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Religião, Espiritualidade e saúde

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BPPM II – Religião, Espiritualidade e saúde
Religião, religiosidade e espiritualidade são diferentes.
- Religião:
Refere-se à organização institucional e doutrinária de
determinada forma de vivência religiosa. 
Está relacionada com uma crença em caminhos de salvação,
bem explicitados por esta organização institucional. 
“A inserção na comunidade religiosa propicia sentimentos de
pertencimento, podendo servir de base para o significado da
existência”.
- Religiosidade:
- ESPIRITUALIDADE:
Latim = spiritus = sopro da vida. 
Envolve a capacidade de se maravilhar, de reverência e
gratidão pela vida. 
É a habilidade de ver o sagrado nos fatos comuns, de ter
consciência de uma dimensão transcendente, que leva em
consideração o próprio ser, os outros, a natureza e a vida. 
Não possui uma definição universal. Caracterizada como a
capacidade de ter fé, amar e perdoar, adorar, ver para além
das circunstâncias e de transcender o sofrimento. É a
capacidade do indivíduo de se ligar consigo mesmo, com as
outras pessoas e com um superior. Transcende ideologias,
rituais, dogmas e instituições. Base emocional e motivacional
para a busca por significado e propósito para a vida.
É aquilo que traz significado e propósito à vida das pessoas.
(PERES et al., 2007). 
É um tipo de elaboração do entendimento da realidade que
se diferencia muito da tradição cultural da modernidade em
que a busca de sentido para as ações humanas e os
acontecimentos.
“PISTAS” DA DIMENSÃO DA ESPIRITUALIDADE EM
DOCUMENTOS OFICIAIS:
* DCN Medicina:
Compreender os diferentes modos de adoecer; Possibilitar
que a pessoa analise sua própria condição de saúde; Ter
informações do contexto político, cultural, socioeconômico,
ambiental e das relações, movimentos e valores da
população, para ampliar a explicação de causas e efeitos do
processo saúde doença e seu enfrentamento; Considerar os
valores e crenças no plano terapêutico; Abertura para
opiniões diferentes e respeito à diversidade de valores. 
* Lei 8080/90 (Lei do SUS):
Saúde como completo bem estar físico, mental, social e
espiritual. Considerar os determinantes sociais na saúde.
Universalidade, integralidade, equidade.
* Princípios de Medicina da Família e Comunidade:
Pautada no entendimento do paciente no meio onde está
inserido. Relação de confiança com o paciente → vínculo.
Cuidado centrado na pessoa.
* Política Nacional de Humanização:
Norteada pelo respeito ao próximo, empatia.
Reconhecimento da individualidade.
* Carta dos direitos dos usuários da saúde:
Atendimento humanizado e livre de qualquer discriminação,
restrição ou negação em virtude da idade, raça, cor, etnia,
religião, orientação sexual, etc.
Os valores, cultura e direitos devem ser respeitados,
garantindo recebimento ou recusa à assistência religiosa.
Seria a espiritualidade o caminho para a humanizaçao da
medicina?
* PESQUISAS:
Década de 70 – poucos estudos abordavam os possíveis
impactos da espiritualidade no bem estar. 
Década de 80 – aumento do número de pesquisas. Porém,
muitas confusões na definição de espiritualidade e
religiosidade. 
A estreita relação observada entre espiritualidade e saúde,
evidencia o interesse entre ciência, crença e saúde.
* Pesquisas – resultados:
Mulheres muçulmanas recém submetidas a cesárea com
anestesia lombar que escutaram repetidas preces em fones
de ouvido tiveram impacto significativo nos escores de dor,
quando comparadas ao silêncio. 
A frequência a serviços religiosos é inversamente
proporcional a variáveis preditoras de morbidade, como
hipertensão arterial; e também a ocorrência de suicídio ao
longo dos anos. 
Pessoas com maior envolvimento religioso tiveram menos
chance de morrer ao longo dos anos.
A maioria dos pacientes quer que os médicos perguntem
sobre a sua religião, principalmente quando estão perto da
morte. Porém, quando médicos foram pesquisados, apenas
10% abriram espaço para isso com frequência.
Intervenções religiosas e espirituais (psicoterapia,
meditação, recursos audiovisuais – estratégias para lidar
com doença, coping; serviços de pastorais) mostram
benefícios em comparação com grupo controle, incluindo
redução de sintomas clínicos, principalmente ansiedade.
Espiritualidade e religiosidade na saúde:
São utilizadas como estratégias de adaptação a
circunstâncias adversas: A conexão mental com “algo maior”
é o que mantém a esperança e direciona para o futuro nas
situações de doença. 
A religiosidade e espiritualidade não tem poder para resolver
a situação instantaneamente, mas, sim, de ajudar a renovar
as energias para que se identifique recursos e aprenda a
lidar com as situações. 
