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0 1 1 SUMÁRIO 1. AÇÃO RESCISÓRIA..................................................................................... 3 1.1 Legitimidades para Propor a Ação Rescisória ........................................ 7 1.2 Requisitos para Propositura da ação Rescisória ................................... 10 1.3 Prazo de interposição da Ação Rescisória ............................................ 14 1.4 Competências para Julgar Ação Rescisória .......................................... 16 1.5 Jurisprudências Ação Rescisória. ......................................................... 19 1.6 Caso exemplificativo: ............................................................................ 23 2. RECLAMAÇÃO ........................................................................................... 28 2.1 Jurisprudências Reclamação ................................................................ 36 2.2 Demandas Repetitivas .......................................................................... 38 2.3 Incidente processual ............................................................................ 44 2.4 Repercussão Geral ............................................................................... 45 2.5 Recursos Especial e de Revista Repetitivos ......................................... 45 2.6 Grupos de Representativos ................................................................... 45 2.7 Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas ............................... 46 3. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ............................................................ 48 2 INTRODUÇÃO Prezado aluno, O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 3 1. AÇÃO RESCISÓRIA Fonte:correioderondonia.com Chama-se rescisória à ação por meio da qual se pede a desconstituição de sentença transitada em julgado, com eventual rejulgamento, a seguir, da matéria nela julgada (MOREIRA, 2012, p. 99 apud SOARES et al 2019). Portanto, “se o juiz viola a regra de direito pré-processual, processual, material, constitucional, administrativo, judiciário interno, sobre direito no tempo ou no espaço, ou no espaço-tempo, a ação rescisória cabe. O que interessa ao Estado e ao povo é a integridade, a observância, o respeito de todo o seu sistema jurídico” (PONTES DE MIRANDA, 2003, p. 294 apud SOARES et al 2019). É uma ação autônoma de impugnação, de cunho cognitivo e natureza desconstitutiva, que procura desfazer o julgado, quer por motivos de invalidade, quer por motivos de injustiça (Sá, et al, 2020). Está prevista no Capitulo VII do Código de Processo Civil, especificamente nos Artigos 966 ao 975. 4 O artigo 966 do Código de Processo Civil expressa que a decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando (BRASIL, 2015): I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz; II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente; III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei; IV - ofender a coisa julgada; V - violar manifestamente norma jurídica; VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória; VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável; VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos. Segundo o paragrafo primeiro do mencionado artigo há erro de fato quando a decisão rescindenda admitir fato inexistente ou quando considerar inexistente fato efetivamente ocorrido, sendo indispensável, em ambos os casos, que o fato não represente ponto controvertido sobre o qual o juiz deveria ter se pronunciado (BRASIL, 2015). Considerando o paragrafo segundo nas hipóteses previstas nos incisos do caput do artigo 966, será rescindível a decisão transitada em julgado que, embora não seja de mérito, impeça (BRASIL, 2015): 5 I - nova propositura da demanda; ou II - admissibilidade do recurso correspondente. De acordo com o paragrafo terceiro do mencionado artigo a ação rescisória pode ter por objeto apenas 1 (um) capítulo da decisão. Ou seja, A ação rescisória pode objetivar a anulação de apenas parte da sentença ou acórdão. A possibilidade de rescisão parcial decorre do fato de a sentença de mérito poder ser complexa, isto é, composta de vários capítulos, cada um contendo solução para questão autônoma frente às demais (STJ, REsp 863.890/SC, 3.ª T., j. 17.02.2011, rel. Min. Nancy Andrighi, DJe 28.02.2011). Expressa o parágrafo quarto que os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou por outros participantes do processo e homologados pelo juízo, bem como os atos homologatórios praticados no curso da execução, estão sujeitos à anulação, nos termos da lei (BRASIL, 2015). Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016 o paragrafo quinto do artigo 966 traz a hipótese de ação rescisória, com fundamento no inciso V (decisão que violar manifestamente norma jurídica), contra aquelas decisão baseada em enunciado de súmula ou acórdão proferido em julgamento de casos repetitivos que não tenha considerado a existência de distinção entre a questão discutida no processo e o padrão decisório que lhe deu fundamento (BRASIL, 2015). Continuando o parágrafo sexto diz que quando a ação rescisória fundar-se na hipótese do § 5º do artigo 966, caberá ao autor, sob pena de inépcia, demonstrar, fundamentadamente, tratar-se de situação particularizada por hipótese fática distinta ou de questão jurídica não examinada, a impor outra solução jurídica (BRASIL, 2015). 6 Fonte: exame.abril.com.br A ausência de esgotamento recursal não impede a interposição de ação rescisória (BRASIL, 2015): Súmula 514 STF Admite-se ação rescisória contra sentença transitada em julgado, ainda que contra ela não se tenha esgotado todos os recursos. O valor da causa na ação rescisória de um modo geral deve ser o mesmo da ação originária, cuja decisão deseja o autor desconstituir. Entretanto, pode ocorrer, na prática, que o autor não busque desconstituir integralmente a sentença rescindenda, mas apenas uma parte, devendo o valor corresponder apenas a esta parte (MORAIS, p.26. Apud SOUZA, 2014). 7 1.1 Legitimidades para Propor a Ação Rescisória Segundo o artigo 967 do Código de Processo Civil, têm legitimidade para propor a ação rescisória (BRASIL, 2015): I - quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou singular; II - o terceiro juridicamente interessado; III - o Ministério Público: a) se não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção; b) quando a decisão rescindenda é o efeito de simulação oude colusão das partes, a fim de fraudar a lei; c) em outros casos em que se imponha sua atuação; IV - aquele que não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção. Parágrafo único. Nas hipóteses do art. 178 , o Ministério Público será intimado para intervir como fiscal da ordem jurídica quando não for parte (BRASIL, 2015). Art. 178 - O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias, intervir como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na Constituição Federal e nos processos que envolvam: I - interesse público ou social; II - interesse de incapaz; III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana. Parágrafo único. A participação da Fazenda Pública não configura, por si só, hipótese de intervenção do Ministério Público (BRASIL, 2015). Portanto quem foi parte no processo e ou seu sucessor a titulo universal ou singular, e a decisão rescindenda se enquadra em uma das situações do art. 966 do CPC, plenamente legitimado estará (THAMAY, 2019). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art178 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 8 Igual sorte assiste à legitimidade do terceiro juridicamente interessado, pois acaba sendo aquele que foi atingido pela eficácia reflexa da sentença rescindenda proferida entre outros sujeitos, mas que nos caso de cabimento do art. 966 do CPC. Reforce-se ainda que a decisão rescindenda deve ter causado prejuízo ao terceiro paa que seja viável a rescisória. Chama-se a atenção para a circunstância de que a ação rescisória, via de regra, não se restringe ao juízo rescissorium (THAMAY, 2019). O Ministério Público tem legitimidade, exclusiva, para pretender rescisão de decisão proferida em processo em que deveria ter intervindo como fiscal da ordem jurídica, tendo, também, legitimidade para a rescisória fundada em simulação ou conclusão da partes, para fraudar a lei (THAMAY, 2019). 