Buscar

AULA 1 ACAO-RESCISORIA-E-RECLAMACAO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 51 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 51 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 51 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

0 
 
 
 
1 
 
 
1 SUMÁRIO 
1. AÇÃO RESCISÓRIA..................................................................................... 3 
1.1 Legitimidades para Propor a Ação Rescisória ........................................ 7 
1.2 Requisitos para Propositura da ação Rescisória ................................... 10 
1.3 Prazo de interposição da Ação Rescisória ............................................ 14 
1.4 Competências para Julgar Ação Rescisória .......................................... 16 
1.5 Jurisprudências Ação Rescisória. ......................................................... 19 
1.6 Caso exemplificativo: ............................................................................ 23 
2. RECLAMAÇÃO ........................................................................................... 28 
2.1 Jurisprudências Reclamação ................................................................ 36 
2.2 Demandas Repetitivas .......................................................................... 38 
2.3 Incidente processual ............................................................................ 44 
2.4 Repercussão Geral ............................................................................... 45 
2.5 Recursos Especial e de Revista Repetitivos ......................................... 45 
2.6 Grupos de Representativos ................................................................... 45 
2.7 Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas ............................... 46 
3. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ............................................................ 48 
 
 
 
2 
 
INTRODUÇÃO 
Prezado aluno, 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as 
perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão 
respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da 
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à 
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da 
semana e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
Bons estudos! 
 
3 
 
1. AÇÃO RESCISÓRIA 
 
Fonte:correioderondonia.com 
 Chama-se rescisória à ação por meio da qual se pede a desconstituição de 
sentença transitada em julgado, com eventual rejulgamento, a seguir, da matéria 
nela julgada (MOREIRA, 2012, p. 99 apud SOARES et al 2019). 
Portanto, “se o juiz viola a regra de direito pré-processual, processual, 
material, constitucional, administrativo, judiciário interno, sobre direito no tempo ou 
no espaço, ou no espaço-tempo, a ação rescisória cabe. O que interessa ao Estado 
e ao povo é a integridade, a observância, o respeito de todo o seu sistema jurídico” 
(PONTES DE MIRANDA, 2003, p. 294 apud SOARES et al 2019). 
É uma ação autônoma de impugnação, de cunho cognitivo e natureza 
desconstitutiva, que procura desfazer o julgado, quer por motivos de invalidade, quer 
por motivos de injustiça (Sá, et al, 2020). 
Está prevista no Capitulo VII do Código de Processo Civil, especificamente 
nos Artigos 966 ao 975. 
 
4 
 
O artigo 966 do Código de Processo Civil expressa que a decisão de mérito, 
transitada em julgado, pode ser rescindida quando (BRASIL, 2015): 
I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou 
corrupção do juiz; 
II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente; 
III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte 
vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei; 
IV - ofender a coisa julgada; 
V - violar manifestamente norma jurídica; 
VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo 
criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória; 
VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja 
existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar 
pronunciamento favorável; 
VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos. 
Segundo o paragrafo primeiro do mencionado artigo há erro de fato quando a 
decisão rescindenda admitir fato inexistente ou quando considerar inexistente fato 
efetivamente ocorrido, sendo indispensável, em ambos os casos, que o fato não 
represente ponto controvertido sobre o qual o juiz deveria ter se pronunciado 
(BRASIL, 2015). 
Considerando o paragrafo segundo nas hipóteses previstas nos incisos 
do caput do artigo 966, será rescindível a decisão transitada em julgado que, 
embora não seja de mérito, impeça (BRASIL, 2015): 
 
5 
 
I - nova propositura da demanda; ou 
II - admissibilidade do recurso correspondente. 
De acordo com o paragrafo terceiro do mencionado artigo a ação rescisória 
pode ter por objeto apenas 1 (um) capítulo da decisão. Ou seja, A ação rescisória 
pode objetivar a anulação de apenas parte da sentença ou acórdão. A possibilidade 
de rescisão parcial decorre do fato de a sentença de mérito poder ser complexa, isto 
é, composta de vários capítulos, cada um contendo solução para questão autônoma 
frente às demais (STJ, REsp 863.890/SC, 3.ª T., j. 17.02.2011, rel. Min. Nancy 
Andrighi, DJe 28.02.2011). 
Expressa o parágrafo quarto que os atos de disposição de direitos, praticados 
pelas partes ou por outros participantes do processo e homologados pelo juízo, bem 
como os atos homologatórios praticados no curso da execução, estão sujeitos à 
anulação, nos termos da lei (BRASIL, 2015). 
Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016 o paragrafo quinto do artigo 966 traz a 
hipótese de ação rescisória, com fundamento no inciso V (decisão que violar 
manifestamente norma jurídica), contra aquelas decisão baseada em enunciado de 
súmula ou acórdão proferido em julgamento de casos repetitivos que não tenha 
considerado a existência de distinção entre a questão discutida no processo e o 
padrão decisório que lhe deu fundamento (BRASIL, 2015). 
Continuando o parágrafo sexto diz que quando a ação rescisória fundar-se na 
hipótese do § 5º do artigo 966, caberá ao autor, sob pena de inépcia, demonstrar, 
fundamentadamente, tratar-se de situação particularizada por hipótese fática distinta 
ou de questão jurídica não examinada, a impor outra solução jurídica (BRASIL, 
2015). 
 
 
6 
 
 
Fonte: exame.abril.com.br 
A ausência de esgotamento recursal não impede a interposição de ação 
rescisória (BRASIL, 2015): 
Súmula 514 STF 
Admite-se ação rescisória contra sentença transitada em julgado, ainda que 
contra ela não se tenha esgotado todos os recursos. 
O valor da causa na ação rescisória de um modo geral deve ser o mesmo da 
ação originária, cuja decisão deseja o autor desconstituir. Entretanto, pode ocorrer, 
na prática, que o autor não busque desconstituir integralmente a sentença 
rescindenda, mas apenas uma parte, devendo o valor corresponder apenas a esta 
parte (MORAIS, p.26. Apud SOUZA, 2014). 
 
7 
 
1.1 Legitimidades para Propor a Ação Rescisória 
Segundo o artigo 967 do Código de Processo Civil, têm legitimidade para 
propor a ação rescisória (BRASIL, 2015): 
I - quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou singular; 
II - o terceiro juridicamente interessado; 
III - o Ministério Público: 
a) se não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção; 
b) quando a decisão rescindenda é o efeito de simulação oude colusão das 
partes, a fim de fraudar a lei; 
c) em outros casos em que se imponha sua atuação; 
IV - aquele que não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a 
intervenção. 
Parágrafo único. Nas hipóteses do art. 178 , o Ministério Público será intimado 
para intervir como fiscal da ordem jurídica quando não for parte (BRASIL, 2015). 
Art. 178 - O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta) 
dias, intervir como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou 
na Constituição Federal e nos processos que envolvam: 
I - interesse público ou social; 
II - interesse de incapaz; 
III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana. 
Parágrafo único. A participação da Fazenda Pública não configura, por si 
só, hipótese de intervenção do Ministério Público (BRASIL, 2015). 
Portanto quem foi parte no processo e ou seu sucessor a titulo universal ou 
singular, e a decisão rescindenda se enquadra em uma das situações do art. 966 do 
CPC, plenamente legitimado estará (THAMAY, 2019). 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art178
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
 
8 
 
Igual sorte assiste à legitimidade do terceiro juridicamente interessado, pois 
acaba sendo aquele que foi atingido pela eficácia reflexa da sentença rescindenda 
proferida entre outros sujeitos, mas que nos caso de cabimento do art. 966 do CPC. 
Reforce-se ainda que a decisão rescindenda deve ter causado prejuízo ao terceiro 
paa que seja viável a rescisória. Chama-se a atenção para a circunstância de que a 
ação rescisória, via de regra, não se restringe ao juízo rescissorium (THAMAY, 
2019). 
O Ministério Público tem legitimidade, exclusiva, para pretender rescisão de 
decisão proferida em processo em que deveria ter intervindo como fiscal da ordem 
jurídica, tendo, também, legitimidade para a rescisória fundada em simulação ou 
conclusão da partes, para fraudar a lei (THAMAY, 2019). 
1.1.1 Polo Ativo e Polo Passivo 
Em um processo judicial, existem três partes envolvidas na demanda: juiz, 
autor e réu. O juiz é o responsável pela administração da Justiça em nome do 
Estado. Possui competência para resolver conflitos de interesses ou punir infrações 
praticadas em sua jurisdição, conduzindo o processo conforme as regras e 
princípios estabelecidos pela ordem jurídica (CNJ, 2019). 
O autor é o polo ativo do processo judicial, é aquele que promove a ação civil 
ou criminal contra outra pessoa, que será considerada ré. O autor é o polo ativo do 
processo, em contraposição ao réu, que é o polo passivo (CNJ, 2019). 
Para melhor entendimento da legitimidade nas Ações Rescisórias faremos a 
análises dos Polos passivos e ativos nas referidas demandas. 
[...] O art. 967 do CPC/2015 esclarece a legitimidade ativa conferida a quem 
foi parte no processo em que proferida a decisão rescindível, a seu sucessor a título 
universal ou singular, ao terceiro juridicamente interessado, ao Ministério Público e a 
quem não foi ouvido no processo em que era obrigatória a sua intervenção 
(SOARES et al, 2019). 
 
