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Atividade 14 Recurso Extraordinário Rômulo

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL 
PRESIDENTE DA EGRÉGIA TURMA RECURSAL DA SEÇÃO 
JUDICIÁRIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
(Art. 3º da Resolução nº. 061/09 do CJF) 
 
Ref.: Recurso Inominado nº. XXXXXXXXXXX 
 
José Carlos ( “Recorrente” ), já devidamente qualificado nos autos 
do Recurso Inominado em destaque, vem, com o devido respeito à 
presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu patrono que 
ora assina, alicerçado no art. 102, inc. III, alínea “a”, da Constituição 
Federal, bem como com supedâneo no artigo 1.029 e segs. do 
Código de Processo Civil de 2015, art. 15 da Lei nº. 10.259/01 c/c 
art. 321 e segs. do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, 
razão qual vem, tempestivamente (novo CPC, art. 1.003, § 5º), 
interpor o presente 
 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO CÍVEL 
em face do v. acórdão de fls. xxxxx do recurso em espécie (evento 
xx), em que, para tanto, apresenta as Razões acostadas. 
 
Dessa sorte, tendo-se em conta que decisão afrontou o conteúdo 
do art. 1º e inc. III, art. 2º, art. 5º, caput, art. 5º, XXII, todos da 
Constituição Federal, essa merece ser guerreada mediante o 
recurso ora apresentado. 
Requer, pois, por fim, que essa Eg. Presidência admita este recurso 
(art. 3º da Resolução nº. 061/09 do CJF), com a consequente 
remessa dos autos ao Egrégio Supremo Tribunal Federal. 
De outro modo, o Recorrente destaca que deixou de realizar o 
preparo deste Recurso Extraordinário, por ser manejado em 
processo eletrônico, o que, por força de lei, de igual sorte isenta o 
seu recolhimento (art. 4º, inc. III, da Resolução nº. 505/13, do STF 
c/c CPC, art. 1.007, § 3º). 
Outrossim, ex vi legis, solicita que Vossa Excelência determine, de 
logo, que a parte recorrida responda, querendo, no prazo de 15 
(quinze) dias, sobre os termos do presente. (CPC, art. 1.030, caput) 
 
Respeitosamente, pede deferimento. 
 
Rio de Janeiro, 00 de xxxxxx de 0000. 
 
Rômulo Borges 
Advogado – OAB xxx (To) 
 
 
 
 
 
 
RAZÕES DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO CÍVEL 
 
RECORRENTE: JOSÉ CARLOS 
RECORRIDO: BV FINANCEIRA - CEF 
Recurso Inominado nº. XXXXXXXXXXXXXXXXXX/X 
 
 
EGRÉGIO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
COLENDA TURMA 
PRECLAROS MINISTROS 
 
 
1 - Da tempestividade 
 
O recurso, ora agitado, deve ser considerado como tempestivo, 
porquanto o Recorrente fora intimado da decisão recorrida por meio 
do Diário da Justiça Eletrônico, quando esse circulou no dia 00 de 
fevereiro de 0000 (sexta-feira). 
 
Portanto, à luz do que rege o art. 1.003, § 3º, do CPC, temos por 
plenamente tempestivo este Recurso Extraordinário Cível, máxime 
quando interposto nesta data, ou seja, dentro da quinzena legal. 
 
2 - Considerações do processado 
(CPC, art. 1.029, inc. I ) 
 
Colhe-se dos autos que o Recorrente ajuizou, no juízo de piso, 
Ação Declaratória cujo âmago visa à declaração 
de inconstitucionalidade do art. 13 da Lei nº. 8036/90 e, mais, do 
art. 1º da Lei 8.177/91. 
 
Consta nos autos que o Recorrente é devedor de instituição 
financeira, por crédito constante de título executivo extrajudicial 
iniciada a execução, foi penhorado um veículo de José Carlos, que 
figurou como depositário, diante do perecimento do bem (em um 
acidente veicular com perda total), o banco requereu a prisão Civil 
do devedor por considerá-lo depositário infiel. 
O juiz de primeiro grau indeferiu o pedido, ao argumento de 
inexistência de culpa do devedor. Inconformado o banco interpôs 
agravo de instrumento, afirmando que houve culpa do depositário 
imprudência, mas 
Que o juiz de primeiro grau não permitiu que fosse produzida prova 
nesse sentido e que portanto a prisão seria cabível. O TJRJ, em 
decisão colegiada deu parcial provimento ao agravo, para 
determinar nova análise da questão pelo juízo de origem, de modo 
a se produzir prova em primeiro grau para verificar se de fato, teria 
havido culpa. 
 
 
O juízo monocrático de origem julgou, em sua totalidade, 
improcedente o pedido, considerando-se que: 
 
( i ) o julgado acompanha o que decidido pelo STJ, no REsp 
1.614.874-SC, representativo da controvérsia, com os efeitos do art. 
1.036, do novo CPC; 
 
( ii ) sentenciou, de outro bordo, que não havia qualquer conflito 
constitucional com as regras que tratam da dignidade da pessoa 
humana, aos princípios da igualdade e segurança jurídica, muito 
menos no tocante ao direito de propriedade; 
 
A Egrégia 00ª Turma Recursal da Seção Judiciária do Estado, à 
unanimidade de votos, manteve na íntegra a sentença vergastada. 
 
