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MOTIVAÇÃO NO ESPORTE E NA ATIVIDADE FÍSICA

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1 
 
 
MOTIVAÇÃO NO ESPORTE E NA ATIVIDADE FÍSICA 
1 
 
 
 
Sumário 
 
 
NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 
INTRODUÇÃO ..................................................................................... 3 
ATIVIDADES DO ESPORTE ............................................................... 4 
CONDIÇÕES DO ESPORTE ............................................................... 6 
ORIENTAÇÕES SUBJETIVA DOS PARTICIPANTES ......................... 8 
DEFINIÇÃO DE ESPORTE: UMA PROPOSTA ................................. 10 
MOTIVAÇÃO À PRÁTICA DE ATIVIDADES FÍSICAS: UM ESTUDO 
COM PRATICANTES NÃO-ATLETAS ......................................................... 12 
RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................... 19 
CONCLUSÃO .................................................................................... 24 
A MOTIVAÇÃO NO CONTEXTO DA TEORIA DA 
AUTODETERMINAÇÃO DE DECI E RYAN ................................................. 26 
MÉTODO ........................................................................................... 29 
RESULTADOS ................................................................................... 31 
CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E PERSPECTIVAS PARA NOVOS 
ESTUDOS .................................................................................................... 40 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................... 43 
 
 
 
2 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
 
A nossa história, inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a instituição, como entidade 
oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 Quando amigos discutem o resultado de uma partida de futebol ou 
alguém lê a seção de esportes de algum jornal, ou ainda quando um hotel 
anuncia que oferece esportes aos hóspedes, ninguém fica confuso sobre o 
significado do termo. Contudo, para entender o esporte do ponto de vista 
acadêmico, é necessário desenvolver algo mais do que uma simples definição 
do termo. 
 Embora seja óbvio que nenhuma disciplina acadêmica pode progredir 
sem desenvolver definições precisas daquilo que ela estuda, toda tentativa para 
desenvolver uma definição científica de um termo largamente usado na 
linguagem popular apresenta problemas. Para definir precisamente uma palavra 
muito comum como esporte, muito de suas conotações precisam ser eliminadas 
e seus significados devem ser limitados de maneira que restringirão seu uso. 
 A intenção aqui não é confundir ou mistificar, apenas definir esporte de 
modo que ajude a entender sua relação com a vida social. Poderíamos dizer que 
um grupo de crianças jogando bola durante o recreio, no pátio de uma escola do 
ensino fundamental estão praticando esporte? Esta atividade é bem diferente 
daquela que ocorre no estádio do Morumbi, Pacaembu ou Maracanã. Será que 
correr é esporte? E fazer musculação? Jogar Ping Pong? Corridas de carros? E 
xadrez? Para responder perguntas como essas se precisa especificar que tipo 
de atividades pode ser classificado como esporte. 
Há ainda a possibilidade que algumas atividades possam ser classificadas 
como esporte sob certas circunstâncias, mas não quando essas circunstâncias 
mudam. Por exemplo, o surfe, escalada, paraquedismo, são sempre atividades 
descritas como esporte? É claro que não, por isso devemos nos preocupar com 
as condições necessárias para certas atividades serem classificadas como 
esporte. 
4 
 
 
Finalmente, pode o esporte ser diferenciado de outras atividades, como a 
brincadeira ou o trabalho, sem considerar outra coisa além da natureza da 
atividade e do contexto que ele ocorre? Ou temos que considerar o envolvimento 
subjetivo e a motivação dos participantes? Quando o único objetivo da 
participação é uma expressão pessoal espontânea (como no caso dos meninos 
jogando bola no recreio), podemos dizer que os participantes estão envolvidos 
no esporte ou numa brincadeira? E se o objetivo dos participantes é entreter uma 
audiência com o propósito de receber um salário, isso é esporte ou trabalho? 
Com essas questões, parece que há três condições a considerar no 
desenvolvimento de uma definição de esporte: 
 1 – Esporte refere-se a tipos específicos de atividades; 
2 – Esporte depende das condições sob as quais as atividades 
acontecem; 
3 – Esporte depende da orientação subjetiva dos participantes envolvidos 
nas atividades. 
 
ATIVIDADES DO ESPORTE 
 
Muitas definições de esporte incluem a noção que ele é uma atividade 
física. Em outras palavras, ele envolve o uso de atividades motoras, proeza física 
ou esforço físico. Isto já delimita o conceito, mas diferentes atividades físicas 
claramente variam na sua caracterização de habilidade motora, proeza ou 
esforço. Por exemplo, os fatores físicos de jogar xadrez são mínimos. A 
habilidade motora exigida não vai além de ser capaz de mover as peças sem 
derrubar as outras do tabuleiro. Apesar da possibilidade da partida ser longa e 
ser cansativa emocionalmente e fisicamente, a concentração e outras 
habilidades cognitivas são os fatores determinantes nesse jogo. Assim, xadrez 
não envolve o uso de habilidades motoras relativamente complexas, nem 
esforço físico vigoroso, por isso não seria esporte. O mesmo poderia se dizer do 
jogo de cartas, dama, trilha, etc. Embora elas exigem estratégias cognitivas 
complexas, nenhuma delas exige esforço físico vigoroso e embora elas 
5 
 
