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COLÉGIO PEDRO II – CAMPUS REALENGO II 
3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO – PROEJA 
ATIVIDADE DE GEOGRAFIA – 2020 
 
Atividade 5. Leia o texto abaixo e, em seguida, faça os exercícios propostos. 
 
QUAL A ORDEM GEOPOLÍTICA MUNDIAL DO PÓS-GUERRA FRIA? 
Política, economia e diplomacia num mundo com muitas armas (PARTE 3) 
Tiago Nogueira Galinari1 
 
EXPLICANDO AS DISPUTAS ATRAVÉS DE METÁFORAS GEOGRÁFICAS: OS CONFLITOS 
LESTE-OESTE E NORTE-SUL 
 O geógrafo Yves Lacoste chamou de “metáforas geográficas” as regionalizações que 
procuram identificar e explicar os antagonismos globais. Foi o caso do conflito Leste-Oeste, símbolo 
da Guerra Fria e, atualmente, do conflito Norte-Sul. Estas e outras metáforas geográficas, apesar de 
serem simplificações – pois tratam o mundo de maneira binária, generalizando vastas áreas e 
ignorando toda uma gama de conflitos que ocorrem dentro de cada uma destas regiões –, podem nos 
ajudar a entender algumas disputas que marcam as Ordens Geopolíticas Mundiais. 
Como sabemos, a Guerra Fria acabou há, aproximadamente, três décadas. De lá para cá a 
URSS se dissolveu e a sua principal herdeira – a Rússia – abandou o socialismo real como modelo 
político e econômico. A despeito disso, as tensões envolvendo a Rússia e os EUA não foram 
completamente superadas. 
Os países ocidentais, com destaque para os EUA, têm acusado a Rússia de ser expansionista 
e denunciado uma suposta ingerência do governo de Moscou em territórios de outros países. Tais 
acusações ganharam força depois que a potência euroasiática anexou a Criméia, em 2014. Em 
decorrência disso, os EUA vêm impondo várias sanções contra a Rússia, o que fez aumentar ainda 
mais a hostilidade entre os velhos rivais da Guerra Fria. 
Mas as hostilidades vão muito além disso. Do mesmo modo que os EUA, a Rússia também 
aumentou seus dispêndios militares no curso do século XXI. Aliás, os altos investimentos no setor 
bélico-militar é uma das principais características da era Putin2. E é justamente através da exibição 
de armas que a animosidade entre estes dois países se evidencia com mais clareza. Além de anunciar 
o desenvolvimento e produção de novos e mais potentes armamentos, estes países também 
costumam organizar manobras militares, exibindo para o mundo a sua capacidade de destruição. 
Manobras militares são exercícios que simulam uma ação de guerra, mobilizando tropas e 
equipamentos para combates fictícios. Porém, mais do que um ensaio de guerra, tais manobras se 
configuram como verdadeiras demonstrações de força e de capacidade bélico-militar. Com frequência 
estas manobras também envolvem países aliados. 
Assim, contando com a participação chinesa, em 2018 a Rússia realizou na Sibéria a maior 
manobra militar de sua história. Semanas depois, a partir da liderança estadunidense, a OTAN 
também realizou a maior manobra militar de sua história, com exercícios que se estenderam até o 
mar Báltico, próximo à fronteira com a Rússia. 
Devido ao histórico entre estes países e à ameaça dessa nova corrida armamentista, a relação 
hostil envolvendo EUA e a Rússia tem sido chamada pelos meios jornalísticos de “nova Guerra Fria”. 
Em outras palavras, é como se o mundo estivesse assistindo a uma nova edição do conflito Leste-
Oeste, só que menos ameaçadora. Seja como for, é importante frisar que essa “nova guerra fria”, ou 
esta nova versão do conflito Leste-Oeste, não é resultado do confronto de dois sistemas político-
econômicos antagônicos, como ocorreu durante a Guerra Fria, já que ambos os países são 
capitalistas. 
Mais recentemente, a imprensa também passou a denominar de “guerra fria” as disputas 
políticas, comerciais e tecnológicas envolvendo EUA e China. Assim como ocorre no caso das 
 
