Relatório - Analise Gráfica

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Instituto de Artes
Departamento de Design
Análise Gráfica 1
Memorial descritivo
"Estudo comparativo entre as tipografias
Questa Grande e American Typewriter"
Douglas Moreira – 17/0140563
Luísa Reis – 18/0105671
Pedro de Vasconcelos – 18/0129155
Rhanna Rebello – 18/0108727
Prof. Orientadora: Ana Mansur
Brasília
2019
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Sumário
1. Introdução - 3
2. Contextualização
2.1 Panorama sócio-econômico e manifestações em áreas similares - 3
2.1.1 American Typewriter - 3
2.1.2 Questa Grande - 3
2.2 Casas fundidoras - 3
2.2.1 International Typeface Corporation - American Typewriter - 3
2.2.2 Fontspring - Questa Grande - 3
2.3 Designers - 4
2.3.1 Joel Kadan e Tony Stan - 4
2.3.2 Martin Majoor e Jos Buivenga - 5
3. Análise morfológica
3.1 Estudo comparativo - 6
3.2 Suposição da classificação ATYPI - 9
3.3 Personalidade do tipo - 9
4. Aplicabilidade
4.1 Título - 11
4.2 5 linhas - 12
4.3 Texto corrido - 12
4.4 Exemplos em projetos gráficos - 13
5. Considerações finais - 19
6. Referências bibliográficas - 20
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1. Introdução
O presente trabalho é uma atividade realizada na disciplina Análise Gráfica, orientada
pela professora Ana Mansur da Universidade de Brasília. Nesse documento apresentamos o
estudo comparativo das fontes serifadas Questa Grande e American Typewriter, procura-se
evidenciar todos os aspectos históricos, sociais e gráficos dessas fontes, tais como seus
designers, casas de fundição,classificação Atypl, personificação da fonte e aplicabilidade.
2. Contextualização
2.1 Panorama sócio-econômico
2.1.1 American Typewriter
A american typewriter surgiu em 1974, um ano antes de o Estados Unidos ser
derrotado na guerra do vietnã, esse é um dos momentos históricos que estava acontecendo na
época em que a fonte foi fundada. Os anos 70 foi marcado pela inovação em todos os campos
possíveis, com o fim do movimento hippie surge o movimento punk na inglaterra que
procurava se impor mudanças pela anarquia, seu estilo se vestir com trajes rasgados, cheios de
peças com metal causam uma grande mudança estilística para a época.
Por ser lançada na época de inovação musical e moda, ela se popularizou em capas de
discos (Pissing In A River – Patti Smith, The Final Cut – Pink Floyd) e grandes revista de
moda como a Vogue. As peças gráficas se destacam por cartazes de anúncios de shows,
folhetos anarquistas e pôsteres de obras cinematográficas.
2.1.2 Questa Grande
A Questa Grande surgiu no ano de 2010, o mundo era palco de grandes inovações
tecnológicas, principalmente para o mundo das telas. A apple lançou nesse ano o Iphone 4
com display de retina, com esse display não seria mais visto pixelado as informações que
aparecem na tela, foi um grande marco que agora poderia ser melhor visto os detalhes das
fontes que usavam no sistema operacional do aparelho.
A fonte por ser jovem não tem um uso tão grande em diversas áreas. Ela se manifesta
no mercado publicitário evidenciada em cartazes e publicações literárias, no livro ABBA-The
Complete Recording Sessions e na publicação Q-Magazin No.1 uma publicação que só usa a
família de fontes da Questa.
2.2 Casas fundidoras
2.2.1 International Typeface Corporation - American Typewriter
Fundada em Nova York em 1970, é uma das maiores casas de fundição do mundo. A
casa ganhou fama por ser a primeira a não ter histórico de produção de tipos metálicos. Seus
fundadores são Aaron Burns, Herb Lubalin and Edward Rondthaler, a casa conta com mais de
1600 fontes dos mais variados estilos. Suas fontes são estrelas chefes de vários sucessos: Star
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Wars (ITC Serif Gothic), People Choice Awards (ITC Avant Garde Gothic) e Kentucky Fried
Chicken logo(ITC American Typewriter).
2.2.2 Fontspring - Questa Grande
A fonte Questa Grande é muito jovem, então sua casa é um dos meios digitais
de distribuição, no site do projeto da fonte tem como solicitar licença por diversos
distribuidores: adobe fonts, myfonts, fonts.com mas os criadores pedem preferência para a
FontsSpring.