 
envolvam movimentos, as habilidades motoras são limitadas a ações simples 
com variações simples. 
Uma outra atividade difícil de classificar é a corrida de carros. Ela envolve 
a combinação de pessoa e máquina, exigindo uma concentração mental intensa 
e um grande conhecimento das limitações mecânicas do carro, além de 
habilidades motoras como reações rápidas e altamente coordenadas. Qual 
destes elementos é o mais importante é difícil de dizer. A atividade física exigida 
é cada vez menor e não necessita de um programa de treinamento como aqueles 
usados pelos participantes de outras atividades esportivas mais vigorosas, no 
entanto exige uma prática considerável para conseguir a velocidade de reação 
e as habilidades motoras necessárias para dirigir o carro. Nesse caso pode-se 
argumentar que a corrida de carros é um esporte porque envolve o uso de 
habilidades motoras complexas. 
Estes dois exemplos, xadrez e automobilismo ilustram que a 
determinação do que é atividade física complexa e o que não é, pode ser difícil. 
Onde a linha é colocada entre física e não física, entre complexa e simples e 
entre vigorosa e não vigorosa é puramente arbitrária. Até agora ninguém 
desenvolveu um conjunto de critérios testados para classificar consistentemente 
várias atividades como esporte e não esporte em termos de fatores físicos. Além 
das diferenças em atividade física, também há diferenças nos vários movimentoscorporais usados na participação esportiva. Habilidades motoras complexas 
podem se referir à coordenação, equilíbrio, rapidez ou precisão, enquanto 
proeza física e esforço implicam no uso da velocidade, força, resistência ou a 
combinação das três. As atividades compreendidas por estes termos são 
numerosas. Elas incluem desde uma rotina simples na trave de equilíbrio, a 
levantar pesos ou derrubar um oponente na luta de judô ou ainda manobrar uma 
motocicleta numa competição de motocross. Certamente, nem todas atividades 
que envolvem habilidades motoras complexas ou esforços físicos vigorosos 
estariam classificados como esporte. As atividades devem acontecer sob certas 
condições. 
 
 
6 
 
 
 
 
CONDIÇÕES DO ESPORTE 
 
Para uma atividade física ser classificada como esporte, ela deve ocorrer 
sob um conjunto particular de circunstâncias. A participação em atividades 
físicas pode acontecer em situações que vão do informal e desestruturada ao 
formal e organizada. Por exemplo, dois amigos decidem espontaneamente 
“chutar bola” no gol de futebol. Isso é obviamente diferente de um jogo de 
campeonato entre São Paulo e Santos, no qual há um resultado e regras 
específicas que devem ser cumpridas, daí a presença de um árbitro e auxiliares. 
Mas ambas as situações envolvem uma atividade física descrita como futebol. 
Serão eles ambos esportes? Se a nossa definição não diferenciar o que ocorre 
no bate bola dos dois amigos com o que ocorre no Morumbi entre São Paulo e 
Santos, teremos dificuldades para relacionar o esporte com a sociedade. A 
natureza e as consequências dessas duas atividades são diferentes. E a 
definição deve refletir as diferenças. 
De acordo com muitos sociólogos do esporte, o esporte é caracterizado 
por alguma forma de competição que ocorre sob condições formais e 
organizadas. Isto significa que São Paulo e Santos no exemplo acima estão 
fazendo o que chamamos de esporte, mas os dois amigos chutando bola não! 
Em outras palavras, o fenômeno esporte envolve uma atividade física 
competitiva que é institucionalizada. Competição neste caso é definida como um 
processo através do qual o sucesso é medido diretamente pela comparação das 
realizações daqueles que estão executando a mesma atividade física, com 
regras e condições padronizadas. Institucionalização é um conceito sociológico 
que se refere a um conjunto de comportamentos normalizados ou padronizados 
durante um certo tempo e de uma situação para outra. Quando dizemos que o 
esporte é uma atividade física institucionalizada, competitiva, os elementos da 
institucionalização geralmente incluem o seguinte: 
1 – As regras da atividade são padronizadas. 
7 
 
 
Isto significa que as regras não são simplesmente o produto de um 
simples grupo que se reúne informalmente e não são apenas expressões 
espontâneas de interesses e preocupações individuais. No esporte, as regras do 
jogo definem um conjunto de procedimentos com guias e restrições. 
 2 – O cumprimento das regras é feito por entidades oficiais. 
 Quando os resultados individuais ou de equipes são comparados de uma 
competição ou campeonato para outras é necessário que alguma entidade oficial 
que programa as competições assegure que as regras foram obedecidas e as 
condições padronizadas. 
3 – Os aspectos técnicos e organizacionais da atividade se tornam 
importantes. 
A competição combinada com a exigência de regras externas conduz a 
atividade para se tornar cada vez mais racionalizada. Isto significa que os 
jogadores e treinadores têm que desenvolver estratégias e programas de 
treinamento para aumentar suas chances de sucesso. Também os 
equipamentos esportivos, tênis, uniformes, materiais, etc. são desenvolvidos e 
produzidos para aumentar o rendimento. 
4 – A aprendizagem das habilidades esportivas se torna mais formalizada. 
 Com a organização e as regras da atividade se tornam mais complexas 
elas devem ser aprendidas sistematicamente. E como a preocupação de ter 
sucesso aumenta, os participantes procuram a orientação de especialistas. Além 
do treinador, outros elementos são requisitados como preparador físico, médico, 
psicólogo, massagista, fisioterapeuta, nutricionista, etc. 
Em resumo, a transformação de uma atividade física competitiva em 
esporte, geralmente envolve a padronização e imposição de regras e o 
desenvolvimento formal de habilidades. Em outras palavras, a atividade se torna 
padronizada e regularizada. Em termos sociológicos, ela passa por um processo 
de institucionalização. 
 
