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Aula 1. Introdução à semiologia • Semiologia = semiotécnicas + semiogênese + clínica propedêutica a) Semiotécnicas: é a utilização de recursos disponíveis para avaliar o paciente enfermo, a arte de examinar o paciente. i. Semiotécnica física: determina as alterações anatômicas por meios físicos. Ex: inspeção, palpação, percussão... ii. Semiotécnica funcional: determina as alterações por meio de registros gráficos. Ex: eletrocardiografia. iii. Semiotécnica experimental: utiliza métodos experimentação para auxiliar no diagnóstico. Ex: inoculação de reagentes em animais de laboratório ou no próprio paciente. b) Semiogênese: explica os mecanismos pelos quais os sintomas aparecem e se desenvolvem Clínica propedêutica: análise do conjunto de dados obtidos sem o uso de procedimentos diagnósticos específicos, apenas via observação, palpação medida de temperatura e outros exames simples e inespecíficos. • Sinais: além da observação de anormalidades. É a impressão que o avaliador tem após interpretar os sintomas observados. Ex: Godet positivo • Sintomas: fenômeno anormal pelo qual a doença se manifesta. Ex: tosse, claudicação... → Tipos de sintomas a) Locais: se manifesta com relação ao órgão acometido b) Gerais: resultante do comprometimento orgânico como um todo, ou de um órgão/sistema que impacta os demais. Leva a prejuízo outras funções do organismo. ex: neoplasia mamária com metástase para o pulmão. c) Principal: fornece subsídio sobre o provável sistema orgânico envolvido. Ex: dispneia nas afecções pulmonares. d) Patognomônicos: são raros. Ex: corpúsculos de Negri nos pacientes com raiva → Evolução dos sintomas a) Iniciais: primeiros sintomas reveladores da doença b) Tardios: aparecem no período de estabilidade ou declínio da doença c) Residuais: surgem quando o paciente aparenta estar se recuperando. Ex: mioclonia no caso da cinomose → Mecanismo de produção do sintoma a) Anatômico: alteração da forma de um órgão ou tecido. Ex: esplenomegalia, hepatomegalia b) Funcional: relacionada a alteração da função do órgão. Ex: claudicação c) Reflexo ou sintomas distantes: originados longe da área onde os principais acontecem. Ex: sudorese em caso de cólica, taquipneia em caso de uremia, icterícia em caso de hepatite. • Síndrome: é o conjunto de sintomas clínicos, de múltiplas causas que afetam diversos sistemas; caracterizam determinada enfermidade ou lesão. Nem sempre é determinante, podendo ser inespecífica, como a febre. O reconhecimento de uma síndrome constitui um diagnóstico sindrômico. • Diagnóstico: diagnosticar uma dada enfermidade por suas manifestações clínicas e prever seu prognóstico. Diagnóstico = 50% anamnese + 35% exame físico + 15% exames complementares. → Tipos de diagnóstico a) Nosológico ou clínico: anamnese + exame físico + exame complementar. Ex: pneumonia, tétano, raiva. b) Anatômico: observa o local e tipo de alteração. Ex: lesão na válvula tricúspide. c) Terapêutico: há suspeita da enfermidade, faz um tratamento medicamentoso e com a resposta favorável, fecha o diagnóstico. Ex: animal magro, pelos eriçados, mucosa pálida → entra com vermífugo d) Etiológico: é feito através da comprovação de sua causa, seja por método clínico ou exames laboratoriais. Ex: tétano e botulismo e) Diagnóstico histopatológico: análise microscópica do tecido f) Anatomopatológico: exame macro e micro de peças cirúrgicas, biópsias, exames post mortem, englobando o diagnóstico anatômico e histopatológico. g) Radiológico: utiliza o raio x → Nem sempre é possível fechar um diagnóstico de imediato, é conveniente realizar um provável, provisório ou presuntivo. Deve-se tentar fechar por eliminação. → Principais causas de erros: 1. Anamnese incompleta ou preenchida errada 2. Exame físico superficial ou feito com pressa 3. Avaliação precipitada ou com falsos achados 4. Domínio insuficiente das técnicas dos exames físicos específicos 5. Impulso em tratar antes de estabelecer um diagnóstico • Princípios de Hutchinson 1. Não seja demasiadamente sagaz 2. Não tenha pressa 3. Não tenha predileções 4. Não diagnostique raridades, pense nas hipóteses mais simples 5. Não tenha rótulo por diagnóstico 6. Não tenha prevenções 7. Não seja demasiadamente seguro de si 8. Não hesite em rever seu diagnóstico, de tempos em tempos, nos casos crônicos • Prognóstico: prever a evolução da doença e suas prováveis consequências. → Aspectos que orientam o prognóstico: a) Perspectiva de salvar a vida b) Perspectiva de recuperar a saúde ou curar o paciente c) Perspectiva de manter a capacidade funcional dos órgãos acometidos → Tipos de prognóstico a) Favorável: evolução satisfatória b) Duvidoso, reservado ou incerto: cursos imprevisíveis c) Desfavorável: possibilidade de óbito • Tratamento ou resolução: é possível utilizar meios cirúrgicos, medicamentosos e dietéticos. Quanto a finalidade ele pode ser: 1. Causal: um meio que combata a doença. Ex: hipocalcemia → administra-se cálcio 2. Sintomático: combater apenas os sintomas ou abrandar o sofrimento do animal (analgésico). Ex: anorexia → administra-se orexigênicos 3. Patogênico: modificar o desenvolvimento da doença. Ex: no caso do tétano utiliza soro antitetânico antes que as toxinas alcancem os neurônios 4. Vital: procura evitar complicações que podem levar a morte. Ex: transfusão • Inspeção: sempre realize o exame em um local bem iluminado, de preferência com luz de cor branca e boa intensidade; quando necessário observar o animal em seu próprio ambiente, com sua família e, primeiro, a distância se possível. Nunca contenha o animal antes de observá-lo; limite-se a descrever o que está vendo, depois interprete. → Tipos de inspeção: a) Panorâmica: observa o paciente como um todo. Ex: condição corporal b) Localizada: observa apenas uma região. Ex: glândula mamaria, membros... c) Direita: a visão é o principal meio utilizado. Ex: olhar pelos, pele, mucosa, respiração, secreção, cicatrizes, claudicação... d) Indireta: é feita com auxílio de aparelhos. Ex: otoscópio, raio-x, ultrassom, microscópio, registros grafitos. • Palpação: complementa a inspiração. É a utilização do sentido tátil ou da força muscular, usando mãos, pontas dos dedos, punho, instrumentos para melhor determinar as características de um sistema orgânico ou área explorada. → Consistências: a) Pastosa: estrutura cede e se deforma facilmente, permanecendo quando a impressão é cessada. Ex: Godet positivo b) Mole: estrutura macia, porém flexível, reassume seu formato após sessar a pressão. Ex: tecido adiposo c) Firme: estrutura oferece resistência, se deforma e volta ao normal. Ex: fígado, músculo d) Dura: estrutura não cede. Ex: ossos, alguns tipos de tumores. e) Crepitante: quando o tecido contém ar ou gás • Ausculta: é a avaliação dos ruídos que os órgãos produzem ESPONTANEAMENTE. Diferente da percussão, onde o som é produzido pelo examinador. → Principais usos da ausculta: pulmonar, cardíaco e abdominal. → Tipos de ausculta a) Direta ou imediata: coloca o ouvido diretamente na área a ser examinada. Protege a área com um pano. É difícil com o animal que não fica quieto e também há a mistura com os sons externos, além da pele do animal que pode estar úmida e suja. b) Indireta ou mediata: utiliza o auxílio do aparelho de ausculta → estetoscópio → Utiliza um aparelho de qualidade e ausculte em um ambiente tranquilo, livre e ruídos acessórios. → Foque a atenção no ruído que está ouvindo e evite acidentes, auscultando somente quando o animal estiver devidamente contido. → Tipos de ruídos: a) Aéreos: ocorrem pela movimentação de gás → inspiração b) Hidroaéreos: ocorrem pela movimentação de gás em meio líquido → borborigmo intestinal c) Líquido: produzido pela movimentação de líquidos d) Sólidos: deve-se ao atrito de duas superfícies rugosas • Percussão: análisedo ruido produzido ao se golpear, brevemente, uma região do corpo, permitindo uma avalição de tecidos com até 7cm de profundidade; permite fazer comparações entre as variadas respostas obtidas. Importante colocar o paciente em posição quadrupedal, evite percutir animais que esteja em decúbito lateral. → Tipos de percussão: a) Direta ou percussão digital: o examinador se posiciona do lado oposto da estrutura a ser examinada b) Indireta: o examinado se posiciona do mesmo lado da região a ser repercutida → uso de plexímetro e martelo → Tipos de som: a) Som mate/maciço: intensidade, duração b) Som claro: intensidade, duração, ressonância c) Som timpânico: intensidade, duração, ressonância d) Sons especiais: ressonâncias especiais, como som metálico. • Olfato: empregado no exame de odor cutâneo, do ar expirado e das secreções corporais dos pacientes. • Punção – centese: exploração de órgão ou cavidades internas, utilizando uma agulha/trocanter/cânula, que permite exames físicos, químicos, citológicos e bacteriológicos. • Biópsia: é a colheita de pequeno fragmento tecidual. Objetivos: 1. Diferencias neoplasias benignas e malignas 2. Auxiliar na confirmação do diagnóstico 3. Diferenciar tumores: inflamatórios, hiperplásicos e neoplásicos • Exames laboratoriais: sangue, urina, fezes, exsudatos e transudatos, raspados cutâneos, PCR e testes sorológicos. a) Inoculação diagnóstica: quando se suspeita de uma enfermidade, inocula-se material do paciente doente em um animal saudável para verificar a transmissão da doença. Ex: botulismo. b) Reações alérgicas: é a inoculação de antígenos, sob forma de proteínas derivadas de microrganismos específicos que estejam ou tenha infectado o paciente. • Plano geral do exame clínico: Aula 2. Contenção Física e Química • Objetivos da contenção mecânica/física: proteger todos os envolvidos (veterinário, auxiliar e animal), facilitar o exame físico, evitar fugar e acidentes, permitir a realização de procedimento. Antes da fase de contenção é necessário realizar tentativas para amenizar os efeitos causamos pelo examinador e pelo ambiente → aproximar-se chamando o nome do animal, estalando os dedos, fazendo carinho e agrados, deixe o paciente te conhecer. • Sempre comece com métodos mais simples, evite movimentos bruscos, tente ganhar a confiança do paciente. Procure um ambiente confortável para o paciente, evite locais escorregadios, instáveis e frios, e escolha o local apropriado para o porte do paciente. Identificação do paciente (espécie, raça, sexo, idade, pelagem...) Anamnese Exame físico geral e específico Solicitação e interpreção de exames, se necessário Diagnóstico e prognóstico Tratamento Sempre busque conhecer o histórico do paciente → possui alguma alteração ventilatória? Cuidado ao usar a mordaça. • Importante conhecer o temperamento do paciente; se necessário peça ajuda a um auxiliar ou ao proprietário do animal. Se necessário utilizar a contenção química. Informar ao proprietário os riscos da técnica. NÃO DISPUTAMOS FORÇA COM NOSSOS PACIENTES! • Devemos nos aproximas com cautela e fazer a manipulação com calma, pois movimentos bruscos podem causar alterações na FC, FR, pulso, temperatura e glicemia. • Técnicas: a) Mordaça b) Focinheira c) Colar elizabetano d) Cambão e) Contenção manual: deitar o animal de lado e segura o braço e perna que estão apoiados no chão. f) Toalha g) Bolsa de contenção: gatos • Contenção química: possibilita um exame detalhado, seguro, gera menos estresse e possibilita examinar o animal com dor. Porém, alguns parâmetros podem se alterar como FC, FR, PA, T. Sempre ponderar qual método utilizar, se vai gerar dor, se é necessário jejum e onde será feito o exame. → Vias de administração a) Oral: tempo de latência 1 a 2 horas. ⎯ Vantagem: o proprietário pode administrar em casa, é uma administração não invasiva. Podem ser administrados direto na boca ou misturados em um pouco de água (seringa) ou em um pouco de alimento sólido. Nunca colocar na água. ⎯ Desvantagem: tempo de latência longo b) Tópico: gel, pomada, spray, colírios ⎯ Aplicação na mucosa é mais eficaz, tem efeito