Estratégias positivas: Melhoras na saúde mental; Redução
de estresse; Crescimento espiritual Cooperatividade;
Estratégias “negativas”: Não adesão à tratamentos por
acreditar em cura divina.
 Religiosidade em situações de doença e morte:
 - Busca por apoio emocional: 
Podem se tornar situações de aproximação com o divino;
Tentativa de salvação ou de resolução dos problemas;
Quanto mais apegada aos aspectos espirituais, mais
identifica recursos e mantém sua energia para levar a
situação estressante de doença adiante.
- Busca por respostas: Entender a doença e a morte e lidar
com elas; Ajudar a dar sentido ao evento de doença ou
morte; Fornecer uma explicação para o inevitável na busca
por apoio; O suporte encontrado nas diferentes religiões
ajudam a confortar as famílias nas situações de doença e
morte; Forma de crescimento, de regeneração ou de
evolução.
 Espiritualidade e profissionais de saúde:
Formação na área da saúde ainda tem um forte componente
objetivo: Muitos profissionais ainda têm relutância em
abordar questões religiosas e espirituais.
Acessar a dimensão religiosa e espiritual de um paciente e
seus familiares representa uma compreensão mais profunda
de suas crenças e valores (integralidade): Entender suas
necessidades e o que torna a pessoa doente com maior ou
menor disposição para receber o tratamento. Atividades
espirituais e religiosas podem ser agregadas às terapias e
tratamentos.
Fundamental: respeitar as crenças do paciente. 
Esperado: conhecer as crenças do paciente.
Importante: Incluir anamnese espiritual na história clínica de
rotina
Por que? - Maioria dos pacientes são pessoas religiosas e a
religião ajuda a lidar com aspectos da vida. - Religião exerce
grande influência nas decisões médicas - Existe uma ligação
entre a religiosidade e espiritualidade e saúde física e
mental. - Normalmente os pacientes gostam e querem que
seus médicos perguntem sobre a religião. - Existe uma raiz
histórica entre religião e assistência à saúde. 
Barreiras para a abordagem espiritual do paciente:
Formação com foco na doença, Falta de conhecimento sobre
o assunto, Grande variedade religiosa, Falta de tempo. 
É possível apoiar o paciente utilizando uma linguagem
compreensível para o seu próprio código religioso e a partir
dos seus valores. 
Talvez lidar com a atual diversidade dos caminhos da
espiritualidade seja a maior dificuldade para abertura à
dimensão religiosa no trabalho em saúde.
Abordagem espiritual do paciente: 
Não existe uma “fórmula pronta”. Na maioria das vezes
acontece de forma natural e tranquila, por conversa amigável
com respeito e ética. Quando o paciente não tem uma
religião, pode-se abordar a espiritualidade perguntando
sobre o significado da vida, sonhos, desejos, etc.
QUESTIONÁRIO FICA 
F – fé/crença: você se considera religioso ou
espiritualizado? Tem crenças espirituais ou religiosas que te
ajudam a lidar com problemas? Se não, o que te dá
significado na vida?
I – importância ou influência: que importância você dá
para a fé ou crenças religiosas? A fé ou crenças já
influenciaram você a lidar com estresse ou problemas de
saúde? Você tem algumacrença específica que pode afetar
decisões médicas ou seu tratamento? 
C – comunidade: você faz parte de alguma comunidade
religiosa ou espiritual? Ela te dá suporte como? Existe algum
grupo que você realmente ama ou que seja importante para
você? Comunidades como igrejas, templos, centros, grupos
de apoio são fontes de suporte importante?
A – ação no tratamento: como você gostaria que seu
médico/profissional de saúde considerasse a questão
religiosa/espiritual no seu tratamento? Indique algum líder
espiritual/religioso.
QUESTIONÁRIO HOPE 
H – fonte de esperança (hope), significância, conforto,
força, paz, amor e relacionamento social. Quais são suas
fontes de esperança, força, conforto e paz? Ao que você se
apega em tempos difíceis? O que o sustenta e o faz seguir
adiante?
O – religião organizada: você faz parte de uma comunidade
religiosa ou espiritual? Ela o ajuda? Como? Em que
aspectos a religião o ajuda e em quais não o ajuda muito? 
P – espiritualidade pessoal e prática: você tem alguma
crença espiritual que é
independente da sua religião organizada? Quais aspectos de
sua espiritualidade ou prática espiritual você acha que são
mais úteis à sua personalidade? 
E – efeitos no tratamento médico e assuntos terminais:
ficar doente afetou sua habilidade de fazer coisas que o
ajudam espiritualmente? Como médico, há algo que eu
possa fazer para ajudar você a acessar os recursos que
geralmente o apoiam? Há alguma prática ou restrição que eu
deveria saber sobre seu tratamento médico?