8 
 
 
ORIENTAÇÕES SUBJETIVA DOS PARTICIPANTES 
 
Será que a existência do espore depende das orientações subjetivas 
daqueles que estão envolvidos na atividade? Alguns dizem que as orientações 
subjetivas dos participantes são irrelevantes, enquanto que outros argumentam 
que a participação no esporte é necessariamente caracterizada por um “espírito 
esportivo”, onde os participantes devem estar primeiramente motivados pela 
satisfação intrínseca do envolvimento na atividade. Outros ainda argumentam 
que nos esportes de alto nível, altamente organizados extinguem a existência do 
“espírito esportivo” e que os participantes são motivados somente por fatores 
externos como dinheiro, troféus, medalhas e fama. 
Todos esses enfoques podem ser convincentes. Pensando no meu 
próprio envolvimento no esporte (isto é, na atividade física competitiva, 
organizada) lembro-me bem das vezes em que a força principal da minha 
participação era o espírito esportivo. O esporte era chamado “amador” para 
diferenciar do esporte “profissional”. No amador não havia recompensas 
financeiras. Contudo, também posso me lembrar das vezes em que eu ia 
competir apenas por causa da equipe e da bolsa de estudo que eu recebia. Então 
meus motivos eram intrínsecos e às vezes extrínsecos. Por isto é difícil descartar 
totalmente as opiniões. Parece que há possibilidade de reconciliar os 
argumentos. Um sociólogo do esporte de nome Stone ofereceu uma explicação 
em um artigo clássico sobre a natureza do esporte. Para ele o esporte é 
composto de dois tipos de comportamentos: brincar e exibir. 
“Brincar” refere-se ao comportamento que surge da preocupação pessoal 
do participante com a dinâmica da própria atividade. A brincadeira é “uma 
atividade livre que se coloca de maneira bastante conscienciosa fora da vida 
normal, sendo “não séria” não ligada a interesses materiais... confinada em seus 
próprios limites... e que acontecem de acordo com regras fixas, como conceituou 
HUIZINGA (1955). Na mesma linha, CALLOIS (1979) considera a brincadeira 
uma atividade livre, separada, incerta, improdutiva e governada pelo “faz de 
conta” e regras. “Exibir”, ao contrário, refere-se ao comportamento que 
9 
 
 
simbolicamente representa a ação da atividade com o objetivo de torná-la 
divertida para a assistência. 
O que Stone sugeriu é que o esporte é diferente da brincadeira. O esporte 
não tem a liberdade e a espontaneidade da brincadeira. Ele é organizado e 
estruturado, mas não a ponto de destruir as brincadeiras que dele se originam. 
O esporte não é desempenhado de acordo com um roteiro pré-planejado; ao 
contrário, ele se revela de um momento para outro de acordo com as escolhas 
e as ações das pessoas envolvidas. Em outras palavras, a organização e a 
estrutura coexistem com a liberdade e a espontaneidade. 
Usando a argumentação de Stone podemos dizer que o esporte depende 
de uma combinação de orientações subjetivas dos participantes. O esporte 
ocorre quando a motivação baseada na satisfação intrínseca do envolvimento 
coexiste com a motivação baseada nas recompensas externas. Se esse 
equilíbrio for quebrado de forma que a motivação intrínseca substitua todas as 
preocupações pelos motivos externos, a organização e a estrutura da atividade 
esportiva se transformam em uma forma de pura brincadeira. É o caso do nosso 
futebol aos sábados com os amigos. Jogamospara nos divertir, embora muitos 
acham que é por causa da cerveja depois do jogo. Se o equilíbrio for quebrado 
na outra direção, de forma que os motivos externos substituam todas as 
satisfações intrínsecas associadas com o envolvimento, a atividade muda de 
enfoque para o poderíamos chamar de “espetáculo”. 
Nas sociedades industrializadas contemporâneas, as chances de 
motivação intrínseca substituir a extrínseca são muito pequenas. O contrário é 
mais provável. Fatores externos como dinheiro, fama, prêmios, estão se 
tornando cada vez mais predominantes no esporte durante estes últimos anos. 
Porém, se isto substituir toda motivação intrínseca, o esporte se transformará em 
espetáculo. O próprio STONE (1955) já previu esta possibilidade ao dizer que se 
o esporte se tornar comercializado, os espectadores serão em número muito 
maior do que os participantes, e os espectadores, como o próprio nome indica, 
encorajariam o espetacular, a exibição. Quando os participantes começam a 
“perder a esportiva” e quando as recompensas externas e a satisfação da 
audiência se tornarem predominantes, qualquer esporte está em perigo de se 
transformar em uma forma de espetáculo. Isto já aconteceu com muitos 
10 
 
 
esportes, basta verificar o calendário extenso do futebol ou nos horários de jogos 
para satisfazer a televisão. A existência do esporte depende do equilíbrio entre 
a motivação intrínseca e a motivação extrínseca. Não precisa ser um equilíbrio 
de 50 por cento para cada um, mas quando uma delas se tornar insignificante, a 
atividade se transformará em qualquer coisa, com estrutura diferente, dinâmica 
diferente e consequências diferentes para as pessoas envolvidas. 
Deve ser colocado que durante um evento esportivo é possível para os 
participantes alterar as fontes de motivação da intrínseca para a extrínseca e 
vice-versa. Isto significa que em certas ocasiões o espírito esportivo pode ser a 
fonte maior de motivação e em outras os participantes estão motivados pelos 
fatores externos como dinheiro, troféu, aprovação dos pais, treinadores, ou dos 
espectadores. Muitas pessoas que estiveram envolvidas no esporte podem dar 
exemplo disto, quando elas estiveram tão absorvidas na própria atividade que 
ela parecia até conduzi-los. Contudo, esse estado de motivação intrínseca não 
dura para sempre. Quando ele diminui, a fonte de motivação intrínseca deve ser 
suplementada por motivação extrínseca. Desta maneira o espírito esportivo é 
substituído temporariamente com preocupações com motivos externos. 
 
DEFINIÇÃO DE ESPORTE: UMA PROPOSTA 
 
À luz das três condições discutidas é possível definir esporte da seguinte 
maneira: 
“Esporte é uma atividade competitiva institucionalizada que envolve 
esforço físico vigoroso ou o uso de habilidades motoras relativamente 
complexas, por indivíduos, cuja participação é motivada por uma combinação de 
fatores intrínsecos e extrínsecos”. 
Avaliando esta ou qualquer outra definição, deve ser lembrado que uma 
definição é somente um instrumento. Serve para especificar em algum nível de 
precisão, o significado subentendido por uma certa palavra. No caso, deverá 
haver ainda uma certa confusão em relação à precisa aplicação do termo esporte 
como foi definido. 
11 
 