9 
 
[...] A legitimidade passiva estará com quem, tendo figurado na ação, tenha 
sido atingido pela coisa julgada, ou seja, todos aqueles que figuraram como parte, 
exceto se for o autor da ação rescisória, por já ocupar o polo passivo. Essa 
totalidade é fato quando proposta a ação rescisória por terceiro ou pelo Ministério 
Público, uma vez que estes, como de ordinário, não terão figurado no processo de 
origem. Trata-se de litisconsórcio necessário passivo inicial (SOARES et al, 2019). 
Portanto no polo ativo teremos habilitados: a parte e o terceiro, mesmo 
assistente litisconsorcial ou simples, o Ministério Público, quer como fiscal da lei nos 
casos de ausência da intervenção obrigatória ou na ocorrência de fraude à lei,quer 
como parte em todas as hipóteses de cabimento, e quem não foi ouvido no processo 
em que sua intervenção era obrigatória (THEODORO JÚNIOR, p. 175 apud 
SOARES et al, 2019). 
A legitimidade do terceiro prejudicado é reconhecida ainda que o direito 
positivo considere a autoridade da coisa julgada adstrita ao dispositivo da sentença. 
Em verdade, a motivação da sentença está fora da abrangência da coisa julgada 
(art. 504, I, do CPC/2015), sendo apenas o conteúdo declaratório, constitutivo, 
condenatório ou mandamental, que veicula as partes e que é passível de 
preservação pela coisa julgada (VIDIGAL, p. 177, apud SOARES et al, 2019). 
Merece destaque, no CPC de 2015, dispositivo que se reserva a disciplinar a 
legitimidade para a ação rescisória (art. 967,), em que se prevê a legitimidade 
daqueles que não foram ouvidos no processo, mas cuja intervenção era obrigatória. 
“É o caso, por exemplo, do curador especial em favor do réu revel citado fictamente 
ou do réu revel preso. Se eles não forem ouvidos e o juiz proferir decisão de mérito 
desfavorável ao curatelando, eles estarão legitimados a propor ação rescisória” 
(GONÇALVES, p. 558 apud SOARES et al, 2019). 
Convém ressaltar que, nos termos do art. 393, caput e parágrafo único, do 
CPC/2015, não será cabível a ação rescisória para o sucessor do de cujus que 
alegar erro de fato ou coação na confissão deste, uma vez que a demanda 
 
10 
 
pertinente será a ação anulatória, nos termos do art. 966, § 4º, do CPC/2015 
(SOARES et al, 2019). 
Já no polo passivo, como regra geral na ação rescisória, muito embora não 
haja dispositivo legal expresso, é corrente a lição de que todos que tomaram parte 
no processo e que foram atingidos pela coisa julgada da decisão rescindenda são 
titulares do jurídico interesse nos seus efeitos e, via de consequência, serão 
litisconsortes necessários na ação rescisória (BARIONI, p. 379 apud SOARES et al, 
2019). 
Todavia, quando for proposta por terceiro ou Ministério Público, a regra geral 
é que deverá envolver no polo passivo todos aqueles que foram parte no processo 
primitivo. Não poderá o terceiro ou Ministério Público escolher a quem deseja 
processar, pois a coisa julgada, em tese, diz respeito ao ganhador e ao perdedor, ao 
autor e ao réu da ação originária (SOARES et al, 2019). 
1.2 Requisitos para Propositura da ação Rescisória 
De acordo com o que expressa o artigo 968 A petição inicial será elaborada 
com observância dos requisitos essenciais do art. 319 , devendo o autor: 
I - cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo julgamento do 
processo; 
II - depositar a importância de cinco por cento sobre o valor da causa, que se 
converterá em multa caso a ação seja, por unanimidade de votos, declarada 
inadmissível ou improcedente. 
Não haverá necessidade do depósito de cinco por cento sobre o valor da 
causa quando se tratar de ações onde fazem parte a União, aos Estados, ao Distrito 
Federal, aos Municípios, às suas respectivas autarquias e fundações de direito 
público, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e para aqueles que tenham 
obtido o benefício de gratuidade da justiça (BRASIL, 2015). 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art319
 
11 
 
Esse depósito não será superior a 1.000 (mil) salários-mínimos. 
Se o depósito exigido não for efetuado a petição inicial de Ação Rescisória 
será Indeferida. 
Tal depósito foi concebido no sistema positivado como filtro para afastar o 
ajuizamento de ações rescisórias temerárias, vale dizer, como meio de inibir a 
utilização desnecessária do Poder Judiciário em face de nítido abuso do direito de 
ação (SOARES et al, 2019). 
Também será indeferida a petição que se enquadrar nos casos previstos do 
artigo 330 do Código de Processo Civil. 
Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: 
I - for inepta; 
II - a parte for manifestamente ilegítima; 
III - o autor carecer de interesse processual; 
IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321 . 
§ 1º Considera-se inepta a petiçãoinicial quando: 
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir; 
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se 
permite o pedido genérico; 
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; 
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si. 
§ 2º Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de 
empréstimo, de financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob 
pena de inépcia, discriminar na petição inicial, dentre as obrigações 
contratuais, aquelas que pretende controverter, além de quantificar o valor 
incontroverso do débito. 
§ 3º Na hipótese do § 2º, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago 
no tempo e modo contratados. 
Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, 
no prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se. 
§ 1º Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para responder ao 
recurso. 
§ 2º Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo para a contestação 
começará a correr da intimação do retorno dos autos, observado o disposto 
no art. 334 . 
§ 3º Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado 
da sentença (BRASIL, 2015). 
Também se deve aplicar na ação rescisória o disposto no art. 332. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art106
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art321
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art334
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art332
 
12 
 
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, 
independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o 
pedido que contrariar: 
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior 
Tribunal de Justiça; 
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior 
Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; 
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas 
repetitivas ou de assunção de competência; 
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local. 
§ 1º O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se 
verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição. 
§ 2º Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado 
da sentença, nos termos do art. 241 . 
§ 3º Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias. 
§ 4º Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do 
processo, com a citação do réu, e, se não houver retratação, determinará a 
citação do réu para apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias. 
(BRASIL, 2015). 
 
Fonte: bortolotto.adv.br 
Caso seja reconhecida a incompetência do tribunal para julgar a ação 
rescisória, o autor será intimado para emendar a petição inicial, a fim de adequar o 
objeto da ação rescisória, quando a decisão apontada como rescindenda (BRASIL, 
2015): 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art241
 
13 
 
I - não tiver apreciado o mérito e não se enquadrar na situação prevista no § 
2º do art. 966 ; 
II - tiver sido substituída por decisão posterior (§5 art.968 CPC/2015). 
Nesse caso, após a emenda da petição inicial, será permitido ao réu 
complementar os fundamentos de defesa, e, em seguida, os autos serão remetidos 
ao tribunal competente (BRASIL, 2015). 
É importante destacar que a propositura da ação rescisória não impede o 
cumprimento da decisão rescindenda, ressalvada a concessão de tutela provisória. 
(BRASIL, 2015, Art. 969). 
O relator ordenará a citação do réu, designando-lhe prazo nunca inferior a 15 
(quinze) dias nem superior a 30 (trinta) dias para, querendo, apresentar resposta, ao 
fim do qual, com ou sem contestação, observar-se-á, no que couber, o procedimento 
comum (BRASIL, 2015, Art. 970). 
Devolvidos os autos pelo relator, a secretaria do tribunal expedirá cópias do 
relatório e as distribuirá entre os juízes que compuserem o órgão competente para o 
julgamento (BRASIL, 2015, Art. 971). 
 A escolha de relator recairá, sempre que possível, em juiz que não haja 
participado do julgamento rescindendo (BRASIL, 2015, Art. 972). 
Se os fatos alegados pelas partes dependerem de prova, o relator poderá 
delegar a competência ao órgão que proferiu a decisão rescindenda, fixando prazo 
de 1 (um) a 3 (três) meses para a devolução dos autos. 
Concluída a instrução, será aberta vista ao autor e ao réu para razões finais, 
sucessivamente, pelo prazo de 10 (dez) dias. Em seguida, os autos serão conclusos 
ao relator, procedendo-se ao julgamento pelo órgão competente (BRASIL, 2015, Art. 
973). 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art966%C2%A72
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art966%C2%A72
 
14 
 
Julgando procedente o pedido, o tribunal rescindirá a decisão, proferirá, se for 
o caso, novo julgamento e determinará a restituição do depósito a que se refere 
o inciso II do art. 968 CPC. 
Considerando, por unanimidade, inadmissível ou improcedente o pedido, o 
tribunal determinará a reversão, em favor do réu, da importância do depósito, sem 
prejuízo do disposto no § 2º do art. 82 do CPC. 
Art. 82. Salvo as disposições concernentes à gratuidade da justiça, incumbe 
às partes prover as despesas dos atos que realizarem ou requererem no 
processo, antecipando-lhes o pagamento, desde o início até a sentença 
final ou, na execução, até a plena satisfação do direito reconhecido no título. 
§ 1º Incumbe ao autor adiantar as despesas relativas a ato cuja realização o 
juiz determinar de ofício ou a requerimento do Ministério Público, quando 
sua intervenção ocorrer como fiscal da ordem jurídica. 
§ 2º A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que 
antecipou (BRASIL, 2015). 
Súmula 343 STF 
“Não cabe ação rescisória por ofensa a literal dispositivo de lei, quando a 
decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida 
nos tribunais” 
1.3 Prazo de interposição da Ação Rescisória 
Na prática, a contagem do prazo bienal (art. 975 do CPC/2015) é bastante 
simples. É importante destacar que o prazo para ação rescisória inicia-se 
automaticamente, sem necessidade de outro formalismo, sendo de fácil 
demonstração pela simples vista dos autos (SOARES et al, 2019). 
O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do trânsito em 
julgado da última decisão proferida no processo (BRASIL, 2015, Art. 975). 
Consequentemente, o prazo de dois anos para ajuizamento da ação 
rescisória se inicia do trânsito em julgado material da sentença, o que ocorre quando 
todas as questões forem resolvidas ou julgadas no processo, ou seja, quando não 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art968ii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art82%C2%A72
 
