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Tipografia: Definições Introdutórias Você consegue imaginar como seria a sociedade, ou o mundo sem a tipografia? Imagine os processos de comunicação sem essa incrível ferramenta de codificação de sentidos e tradução de elementos. Para iniciarmos uma compreensão desse fenômeno que gerou mudanças enormes na sociedade, vamos buscar o sentido inicial de seu nome. Em sua descrição de origem grega temos a tradução literal de escrita com tipos, ou seja, uma composição de textos usando símbolos alfabéticos, numéricos e de pontuação com o objetivo de reproduzir de forma numerosa e sequenciada, com uma proposta de redução de esforços. Dessa forma, podemos afirmar que tipografia é uma área de estudos que visa direcionar os esforços, harmonizar e aplicar de forma técnica e coerente os conjuntos de tipos, para que a partir disso, eles transmitam suas mensagens e sejam funcionais. Vemos a tipografia em todo lugar, sim, estão em todas as partes, nos livros, jornais, revistas, gibis, sites, redes sociais, embalagens, manuais, bulas, marcas, cartazes e isso se dá pela sua relevância e capacidade de transmitir informações de forma simbólica. O processo de impressão é historicamente conhecido por usar tipos móveis para gravar mensagens. Estes, por sua vez, podem ser de metal, madeira, em relevo, gravuras, clichês. A proposta é dar uma sequência estrutural e gerar a comunicação escrita. Brisolara (2009) aponta que, por analogia e consequência, a tipografia também passou a se referir à gráfica que usa uma prensa de tipos móveis. Pensando por um viés histórico com o advento e o crescente desenvolvimento da Revolução Industrial, a tipografia como arte divulgadora de progresso já não correspondia às necessidades de um mundo em revolução de ideias e costumes, tendo em vista que ela já possuía um histórico de desenvolvimento anterior. Brisolara (2009) afirma que o livro era indispensável como instrumento de acompanhamento e formação, onde essa técnica praticamente artesanal já não mais conseguia acompanhar a agilidade na invenção e construção de máquinas que massificavam ainda mais o ofício e o produto. Tendo em vista esse contexto que orienta a tipografia a um processo de obsolescência, quando comparado a outras tecnologias, precisamos destacar que um método ou prática nunca substitui o outro de forma completa. Tipografia é um tema que aborda tantas possibilidades e variações, que é mais adequado pensar em um processo de modernização dos métodos e técnicas que propriamente o desuso de algumas delas. Brisolara (2009) aponta que enquanto as prensas offsets são muito mais velozes e conseguem desempenhar funções impraticáveis na tipografia, esta possui particularidades que outras técnicas gráficas dificilmente obterão, como o relevo que forma no papel devido à pressão dos tipos nas máquinas. Podemos observar sempre que a tipografia acaba se envolvendo em níveis distintos, de acordo com o objeto de análise que está sendo tomado, mas precisamos compreender que vai além de simplesmente imprimir tipos em alguma superfície ou de utilizar de forma harmônica, pois carrega sentidos muitas vezes guardados sob o peso simbólico que representa. Dentro de um olhar semiótico a tipografia vai transmitir muito mais que legibilidade ou sentidos, ela vai carregar estes com ela. Podendo ser usada de forma a transmitir ações e representá-las, assim como qualidades e características, ela consegue representar intenções e interações em relação ao que está sendo representado e também pode realizar o significado textual, demarcando os elementos de um texto e expressando seu grau de similaridade ou diferença no corpo de leitura, além de destacar elementos-chaves enquanto reduz a importância de outros. Assim sendo, a tipografia pode ser vista como um modo semiótico, sistemático e multimodal, capaz de realizar significados não apenas textuais, mas também de interpretação simbólica, cultural e social. O termo tipografia em oposição à escrita manual, conforme Brisolara (2009) afirma, refere-se às formas padronizadas e pré-definidas de desenho da letra para reprodução (impressa ou por outros meios); sobre as técnicas que posteriormente foram