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Gabriele Babel | MED FURB LII HELMINTOS ➢ Classe Nematoda ➢ Classe sestoda ➢ Classe trematoda CLASSE NAMATODA Ascaris lumbricoides → Causa a ASCARIDIOSE → Parasitam o intestino delgado de seres humanos. Podem ficar presos à mucosa ou migrarem pela luz intestinal → Popularmente conhecidos como “lombriga” → A espécie A. suum infecta o intestino delgado de suínos, ou seja, é uma zoonose (são muito semelhantes aos lumbricoides, porém maiores em comprimento e a quantidade de ovos colocados são diferentes.). A infecção dessa espécie ocorre por água e alimentos contaminados → Associado a falta de saneamento → A. lumbricoides é encontrada em quase todos os países do mundo e ocorre com frequência variada em virtude das condições climáticas, ambientais e, principalmente, do grau de desenvolvimento da população. → A carga parasitária (nº de vermes no corpo) é proporcional a quantidade de ovos ingeridos, ou seja, se a pessoa ingeriu 5 ovos, terá 5 vermes no intestino delgado; → São GEOHELMINTOS: transmitidos pelo solo- provocam a helmintíase → Houve diminuição da prevalência em locais com a presença de ESF e UBS MORFOLOGIA As formas adultas são longas, cilíndricas e apresentam as extremidades afiladas. O tamanho dos vermes depende do estado nutricional do hospedeiro e do número de parasitos encontrados no intestino delgado Há 3 formas a serem observadas: • Verme macho: cor leitosa, 20-30 cm de comprimento, boca na extremidade anterior. O reto é encontrado próximo à extremidade posterior e é encurvado • Verme fêmea: medem de 30-40 cm quando adultas. A extremidade posterior é reta; a cor, boca e o aparelho digestivo são semelhantes ao do macho. Possuem 2 ovários • Ovo: originalmente são brancos, mas adquirem cor castanha pelo contato com as fezes, ovais e com cápsula espessa, constituída por várias camadas de membrana, o que confere aos ovos resistência a condições diversas do ambiente e facilita a aderência dos ovos a superfície propiciando sua disseminação; Pode-se encontrar nas fezes ovos inférteis (têm citoplasma granuloso) CICLO BIOLÓGICO → Monoxênico- possuem um único hospedeiro → Cada fêmea é capaz de colocar diariamente 200 mil ovos não embrionados, que chegam ao ambiente junto com as fezes → Ovos tornam-se férteis em 15 dias no solo úmido e temperatura de 25-30ºC. Esses ovos têm resistência de até um ano na terra → Transmissão: A ingestão de ovos com a larva L3 pode-se dar pela ingestão de terra ou água/ alimentos contaminados. Esses ovos ingeridos podem ser embrionados ou não embrionados. A primeira larva (L1), ainda dentro do ovo, sofre muda, transformando- se em L2 (perda primária da cutícula) e, em seguida, nova muda transformando-se em L3 (forma infectante- são essas as formas que permanecem infectantes, dentro do ovo, no solo, por vários meses e pode ser inferida pelo hospedeiro). Após a ingestão da forma L3, no estômago a cápsula vai ser semidigerida e as larvas saem dos ovos e vão em direção ao intestino delgado. A forma L3 pode invadir a mucosa intestinal e outras partes do corpo, por invadirem a corrente sanguínea e linfática. Podem atingir o fígado, o coração e os pulmões (CICLO DE LOSS). Alguns dias após a infecção, as larvas sofrem muda para L4, rompem os capilares e caem nos alvéolos pulmonares, onde mudam para L5 (é o verme adulto). Sobem pela árvore brônquica e traqueia até a faringe, onde podem ser expelidas com a expectoração ou serem deglutidas e voltando ao intestino delgado, onde se alimentam de nutrientes, aminoácidos, glicose, vitaminas (principalmente a vitamina A) e ferro. Em 60 dias alcançam a maturidade sexual (período de encubação) – se fizermos exames antes desse tempo não é possível detectar o verme. Antes de alcançar a muda L5 não é possível a diferenciação em macho e fêmea. Gabriele Babel | MED FURB LII Depois da formação da muda L5, o verme macho e a verme fêmea fazem cópula para a geração de novos ovos. Exame de hemograma revela eosinofilia (indica infecção por helmintos ou alergias) Como os ovos possuem muita resistência, uma vez que os ovos estão presentes nos alimentos eles não são removidos facilmente por lavagens. O ideal é o uso de substâncias que tenham capacidade de inviabilizar o desenvolvimento dos ovos em ambientes e em alimentos → ajuda no controle da transmissão. O verme pode viver até 2 anos no corpo Tratamento em geral é uma dieta rica e de fácil absorção 1- Ovo não embrionado no exterior 2-Ovo torna-se embrionado (LI) 3- embrião passa para L3 infectante (dentro do ovo!) 4-contaminação de alimentos ou mãos veiculando ovos até a boca Depois disso chegam ao intestino delgado e podem chegar ao coração, pulmão e faringe LARVAS Em infecções com baixa intensidade geralmente não há nenhuma alteração. Em infecções maciças pode ocorrer lesões hepáticas e pulmonares. Nos pulmões (ciclo de LOSS) há vários focos hemorrágicos na passagem das larvas pelos alvéolos. No ciclo de Loss vários sintomas podem surgir: • Tosse seca • Febre • Dificuldade respiratória • Irritação brônquica • Diagnóstico difícil Na tosse produtiva (com muco), o catarro pode ser sanguinolento e apresentar larvas do helminto VERMES ADULTOS Nas infecções por muitos vermes, os sinais e sintomas podem ser: • Diarreia • Vômito • Espoliação nutricional: os vermes consomem grande quantidade de proteínas, carboidratos, vitaminas, levando a subnutrição, • Convulsão • Oclusão intestinal: ocorre quando os vermes se enrolam, o tratamento é hospitalar • Urticária • Oclusão intestinal: • Localização ectópica: pode ocorrer migração erradica dos vermes adultos, como ir para o apêndice, boca e narinas Pode ocorrer em virtude do uso errado de medicamentos e ou alimentos com muitos condimentos, fazendo com que o helminto se desloca do seu habitat natural. Gabriele Babel | MED FURB LII Trichuris trichiura → TRICURÍASE → Uma grande parte dos infectados apresenta menos de 15 nos e geralmente são expostos a alta carga parasitária, ou seja, há uma redução da prevalência da infecção por T. trichiura com a idade do hospedeiro; → É um Geohelminto- transmitido pelo solo → Vivem fixados na mucosa do intestino grosso por sua porção mais afilada/delgada e são hematófagos (associado ao aparecimento de fezes com sangue) → Mesma carga parasitária que o A. lumbricoides → Não faz ciclo de LOSS, ou seja, não passa pelo pulmão → Os vermes são bem pequenos, por isso conseguem atravessam a mucosa do intestino grosso. SINAIS E SINTOMAS → Os ovos podem permanecer viáveis no solo por até 3 anos. → O período de incubação é de 60-90 dias → A maioria das infecções é assintomática → Acima de 1000 ovos por grama de fezes, podem aparecer: • Cefaleia • Colite (inflamação do cólon) • Dor abdominal • Diarreia com muco e sangue • Espoliação nutricional • Náusea • Vômito • Prolapso retal (saída da mucosa do reto- mais comum em crianças de até 5 anos). MORFOLOGIA • Verme macho • Verme fêmea: maior que o macho • Ovos: formado por 3 camadas distintas (lipídica externa, quitinosa intermediária e vitelínica interna), o que favorece a resistência desses ovos a fatores ambientais. CICLO BIOLÓGICO → Ciclo monoxênico, ou seja, há apenas 1 hospedeiro → Os vermes adultos fêmeas e machos que habitam o intestino grosso reproduzem-se sexualmente e os ovos são eliminados para o meio externo juntamente com as fezes; → A falta de diagnóstico, de tratamento, estrutura sanitária precária ou inexistente são os principais fatores associados à contaminação ambiental com os ovos do parasito; → Umavez no ambiente, os ovos sofrem embriogênese, formando as larvas de primeiro estágio LI. O período necessário para completar a embriogênese no solo é de 15 