15 
 
for cabível qualquer recurso do último pronunciamento judicial (SOARES et al, 
2019). 
Prorroga-se até o primeiro dia útil imediatamente subsequente o prazo a que 
se refere o caput do artigo 975, quando expirar durante férias forenses, recesso, 
feriados ou em dia em que não houver expediente forense. 
Se fundada a ação no inciso VII do art. 966, o termo inicial do prazo será a 
data de descoberta da prova nova, observado o prazo máximo de 5 (cinco) anos, 
contado do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo. 
Nas hipóteses de simulação ou de colusão das partes, o prazo começa a 
contar, para o terceiro prejudicado e para o Ministério Público, que não interveio no 
processo, a partir do momento em que têm ciência da simulação ou da colusão. 
Em resumo, o início da contagem do prazo decadencial (ou seja, o termo 
inicial do prazo para a propositura da ação rescisória) se conta, ao menos em tese: 
(COSTA, p130, apud SOARES et al, 2019). 
Da publicação da decisão,tratando-se de: 
 decisão de mérito originalmente irrecorrível, tendo em vista a 
concomitância da ocorrência do trânsito em julgado formal e material; 
 última decisão no processo, portanto irrecorrível, seja de mérito ou não, 
tenha o recurso sido conhecido ou não (intempestividade, falta de 
preparo,13 dentre outros, desde que não haja condenação por 
litigância de má-fé na interposição do recurso); 
 da data do requerimento de desistência do prazo recursal, validamente 
requerida, se em curso este prazo; 
Do dia seguinte ao termo ad quem do prazo recursal: 
 
16 
 
 tratando-se de decisão de mérito recorrível, mas que o recurso não 
tenha sido interposto; 
 da penúltima decisão, seja de mérito ou não, muito embora recorrível e, 
de fato, tenha sido interposto o recurso e não conhecido, sendo que a 
fundamentação da motivação do não conhecimento atrelou-se à 
condenação por litigância de má-fé pela interposição do recurso. 
Súmula 401 STJ 
O prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for cabível 
qualquer recurso do último pronunciamento judicial. 
 1.4 Competências para Julgar Ação Rescisória 
 
Fonte: qconcursos.com 
Cada Tribunal deverá julgar as Ações Rescisórias contra suas decisões. É o 
Tribunal que proferiu a decisão que poderá rescindi-la. Parece que nem poderia ser 
diferente: como a ação rescisória objetiva a impugnação de uma sentença ou 
acórdão, não se justificaria sua distribuição e julgamento por um juízo singular, de 
 
17 
 
primeira instância; nessa ordem de ideias, a ação rescisória deve ser mesmo 
proposta perante os Tribunais (PIZZOL, p.150 apud SOARES et al, 2019). 
Portanto a Competência para julgar a Ação rescisória é do Tribunal de 
Segundo grau. 
A ação rescisória é admitida ainda que contra ela não tenha se esgotado 
todos os recursos cabíveis. Disso decorre que a distribuição de uma ação rescisória 
deve ser feita originariamente perante o tribunal a que se vincula o magistrado a 
quo, prolator da decisão de mérito atacada, ou, na hipótese já analisada, se visar 
atacar um acórdão, então será distribuída no tribunal prolator, por ser competente 
para julgar a ação rescisória com base em seus próprios acórdãos – esta é a dicção 
que se extrai da Carta Magna em seu art. 108, inciso I, alínea b (AMERICANO, p. 
74, apud SOARES et al, 2019). 
Todavia, há exceção à regra do ajuizamento perante o órgão prolator quando 
se tratar de recurso não conhecido perante o STF, mas que tenha, de alguma forma, 
apreciado o mérito sobre alguma questão federal. Daí se abre a competência do 
STF para julgamento da ação rescisória, muito embora a decisão do mérito da causa 
tenha sido proferida pelo órgão local. Da violação desse preceito cabe, inclusive, 
Reclamação ao STF (SOARES et al, 2019). 
O Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça também detêm 
competência para julgamento de ação rescisória tirada contra seus próprios 
acórdãos – a Constituição Federal é expressa nos arts. 102, inciso I, alínea j, e 105, 
inciso I. Recurso especial conhecido, ainda que não provido, pode ensejar ação 
rescisória para atacar esse acórdão proferido pelo STJ, e, nesse caso, a 
competência para julgamento da ação rescisória é do próprio STJ (SOARES et al, 
2019). 
A competência do Supremo Tribunal Federal para o exame de juízo 
rescisório deve ser interpretada nos estreitos limites do art. 102, I, “j”, 
da Constituição Federal, logo se restringe aos casos em que o remédio 
processual é ajuizado contra os seus próprios julgados. Súmula 515 do STF. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=515.NUME.%20NAO%20S.FLSV.&base=baseSumulas
 
18 
 
(AR 2.171 AgR, rel. min. Edson Fachin, P, j. 25-11-2015, DJE 245 de 4-12-2015.) 
 
O exame da decisão rescindenda, no entanto, claramente evidencia que o 
Supremo Tribunal Federal, na espécie em análise, não apreciou a questão 
constitucional controvertida, deixando, por isso mesmo, por razões de 
ordem estritamente formal (traslado incompleto de peças essenciais), de 
julgar o mérito da causa. Vê-se, pois, ante a ocorrência de tal circunstância - 
que assume indiscutível relevo jurídico-processual no contexto da presente 
ação rescisória - que a decisão em referência não se ajusta ao que dispõe o 
art. 485 do CPC, que exige, para efeito de ajuizamento da ação autônoma de 
impugnação, que o ato rescindendo se qualifique como pronunciamento 
jurisdicional que tenha efetivamente julgado o fundo da controvérsia de 
direito material (RISTF, art. 259). Por tal razão, o Supremo Tribunal Federal 
(...) tem reiteradamente proclamado não caber ação rescisória contra 
acórdão ou decisão desta Corte, que, sem qualquer exame do mérito da 
causa, tenha deixado de conhecer do recurso extraordinário, por razões 
eminentemente formais (Súmula 249/STF - (...) - Súmula 515/STF - AR 1.474/PE, 
Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.): (...). 
(AR 2.198 AgR, rel. min. Celso de Mello, P, j. 10-4-2014, DJE 213 de 30-10-
2014.) 
O mesmo raciocínio se aplica ao STF, por ocasião do conhecimento de 
recurso extraordinário, quando a ação rescisória será de competência do STF. Basta 
que o STJ ou STF tenha apreciado o mérito, respectivamente a questão 
infraconstitucional ou constitucional debatida nas razões recursais do especial ou do 
extraordinário. Essa é a orientação prevista na Súmula 249 do STF (SOARES et al, 
2019). 
Súmula 249 STF 
É competente o Supremo Tribunal Federal para a ação rescisória, quando, 
embora não tendo conhecido do recurso extraordinário, ou havendo negado 
provimento ao agravo, tiver apreciado a questão federal controvertida. 
Recomenda-se cuidado especial na análise dos casos de recorribilidade 
parcial, em que a coisa julgada material, a qual se opera em momento único, da 
última decisão judicial pode incidir em decisões distintas, pois um capítulo meritório 
poderá estar resolvido no Tribunal a quo e outro capítulo, sobre outra parte meritória, 
na instância extraordinária. Frise-se que, muito embora o STJ ou o STF possa 
exarar acórdão meritório, se a parte visar com a ação rescisória ao ataque de mérito 
anteriormente julgado (porque os recursos podem ser parciais, abrangendo apenas 
http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/obterInteiroTeor.asp?idDocumento=9937275
http://www.planalto.gov.br/CCiVil_03/LEIS/L5869impressao.htm
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/legislacaoRegimentoInterno/anexo/RISTF_integral.pdf
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=249.NUME.%20NAO%20S.FLSV.&base=baseSumulas
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=515.NUME.%20NAO%20S.FLSV.&base=baseSumulas
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28AR%24%2ESCLA%2E+E+1474%2ENUME%2E%29+NAO+S%2EPRES%2E&base=baseMonocraticas&url=http://tinyurl.com/pu4tmq9
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=7081204
 