sendo desenvolvidas o processo de impressão tipográfica é baseado em uso de matrizes moldadas em relevo, obtidas da composição de tipos e clichê e fazendo uma alusão aos elementos tipográficos do contexto do profissional tipógrafo. É curioso como ao passar dos anos o termo assume o sentido mais amplo da palavra sendo abordado como algo além do impresso, o design tipográfico, que se estende por analogia a outros meios que dispensam este tipo de suporte (FONSECA, 2007). De toda a forma devemos destacar que a tipografia tem seu berço no mundo ocidental no século XV como o primeiro processo de reprodução mecanizada do texto, decorrente disso diversas transformações e mudanças relacionadas a inovação se sucederam ao longo desses cinco séculos, permaneceu como referência para a caracterização formal do texto no contexto da comunicação. Nesse processo complexo em que a tipografia pode ser analisada, é importante percebermos no primeiro momento que existe um processo de dualidade, que se traduz ainda pela sua intermediação entre os domínios do verbal e do visual, como se a exploração da forma tipográfica que permite a manifestação do poder de comunicação da palavra escrita estivesse constantemente carregada de pesos simbólicos e interpretações que podemos contextualizar. Assim, para partirmos de um conceito inicial de que tipografia é um processo de reprodução mecânica, e chegarmos a um processo de exposição de valores culturais e simbólicos, existe um grande trajeto. Uma amplitude de enfoques que precisam ser conhecidos para que possamos direcionar nossos esforços projetuais, e assim em um harmonioso projeto de design colocar todo o peso de uma tipografia bem trabalhada na própria concepção do objeto gráfico. A tipografia apresenta-se como importante elemento para observarmos os fatos e momentos históricos que contribuíram para uma nova postura e mudanças na comunicação impressa ou digital. Esses processos evolutivos estão permeados por uma série de características gerais da tipografia, que vamos entender partindo da estrutura geral e analisando as partes envolvidas na arte de trabalhar com os tipos. Caligrafia Um dos pontos a serem analisados no processo de desenvolvimento da tipografia pela presença e eficiência é a caligrafia, este elemento tipográfico denota uma proximidade muito grande com as pessoas, sendo que somos apresentados a ela pelo processo de aprendizado e alfabetização, e apesar de ter uma ligação grande com o público infantil é uma ferramenta de grande eficácia para o design gráfico, entender ela em sua funcionalidade é importante para direcionarmos o projeto gráfico. Brisolara (2009) define Caligrafia como: Letras únicas produzidas a partir de traçados contínuos à mão livre (manuscritos). Algumas fontes, contudo, são elaboradas a partir de originais caligráficos, reproduzindo-os; estas são conhecidas como ‘caligráficas’, ‘script’ ou ‘cursivas’. Boguszewski (2012) afirma que, simbolicamente, a caligrafia é expressão de civilidade, requinte, elegância, distinção, identidade. Esse atributo tem origem muito antiga e se baseia, originalmente, no valor simbólico das letras em muitas tradições religiosas. O autor ainda aponta que a letra aparece como símbolo do mistério do ser, como unidade fundamental vinda direto do verbo divino e com sua diversidade inumerável resultante de suas combinações virtualmente infinitas; é a imagem da multidão das criaturas, e até mesmo a própria substância dos seres que nomeiam. Estamos falando de uma análise simbólica e histórica relacionada à caligrafia, é importante percebermos a relevância de cada elemento ecomo isso se constituiu, para que possamos aplicar com assertividade em nossos trabalhos. "No ocidente a arte da caligrafia remonta às tradições romanas e cristãs antigas, sendo sua prática cultivada nos mosteiros medievais em que se copiavam os textos bíblicos, entre outros manuscritos herdados do passado" (BOGUSZEWSKI, 2012, p. 130). Os elementos que são ligados à caligrafia e ao efeito simbólico que participa de sua conceituação trazem a discussão dos efeitos e da tradição envolvidos nessa abordagem. É importante saber que, antigamente, as letras eram muito ligadas à caligrafia e ao movimento das