1.1.1 Polo Ativo e Polo Passivo Em um processo judicial, existem três partes envolvidas na demanda: juiz, autor e réu. O juiz é o responsável pela administração da Justiça em nome do Estado. Possui competência para resolver conflitos de interesses ou punir infrações praticadas em sua jurisdição, conduzindo o processo conforme as regras e princípios estabelecidos pela ordem jurídica (CNJ, 2019). O autor é o polo ativo do processo judicial, é aquele que promove a ação civil ou criminal contra outra pessoa, que será considerada ré. O autor é o polo ativo do processo, em contraposição ao réu, que é o polo passivo (CNJ, 2019). Para melhor entendimento da legitimidade nas Ações Rescisórias faremos a análises dos Polos passivos e ativos nas referidas demandas. [...] O art. 967 do CPC/2015 esclarece a legitimidade ativa conferida a quem foi parte no processo em que proferida a decisão rescindível, a seu sucessor a título universal ou singular, ao terceiro juridicamente interessado, ao Ministério Público e a quem não foi ouvido no processo em que era obrigatória a sua intervenção (SOARES et al, 2019). 9 [...] A legitimidade passiva estará com quem, tendo figurado na ação, tenha sido atingido pela coisa julgada, ou seja, todos aqueles que figuraram como parte, exceto se for o autor da ação rescisória, por já ocupar o polo passivo. Essa totalidade é fato quando proposta a ação rescisória por terceiro ou pelo Ministério Público, uma vez que estes, como de ordinário, não terão figurado no processo de origem. Trata-se de litisconsórcio necessário passivo inicial (SOARES et al, 2019). Portanto no polo ativo teremos habilitados: a parte e o terceiro, mesmo assistente litisconsorcial ou simples, o Ministério Público, quer como fiscal da lei nos casos de ausência da intervenção obrigatória ou na ocorrência de fraude à lei,quer como parte em todas as hipóteses de cabimento, e quem não foi ouvido no processo em que sua intervenção era obrigatória (THEODORO JÚNIOR, p. 175 apud SOARES et al, 2019). A legitimidade do terceiro prejudicado é reconhecida ainda que o direito positivo considere a autoridade da coisa julgada adstrita ao dispositivo da sentença. Em verdade, a motivação da sentença está fora da abrangência da coisa julgada (art. 504, I, do CPC/2015), sendo apenas o conteúdo declaratório, constitutivo, condenatório ou mandamental, que veicula as partes e que é passível de preservação pela coisa julgada (VIDIGAL, p. 177, apud SOARES et al, 2019). Merece destaque, no CPC de 2015, dispositivo que se reserva a disciplinar a legitimidade para a ação rescisória (art. 967,), em que se prevê a legitimidade daqueles que não foram ouvidos no processo, mas cuja intervenção era obrigatória. “É o caso, por exemplo, do curador especial em favor do réu revel citado fictamente ou do réu revel preso. Se eles não forem ouvidos e o juiz proferir decisão de mérito desfavorável ao curatelando, eles estarão legitimados a propor ação rescisória” (GONÇALVES, p. 558 apud SOARES et al, 2019). Convém ressaltar que, nos termos do art. 393, caput e parágrafo único, do CPC/2015, não será cabível a ação rescisória para o sucessor do de cujus que alegar erro de fato ou coação na confissão deste, uma vez que a demanda 10 pertinente será a ação anulatória, nos termos do art. 966, § 4º, do CPC/2015 (SOARES et al, 2019). Já no polo passivo, como regra geral na ação rescisória, muito embora não haja dispositivo legal expresso, é corrente a lição de que todos que tomaram parte no processo e que foram atingidos pela coisa julgada da decisão rescindenda são titulares do jurídico interesse nos seus efeitos e, via de consequência, serão litisconsortes necessários na ação rescisória (BARIONI, p. 379 apud SOARES et al, 2019). Todavia, quando for proposta por terceiro ou Ministério Público, a regra geral é que deverá envolver no polo passivo todos aqueles que foram parte no processo primitivo. Não poderá o terceiro ou Ministério Público escolher a quem deseja processar, pois a coisa julgada, em tese, diz respeito ao ganhador e ao perdedor, ao autor e ao réu da ação originária (SOARES et al, 2019). 1.2 Requisitos para Propositura da ação Rescisória De acordo com o que expressa o artigo 968 A petição inicial será elaborada com observância dos requisitos essenciais do art. 319 , devendo o autor: I - cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo julgamento do processo; II - depositar a importância de cinco por cento sobre o valor da causa, que se converterá em multa caso a ação seja, por unanimidade de votos, declarada inadmissível ou improcedente. Não haverá necessidade do depósito de cinco por cento sobre o valor da causa quando se tratar de ações onde fazem parte a União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios, às suas respectivas autarquias e fundações de direito público, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e para aqueles que tenham obtido o benefício de gratuidade da justiça (BRASIL, 2015). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art319 11 Esse depósito não será superior a 1.000 (mil) salários-mínimos. Se o depósito exigido não for efetuado a petição inicial de Ação Rescisória será Indeferida. Tal depósito foi concebido no sistema positivado como filtro para afastar o ajuizamento de ações rescisórias temerárias, vale dizer, como meio de inibir a utilização desnecessária do Poder Judiciário em face de nítido abuso do direito de ação (SOARES et al, 2019). Também será indeferida a petição que se enquadrar nos casos previstos do artigo 330 do Código de Processo Civil. Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: I - for inepta; II - a parte for manifestamente ilegítima; III - o autor carecer de interesse processual; IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321 . § 1º Considera-se inepta a petiçãoinicial quando: I - lhe faltar pedido ou causa de pedir; II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico; III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; IV - contiver pedidos incompatíveis entre si. § 2º Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo, de financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, além de quantificar o valor incontroverso do débito. § 3º Na hipótese do § 2º, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e modo contratados. Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se. § 1º Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para responder ao recurso. § 2º Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo para a contestação começará a correr da intimação do retorno dos autos, observado o disposto no art. 334 . § 3º Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença (BRASIL, 2015). Também se deve aplicar na ação rescisória o disposto no art. 332. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art106 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art321 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art334 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art332 12 Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar: I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça; II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local. § 1º O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição. § 2º Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença, nos termos do art. 241 . § 3º Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias. § 4º Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com a citação do réu, e, se não houver retratação, determinará a citação do réu para apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias. (BRASIL, 2015). Fonte: bortolotto.adv.br Caso seja reconhecida a incompetência do tribunal para julgar a ação rescisória, o autor será intimado para emendar a petição inicial, a fim de adequar o objeto da ação rescisória, quando a decisão apontada como rescindenda (BRASIL, 2015): http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art241 13 I - não tiver apreciado o mérito e não se enquadrar na situação prevista no § 2º do art. 966 ; II - tiver sido substituída por decisão posterior (§5 art.968 CPC/2015). Nesse caso, após a emenda da petição inicial, será permitido ao réu complementar os fundamentos de defesa, e, em seguida, os autos serão remetidos ao tribunal competente (BRASIL, 2015). É importante destacar que a propositura da ação rescisória não impede o cumprimento da decisão rescindenda, ressalvada a concessão de tutela provisória. (BRASIL, 2015, Art. 969). O relator ordenará a citação do réu, designando-lhe prazo nunca inferior a 15 (quinze) dias nem superior a 30 (trinta) dias para, querendo, apresentar resposta, ao fim do qual, com ou sem contestação, observar-se-á, no que couber, o procedimento comum (BRASIL, 2015, Art. 970). Devolvidos os autos pelo relator, a secretaria do tribunal expedirá cópias do relatório e as distribuirá entre os juízes que compuserem o órgão competente para o julgamento (BRASIL, 2015, Art. 971). A escolha de relator recairá, sempre que possível, em juiz que não haja participado do julgamento rescindendo (BRASIL, 2015, Art. 972). Se os fatos alegados pelas partes dependerem de prova, o relator poderá delegar a competência ao órgão que proferiu a decisão rescindenda, fixando prazo de 1 (um) a 3 (três) meses para a devolução dos autos. Concluída a instrução, será aberta vista ao autor e ao réu para razões finais, sucessivamente, pelo prazo de 10 (dez) dias. Em seguida, os autos serão conclusos ao relator, procedendo-se ao julgamento pelo órgão competente (BRASIL, 2015, Art. 973). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art966%C2%A72 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art966%C2%A72 14 Julgando procedente o pedido, o tribunal rescindirá a decisão, proferirá, se for o caso, novo julgamento e determinará a restituição do depósito a que se refere o inciso II do art. 968 CPC. Considerando, por unanimidade, inadmissível ou improcedente o pedido, o tribunal determinará a reversão, em favor do réu, da importância do depósito, sem prejuízo do disposto no § 2º do art. 82 do CPC. Art. 82. Salvo as disposições concernentes à gratuidade da justiça, incumbe às partes prover as despesas dos atos que realizarem ou requererem no processo, antecipando-lhes o pagamento, desde o início até a sentença final ou, na execução, até a plena satisfação do direito reconhecido no título. § 1º Incumbe ao autor adiantar as despesas relativas a ato cuja realização o juiz determinar de ofício ou a requerimento do Ministério Público, quando sua intervenção ocorrer como fiscal da ordem jurídica. § 2º A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou (BRASIL, 2015). Súmula 343 STF “Não cabe ação rescisória por ofensa a literal dispositivo de lei, quando a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos tribunais” 1.3 Prazo de interposição da Ação Rescisória Na prática, a contagem do prazo bienal (art. 975 do CPC/2015) é bastante simples. É importante destacar que o prazo para ação rescisória inicia-se automaticamente, sem necessidade de outro formalismo, sendo de fácil demonstração pela simples vista dos autos (SOARES et al, 2019). O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo (BRASIL, 2015, Art. 975). Consequentemente, o prazo de dois anos para ajuizamento da ação rescisória se inicia do trânsito em julgado material da sentença, o que ocorre quando todas as questões forem resolvidas ou julgadas no processo, ou seja, quando não http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art968ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art82%C2%A72 15 for cabível qualquer recurso do último pronunciamento judicial (SOARES et al, 2019). Prorroga-se até o primeiro dia útil imediatamente subsequente o prazo a que se refere o caput do artigo 975, quando expirar durante férias forenses, recesso, feriados ou em dia em que não houver expediente forense. Se fundada a ação no inciso VII do art. 966, o termo inicial do prazo será a data de descoberta da prova nova, observado o prazo máximo de 5 (cinco) anos, contado do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo. Nas hipóteses de simulação ou de colusão das partes, o prazo começa a contar, para o terceiro prejudicado e para o Ministério Público, que não interveio no processo, a partir do momento em que têm ciência da simulação ou da colusão. Em resumo, o início da contagem do prazo decadencial (ou seja, o termo inicial do prazo para a propositura da ação rescisória) se conta, ao menos em tese: (COSTA, p130, apud SOARES et al, 2019). Da publicação da decisão,tratando-se de: decisão de mérito originalmente irrecorrível, tendo em vista a concomitância da ocorrência do trânsito em julgado formal e material; última decisão no processo, portanto irrecorrível, seja de mérito ou não, tenha o recurso sido conhecido ou não (intempestividade, falta de preparo,13 dentre outros, desde que não haja condenação por litigância de má-fé na interposição do recurso); da data do requerimento de desistência do prazo recursal, validamente requerida, se em curso este prazo; Do dia seguinte ao termo ad quem do prazo recursal: 16 tratando-se de decisão de mérito recorrível, mas que o recurso não tenha sido interposto; da penúltima decisão, seja de mérito ou não, muito embora recorrível e, de fato, tenha sido interposto o recurso e não conhecido, sendo que a fundamentação da motivação do não conhecimento atrelou-se à condenação por litigância de má-fé pela interposição do recurso. Súmula 401 STJ O prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for cabível qualquer recurso do último pronunciamento judicial. 1.4 Competências para Julgar Ação Rescisória Fonte: qconcursos.com Cada Tribunal deverá julgar as Ações Rescisórias contra suas decisões. É o Tribunal que proferiu a decisão que poderá rescindi-la. Parece que nem poderia ser diferente: como a ação rescisória objetiva a impugnação de uma sentença ou acórdão, não se justificaria sua distribuição e julgamento por um juízo singular, de 17 primeira instância; nessa ordem de ideias, a ação rescisória deve ser mesmo proposta perante os Tribunais (PIZZOL, p.150 apud SOARES et al, 2019). Portanto a Competência para julgar a Ação rescisória é do Tribunal de Segundo grau. A ação rescisória é admitida ainda que contra ela não tenha se esgotado todos os recursos cabíveis. Disso decorre que a distribuição de uma ação rescisória deve ser feita originariamente perante o tribunal a que se vincula o magistrado a quo, prolator da decisão de mérito atacada, ou, na hipótese já analisada, se visar atacar um acórdão, então será distribuída no tribunal prolator, por ser competente para julgar a ação rescisória com base em seus próprios acórdãos – esta é a dicção que se extrai da Carta Magna em seu art. 108, inciso I, alínea b (AMERICANO, p. 74, apud SOARES et al, 2019). Todavia, há exceção à regra do ajuizamento perante o órgão prolator quando se tratar de recurso não conhecido perante o STF, mas que tenha, de alguma forma, apreciado o mérito sobre alguma questão federal. Daí se abre a competência do STF para julgamento da ação rescisória, muito embora a decisão do mérito da causa tenha sido proferida pelo órgão local. Da violação desse preceito cabe, inclusive, Reclamação ao STF (SOARES et al, 2019). O Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça também detêm competência para julgamento de ação rescisória tirada contra seus próprios acórdãos – a Constituição Federal é expressa nos arts. 102, inciso I, alínea j, e 105, inciso I. Recurso especial conhecido, ainda que não provido, pode ensejar ação rescisória para atacar esse acórdão proferido pelo STJ, e, nesse caso, a competência para julgamento da ação rescisória é do próprio STJ (SOARES et al, 2019). A competência do Supremo Tribunal Federal para o exame de juízo rescisório deve ser interpretada nos estreitos limites do art. 102, I, “j”, da Constituição Federal, logo se restringe aos casos em que o remédio processual é ajuizado contra os seus próprios julgados. Súmula 515 do STF. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=515.NUME.%20NAO%20S.FLSV.&base=baseSumulas 18 (AR 2.171 AgR, rel. min. Edson Fachin, P, j. 25-11-2015, DJE 245 de 4-12-2015.) O exame da decisão rescindenda, no entanto, claramente evidencia que o Supremo Tribunal Federal, na espécie em análise, não apreciou a questão constitucional controvertida, deixando, por isso mesmo, por razões de ordem estritamente formal (traslado incompleto de peças essenciais), de julgar o mérito da causa. Vê-se, pois, ante a ocorrência de tal circunstância - que assume indiscutível relevo jurídico-processual no contexto da presente ação rescisória - que a decisão em referência não se ajusta ao que dispõe o art. 485 do CPC, que exige, para efeito de ajuizamento da ação autônoma de impugnação, que o ato rescindendo se qualifique como pronunciamento jurisdicional que tenha efetivamente julgado o fundo da controvérsia de direito material (RISTF, art. 259). Por tal razão, o Supremo Tribunal Federal (...) tem reiteradamente proclamado não caber ação rescisória contra acórdão ou decisão desta Corte, que, sem qualquer exame do mérito da causa, tenha deixado de conhecer do recurso extraordinário, por razões eminentemente formais (Súmula 249/STF - (...) - Súmula 515/STF - AR 1.474/PE, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.): (...). (AR 2.198 AgR, rel. min. Celso de Mello, P, j. 10-4-2014, DJE 213 de 30-10- 2014.) O mesmo raciocínio se aplica ao STF, por ocasião do conhecimento de recurso extraordinário, quando a ação rescisória será de competência do STF. Basta que o STJ ou STF tenha apreciado o mérito, respectivamente a questão infraconstitucional ou constitucional debatida nas razões recursais do especial ou do extraordinário. Essa é a orientação prevista na Súmula 249 do STF (SOARES et al, 2019). Súmula 249 STF É competente o Supremo Tribunal Federal para a ação rescisória, quando, embora não tendo conhecido do recurso extraordinário, ou havendo negado provimento ao agravo, tiver apreciado a questão federal controvertida. Recomenda-se cuidado especial na análise dos casos de recorribilidade parcial, em que a coisa julgada material, a qual se opera em momento único, da última decisão judicial pode incidir em decisões distintas, pois um capítulo meritório poderá estar resolvido no Tribunal a quo e outro capítulo, sobre outra parte meritória, na instância extraordinária. Frise-se que, muito embora o STJ ou o STF possa exarar acórdão meritório, se a parte visar com a ação rescisória ao ataque de mérito anteriormente julgado (porque os recursos podem ser parciais, abrangendo apenas http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/obterInteiroTeor.asp?idDocumento=9937275 http://www.planalto.gov.br/CCiVil_03/LEIS/L5869impressao.htm http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/legislacaoRegimentoInterno/anexo/RISTF_integral.pdf http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=249.NUME.