19 
 
parte da matéria decidida), e se fora das razões recursais do especial ou do 
extraordinário, então o mérito julgado pelo STJ ou STF não será o mesmo que 
atacado pela ação rescisória; e, nesse caso, nem o STJ e nem mesmo o STF terão 
competência para a ação rescisória (SOARES et al, 2019). 
A competência permanecerá com o tribunal de justiça estadual ou regional 
federal, conforme o caso – esse é o sentido da Súmula 515 do STF, porque não está 
presente o requisito da substituição do julgado de mérito – art. 1.008 do CPC/2015. 
O mesmo ocorre quando não houver a admissão do recurso especial ou 
extraordinário (SOARES et al, 2019). 
Súmula 515 STJ 
A competência para a ação rescisória não é do Supremo Tribunal Federal, quando a 
questão federal, apreciada no recurso extraordinário ou no agravo de instrumento, 
seja diversa da que foi suscitada no pedido rescisório. 
1.5 Jurisprudências Ação Rescisória. 
EMENTA: AÇÃO RESCISÓRIA.MANIFESTA VIOLAÇÃO À NORMA JURÍDICA. 
INTERPRETAÇÃO RAZOÁVEL A TEXTO DE LEI. TEMA CONTROVERTIDO. 
PEDIDO JULGADO IMPROCEDENTE. A decisão de mérito, transitada em 
julgado, pode ser rescindida quando violar manifestamente norma jurídica (art. 
966, V, CPC)(grifo nosso). Impõe-se a manutenção de decisum que deu 
interpretação razoável ao preceito normativo objeto de controvérsia nos tribunais, 
em homenagem à segurança jurídica e à imutabilidade da coisa julgada. (TJMG - 
Ação Rescisória 1.0000.19.018725-2/000, Relator(a): Des.(a) Cláudia Maia , 14ª 
CÂMARA CÍVEL, julgamento em 23/01/2020, publicação da súmula em 23/01/2020) 
 
EMENTA: AÇÃO RESCISÓRIA - ERRO DE FATO - INEXISTÊNCIA - PEDIDO 
RESCISÓRIO JULGADO IMPROCEDENTE. 
- De conformidade com o artigo 966, inciso VIII, do Código de Processo Civil, cabível 
 
20 
 
a ação rescisória fundada em erro de fato. 
- A decisão de mérito fundada em erro de fato ocorre quando se admite fato 
inexistente ou quando considera inexistente fato ocorrido(grifo nosso). 
- Não há que falar em erro de fato para rescindir o julgado quando a procuradora do 
Exequente informa a quitação integral do débito, requer a extinção da execução e o 
Magistrado extingue o feito pelo pagamento, quando na realidade o referido fato não 
havia ocorrido. (TJMG - Ação Rescisória 1.0000.18.083261-0/000, Relator(a): 
Des.(a) Ângela de Lourdes Rodrigues , 8ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 
12/12/2019, publicação da súmula em 19/12/2019) 
Ementa: PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO RESCISÓRIA. RECURSO 
EXTRAORDINÁRIO. ART. 8º DO ADCT. DECISÃO QUE AFASTOU A PRETENSÃO 
DO AUTOR EM RELAÇÃO ÀS PROMOÇÕES POR MERECIMENTO COM BASE 
NA ENTÃO JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. MODIFICAÇÃO 
JURISPRUDENCIAL PARA CONSIDERAR QUE A NORMA DO CITADO ART. 8º 
ABARCA AS PROMOÇÕES POR MERECIMENTO. SÚMULA 343/STF. MATÉRIA 
CONSTITUCIONAL. INAPLICABILIDADE. VIOLAÇÃO A LITERAL DISPOSIÇÃO DE 
LEI. CONFIGURAÇÃO. AÇÃO RECISÓRIA PROVIDA. I – Cabe ação rescisória 
por ofensa à literal disposição constitucional, ainda que a decisão rescindenda 
tenha se baseado em interpretação controvertida, ou seja, anterior à 
orientação fixada pelo Supremo Tribunal Federal. II – A atual jurisprudência do 
Tribunal é no sentido de que a norma do art. 8º do ADCT apenas exige, para 
concessão de promoções, na aposentadoria ou na reserva, a observância dos 
prazos de permanência em atividade inscritos em lei e regulamentos. III – Decisão 
que, ao aplicar o art. 8º do ADCT, afasta as promoções por merecimento ou 
condicionadas por lei à aprovação em curso de admissão e aproveitamento no curso 
exigido, autoriza sua rescisão, com base no art. 485, V, do CPC. IV - 
Ação Rescisória julgada procedente. 
(AR 1478, Relator Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Preno, Julgado em 
17/11/2011, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe – 022 Divulg 31/01/2012 PUBLIC 
01/02/2012) 
 
21 
 
AÇÃO RECISÓRIA. INCS. V e IX E §§ 1º E 2º DO ART. 485 DO CPC. ERRO DE 
FATO. INEXISTÊNCIA. VIOLAÇÃO LITERAL DE DISPOSTIVO DE LEI NÃO 
DEMONSTRADA. IMPROCEDÊNCIA. 1. O erro de fato consiste em a sentença 
ou o acórdão "admitir um fato inexistente" ou então "considerar inexistente 
um fato efetivamente ocorrido", em razão de atos ou de documentos da causa. 
Não há erro quando a decisão impugnada apenas contraria as pretensões do 
autor. 2. Os dispositivos legais foram adequadamente abordados no acórdão 
rescindendo, o que impõe o óbice do § 2.° do art. 485 do CPC. 3. Indispensável que 
a decisão rescindenda seja manifestamente contrária a norma legal apontada, 
gerando imperfeição da decisão de mérito que, por esse motivo, não pode subsistir. 
4. Permissivos processuais não demonstrados pelo autor, o que impõe a 
improcedência da presente ação rescisória. (AR 1470, Relator Min. MARCO 
AURÉLIO, Tribunal Preno, Julgado em 29/06/2006, DJ – 22-09-2006). 
 
EMENTA: AÇÃO RESCISÓRIA - ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA - 
VENDA DE BEM DO MUNICÍPIO EM LEILÃO - VALOR NÃO INTEGRADO AO 
PATRIMÔNIO PÚBLICO - PONTO CONTROVERTIDO - APRECIAÇÃO EXPRESSA 
NA DECISÃO RESCINDENDA - ERRO DE FATO - NÃO CARACTERIZAÇÃO - 
IMPROCEDÊNCIA. 
- Ocorre o erro de fato quando a decisão rescindenda encontrar-se pautada em 
premissa falsa, por acolher fato inexistente ou concluir pela inexistência de 
fato que tenha ocorrido, e desde que o fato não represente ponto controvertido 
e sobre ele não tenha se manifestado o julgador, já que o objetivo da ação 
rescisória não é a reapreciação de provas ou a correção de eventual 
injustiça.(grifo nosso). 
- Não restando caracterizado o erro de fato, tendo em vista que a questão 
apresentada pelo autor foi objeto de controvérsia nos autos, e expressamente 
enfrentada na sentença e no acórdão rescindendo, os quais analisaram as 
argumentações e as provas produzidas nos autos, e chegaram a conclusão diversa 
da pretendida pelo autor, improcede o pedido rescisório. (TJMG - Ação Rescisória 
 
22 
 
 1.0000.18.144939-8/000, Relator(a): Des.(a) Maurício Soares , 3ª CÂMARA CÍVEL, 
julgamento em 12/12/2019, publicação da súmula em 16/12/2019) 
 
EMENTA: AÇÃO RESCISÓRIA - EMBARGOS À EXECUÇÃO - CÉDULA DE 
CRÉDITO INDUSTRIAL - VIOLAÇÃO A NORMA JURÍDICA - RECONHECIMENTO 
DE PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE - REVOLVIMENTO DA MATÉRIA FÁTICA - 
SUCEDÂNEO RECURSAL - AFASTADA - JUROS DE MORA - DISPOSIÇÃO 
EXPRESSA DO DECRETO-LEI Nº 413/69 - CABIMENTO - ERRO DE FATO - NÃO 
CARACTERIZAÇÃO - PEDIDO RESCISÓRIO JULGADO PARCIALMENTE 
PROCEDENTE. 
- A ação rescisória é o remédio processual para desconstituir a coisa julgada, 
desde que ocorrentes os requisitos dos arts. 966 e seguintes do CPC. 
- De acordo com a consolidada jurisprudência, a ação rescisória fundada no 
inciso V do art. 966 do CPC pressupõe violação frontal e direta de literal 
disposição da norma jurídica, a qual seria possível de extrair da própria leitura 
do julgado, não se prestando, portanto, para revolvimento das questões 
eminentemente fáticas. (grifo nosso ). 
- Demonstrado que a decisão rescindenda, no tocante aos juros de mora, deixou de 
observar tanto dispositivo legal quanto exceção prevista no julgado que amparou 
suas razões, cabível a procedência parcial do pedido quanto a esse tocante. 
- De acordo com o art. 5º, parágrafo único, do Decreto-Lei nº 413/69, em caso de 
mora, a taxa de juros constante da cédula será elevável de 1% (um por cento) ao 
ano. 
- Para que o erro de fato (art. 966, VIII, CPC) tenha o condão de suplantar o pleito 
rescisório, faz-se necessário que a matéria rescindenda remonte a provas 
produzidas nos autos originários, que as partes sejam incontestes quanto a ela e 
que não haja sido apreciada no provimento jurisdicional combatido. 
- Pedido rescisório julgado parcialmente procedente. (TJMG - Ação Rescisória 
 1.0000.19.036079-2/000, Relator(a): Des.(a) Versiani Penna , 19ª CÂMARA CÍVEL, 
julgamento em 12/12/2019, publicação da súmula em 18/12/2019) 
 
23 
 
1.6 Caso exemplificativo. 
Joaquim é proprietário de pequena gleba de terras denominada “Sítio do 
Quincas” na cidade de Caratinga, interior de Minas Gerais, avaliada em R$ 
100.000,00 reais. João Winkler, notório inescrupuloso da região e que também era 
proprietário de terras na cidade, propôs ação reivindicatória em 10.01.2010, 
alegando ser proprietário daquele terreno. Apresentou naquela oportunidade 
contrato de compra e venda firmado com Joaquim e certidão de registro da escritura 
no Cartório de Registro de Imóveis de Caratinga atestando a veracidade de suas 
alegações. A demanda foi distribuída par ao MM. Juízo da 3ª Vara Cível de 
Caratinga, aos cuidados do Sr. Dr. José Winkler. Na contestação, o advogado de 
Joaquim deixou de se esmerar na defesa dos interesses de seu cliente, não 
apresentando qualquer documento que demonstrasse ser Joaquim o proprietário 
daquele terreno, razão pela qual a demanda foi julgada inteiramente procedente. 
Não foi interposto recurso de apelação e o trânsito em julgado deu-seaos 25-03-
2015 (SÁ, 2020). 
Indignado, Joaquim consultou outro advogado, que iniciou diligências para 
averiguar a regularidade daquele processo. Constatou que o Exmo. Juiz da causa 
era tio do autor e que o contrato de compra e venda, bem como a certidão do 
Cartório de Registro de Imóveis não eram legítimos (continham assinatura falsa de 
Joaquim e do oficial do Cartório, atestado em laudo técnico solicitado pelo 
advogado). Providenciou ainda certidão legítima da propriedade e certidão de 
nascimento de João da Silva e seu Tio (SÁ, 2020). 
 