superior. Na pele a absorção é menor. ⎯ Não aplicar em mucosa e pele lesionada, apenas íntegra. ⎯ Exame oftálmico: colírios anestésicos c) Parenterais: subcutânea, intramuscular e intravenosa ⎯ Necessário a antissepsia do local e do material. ⎯ Material sempre descartável e adequado ⎯ O bisel da agulha deve ser posicionado de forma a facilitar a perfuração ⎯ Intravenosa: tricotomia facilita a encontrar a veia e melhora a antissepsia. Efeito imediato, tempo de latência máximo em 15 min. Paciente deve ser mobilizado para punção venosa e tem risco de flebites. ⎯ Subcutânea: absorção retardada → tempo de latência 30 a 45min. É útil para animais de difícil contenção e o local deve permitir o descolamento da pele. ⎯ Intramuscular: Útil para animais agressivos; aplicar preferencialmente no MP. Complicações: abscessos, lesão do nervo ciático. Tempo de latência: 15 a 30min. Duração menor que a subcutânea. São medicamentos mais viscosos ou com pH extremos podem causar dor. Quando mais calibrosa a agulha mais dor. Músculos de eleição: bíceps femoral, semitendíneo e semibremembráceo. Subcutâneo Intramuscular Intravenoso Tempo de latência: 30 a 45min Tempo de latência: 15 a 30min. Porém, dura menos que o subcutâneo. Tempo de latência: máximo 15min. Efeito imediato. Locais onde a pele descola MP: bíceps femoral, semitendíneo e semimembranáceo Tricotomia facilita Animais de difícil contenção Animais agressivos. Tem que mobilizar o animal para punção venosa Complicações: abscessos e lesão do nervo ciático. Causa dor → medicamento viscoso ou com pH alto Risco de flebite • Principais fármacos – tranquilizantes e sedativos a) Fenotiazínicos: → Boa tranquilização e relaxamento muscular → Reduzem ansiedade → Relaxamento de cabeça e pescoço → Pacientes tendem a sentar e deitar → Respondem a reflexos externos → Levam a depressão do SNC → Atuam no hipotálamo e no sistema límbico → Abaixam a temperatura e a PA → Não conferem analgesia → Acepromazina (IM, SC, IV, VO), clorpromazina. b) Benzodiazepínicos → Possuem efeito sedativo, miorrelaxante e anticonvulsivante → Não devem ser utilizados como sedativo único → Seu uso na sedação deve ser apenas para miorrelaxamento → Efeito paradoxal: mais comum em hígidos → Associados principalmente com fenotiazínicos → Associados reduzem a dose e potencializam os fenotiazínicos → Induzem sonolência e sedação → Hiperpolarização do neurônio pós simpático pela abertura dos canais de Cl- → Diazepam e midazolam. Retal, IM, SC, IV (menos dolorido) c) Opioides → São analgésicos potentes, agendem nos receptores opioides específicos → Utilizados associados a tranquilizantes e sedativos → Pode causar apneia → Antagonista: naloxona → Quando utilizar os de ação rápida (fentanil, remifentanil...)? No transoperatório, pois tem um tempo de ação muito curto. → Morfina, meperidina, butorfonal e tramal. IV, SC E IM. d) Agonistas alfa2 → Induzem ao miorrelaxamento, sedação, analgesia e inibem espasmos musculares → Atuam estimulando a ação dos receptores alfa 2 pré simpáticos (reduz nora e ATP) → Analgesia dose-efeito → Hipertensão por 5 a 10 minutos → Bradicardia → Após queda do débito cardíaco e de pressão arterial → Comum êmese após aplicação IM ou SC → Não utilizar em cardiopatas ou doentes respiratórios → Dexmedetomidina (mais seletiva alfa2) e) Anestésicos dissociativos → Há dissociação do sistema tálamo e límbico → Indicado para os casos em que a imobilização do animal seja necessária → O animal fica consciente, com os olhos abertos, porém completamente alheio ao ambiente que o cerca. → Aumenta a pressão intraoculare é contraindicado para epiléticos → Aumenta a PA e FC. → Pode causar salivação, que pode ser revertida com atropina → Cuidado com o uso em felinos → Devido a tonicidade muscular, é comum o uso associado a um relaxante muscular f) Anestésicos gerais → Utilizada em procedimentos semiológicos específicos → Anestesia intravenoso é mais indicada → Mielografia e diagnóstico de displasia coxofemoral → Pode-se utilizar barbitúricos (tiopental) ou propofol → Hepatopatas não podem utilizar barbitúricos → Principal fármaco: propofol → reação síndrome de Schiff-sherrington → É indicado uso de medicação pré-anestésica antes de uma anestesia geral, a fim de reduzir a dose do anestésico geral. g) Anticonvulsivante → Ação ansiolítica, diminui emoções negativas, miados, agressões e fugas → Administração pré-hospitalar (2 a 3h) → 50 a 100mg/gato Aula 3. Exame físico geral ou de rotina Uma vez que nossos pacientes não verbalizam o que sentem é necessário realizar um exame físico geral. Através do exame de rotina é possível: a) Criar parâmetros de evolução do paciente b) Observar se a queixa principal tem relação com o sistema primariamente acometido c) Complementar histórias vagas e/ou imprecisas Ainda, é importante que seja metódico e tenha uma mesma ordem; o veterinário pode criar na sua própria rotina uma ordem para pacientes críticos e pacientes saudáveis, e quando necessário mudar a ordem pré-estabelecida. Quando necessário pode ser realizado um exame rápido inicialmente. A observação do animal pode indicar inúmeras informações uteis para o diagnóstico, tais como: a) Nível de consciência: → Alerta: normal → Aumentado: excitado → Diminuído: deprimido ou apático → Ausente: coma b) Postura e locomoção: observar o posicionamento adotado em posição quadrupedal, em decúbito ou durante a locomoção (observar como está andando). Uma postura ou locomoção anormal pode indicar dor localizada, fratura, luxação ou doença neurológica. c) Estado nutricional/score corporal/condição física ou corporal: obeso, gordo, normal, magro, caquético. → Obesidade: pode ser endógena (diabetes e hipotireoidismo), exógena (alta ingestão de carboidratos e gorduras) ou mista (causa alimentar e metabólica). d) Avaliação da pele: vai refletir a saúde física, estado nutricional, manejo realizado e estado de hidratação. Na anamnese analisar se os pelos estão limpos, brilhantes ou eriçados, existência