mãos e, com o avanço do uso dos tipos, houve a necessidade de uma organização e que, por meio da classificação, obtém-se maior afinidade com o projeto gráfico e o público ao qual é voltado. “ A origem das palavras está nos gestos do corpo. Os primeiros tipos foram modelados diretamente sobre as formas da caligrafia. No entanto, elas não são gestos corporais, mas imagens manufaturadas para repetição infinita. A história da tipografia reflete uma tensão contínua entre a mão e a máquina, orgânico e o geométrico, o corpo humano e o sistema abstrato (LUPTON, 2006, p. 9). “ Tipologia e Tipografia Tipologia e Tipografia, os dois termos são muito utilizados no design, não há dúvida. Mas mesmo assim muitas vezes esses termos são empregados de maneira incorreta. Os dicionários apresentam diversos significados para Tipologia, a interpretação que temos interesse e é nosso foco de estudo é o termo: “Conjunto de caracteres tipográficos usados em um projeto gráfico”. Em outras palavras, quando você vai fazer um projeto é necessário determinar a fonte que será usada, a decoração, o tamanho, a cor, se utilizará mais do que uma fonte, se a fonte será serifada ou não, todo esse estudo é classificado como Tipologia. Esse estudo e proposta complexa de conceitos que estão envolvidos em todas as fases do projeto tipográfico é o que chamamos de tipologia, assim podemos entender que a tipologia é o estudo de como será utilizada a fonte, as circunstâncias envolvidas, e a estrutura do projeto em nível macro, já a tipografia é a arte de criar tais fontes. Nesse sentido, começaremos definindo o que é tipografia como o conjunto de práticas e processos envolvidos na criação e utilização de símbolos visíveis relacionados aos caracteres ortográficos (letras) e para-ortográficos (números, sinais de pontuação etc.) para fins de reprodução, sim, precisamos pensar sempre neles em nível de possibilidade de reprodutibilidade. Esse elemento vai incluir tanto o design de tipos quanto o design com tipos. Na falta de um termo em português que traduza o termo inglês typeface o termo ‘tipografia’ pode ser utilizado como um sinônimo de ‘fonte’, para referirmo-nos a um determinado ‘tipo de letra’ utilizado em alguma aplicação específica (FARIAS, 2004). Dentro dessa definição geral, ao efetuar a análise ou descrição de algum exemplo específico de design com tipos, é necessário levar em consideração os diferentes processos disponíveis para a obtenção destes caracteres ortográficos e para-ortográficos. Embora qualquer um desses processos possa resultar em uma fonte tipográfica do ponto de vista do design de tipos, dentro da esfera do design com tipos é importante diferenciar a tipografia, enquanto processo mecânico ou automatizado para a obtenção de caracteres regulares e repetíveis, da caligrafia e do letreiramento (processo manual para a obtenção de letras únicas, a partir de desenhos). Pensar em processos tipológicos e tipográficos pode parecer em um primeiro momento algo rápido e que não exige muita demanda projetual, porém, a avaliação deve acontecer com calma, por exemplo se estiver desenvolvendo uma embalagem de alimento, é necessário entender a linguagem do público, como se relaciona com a marca, se o produto está falando de forma adequada, por meio da tipografia com o público, avaliar se está legível o suficiente e como está a atratividade gerada. Entender esse processo envolvido na projetação da tipografia, ou seja, na tipologia do projeto pode definir o rumo a que você deverá levar o material, se precisa trabalhar elementos específicos para valorizar determinados elementos que são relevantes a determinado público. Vamos direcionar a atenção para o elemento que gera muita confusão no design, a Tipologia. Esse elemento essencial no design gráfico é na verdade pertencente à taxonomia, a ciência das classificações, tipologia é o estudo das características das diferenças entre objetos e seres vivos de toda espécie. Tipologia é um termo que constantemente é utilizado em textos do design, ele costuma ser adotado quando existe a necessidade de distinguir o estudo que resulta na caracterização de qualquer elemento da estrutura do projeto, seja ele uma fonte, cor, formas, imagens ou