 
Esta definição proposta é do ponto de vista sociológico e se refere ao que 
é popularmente descrito como esporte organizado. Isto foi feito para distinguir o 
que acontece num recreio de escola com o que ocorre nos Jogos Olímpicos. Os 
eventos de corridas durante os Jogos estão claramente de acordo com a 
definição, mas não é o caso para os corredores que vem à USP no sábado. 
Correr com os amigos sábado de manhã, certamente envolve esforço físico 
vigoroso, mas, não é uma forma de competição institucionalizada. Em vez de 
descrevermos tal atividade como esporte, seria mais apropriado chamá-la 
recreação. Recreação é uma atividade em sua maior parte engajada 
voluntariamente pela pessoa, diferente em caráter daquelas atividades que 
exercem pressão física ou mental sobre a pessoa na sua vida diária e que tem 
efeito de “refrescar” a mente e o corpo. A recreação é mais relacionada com a 
brincadeira do que com o esporte, mas, ao contrário da brincadeira, é geralmente 
uma resposta às preocupações da vida e não totalmente sem relação com elas, 
ou seja, quase sempre o objetivo é se separar temporariamente das pressões e 
responsabilidades associadas com as posições ocupadas no dia-a-dia. Faz-se 
recreação para o alívio ou liberação, para uma recriação do indivíduo em relação 
a fatores pessoais como as tensões emocionais, frustrações, estresses, etc. 
Se um corredor desafiar outro corredor para uma corrida, essa corrida se 
torna uma forma de competição ou contenda. Ela é competitiva, mas se 
desenvolve de uma maneira mais ou menos informal. Somente quando os dois 
corredores seguirem as regras formalizadas e se confrontarem sob as condições 
padronizadas podemos dizer que estão praticando esporte, de acordo com 
nossa definição. 
Muitos podem arguir que esta definição exclui muito daquilo que o povo e 
a imprensa costumam chamar de esporte. Este argumento é legítimo, não é 
necessário alterar seu conceito de esporte quando você conversa com seus 
amigos ou lê alguma revista esportiva. Contudo quando se discute coisas tais 
como: se o esporte é relacionado à agressão; se a participação esportiva afeta 
as crianças e jovens; se o esporte deve ser patrocinado por empresas estatais 
ou se as pessoas de classes sociais mais baixas têm mobilidade social através 
do esporte, é necessário ser capaz de expressar o que você entende por esporte. 
12 
 
 
A descrição e explicação científica exigem precisão. Isto é necessário 
tanto para assuntos de relevância prática ou teórica. Claro que nem todos podem 
concordar com esta definição, mas ela nos permite distinguir o esporte da 
brincadeira, recreação, disputa ou espetáculo e permite estudá-lo em seus 
relacionamentos com outras partes importantes da vida social. O esporte é um 
fenômeno cultural e social que influencia e sofre influência da sociedade e muitas 
vezes seus problemas são os mesmos da própria sociedade. Cada vez mais o 
esporte se torna parte do nosso mundo social. Ele se relaciona com a vida 
familiar, com a educação, política, economia, artes e religião. Com maior 
entendimento é possível mudá-lo de forma que mais pessoas se beneficiem das 
coisas positivas que ele tem a oferecer. 
 
MOTIVAÇÃO À PRÁTICA DE ATIVIDADES FÍSICAS: UM 
ESTUDO COM PRATICANTES NÃO-ATLETAS 
 
O estudo da motivação no contexto da atividade física e do esporte tem 
sido alvo de parte da literatura produzida na área da Psicologia do Esporte. 
Entretanto, alguns estudos têm buscado verificar a motivação em atletas de alto 
rendimento que precisam estar motivados para alcançar seus objetivos, 
conquistar recordes e vitórias. Outras pesquisas centram-se na compreensão 
dos fatores e processos associados à adesão, persistência e abandono da 
atividade física regular, buscando identificar o que motiva as pessoas "não-
atletas" a praticar atividade física regularmente e, assim, deixar de ser indivíduos 
sedentários (Biddle, 1997; Dishman, 1994; Gauvin & Spence, 1995; Gouveia, 
2001). Nesse sentido, a presente pesquisa busca investigar a motivação à 
prática de atividades físicas em uma amostra de praticantes "não-atletas". 
A atividade física (AF) é definida como "todo movimento corporal 
produzido pela musculatura esquelética, que resulte em um gasto energético 
maior do que os níveis de repouso" (Caspersen, Powell & Christenson, 1985, p. 
16). Nessa definição percebe-se que a AF engloba os exercícios físicos e os 
esportes, mas também o equivalente em gastos de energia em outros tipos de 
13 
 
 
atividades, como lazer ativo, trabalho ocupacional e tarefas domésticas 
(Miragaya, 2006). O presente estudo irá investigar a motivação para praticar AF,considerando como AF regular a prática de algum tipo de exercício físico ou 
esporte. 
Os benefícios alcançados pela prática regular de AF são inúmeros. 
Segundo a Organização Mundial de Saúde (2006), esta prática reduz o risco de 
mortes prematuras, doenças do coração, acidente vascular cerebral, câncer de 
cólon e mama e diabetes tipo II. Atua na prevenção ou redução da hipertensão 
arterial, previne o ganho de peso (diminuindo o risco de obesidade), auxilia na 
prevenção ou redução da osteoporose, promove bem-estar, reduz o estresse, a 
ansiedade e a depressão. 
Como afirma Miragaya (2006), há evidências científicas apontando que a 
prática de AF é uma ferramenta essencial para a promoção da saúde, porque 
ela inibe o surgimento e o desenvolvimento de fatores de risco que predispõem 
ao aparecimento de disfunções crônico-degenerativas. Vários estudos 
epidemiológicos têm demonstrado que indivíduos fisicamente ativos vivem mais 
que indivíduos sedentários e têm menor propensão a desenvolver vários tipos 
de doenças crônicas. 
Entretanto, apesar de ser considerável o número de estudos (Andreotti & 
Okuma, 2003; Epiphanio, 1999; Ferrareze, 1997; Mello, Boscolo, Esteves & 
Tufik, 2005; Miragaya, 2006) que apontam a importância da prática de atividades 
físicas na manutenção da saúde, no aumento do bem-estar e da qualidade de 
vida em geral, tais razões não parecem ser suficientes para levar indivíduos 
sedentários a praticarem e a se manterem praticando alguma AF por um período 
superior a seis meses (Robertson & Mutrie, 1989, citados por Andreotti & Okuma, 
2003). 
De acordo com o Conselho Federal de Educação Física (2004), a 
evolução da indústria de bens de consumo tem deixado a vida cada vez mais 
confortável, de modo que o aparato tecnológico e informacional contribui para 
que, a cada dia, as pessoas façam menos movimento, aumentando, 
consequentemente, o risco ao sedentarismo. O sedentarismo, caracterizado 
14 
 