Considerando, como critério temporal para elaboração da peça, que este 
problema foi exigido em 2015. 
 
EXCELETÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO 
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS 
 
 
 
 
24 
 
 
JOAQUIM, nacionalidade, estado civil profissão, portador do documento de 
identidade RG (número) e inscrito no CPF sob o (número), domiciliado e residente 
na rua (endereço completo), com fundamento no artigo 966 e seguintes do Código 
de Processo Civil, propor a presente AÇÃO RESCISÓRIA da respeitável sentença 
definita transidade em julgado, na Ação Reivindicatória que tramitou perante a 3ª 
Vara Civil da Comarca de Caratinga- MG, sob n. _______, proposta por João 
Winkler, nacionalidade, estado civil profissão, portador do documento de identidade 
RG(número) e inscrito no CPF sob o (número), domiciliado e residente na rua 
(endereço completo), figurando como Réu o ora Autor (SÁ, 2020). 
 
I - DOS FATOS 
 
O autor, proprietário de uma gleba de terras, denominada “ Sítio do Quincas”, 
situada na cidade de Caratinga – MG, neste Estado, foi demandado, em ação 
reivindicatória, por João Winkler, ora réu, que se julgava o verdadeiro proprietário 
daquele imóvel (SÁ, 2020). 
Para provar suas alegações, juntou contrato de compra e venda do terreno, 
bem como certidão de registro do referido terreno expedida pelo cartório de registro 
de imóveis competente (SÁ, 2020). 
A ação foi distribuída à 3ª Vara Cível da Comarca de Caratinga, neste Estado, 
e em sua contestação, o causídico que representava o autor desta demanda deixou 
de apresentar documentos que demonstrassem a propriedade daquele imóvel, tendo 
sido julgada totalmente procedente a pretensão do autor naquele processo (SÁ, 
2020). 
Não tendo sido apresentado recurso por nenhuma das partes, após o trânsito 
em julgado da decisão, este novo advogado, procurado pelo autor desta demanda, 
iniciou suas pesquisas para a defesa de seu cliente, constatando que o MM. Juiz 
daquela causa era tio do réu desta demanda, autor da ação em que se pretende 
rescindir a sentença, Dr. José Winkler (SÁ, 2020). 
Como se não bastasse, através de perícia, solicitada por este advogado, foi 
demonstrado, pelo laudo que ora se junta (doc.__), que os documentos que 
 
25 
 
embasaram a pretensão do autor da ação reivindicatória não eram verdadeiros. O 
contrato de compra e venda continha assinatura falsa do demanda na ação 
reivindicatória e a certidão do registro de imóveis, assinatura ilegítima do oficial 
competente (SÁ, 2020). 
Tendo sido o imóvel avaliado no valor de R$ 100.000,00, e a sentença 
transitada em julgado em 25-03-15 pretende agora, o ora autor, a rescisão daquele 
julgado, diante de tudo quanto foi narrado e pelas razões de direito que a seguir se 
exporão (SÁ, 2020). 
 
II – DA TEMPESTIVIDADE E DA LEGITIMIDADE 
 
Como já mencionado, o trânsito em julgado da sentença rescindenda se deu em 
25.03.2015. Com efeito, a teor do artigo 966, CPC, propõe o autor, 
tempestivamente, a presente demanda, por ser proposta antes do vencimento de 
dois anos (SÁ, 2020). 
O ora autor, tendo figurado como réu na ação reivindicatória, cuja sentença se 
pretende rescindir, tem legitimidade para a propositura da presente ação, conforme 
o disposto no artigo 967, I, CPC (SÁ, 2020). 
 
III – DO DIREITO 
 
A pretensão do autor em ver rescindida a sentença de primeiro grau, que julgou 
procedente a ação proposta por João Winkler, é agasalhada pelo ordenamento 
jurídico, tendo em vista os fatos narrados (SÁ, 2020). 
Como já acima narrado, o juiz da causa era tio do autor (certidões de nascimento 
anexas) e, portanto, era impedido de atuar naquele feito. O artigo 144, IV, do CPC 
dispõe: 
“Artigo 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas 
funções no processo: (...)IV - quando for parte no processo ele próprio, seu 
cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta 
ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;” 
 
26 
 
Portanto, caberia ao magistrado, com a distribuição do feito para a 3ª Vara 
Cívil de Caratinga, de sua competência, declarar-se, de plano, impedido para atuar 
naquele feito, tendo em vista o grau de parentesco com João Winkler (SÁ, 2020). 
Portanto, a teor do inciso II do artigo 966, do CPC, cabível a presente 
demanda para que seja rescindida a decisão de primeira instância, bem como os 
autos sejam remetidos para a Comarca de origem para nova distribuição (SÁ, 2020). 
Não obstante o fato de a referida ação ter sido julgada por juiz impedido de 
atuar no feito, o que, por si só, ensejaria a rescisão do julgado, as provas 
apresentadas pelo autor da ação em que a sentença se discute não eram legítimas 
(SÁ, 2020). 
Destarte, o ora autor jamais firmou contrato de compra venda do terreno com 
João, que falsificou toda a documentação para que pudesse legitimar a sua 
pretensão – tanto o contrato de compra e venda do imóvel quanto a certidão de 
registro do documento no cartório de imóveis eram falsos. No primeiro, foi falsificada 
a assinatura do ora autor, com suposto vendedor do terreno, e, no segundo 
documento, foi forjada a assinatura do oficial do Cartório competente (SÁ, 2020). 
Essas alegações ficaram provadas através de laudo pericial solicitado por 
este advogado, cujo original se junta aos autos. Não obstante, junta o autor, nesta 
oportunidade, certidão atualizada expedida pelo Registro de Imóveis, no original, a 
fim de demonstrar que é o verdadeiro proprietário do terreno (SÁ, 2020). 
Mais uma vez, o artigo 966 do CPC, em seu inciso VI, prevê a possibilidade 
de rescisão da sentença transitada em julgado, quando fundada em prova falsa, 
apurada na própria ação rescisória (SÁ, 2020). 
Não vê o autor, por isso, motivos para que a decisão de primeira instância 
não seja rescindida, tendo em vista os fatos narrados bem como a fundamento 
jurídicos capaz de deferir a pretensão (SÁ, 2020). 
 
IV – DO PEDIDO 
 
 Diante de todo o exposto, requer o autor: 
 
 
27 
 
a) que essa Egrégia Presidência digne-se ordenar a distribuição do feito para uma 
das Colendas Câmaras que compõem esse Tribunal para que sorteado seja o 
relator que deverá julgar a presente ação (SÁ, 2020); 
 
b) a expedição do mandado de citação do réu, por oficial de justiça, nos termos do 
artigo 242 do CPC, para que querendo responder à presente demanda, sob pena de 
serem tidos por verdadeiros os fatos alegados (SÁ, 2020); 
 
c) que o presente pedido seja julgado TOTALMENTE PROCEDENTE, a fim de que 
seja rescindida a r. sentença de mérito proferida pelo MM. Juiz da 3º vara civil da 
Comarca de Caratinga, impedido para atuar no feito, ordenando-se, por conseguinte, 
a redistribuição dos autos a uma das varas daquela Comarca, ou, subsidiariamente, 
caso seja acolhida a tese de prova falsa, seja rescindida a sentença, proferindo este 
E. Tribunal, desde logo, novo julgamento do feito (SÁ, 2020); 
 
d) a juntada da guia de depósito recolhido, no valor correspondente a 5% do valor da 
causa, em cumprimento ao artigo 968, II, CPC (SÁ, 2020). 
 
Termos em que, cumpridas as necessárias formalidades legais, pede-se e espera-se 
o recebimento, processamento e acolhimento desta como medida de inteira justiça. 
Dá-se à causa o valor de R$ 100.000,00 (Cem mil reais). 
 