qualquer outra realidade que precise ser caracterizada. A partir de uma interpretação mais ampla pode-se entender que tipologia é um sinônimo para classe, família, gênero, enfim, uma classificação generalista de algo, como já citado, utilizamos como um processo de reflexão dos elementos contidos no projeto, a tipografia é contemplada por ela estar dentro desse processo. Ou seja, em um projeto tipográfico a tipologia foi feita ao pensar sobre os conjuntos de elementos e como trabalham. Vamos desenvolver um pouco mais sobre o assunto tipografia? A tipografia é considerada a arte e o processo de criação de caracteres, ela tem origem etimológica na implantação da impressão por tipos móveis na Europa, a partir do século XV. Dentro do design gráfico, a tipografia é interpretada como uma ferramenta de promoção de uma organização estrutural para ser utilizada como forma à comunicação imprteessa. Trabalhar com os tipos envolve uma série de características muito interessantes, na maioria dos casos, a exigência é que uma composição tipográfica deve ser legível e visualmente atrativa, sem desconsiderar o contexto em que é lida e os objetivos da sua publicação, e o local ou substrato que foi aplicado (físico ou digital). Tipografia pode ser também algo que não precisa ser lido. Se você gosta de transformar partes dessa informação em algo mais interessante, pode fazer algo ilegível, para que o leitor descubra a resposta. Isso também é possível, e isso também é tipografia. Escrita à mão é tipografia. Fazer letras à mão também é tipografia. Tipografia é a arte de escolher o tamanho correto, comprimento certo da linha, de escolher as diferentes espessuras das informações do texto. Ela pode incluir cor, que dá outro significado à palavra. Se você imprimir algumas partes em vermelho, elas se transformam numa outra informação. A tipografia inclui regras para o uso de linhas, formas positivas e aplicação de retículas, letras em diferentes contrastes de claro-escuro e de tamanhos pequenos e grandes (FARIAS, 2004, p.15). Em trabalhos de design gráfico experimental ou de vanguarda os objetivos formais extrapolam a funcionalidade do texto, portanto questões como legibilidade, nesses casos, podem acabar sendo relativas, tendo em vista que a análise dos elementos de valor e estéticos vão se sobrepor sobre a funcionalidade. Isso ocorre devido à versatilidade de recursos que a tipografia oferece, é uma arte que nos liga à comunicação tanto em uma estrutura formal como um texto ou um livro ou em uma obra de arte utilizada para transmitir além da palavra descrita ou representada. O interesse visual despertado pela tipografia é realizado por meio da harmonia das fontes tipográficas, composição, layout do texto, cores, e direciona para o teor do texto. Letreiramento e considerarmos os mais de 500 anos da história da impressão com tipos móveis, muitos termos foram adotados ou adaptados de diferentes línguas para significar alguma função, tarefa ou elementorelacionado aos tipos. Farias (2013) aponta que, desta forma, alguns dos termos utilizados na nomenclatura tipográfica são adaptações de termos tradicionalmente adotados na prática da caligrafia ou da escrita em geral, enquanto outros foram criados para melhor descrever as partes dos tipos de metal ou madeira. Quando consideramos o advento da internet e o avanço das tecnologias digitais, muitos destes termos continuaram em uso, embora nem sempre com o mesmo significado, e novos termos foram cunhados, pois foi necessária alguma adaptação para que tivesse relação com a realidade. Farias (2013) afirma que dentro dessa definição ampla, ao efetuar a análise ou descrição de algum exemplo específico de design com tipos, é necessário levar em consideração os diferentes processos disponíveis para a obtenção desses caracteres ortográficos e para-ortográficos. Ainda como complemento, Farias (2013) aponta que dentro da esfera do design com tipos é importante diferenciar a tipografia, enquanto processo mecânico ou automatizado para a obtenção de caracteres regulares e repetíveis, da caligrafia (processo manual para a obtenção de letras únicas, a partir de traçados contínuos à mão livre) e do letreiramento (processo manual para a