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Doença valvar mitral MITRAL: dupla lesão não balanceada e depois isolada Anatomia Básica · 2 folhetos: anterior e posterior · Ligados aos m.m. papilares pelas cordoalhas tedíneas (aparelho subvalvar) · A abertura destes folhetos permite com que o sangue passe do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo · A área valvar normal e de 4 a 6 cm2. Estenose valvar mitral Definição: trata-se da diminuição da área valvar, que por conseguinte produz restrição do escoamento sanguineo do átrio para o ventrículo isto gera um gradiente transvalvar: AE/VE Valva normal: o sangue escoa com muita facilidade, pois os folhetos se abrem totalmente (quase colando na parede ventricular) Durante a diástole ventricular, normalmente, cerca de 70% do sangue contido no átrio se dirige ao ventrículo devido ao gradiente pressórico. Valva estenótica: o sangue escoa com dificuldade, pois os folhetos da valva não se abrem corretamente, o que gera um represamento de sangue no átrio esquerdo. · aumento pressórico por sua vez produz dilatações cavitárias e congestão venocapilar pulmonar e arterial pulmonar com estase venosa periférica · REDUZ DC, ANGINA E DISPNEIA Fisiopatologia Área valvar normal = 4 A 6 cm2 · se = 2cm2 Iniciam os sintomas · se > 1,5 cm2 = estenose leve · se 1 a 1,5 cm2 = estenose moderada · se < 1,5 cm2 ETIOLOGIA · Febre reumática (70% datasus) · Prolapso mitral (depende da intensidade da) mais raramente: alt.congênitas, dc infiltrativas (mucopolissacaridoses), ei, lues, ar, sínd. carcinóide, calcificações · outras patologias podem dificultar a saída de sangue para o VE: mixoma, trombos · mais comum em mulheres 4:1 Fisiopatologia A dificuldade de esvaziamento leva ao aumento do tamanho e da pressão do átrio esquerdo (AE). O ventrículo esquerdo (VE) geralmente é normal mas pode ter hipocontratilidade localizada pelo comprometimento do aparelho sub valvar (cordoalha e musculo papilar) · Aumento da pressão no AE · Aumento pressão v.v. pulmonares · Hipertrofia e vasoconstrição a.a . pulmonares · Aumento pressões da artéria pulmonar · Aumento da pressão VD = refluxo tricúspide · Aumento da pressão no ad = congestão venosa sistêmica (jugular, fígado, MMII) Gradiente pressórico AE-VE (mmHg) médio em repouso: < 5 leve 5 a 10 moderado > 10 importante a pressão no AE fica maior do que a pressão no VE Quadro Clínico 1- Dispneia = aumento das pressões hidrostáticas com congestão e até edema pulmonar (entre outros sintomas de icc = tosse, chiado, hemoptise, fadiga, edema periférico) 2- Palpitação 3- Hemoptise = ruptura de v.v. brônquicas 4- Estase jugular, edema MMII, hepatomegalia = quando estiver presente hipertensão pulmonar com disfunção de VD 5- Rouquidão = compressão do n. laríngeo recorrente (s. ortner) 6- Fibrilação atrial aguda ou crônica A sobrecarga de pressão dilata o AE, o que desorganiza a estrutura celular dessa câmara cardíaca, o que possibilita a ocorrência de quadro de fibrilação atrial E aumento de tensão da parede do átrio, o que diminui a perfusão do músculo. 