dias → Os ovos contendo as larvas L1 são infectantes para o hospedeiro, sendo geralmente ingeridos com água ou alimentos contaminados. As larvas conseguem sair do ovo através de um poro na extremidade do ovo, já no intestino delgado do hospedeiro, mas quando passam pelo estômago, as cascas são semidigeridas. Quando alcançam o intestino grosso do hospedeiro, têm preferência pelas criptas do ceco, penetrando assim na mucosa intestinal. → Durante esse período no intestino grosso, as larvas passam pelos outros 4 estágios larvas típicos (LI-L5) do desenvolvimentos da classe Hematoda → Infecções maciças podem ter larvas fixadas até a parede do reto. → L1-L5, depois verme adulto a) machos e fêmeas no ceco do intestino grosso 1) eliminação de ovos nas fezes 2) ovos tornando-se embrionados 3) ovo infectante contaminando alimentos No estômago o ovo é semidigerido. A larva eclode do duodeno para o ceco e, durante sua migração, sofre as outras 4 mudas. PROFILAXIA • Princípios básicos de higiene • Saneamento ambiental • Educação sanitária • Tratamento dos infectados em esquemas semestrais • Tratamento de água e esgoto doméstico • Vigilância sobre os produtores e manipuladores de alimentos Gabriele Babel | MED FURB LII Enterobius vemicularis → Provoca a ENTEROBIOSE → Ocorre transmissão direta de pessoa-pessoa, através da ingestão de ovos → Carga parasitária é crescente → Não é hematófago → Ocorre preferencialmente no intestino grosso, podendo alcançar a região anal. Podem estar livres ou aderidos na mucosa, alimentando-se do conteúdo intestinal do hospedeiro → Causa prurido anal em crianças, principalmente noturno. A fêmeas grávidas são frequentemente encontradas na região do ânus durante a noite. Em mulheres, o parasita também pode ser encontrado na vagina e na vulva (por isso pode causar vulvite e inflamação pélvica). Pode haver também irritação e dor abdominal → Os vermes são comensais, ou seja, não afetam a digestão. → É feito o exame da fita adesiva na região perianal -para ver as fêmeas com os ovos MORFOLOGIA Esse helminto possui nítido dimorfismo sexual, tanto o verme macho quanto o verme fêmea possuem cor branca e corpo filiforme VERME FÊMEA → mede 1 cm de comprimento, a extremidade posterior é bastante afilada, sendo a cauda longa e pontiaguda. Possui 2 úteros. A medida que o número de ovos intrauterinos aumenta, o corpo gradualmente se distende e é tomado quase que sua totalidade por ovos do parasito, podendo alcançar 80% do corpo os ovos (“saco de ovos”). Pode haver até 16 mil ovos na fêmea. Migram para a região perianal, mas acabam morrendo ali, o que provoca alergia e coceira, além de que, ao coçar, as vermes fêmeas são rompidas e os ovos são liberados. VERME MACHO → significativamente menor que a fêmea. A cauda é recurvada. OVO → apresenta o aspecto de letra “D”, já que um dos lados do ovo é achatado e o outro é convexo. Os ovos são delicados, sobrevivem 12 dias no solo e são sensíveis a produtos químicos e à radiação UV. Como os ovos são pequenos, podem atravessar os tecidos das roupas e infectar o ambiente. CICLO BIOLÓGICO → Monoxênico → Depois da cópula, os machos são eliminados com as fezes do hospedeiro e morrem → As fêmeas grávidas, ao invés de liberar os ovos diretamente no lúmen do tubo digestivo (o que possibilitaria que eles alcançassem o meio exterior junto com o material fecal), passam pelo ceco, por todo o intestino grosso, pelo esfíncter anal e assim alcançam o ambiente externo → Tornam-se infectados de 4-6 horas- migram quando o infectado está em repouso (quando está dormindo principalmente) → Após a ingestão dos ovos do parasito, as larvas eclodem no duodeno, alcançando o ceco. Nesse trajeto realizam duas novas mudas e transformam-se em vermes adultos → De 40-60 dias após a infecção, as fêmeas já estão repletas de ovos; a) machos e fêmeas no ceco 1- ovos