Nesse ínterim, o Recurso Extraordinário em espécie visa reformar o 
acórdão guerreado, reconhecendo a inconstitucionalidade das 
normas supra-aludidas e afastar por completo a possibilidade de 
prisão do Recorrente tendo em vista ocorrido a perda do bem por 
motivos de forças maiores e a quem do mesmo como previsto no 
Art. 
393. Código Civil O devedor não responde pelos prejuízos 
resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não 
se houver por eles responsabilizado. Parágrafo único. O caso 
fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos 
efeitos não era possível evitar ou impedir. 
 
 
3 - Do cabimento do RE 
CPC, art. 1.029, inc. II 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL, art. 102, inc. II, “a” 
 
Segundo a disciplina do art. 102, inc. III, letra “a” da Constituição 
Federal, é da competência exclusiva do Supremo Tribunal Federal, 
apreciar Recurso Extraordinário fundado em decisão proferida em 
última ou única instância, quando a mesma contrariar dispositivos 
da Carta Política. 
 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
Art. 103. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a 
guarda da Constituição Federal, cabendo-lhe : 
( . . . ) 
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas, em 
única ou última instância, quando a decisão recorrida: 
a) contrariar dispositivo desta constituição; 
( . . . ) 
Entende-se, pois, que “contrariar” o texto da lei, segundo os ditames 
da letra “a”, do supramencionado artigo da Carta Política, em 
resumo, é dizer que a decisão não coincide com orientação fixada 
no texto constitucional. 
 
Na hipótese em estudo há situação concreta que converge ao 
exame deste Recurso Extraordinário por esta Egrégia Corte. 
 
 
 
 
 
 
3.1. Requisitos de admissibilidade 
 
Verifica-se, mais, que o presente Recurso Extraordinário é (a) 
tempestivo, quando o foi interposto dentro do prazo previsto no art. 
1.003, § 3º, do CPC, (b) o Recorrente tem legitimidade para interpor 
o presente recurso e, mais, (c) há a regularidade formal do mesmo. 
 
Diga-se, mais, a decisão recorrida foi proferida em “última 
instância”, não cabendo mais nenhum outro recurso na instância 
originária. 
 
Nesse sentido: 
(STF) – Súmula: 
Súmula nº 281 - É inadmissível o recurso extraordinário, quando 
couber, na justiça de origem, recurso ordinário da decisão 
impugnada. 
 
Por outro ângulo, a questão constitucional foi devida 
prequestionada, quando a mesma foi expressamente ventilada, 
enfrentada e dirimida pelo Tribunal de origem. 
 
STF - Súmula nº 282 - É inadmissível o recurso extraordinário, 
quando não ventilada, na decisão recorrida, a questão federal 
suscitada. 
 
STF - Súmula nº 356 - O ponto omisso da decisão, sobre o qual 
não foram opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de 
recurso extraordinário, por faltar o requisito do pré-questionamento. 
 
Outrossim, todos os fundamentos lançados no Acórdão guerreado 
foram devidamente infirmados pelo presente recurso. Por isso, não 
há a incidência da Súmula 283 deste Egrégio Supremo Tribunal 
Federal. 
 
STF - Súmula nº 283 - É inadmissível o recurso extraordinário, 
quando a decisão recorrida assenta em mais de um fundamento 
suficiente e o recurso não abrange todos eles. 
 
Ademais, o debate trazido à baila não importa reexame de provas, 
mas sim, ao revés, unicamente matéria de direito, não incorrendo 
com a regra ajustada na Súmula 279 desta Egrégia Corte. 
 
STF - Súmula nº 279. Para simples reexame de prova não cabe 
recurso extraordinário. 
 
 
 
 
4 - Preliminarmente 
DA EXISTÊNCIADE REPERCUSSÃO GERAL (PRESUMIDA) 
(Constituição Federal, art. 103, § 3º ) 
 
O Recorrente, em obediência aos ditames do art. 103, § 3º, da 
Constituição Federal, bem como do art. 1.035, § 2º, do Código 
de Processo Civil c/c art. 327 do Regimento Interno do 
Supremo Tribunal Federal, em preliminar ao mérito, ora 
demonstra, fundamentadamente, a existência de repercussão 
geral no caso em apreço. Subsidiariamente, busca-se a revisão de 
tese da ausência de repercussão geral. 
 
4.1. Revisão de tese da ausência de repercussão geral acerca 
do tema 
 
Não se desconhece a decisão, proferida sob o enfoque do tema 
787 desta Corte, na qual se decidiu – Leading case ARE 848240, 
rel. Min. Teori Zavascki -- pela ausência de repercussão 
geral, verbis: 
 
Revele-se, de logo, que esse decisum não fora unânime. 
 