7- Embolia Fibrilação atrial em 30 a 40 % Embolias em 13 a 26 % Pode haver sintomas parecidos com estenose importante ou moderadas por complacência atrial, função do VD, patologias associadas Exame Físico · Facies mitralis: bochechas róseas, vasoconstrição periférica, nas lesões severas. · Estase jugular, e outros sinais de IVD · Sinais de marfan · Tórax: pulsação paraesternal esq. por aumento do VD · Palpação- frêmito diastólico no ápice/ pulsação paraesternal esq. = VD/ 2a. bulha - foco pulmonar (HAP) · Hiperfonese de B1 = mitral, porem se houver calcificação pode haver hipofonese · Estalido de abertura mitral = por tensão das cordoalhas nas cúspides; pode não estar presente caso haja fibrose e calcificação das cordoalhas · Hiperfonese da 2ª bulha no foco pulmonar refletindo hipertensão pulmonar ausculta · Sopro diastólico em ruflar no ápice, quanto maior duração maior severidade da lesão. · Sopro diastólico pulmonar refletindo hipertensão pulmonar com insuficiência valvar denominado de grahan steel Exame complementares Na doença valvar mitral estenótica, é obrigatória a realização de raioX, ECG e o ecocardiograma. ECG: · Alterações característica de sobrecarga de átrio esquerdo: · Duração da onda P aumentada (> 12s), podendo se apresentar como dorso de camelo (uma fase alta e uma fase mais demorada); · Em V1 a fase negativa possui 0,04s e 1mm; Índice de Morris. · O eixo desviado para esquerda e para trás. ALTERAÇÕES CARACTERÍSTICAS DE SOBRECARGA DE VENTRÍCULO DIREITO: · Desvio de eixo para direita onda R alargada em V1 e V2, e onda S alargada em V6. ALTERAÇÕES CARACTERÍSTICAS DE FIBRILAÇÃO ATRIAL: · Ausência de onda P; · Intervalo RR irregular. ALTERAÇÕES CARACTERÍSTICAS DE SOBRECARGA ATRIAL DIREITA: · Aumento de amplitude; · Eixo além 90º. ALTERAÇÕES CARACTERÍSTICAS DA SOBRECARGA BI-ATRIAL: · Ambas as alterações presentes; · V1 ou até V2: onda bifásica Raio x de tórax: · É fundamental a realização do Raio X de tórax, pois é necessário descartar outras doenças e, ao mesmo tempo, obter informações importantes da sobrecarga e da HA pulmonar. · É possível verificar alteração das câmaras cardíacas no raio-X: · Aumento do átrio esquerdo duplo contorno (3º arco); · Abaulamento da artéria pulmonar; · Aumento da trama vascular nos ápices (Inversão do fluxo); · Hipertrofia linfática (Linhas B de Kerley). Ecocardiograma: · É o exame padrão ouro; · Para um diagnóstico bem feito, pedir ECG e raio-X de tórax associado ao ECO. O ECO avalia a área mitral, pressões no átrio esquerdo, nas veias pulmonares e no ventrículo direito, além de quantificar o grau da lesão com a área valvar e o gradiente pressórico AE/VE. Gradiente (médio) pressórico AE-VE (mmHg) na diástole: < 5 = leve; 5 a 10 = moderado; > 10 = importante. + avalia a presença de trombos no átrio esquerdo. Cineangiocoronariografia (cateterismo) + Ventriculografia: · Em geral não é necessário para o diagnóstico; · Deve ser feito apenas em raras situações conflitantes em que não se consegue estabelecer a indicação cirúrgica ou o diagnóstico; · É feito nos seguintes casos, quando já se pretende operar o paciente: · Em mulheres na menopausa e acima; · Em homens com mais de 40 anos ou com risco de doenças coronarianas; · Para avaliar coronárias; Ou em situações com dúvidas por diferenças entre a clínica e ecocardiograma. TRATAMENTO Geral: A primeira fase do tratamento é indicada para todos os pacientes que apresentam doença valvar mitral, mesmo que não seja significativa; Há quatro passos básicos para o tratamento da doença valvar, sendo ele: 1º passo: Consiste no tratamento da doença base (principalmente a febre reumática); O tratamento da febre reumática e de novos surtos, com penicilina benzatina diminui as agressões na válvula (diminui a evolução da estenose valvar). 