depositados na região perianal 2- ovos no meio exterior contaminando alimentos e na poeira 3- ovos na região perianal levados a boca pelas mãos 4- ingestão de ovos embrionados Pode ocorrer AUTOINFECÇÃO: • Externa: a pessoa coça a região perianal, infecta as unhas e depois coloca a mão na boca. É mais frequente em crianças do que em adultos. • Interna (raro): as larvas surgem do reto para o ceco, transformando-se em vermes adultos. • Retroinfecção: as larvas da região perianal penetram o sistema digestivo pelo ânus e caminham pelo intestino grosso até chegar no ceco, onde se transformam em vermes adultos. PROFILAXIA • Limpeza do ambiente domiciliar por 12 DIAS, para garantir que, durante o tratamento, não haja reinfecção. • Fervura das roupas • Tratamento de infectados e contatos familiares • Higiene pessoal Gabriele Babel | MED FURB LII ANCILOSTOMÍDEOS Causa a ancilostomose (AMARELÃO) através dos vermes adultos; São hematófagos; Causa anemia ferropriva (microcítica -hemácias pequena- e hipocrômica) hipoproteinemia, albuminemia, ou seja, o verme consome ferro e albuminemia. Como gera albuminemia, é comum apresentar sinais de EDEMA Os ancilostomídeos podem ser de 2 gêneros: Gênero → Necator Espécie que infecta humanos → N. americanos (origem na África e é a espécie predominante no mundo- ocorre em regiões de clima tropical- Corresponde de 70-80% dos casos no Brasil) Gênero → Ancylostoma Espécies que infectam humanos → A. duodenale (20-30% dos casos no Brasil) e A. ceylanicum TRANSMISSÃO Ocorre pela penetração das larvas filarioides (L3 ou infectante), por via transcutânea ou oral (alimentos contaminados) São geo-helmintos → transmitidos pelo solo contaminado que provê condições para o desenvolvimento de ovos não embrionados até o estágio larval infectante. L3 pode permanecer no solo por até 6 meses. A prevalência da infecção é associada à áreas de pobreza e desigualdades sociais, incluindo deficiência de acesso à infraestrutura sanitária e serviço básico de saúde adequados. Andar descalço; Algumas espécies podem causar a larva migrans cutânea, que é a migração erradica de formas larvais da espécie que não conseguem completar o ciclo evolutivo em seres humanos. Os ovos saem nas fezes e contaminam o solo. CARACTERÍSTICAS São vermes pequenos. Adultos machos e fêmeas são cilindriformes, com a extremidade anterior encurvada dorsalmente. Cápsula bucal profunda -é uma projeção da cutícula na região anterior do verme. Podem ter dentes nessa região de cápsula bucal. → Cor rósea-avermelhada O dimorfismo sexual é evidente pois a fêmea é maior que o macho, além de que os machos possuem uma bolsa copuladora./cubernáculo (projeção da cutícula na região posterior) Boca sempre virada para as costas Vivem na mucosa do intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo) Dilaceram a mucosa do intestino delgado, para a obtenção de sangue. Podem mudar de posição 8 vezes por dia, aumentando os focos hemorrágicos. PROFILAXIA • Tratamento em massa da população infectada • Saneamento básico • Educação sanitária e ambiental • Uso de calçados A. duodenale Necator americanus CICLO EVOLUTIVO Ciclo monoxênico- apenas um hospedeiro. L1 e L2 → Rabditóide L3 → Filarióide L1, L2 e L3 ficam no meio externo L3, L4 e L5 tem vida no hospedeiro Ovos liberados nas fezes do hospedeiro darão origem aos dois primeiros estádios larvais (L1 e L2) e, posteriormente ocorre a muda para a forma de vida infectante (L3)- essa forma tem livre movimentação, mas não se alimentam e possuem dupla cutícula. As condições de oxigenação (soloarenoargiloso, com bastante matéria orgânica), temperatura (maior que 20ºC) e umidade (maior que 90%) do ambiente favorecem o desenvolvimento dos ovos até a formação das larvas L3, que tem a capacidade de penetrar na pele íntegra. O processo de penetração dura meia hora e, após