A FontsSpring foi fundada em 2010, ela um distribuidor exclusivo de fontes digitais.
A empresa é conhecida por pagar justamente seus designers desenvolvedores, numa média de
70% por royalty. Seu atual presidente é o Ethan Dunham. Eles são parceiros de diversas
fundições incluindo Exljbris, Mark Simonson Studio, Canada Type.
2.3 -Designers
2.3.1 Joel Kadan e Tony Stan
A fonte American Typewriter foi criada em 1974 pelos designers Joel Kaden,
designer americano que trabalhou com o designer Herb Lubalin e para ITC; e Tony Stan,
designer de tipos residido em Nova York que trabalhou tanto para corporação
Photolettering.inc quanto para ITC. A parceria dos dois para a criação da fonte começou
através da ITC- International Type Corporation, uma corporação criada em 1970 e que foi
uma das primeiras fundições de tipos que não apresentavam histórico com tipos de metal.
Isso, porque a mesma havia sido criada na época em que houve uma ascensão dos
computadores, fazendo com que a criação dos tipos estilizados digitalmente se tornasse um
negócio.
A principal ideia, dos designers, para a criação da fonte foi a de imitar o tipo
de metal fundido da máquina de escrever, cuja fama e uso estava decaindo. Apesar de ter tal
intuito, não foi feita uma cópia perfeita, um dos fatores que as diferem é o fato da American
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Typewriter ser uma fonte proporcional, ao invés de monoespaçada; ou seja, as letras não eram
todas da mesma largura e espaçadas como se estivessem em máquinas reais de datilografia.
2.3.2 Martin Majoor e Jos Buivenga
A fonte Questa Grande foi criada em 2014 pelos designers holandeses Martin
Majoor e Jos Buivenga. Martin Majoor nasceu em 1960 e começou sua carreira em design de
tipos em meados dos anos 80, projetando diversas fontes premiadas, como Scala, Seria e
Nexus. Além disso, projetou inúmeros livros e capas de livros, que foram premiados com
Melhor Livro; fez oficinas de design de tipos e palestras tanto em faculdades de belas artes
quanto em conferência de design em vários lugares do mundo. Majoor chegou a escrever
artigos para as revistas Page, 2+3d e Eye Magazine; e contribuiu para vários livros sobre
tipografia, como The Eternal Letter e 365typo.
Jos Buivenga nasceu em 1965 e é o criador da Exljbris, a fundição de fonte
holandesa onde ele libera e oferece suas fontes. Jos nem sempre trabalhou apenas como
designer de tipos, em 2008 ele trabalhava como diretor de arte de uma agência publicitária,
quando lançou seu primeiro tipo comercial, Museo, que se tornou um best-seller e foi um dos
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motivos dele poder se considerar hoje um designer de tipos em tempo integral. A colaboração
desses dois designers começou em 2010, usando os primeiros sketches do Buivenga
inspirados num estilo parecido com o da fonte Didone, como ponto de partida; com a filosofia
do Majoor de que uma fonte com serifa é um lógico ponto de partida para a criação de uma
versão sem serifa e não o contrário.
3. Análise morfológica
Em se tratando de tipografia, é fato que suas inúmeras facetas e variáveis criam um universo
complexo de possibilidades de criações. Os alfabetos e as formas dos caracteres foram se
transformando durante a civilização humana e assim se tornou necessário seu estudo técnico,
categorizado e aprofundado.
A morfologia do tipo se relaciona à sua estrutura gráfica e configuração, representadas por
hastes e espaços em branco que compõem sua forma. A anatomia envolve suas curvas,
movimentos retilíneos, elementos estruturais e traços em geral. Englobando essas
características pode-se consolidar classificações com semelhanças e contrastando as
diferenças entre as tipografias.
3.3.1 Estudo comparativo
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O contraste entre as fontes se torna claro quando seus alfabetos e símbolos são
apresentados. Suas nuances são reveladas pelos negativos. Diferem-se, também, na aplicação
de caracteres acentuados no alfabeto latino, possuindo maior gama destes na Questa Grande.
Apesar de classificações próximas apresentam um rigor formal mais protuberante, como na
Questa, ou não, na American Typewriter.O eixo reto se faz presente em ambos os casos. A oscilação das hastes, ou a falta dela, é
perceptível nos limites do bojo. A serifa da Questa Grande poderia ser facilmente classificada
como fio de cabelo ou linear, se opondo à espessura da serifa retangular da American
Typewriter.
