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Sistema Locomotor de Bovinos - Semiologia Veterinária

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Medicina Veterinária Semiologia Veterinária Rebeca Meneses 
@RebecaWoset 
 
Preliminarmente, as claudicações na espécie 
bovina devem ser definidas como um distúrbio do 
padrão biomecânico de locomoção em um ou mais 
membros, causado frequentemente pela 
ocorrência de dor. Frequentemente, a ocorrência 
de processos dolorosos em um membro induz 
movimentos compensatórios discretos nos outros 
membros e cabeça, durante o andamento. 
ANATOMIA FUNCIONAL DO 
APARELHO LOCOMOTOR BOVINO 
A muralha, a sola e os talões dos cascos são 
compostos de uma camada epidermal de 
queratina não sensitiva. 
 
Os cascos crescem aproximadamente 5 mm por 
mês, quando submetidos a condições normais de 
temperatura e umidade; essa taxa de crescimento 
pode sofrer variações para mais ou para menos, 
conforme a estação do ano e as condições 
ambientais. Assim, a maior e a menor taxas de 
crescimento são observadas no verão e no 
inverno, respectivamente. Outro ponto a ser 
observado são as taxas de crescimento 
naturalmente maiores para os membros pélvicos. 
Entre a muralha e a sola do casco existe uma 
estrutura delimitada, denominada linha branca. A 
linha branca apresenta aproximadamente 2 cm de 
largura e representa a união do epitélio laminar da 
muralha com a sola do casco. Em decorrência de 
sua constituição mais macia em relação às demais 
estruturas que compõem o casco, costuma ser 
frequentemente acometida pelo acúmulo de 
sujidades, corpos estranhos e rachaduras. 
Em virtude das variações de peso entre os animais 
de diferentes faixas etárias, ocorre maior 
deposição de queratina na muralha, sola e talões 
do casco mais exigido. Assim, observa-se que não 
existem variações entre os cascos medial e lateral 
de animais jovens. Contudo, os cascos laterais dos 
membros pélvicos exibem maior deposição de 
queratina, sendo o inverso verificado nos 
membros torácicos de animais adultos. 
Similarmente, a sustentação do peso do animal 
não é distribuí da de maneira igual pelas diferentes 
re giões da superfície da sola do casco, sendo o 
terço médio abaxial da muralha e o talão as 
principais re giões de sustentação do peso. Ao 
examinar bovinos com cascos demasiadamente 
longos, deve-se considerar que essas forças de 
sustentação são deslocadas em direção aos 
bulbos. 
A falange distal apresenta em sua totalidade 
proximal um sulco ar ticular, responsável pela 
acomodação e ar ticulação da falange média. Sua 
borda dorsal é formada por pronunciada 
eminência, denominada processo extensor, na 
qual se insere o tendão extensor digital comum. 
 
 
 
 
 
Medicina Veterinária Semiologia Veterinária Rebeca Meneses 
@RebecaWoset 
 
 
 
A flexão e a extensão das ar ticulações que 
compõem os membros são determinadas pela 
contração e pelo relaxamento das unidades 
musculotendíneas flexoras e extensoras. O 
músculo tríceps e sua inervação exercida pelo 
radial desempenham papel crucial na habilidade 
para sustentação do peso do animal, pois esse 
músculo é requerido para extensão da ar ticulação 
umerorradioulnar. Função similar é realizada pelo 
músculo quadríceps e sua inervação pelo femoral 
(que determinam a extensão da ar ticulação 
femorotibiopatelar) e pelo músculo gastrocnêmio 
e nervo tibial, responsáveis pela extensão da ar 
ticulação do tarso. 
IDENTIFICAÇÃO DO ANIMAL 
Nos touros, as enfermidades costumam ocorrer 
com maior frequência nos membros pélvicos, 
sendo exemplo clássico a gonite em consequência 
do esforço para realização da monta, resultando 
em sobrecarga na articulação femorotibiopatelar 
e desencadeamento de processo degenerativo. 
Nas vacas leiteiras, em decorrência das 
adversidades dos pisos contidos nos diversos 
sistemas de produção utilizados nas propriedades, 
as enfermidades localizadas nos dígitos 
apresentam prevalência mais elevada. 
Vacas de peso elevado e alta produção, 
alimentadas com altos níveis de carboidratos e 
fibra de baixa digestibilidade, podem apresentar 
alterações estruturais nas diversas camadas que 
constituem o casco. 
ESCORE DE CLAUDICAÇÃO 
0- Sem claudicação 
1- Claudicação inconsistente em certas 
superfícies 
2- Claudicação consistente em certas 
superfícies 
3- Claudicação ao trote 
4- Claudicação ao passo 
5- Perca de função 
ANAMNESE 
Dentre os diversos aspectos que devem ser 
abordados durante a formulação das questões, 
destacam-se: 
SISTEMA DE PRODUÇÃO UTILIZADO 
NA PROPRIEDADE 
Deve-se dar atenção especial ao sistema de 
produção adotado em cada propriedade (p. ex., 
freestal, tiestall), pois sistemas de criação como 
esses, que mantêm os animais confinados e 
submetidos a pisos úmidos e abrasivos, resultam 
em maior incidência de enfermidades podais. Caso 
o piso utilizado seja concreto, deve-se atentar para 
sua abrasividade. 
PRODUÇÃO DIÁ RIA DE LEITE DO 
ANIMAL (EXCLUSIVA PARA VACAS 
LEITEIRAS EM LACTAÇÃO) 
Vacas de produção leiteira elevada estão sujeitas 
a maior número de enfermidades, pois necessitam 
e recebem maior quantidade de concentrado; em 
geral, são animais pesados e apresentam úbere 
volumoso. 
QUANTIDADE E QUALIDADE DA 
ALIMENTAÇÃO FORNECIDA 
 