 
pela ausência de AF regular, atualmente é considerado tão prejudicial à saúde 
quanto qualquer outro tipo de doença, podendo acarretar um custo econômico a 
médio e longo prazo, para o indivíduo, a família e para a sociedade (CONFEF, 
2004). Nesse sentido, pesquisas sobre motivação à prática de AF tornam-se 
relevantes, a fim de viabilizar futuros estudos que visam minimizar o 
sedentarismo entre a população. 
A motivação, um processo psicológico básico que auxilia na compreensão 
das diferentes ações e escolhas individuais, é um dos fatores determinantes do 
modo como uma pessoa se comporta (Schultz & Schultz, 2002). E apesar da 
quantidade considerável de teorias e perspectivas na busca por compreender a 
motivação humana (ver Allport, 1961; Bandura, 1977; Kelly, 1955; Maslow, 1970; 
McClelland, 1955; Murray, 1967; Rotter, 1990, citados por Schultz & Schultz, 
2002), no presente estudo, dar-se-á ênfase a Teoria da Autodeterminação (Deci 
& Ryan, 1985), por possuir representatividade no contexto da atividade física, 
tendo sido utilizada em diversas pesquisas da área (Fernandes, 2003; 
Fernandes & Vasconcelos-Raposo, 2005; Moreno, Cervelló & González-Cutre, 
2006; Ntoumanis, 2001; Frederick & Ryan, 1993; Ryan, Frederick, Lepes, Rubio 
& Sheldon, 1997, entre outros). 
A Teoria da Autodeterminação - TAD é uma macroteoria da motivação 
humana que tem relação com o desenvolvimento e o funcionamento da 
personalidade dentro dos contextos sociais. Essa teoria analisa o grau em que 
as condutas humanas são volitivas ou autodeterminadas, isto é, o quanto as 
pessoas realizam suas ações em um nível maior de reflexão e se comprometem 
com essas ações de forma voluntária, por sua própria escolha. Dessa forma, o 
indivíduo pode ser motivado intrínseca ou extrinsecamente para tentar satisfazer 
suas necessidades e, assim, atingir a autodeterminação (Deci & Ryan, 1985; 
Ryan & Deci, 2000). 
No contexto da atividade física, a TAD serviu de respaldo teórico para o 
desenvolvimento de alguns instrumentos de medida com a finalidade de 
investigar e medir a motivação à prática de atividades físicas. Um desses 
instrumentos é a escala Motives for Physical Activity Measure - MPAM, de 
Frederick e Ryan (1993), que mede três motivos para se praticar AF: 
15 
 
 
Interesse/Diversão; Competência e Motivos relacionados com o corpo. 
Posteriormente, a revisão desta escala (Motives for Physical Activity Measure-
Revised - MPAM-R) foi feita por Ryan e cols. (1997) e a mesma passou a medir 
cinco motivos: 1) Diversão, onde quer ser fisicamente ativo porque considera a 
atividade divertida, o torna feliz, é interessante, estimulante e agradável; 
2) Competência, que visa praticar atividade física para ser melhor naquela 
atividade, encontrar desafios e adquirir novas habilidades; 3) Aparência, em que 
busca a atividade para se tornar mais atraente, ter músculos definidos e alcançar 
ou manter um peso desejado; 4) Saúde, que refere-se a ser fisicamente ativo 
para ter saúde, força e energia; e 5) Social, onde se busca praticar atividade 
física para estar com os amigos e conhecer novas pessoas. 
Os achados de algumas pesquisas que utilizaram as escalas MPAM e 
MPAM-R são apresentados a seguir. Frederick e Ryan (1993), contando com a 
participação de 376 adultos americanos praticantes de esportes individuais 
(tênis, iatismo) e exercícios físicos (correr, aeróbica) e utilizando a MPAM, 
identificaram que os praticantes de esporte pontuaram mais alto nos motivos de 
diversão e competência, enquanto os praticantes de exercícios apresentaram 
médias maiores nos motivos relacionados ao corpo. 
Já na pesquisa realizada por Ryan e cols. (1997), com uma amostra 
composta por 40 estudantes de uma universidade americana, advindos de 
programas voluntários de AF (não ofereciam créditos aos participantes), sendo 
24 praticantes de tae kwon do e 16 praticantes de aeróbica, estes responderam 
a escala MPAM e algumas variáveis sobre abandono e frequência da atividade. 
Os resultados indicaram que os praticantes de tae kwon do (esporte) 
apresentaram motivos relacionados com competência e diversão, enquanto os 
praticantes de aeróbica (exercício físico) apresentaram motivos relacionados 
com a aparência, não havendo diferença significativa no nível de adesão dos 
dois grupos. 
Em um segundo estudo, desta vez utilizando a versão revisada da Escala 
de Motivação à Prática de Atividades Físicas (MPAM-R), esses mesmos autores 
identificaram que a adesão foi associada com motivos centrados em diversão, 
competência e interação social, mas não com motivos de aparência. E no que 
16 
 