de ectoparasitas. → Turgor cutâneo: puxar a pele. % de desidratação Sinais clínicos < 4% Não detectáveis 4 a 5% Perda sutil de elasticidade cutânea 6 a 8% Demora definida no retorno da pele à posição normal; enoftalmia (aprofundamento do olho na órbita); mucosas possivelmente ressacadas 10 a 12% A pele distendida mantém-se no lugar; enoftalmia evidente; mucosas ressecadas; prováveis sinais de choque (FC aumentada, pulso fraco) 12 a 15% Sinais de choque, morte iminente e) Formato abdominal: normal ou anormal (timpanismo, ascite etc.) f) Características respiratórias: eupneia ou dispneia (postura ortopneica), tipo respiratório, secreção nasal etc. g) Outros: apetite, sede, defecação, vômito, secreções, micção etc. • Parâmetros vitais → Temperatura: cães e gatos → 37,2 a 39,2ºC → Frequência cardíaca: a) Cães: 60 a 160 bpm b) Gatos: 120 a 240 bpm → Frequência respiratória: a) Cães: 18 a 36 rpm b) Gatos: 20 a 40 rpm • Temperatura → Termômetros são pouco invasivos, de baixo risco para a saúde do animal, baixo custo e tem rápido resultado. → Cuidados: checar o termômetro, conter adequadamente o paciente, cuidado com a aferição manual, lubrificar e lateralizar o termômetro. → Erros: ar no reto, inflamação retal, defecação recente ou enema (administração de líquidos no intestino), tempo de permanência inadequada do termômetro. → Influência de fatores fisiológicos: ⎯ Ingestão de: alimentos, água fria ⎯ Idade, sexo: fêmeas no cio são mais quentes ⎯ Gestação ⎯ Estado nutricional ⎯ Tosquia ⎯ Temperatura ambiente ⎯ Esforço físico ⎯ Ciclo circadiano (nictemeral): variação de temperatura dependendo da hora do dia. → Glossário termométrico a) Normotermia b) Hipotermia: decréscimo da temperatura interna abaixo dos níveis de referência, que ocorre por perda excessiva de calor ou por produção insuficiente, bem como pela introdução excessiva de toxinas, que paralisam a regulação térmica central. c) Hipertermia: elevação da temperatura sem que haja alteração no termostato hipotalâmico. Ou seja, aumento da temperatura sem causa inflamatória. Principais causas: temperatura do ambiente e umidade do ar elevadas, exercícios, convulsões, desidratação, pelos ou lã em excesso, obesidade, confinamento e/ou transporte sem ventilação. A hipertermia pode ser por retenção de calor, esforço ou mista. Já a febre ou pirexia, é a elevação da temperatura corporal acima de um ponto crítico, em virtude do aparecimento de algumas doenças. Considera-se febre como o indicativo de alguma doença subjacente. i. Febrícula: 39,3 a 40ºC ii. Febre mediana: 40,1 a 41ºC iii. Febre alta: 41 a 41,5ºC iv. Febre muito alta: > 41,5ºC d) Termólise: resfriamento e) Termogênese: aquecimento f) Termorregulação: realizada pelo termostato hipotalâmico Febre Hipertermia Endotoxina Microrganismos Toxinas e produtos microbianos Fagocitose Imunocomplexos Lesão tecidual Falha na homeostase termorregulatória Maior produção de calor Menor dissipação Agressão hipotalâmica → Tipos de febre a) Simples ou típica: temperatura permanece elevada, com variação de até 1ºC b) Remitente: temperatura permanece elevada durante grande parte do dia, geralmente superior a 1ºC, caindo um pouco, mas sem voltar ao valor normal c) Intermitente: os períodos de febre perduram por um ou vários dias, sendo intercalados por períodos normotérmicos ou mesmo hipotérmicos d) Atípica: curso irregular, grandes oscilações no mesmo dia. → Estágio da febre a) Ascensão ou aparecimento: fase inicial do aumento progressivo da temperatura b) Acme ou fastígio: temperatura alcance seu limite máximo, determinando, até certo ponto, a estabilização térmica. Os tremores desaparecem. c) Defervescência: os sinais desaparecem e a temperatura baixa → Clínica da febre ⎯ Congestão de mucosas ⎯ Taquipneia: aumento da frequência respiratória ⎯ Taquicardia ⎯ Paciente deprimido ⎯ Oligoquesia: defecação reduzida ⎯ Oligúria: micção reduzida ⎯ Pele e focinho secos e sem brilho → Mecanismos de perda de calor a) Irradiação: transferência direta de calor por ondas eletromagnéticas para o meio mais frio b) Evaporação: transformação da água do estado líquido para o gasoso. Ex: cão ofegante c) Condução: perda de calor por contado direta com o ambiente, como pisos, paredes e equipamentos. Não é uma perda muito efetiva já que os animais não permanecem muito tempo em superfícies frias. d) Convecção: processos de perda de calor para o ar ou a água junto à superfície cutânea e) Micção • Mucosas: bucal, oculopalpebral, nasal, vulvar, prepucial e anal (raramente examinada). Normalmente são úmidas e brilhantes; dependem da quantidade e qualidade de sangue; se uma unidade mucosa estiver alterada pode ser um problema localizado ou uma particularidade do animal; se envolver várias mucosas pode ser indício de um comprometimento sistêmico. Além de observar a colocação, deve-se observar a presença de úlceras, hemorragias, neoplasias e secreções. → Coloração a) Normocorada: rosada b) Pálida: porcelana c) Cianótica: azulada d) Congesta: avermelhada e) Ictérica: amarelada → Icterícia ⎯ Pode ser causada por a) Doenças hemolíticas: o fígado não consegue excretar/conjugar toda a bilirrubina formada, ou seja, a quantidade de bilirrubina indireta é maior que a quantidade de bilirrubina direta. É o caso da anemia hemolítica (causa destruição da hemácia),que ode ser causada pela babesiose. → PRÉ- HEPÁTICA b) Lesões hepáticas: hepatite. → HEPÁTICA c) Obstrução dos ductos biliares: quando a bilirrubina em vez de ser excretada pela bile, chega na circulação sistêmica. Quantidade de bilirrubina direta é maior que a indireta. → PÓS-HEPÁTICA • Secreções a) Fluida: líquida, aquosa, pouco viscosa, transparente b) Serosa: mais densa que a fluida, ainda transparente c) Catarral: mais viscosa, mais pegajosa, esbranquiçada d) Purulenta: mais densa, amarelo-esverdeada, amarelo-esbranquiçada e) Sanguinolenta: vermelho vivo ou enegrecida f) Piosanguinolenta: sangue com pus • Linfonodos: tendem a aumentar com a inflamação, infecção