Perspectiva da morte de acordo com a religiosidade:
Assim como a doença, a morte também é associada a algo
positivo ou negativo dependendo do tipo de crença daquele
que vivencia a situação. 
Morte como algo natural: – Perspectiva biológica da morte,
como algo natural e inevitável – Pessoas mais idosas. A
perspectiva muda em situações de morte da criança ou de
jovens. 
Morte como determinação do divino: O indivíduo e a
família atribui a Deus ou a forças ocultas não só a causa do
evento mas, algumas vezes, a possibilidade de superação
da experiência. Uma maneira de não se perder a esperança.
A submissão a Deus e a aceitação das situações de
sofrimento torna mais fácil seguir adiante.
* MEDICINA TEOSSOMÁTICA:
Nova perspectiva que reconhece os fatores espirituais
determinantes da saúde (LEVIN, 2003)
PRINCÍPIO 1: A afiliação religiosa e a participação como
membro de uma congregação religiosa beneficiam a saúde
ao promover comportamentos e estilos de vida saudáveis.
PRINCÍPIO 2: A frequência regular a uma congregação
religiosa beneficia a saúde ao oferecer um apoio que
ameniza os efeitos do estresse e do isolamento. 
PRINCÍPIO 3: A participação no culto e na prece beneficia a
saúde graças aos efeitos fisiológicos das emoções positivas. 
PRINCÍPIO 4: As crenças religiosas no culto e na prece
beneficiam a saúde pela sua semelhança com crenças e
com estilos de personalidade que
promovem a saúde. 
PRINCÍPIO 5: A fé, pura e simples, beneficia à saúde ao
inspirar pensamentos de esperança e de otimismo e
expectativas positivas. 
PRINCÍPIO 6: As experiências místicas beneficiam a saúde
ao ativar uma bioenergia ou força vital ou estado alterado de
consciência que promovem a cura. 
PRINCÍPIO 7: A prece a distância em favor de outras
pessoas é capaz de curar por meios paranormais ou por
intervenção divina.
* ESPIRITUALIDADE E RELIGIOSIDADE NO
ENVELHECIMENTO:
O processo de envelhecimento traz consigo muitas questões
existenciais: 
→ As pessoas lidam na maioria dos eventos estressantes
utilizando-se da fé e na acreditação que irão superar estes
momentos. 
→ Os censos nacionais revelam que a maioria da população
professa algum tipo de crença religiosa.
Estudo sobre religiosidade e satisfação da vida relatam que
70% dos informantes afirmaram ter percebido um aumento
de religiosidade com a idade. Estudos sobre estresse e
enfrentamento tendem a reforçar a visão de que o
envelhecimento pode levar a um desenvolvimento espiritual.
* Espiritualidade:
- A fé pode representar um fator de segurança emocional por
imprimir esperança no amanhã. As atividades desenvolvidas
através da igreja dão aos mais velhos um sentimento de
pertencer a um grupo, de ser aceito por ele. A certeza de que
ainda é útil, pois através de seu trabalho pode contribuir de
alguma forma para o bem estar de outrem.
- É por meio dos seus efeitos sobre o nosso comportamento
e dos nossos relacionamentos sociais que o envolvimento
religioso público ajuda a prevenir a doença e a promover a
saúde e o bem-estar.
Igreja batista: 
A cura só pode ser realizada pela vontade de Cristo 
- Não descarta a ciência, mas reconhece suas limitações. 
- O sofrimento é momentâneo, já que a vida na terra é curta
e passageira comparada ao que se espera na eternidade
com
Deus.
- A visão cristã sempre coloca em apoio a manutenção da
vida.
- A vida e a morte estão sobre domínio da vontade de Deus.
A vida física é gerada pelo ser humano (na concepção), mas
o espírito é dado por Deus.
- Na morte, a parte física termina, mas o espírito continua a
existir e recebe a sentença (céu ou inferno). Há somente
uma vida.
Ateu: 
Existem vários tipos 
- No geral, acreditam que existem poderes maiores que nós
mesmos, mas não de uma divindade.
- A doença acontece por descuido ou “falta de sorte”.
- O diagnóstico e o medicamento são maiores do que uma
possibilidade de autocura divina.
- A morte é o fim da vida por uma quantidade de tempo
indefinida. Não há vida após a morte, julgamento final,
ascensão/decadência.
Islamismo:
Sofrimento deve ser algo motivador, já que tudo tem um
propósito e uma causa. 
- Após a morte as pessoas são julgadas e guiadas para o
paraíso ou o inferno, de acordo com o merecimento. A justiça
vai acontecer.
L

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