste fato, significa que é melhor ter esta informação do que não ter. A ideia de um sistema tão espantosamente criativo quanto a evolução, que não só tolera mas também depende de informação aleatória, é uma lição para pensar em criatividade. A evolução darwiniana serve como analogia para entender a importância de “processo”, a diferença entre “finalidades” e “consequências” e a importância de informação aleatória em qualquer sistema dinâmico. A evolução não tem nenhuma finalidade. A sua relação com o futuro é de natureza “consequencial”. A palavra finalidade pressupõe uma antecipação do futuro e a criação de uma estratégia para enfrentá-lo. O processo evolutivo não tem nenhuma visão do futuro. Seus “eventos” acontecem no nível molecular e têm consequências sim, mas não são respostas para problemas identificados. A evolução não está tentando fazer nada, não tem desejos, alvos ou metas – mas com certeza tem consequências. E são elas que nós percebemos equivocadamente como o “objetivo” da evolução. Sabemos quão importante o erro é em todo processo criativo. Há uma anedota sobre Linus Pauling (químico duas vezes prêmio Nobel). Numa entrevista, um jornalista pergunta se ele não achava que tem proporcionalmente mais ideias boas do que ruins. Ele respondeu: “A proporção é igual para todo mundo, eu só tenho mais ideias. O que está implícito nisso é o conhecimento de que todo mundo erra muito, talvez 90% do tempo. Se você só tem cinco ideias, então estas não serão muito boas. Mas se você tiver cinquenta, cinco serão boas, e perante cinco boas ideias ninguém vai lembrar das ruins.” Mas há diferenças fundamentais entre os sistemas de arte e de ciência. Se você imagina que Pablo Picasso nunca tivesse vivido, Guernica dificilmente teria sido feito por outra pessoa. Mas se James Watson e Francis Crigg nunca tivessem nascido, Linus Paulin provavelmente teria descoberto o DNA, estava lá embutido em algum lugar, só faltava alguém encontrar. Michelangelo é conhecido por ter descrito seu trabalho como escultor na tarefa daquele que “libera a figura aprisionada no mármore”. Por mais romântica e poética que essa declaração possa parecer, isso provavelmente ilustra uma das falácias mais comuns associadas à produção criativa, a de que há apenas uma resposta perfeita inevitável sustentando todo esforço criativo e que o trabalho do criador é encontrar esta verdade que está somente esperando para ser revelada. Costumamos chamar esse pensamento de convergente. De várias maneiras, nosso mundo parece governado por tais leis inescrutáveis que pré-definem as formas através das quais abordamos problemas criativos. Nesse sentido, é importante levar em consideração a declaração atribuída ao contemporâneo de Michelangelo, Leonardo da Vinci: “Art is never finished, only abandoned” (Arte nunca está terminada, só abandonada). A mesma colocação é feita de forma diferente por Wynton Marsalis, ao descrever improvisação: “Jazz, improvisation isn’t a matter of just making any old thing up. Jazz, like any language, has its own grammar and vocabulary. There is no right or wrong, just some choices that are better than others.” (Jazz, improvisação REVISTA_FINAL.indb 27 20/03/2014 16:48:04 28 Curiosidade O que estou descrevendo aqui, de fato, é curiosidade como estratégia de sobrevivência num mundo imprevisível. “E curiosidade nada mais é do que a valorização da infomação por ela mesma e não pela antecipação de sua utilidade. ” Nós sabemos que a chamada “informação inútil” é valorizada por pessoas curiosas. E pessoas curiosas são normalmente pessoas altamente motivadas. Elas valorizam informação pela informação em si e não
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