e neoplasmas; possuem o formato de um rim; podem comprometer a função de outros sistemas e sua investigação pode ser feita por palpação, biópsia ou PAAF → histopatológico, citopatológico. → O que avaliar: tamanho, sensibilidade, consistência, mobilidade, temperatura. → Localização: Aula 4. Semiologia do Sistema Digestório • Fome = sensação de vazio no estômago, é a necessidade do alimento • Apetite = é o desejo do alimento, está associado ao paladar • Termos semiológicos: → Normorexia/normofagia: ingestão normal de alimentos → Polifagia: fome excessiva → Anorexia: falta de apetite → Inapetência: perda parcial de apetite (paladar seletivo) → Parorexia: ingestão anormal de itens → Disfagia: dificuldade de deglutir → Odinofagia: dor ao deglutir → Afagia: impossibilidade de engolir → Normodipsia: ingestão normal de água → Polidipsia: aumento da ingestão de água → Hipodipsia/oligodipsia: redução da ingestão de água → Adipsia: não ingestão de água → Tenesmo: desconforto para evacuar → Constipação: não evacua e as fezes estão ressecadas → Disquesia: não evacua → Diarreia: fezes líquidas → Normoquesia: eliminação normal de fezes → Hematoquesia: fezes com sangue – sangue avermelhado → Hematêmese: vômito com sangue → Vômito fecalóide: vômito com fezes → Melena: fezes com sangue enegrecido – foi digerido • Ingestão de água: é controlada pelos osmorreceptores no centro da sede no hipotálamo; o volume varia de acordo com a espécie, temperatura ambiental, atividade física, idade e quantidade de água nos alimentos. → Cães e gatos ingerem em média 100ml/kg/dia → Débito urinário: 1 a 2 ml por kg por hora • Preensão dos alimentos: é a maneira de levar o alimento a boca. Os cães e gatos utilizam dentes, usando algumas vezes os membros torácicos para ajudá-los e os lábios. • Mastigação: se necessário podem lacerar, fracionar e deglutir. Carnívoros basicamente engolem. • Deglutição: → Tempo bucal: alimento mastigado e lubrificado → Tempo faríngeo: respiração é cessada, há o levantamento da epiglote e contração da glote impedindo a entrada do alimento nas vias aéreas; a respiração é cessada. → Tempo esofágico: no esôfago, o alimento é transportado por movimentos peristálticos desde a faringe até o estômago. • Anamnese: 1. O que está acontecendo? 2. Quando o problema começou e como evoluiu? 3. Características fecais e alimentares? 4. Qual a dieta fornecida? 5. Come mais alguma coisa? 6. Convive com crianças ou idosos? 7. Houve tratamentos anteriores? 8. Onde mora? 9. Onde passeia? 10. Qual manejo da caixa sanitária? 11. Qual substrato utiliza? 12. Quantos animais vivem na casa? • Inspeção: realizada logo após a anamnese, a inspeção direta (apenas olhar) é feita sem contenção. Deve-se observar se o animal está com a marcha e postura normal, seu comportamento, estado nutricional. Observa-se a amplitude e sincronia dos movimentos torácicos e abdominais durante a respiração (ritmo cardiorrespiratório). Pode oferecer água e comida ao cão para ver seu interesse se o proprietário não responder com clareza as perguntas. Animal com dor abdominal apresenta posicionamento antiálgico. • Sinais e/ou sintomas de distúrbios: a) Halitose: odor alterado, desagradável ou fétido do ar expirado (hálito). Pode ser decorrente de doenças bucais, nasais, faríngeas, esofágicas, gástricas ou secundária a doenças que cursem com má digestão e uremia. Resultam também de coprofagia ou de direta rica em proteína. Corpos estranhos e secreções nasais drenadas para a faringe também podem causar. É comum confundir halitose com odor de processo inflamatório do canal auditivo. Hálito urêmico remete a problema no sistema urinário. Pode ser necessário exame radiográfico das cavidades oral e nasal, faringe ou esôfago. Exames complementares: urinálise, dosagem de ureia, creatinina, provas de digestão e absorção. b) Disfagia: dificuldade ou impossibilidade de deglutição. Processos dolorosos e obstrutivos, assim como disfunções mecânicas (fratura da mandíbula) ou neuromusculares que interfiram nas funções oral, laríngea e esofágica podem resultar em disfagia. c) Regurgitação: eliminação retrograda e passiva do conteúdo esofágico; ocorre normalmente antes que o alimento chegue no estômago e NÃO está associada a sinais prodrômicos do vômito; o material eliminado aparente não estar digerido. Tosse, dispneia, febre e alterações na ausculta pulmonar sugerem pneumonia aspirativa e sialorreia indica odinofagia (dor ao deglutir) associada à existência de corpo estranho esofágico. Exames: radiografia, endoscopia. d) Vômito: ejeção forçada do conteúdo gástrico ou duodenal pela boca. É um reflexo controlado pelo centro emético, requer a atuação combinada das atividades gastrintestinal, muscular, respiratória e neurológica. É precedida de sinais prodrômicos, tais como: inquietação, ansiedade, náuseas (salivação, lambedura dos lábios e deglutições repetidas), seguidos do aumento da frequência e superficialização dos movimentos respiratórios, contrações abdominais rítmicas e repetidas que levam a extensão do pescoço, abertura da boca e expulsão do conteúdo gástrico. O vômito é simplesmente um sinal clínico. Pacientes com vômito crônico costumam sofrer de anorexia (falta de apetite) e polidipsia (aumento da ingestão de água). Palpação abdominal pode revelar alterações anatômicas, massas, corpos estranhos, vólvulo, espessamento de parede intestinal etc. Exames complementares: hemograma, urinálise, perfil bioquímico, exame coproparasitológico e radiográfico. Vômito x Regurgitação Características Regurgitação Vômito Sinais prodrômicos Ausente Presente Mímica de vômito Ausente Presente Atividade muscular Ausente – processo passivo Presente – processo ativo Conteúdo alimentar Não digerido Variável Formato Bolo ou tubular Variável – não tubular Sangue Raro – neoplasia ou ulcerações Possível Bile Não Possível pH do material eliminado Alcalino Variável – pode ser alcalino e) Hematêmese: sangue no vômito. Normalmente causada por