 
 
Medicina Veterinária Semiologia Veterinária Rebeca Meneses 
@RebecaWoset 
 
O questionamento não deve se limitar às 
informações referentes à qualidade e à 
quantidade de concentrado e volumoso fornecido 
ao bovino, mas também deve abordar a 
procedência, o modo de armazenamento e as 
alterações recentemente promovidas. 
Principalmente em suspeita de laminite que 
ocorre pela ingestão excessiva de carboidratos 
solúveis e volumosos de baixa digestibilidade. 
TIPO DE MANEJO 
Alterações que podem ser responsáveis pelo 
aumento do número de animais acometidos – 
bem como pela diversidade de enfermidades 
podais na propriedade – muitas vezes passam 
despercebidas pelo tratador. Entre elas, devemos 
considerar: 
• Tempo de permanência em piquetes e 
qualidade destes 
• Piso dos currais e ao redor dos cochos 
• Frequência de utilização do pedilúvio. 
A utilização de pedilúvios contendo, 
separadamente, soluções de sulfato de cobre 5 a 
10%, formalina 3 a 10% ou sulfato de zinco 10 a 
20%, acrescidos ou não de um surfactante (lauril 
sulfato de sódio) é bom para diminuir a incidência. 
DURAÇÃO, TIPO E INTENSIDADE DA 
CLAUDICAÇÃO 
Claudicações de início repentino podem indicar 
inflamação aguda como flegmão interdigital, 
abscesso subsolear e penetração de corpos 
estranhos na sola ou espaço interdigital. O lento e 
gradual agravamento da sintomatologia referente 
ao sistema locomotor pode sugerir a ocorrência de 
doença degenerativa, citando como exemplo a 
osteocondrose. 
EXAME FÍSICO ESPECÍFICO 
INSPEÇÃO DO BOVINO EM POSIÇÃO 
QUADRUPEDAL 
Ao inspecionar um animal com suspeita de 
claudicação, deve-se, inicialmente, observar o 
porte físico, o estado corporal e a conformação 
geral do animal, a qual deve ser analisada com 
ênfase especial aos membros e cascos. É preciso 
atentar para desvios nos eixos ósseos dos 
membros, alterações das angulações ar ticulares, 
deformações nos cascos (decorrentes de 
crescimento exagerado da região apical ou 
bulbar), lesões no espaço interdigital, edemas, 
feridas, fístulas e atrofias muscula res, 
especialmente dos músculos glúteos. 
INSPEÇÃO DO BOVINO EM 
MOVIMENTO 
Ao inspecionar um bovino em movimento, deve-
se respeitar o temperamento do animal. Sempre 
que possível, deve-se fazer com que o animal 
caminhe em pisos que promovam maior e menor 
concussão, concreto e gramado, respectivamente. 
Escore Anormalidade 
de andamento 
Descrição 
0 Ausente Anormalidade de 
andamento não 
visível ao caminhar; 
animal não relutante 
em caminhar 
1 Leve Variação leve no 
andamento ao 
caminhar; incluindo 
andamento 
assimétrico 
intermitente leve e 
pequena restrição 
bilateral ou 
quadrilateral em 
movimentos livres 
2 Moderado Assimetria 
moderada no 
andamento e 
consistente ou 
andamentosimétrico, mas 
 
 
 
Medicina Veterinária Semiologia Veterinária Rebeca Meneses 
@RebecaWoset 
 
anormal, porém hábil 
para caminhar 
3 Grave Andamento variando 
de assimetria 
marcante a grave 
anormalidade 
simétrica 
4 Imobilidade Decúbito 
O examinador deve estar atento e apto a 
individualizar os componentes do passo, 
incluindo: posição do dígito ao tocar ou deixar o 
solo; trajetória e o tempo despendido em cada 
fase do andamento. 
As afecções que acometem a sola dos cascos, tais 
como úlcera de sola e abscessos subsoleares, 
podem causar encurtamento da fase de 
sustentação do peso durante o passo e 
prolongamento da fase de não sustentação do 
peso no membro acometido. Assim, o animal 
relutará em apoiar os cascos desse membro no 
solo e, contrariamente, tenderá a remover a 
pressão exercida sobre a sola, promovendo sua 
elevação o maior tempo possível. 
REFERÊNCIAS 
F., FEITOSA,.Francisco. L. Semiologia Veterinária - 
A Arte do Diagnóstico. Grupo GEN, 2020.

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