%20NAO%20S.FLSV.&base=baseSumulas http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=515.NUME.%20NAO%20S.FLSV.&base=baseSumulas http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28AR%24%2ESCLA%2E+E+1474%2ENUME%2E%29+NAO+S%2EPRES%2E&base=baseMonocraticas&url=http://tinyurl.com/pu4tmq9 http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=7081204 19 parte da matéria decidida), e se fora das razões recursais do especial ou do extraordinário, então o mérito julgado pelo STJ ou STF não será o mesmo que atacado pela ação rescisória; e, nesse caso, nem o STJ e nem mesmo o STF terão competência para a ação rescisória (SOARES et al, 2019). A competência permanecerá com o tribunal de justiça estadual ou regional federal, conforme o caso – esse é o sentido da Súmula 515 do STF, porque não está presente o requisito da substituição do julgado de mérito – art. 1.008 do CPC/2015. O mesmo ocorre quando não houver a admissão do recurso especial ou extraordinário (SOARES et al, 2019). Súmula 515 STJ A competência para a ação rescisória não é do Supremo Tribunal Federal, quando a questão federal, apreciada no recurso extraordinário ou no agravo de instrumento, seja diversa da que foi suscitada no pedido rescisório. 1.5 Jurisprudências Ação Rescisória. EMENTA: AÇÃO RESCISÓRIA.MANIFESTA VIOLAÇÃO À NORMA JURÍDICA. INTERPRETAÇÃO RAZOÁVEL A TEXTO DE LEI. TEMA CONTROVERTIDO. PEDIDO JULGADO IMPROCEDENTE. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando violar manifestamente norma jurídica (art. 966, V, CPC)(grifo nosso). Impõe-se a manutenção de decisum que deu interpretação razoável ao preceito normativo objeto de controvérsia nos tribunais, em homenagem à segurança jurídica e à imutabilidade da coisa julgada. (TJMG - Ação Rescisória 1.0000.19.018725-2/000, Relator(a): Des.(a) Cláudia Maia , 14ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 23/01/2020, publicação da súmula em 23/01/2020) EMENTA: AÇÃO RESCISÓRIA - ERRO DE FATO - INEXISTÊNCIA - PEDIDO RESCISÓRIO JULGADO IMPROCEDENTE. - De conformidade com o artigo 966, inciso VIII, do Código de Processo Civil, cabível 20 a ação rescisória fundada em erro de fato. - A decisão de mérito fundada em erro de fato ocorre quando se admite fato inexistente ou quando considera inexistente fato ocorrido(grifo nosso). - Não há que falar em erro de fato para rescindir o julgado quando a procuradora do Exequente informa a quitação integral do débito, requer a extinção da execução e o Magistrado extingue o feito pelo pagamento, quando na realidade o referido fato não havia ocorrido. (TJMG - Ação Rescisória 1.0000.18.083261-0/000, Relator(a): Des.(a) Ângela de Lourdes Rodrigues , 8ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 12/12/2019, publicação da súmula em 19/12/2019) Ementa: PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO RESCISÓRIA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ART. 8º DO ADCT. DECISÃO QUE AFASTOU A PRETENSÃO DO AUTOR EM RELAÇÃO ÀS PROMOÇÕES POR MERECIMENTO COM BASE NA ENTÃO JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. MODIFICAÇÃO JURISPRUDENCIAL PARA CONSIDERAR QUE A NORMA DO CITADO ART. 8º ABARCA AS PROMOÇÕES POR MERECIMENTO. SÚMULA 343/STF. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. INAPLICABILIDADE. VIOLAÇÃO A LITERAL DISPOSIÇÃO DE LEI. CONFIGURAÇÃO. AÇÃO RECISÓRIA PROVIDA. I – Cabe ação rescisória por ofensa à literal disposição constitucional, ainda que a decisão rescindenda tenha se baseado em interpretação controvertida, ou seja, anterior à orientação fixada pelo Supremo Tribunal Federal. II – A atual jurisprudência do Tribunal é no sentido de que a norma do art. 8º do ADCT apenas exige, para concessão de promoções, na aposentadoria ou na reserva, a observância dos prazos de permanência em atividade inscritos em lei e regulamentos. III – Decisão que, ao aplicar o art. 8º do ADCT, afasta as promoções por merecimento ou condicionadas por lei à aprovação em curso de admissão e aproveitamento no curso exigido, autoriza sua rescisão, com base no art. 485, V, do CPC. IV - Ação Rescisória julgada procedente. (AR 1478, Relator Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Preno, Julgado em 17/11/2011, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe – 022 Divulg 31/01/2012 PUBLIC 01/02/2012) 21 AÇÃO RECISÓRIA. INCS. V e IX E §§ 1º E 2º DO ART. 485 DO CPC. ERRO DE FATO. INEXISTÊNCIA. VIOLAÇÃO LITERAL DE DISPOSTIVO DE LEI NÃO DEMONSTRADA. IMPROCEDÊNCIA. 1. O erro de fato consiste em a sentença ou o acórdão "admitir um fato inexistente" ou então "considerar inexistente um fato efetivamente ocorrido", em razão de atos ou de documentos da causa. Não há erro quando a decisão impugnada apenas contraria as pretensões do autor. 2. Os dispositivos legais foram adequadamente abordados no acórdão rescindendo, o que impõe o óbice do § 2.° do art. 485 do CPC. 3. Indispensável que a decisão rescindenda seja manifestamente contrária a norma legal apontada, gerando imperfeição da decisão de mérito que, por esse motivo, não pode subsistir. 4. Permissivos processuais não demonstrados pelo autor, o que impõe a improcedência da presente ação rescisória. (AR 1470, Relator Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Preno, Julgado em 29/06/2006, DJ – 22-09-2006). EMENTA: AÇÃO RESCISÓRIA - ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA - VENDA DE BEM DO MUNICÍPIO EM LEILÃO - VALOR NÃO INTEGRADO AO PATRIMÔNIO PÚBLICO - PONTO CONTROVERTIDO - APRECIAÇÃO EXPRESSA NA DECISÃO RESCINDENDA - ERRO DE FATO - NÃO CARACTERIZAÇÃO - IMPROCEDÊNCIA. - Ocorre o erro de fato quando a decisão rescindenda encontrar-se pautada em premissa falsa, por acolher fato inexistente ou concluir pela inexistência de fato que tenha ocorrido, e desde que o fato não represente ponto controvertido e sobre ele não tenha se manifestado o julgador, já que o objetivo da ação rescisória não é a reapreciação de provas ou a correção de eventual injustiça.(grifo nosso). - Não restando caracterizado o erro de fato, tendo em vista que a questão apresentada pelo autor foi objeto de controvérsia nos autos, e expressamente enfrentada na sentença e no acórdão rescindendo, os quais analisaram as argumentações e as provas produzidas nos autos, e chegaram a conclusão diversa da pretendida pelo autor, improcede o pedido rescisório. (TJMG - Ação Rescisória 22 1.0000.18.144939-8/000, Relator(a): Des.(a) Maurício Soares , 3ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 12/12/2019, publicação da súmula em 16/12/2019) EMENTA: AÇÃO RESCISÓRIA - EMBARGOS À EXECUÇÃO - CÉDULA DE CRÉDITO INDUSTRIAL - VIOLAÇÃO A NORMA JURÍDICA - RECONHECIMENTO DE PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE - REVOLVIMENTO DA MATÉRIA FÁTICA - SUCEDÂNEO RECURSAL - AFASTADA - JUROS DE MORA - DISPOSIÇÃO EXPRESSA DO DECRETO-LEI Nº 413/69 - CABIMENTO - ERRO DE FATO - NÃO CARACTERIZAÇÃO - PEDIDO RESCISÓRIO JULGADO PARCIALMENTE PROCEDENTE. - A ação rescisória é o remédio processual para desconstituir a coisa julgada, desde que ocorrentes os requisitos dos arts. 966 e seguintes do CPC. - De acordo com a consolidada jurisprudência, a ação rescisória fundada no inciso V do art. 966 do CPC pressupõe violação frontal e direta de literal disposição da norma jurídica, a qual seria possível de extrair da própria leitura do julgado, não se prestando, portanto, para revolvimento das questões eminentemente fáticas. (grifo nosso ). - Demonstrado que a decisão rescindenda, no tocante aos juros de mora, deixou de observar tanto dispositivo legal quanto exceção prevista no julgado que amparou suas razões, cabível a procedência parcial do pedido quanto a esse tocante. - De acordo com o art. 5º, parágrafo único, do Decreto-Lei nº 413/69, em caso de mora, a taxa de juros constante da cédula será elevável de 1% (um por cento) ao ano. - Para que o erro de fato (art. 966, VIII, CPC) tenha o condão de suplantar o pleito rescisório, faz-se necessário que a matéria rescindenda remonte a provas produzidas nos autos originários, que as partes sejam incontestes quanto a ela e que não haja sido apreciada no provimento jurisdicional combatido. - Pedido rescisório julgado parcialmente procedente. (TJMG - Ação Rescisória 1.0000.19.036079-2/000, Relator(a): Des.