Termos em que, 
Pede deferimento. 
Locale data. 
OAB nº_______ 
 
 
28 
 
2. RECLAMAÇÃO 
 
Fonte: gestaodesegurancaprivada.com.br 
A Reclamação está prevista na Constituição de 1988 para preservação das 
competências e da autoridade das decisões do STJ e do STF, bem como para 
observância de súmulas vinculantes (TAKOI, 2013). 
A reclamação constitucional tem como finalidade específica a preservação da 
competência e a garantia da autoridade das decisões do Supremo Tribunal Federal 
e, a partir de 1988 com a CF/88, também passou a ser prevista como ação originária 
de competência do Superior Tribunal de Justiça com as mesmas finalidades 
(preservação da competência e garantia da autoridade de suas decisões), e, 
finalmente, a partir da Emenda Constitucional n. 45/2004, permitiu-se a possibilidade 
de reclamação para observância de Súmula Vinculante perante o Pretório Excelso 
(TAKOI, 2013). 
Tem previsão constitucional nos artigos 102, I; 103 A § 3º e 105 inciso I alínea 
F da Constituição Federal: 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda 
da Constituição, cabendo-lhe: 
https://gestaodesegurancaprivada.com.br/
 
29 
 
I - processar e julgar, originariamente: 
[...] 
l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da 
autoridade de suas decisões; 
Como medida de preservação da competência do tribunal e da autoridade de 
suas decisões. 
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por 
provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após 
reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a 
partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em 
relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública 
direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como 
proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em 
lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Vide Lei nº 
11.417, de 2006). 
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de 
normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre 
órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete 
grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre 
questão idêntica. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, 
revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que 
podem propor a ação direta de inconstitucionalidade. (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula 
aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo 
Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato 
administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará 
que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme 
o caso(grifo nosso). (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
Incluído pela EC 45/2004. A Lei 11.417/2006, que regulamentou o art. 103-A 
da CF, acabou por permitir expressamente o cabimento da reclamação 
constitucional tanto nos casos em que se deixa de aplicar como nos casos em que 
se aplica equivocadamente a súmula vinculante (MACÊDO, 2014). 
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: 
 I - processar e julgar, originariamente: [...] 
e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados; 
f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da 
autoridade de suas decisões;(grifo nosso). 
g) os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias 
da União, ou entre autoridades judiciárias de um Estado e administrativas 
de outro ou do Distrito Federal, ou entre as deste e da União; 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11417.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm#art2
 
30 
 
Ao se falar em “autoridade da decisão”, a referência é direcionada 
propriamente ao decisum, isto é, ao que foi efetivamente decidido, e naturalmente 
não abrange as razões de decidir (MACÊDO, 2014). 
Como fica evidente pelas hipóteses de cabimento constitucionalmente 
disciplinadas, a reclamação é remédio jurídico processual adequado à tratativa de 
atos que são desrespeitosos, de forma particularmente grave, a normas 
constitucionais atributivas de competência ou a decisões (MACÊDO, 2014). 
O Código de Processo Civil de 2015 destinou à Reclamação todo o seu 
Capitulo IX dos artigos 988 ao artigo 993 (BRASIL, 2015). 
Portanto caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público 
para: 
I - preservar a competência do tribunal; 
II - garantir a autoridade das decisões do tribunal; 
III – garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de decisão 
do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade 
(BRASIL, 2015); 
IV – garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de incidente 
de resolução de demandas repetitivas ou de incidente de assunção de competência 
(BRASIL, 2015); 
 A reclamação poderá ser proposta perante qualquer tribunal, e seu 
julgamento compete ao órgão jurisdicional cuja competência se busca preservar ou 
cuja autoridade se pretenda garantir. Deverá ser instruída com prova documental e 
dirigida ao presidente do tribunal (BRASIL, 2015). 
Observe, por exemplo, um caso em que foi julgado procedente a reclamação, 
em razão de descumprimento da decisão do STJ por órgão judiciário inferior: 
 
31 
 
“RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL, PRESERVAÇÃO ACÓRDÃO DO SUPERIOR 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA [...]. (Apud LUNARD, 2016) 
“RECLAMAÇÃO. AGRAVO INTERPOSTO CONTRA DECISÃO DO 
PRESIDENTE DO TRIBUNAL ESTADUAL QUE NEGOU SEGUIMENTO A 
RECURSO DENOMINAÇÃO EQUIVOCADA. ERRO MATERIAL. 
USURPAÇÂO DA COMPETÊNCIA DESTA CORTE. [...] a competência para 
julgar agravo de instrumento interposto contra decisão que nega 
seguimento a recurso especial é do Superior Tribunal de Justiça. 4. 
Reclamação procedente” ( STJ, Rcl 7.559/SP, Rel. Min. Luis Felipe 
Salomão, Segunda Seção, julgado em 23-5-2012, Dje 1º - 6 – 2012). (Apud 
Lunard, 2016) 
Assim que recebida, a reclamação será autuada e distribuída ao relator do 
processo principal, sempre que possível. 
A Reclamação nas hipóteses de garantir a observância de enunciado de 
súmula vinculante e de decisão do Supremo Tribunal Federal em controle 
concentrado de constitucionalidade bem como garantir a observância de acórdão 
proferido em julgamento de incidente de resolução de demandas repetitivas ou de 
incidente de assunção de competência; compreendem a aplicação indevida da tese 
jurídica e sua não aplicação aos casos que a ela correspondam. 
É inadmissível a reclamação: 
 I – proposta após o trânsito em julgado da decisão reclamada; 
II – proposta para garantir a observância de acórdão de recurso extraordinário 
com repercussão geral reconhecida ou de acórdão proferido em julgamento de 
recursos extraordinário ou especial repetitivos, quando não esgotadas as instâncias 
ordinárias. 
 A inadmissibilidade ou o julgamento do recurso interposto contra a decisão 
proferida pelo órgão reclamado não prejudica a reclamação (BRASIL, 2015, Art. 
988). 
Ao despachar a reclamação, o relator: 
 
32 
 
I - requisitará informações da autoridade a quem for imputada a prática do ato 
impugnado, que as prestará no prazo de 10 (dez) dias; 
II - se necessário, ordenará a suspensão do processo ou do ato impugnado 
para evitardano irreparável; 
III - determinará a citação do beneficiário da decisão impugnada, que terá 
prazo de 15 (quinze) dias para apresentar a sua contestação (BRASIL, 2015, Art. 
989). 
Qualquer interessado poderá impugnar o pedido do reclamante (BRASIL, 
2015, Art. 990). 
Na reclamação que não houver formulado, o Ministério Público terá vista do 
processo por 5(cinco) dias, após o decurso do prazo para informações e para o 
oferecimento da contestação pelo beneficiário do ato impugnado (BRASIL, 2015, Art. 
991). 
 
Fonte: politize.com.br 
https://www.politize.com.br/
 
33 
 
Julgando procedente a reclamação, o tribunal cassará a decisão exorbitante 
de seu julgado ou determinará medida adequada à solução da controvérsia 
(BRASIL, 2015, Art. 993). 
O presidente do tribunal determinará o imediato cumprimento da decisão, 
lavrando-se o acórdão posteriormente (BRASIL, 2015, Art. 993). 
 A reclamação constitui instrumento que, aplicado no âmbito dos estados-
membros, tem como objetivo evitar, no caso de ofensa à autoridade de um 
julgado, o caminho tortuoso e demorado dos recursos previstos na legislação 
processual, inegavelmente inconvenientes quando já tem a parte uma decisão 
definitiva. Visa, também, à preservação da competência dos Tribunais de Justiça 
estaduais, diante de eventual usurpação por parte de Juízo ou outro Tribunal local. 
A adoção desse instrumento pelos estados-membros, além de estar em sintonia 
com o princípio da simetria, está em consonância com o princípio da efetividade 
das decisões judiciais. (ADIN 2212 CE, rela. Mina. Ellen Gracie, DJ 14/11/03). 
Nesse sentido os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la 
estável, íntegra e coerente. 
Na forma estabelecida e segundo os pressupostos fixados no regimento 
interno, os tribunais editarão enunciados de súmula correspondentes a sua 
jurisprudência dominante. Atentando-se às circunstâncias fáticas dos precedentes 
que motivaram sua criação (BRASIL, 2015, Art. 926). 
Os juízes e os tribunais observarão as decisões do Supremo Tribunal Federal 
em controle concentrado de constitucionalidade; quais sejam: 
II - os enunciados de súmula vinculante; 
III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução 
de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial 
repetitivos; 
 
34 
 
IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria 
constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; 
V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem 
vinculados (BRASIL, 2015, Art. 927). 
Porém os juízes e os tribunais deverão observar também o disposto no art. 
10 e no art. 489, § 1º (BRASIL, 2015, § 1 do Art. 927). 
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em 
fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de 
se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de 
ofício. 
Art. 489. São elementos essenciais da sentença: 
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, 
com a suma do pedido e da contestação, e o registro das principais 
ocorrências havidas no andamento do processo; 
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; 
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as 
partes lhe submeterem. 
§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela 
interlocutória, sentença ou acórdão, que: 
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem 
explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; 
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo 
concreto de sua incidência no caso; 
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; 
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, 
em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; 
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar 
seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob 
julgamento se ajusta àqueles fundamentos; 
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente 
invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em 
julgamento ou a superação do entendimento.(Grifo nosso). 
§ 2º No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto e os 
critérios gerais da ponderação efetuada, enunciando as razões que 
autorizam a interferência na norma afastada e as premissas fáticas que 
fundamentam a conclusão. 
§ 3º A decisão judicial deve ser interpretada a partir da conjugação de todos 
os seus elementos e em conformidade com o princípio da boa-fé. 
A alteração de tese jurídica adotada em enunciado de súmula ou em 
julgamento de casos repetitivos poderá ser precedida de audiências públicas e da 
participação de pessoas, órgãos ou entidades que possam contribuir para a 
rediscussão da tese (BRASIL, 2015, § 2º do Art. 927). 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art10
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art10
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art489%C2%A71
 
35 
 
 
Fonte: estudarfora.org.br 
Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal 
Federal e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos 
repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e no 
da segurança jurídica (BRASIL, 2015, § 3º do Art. 927). 
A modificação de enunciado de súmula, de jurisprudência pacificada ou de 
tese adotada em julgamento de casos repetitivos observará a necessidade de 
fundamentação adequada e específica, considerando os princípios da segurança 
jurídica, da proteção da confiança e da isonomia (BRASIL, 2015, § 4º do Art. 927). 
Os tribunais darão publicidade a seus precedentes, organizando-os por 
questão jurídica decidida e divulgando-os, preferencialmente, na rede mundial de 
computadores (BRASIL, 2015, § 4º do Art. 927). 
Considera-se julgamento de casos repetitivos a decisão proferida em: 
I - incidente de resolução de demandas repetitivas; 
II - recursos especial e extraordinário repetitivos. 
 