obtenção de letras únicas, a partir de desenhos). Brisolara (2009) define que Letreiramento como letras únicas, produzidas a partir de desenhos (com pincel, caneta, lápis ou outro instrumento). As implementadas como fonte passam à designação ‘brush’ ou ‘manuais’. Entendendo que o contexto e os fatores envolvidos na produção definem também a nomenclatura adotada, percebemos que além de rico, visualmente, esse elemento tipográfico permite intervenções visuais em diversos ambientes sociais. Assim, o Letreiramento (tradução do inglês lettering), interpretado segundo Farias (2013) mantém um aspecto mais restrito, ainda com vínculos com o termo tipografia que fica reservado à identificação de caracteres produzidos de forma mecânica ou automática, e com os traçados individualizados e manuais chamados de caligrafia. Caractere e Fonte A tipografia é formada por diversos elementos micros que consistem em características de formatação e que se relacionam com a tipologia escolhida. Nesse contexto, utilizaremos o termo caractere, pois de acordo com Farias (2004) deve ser utilizado para nos referirmos a cada uma das letras, números e sinais (inclusive espaços) que compõem uma fonte tipográfica, ou que fazem parte de um sistema de escrita. Ainda sobre a explanação do autor, podemos definir alguns termos relacionados com as fontes, principalmente nos meios profissionais (gráficas, agências, estúdios de design etc.). O Tipo, original do grego Typos, significa modelo, sinal, caractere, letra de imprensa em interpretações modernas. É um sinônimo de tipografia e pode ser reconhecido como typeface também em bibliografias modernas que trabalham com o digital. Já o caractere ou fonte refere-se, de acordo com Farias (2004), com cada símbolo abstrato de uma fonte. É o design específico de um conjunto de caracteres tipográficos. Também pode se referir a conjuntos de caracteres determinados não só pelo desenho das faces, mas também por suas características métricas e de espaçamento no caso das fontes digitais. Quando buscamos a significação do termo alfabeto, o autor nos mostra que pode ser o conjunto de símbolos abstratos usados em cada sistema de escrita, não necessariamente precisa estar implementada como fontes. São as letras usadas em uma determinada língua. Seu nome deriva das duas primeiras letras do alfabeto grego. A abordagem relacionada à família tipográfica está vinculada com o conjunto das variantes (estilo regular, itálico, bold, bold itálico etc.) de um mesmo design tipográfico (determinada fonte). Os termos série, fonte ou face se referem a cada um dos membros da família. Outros elementos ficam próximos, pois, atuam em conjunto como a já discutida caligrafia, que, de acordo com Farias (2004) é formada por letras únicas produzidas a partir de traçados contínuos à mão livre. Porém, algumas fontes, contudo, são elaboradas a partir de originais caligráficos, reproduzindo esses traçados; estas são conhecidas como fontes caligráficas, script ou cursivas. Um ponto que ainda trataremos na anatomia tipográfica, ligado a fonte, é a conhecida como Caixa-alta/Caixa-baixa, que para Farias (2004) são termos sinônimos para designar letras maiúsculas e letras minúsculas. Essa nomenclatura tem ligação com sua origem que remonta à posição ocupada pelos tipos móveis de metal na caixa de tipos (as maiúsculas na parte superior e as minúsculas na parte inferior). Glifo e Família Tipográfica A tipografia é traduzida com a expressão máxima do pensamento, da técnica verbal e da não verbal que, por associações geométricas e imagens gráficas, consegue expressar diversos sentimentos e anseios do ser social (MOTA; AMENDOLA, 2018). Dentro dos termos que vimos que estão intrínsecos ao estudo da tipografia, precisamos abordar o significado do termo glifo, não é um dos termos populares, mas ele existe e tem sua relevância. Para Farias (2004) o termo glifo é a melhor tradução para o inglês glyph , e pode ser utilizado como alternativa ao termo ‘caractere’ quando desejamos nos referir a qualquer imagem (letra, número ou símbolo) que faz parte de uma fonte. Para Mota e Amendola (2018), a atuação do designer propõe a abertura de novas possibilidades que ampliem os seus horizontes sugerindo, a