Todavia, divergindo dessa entoada, o STF, nos autos da ADin nº. 
5.090, da Relatoria do Ministro Luís Roberto Barroso, delineou-
se que o tema tratado afeta milhões de trabalhadores celetistas, in 
verbis: 
Há, pois, sem dúvida, enorme impacto econômico e social. 
 
É inescusável se tratar de repercussão geral presumida. 
 
Não se deve descurar, de outra banda, que há a possibilidade da 
revisão da tese, sobremodo à adotada no precedente 
supramencionado. Tanto é assim, que o RISTF prevê, em seu § 2º, 
do art. 327, por meio de agravo interno, flexibilização à 
“irrecorribilidade” de decisão que nega a repercussão geral. 
 
( sublinhamos) 
 
Repercussão Geral e Alteração nas Premissas Fático-Jurídicas 
- 2 
 
Aduziu-se que a superveniência de declaração de 
inconstitucionalidade de lei por tribunal de segunda instância 
consubstanciaria dado relevante a ser levado em conta, uma vez 
que retiraria do mundo jurídico determinada norma que, nas demais 
regiões do país, continuaria a ser aplicada. Ao enfatizar que se 
cuidaria de matéria tributária, mais particularmente de imposto 
federal, asseverou-se que os princípios da uniformidade geográfica 
(CF, art. 151, I) e da isonomia tributária (CF, art. 150, II) deveriam 
ser considerados. Observou-se, ademais, que a negativa de 
validade da lei ou de ato normativo federal em face da Constituição 
indicaria a presença de repercussão geral decorrente diretamente 
dos dispositivos constitucionais aludidos, o que justificaria a 
apreciação do mérito dos recursos extraordinários, devendo-se 
reputar satisfeito o requisito de admissibilidade previsto no art. 102, 
§ 3º, da CF. Assim, tendo em conta a declaração de 
inconstitucionalidade superveniente e a relevância jurídica 
correspondente à presunção de constitucionalidade das leis, à 
unidade do ordenamento jurídico, à uniformidade da tributação 
federal e à isonomia, assentou-se que o tema apresentaria 
repercussão geral. Os Ministros Ellen Gracie, Ayres Britto, Gilmar 
Mendes e Marco Aurélio admitiam, na situação em apreço, a 
revisão da tese anterior, nos termos mencionados no art. 543-A, § 
5º, do CPC (“§ 5º Negada a existência da repercussão geral, a 
decisão valerá para todos os recursos sobre matéria idêntica, que 
serão indeferidos liminarmente, salvo revisão da tese, tudo nos 
termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.”). RE 
614232 AgR-QO/RS e RE 614406 AgR-QO/RS, rel. Min. Ellen 
Gracie, 20.10.2010. (RE-614232) 
 
Perlustrando esse caminho, Luiz Guilherme Marinoni é enfático: 
 
O precedente deve ser revogado quando não mais corresponde aos 
padrões de congruência social quando passa a negar proposições 
morais, políticas e de experiência. Não tem consistência sistêmica 
quando não guarda coerência com as decisões da própria Corte 
Suprema. Isso ocorre especialmente quando a Corte passa decidir 
com base em proposições incompatíveis com as que sustentam o 
precedente. O precedente ainda deve ser revogado quando há 
alterações da concepção legal sobre o direito, revelada em artigos, 
livros e decisões, bem como quando o precedente tem em sua base 
um equívoco... 
 
O controle de constitucionalidade, antes citado, advém do princípio 
da supremacia da Constituição sobre os demais atos normativos. É 
princípio constitucional, que a lei infraconstitucional é subordinada e 
deve se ajustar à letra e ao espírito da Constituição. 
 
A propósito, estas são as lições de Dirley da Cunha Júnior, 
quando professa que: 
 
O princípio da interpretação conforme a Constituição também 
consiste num princípio de controle de constitucionalidade, mas que 
ganha relevância para a interpretação constitucional quando a 
norma legal objeto do contrato se apresenta com mais de um 
sentido ou significado (normas plurissignificativas ou polissêmicas), 
devendo, nesse caso, dar-se preferência à interpretação que lhe 
empreste aquele sentido – entre os vários possíveis – que 
possibilite a sua conformidade com a Constituição. 
Este princípio vista prestigiar a presunção juris tantum de 
constitucionalidade que milita em favor das leis, na medida em que 
impõe, dentre as várias possibilidades de interpretação, aquela que 
não contrarie o texto constitucional, mas que procure equacionar a 
investigação de compatibilizando a norma legal com o seu 
fundamento constitucional. A ideia subjacente ao princípio em 
comento consiste na conservação da norma legal, que não deve ser 
declarada inconstitucional, quando, observados os seus fins, ela 
puder ser interpretada em consonância com a Constituição... 
 
 
Em arremate, conclui-se que o fundamento de culpa do Recorrente 
ou imprudência é descabida, ofendendo, inclusive, as regras 
constitucionais supra-anunciadas. Deve, assim, ser a mesma 
afastada do caso concreto, com a utilização do INPC a título de 
corretivo legal. 
 
 
Respeitosamente, pede deferimento. 
 
Rio de Janeiro, 00 de xxxxxx de 0000. 
 
Rômulo Borges Advogado – OAB xxx (To

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