36 
 
O julgamento de casos repetitivos tem por objeto questão de direito material 
ou processual. (BRASIL, 2015, Art. 928). 
Súmula 734 do STF: 
 "Não cabe reclamação quando já houver transitado em julgado o ato 
judicial que se alega tenha desrespeitado decisão do Supremo Tribunal 
Federal" 
2.1 Jurisprudências Reclamação 
Ementa: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO 
NA RECLAMAÇÃO. REDISCUSSÃO DE MATÉRIA JÁ DECIDIDA POR ESTA 
SUPREMA CORTE. RECURSO DE AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. 
A reclamação constitucional não pode ser utilizada para rediscutir matéria já 
decidida por esta SUPREMA CORTE (grifo nosso). A impugnação de decisões 
proferidas por Ministros ou pelos órgãos que compõe este TRIBUNAL, no exercício 
de suas atribuições, são de competência do próprio STF, somente podendo ser 
realizada por interposição de recursos adequados. 2. O acórdão reclamado foi 
objeto de Recurso Extraordinário (RE 1.200.292), no qual o MINISTRO 
PRESIDENTE determinou a devolução dos autos ao Tribunal de origem para 
observância dos procedimentos previstos no inc. I do art. 1.030 do Código de 
Processo Civil. Desse modo, inviável a presente reclamação. 3. Recurso de agravo 
a que se nega provimento. (Rcl 39008 Relator Min. ALEXANDRE DE MORAES, 
Primeira Turma, Julgado em 27/03/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe – 081 Divulg 01-
04-2020 PUBLIC 02-04-2020). 
Ementa: CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO 
NA RECLAMAÇÃO. DECISÃO RECLAMADA TRANSITADA EM JULGADO. ART. 
988, § 5º, DO CPC. SÚMULA 734 DO STF. RECURSO DE AGRAVO A QUE SE 
NEGA PROVIMENTO. 1. Nos termos do art. 988, § 5º, inciso I, do CPC, não 
cabe Reclamação para desconstituir decisõestransitadas em julgado. Trata-se 
 
37 
 
de assimilação, pelo novo código processual, de antigo entendimento do STF, 
enunciado na Súmula 734(grifo nosso). (Não cabe reclamação quando já houver 
transitado em julgado o ato judicial que se alega tenha desrespeitado decisão do 
Supremo Tribunal Federal). 2. Em consulta ao sítio eletrônico do Juizado Especial 
Federal da 3ª Região verifica-se que o processo 0024670-51.2007.4.03.6301 
transitou em julgado, em 20/2/2018, e sua baixa definitiva foi determinada em 
1º/7/2019; enquanto que a presente ação reclamatória foi protocolada em 22/1/2020 
(doc. 2). 3. Recurso de agravo a que se nega provimento. (Rcl 38906 Relator Min. 
ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma, Julgado em 27/03/2020, PROCESSO 
ELETRÔNICO DJe – 081 Divulg 01-04-2020 PUBLIC 02-04-2020) 
Ementa: CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE 
DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO INTERNO. PRINCÍPIO DA 
FUNGIBILIDADE RECURSAL. NÃO EXAURIMENTO DAS INSTÂNCIAS 
RECURSAIS ORDINÁRIAS. RECURSO DE AGRAVO A QUE SE NEGA 
PROVIMENTO. 1. Não houve o pleno exaurimento das instâncias recursais na 
origem, dada a ausência do juízo de admissibilidade do recurso extraordinário 
quando do ajuizamento da Reclamação, o que inviabiliza a propositura da ação 
reclamatória. 2. Conforme prescreve o art. 988, § 5º, inciso II, do CPC, o 
esgotamento dos meios recursais a quo é pressuposto para o cabimento 
da Reclamação, quando tem por fundamento a exigência de respeito a 
precedente julgado por esta SUPREMA CORTE, em regime de Repercussão 
Geral. Precedentes (grifo nosso). 3. Segundo informações obtidas no sítio 
eletrônico do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, o recurso extraordinário 
interposto pelos reclamantes acabou sendo admitido, mediante decisão proferida 
pelo Presidente da Seção de Direito Público do TJSP, em 11/3/2020. Tal fato vem 
comprovar o acerto da decisão ora impugnada, ante o ajuizamento prematuro desta 
ação reclamatória. 4. Embargos de Declaração recebidos como Agravo Interno, ao 
qual se nega provimento. (Rcl 38978 Relator Min. ALEXANDRE DE MORAES, Primeira 
Turma, Julgado em 27/03/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe – 081 Divulg 01-04-2020 
PUBLIC 02-04-2020) 
 
38 
 
2.2 Demandas Repetitivas 
Demandas Repetitivas são processos nos quais a mesma questão de direito 
se reproduz de modo que a sua solução pelos Tribunais Superiores ou pelos 
próprios Tribunais locais pode ser replicada para todos de modo a garantir que 
essas causas tenham a mesma solução, ganhando-se, assim, celeridade, isonomia 
e segurança jurídica no tratamento de questões com grande repercussão social 
(CNJ/2016). 
Por meio da formação de precedentes judiciais obrigatórios, os Tribunais 
fixam o entendimento acerca de determinada matéria jurídica reduzindo 
significativamente a quantidade de recursos que chegam às instâncias superiores 
(CNJ/2016). 
As decisões proferidas segundo a técnica de geração de precedentes em 
demandas repetitivas são de observância obrigatória pelos Tribunais e juízos 
inferiores de acordo com o artigo 927 do Código de Processo Civil de 2015 
(CNJ/2016). 
Existe no Brasil o Painel de Consulta ao Banco Nacional de Demandas 
Repetitivas e Precedentes Obrigatórios. Trata-se de pesquisa que apresenta de 
forma dinâmica os dados referentes às demandas repetitivas nos tribunais 
estaduais, federais e superiores (CNJ/2016). 
Em “Gráficos”, é possível obter uma visão geral dos incidentes (Recursos 
Repetitivos, Repercussão Geral etc.) nas Cortes superiores. Os pronunciamentos da 
instância superior formarão precedentes obrigatórios, os quais poderão ser usados 
pela 1ª e 2ª instância nos respectivos processos sobrestados, ou parados, que 
aguardam solução em decorrência de tais incidentes (CNJ/2016). 
O capítulo VIII do Código de Processo Civil trata das demandas repetitivas, 
versa sobre o cabimento dessas demandas, a competência e as formas de 
julgamentos. 
 
39 
 
A instauração do incidente de resolução de demandas repetitivas terá 
cabimento quando houver, simultaneamente: (BRASIL, 2015, Art. 976). 
I - efetiva repetição de processos que contenham controvérsia sobre a mesma 
questão unicamente de direito; 
II - risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica. 
A desistência ou o abandono do processo não impede o exame de mérito do 
incidente (BRASIL, 2015, § 1º do Art. 976). 
Se não for o requerente, o Ministério Público intervirá obrigatoriamente no 
incidente e deverá assumir sua titularidade em caso de desistência ou de abandono 
(BRASIL, 2015, § 2º do Art. 976). 
A inadmissão do incidente de resolução de demandas repetitivas por 
ausência de qualquer de seus pressupostos de admissibilidade não impede que, 
uma vez satisfeito o requisito, seja o incidente novamente suscitado (BRASIL, 2015, 
§ 3º do Art. 976). 
É incabível o incidente de resolução de demandas repetitivas quando um dos 
tribunais superiores, no âmbito de sua respectiva competência, já tiver afetado 
recurso para definição de tese sobre questão de direito material ou processual 
repetitiva (BRASIL, 2015, § 4º do Art. 976). 
Não serão exigidas custas processuais no incidente de resolução de 
demandas repetitivas (BRASIL, 2015,§ 1º do Art. 976). 
O pedido de instauração do incidente será dirigido ao presidente de tribunal: 
I - pelo juiz ou relator, por ofício; 
II - pelas partes, por petição; 
 