a liberação da cutícula externa, migram para a circulação sanguínea ou linfática até alcançar os pulmões (CICLO DE LOSS). Atravessam os capilares do pulmão até a Gabriele Babel | MED FURB LII luz dos alvéolos pulmonares, onde acendem para os bronquíolos, brônquios e traqueia. Nos pulmões, por conta da alta oxigenação, mudam para L4, que apresenta uma cápsula bucal provisória. Ao atingir a laringe, as larvas L4 podem ser deglutidas ou expectoradas. Caso sejam deglutidas, vão para o trato gastrointestinal até o intestino delgado, onde exercem hematofagia e, depois de 15 dias da infecção, mudam para as formas adultas jovens, que darão origem a vermes adultos sexualmente maduros. Depois da reprodução sexuada entre casais, as fêmeas depositam ovos na luz intestinal, que então vão ser depositados ao meio exterior junto as fezes. PATOLOGIA E SINTOMATOLOGIA O grau de infecção depende da carga parasitária, da fase da infecção, da localização do parasita, da idade.... A lesão logo desaparece, já que a larva atinge a circulação sanguínea. Síndrome de Loeffer ocorre durante a passagem pelos pulmões, no qual apresentam-se os sintomas de febre, tosse produtiva e eosinofilia. Geofagia: vontade de comer terra. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL LARVA MIGRANS CUTÊNEA É a migração erradica de formas larvais da espécie que não conseguem completar o ciclo evolutivo em seres humanos; Ocorre com mais frequência nas regiões tropicais e subtropicais As fêmeas desses parasitos eliminam ovos diariamente junto com as fezes de cães e gatos infectados. No meio exterior, em condições ideais de umidade, temperatura e oxigenação, ocorre desenvolvimento em L1 dentro do ovo, que eclodem e se alimentam no solo de matéria orgânica e microrganismos. Em um período de aproximadamente 7 dias, as larvas L1 passam por duas mudas, alcançando a L3, que não se alimenta e pode sobreviver no solo por várias semanas. Cães e gatos podem infectar-se pelas vias oral, cutânea e transplacentária. Gabriele Babel | MED FURB LII Nos humanos, as L3 penetram ativamente a pele e migram através do tecido subcutâneo durante semanas ou meses e então morrem por perda de energia, já que não se alimentam. À medida que as L3 progridem, deixam atrás de si um rastro sinuoso conhecido como BICHO GEOGRÁFICO. 3 dentes Brasilienses tem 1 par de dentes. LARVA MIGRANS VISCERAL e OCULAR É uma síndrome determinada por migrações prolongadas das larvas, que são condenadas à morte depois de longa permanência nas vísceras, sem podem chegar ao estágio adulto. Quando alcançam o globo ocular, ocorre a “larva migrans ocular” – pode provocar deslocamento da retina e opacificação do humor vítreo. Provocadas pela Toxocara canis, parasito do intestino delgado de cães e gatos, também através da L3. Provoca febre, hepatomegalia, manifestações pulmonares e cardíacas, lesões cerebrais e/ou oculares, leucocitose, eosinofilia... Transmissão ocorre via intrauterina. Os cães infectados pela ingestão de ovos com L3 que eclodem do intestino delgado, atravessam a parede intestinal, alcançam o fígado, o coração e o pulmão, onde mudam para L4, que migram então para os alvéolos, brônquios, traqueia e são deglutidas. Gabriele Babel | MED FURB LII STRONGYLOIDES STERCORALIS Causa a ESTRONGILOIDOSE É oportunista -é o helminto que mais causa problemas nos transplantados. É também um geo-helminto. Habitat → intestino delgado (duodeno e jejuno) Há 6 formas evolutivas desse parasito: → Fêmea partenogenética → Fêmea de vida livre/ estercoral → Macho de vida livre → Ovos (1m- haploides/ 2m- diploides/ 3m- triploides - esses ovos têm casca bem delgada) → Larvas rabditoides → Larvas filarioides No intestino delgado só se encontra vermes fêmeas. Os ovos eclodem/ se abrem no próprio intestino. Não são eliminados ovos nas fezes, são eliminados vermes. Vivem em