ulcerações ou erosão gastroduodenal. Principais causas: gastrite aguda, gastrenterite hemorrágica, neoplasias, uso de anti-inflamatórios não esteroides, corpos estranhos. f) Distúrbios esofágicos: → Apresentam regurgitação, disfagia (dificuldade de deglutir), odinofagia (dor ao deglutir), deglutição repetida, engasgos e sialorreia → Extensão da lesão, a cronicidade e problemas secundários influenciam na quantidade e gravidade dos sinais → Gatos quase não produzem saliva, por isso os comprimidos devem ser “untados” → Estenose esofágica g) Distúrbios perianais • Exames complementares: → Radiografia contrastada ou simples → Laboratoriais: coprológico, citológico e histopatológico → Imagem: ultrassom, TC, RM, endoscopia, colonoscopia → Cirúrgico: laparotomia exploratória → Abdominocentese: hemoperitônio → efusão hemorrágica • Exame físico → Inicia-se com registro de peso, temperatura, FR e pulso. → Cavidade oral: deve-se avaliar narinas, olhos, pavilhões auriculares e musculatura mastigatória. o Sinais clínicos pesquisados durante a anamnese: halitose, sialorreia, hemorragia oral, distúrbiosde preensão, anorexia, descarga nasal, dificuldade ou inabilidade de abrir ou fechar a boca e disfagia (dificuldade para deglutir) o Começa pela mucosa bucal, lábios, gengiva e dentes. o As glândulas salivares são responsáveis pela secreção de saliva mucosa (lubrifica o alimento) e serosa (digestão). Sinais clínicos: halitose, sialorreia, odinofagia, engasgos, alterações de apetite, com ou sem alterações físicas na saliva. Sialocele = acúmulo de saliva abaixo da língua. Distúrbio comum relacionado a distúrbio nas glândulas. o Principais observações na cavidade oral: 1. Hálito: normal, ácido/azedo (má digestão), urêmico, pútrido, maça verde (cetoacidose) 2. Mucosa oral: coloração, umidade, lesões, corpos estranhos, massas 3. Gengivas: inflamação, ulceração, corpos estranhos ou massas 4. Dentes: posicionamento, oclusão, coloração, qualidade do esmalte, fraturas ou cálculos (tártaro) 5. Língua: mobilidade, consistência, lesões, massas, corpo estranho na base da língua. 6. Palato duro ou mole: lesões, corpos estranhos, palato prolongado, fissura palatina. 7. Faringe e tonsilas: inflamação, secreção purulenta, massas, corpos estranhos, simetria. Em condições normais a única palpável é a mandibular. → Esôfago: o Transporte de ingesta e líquidos para o estômago o Porção cervical, torácica e abdominal o Esfíncter esofágico superior: separa o esôfago cervical da orofaringe o Esfíncter esofágico inferior/gastroesofágico/piloro: função de evitar refluxo do estomago para o esôfago. o Inervação principal: nervo vago • Passo a passo do exame: 1. Inspeção do abdômen: avaliar o formato e perímetro, deve ser simétrico e proporcional com o tórax e o corpo do animal. o acúmulo de líquido livre se acumula ventralmente e gás dorsalmente. Em geral, fluidos ou gases em órgãos cavitários (intestino, útero, estômago) resultarão em deslocamento ou abaulamentos assimétricos. 2. Palpação abdominal: sempre que possível com o animal em posição quadrupedal. Excesso de líquido causa desconforto abdominal. Tem que identificar os linfonodos do mesentério e do cólon. Durante a palpação deve-se identificar: 2.1. Epigástrio: intestino delgado, fígado (quando aumentado) e estômago (quando distendido) 2.2. Mesogástrio: intestino delgado e grosso, linfonodos mesentéricos (quando aumentado), rins (especialmente felinos), baço e estômago (quando distendido) 2.3. Hipogástrio: intestino delgado, cólon descendente ou reto, útero (quando distendido), bexiga (quando distendida), próstata (quando aumentada). 3. Percussão abdominal: é útil quando há alterações ou aumento do volume abdominal. Normalmente coloca o paciente em decúbito dorsal ou lateral e o som vai depender do conteúdo abdominal. Som timpânico/claro = órgão que contém ar (intestino/estômago); e som mate/maciço = órgãos maciços (fígado/baço). Se tiver conteúdo sólido ou líquido no estomago, o som será maciço, por exemplo. Se mudar o animal de posição, o som muda, salvo se o líquido estiver livre na cavidade, assim o só não altera. 4. Ausculta: borborigmos são provocados pelo deslocamento do gás e líquido no tubo gastrointestinal. Se o trato está vazio, o som é ausente. Se os borborigmos são frequentes, indica motilidade intensa. No estado hígido o ruído é leve, difícil de ser percebido, em caso de obstrução intestinal é mais exagerado. 4.1. Som de capoteio: quando existe em uma mesma cavidade uma grande quantidade de líquido e gás, o som de capoteio é produzido. 5. Prova de ondulação: o clínico se posiciona atrás do animal, coloca uma das mãos sobre a parede abdominal e, com a outra mão, golpeia, com o dedo médio ou indicado, a parede contralateral. O movimento produz uma onda que avança pelo líquido livre na cavidade peritoneal e que é percebida com a outra mão. 6. Análise de fluido peritoneal: o acúmulo de fluido livre na cavidade peritoneal (ascite) pode ser decorrente de processos inflamatórios, infecciosos, metabólicos, degenerativos ou neoplásicos. Sempre que for detectado líquido na cavidade peritoneal deve-se obter amostras para análise (abdominocentese → normalmente dispensa sedação e apresenta risco mínimo). Se houver suspeita de inflamação peritoneal não deve ser realizada a abdominocentese, é indicada a lavagem peritoneal. → Efusões a) Exsudato séptico: tem bactérias, neutrófilos degenerados, macrófagos com bactérias em seu interior b) Exsudato não séptico: podem ser vistos em neoplasias, PIF, pancreatite c) Transudato modificado: estéril e normalmente sanguinolento, turvo ou amarelado, mas pode ser límpido (exsudato puro) d) Quilo: aspecto leitoso, composto por linfócitos, neutrófilos e macrófagos. Associado a ruptura de vasos e neoplasias e) Hemorrágico: sangue, pode ser visto em traumas, neoplasias, torções gástricas. Aula 5. Semiologia do Sistema Respiratório • Função: promover a troca gasosa (hematose); manutenção do equilíbrio ácido