40 
 
III - pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública, por petição. 
O ofício ou a petição será instruído com os documentos necessários à 
demonstração do preenchimento dos pressupostos para a instauração do incidente 
(BRASIL, 2015, Art. 977). 
O julgamento do incidente caberá ao órgão indicado pelo regimento interno 
dentre aqueles responsáveis pela uniformização de jurisprudência do tribunal 
(BRASIL, 2015, Art. 978). 
O órgão colegiado incumbido de julgar o incidente e de fixar a tese jurídica 
julgará igualmente o recurso, a remessa necessária ou o processo de competência 
originária de onde se originou o incidente. 
A instauração e o julgamento do incidente serão sucedidos da mais ampla e 
específica divulgação e publicidade, por meio de registro eletrônico no Conselho 
Nacional de Justiça (BRASIL, 2015, Art. 979). 
Os tribunais manterão banco eletrônico de dados atualizados com 
informações específicas sobre questões de direito submetidas ao incidente, 
comunicando-o imediatamente ao Conselho Nacional de Justiça para inclusão no 
cadastro (BRASIL, 2015, § 1º do Art. 979). 
Para possibilitar a identificação dos processos abrangidos pela decisão do 
incidente, o registro eletrônico das teses jurídicas constantes do cadastro conterá, 
no mínimo, os fundamentos determinantes da decisão e os dispositivos normativos a 
ela relacionados (BRASIL, 2015, § 2º do Art. 976). 
Aplica-se o disposto neste artigo ao julgamento de recursos repetitivos e da 
repercussão geral em recurso extraordinário (BRASIL, 2015, § 3º do Art. 976). 
O incidente será julgado no prazo de 1 (um) ano e terá preferência sobre os 
demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas 
 
41 
 
corpus . Superado este prazo, cessa a suspensão dos processos prevista no art. 
982 CPC, salvo decisão fundamentada do relator em sentido contrário (BRASIL, 
2015, Art. 980). 
Após a distribuição, o órgão colegiado competente para julgar o incidente 
procederá ao seu juízo de admissibilidade, considerando a presença dos 
pressupostos do art. 976 CPC (BRASIL, 2015, Art. 981). 
Admitido o incidente, o relator: 
I - suspenderá os processos pendentes, individuais ou coletivos, que tramitam 
no Estado ou na região, conforme o caso; 
II - poderá requisitar informações a órgãos em cujo juízo tramita processo no 
qual se discute o objeto do incidente, que as prestarão no prazo de 15 (quinze) dias; 
III - intimará o Ministério Público para, querendo, manifestar-se no prazo de 
15 (quinze) dias (BRASIL, 2015, Art.982). 
A suspensão será comunicada aos órgãos jurisdicionais competentes 
(BRASIL, 2015, § 1º do Art. 982). 
Durante a suspensão, o pedido de tutela de urgência deverá ser dirigido ao 
juízo onde tramita o processo suspenso (BRASIL, 2015, § 2º do Art. 982). 
 Visando à garantia da segurança jurídica, qualquer legitimado mencionado 
no art. 977, incisos II e III , poderá requerer, ao tribunal competente para conhecer 
do recurso extraordinário ou especial, a suspensão de todos os processos 
individuais ou coletivos em curso no território nacional que versem sobre a questão 
objeto do incidente já instaurado (BRASIL, 2015, § 3º do Art. 982). 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art982
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art982
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art976
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art977ii
 
42 
 
 Independentemente dos limites da competência territorial, a parte no processo 
em curso no qual se discuta a mesma questão objeto do incidente é legitimada para 
requerer a providência prevista no § 3º (BRASIL, 2015, § 4º do Art. 982). 
Cessa a suspensão a que se refere o inciso I do caput deste artigo se não for 
interposto recurso especial ou recurso extraordinário contra a decisão proferida no 
incidente (BRASIL, 2015, § 5º do Art. 982). 
O relator ouvirá as partes e os demais interessados, inclusive pessoas, 
órgãos e entidades com interesse na controvérsia, que, no prazo comum de 15 
(quinze) dias, poderão requerer a juntada de documentos, bem como as diligências 
necessárias para a elucidação da questão de direito controvertida, e, em seguida, 
manifestar-se-á o Ministério Público, no mesmo prazo (BRASIL, 2015, Art. 983). 
 
Fonte: www.elo7.com.br 
Para instruir o incidente, o relator poderá designar data para, em audiência 
pública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência e conhecimento na matéria 
(BRASIL, 2015, Art. 983). 
 
43 
 
Concluídas as diligências, o relator solicitará dia para o julgamento do 
incidente (BRASIL, 2015, Art. 983). 
No julgamento do incidente, observar-se-á a seguinte ordem: (BRASIL, 2015, 
Art. 984). 
I - o relator fará a exposição do objeto do incidente; 
II - poderão sustentar suas razões, sucessivamente: 
a) o autor e o réu do processo originário e o Ministério Público, pelo prazo de 
30 (trinta) minutos; 
b) os demais interessados, no prazo de 30 (trinta) minutos, divididos entre 
todos, sendo exigida inscrição com 2 (dois) dias de antecedência. 
Considerando o número de inscritos, o prazo poderá ser ampliado. 
O conteúdo do acórdão abrangerá a análise de todos os fundamentos 
suscitados concernentes à tese jurídica discutida, sejam favoráveis ou contrários. 
Julgado o incidente, a tese jurídica será aplicada: (BRASIL, 2015, Art. 985). 
I - a todos os processos individuais ou coletivos que versem sobre idêntica 
questão de direito e que tramitem na área de jurisdição do respectivo tribunal, 
inclusive àqueles que tramitem nos juizados especiais do respectivo Estado ou 
região; 
II - aos casos futuros que versem idêntica questão de direito e que venham a 
tramitar no território de competência do tribunal, salvo revisão na forma do art. 986 . 
Não observada a tese adotada no incidente, caberá reclamação. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art986
 
44 
 
Se o incidente tiver por objeto questão relativa a prestação de serviço 
concedido, permitido ou autorizado, o resultado do julgamento será comunicado ao 
órgão, ao ente ou à agência reguladora competente para fiscalização da efetiva 
aplicação, por parte dos entes sujeitos a regulação, da tese adotada. 
A revisão da tese jurídica firmada no incidente far-se-á pelo mesmo tribunal, 
de ofício ou mediante requerimento dos legitimados mencionados no art. 977, inciso 
III (BRASIL, 2015, Art. 986). 
Do julgamento do mérito do incidente caberá recurso extraordinário ou 
especial, conforme o caso. 
§ 1º O recurso tem efeito suspensivo, presumindo-se a repercussão geral de 
questão constitucional eventualmente discutida. 
§ 2º Apreciado o mérito do recurso, a tese jurídica adotada pelo Supremo 
Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça será aplicada no território 
nacional a todos os processos individuais ou coletivos que versem sobre idêntica 
questão de direito (BRASIL, 2015, Art. 987). 
2.4 Incidente processual 
Incidente processual é uma questão controversa secundária e acessória que 
surge no curso de um processo e que precisa ser julgada antes da decisão do mérito 
da causa principal. Com a entrada em vigor do novo Código de Processo Civil em 
2016, foram integrados ao sistema processual brasileiro os Incidentes de Resolução 
de Demandas Repetitivas e de Assunção de Competência (CNJ/2016). 
Esses “Incidentes” veiculam a discussão de questões de direito que se 
repetem em vários processos ou que tenham grande repercussão social, cuja 
decisão se torna obrigatória, devendo ser reproduzida em todos os demais casos 
que discutem o mesmo tema (CNJ/2016). 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art977iii
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art977iii
 
45 
 
A forma de processamento e julgamento dos Recursos Especiais e de Revista 
Repetitivos é uma técnica de formação de precedentes judiciais obrigatórios que 
possuem o mesmo potencial multiplicador (CNJ/2016). 
Muito embora os Recursos Especiais e de Revista Repetitivos e a 
Repercussão Geral não possam ser considerados incidentes processuais, eles 
também são instrumentos de geração de precedentes obrigatórios com o mesmo 
potencial multiplicador das decisões proferidas pelos Tribunais nos IRDrs e IACs, 
razão pela qual, no Painel, são todos considerados tipos de Incidentes (CNJ/2016). 
2.5 Repercussão Geral 
Como guardião da Constituição, o Supremo Tribunal Federal só recebe e 
julga recursos que tratem de controvérsias constitucionais. Mas não é só isso. Além 
do caráter constitucional, a matéria do recurso deve ser relevante do ponto de vista 
econômico, político, social ou jurídico, ou seja, ela deve ter repercussão geral. A 
repercussão geral é, portanto, um filtro que separa os recursos que serão 
apreciados pelo STF e decididos com força vinculante daqueles nos quais a última 
palavra será a dos tribunais superiores (CNJ/2016). 
2.6 Recursos Especial e de Revista Repetitivos 
O Superior Tribunal de Justiça e o Tribunal Superior do Trabalho são 
responsáveis por receber e julgar recursos nos quais se discuta a correta aplicação 
da legislação federal aplicável às matérias de suas respectivas competências. Não 
raramente, as questões discutidas em Recursos Especiais e de Revista se repetem, 
o que motivou a criação de uma sistemática especial de processamento desses 
recursos repetitivos que pressupõe uma decisão de mérito aplicável a todos os 
demais casos (CNJ/2016). 
2.7 Grupos de Representativos 
Por vezes, o setor responsável pela admissibilidade de recursos às instâncias 
especial e extraordinária nos Tribunais identifica a proliferação de uma determinada 
 
46 
 
discussão constitucional ou legal que ainda não está refletida em um Tema de 
repercussão geral ou de recurso especial repetitivo. Nesses casos, ao invés de 
remeter à Corte Superior todos os recursos, o Tribunal opta por um catálogo limitado 
de causas e sobrestá as demais, aguardando um pronunciamento da Corte 
Superior. Justamente para refletir esse estágio transitório no qual se tem, na 
realidade, um projeto de tema ainda não reconhecido ou criado pelos Tribunais 
Superiores ao qual já há processos sobrestados vinculados é que existe o chamado 
Grupo de Representativos (CNJ/2016). 
2.8 Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas 
As relações jurídicas são padronizadas, as pessoas

Outros materiais