(a) Versiani Penna , 19ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 12/12/2019, publicação da súmula em 18/12/2019) 23 1.6 Caso exemplificativo. Joaquim é proprietário de pequena gleba de terras denominada “Sítio do Quincas” na cidade de Caratinga, interior de Minas Gerais, avaliada em R$ 100.000,00 reais. João Winkler, notório inescrupuloso da região e que também era proprietário de terras na cidade, propôs ação reivindicatória em 10.01.2010, alegando ser proprietário daquele terreno. Apresentou naquela oportunidade contrato de compra e venda firmado com Joaquim e certidão de registro da escritura no Cartório de Registro de Imóveis de Caratinga atestando a veracidade de suas alegações. A demanda foi distribuída par ao MM. Juízo da 3ª Vara Cível de Caratinga, aos cuidados do Sr. Dr. José Winkler. Na contestação, o advogado de Joaquim deixou de se esmerar na defesa dos interesses de seu cliente, não apresentando qualquer documento que demonstrasse ser Joaquim o proprietário daquele terreno, razão pela qual a demanda foi julgada inteiramente procedente. Não foi interposto recurso de apelação e o trânsito em julgado deu-seaos 25-03- 2015 (SÁ, 2020). Indignado, Joaquim consultou outro advogado, que iniciou diligências para averiguar a regularidade daquele processo. Constatou que o Exmo. Juiz da causa era tio do autor e que o contrato de compra e venda, bem como a certidão do Cartório de Registro de Imóveis não eram legítimos (continham assinatura falsa de Joaquim e do oficial do Cartório, atestado em laudo técnico solicitado pelo advogado). Providenciou ainda certidão legítima da propriedade e certidão de nascimento de João da Silva e seu Tio (SÁ, 2020). Considerando, como critério temporal para elaboração da peça, que este problema foi exigido em 2015. EXCELETÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS 24 JOAQUIM, nacionalidade, estado civil profissão, portador do documento de identidade RG (número) e inscrito no CPF sob o (número), domiciliado e residente na rua (endereço completo), com fundamento no artigo 966 e seguintes do Código de Processo Civil, propor a presente AÇÃO RESCISÓRIA da respeitável sentença definita transidade em julgado, na Ação Reivindicatória que tramitou perante a 3ª Vara Civil da Comarca de Caratinga- MG, sob n. _______, proposta por João Winkler, nacionalidade, estado civil profissão, portador do documento de identidade RG(número) e inscrito no CPF sob o (número), domiciliado e residente na rua (endereço completo), figurando como Réu o ora Autor (SÁ, 2020). I - DOS FATOS O autor, proprietário de uma gleba de terras, denominada “ Sítio do Quincas”, situada na cidade de Caratinga – MG, neste Estado, foi demandado, em ação reivindicatória, por João Winkler, ora réu, que se julgava o verdadeiro proprietário daquele imóvel (SÁ, 2020). Para provar suas alegações, juntou contrato de compra e venda do terreno, bem como certidão de registro do referido terreno expedida pelo cartório de registro de imóveis competente (SÁ, 2020). A ação foi distribuída à 3ª Vara Cível da Comarca de Caratinga, neste Estado, e em sua contestação, o causídico que representava o autor desta demanda deixou de apresentar documentos que demonstrassem a propriedade daquele imóvel, tendo sido julgada totalmente procedente a pretensão do autor naquele processo (SÁ, 2020). Não tendo sido apresentado recurso por nenhuma das partes, após o trânsito em julgado da decisão, este novo advogado, procurado pelo autor desta demanda, iniciou suas pesquisas para a defesa de seu cliente, constatando que o MM. Juiz daquela causa era tio do réu desta demanda, autor da ação em que se pretende rescindir a sentença, Dr. José Winkler (SÁ, 2020). Como se não bastasse, através de perícia, solicitada por este advogado, foi demonstrado, pelo laudo que ora se junta (doc.__), que os documentos que 25 embasaram a pretensão do autor da ação reivindicatória não eram verdadeiros. O contrato de compra e venda continha assinatura falsa do demanda na ação reivindicatória e a certidão do registro de imóveis, assinatura ilegítima do oficial competente (SÁ, 2020). Tendo sido o imóvel avaliado no valor de R$ 100.000,00, e a sentença transitada em julgado em 25-03-15 pretende agora, o ora autor, a rescisão daquele julgado, diante de tudo quanto foi narrado e pelas razões de direito que a seguir se exporão (SÁ, 2020). II – DA TEMPESTIVIDADE E DA LEGITIMIDADE Como já mencionado, o trânsito em julgado da sentença rescindenda se deu em 25.03.2015. Com efeito, a teor do artigo 966, CPC, propõe o autor, tempestivamente, a presente demanda, por ser proposta antes do vencimento de dois anos (SÁ, 2020). O ora autor, tendo figurado como réu na ação reivindicatória, cuja sentença se pretende rescindir, tem legitimidade para a propositura da presente ação, conforme o disposto no artigo 967, I, CPC (SÁ, 2020). III – DO DIREITO A pretensão do autor em ver rescindida a sentença de primeiro grau, que julgou procedente a ação proposta por João Winkler, é agasalhada pelo ordenamento jurídico, tendo em vista os fatos narrados (SÁ, 2020). Como já acima narrado, o juiz da causa era tio do autor (certidões de nascimento anexas) e, portanto, era impedido de atuar naquele feito. O artigo 144, IV, do CPC dispõe: “Artigo 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo: (...)IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;” 26 Portanto, caberia ao magistrado, com a distribuição do feito para a 3ª Vara Cívil de Caratinga, de sua competência, declarar-se, de plano, impedido para atuar naquele feito, tendo em vista o grau de parentesco com João Winkler (SÁ, 2020). Portanto, a teor do inciso II do artigo 966, do CPC, cabível a presente demanda para que seja rescindida a decisão de primeira instância, bem como os autos sejam remetidos para a Comarca de origem para nova distribuição (SÁ, 2020). Não obstante o fato de a referida ação ter sido julgada por juiz impedido de atuar no feito, o que, por si só, ensejaria a rescisão do julgado, as provas apresentadas pelo autor da ação em que a sentença se discute não eram legítimas (SÁ, 2020). Destarte, o ora autor jamais firmou contrato de compra venda do terreno com João, que falsificou toda a documentação para que pudesse legitimar a sua pretensão – tanto o contrato de compra e venda do imóvel quanto a certidão de registro do documento no cartório de imóveis eram falsos. No primeiro, foi falsificada a assinatura do ora autor, com suposto vendedor do terreno, e, no segundo documento, foi forjada a assinatura do oficial do Cartório competente (SÁ, 2020). Essas alegações ficaram provadas através de laudo pericial solicitado por este advogado, cujo original se junta aos autos. Não obstante, junta o autor, nesta oportunidade, certidão atualizada expedida pelo Registro de Imóveis, no original, a fim de demonstrar que é o verdadeiro proprietário do terreno (SÁ, 2020). Mais uma vez, o artigo 966 do CPC, em seu inciso VI, prevê a possibilidade de rescisão da sentença transitada em julgado, quando fundada em prova falsa, apurada na própria ação rescisória (SÁ, 2020). Não vê o autor, por isso, motivos para que a decisão de primeira instância não seja rescindida, tendo em vista os fatos narrados bem como a fundamento jurídicos capaz de deferir a pretensão (SÁ, 2020). IV – DO PEDIDO Diante de todo o exposto, requer o autor: 27 a) que essa Egrégia Presidência digne-se ordenar a distribuição do feito para uma das Colendas Câmaras que compõem esse Tribunal para que sorteado seja o relator que deverá julgar a presente ação (SÁ, 2020); b) a expedição do mandado de citação do réu, por oficial de justiça, nos termos do artigo 242 do CPC, para que querendo responder à presente demanda, sob pena de serem tidos por verdadeiros os fatos alegados (SÁ, 2020); c) que o presente pedido seja julgado TOTALMENTE PROCEDENTE, a fim de que seja rescindida a r. sentença de mérito proferida pelo MM. Juiz da 3º vara civil da Comarca de Caratinga, impedido para atuar no feito, ordenando-se, por conseguinte, a redistribuição dos autos a uma das varas daquela Comarca, ou, subsidiariamente, caso seja acolhida a tese de prova falsa, seja rescindida a sentença, proferindo este E. Tribunal, desde logo, novo julgamento do feito (SÁ, 2020); d) a juntada da guia de depósito recolhido, no valor correspondente a 5% do valor da causa, em cumprimento ao artigo 968, II, CPC (SÁ, 2020). Termos em que, cumpridas as necessárias formalidades legais, pede-se e espera-se o recebimento, processamento e acolhimento desta como medida de inteira justiça. Dá-se à causa o valor de R$ 100.000,00 (Cem mil reais). Termos em que, Pede deferimento. Locale data. OAB nº_______ 28 2. RECLAMAÇÃO Fonte: gestaodesegurancaprivada.com.br A Reclamação está prevista na Constituição de 1988 para preservação das competências e da autoridade das decisões do STJ e do STF, bem como para observância de súmulas vinculantes (TAKOI, 2013). A reclamação constitucional tem como finalidade específica a preservação da competência e a garantia da autoridade das decisões do Supremo Tribunal Federal e, a partir de 1988 com a CF/88, também passou a ser prevista como ação originária de competência do Superior Tribunal de Justiça com as mesmas finalidades (preservação da competência e garantia da autoridade de suas decisões), e, finalmente, a partir da Emenda Constitucional n. 45/2004, permitiu-se a possibilidade de reclamação para observância de Súmula Vinculante perante o Pretório Excelso (TAKOI, 2013). Tem previsão constitucional nos artigos 102, I; 103 A § 3º e 105 inciso I alínea F da Constituição Federal: Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: https://gestaodesegurancaprivada.com.br/ 29 I - processar e julgar, originariamente: [...] l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões; Como medida de preservação da competência do tribunal e da autoridade de suas decisões. Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Vide Lei nº 11.417, de 2006). § 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso(grifo nosso). (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Incluído pela EC 45/2004. A Lei 11.417/2006, que regulamentou o art. 103-A da CF, acabou por permitir expressamente o cabimento da reclamação constitucional tanto nos casos em que se deixa de aplicar como nos casos em que se aplica equivocadamente a súmula vinculante (MACÊDO, 2014). Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e julgar, originariamente: [...] e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados; f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;(grifo nosso). g) os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as deste e da União; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11417.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art2 30 Ao se falar em “autoridade da decisão”, a referência é direcionada propriamente ao decisum, isto é, ao que foi efetivamente decidido, e naturalmente não abrange as razões de decidir (MACÊDO, 2014). Como fica evidente pelas hipóteses de cabimento constitucionalmente disciplinadas, a reclamação é remédio jurídico processual adequado à tratativa de atos que são desrespeitosos, de forma particularmente grave, a normas constitucionais atributivas de competência ou a decisões (MACÊDO, 2014). O Código de Processo Civil de 2015 destinou à Reclamação todo o seu Capitulo IX dos artigos 988 ao artigo 993 (BRASIL, 2015). Portanto caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para: I - preservar a competência do tribunal; II - garantir a autoridade das decisões do tribunal; III – garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de decisão do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade (BRASIL, 2015); IV – garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de incidente de resolução de demandas repetitivas ou de incidente de assunção de competência (BRASIL, 2015); A reclamação poderá ser proposta perante qualquer tribunal, e seu julgamento compete ao órgão jurisdicional cuja competência se busca preservar ou cuja autoridade se pretenda garantir. Deverá ser instruída com prova documental e dirigida ao presidente do tribunal (BRASIL, 2015). Observe, por exemplo, um caso em que foi julgado procedente a reclamação, em razão de descumprimento da decisão do STJ por órgão judiciário inferior: 31 “RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL, PRESERVAÇÃO ACÓRDÃO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA [...]. (Apud LUNARD, 2016) “RECLAMAÇÃO. AGRAVO INTERPOSTO CONTRA DECISÃO DO PRESIDENTE DO TRIBUNAL ESTADUAL QUE NEGOU SEGUIMENTO A RECURSO DENOMINAÇÃO EQUIVOCADA. ERRO MATERIAL. USURPAÇÂO DA COMPETÊNCIA DESTA CORTE. [...] a competência para julgar agravo de instrumento interposto contra decisão que nega seguimento a recurso especial é do Superior Tribunal de Justiça. 4. Reclamação procedente” ( STJ, Rcl 7.559/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Segunda Seção, julgado em 23-5-2012, Dje 1º - 6 – 2012). (Apud Lunard, 2016) Assim que recebida, a reclamação será autuada e distribuída ao relator do processo principal, sempre que possível. A Reclamação nas hipóteses de garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de decisão do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade bem como garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de incidente de resolução de demandas repetitivas ou de incidente de assunção de competência; compreendem a aplicação indevida da tese jurídica e sua não aplicação aos casos que a ela correspondam. É inadmissível a reclamação: I – proposta após o trânsito em julgado da decisão reclamada; II – proposta para garantir a observância de acórdão de recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida ou de acórdão proferido em julgamento de recursos extraordinário ou especial repetitivos, quando não esgotadas as instâncias ordinárias. A inadmissibilidade ou o julgamento do recurso interposto contra a decisão proferida pelo órgão reclamado não prejudica a reclamação (BRASIL, 2015, Art. 988). Ao despachar a reclamação, o relator: 32 I - requisitará informações da autoridade a quem for imputada a prática do ato impugnado, que as prestará no prazo de 10 (dez) dias; II - se necessário, ordenará a suspensão do processo ou do ato impugnado para evitardano irreparável; III - determinará a citação do beneficiário da decisão impugnada, que terá prazo de 15 (quinze) dias para apresentar a sua contestação (BRASIL, 2015, Art. 989). Qualquer interessado poderá impugnar o pedido do reclamante (BRASIL, 2015, Art. 990). Na reclamação que não houver formulado, o Ministério Público terá vista do processo por 5(cinco) dias, após o decurso do prazo para informações e para o oferecimento da contestação pelo beneficiário do ato impugnado (BRASIL, 2015, Art. 991). Fonte: politize.com.br https://www.politize.com.br/ 33 Julgando procedente a reclamação, o tribunal cassará a decisão exorbitante de seu julgado ou determinará medida adequada à solução da controvérsia (BRASIL, 2015, Art. 993). O presidente do tribunal determinará o imediato cumprimento da decisão, lavrando-se o acórdão posteriormente (BRASIL, 2015, Art. 993). A reclamação constitui instrumento que, aplicado no âmbito dos estados- membros, tem como objetivo evitar, no caso de ofensa à autoridade de um julgado, o caminho tortuoso e demorado dos recursos previstos na legislação processual, inegavelmente inconvenientes quando já tem a parte uma decisão definitiva. Visa, também, à preservação da competência dos Tribunais de Justiça estaduais, diante de eventual usurpação por parte de Juízo ou outro Tribunal local. A adoção desse instrumento pelos estados-membros, além de estar em sintonia com o princípio da simetria, está em consonância com o princípio da efetividade das decisões judiciais. (ADIN 2212 CE, rela. Mina. Ellen Gracie, DJ 14/11/03). Nesse sentido os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente. Na forma estabelecida e segundo os pressupostos fixados no regimento interno, os tribunais editarão enunciados de súmula correspondentes a sua jurisprudência dominante. Atentando-se às circunstâncias fáticas dos precedentes que motivaram sua criação (BRASIL, 2015, Art. 926). Os juízes e os tribunais observarão as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; quais sejam: II - os enunciados de súmula vinculante; III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; 34 IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados (BRASIL, 2015, Art. 927). Porém os juízes e os tribunais deverão observar também o disposto no art. 10 e no art. 489, § 1º (BRASIL, 2015, § 1 do Art. 927). Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. Art. 489. São elementos essenciais da sentença: I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo; II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem. § 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.(Grifo nosso). § 2º No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto e os critérios gerais da ponderação efetuada, enunciando as razões que autorizam a interferência na norma afastada e as premissas fáticas que fundamentam a conclusão. § 3º A decisão judicial deve ser interpretada a partir da conjugação de todos os seus elementos e em conformidade com o princípio da boa-fé. A alteração de tese jurídica adotada em enunciado de súmula ou em julgamento de casos repetitivos poderá ser precedida de audiências públicas e da participação de pessoas, órgãos ou entidades que possam contribuir para a rediscussão da tese (BRASIL, 2015, § 2º do Art. 927). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art10 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art10 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art489%C2%A71 35 Fonte: estudarfora.org.br Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e no da segurança jurídica (BRASIL, 2015, § 3º do Art. 927). A modificação de enunciado de súmula, de jurisprudência pacificada ou de tese adotada em julgamento de casos repetitivos observará a necessidade de fundamentação adequada e específica, considerando os princípios da segurança jurídica, da proteção da confiança e da isonomia (BRASIL, 2015, § 4º do Art. 927). Os tribunais darão publicidade a seus precedentes, organizando-os por questão jurídica decidida e divulgando-os, preferencialmente, na rede mundial de computadores (BRASIL, 2015, § 4º do Art. 927). Considera-se julgamento de casos repetitivos a decisão proferida em: I - incidente de resolução de demandas repetitivas; II - recursos especial e extraordinário repetitivos. 36 O julgamento de casos repetitivos tem por objeto questão de direito material ou processual. (BRASIL, 2015, Art. 928). Súmula 734 do STF: "Não cabe reclamação quando já houver transitado em julgado o ato judicial que se alega tenha desrespeitado decisão do Supremo Tribunal Federal" 2.1 Jurisprudências Reclamação Ementa: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NA RECLAMAÇÃO. REDISCUSSÃO DE MATÉRIA JÁ DECIDIDA POR ESTA SUPREMA CORTE. RECURSO DE AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. A reclamação constitucional não pode ser utilizada para rediscutir matéria já decidida por esta SUPREMA CORTE (grifo nosso). A impugnação de decisões proferidas por Ministros ou pelos órgãos que compõe este TRIBUNAL, no exercício de suas atribuições, são de competência do próprio STF, somente podendo ser realizada por interposição de recursos adequados. 2. O acórdão reclamado foi objeto de Recurso Extraordinário (RE 1.200.292), no qual o MINISTRO PRESIDENTE determinou a devolução dos autos ao Tribunal de origem para observância dos procedimentos previstos no inc. I do art. 1.030 do Código de Processo Civil. Desse modo, inviável a presente reclamação. 3. Recurso de agravo a que se nega provimento. (Rcl 39008 Relator Min. ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma, Julgado em 27/03/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe – 081 Divulg 01- 04-2020 PUBLIC 02-04-2020). Ementa: CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NA RECLAMAÇÃO. DECISÃO RECLAMADA TRANSITADA EM JULGADO. ART. 988, § 5º, DO CPC. SÚMULA 734 DO STF. RECURSO DE AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. Nos termos do art. 988, § 5º, inciso I, do CPC, não cabe Reclamação para desconstituir decisõestransitadas em julgado. Trata-se 37 de assimilação, pelo novo código processual, de antigo entendimento do STF, enunciado na Súmula 734(grifo nosso). (Não cabe reclamação quando já houver transitado em julgado o ato judicial que se alega tenha desrespeitado decisão do Supremo Tribunal Federal). 2. Em consulta ao sítio eletrônico do Juizado Especial Federal da 3ª Região verifica-se que o processo 0024670-51.2007.4.03.6301 transitou em julgado, em 20/2/2018, e sua baixa definitiva foi determinada em 1º/7/2019; enquanto que a presente ação reclamatória foi protocolada em 22/1/2020 (doc. 2). 3. Recurso de agravo a que se nega provimento. (Rcl 38906 Relator Min. ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma, Julgado em 27/03/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe – 081 Divulg 01-04-2020 PUBLIC 02-04-2020) Ementa: CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO INTERNO. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE RECURSAL. NÃO EXAURIMENTO DAS INSTÂNCIAS RECURSAIS ORDINÁRIAS. RECURSO DE AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. Não houve o pleno exaurimento das instâncias recursais na origem, dada a ausência do juízo de admissibilidade do recurso extraordinário quando do ajuizamento da Reclamação, o que inviabiliza a propositura da ação reclamatória. 2. Conforme prescreve o art. 988, § 5º, inciso II, do CPC, o esgotamento dos meios recursais a quo é pressuposto para o cabimento da Reclamação, quando tem por fundamento a exigência de respeito a precedente julgado por esta SUPREMA CORTE, em regime de Repercussão Geral. Precedentes (grifo nosso). 3. Segundo informações obtidas no sítio eletrônico do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, o recurso extraordinário interposto pelos reclamantes acabou sendo admitido, mediante decisão proferida pelo Presidente da Seção de Direito Público do TJSP, em 11/3/2020. Tal fato vem comprovar o acerto da decisão ora impugnada, ante o ajuizamento prematuro desta ação reclamatória. 4. Embargos de Declaração recebidos como Agravo Interno, ao qual se nega provimento. (Rcl 38978 Relator Min. ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma, Julgado em 27/03/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe – 081 Divulg 01-04-2020 PUBLIC 02-04-2020) 38 2.2 Demandas Repetitivas Demandas Repetitivas são processos nos quais a mesma questão de direito se reproduz de modo que a sua solução pelos Tribunais Superiores ou pelos próprios Tribunais locais pode ser replicada para todos de modo a garantir que essas causas tenham a mesma solução, ganhando-se, assim, celeridade, isonomia e segurança jurídica no tratamento de questões com grande repercussão social (CNJ/2016). Por meio da formação de precedentes judiciais obrigatórios, os Tribunais fixam o entendimento acerca de determinada matéria jurídica reduzindo significativamente a quantidade de recursos que chegam às instâncias superiores (CNJ/2016). As decisões proferidas segundo a técnica de geração de precedentes em demandas repetitivas são de observância obrigatória pelos Tribunais e juízos inferiores de acordo com o artigo 927 do Código de Processo Civil de 2015 (CNJ/2016). Existe no Brasil o Painel de Consulta ao Banco Nacional de Demandas Repetitivas e Precedentes Obrigatórios. Trata-se de pesquisa que apresenta de forma dinâmica os dados referentes às demandas repetitivas nos tribunais estaduais, federais e superiores (CNJ/2016). Em “Gráficos”, é possível obter uma visão geral dos incidentes (Recursos Repetitivos, Repercussão Geral etc.) nas Cortes superiores. Os pronunciamentos da instância superior formarão precedentes obrigatórios, os quais poderão ser usados pela 1ª e 2ª instância nos respectivos processos sobrestados, ou parados, que aguardam solução em decorrência de tais incidentes (CNJ/2016). O capítulo VIII do Código de Processo Civil trata das demandas repetitivas, versa sobre o cabimento dessas demandas, a competência e as formas de julgamentos. 39 A instauração do incidente de resolução de demandas repetitivas terá cabimento quando houver, simultaneamente: (BRASIL, 2015, Art. 976). I - efetiva repetição de processos que contenham controvérsia sobre a mesma questão unicamente de direito; II - risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica. A desistência ou o abandono do processo não impede o exame de mérito do incidente (BRASIL, 2015, § 1º do Art. 976). Se não for o requerente, o Ministério Público intervirá obrigatoriamente no incidente e deverá assumir sua titularidade em caso de desistência ou de abandono (BRASIL, 2015, § 2º do Art. 976). A inadmissão do incidente de resolução de demandas repetitivas por ausência de qualquer de seus pressupostos de admissibilidade não impede que, uma vez satisfeito o requisito, seja o incidente novamente suscitado (BRASIL, 2015, § 3º do Art. 976). É incabível o incidente de resolução de demandas repetitivas quando um dos tribunais superiores, no âmbito de sua respectiva competência, já tiver afetado recurso para definição de tese sobre questão de direito material ou processual repetitiva (BRASIL, 2015, § 4º do Art. 976). Não serão exigidas custas processuais no incidente de resolução de demandas repetitivas (BRASIL, 2015,§ 1º do Art. 976). O pedido de instauração do incidente será dirigido ao presidente de tribunal: I - pelo juiz ou relator, por ofício; II - pelas partes, por petição; 40 III - pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública, por petição. O ofício ou a petição será instruído com os documentos necessários à demonstração do preenchimento dos pressupostos para a instauração do incidente (BRASIL, 2015, Art. 977). O julgamento do incidente caberá ao órgão indicado pelo regimento interno dentre aqueles responsáveis pela uniformização de jurisprudência do tribunal (BRASIL, 2015, Art. 978). O órgão colegiado incumbido de julgar o incidente e de fixar a tese jurídica julgará igualmente o recurso, a remessa necessária ou o processo de competência originária de onde se originou o incidente. A instauração e o julgamento do incidente serão sucedidos da mais ampla e específica divulgação e publicidade, por meio de registro eletrônico no Conselho Nacional de Justiça (BRASIL, 2015, Art. 979). Os tribunais manterão banco eletrônico de dados atualizados com informações específicas sobre questões de direito submetidas ao incidente, comunicando-o imediatamente ao Conselho Nacional de Justiça para inclusão no cadastro (BRASIL, 2015, § 1º do Art. 979). Para possibilitar a identificação dos processos abrangidos pela decisão do incidente, o registro eletrônico das teses jurídicas