básico. • Hiperventilação = acidose = reduz pressão de CO2 • Hipoventilação = alcalose = aumenta pressão de CO2 • Inspiração → ativa → depende da contração dos músculos inspiratórios • Expiração → passiva → realizada pela força de retração pulmonar • Espaço morto = volume de ar inspirado que não participa da troca respiratória • Difusão = processo de movimentação dos gases respiratórios por diferença de pressão • Identificação do paciente → 80% dos gatos com alterações respiratórias têm herpes vírus → Gatos podem apresentar asma → Má formação normalmente são identificadas ainda quando filhotes → Pastores apresentam sangramentos nasais (epistaxe) em virtude de hemoparasitas, com maior frequência → Cães toys costumam ter colapso traqueal → Alterações respiratórias normalmente são facilmente percebidas pelo proprietário → Cães braquicefálicos = estenose congênita das narinas, prolongamento de palato e hipoplasia de traqueia. • Anamnese → O que está acontecendo? → Desde quando? → Como está evoluindo? → Organizar a cronologia dos fatos → Perguntar se administrou algum medicamento → Perguntar sobre o ambiente que o paciente vive • Exame físico → Observar o paciente → Observar se tem corrimento nasal? É uni ou bilateral? → Narinas são simétricas? Pregas alares sem estenose? → Avaliar: temperatura, mucosa, parte neurológica, linfonodos, se o paciente está com dor. → Percussão do tórax: produzir vibrações na parede do tórax. As ondas penetram apenas alguns centímetros, sendo possível detectar apenas lesões pleurais ou parenquimatosas superficiais. o Som claro: som normal o Som hipersonoro: excesso de ar o Som timpânico: exageradamente ressonante o Som maciço ou submaciço: excesso de tecido, o som gerado é seco ou curto → Ausculta: o Crepitação ou estertores são sons descontínuos, apresentados de forma curta e explosiva, são consequências de líquidos nos alvéolos. o A crepitação no final da inspiração pode ser associada à enfermidade nas pequenas vias aéreas ou parênquima pulmonar. o A ausculta é um método simples e pouco dispendioso, porém deve-se manter o paciente tranquilo e em local silencioso, fazer ausculta comparativa. o Ronronar: ativação dos músculos laríngeos. o Os ruídos são gerados pelo fluxo de ar nas vias aéreas e variam com a idade do paciente o São mais audíveis em pacientes magros, que estão hiperventilando ou ansiosos o Tipos de ausculta: a) Abafada: processos exsudativos pulmonares, obesos, ruptura diafragmática e neoplásicas b) Sibilos: ocorrem quando há estreitamento das vias aéreas (broncoespasmos), secreção ou obstruções de vias aéreas c) Estridor: são obstruções graves de vias aéreas que se apresentam como um sibilo alto → Palpação: seios nasais, focinho, pescoço, tórax, reflexo de tosse, presença de enfisema subcutâneo. o Enfisema subcutâneo: quando tem ar no subcutâneo, enfaixa o animal (para reduzir o subcutâneo) e com otempo a pele vai aderir. Se deixar o ar, o corpo vai preencher com líquido. → Inspeção visual a) Ruptura de traqueia: pode ocorrer por mordedura ou por erro humano b) Respiração: ofegante → Ritmo respiratório: inspiração, pequena pausa, expiração e uma pausa maior → Capnografia → Gatos normalmente apresentam movimentos respiratórios pouco visíveis. Se apresentarem movimentos torácicos evidentes e respiração com a boca aberta, tendem a estar clinicamente grave. → Ortopneia: quadro extremo de dispneia em que o paciente não consegue se deitar e assume uma posição que confira alívio respiratório • Tipo respiratório: observa-se o movimento do tórax e abdômen para ver em qual região os movimentos são os mais amplos. Cães e gatos → costabdominal. Animais com dor no tórax passam a ter respiração abdominal e animais com dor abdominal, podem ter mais dor na região costal. • Alterações: 1. Colapso de traqueia: o ligamento do anel é mais frouxo e o anel traqueal fica colabado 2. Paralisia de laringe: hiperpneia; taquipneia; laringe fica mais avermelhada. 3. Palato mole prolongado 4. Espirro: reflexo protetor manifestado pela liberação forçada e explosiva do ar dos pulmões, visando a remoção de irritantes da cavidade nasal. Em felinos, se houver contato com outros gatos, sugere-se infecção viral. o Espirro reverso: é um esforço INSPIRATÓRIO rápido, apresenta curta duração e está associado a nasofaringe. 5. Tosse: importante reflexo deflagrado pelo centro da tosse, que resulta na expiração explosiva de ar pelos pulmões através da boca. Pode ser produtiva (liberação de muco, exsudato, líquido de edema ou sangue) ou não. o Reflexo de tosse: aperta/fricciona a traqueia na entrada do tórax para tossir • Termos semiológicos: → Apneia: ausência de respiração → Bradipneia: diminuição da frequência respiratória → Cianose: coloração azulada das mucosas → Dispneia: dificuldade respiratória → Epistaxe: sangramento pelas narinas → Estridor: som inspiratório agudo, indica distúrbio na laringe, é pouco comum em gatos. Associado a paralisia na lainge. → Hemoptise: sangramento pelas narinas e pela boca, proveniente do trato respiratório inferior → Hiperpneia: aumentando da AMPLITUDE respiratória → Ortopneia: quadro extremo de dispneia (dificuldade respiratória), o animal não consegue ficar deitado. → Ronco: som alto e grosseiro que resulta da quantidade excessiva de palato mole ou animais obesos. Em gatos é mais raro. → Taquipneia: aumento da frequência respiratória → Secreção nasal: associada a disfunções e lesão de cavidade nasal, mas pode ter relações com distúrbios no trato respiratório inferior. a) Serosa: clara e aquosa b) Mucosa: amarela ou amarela-esverdeada e viscosa c) Purulenta/piossanguinolenta: amarelada ou avermelhada d) Puramente hemorrágica: avermelhada e) Epistaxe: somente nasal f) Hemoptise: eliminação de sangue pela boca e narinas, proveniente do trato respiratório inferior. • Exames complementares → Hemogasometria: informações sobre a função pulmonar e o estado acidobásico. → Oximetria de pulso: saturação da hemoglobina na circulação local; saturação de oxigênio sanguíneo. → Broncoscopia, traqueoscopia: exame de imagem das vias respiratórias. Diagnostica colapso de traqueia, estenoses, massas, lacerações. Animal deve estar anestesiado. → Rinoscopia → Toracocentese: realizada entre o 7º e 8º espaço intercostal. → Lavado traqueal: limpa o pulmão e tem o líquido para fazer citologia/cultura. 