contato íntimo com a mucosa Femeas são triploides e podem colocar 3 tipos de ovos, que eclodem no intestino. Essas larvas contaminam o solo e então podem evoluir: Ovos haploides serão MACHOS de vida livre Ovos diploides serão FÊMEAS de vida livre Ovos triploides serão as LARVAS INFECTANTES – penetram na pele, vão para a circulação e fazem ciclo de loss no pulmão. Transmissão é transcutânea, por penetração ativa na pele íntegra. Possuem dois tipos de ciclo: • DIRETO, ou partenogenético. Neste ciclo as larvas rabditoides no solo ou na pele da região perianal transformam-se em larvas filarioides infectantes • INDIRETO -é sexuado ou de vida livre. Há a produção de fêmeas ou machos de vida livre, ocorre no solo. As fêmeas podem produzir, simultaneamente, os 3 tipos de ovos, dando origem a três tipos de larvas rabdoides: 1. Larvas rabditoides que se diferenciam em larvas filarioides, completando o ciclo direto. 2. Larvas rabditoides que originam fêmeas de vida livre- ciclo indireto. 3. Larvas rabditoides que evoluem para machos de vida libre- ciclo indireto. A fase dos ciclos que se passa no solo exige condições ideais: solo arenoso, umidade alta, temperatura de 25-30ºC e ausência de luz solar direta. Os ciclos direto e indireto se completam pela penetração ativa das larvas L3 na pele ou em mucosas oral, esofágica ou gástrica do hospedeiro. Algumas morrem no local, mas o ciclo se continua pelas larvas que alcançam as circulações venosa e linfática e através desses vasos seguem para o coração e os pulmões, onde transformam-se em L4 e migram pela arvore brônquica, até chegar na faringe. Podem ser deglutidas ou expectoradas, chegando no intestino delgado, onde se transformam em fêmeas partenogenéticas que depositam poucos ovos por dia na mucosa intestinal. Na mucosa intestinal, as larvas rabditoides maturam, alcançam a luz intestinal e são eliminadas com as fezes do paciente. Esse ciclo dura de 15-25 dias. Homem elimina larvas rabditoides nas fezes e evoluirão para larvas filarioides infectantes no ciclo direto. No ciclo indireto, as larvas rabditoides das fezes vão para o solo e evoluirão para fêmeas e machos de vida livre, que, após a cópula, originarão ovos, larvas rabditoides e filarioides infectantes. As larvas infectantes penetram ativamente na pele. Fp- fêmea partenogenética Fvl- femea de vida livre Lf- larva filarioide Lr- larva rabditoide Mvl- macho de vida livre o- ovo Gabriele Babel | MED FURB LII EPIDEMIOLOGIA → • Presença de fezes de homens ou animais infectados, contaminando o solo; • Presença de larvas infectantes originárias dos ciclos direto e de vida livre no solo • Solo arenoso ou areno-argiloso, úmido, com ausência de luz solar direta; • Temperatura entre 25°C e 30°C; • Condições sanitárias e hábitos higiênicos inadequados • Não utilização de calçados • Contato com alimentos contaminados por água de irrigação poluída com fezes PROFILAXIA → → Utilização de calçados → Educação e engenharia sanitaria → Melhoria da alimentação → Diagnósticar e tratar todas as pessoas parasitadas → Dianósticar e tratar indivíduos com AIDS e Imunodeprimidos (uso profilático).Gabriele Babel | MED FURB LII TENIOSE E CISTICERCOSE Há a Taenia solium e a Taenia saginata (popularmente conhecidas como solitárias), ambas tem um só hospedeiro definitivo, que são os seres humanos. A teniose e a cisticercose são doenças ligadas à falta de saneamento básico e ao consumo de carne crua ou malcozida. Ambas são causadas pelo mesmo parasita, porém com fase de vida diferente: ➢ Teniose corresponde a presença da forma adulta da Taenia solium e Taenia saginata no intestino delgado do hospedeiro definitivo ➢ Cisticercose corresponde a presença da larva cisticercose nos tecidos (subcutâneo, muscular, cerebral, olhos...) de hospedeiros intermediários normais, como suínos (Taenia solium) e bovinos (Taenia