partir da riqueza de exemplos do passado, formas criativas e conscientes de se proceder no presente. Quando está atuando na composição gráfica com tipos há o emprego de significados atribuídos e a possibilidade de utilizar diferentes maneiras de se comunicar algo dentro de um limite e de um princípio dialético. Observando os formatos das revistas, dos jornais e livros impressos, percebemos facilmente que esses sofreram poucas alterações ao longo de sua existência. Mas quando estamos trabalhando os elementos envolvidos nas artes gráficas, e em usos ditos modernos como sites, e- books e materiais gráficos notamos transformações mais radicais em seus elementos específicos, principalmente pela forma que o layout e a tipologia são estruturados, a tipografia, o tratamento das imagens, o uso de cores, e a diagramação, todos os elementos são orientados para que transmitam reações e mensagens. Mota e Amendola (2018) completam ainda que são detalhes capazes de alterar padrões, uma vez que cada um, em si mesmo, e todos em interação, são capazes de criar proposições de leituras radicalmente diferentes entre si. Farias (2004) apresenta que família tipográfica contempla o conjunto das variantes da fonte (estilo regular, itálico, bold, bold itálico etc.) de um mesmo design tipográfico. Os termos série, fonte ou face se referem a cada um dos membros da família, dessa forma o conjunto e suas variações ainda pertencem a um grupo único. Finizola e Coutinho (2009) trazem a discussão sobre as famílias tipográficas apontando que o atributo do peso define as espessuras das hastes de uma família tipográfica, afetando a sua cor, sua tonalidade na mancha gráfica de um layout. Os autores ainda completam que como exemplo temos as variações de peso light, regular, bold, semibold, extrabold. Elementos Ortográficos e Para-Ortográficos Duarte (2017) afirma que todas as abordagens sobre tipografia são complementares e ampliam a identificação do que é. E ainda mais com a contribuição que a alinha à linguagem visual. É fundamental relembrar que a tipografia é um conjunto de elementos que compõe a sintaxe visual, assumindo assim a responsabilidade pelo papel de expressar visualmente o texto escrito. Dessa forma, Duarte (2017) aponta que é necessário buscar condições para que se possa exercer essa tarefa de forma aque respeite a legibilidade, assim como também possa agir em favor dos objetivos da mensagem dentro dos projetos gráficos. Definiremos, assim, tipografia como um conjunto de práticas subjacentes à criação e alteração de símbolos visíveis relacionados aos caracteres ortográficos (letras) e para- ortográficos (tais como números e sinais de pontuação) para fins de reprodução, independentemente do modo como foram criados (à mão livre, por meios mecânicos) ou reproduzidos (impressos em papel, gravados em um documento digital) (FARIAS, 2013, p. 18). Segundo Farias (2004), os termos utilizados na nomenclatura tipográfica se originam tanto da prática da caligrafia e da escrita em geral, quanto da prática tipográfica de tipos móveis de metal ou madeira. Quando observamos os elementos e diferenciamos que possuem suas funções com distinções, percebemos que os caracteres ortográficos ou as fontes que compõem as estruturas nos direcionam a contemplações de informações descritivas, pois estão se relacionando diretamente com palavras. Já os elementos ortográficos possuem função diferente, pois organizam o contexto, criam espaços, estruturam a mensagem, apontam números e trazem um sentido mais racional à estrutura. Farias (2004) define os elementos tipográficos e descreve como são interessantes de serem interpretados, pois estão ligados com os caracteres para-ortográficos e os ortográficos, sob um olhar técnico acabam tendo aparências muito distintas, mas nas ações diárias da escrita passam quase despercebidos, porém ainda fazem grande diferença. Como, por exemplo, placas de carros, atuam basicamente com ambos os formatos, mas que tem maior peso na interpretação lógica e codificada, ou no caso dos calendários em que nos deparamos com o controle de tempo, ou a partir de ambos os formatos de caracteres, nas senhas dos bancos em que direcionamos o entendimento não para o que os