2º passo: Deve-se sempre realizar profilaxia para endocardite infecciosa em pacientes submetidos a procedimentos com risco de bacteremia. 3º passo: Tratamento da arritmia e fibrilação. 4º passo: Tratamento de tromboembolismo; O tratamento adequado evita agravamento do quadro clínico e associação de morbidades há risco de embolias (AVCi). Tratamento da estenose mitral de acordo com classificação NYHA: ICC CLASSE I NYHA – PACIENTE ASSINTOMÁTICO: · Pode permanecer sem medicação (ficar em observação); · Se apresentar fibrilação atrial: antiarrítmico e anticoagulação; · Se associado a estenose severa: tratamento intervencionista. · realiza-se os 4 passos anteriores. ICC CLASSE II NYHA – paciente que apresenta sintomas aos esforços: Realiza-se os 4 passos do tratamento geral; · Fazer uso de betabloqueador para aumentar o tempo de diástole, o que possibilita a passagem de mais sangue do AE para o VE; · Fazer uso de diurético para diminuir a pressão arterial; · Se apresentar fibrilação atrial: antiarrítmico e anticoagulação; · Se associado a estenose severa: tratamento intervencionista. ICC CLASSE III E IV NYHA OU PACIENTE COM HIPERTENSÃO PULMONAR (> 50mmHg):· Sempre fazer tratamento intervencionista: Valvuloplastia por balão (percutânea) - wilkins = 8; · Cirurgia. Uma vez que o paciente se enquadra nessas condições, mesmo que assintomático, deve ser submetido a cirurgia. DADO: se HAP ≥ 80 mmHg, a sobrevida do paciente é de 2,4 ano. TIPOS DE CIRURGIA: · Comissurotomia 0% mortalidade; · Troca valvar mortalidade 8%; · Prótese biológica de pericárdio bovino; · Prótese “metálica” de carvão pirolitico e de duplo disco. Todas as classes devem ser submetidas aos itens citados no tópico de tratamento geral. INSUFICIÊNCIA VALVAR MITRAL: DEFINIÇÃO: Ocorre quando a inadequada coaptação dos folhetos mitrais permite regurgitação de sangue do ventrículo esquerdo para o átrio esquerdo. · consiste em uma sobrecarga de volume, que gera dilatação cavitária esquerda e insuficiência cardíaca. Acomete tanto o átrio, como o ventrículo! CLASSIFICAÇÃO: Primária: Quando o problema ocorre devido à lesão direta da valva ou do aparelho subvalvar. Secundária: Quando ocorre devido à dilatação do anel valvar ou dos músculos papilares. ETIOLOGIA: · Degeneração mixomatosa (degeneração da estrutura valvar); · Prolapso mitral (1 a 2,5% da população) a valva mitral se fecha fora do plano normal; · Disfunção isquêmica Causa secundária. · Endocardite infecciosa; · Doença reumática; · Miocardiopatia dilatada doença viral, doença chagásica; Causa secundária. · Cardiopatia hipertrófica (secundária). Causa secundária. · Calcificação anular. · Congênita. FISIOPATOLOGIA: Diante de um quadro de insuficiência mitral, durante o processo de contração ventricular, observar-se-á a ocorrência de regurgitação de sangue do ventrículo esquerdo para o átrio esquerdo (gera um sopro sistólico) Isso gera uma sobrecarga volumétrica (mais importante) e pressórica, tanto atrial, como ventricular Promove uma redução do débito cardíaco anterógrado devido a regurgitação do sangue para o átrio O débito regurgitado evolui para uma congestão pulmonar · Ocorre aumento das pressões no átrio esquerdo, sistema venocapilar, ventrículo direito e átrio direito. · Sobrecarga ventricular: dilatação e hipertrofia na fase compensada e dilatação demasiada na fase descompensada. QUADRO CLÍNICO: Fase inicial: pode ser assintomática. Quando sintomátic: Sintomas: · baixo débito e congestão pulmonar; · Sintomas típicos de ICC EXAME