saginata) Os locais que mais ocorrem a teníase é SP, SC, RS, PR e MS, que são estados onde os animais têm bastante contato com a população humana. TRANSMISSÃO Teniose → ingestão de carne crua ou mal cozida com cisticercos de T. solium e T. saginata Cisticercose → ingestão de ovos viáveis da T. solium nos humanos (HD) ou a presença das larvas de T. solium e T. saginata nos tecidos dos hospedeiros intermediários (suíno e bovino) o Auto-infecção externa o Auto-infecção interna (retroperistaltismo) o Heteroinfecção- quando uma pessoa transmite para outra por não lavar as mãos ou outro contato físico. MORFOLOGIA Tanto a T. solium como T. saginata apresentam corpo achatado dorsoventralmente, em forma de fita, divididos em: • Escólex ou cabeça • Colo ou pescoço • Estróbilo ou corpo Escólex ou cabeça do verme → é uma pequena dilatação, serve para fixação na mucosa do intestino delgado. Apresenta 4 ventosas, formadas por tecido muscular, arredondadas e proeminentes, que facilitam a fixação à mucosa do intestino delgado. Um dos sintomas do complexo teniose-cisticercose é a cólica, já que a cabeça possui uma cadeia de ganchos. Escólex da Taenia solium, possui duas fileiras de ganchos Taenia saginata não possui ganchos no escólex Escólex da T. saginata – é possível ver as 4 ventosas Colo ou pescoço → porção mais delgada do corpo. É a zona de crescimento do parasito ou de formação das proglotes. Estróbilo ou corpo → é o restante do corpo do parasito; inicia-se logo após o colo. Cada segmento do estróbilo denomina-se proglote ou anel, podendo ter de 800-1000 proglotes, e alcançar 3 metros na T. solium ou mais de mim, chegando em 8 metros na T. saginata. A medida que o colo cresce, vai ocorrendo a delimitação das proglotes e cada uma delas inicia a formação de seus órgãos → quanto mais afastadas do colo, mais evoluídas são as proglotes. Proglotes: → Jovens: mais curtas do que largas e apresentam o início do desenvolvimento das genitais masculinas e femininas → Maduras: possui os órgãos reprodutores completos e aptos para a fecundação → Grávidas: essas se desprendem e saem nas fezes, são mais compridas do que largas, distantes do escólex, sofrem involução, onde o útero se ramifica cada vez mais e fica repleto de ovos. A proglote grávida da T. solium é do tipo quadrangular, com 12 pares de ramificação uterinas e pode ter até 80 mil ovos. A proglote grávida da T. saginata é retangular, com 26 ramificações uterinas e até 160 mil ovos. As proglotes sofrem apólise, ou seja, desprendem-se espontaneamente do estróbilo/corpo. Gabriele Babel | MED FURB LII As proglotes possuem testículos, ovários e útero. – são vermes hermafroditas. Ocorre autofecundação interna. T. solium → Há a eliminação de 3-6 proglotes nas fezes. T. saginata → Eliminação de proglotes no intervalo entre as defecações (pois possui maior capacidade de contração), contaminando a roupa íntima do hospedeiro. O parasita consome muita glicose, por isso um dos sintomas é a vontade de comer dose. LONGEVIDADE • Os ovos podem sobreviver de 4-6 meses no ambiente, em temperatura de 20-30 graus e umidade de 50 a 80%, na sombra. • Taenia solium vive até 3 anos no intestino e a Taenia saginata até 10 anos. • Cisticercos podem sobreviver de 2-6 anos no parênquima cerebral. Os ovos são morfologicamente indistinguíveis entre as espécies. Possuem uma casca protetora: embrióforo, este formado por blocos piramidais de quitina O cisticerco da T. solium possui uma vesícula translúcida com líquido claro. PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA TENIOSE → -frequentemente assintomática -causa dor abdominal, náuseas, vômitos, astenia, perda de peso, cefaleia, tonturas, diarreia, apetite excessivo, irritação, desnutrição, eosinofilia, prurido anal CISTICERCOSE HUMANA → neurocisticercose, cisticercose muscular, cisticercose subcutânea