 
se refere às diferenças de gênero, verificou-se que as mulheres pontuaram mais 
alto que os homens nos fatores aparência e saúde, e ambos, homens e 
mulheres, relataram a mesma ordem de significância para os cinco fatores: 
saúde, aparência, competência, diversão e social. 
Em uma pesquisa realizada na Espanha por Moreno, Cervelló e 
Martínez (2007), estes autores apresentaram a validação da MPAM-R 
para o espanhol e buscaram comprovar os efeitos dos cinco motivos sobre 
o gênero, a idade, a forma da atividade, o tempo e os dias de prática 
contando com a participação de 561 adultos praticantes de atividades 
físicas não competitivas. Os resultados indicaram que as pessoas de 
maior idade deram mais importância aos motivos relacionados com a 
saúde, enquanto os mais jovens priorizaram os motivos relacionados com 
a aparência. Em relação ao gênero, as mulheres deram menos 
importância aos motivos de competência do que os homens. As pessoas 
que praticavam por mais tempo apresentaram motivos de diversão e 
saúde, e os que praticavam há mais dias apontaram motivos de saúde. 
Os sujeitos que praticavam em programas orientados mostraram motivos 
relacionados ao social, à saúde e à competência. 
Outras pesquisas sobre motivação à prática de AF também foram conduzidas, 
no entanto sem utilizar as escalas MPAM ou MPAM-R como instrumentode 
investigação. Por exemplo, na pesquisa de Hellín, Moreno e Rodriguez (2004), 
esses autores contaram com a participação de 1107 praticantes de AF da região 
de Murcia na Espanha, com idades entre 15 e 64 anos, e identificaram que os 
sujeitos mais jovens tinham uma maior inclinação para as competições e uma 
maior preocupação com a imagem corporal e a estética, enquanto os sujeitos 
com idade mais avançada praticavam por motivos lúdicos, relaxantes e de 
relação. Em relação ao gênero, esses mesmos autores encontraram que as 
mulheres apresentaram uma maior preocupação com a imagem corporal e a 
estética do que os homens. 
Já em uma pesquisa realizada com estudantes universitários americanos 
por Kilpatrick, Hebert e Bartholomew (2005), esses autores identificaram que os 
homens apresentaram uma maior motivação acerca do desafio, competição, 
17 
 
 
força, resistência e reconhecimento social, enquanto as mulheres apresentaram 
maior motivação na variável de controle do peso, e ambos, homens e mulheres, 
reconheceram a importância da AF para um estado de saúde positivo. Esses 
mesmos autores também verificaram que existia uma maior motivação entre 
praticantes de exercício, para aspectos como força, resistência, aparência, 
controle do estresse e controle do peso, enquanto os praticantes de esporte 
apresentaram maior motivação para aspectos como afiliação, desafio, 
competição e reconhecimento social. 
No Brasil, não foram encontradas pesquisas que tenham utilizado as 
escalas MPAM ou MPAM-R para identificar motivos de adesão à prática de AF, 
entretanto alguns estudos com praticantes não-atletas foram conduzidos, por 
exemplo, por Andreotti e Okuma (2003), com a participação de 44 idosos que 
iniciavam a prática de AF, que verificaram que as principais razões para a 
adesão inicial desses indivíduos em um programa de AF foram: indicação de 
amigos, crença nos benefícios da AF para saúde, indicação médica e busca de 
convívio social. Já Santos e Knijnik (2006), num estudo com 30 adultos, com 
idades entre 40 e 60 anos, identificaram que os principais motivos iniciais de 
adesão à prática de AF foram: ordem médica; lazer e qualidade de vida; estética 
e saúde (ou condicionamento físico). 
Diante do exposto, e buscando acrescentar dados à literatura brasileira 
sobre motivação à prática de atividades físicas, a presente pesquisa objetivou 
verificar as médias dos participantes nos cincos motivos (diversão, competência, 
aparência, saúde e social) da escala MPAM-R, em relação às variáveis 
sociodemográficas: idade, gênero, IMC (índice de massa corporal), tipo de AF 
(exercício ou esporte), forma de praticar (sozinho ou acompanhado) e o tempo 
de prática. O método utilizado para atingir tal objetivo é apresentado a seguir. 
Amostra 
A amostra foi de tipo acidental (de conveniência) e não-probabilística, 
sendo incluídos os participantes que concordaram em fazer parte do estudo e 
que não eram atletas profissionais. Nesse sentido, contou-se com a colaboração 
de 309 praticantes de atividades físicas, classificadas em exercícios 
18 
 
 
físicos (musculação, ginástica, caminhada, hidroginástica e dança) 
e esportes (futebol, vôlei, basquete, natação, artes marciais, tênis e ciclismo), da 
cidade do Natal-RN. Estes tinham idades variando entre 16 e 74 anos (M=35 
anos; DP=14,11), distribuídos equitativamente quanto ao sexo, sendo 152 
homens (49,2%) e 157 mulheres (50,8%). 
Instrumentos 
Escala de Motivação à Prática de Atividades Físicas Revisada (MPAM-R) 
Esta escala mede cinco motivos para se praticar AF: diversão, 
competência, aparência, saúde e social, cujos parâmetros psicométricos são 
apresentados por Ryan e cols. (1997), indicando índices de consistência interna 
(alfas) de 0,92; 0,91; 0,88; 0,78 e 0,83, respectivamente. A adaptação e 
validação dessa escala para o espanhol podem ser vistas em dois estudos 
recentes, um na Colômbia, por Celis-Merchán (2006), e outro na Espanha, por 
Moreno e cols. (2007). Entretanto, nenhuma pesquisa foi encontrada no Brasil 
em que esta escala tenha sido empregada, demandando que se comprove sua 
adequação. Para tanto, sua adaptação e validação foi realizada para o contexto 
brasileiro por Gonçalves (2008). A versão em português da MPAM-R ficou 
composta por 26 itens, sendo exemplificados a seguir: 1) Diversão: "Porque acho 
essa atividade estimulante"; "Porque essa atividade me faz feliz"; 2) 
Competência: "Porque gosto do desafio"; "Para adquirir novas habilidades 
físicas"; 3) Aparência: "Para definir meus músculos e ter uma boa aparência"; 
"Porque quero ser atraente para os outros"; 4) Saúde: "Porque quero ser 
fisicamente saudável"; "Para ter mais energia"; e 5) Social: "Para estar com meus 
amigos"; "Porque quero conhecer novas pessoas". Os índices de consistência 
interna (alfas) para cada um dos fatores foram de 0,88; 0,85; 0,79; 0,84 e 0,75, 
respectivamente. Os participantes responderam à questão "Pratico atividade 
física..." por meio dos itens que compõem a escala, sendo estes exemplificados 
acima. Esses itens são respondidos por uma escala tipo Likert de sete pontos 
(1=Discordo totalmente a 7=Concordo Totalmente). 
Questões sociodemográficas 
19 
 