5 a 10ml/kg → Hemograma → Radiografia: exame complementar muito importante, útil para diagnosticar colapso de traqueia também. → Punção aspirativa transtorácica: indicada no diagnóstico citológico de massas intratorácica em contato com a parede torácica. Aula 6. Semiologia do Sistema Reprodutor Feminino • Sistema reprodutor feminino: • Anamnese: → Histórico reprodutivo → Utilização de fármaco abortivo • Exame geral → Temperatura → Linfonodos → Mucosas → Exame convencional dos grandes sistemas → Estado nutricional → Distúrbios circulatórios – por conta da compressão de vasos • Exames específicos externos 1. Inspeção e palpação externa 2. Avaliar distensão abdominal, sinais de movimento fetal, contrações musculares e timpanismo 3. Examinar a região perineal, vulvar, cauda e glândula mamária, procurando: edema, quantidade, cor e cheiro de secreções vaginais e mamárias • Exames específicos internos 1. Observar mucosa vestibular (vestíbulo da vagina) com auxílio de espéculo 2. Em animais parturientes observar fetos e vias feitas – abertura e lubrificação, para ver se os filhotes vão passar • Exames complementares a) Ultrassonografia b) Radiografia: conta a quantidade de filhotes pelos crânios ou colunas c) Tomografia d) Vaginoscopia → Gatos não costumam aceitar, normalmente tem que fazer contenção química (Diazepam) → Primeiro faz a bandagem da cauda para não ter contaminação, coloca o paciente em decúbito lateral ou estação. Faz a higiene do períneo de lábios vulvares, deixando os líquidos caírem de cima para baixo, também para evitar contaminação. Deve-se secar a vulva e o períneo, realizar os exames manuais com luvas descartáveis e, se necessário, utilizar o espéculo vaginal. e) Dosagem hormonal: pode ser realizada no soro, plasma, leite, urina, fezes. É um método complementar para diagnóstico de estado fisiológico ou distúrbios endócrinos. f) Culturas g) Citologias: as células são obtidas com uso de cotonete, escova ginecológica ou lavado vaginal com auxílio do espéculo, depositadas em lâmina (esfregaço), fixadas e coradas. Auxilia no diagnóstico da fase do ciclo reprodutivo e fornece indícios de processos inflamatórios e tumorais. Não castra cadela no cio, gata sim, pois cadela tem mais chance de hemorragia. Cadela não coloca calcinha nem frauda, porque aumenta a chance de piometra. h) Histopatologias i) Sorologias: é feito para saber se o animal tem outra doença enquanto está no cio. Ex: brucella spp, leishmaniose, erliquiose, babesiose. j) PCR • Exames vaginal → Mucosa: pálida, hiperêmica ou normocorada → Umidade: seca, ligeiramente seca, umidade média, muito úmida, coleção de muco → Muco: claro, sanguinolento, muco purulento, purulento • Diagnóstico de gestação → Ultrassonografia: a partir de 18 a 20 dias vai ver uma bolsa com coração batendo → Dosagem de relaxina (hormônio produzido pela placenta): detectada a partir do 18º dia da gestação → Palpação: no período médio e final da gestação → Duração: 56 a 65 dias • Estágios do parto → Mãe inquieta, dura de 6 a 24 horas → Início das contrações e expulsão dos filhotes → A mãe rompe o saco amniótico e limpa os filhotes → Repouso da mãe após o nascimento de cada filhote → Contrações suaves e expulsão das placentas (de 10 minutos a 1 hora) • Número de partos: nulípara, primípara e plurípara. • Parto distócico: a mãe não consegue expulsar o feto através do canal. Causas: trauma, hormonal, componente genético, hipoglicemia, hipocalcemia. • Secreção do leite: as funções do organismo são reguladas por dois sistemas de controle → o nervoso e o hormonal. Esses dois sistemas são chamados de sistema neuroendócrino. As respostas rápidas são controladas pelo sistema NERVOSO e as lentas pelo HORMONAL. → A glândula mamária começa seu desenvolvimento no início da puberdade, mas se mantem pouco desenvolvida até que ocorra a gestação. → A secreção costuma começa durante a última parte da gestação, pelo aumento do nível de prolactina e resulta na formação do colostro. → A lactação só pode ocorrer quando a gestação chegar ao final. → Um dos hormônios de maior importância para a lactação é a ocitocina e a descida do leite se deve a ela. → Quem determina a liberação da ocitocina é o hipotálamo. • Termos semiológicos a) Agalaxia: ausência de produção de leite b) Galactostasia:acúmulo ou estase de leite c) Lactação: produção de leite ligada a prenhes d) Galactorreia ou lactorreia: lactação não associada a prenhez e) Galactocele: produção crônica de leite (cisto) • Anamnese da glândula mamária → Aparecimento e duração dos sinais clínicos → Houve mudanças comportamentais? → Houve uso de anticoncepcionais? → Cirurgias ou exames anteriores? → Partos anteriores normais ou distócicos? • Exame físico específico da glândula mamária → Coloração da pele → Presença de lesões → Presença de secreções → Número e tamanho das glândulas mamárias → Temperatura e consistência das glândulas mamárias → Palpação • Hiperplasia mamária: crescimento das mamas • Mastite ou mamite: processo inflamatório das glândulas mamárias, em grande parte de origem infecciosa. Caracterizada por aumento do volume e temperatura, dor à palpação. • Neoplasia: comum em cadelas com mais de 5 anos, menos prevalentes em gatas. O aumento do nódulo está associado ao estímulo do estro. Deve considerar o tamanho dos linfonodos axilares e inguinais para que seja possível detectar eventuais metástases. • Registro da glândula mamária: localização, tamanho, ulcerada ou não, aderida ou não, consistência, temperatura, tempo de crescimento, apresenta dor ou não, coloração e aspecto.
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