O gancho do caractere g em caixa baixa mostra a abertura ainda presente na Questa Grande,
enquanto a American Typewriter o tem completamente fechado. A ligação se faz em ângulo
mais aberto na representação da Questa, sendo mais agudo na American. As orelhas também
se comportam de forma diferente, aparecendo mais no formato de aspa ou em gota.
O & comercial bem apresenta detalhes estilísticos de cada fonte: curvas, terminais, filetes,
aberturas e dimensões verticais e horizontais.
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A cauda do caractere Q em caixa alta revela o resquício do teor caligráfico na Questa Grande,
que se envolve com sua abertura interna. Na aplicação da American Typewriter é visto um
caractere mais condensado, com sua cauda mais retraída e avançando no espaço interno.
A superposição dos dois tipos permite visualizar a diferença entre a espessura de suas hastes e
das serifas, a variação da altura x e espaços.
3.2.2 Suposição da classificação ATypI
Entrando no mérito das classificações trazidas por tipógrafos ao longo dos anos, em 1957,
Maximilien Vox fundou a ATypI (Association Typographique Internationale), que se tornou a
referência atual para a comunidade tipográfica agir e se estruturar em conjunto. A Associação
preserva a tradição dos tipos e, na mesma intensidade, promove novas fontes digitais e a
contínua movimentação de novas tipografias. Desta forma, é possível supor e encontrar bases
para a análise das tipografias American Typewriter e Questa Grande previamente
mencionadas.
A partir de estudos direcionados à classificação de tipos, ambas as fontes apresentadas
possuem o remate da serifa em seus terminais, se divergindo por suas formas gerais. A
American Typewriter pode ser classificada enquanto mecanizada (egípcia) por sua estrutura
geometrizada, mínima oscilação entre as hastes, com curvas fechadas e proporções mais
achatadas; enquanto a Questa Grande se aproxima da classificação didone (moderna) por sua
intensa oscilação entre hastes, serifas retas e com leves aberturas em certos caracteres.
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3.3 -Personalidade do tipo
3.3.1 American Typewriter
Para representar a personalidade do tipo American Typewriter foi
escolhido Tom Cruise no filme Top Gun. Porém, a associação não foi baseada somente no
personagem que o mesmo interpretou, mas sim tudo o que ele e o filme representam. O filme
norte-americano de 1986 se tornou um clássico dos cinemas e um grande representante da
cultura norte-americana do século XX, sendo quase impossível de não ser reconhecido - ou ao
menos ter visto Tom Cruise em alguma cena do mesmo - assim quando o vemos sentimos
uma certa nostalgia e um ar "clássico".
O mesmo pode-se dizer da American Typewriter, que apresenta uma
diferença de apenas 12 anos do lançamento de Top Gun. Como a mesma foi criada justamente
para imitar os tipos de metais das antigas máquinas de escrever, ela traz consigo um
sentimento de algo amigável e ao mesmo tempo nostálgico, como se estivesse voltando no
tempo e relembrando uma época marcante. Se tornando também uma imagem marcante da
cultura norte americana do século XX.
3.3.2 Questa Grande
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Para representar a personalidade do tipo Questa Grande foi escolhido Miranda
Priestly, uma personagem de ficção de um romance estadunidense chamado The Devil Wears
Prada, que teve uma adaptação cinematográfica em 2006. Miranda é um famosa editora-chefe
da revista sobre moda mais famosa do mundo, ela é uma mulher elegante, com personalidade
forte e sabe impor sua presença, fazendo com que não importa aonde ela vá todos os olhares
caem sob ela. O mesmo ocorre com a Questa Grande, ela é uma fonte que traz um sentimento
de elegância devido as suas curvas e variações de espessura; apresenta uma grande
personalidade e sabe impactar em um texto, sendo dificilmente passada por despercebida.
Além disso, nos primeiros segundos em que Miranda aparece no filme já se pode notar
sua forma irônica, sarcástica e até mesmo maquiavélica de tratar seus funcionários. Tal atitude
vai se tornando mais presente e cada vez pior no decorrer da trama, fazendo com que seja
questionado como todos os que trabalham para/com ela conseguem aturar essa personalidade
tóxica e ríspida. Pode- se fazer outra associação com a Questa a partir dessa característica.