 
Foram elaboradas questões de caráter sociodemográfico (por exemplo, 
idade, sexo, estado civil, IMC e escolaridade) e outras que permitissem avaliar a 
atividade física realizada por esses participantes (atividade que pratica, tempo 
de prática, horas de prática por semana, entre outras). 
Procedimento 
Todos os dados foram coletados na cidade do Natal-RN, em alguns locais 
onde as pessoas praticam AF (por exemplo: calçadão, parques, academias e 
clubes). Para a realização da coleta de dados em locais privados, tais como 
clubes ou academias, inicialmente entrou-se em contato com os gerentes ou 
administradores desses estabelecimentos solicitando permissão para abordar 
seus clientes a responderem o questionário. Já em locais públicos, as pessoas 
foram diretamente abordadas por pesquisadores previamente treinados, sendo 
solicitadas a responderem o questionário. Destaca-se que, para cada 
participante, foram explicados previamente os objetivos da pesquisa, bem como 
da sua participação voluntária, assegurando-lhes o anonimato e a 
confidencialidade de suas respostas. Em média, 10 minutos foram suficientes 
para concluir sua participação. 
Análises dos dados 
A tabulação dos dados, as estatísticas descritivas (medidas de tendência 
central e dispersão) e as análises de variância (ANOVA e MANOVA) foram 
realizadas por meio do SPSSWIN 15 (Statistical Package for the Social Science). 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
Com a finalidade de testar o objetivo proposto nesta pesquisa, procurou-
se cumprir dois procedimentos específicos: 1- caracterizar os participantes 
verificando suas pontuações médias em relação à escala de resposta do 
instrumento utilizado (MPAM-R) e 2- verificar se os participantes se 
diferenciavam no construto estudado em função do sexo, idade, índice de massa 
20 
 
 
corporal (IMC), tipo de atividade física (exercício ou esporte), forma de praticar 
(sozinho ou acompanhado) e o tempo de prática. 
A escala de motivação utilizada varia de 1=Discordo totalmente a 
7=Concordo totalmente, avaliando assim o grau de discordância/concordância 
dos participantes nos motivos para se praticar atividade física. No que se refere 
ao primeiro procedimento antes descrito, realizou-se uma MANOVA para 
medidas repetidas a fim de verificar se as médias dos participantes nos cinco 
fatores de motivação apresentavam diferenças estatisticamente significativas em 
relação a mediana teórica da escala (4). 
Os resultados demonstraram que foi observado um efeito multivariado 
entre os fatores de motivação e o ponto médio teórico da escala de resposta 
[Lamda de Wilks=0,174; F(4,000)=355,109, p<0,001]. O teste de Post 
Hoc realizado demonstrou índices de significância adequados(intervalo de 
confiança ajustado: Bonferroni; p<0,05), para as diferenças de média obtidas. 
Dessa forma, os participantes apresentaram motivos 
de Diversão (M=5,49, DP=1,05; p<0,001); Saúde (M=6,32, DP=0,70; p<0,01); A
parência (M=4,72, DP=1,29; p<0,05)e Competência (M=4,36, DP=1,62; p<0,05) 
maiores do que o ponto médio da escala (4). Entretanto, no 
fator Social (M=3,60, DP=1,29; p<0,05) verificou-se que a média dos 
participantes foi estatisticamente inferior ao ponto mediano da escala. Em 
relação a esse resultado, verificou-se que para os participantes desse estudo em 
geral, o motivo principal para praticar AF foi a preocupação com a saúde, o que 
corrobora estudos anteriores (Hellín & cols., 2004; Howley & Don Franks, 2000; 
Kilpatrick & cols., 2005; Moreno & cols., 2007; Ryan & cols., 1997). Ademais, de 
acordo com Fernandes (2003), nesses casos o comportamento do indivíduo é 
motivado pela apreciação dos resultados e benefícios da participação numa 
atividade. Por exemplo, quando se busca a atividade física com ênfase na 
prevenção de doenças ou melhoria da condição física, o indivíduo pode 
considerar a atividade desagradável ou desinteressante, mas ainda assim se 
motiva pelo benefício que ela causa, sendo esta considerada uma motivação 
extrínseca. 
21 
 