CICLO BIOLÓGICO DIAGNÓSTICOS TENIOSE → -Clínico: difícil de ser feito, já que a maioria é assintomática -Laboratorial: CISTICERCOSE → PROFILAXIA Gabriele Babel | MED FURB LII SCHISTOSOMA MANSONI Provoca a esquistossomose. É uma exceção dentro da sua classe por apresentar dimorfismo sexual e possui corpo em aspecto de folha. O macho possui uma ventosa oral e a ventosa ventral (acetábulo), testículos e canal ginecóforo, onde a fêmea se insere. Se insere no sistema porta-hepático. São vermes sanguíneos (vasos sanguíneos do intestino grosso- principalmente no segmóide), mas precisam depositar seus ovos na luz do intestino, ou seja, não é um parasita intestinal, é um parasita sanguíneo. É uma espécie importada, de origem africana, que se adaptou aos moluscos brasileiros.. Está presentes em áreas quentes com muita água doce e com falta de saneamento (assim ele terá contato com as fezes humanas). A região nordeste, principalmente a Bahia, é o local mais suscetível a esse verme. Ciclo heteroxênico (dois hospedeiros) Hospedeiro definitivo: homem. Hospedeiro intermediário: moluscos da família Planorbidae, gênero Biomphalaria. -B. glabrata -B. straminea. -B. tenagophila.. Ovo: presença de um espinho e miracídeo. É o principal ovo encontrado nas fezes humanas. Tem casca bem fina. O miracídeo é liberado e nada em direção ao molusco, penetrando no tegumento do animal. No hepatopancreas do molusco, o miracídeo evolui para o esporocisto, depois formarão cercarias e vão sendo liberadas, infectando os hospedeiros humanos (definitivos) por própria pele íntegra. Roedores também podem ser infectados. Depois de penetrar na pele íntegra, virará esquistossômulo. OVO MIRACÍDEO CERCÁRIA. ESQUISTOSSÔMULOS Os esquistossômulos ficam circulantes no sangue por 3 dias e encontram o fígado, por associação com proteínas específicas. Há um estímulo luminoso para a liberação das cercarias. A fase crônica da doença é de 50 DIAS- exame de fezes dá negativo se fazer antes desse período. O que é possível fazer antes desse período de tempo é testes de anticorpos. Os ovos acabam se prendendo em todo o sistema porta-hepático- a luz dos vasos vai diminuindo com o tempo, aumentando a pressão e assim vai extravasar mais líquido, provocando a ascite- tanto pelo comprometimento do fígado como pelo extravasamento de líquidos. Há a formação de granulomas ao redor dos ovos, que é maior ainda que os ovos, surgindo assim tecido cicatricial no fígado, o que provoca fibrose no fígado. Porém é um processo lento e que depende da carga parasitária. Ventosa oral Ventosa ventral/ acetábulo Canal ginecóforo Gabriele Babel | MED FURB LII ESQUISTOSSOMOSE AGUDA → Faz mimetismo molecular- com as células do hospedeiro, podendo viver até 30 anos no corpo do hospedeiro. ESQUISTOSSOMOSE CRÔNICA → O grande problema da esquistossomose é a deposição contínua dos ovos. Se as lesões não forem tratadas, são irreversíveis • Carga parasitária é crescente • Há alta deposição de ovos • Há fibrose do fígado eformação de varizes • Ascite • Há modulação da resposta imune- diminuição dos sinais DIAGNÓSTICO → • Laboratorial: o Exame de fezes: Kato-Katz (solicitar 5 exames) o Lutz (sedimentação) o Biópsia retal ou hepática o Colonoscopia • Exames sorológicos: o Intradermoreação o ELISA o Fixação de complemento o RIFI TRATAMENTO → Praziquantel- distribuído pelo SUS EPIDEMIOLOGIA → • Construção de represas e obras de irrigação sem precauções adequadas • Maior contato das populações rurais com essas águas • Condições precárias de saneamento e habilitação da população rural e urbana. CONTROLE E PREVENÇÃO → • Reduzir ou impedir a transmissão do parasitismo o Uso de molusccicidas o Saneamento ambiental o • Redução das fontes de infecção o Tratamento em massa da população infectada o Educação sanitária
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