Um dos fatores que traz a grande personalidade e impacto da Questa são suas grandes
variações de espessura de suas hastes, porém o mesmo fator faz com que ela não seja a
melhor escolha para textos corridos e de grande número de linhas, pois atrapalha na sua
legibilidade e traz um estresse visual, já que ao olhar aparenta haver várias manchas gráficas
concentradas e uma confusão entre as letras. Sendo recomendável usá-la em títulos ou textos
de pouquíssimas linhas.
4. Aplicabilidade
4.1. Título
A utilização da Questa Grande em títulos é coerente, funcionando bem. Sendo
classificada como didone, a variação de espessura das hastes e o eixo vertical garantem uma
grande potência à fonte. Por isso, o uso dela em situações que exijam e permitam esse
protagonismo – como em títulos – é extremamente adequado.
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A American Typewriter é passível de ser utilizada em títulos. Apesar de não ter tanto
destaque como uma didone, as serifas espessas características do tipo egípcio trazem potência
suficiente para a fonte funcionar como título.
4.2. Linhas
Apesar de funcionar muito bem como título e outros corpos de texto curtos, o uso da
Questa Grande não é muito adequado quando em textos maiores. Essa fonte quando utilizada
nessa situação cria blocos verticais no texto devido à grande variação de espessura dos tipos,
atrapalhando a legibilidade.
A American Typewriter é extremamente utilizada nessas situações se encaixando
muito bem. Possui certa potência devido a espessura das serifas, porém as serifas da
American são arredondadas e não muito rígidas garantindo legibilidade à fonte e tornando-a
excelente para esses casos.
4.3. Texto corrido
É extremamente complicado a utilização de um tipo didone como a Questa Grande em
textos corridos. Pelo motivo explicado anteriormente, a variação expressiva da espessura das
hastes dificulta drasticamente a legibilidade quando utilizada em textos corridos. As linhas
mais grossas parecem formar blocos verticais no corpo de texto, quebrando o ritmo de leitura.
Por isso a Questa quase não é utilizada nessas situações.
A American Typewriter é uma fonte baseada nos tipos de datilografia. Esses possuíam
todos a mesma largura devido a limitações da própria máquina de escrever, porém na
American os tipos são proporcionais entre si, melhorando a legibilidade. Por isso funciona
bem em textos corridos e garantem um caráter nostálgico e grunge ao texto.
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4.4. Exemplos em projetos gráficos
4.4.1 American Typewriter
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4.4.2 Questa Grande
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5. Considerações finais
Ao adentrar o universo tipográfico, é possível compreender sua complexidade e
diversidade. Suas possibilidades são infinitas e o designer é o possuidor do senso de
harmonia, compreensão e desenvolvimento de uma família tipográfica repleta de
profundidade semântica.
A importância de se inspirar no histórico passado e usar os novos adventos da
tecnologia enquanto ferramenta para a inovação é representativa para a criação de tipografias
ricas, bem construídas e estruturadas. O design de tipos está sempre se remodelando e sendo
construído enquanto elemento da cultura do presente momento. Não existe esquecimento das
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caligrafias, tipos móveis e inscrições antigas; suas marcas estão registradas em cada detalhe
de um novo tipo, independentemente de sua variável estilística. A reciclagem de um percurso
rico para alcançar a possibilidade e precisão vetorial de um novo tipo se faz real. A referência
às esculturas em metal para prensa, máquinas tipográficas,tipos mundialmente famosos e ‘’A
tipografia não está apenas para ser lida, mas também para ser vista’’ é o que faz com que se
ponha tamanho empenho para a produção e estudo de tipografia. Sua existência transcende os
limites de sua superfície de apoio, colunas, linhas, margens e grades. Seu significado é muito
mais valioso que o rigor estético; é concedido pela minuciosidade aplicada em grafismos
fonéticos. Se trata de informação, legibilidade, entrega conceitual e encaixe com seu
respectivo conteúdo. Apesar de todas as noções objetivas carregadas, a sensação subjetiva
sempre possui a carga intuitiva, que não se pode ser medida. A troca entre o leitor e a escrita
mostra a influência entre estes, não podem ser desvinculados. Por isso, o uso de determinada
fonte deve ser crítico, respeitoso e consciente.
REFERÊNCIAS:
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https://www.infoescola.com/cinema/o-diabo-veste-prada/