constantes do cadastro conterá, no mínimo, os fundamentos determinantes da decisão e os dispositivos normativos a ela relacionados (BRASIL, 2015, § 2º do Art. 976). Aplica-se o disposto neste artigo ao julgamento de recursos repetitivos e da repercussão geral em recurso extraordinário (BRASIL, 2015, § 3º do Art. 976). O incidente será julgado no prazo de 1 (um) ano e terá preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas 41 corpus . Superado este prazo, cessa a suspensão dos processos prevista no art. 982 CPC, salvo decisão fundamentada do relator em sentido contrário (BRASIL, 2015, Art. 980). Após a distribuição, o órgão colegiado competente para julgar o incidente procederá ao seu juízo de admissibilidade, considerando a presença dos pressupostos do art. 976 CPC (BRASIL, 2015, Art. 981). Admitido o incidente, o relator: I - suspenderá os processos pendentes, individuais ou coletivos, que tramitam no Estado ou na região, conforme o caso; II - poderá requisitar informações a órgãos em cujo juízo tramita processo no qual se discute o objeto do incidente, que as prestarão no prazo de 15 (quinze) dias; III - intimará o Ministério Público para, querendo, manifestar-se no prazo de 15 (quinze) dias (BRASIL, 2015, Art.982). A suspensão será comunicada aos órgãos jurisdicionais competentes (BRASIL, 2015, § 1º do Art. 982). Durante a suspensão, o pedido de tutela de urgência deverá ser dirigido ao juízo onde tramita o processo suspenso (BRASIL, 2015, § 2º do Art. 982). Visando à garantia da segurança jurídica, qualquer legitimado mencionado no art. 977, incisos II e III , poderá requerer, ao tribunal competente para conhecer do recurso extraordinário ou especial, a suspensão de todos os processos individuais ou coletivos em curso no território nacional que versem sobre a questão objeto do incidente já instaurado (BRASIL, 2015, § 3º do Art. 982). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art982 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art982 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art976 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art977ii 42 Independentemente dos limites da competência territorial, a parte no processo em curso no qual se discuta a mesma questão objeto do incidente é legitimada para requerer a providência prevista no § 3º (BRASIL, 2015, § 4º do Art. 982). Cessa a suspensão a que se refere o inciso I do caput deste artigo se não for interposto recurso especial ou recurso extraordinário contra a decisão proferida no incidente (BRASIL, 2015, § 5º do Art. 982). O relator ouvirá as partes e os demais interessados, inclusive pessoas, órgãos e entidades com interesse na controvérsia, que, no prazo comum de 15 (quinze) dias, poderão requerer a juntada de documentos, bem como as diligências necessárias para a elucidação da questão de direito controvertida, e, em seguida, manifestar-se-á o Ministério Público, no mesmo prazo (BRASIL, 2015, Art. 983). Fonte: www.elo7.com.br Para instruir o incidente, o relator poderá designar data para, em audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência e conhecimento na matéria (BRASIL, 2015, Art. 983). 43 Concluídas as diligências, o relator solicitará dia para o julgamento do incidente (BRASIL, 2015, Art. 983). No julgamento do incidente, observar-se-á a seguinte ordem: (BRASIL, 2015, Art. 984). I - o relator fará a exposição do objeto do incidente; II - poderão sustentar suas razões, sucessivamente: a) o autor e o réu do processo originário e o Ministério Público, pelo prazo de 30 (trinta) minutos; b) os demais interessados, no prazo de 30 (trinta) minutos, divididos entre todos, sendo exigida inscrição com 2 (dois) dias de antecedência. Considerando o número de inscritos, o prazo poderá ser ampliado. O conteúdo do acórdão abrangerá a análise de todos os fundamentos suscitados concernentes à tese jurídica discutida, sejam favoráveis ou contrários. Julgado o incidente, a tese jurídica será aplicada: (BRASIL, 2015, Art. 985). I - a todos os processos individuais ou coletivos que versem sobre idêntica questão de direito e que tramitem na área de jurisdição do respectivo tribunal, inclusive àqueles que tramitem nos juizados especiais do respectivo Estado ou região; II - aos casos futuros que versem idêntica questão de direito e que venham a tramitar no território de competência do tribunal, salvo revisão na forma do art. 986 . Não observada a tese adotada no incidente, caberá reclamação. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art986 44 Se o incidente tiver por objeto questão relativa a prestação de serviço concedido, permitido ou autorizado, o resultado do julgamento será comunicado ao órgão, ao ente ou à agência reguladora competente para fiscalização da efetiva aplicação, por parte dos entes sujeitos a regulação, da tese adotada. A revisão da tese jurídica firmada no incidente far-se-á pelo mesmo tribunal, de ofício ou mediante requerimento dos legitimados mencionados no art. 977, inciso III (BRASIL, 2015, Art. 986). Do julgamento do mérito do incidente caberá recurso extraordinário ou especial, conforme o caso. § 1º O recurso tem efeito suspensivo, presumindo-se a repercussão geral de questão constitucional eventualmente discutida. § 2º Apreciado o mérito do recurso, a tese jurídica adotada pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça será aplicada no território nacional a todos os processos individuais ou coletivos que versem sobre idêntica questão de direito (BRASIL, 2015, Art. 987). 2.4 Incidente processual Incidente processual é uma questão controversa secundária e acessória que surge no curso de um processo e que precisa ser julgada antes da decisão do mérito da causa principal. Com a entrada em vigor do novo Código de Processo Civil em 2016, foram integrados ao sistema processual brasileiro os Incidentes de Resolução de Demandas Repetitivas e de Assunção de Competência (CNJ/2016). Esses “Incidentes” veiculam a discussão de questões de direito que se repetem em vários processos ou que tenham grande repercussão social, cuja decisão se torna obrigatória, devendo ser reproduzida em todos os demais casos que discutem o mesmo tema (CNJ/2016). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art977iii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art977iii 45 A forma de processamento e julgamento dos Recursos Especiais e de Revista Repetitivos é uma técnica de formação de precedentes judiciais obrigatórios que possuem o mesmo potencial multiplicador (CNJ/2016). Muito embora os Recursos Especiais e de Revista Repetitivos e a Repercussão Geral não possam ser considerados incidentes processuais, eles também são instrumentos de geração de precedentes obrigatórios com o mesmo potencial multiplicador das decisões proferidas pelos Tribunais nos IRDrs e IACs, razão pela qual, no Painel, são todos considerados tipos de Incidentes (CNJ/2016). 2.5 Repercussão Geral Como guardião da Constituição, o Supremo Tribunal Federal só recebe e julga recursos que tratem de controvérsias constitucionais. Mas não é só isso. Além do caráter constitucional, a matéria do recurso deve ser relevante do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, ou seja, ela deve ter repercussão geral. A repercussão geral é, portanto, um filtro que separa os recursos que serão apreciados pelo STF e decididos com força vinculante daqueles nos quais a última palavra será a dos tribunais superiores (CNJ/2016). 2.6 Recursos Especial e de Revista Repetitivos O Superior Tribunal de Justiça e o Tribunal Superior do Trabalho são responsáveis por receber e julgar recursos nos quais se discuta a correta aplicação da legislação federal aplicável às matérias de suas respectivas competências. Não raramente, as questões discutidas em Recursos Especiais e de Revista se repetem, o que motivou a criação de uma sistemática especial de processamento desses recursos repetitivos que pressupõe uma decisão de mérito aplicável a todos os demais casos (CNJ/2016). 2.7 Grupos de Representativos Por vezes, o setor responsável pela admissibilidade de recursos às instâncias especial e extraordinária nos Tribunais identifica a proliferação de uma determinada 46 discussão constitucional ou legal que ainda não está refletida em um Tema de repercussão geral ou de recurso especial repetitivo. Nesses casos, ao invés de remeter à Corte Superior todos os recursos, o Tribunal opta por um catálogo limitado de causas e sobrestá as demais, aguardando um pronunciamento da Corte Superior. Justamente para refletir esse estágio transitório no qual se tem, na realidade, um projeto de tema ainda não reconhecido ou criado pelos Tribunais Superiores ao qual já há processos sobrestados vinculados é que existe o chamado Grupo de Representativos (CNJ/2016). 2.8 Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas As relações jurídicas são padronizadas, as pessoas
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