códigos apresentam, mas pelo que eles representam, que é sua vez de ser atendido. Dessa forma, podemos contextualizar as aplicações dos caracteres e compreender que estão no nosso dia a dia, e relacionam-se com nossas tarefas diárias. Isso aponta o quanto é importante a ação do designer na atividade gráfica. Definições e introdutórias - Características e propriedades O conceito de variações tipográficas é aplicado para se referir a um determinado conjunto de fontes que compartilha características comuns de forma, métrica e espacejamento, formando uma família tipográfica. Essas variações possuem como objetivo facilitar a hierarquização de informações em uma página diagramada ou projeto gráfico (FARIAS; PEREIRA, 2010). Para entendermos melhor como esse processo ocorre, ele é direcionado a um conjunto de fontes, que é quase sempre gerado a partir de uma fonte inicial, que partilha um mesmo conceito ou faz parte de uma mesma solução de projeto, embora apresente diferenças de espessura, largura, inclinação e estilo, ou seja, essas fontes pertencem à mesma família tipográfica mas podem ser analisadas individualmente por diferenças que possuem. Conforme Farias e Pereira (2010), a fonte romana faz parte desse conjunto, mas será nosso modelo principal que permite orientar a elaboração das variações, conservando assim as características que determinam a família. Inicialmente, destacamos a nomenclatura apresentada como romana em nosso modelo base, segundo Pereira e Farias (2010) sua nomenclatura tem base em quatro fatores presentes: 1. Caracteres que apresentam estruturas baseadas em formas de origem latina; 2. Caracteres de eixo vertical, ou seja, sem inclinação; 3. Caracteres com formas não cursivas; 4. Formas de caracteres relacionadas às inscrições monumentais romanas. Assim, usamos a nomenclatura com base na orientação de Farias e Pereira (2009), pois possui formas ocidentais de origem latina, não cursivas, não inclinadas (não-itálicas), com peso “regular” e largura “normal”, enquanto que os outros membros da família são variações dessa fonte. Os elementos tipográficos das famílias apresentadas são classificados como sem serifa, podendo também ser descritas como tipografias destinadas à composição de textos longos, ou seja, famílias não- display, ou simplesmente famílias de texto. Ao abordarmos a versão com efeito itálico, ou inclinada, a proposta é gerar algum tipo de ênfase no elemento textual. Farias e Pereira (2010) afirmam que os primeiros cortes itálicos eram usados para impressão de textos longos inteiros. As fontes itálicas tinham a vantagem de economizar páginas e eram empregadas especialmente em livros de formatos menores, o estilo itálico possui alterações estruturais, tendo nesse caso a alteração de espessura, mas a altura é mantida. Há estilos criados a partir de variações na espessura dos traços dos tipos, como thin, light, semibold, bold, extrabold , entre outros (FONTOURA, 2004, p. 34). A variação apresentada como condensed se deve a variações na largura dos glifos. Ela se mantém sem inclinação, mas preserva pontos de mudança, deixando suas linhas preservadas, tendo o espacejamento alterado. Na variação com negrito, os traços tendem a gerar áreas demasiadamente escuras, mas essa é uma das características das variações bold (negrito) ou mais pesadas. Geralmente utilizadas como auxiliares das romanas, podem ser empregadas na composição de títulos e subtítulos, em listas para destacar itens de forma proposital. “O negrito se mostra geralmente entre dois quintos e dois terços mais pesado que o romano” (FRUTIGER, 2007, p. 148), as hastes verticais devem apresentar espessura igual a 35% do valor da altura de versal (distância da linha de base ao topo da letra maiúscula) em fontes bold. Dessa forma, entendemos que as principais variações se devem a aplicações e possibilidade com que cada elemento tipográfico é aplicado, seja para facilitar a leitura longa ou para dar atenção a um fragmento da frase. Aplicações de Conceitos Ao trabalharmos a estrutura das fontes, alguns pontos são relevantes de serem analisados ponto a ponto, por exemplo o design de fontes tipográficas, principalmente aquelas projetadas para aplicação em textos