1 Professor do Departamento de Geografia do Colégio Pedro II. E-mail: tiagogalinari@yahoo.com.br 
2 Referente ao período iniciado em maio de 2000, quando o governo russo passou a ser presidido por Vladimir Putin. É preciso destacar que 
Putin não presidiu o país continuamente, pois entre 2008 e 2012 ele assumiu o cargo de primeiro ministro. De todo modo, durante esse período 
ele seguiu como principal liderança política do país. 
disputas entre EUA e Rússia, essa dita “guerra fria” protagonizada por EUA e China também não é 
resultado do confronto ideológico de sistemas político-econômicos antagônicos. Apesar das muitas 
diferenças políticas e econômicas entre estes dois países, este confronto é fruto, sobretudo, de uma 
disputa por mercados. 
Atualmente, EUA e China lideram a economia mundial, sendo também os países que mais 
investem em armas, e, certamente, se configuram como os países com maior capacidade de 
influenciar a política de outros países. Os EUA ainda estão na frente da China, seja econômica, 
política ou militarmente, mas o mundo caminha a passos largos para o estabelecimento de uma 
bipolaridade política e bélico militar. Além do mais, é bem provável que a economia chinesa ultrapasse 
a estadunidense nos próximos anos, mesmo que, de maneira geral, os indicadores sociais desta 
potência asiática sigam muito mais baixos do que os dos EUA. Em suma, mais do que as tensões 
entre Rússia e EUA, talvez o conflito Leste-Oeste que move a Ordem Geopolítica atual seja, na 
verdade, as disputas entre os EUA e a China. 
Como já foi discutido em tópicos anteriores, a Ordem Geopolítica atual é marcada por 
diferentes disputas. Assim, outra disputa que ganhou força, especialmente a partir da virada do 
milênio, foi o conflito Norte-Sul. O exemplo do entrave nas negociações da Rodada de Doha, citada 
no tópico anterior, ilustra muito bem este conflito. Ele ocorre, de maneira geral, devido aos interesses 
que o conjunto dos países do Sul têm em comum e que se contrapõem aos interesses dos países do 
Norte. 
Os países do Norte são, em sua maioria, países industrializados e de alto desenvolvimento 
econômico e social. Eles estão localizados, com exceção da Austrália e da Nova Zelândia, no 
hemisfério norte. Já os países do Sul, localizados majoritariamente a sul dos países do Norte, 
apresentam, em sua maioria, graves problemas sociais. Grande parte destes últimos foi colonizada, 
justamente, por alguns países do Norte. 
É claro que em cada uma destas regiões (Norte e Sul) coexistem interesses conflitantes, 
sendo, então, impossível estabelecer algumas demandas como sendo comuns a todos os países das 
respectivas regiões. Mesmo assim, parece haver certa mobilização de muitos países do Sul, se 
contrapondo aos interesses de muitos dos países do Norte, sobretudo de suas principais potências, 
pelo menos em alguns temas. No caso da Rodada de Doha, os países do Sul exigem uma diminuição 
dos subsídios agrícolas concedidos pelos países mais ricos. Já as potências do Norte exigem que os 
países do Sul reduzam suas tarifas alfandegárias e permitam a livre circulação de mercadorias. O 
impasse gerado por estes interesses conflitantes demonstra o ganho de relevância política dos países 
do Sul, pois, ao contrário do que ocorria no passado, estes últimos não mais se submetem tão 
facilmente às demandas do Norte. 
Todavia, além da questão comercial, outros temas também têm provocado disputas (políticas, 
ideológicas, econômicas etc.) entre os países do Norte e os do Sul. Entre estas matérias, duas 
merecem destaque: a que se refere aos problemas ambientais em escala global e a que se refere às 
migrações internacionais. É importante destacar que isso só foi possível a partir do fortalecimento das 
relações Sul-Sul, isto é, da aproximação política e diplomática de países em desenvolvimento. O 
Fórum IBAS, composto por Índia, Brasil e África do Sul é um exemplo disso. 
O Brasil, aliás, assumiu um importante papel de liderança entre os países do Sul, 
especialmente durante a gestão petista (2003-2016). Nos últimos anos o país passou a adotar uma 
outra abordagem em sua política externa, se aproximando mais dos EUA – em razão, sobretudo, do 
alinhamento político do atual presidentebrasileiro em relação ao presidente estadunidense –, e se 
afastando de alguns de seus aliados do Sul. Consequentemente, o Brasil perdeu o protagonismo que 
havia conquistado nas disputas Norte-Sul. 
Como visto, mais que uma regionalização que procura diferenciar países segundo o nível de 
desenvolvimento ou riqueza, a regionalização Norte-Sul também pode evidenciar choques de 
interesses que, a cada dia, se tornam mais relevantes na (re)organização do espaço mundial. 
Percebemos, por tudo o que foi discutido até aqui, que a Nova Ordem Mundial comporta uma 
miríade de conflitos, tornando-a impossível de ser explicada com base em apenas um aspecto. Sem 
esgotar as possibilidades de se interpretar as disputas por poder em escala internacional, este texto 
apenas procurou citar algumas das mais debatidas na atualidade. 
 
 
 
 
EXERCÍCIOS 
 
1) Faça uma lista contendo as palavras e expressões presentes no texto que você não conhecia. Busque 
no dicionário e na Internet o seu significado e, em seguida, elabore um glossário. 
 
2) Diferencie o conflito Norte-Sul do conflito Leste-Oeste. Identifique a natureza destes conflitos, assim 
como os principais países envolvidos. 
 
3) Assista aos vídeos “Até que ponto a China ainda é realmente comunista?” e “China: da revolução 
comunista ao protagonismo mundial”, produzidos, respectivamente, pela BBC Brasil e pelo NEXO Jornal. 
Eles estão disponíveis gratuitamente no Youtube através dos links: 
https://www.youtube.com/watch?v=OLh-gZngg54 e https://www.youtube.com/watch?v=DFTohMYUyTc . 
Em seguida, responda às seguintes perguntas: 
a) Quais as principais mudanças que ocorreram na China a partir da década de 1970? 
 
b) Quais as contradições em chamar a China de comunista? 
 
c) Quais as principais características da economia chinesa? 
 
d) No que consiste a nova Rota da Seda? 
 
 
4) A partir da análise da charge abaixo, discuta as atuais relações entre EUA e China. 
 
 
5) Faça uma consulta na Internet sobre a guerra comercial envolvendo EUA e China. Discuta sobre as 
principais causas e efeitos desta disputa. 
https://www.youtube.com/watch?v=OLh-gZngg54
https://www.youtube.com/watch?v=DFTohMYUyTc

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