FÍSICO: Íctus: · Como existe uma miocardiopatia mitral, que leva a uma sobrecarga de volume, o coração se dilata (átrio e ventrículo), principalmente o ventrículo esquerdo; · O íctus se torna palpável e desviado para baixo e para a esquerda. · Frêmito. · Sopro: É um sopro holossistólico irradiado para a axila. · Presença de 3ª bulha: É um sinal do rápido esvaziamento atrial durante a diástole ventricular (as vezes é relacionada com ICC). EXAMES COMPLEMENTARES: Na doença valvar mitral insuficiente, faz-se obrigatório a realização de raio-X, ECG e o ecocardiograma. ECG: Alterações característica de sobrecarga de átrio esquerdo: · Duração da onda P aumentada (> 12s), podendo se apresentar como dorso de camelo (uma fase alta e uma fase mais demorada); · Em V1 a fase negativa possui 0,04s e 1mm; · O eixo desviado para esquerda e para trás. Visto que nos casos de insuficiência mitral também há comprometimento do VE, pode-se observar também a presença de dilatação do VE, com aumento da onda R em V5 e V6. ALTERAÇÕES CARACTERÍSTICAS DE SOBRECARGA DE VENTRÍCULO DIREITO: · Desvio de eixo para direita: onda R alargada em V1 e V2, e onda S alargada em V6. ALTERAÇÕES CARACTERÍSTICAS DE FIBRILAÇÃO ATRIAL: Ausência de onda P. Intervalo RR irregular. Raio x de tórax: É fundamental fazer raio x de tórax, pois é necessário descartar outras doenças e, ao mesmo tempo, obter informações importantes relacionada a sobrecarga e a HA pulmonar. É possível verificar alteração das câmaras cardíacas no raio-X: · Aumento do VE; · Aumento do átrio esquerdo: duplo contorno (3º arco); · Abaulamento da artéria pulmonar; · Aumento da trama vascular nos ápices (inversão do fluxo); · Hipertrofia linfática (Linhas B de Kerley); · Aumento do ventrículo esquerdo (característica da sobrecarga volumétrica) Ecocardiograma: É o exame padrão ouro; O ECO avalia a área mitral, refluxo mitral, pressões no átrio esquerdo, nas veias pulmonares e no ventrículo direito, avalia a função ventricular, morfologia mitral e subvalvar. FUNÇÃO VENTRICULAR: A partir do momento em que o VE começa a se dilatar, passa a perder força de contração. Desse modo, faz-se importante analisar qual a capacidade do ventrículo. Essa capacidade é medida por: · Diâmetro diastólico final; · Diâmetro sistólico final (mais utilizado). Cineangiocoronariografia (cateterismo) + Ventriculografia: Em geral não é necessário para o diagnóstico; Tratamento geral: igual Tratamento específico: PACIENTE ASSINTOMÁTICO: Fazer os quatro tratamentos citados acima, e acompanhar o paciente sem medicação específica. PACIENTE SINTOMÁTICO (ICC): · Diurético: diminuir a sobrecarga de volume; · Vasodilatador: possibilita com que sangue escoe mais facilmente para a aorta, evitando assim com que retorne para o átrio esquerdo; · Digoxina: aumentar a força de contração; · Tratamento da fibrilação atrial e profilaxia de tromboembolia (o INR do paciente deve ficar entre 2.0 a 3.0); Tratamento cirúrgico: O tratamento cirúrgico é intuito a partir da análise de critérios clínicos do paciente e também da fração de ejeção ventricular. Opta-se por cirurgia quando: · Diâmetro Sistólico Final > 40 mm (EUA) ou 45 mm (EU) e Fração de Ejeção < 60%; · Assintomático e FE > 60% se PSAP > 50 mmHg; · Assintomático e FA; · Sintomático com FE < 30% e DSVE > 55 mm = DÚVIDA SE OPERA OU NÃO; · Assintomático sem outros fatores + IM Importante: o Operar ou “watchful waiting”; · Considerar a possibilidade de PLÁSTICA VALVAR.