extensos. Devemos considerar dois conceitos relevantes: legibilidade e leiturabilidade, entendendo primeiro que sua intenção é de oferecer ao leitor a clareza, para que os caracteres possam ser reconhecidos individualmente. Já o conceito de leiturabilidade, do inglês readability, se refere à qualidade de conforto visual, Farias (2004) define os elementos da seguinte forma: A leiturabilidade é a qualidade que torna possível o reconhecimento do conteúdo informacional de um material, quando esse material é representado por caracteres alfanuméricos. Essa característica de ser adaptada a uma boa leitura se deve principalmente pelo espaço entre caracteres, entre grupos de caracteres e se está sendo trabalhado com variantes da família trabalhada, habitualmente encontraremos as variações condensado e expandido, regular, itálico, negrito e versalete. Segundo Farias (2004) na maioria dos casos a mais legível, além de ser também a mais comum, particularmente em grandes blocos de texto, é a que prevalece no texto como um todo. Sobre a presença ou ausência de serifa, é um tópico importante de ser tratado, já que as serifas são traços adicionados ao início ou ao fim das hastes principais de um caractere, podendo ser uni ou bilateral, e transitiva ou abrupta, ou seja, acabar com uma curva suave até a base ou reta. Farias (2004) levanta a afirmação que a serifa aumenta as características que distinguem as letras (legibilidade), propiciando seu agrupamento em conjuntos significativos (leiturabilidade). Já Guimarães (2004) tece a mesma recomendação, afirmando que textos compostos em tipo com serifa são mais fáceis de ler, pois a serifa incrementa a diferenciaçãoentre as letras. Por outro lado, quando aplicados a palavras isoladas, recomenda-se a utilização de tipos sem serifa. Em termos gerais, a via de regra é que colabora na leitura, mas pode aumentar o peso da fonte, pois pode cansar mais em leituras longas, assim nesses casos fontes sem serifa podem auxiliar mais. Sobre as espessuras das hastes, segundo Gribbons (1993), as famílias tipográficas mais legíveis são aquelas com uma variação média entre as hastes mais finas e as mais grossas de seus caracteres. A diferença moderada entre a espessura das hastes facilita a diferenciação entre caracteres, frequentemente confundidos ao acentuar o desenho específico de cada um. Muitas pequenas diferenças são possíveis de serem aplicadas dentro da tipografia, com o intuito de melhorar ou apurar a leitura, ou até mesmo para chamar a atenção para alguma palavra ou ponto específico. Dessa forma, o designer deve pesquisar e entender a anatomia da fonte que pretende trabalhar, para não corrermos o risco de descrever normas para a criação de um texto perfeito, a partir de definições de estilo e corpo de fonte, espacejamento, largura de coluna e outras variáveis. Estas são muito importantes, mas precisamos sempre pensar na experiência gerada e como será aplicado no layout. Conclusão O estudo da tipografia, tanto a partir de uma perspectiva histórica quanto de um panorama estético e projetual consistem no ato de manipular e interpretar os códigos gráficos que revelam, além de complexidade, um conjunto de emoções a serem transmitidas. Uma das características mais marcantes da tipografia está em seu caráter funcional, mas que com toda sua estrutura por vezes rígida consegue manter a sutileza e expressão das emoções humanas. Os muitos avanços e aplicações ao longo de mais de 500 anos de desenvolvimento fizeram a tipografia mudar o mundo, não teríamos a mesma concepção de sociedade sem ela. Os processos comunicacionais se baseiam em códigos e acabam em sua grande maioria derivando de algum código escrito e codificado em letras e fontes. Tipografia é uma forma de autoexpressão ou manifestação estética, os atributos gráficos da tipografia têm por objetivo representar e fortalecer visualmente o conteúdo de uma determinada mensagem e permitir que o indivíduo que está fazendo uso de seus elementos possa transmitir o que sente, vê ou quer representar. Caligrafia Tipologia e Tipografia Letreiramento Caractere e Fonte Glifo e Família Tipográfica Elementos Ortográficos e Para-Ortográficos
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