 
Dando continuidade, em seguida, realizou-se uma MANOVA, objetivando 
verificar se os participantes apresentariam diferenças estatisticamente 
significativas nos fatores de motivação (diversão, saúde, aparência, competência 
e social), considerando como variáveis independentes o gênero (masculino e 
feminino); a faixa etária (jovens, adultos jovens, adultos intermediários e idosos) 
e o índice de massa corporal - IMC (baixo peso, normal, obesidade graus I, II e 
III), sendo estas variáveis características dos participantes da amostra. Essa 
técnica estatística permite verificar a relação entre diversas categorias de 
variáveis independentes discretas (VI's) em relação a diversas categorias de 
variáveis dependentes métricas (VD's) (Hair, Anderson, Tatham & Black, 2003; 
Pérez, 2001; Tabachnick & Fidel, 2001). A seguir, foram dispostos na Tabela 
1 os resultados da MANOVA indicando as diferenças de média estatisticamente 
significativas. 
Como pode ser observada na tabela acima, a diferença de média 
verificada para as variáveis sexo e idade em relação ao fator saúde foi a única 
estatisticamente significativa. Assim, de fato, na motivação para praticar 
atividade física verificou-se que as mulheres (M=6,43, DP=0,11) praticavam mais 
por questões de saúde do que os homens (M=6,12, DP=0,09). A preocupação 
com a saúde atribuída mais às mulheres pode ser explicada por Boltanski, 1979; 
Lins, 1999; Messner, 1995, citados por Salles-Costa, Heilborn, Werneck, 
Faerstein e Lopes (2003), os quais consideram que a inserção da prática de 
atividades físicas no universo feminino está associada à manutenção da saúde 
e valorização dos cuidados com a imagem corporal, ressaltando-se que as 
mulheres apresentam uma percepção mais sensível do corpo e por isso buscam 
mais praticar atividades físicas do que o homens. Atualmente a prática de 
atividades físicas no universo feminino ganha grande proporção por meio da 
busca do corpo delineado e controle do peso corporal, ressaltando-se que em 
comparação a qualquer outro período, as mulheres estão gastando muito mais 
tempo com o tratamento e a disciplina dos seus corpos (Salles-Costa & 
colaboradores, 2003). 
No que se refere à variável idade, os idosos (M=6,52, DP=0,14) 
apontaram praticar atividade física mais por motivos de saúde do que 
22 
 
 
os jovens (M=6,34, DP=0,16), adultos jovens (M=5,85, DP=0,14) 
e adultos (M=6,44, DP=0,10). Esse resultado seria de se esperar, tendo em vista 
que com o aumento da idade as pessoas tornam-se mais suscetíveis a certos 
tipos de doença e, com isso, a prática de AF regular passa a ser recomendada 
pelos médicos como forma de tratamento ou controle de algumas doenças. 
Nessa perspectiva, estudos como os de Andreotti e Okuma (2003) e Santos e 
Knijnik (2006) revelaram que a indicação médica foi relatada pelos participantes, 
adultos e idosos como um dos principais motivos para se iniciar a prática de AF. 
Esses resultados também são coerentes com a literatura, como por exemplo no 
estudo realizado por Moreno, Cervelló e Martínez (2007), em que as pessoas de 
maior idade deram mais importância aos motivos relacionados com a saúde, 
enquanto os mais jovens priorizaram os motivos relacionados com a aparência. 
No que se refere ao índice de massa corporal, não foram encontrados 
resultados estatisticamente significativos, no entanto, ressalta-se a importância 
de estudos futuros que verifiquem a relação da motivação com a prática de 
atividade e a obesidade, por exemplo, tendo em vista que em alguns estudos 
(por exemplo, Kilpatrick & cols., 2005) a variável de controle do peso tem sido 
identificada como relevante para se compreender a motivação à prática de AF. 
Ademais, conhecendo-se as principais motivações das pessoas com sobrepeso 
ou obesas, seria de extrema relevância para viabilizar estratégias de intervenção 
que visem diminuir o sedentarismo entre essas pessoas. Por último, como visto 
na tabela acima, verificou-se que o efeito de interação entre sexo, idade e IMC 
não foi estatisticamente significativo, o que indica que no presente estudo, essas 
variáveis não interagem. 
Dando continuidade, realizou-se outra MANOVA, objetivando agora 
verificar se os participantes apresentariam diferenças estatisticamente 
significativas nos fatores de motivação (diversão, saúde, aparência, competência 
e social), considerando como variáveis independentes: o tipo de AF (exercício 
ou esporte), a forma de praticar (sozinho ou acompanhado) e o tempo de prática 
(um a seis meses, sete meses a um ano, mais de um ano), sendo essas variáveis 
características da AF praticada pelos participantes da amostra. A seguir, foram 
23 
 
 
dispostos na Tabela 2 os resultados da MANOVA indicando as diferenças de 
média que foram estatisticamente significativas. 
Como pode ser observada na tabela abaixo, a diferença de média 
verificada para as variáveis tipo de AF e forma de praticar foi a única 
estatisticamente significativa. Assim, de fato, na motivação para praticar 
atividade física verificou-se que os praticantes de exercício (M=5,08; DP=0,15) 
praticavam mais por questões de aparência do que as praticantes 
de esporte (M=4,57; DP=0,20). Tais resultados também corroboram com os 
resultados verificados na literatura (Frederick & Ryan, 1993; Ryan & cols., 1997), 
apontando que as pessoas que praticam exercícios o fazem mais por motivos de 
aparência do que os que praticam esportes, e dependendo do tipo da atividade 
praticada, as pessoas podem apresentar diferentes tipos de motivação. 
Ressalta-se ainda que Kilpatrick e cols. (2005) verificaram em seus estudos que 
existia uma maior motivação entre praticantes de exercício para aspectos como 
força, resistência, aparência, controle do estresse e controle do peso, enquanto 
para os praticantes de esporte havia uma maior motivação para aspectos como 
afiliação, desafio, competição e reconhecimento social. 
Já no que se refere à forma de praticar, verificou-se que aqueles que 
praticavam AF acompanhados (M=3,88; DP=0,15), faziam mais por 
motivos sociais do que aqueles que praticavam AF sozinhos (M=3,32; DP=0,17). 
Resultado semelhante a este pode ser visto nos estudos de Moreno, Cervelló e 
Martínez (2007), onde verificaram que os sujeitos que praticavam AF em 
programas orientados tinham maiores motivos de diversão, saúde e 
competência, enquanto os que praticavam com os amigos tinham motivos mais 
relacionados ao fator social. 
Em relação à variável tempo de prática, não foram encontrados resultados 
estatisticamente significativos. No entanto, sugere-se a realização de novos 
estudos para verificar a influênciado tempo na motivação para praticar AF, uma 
vez que se acredita que as pessoas que praticam atividade física há menos 
tempo sejam propícias a abandonar a prática regular de AF, enquanto as 
pessoas que praticam há mais tempo possivelmente possuem menos chances 
de abandonar essa prática e assim manter hábitos saudáveis de vida. Por último, 
24 
 
 
observou-se que o efeito de interação entre tipo de AF, forma de praticar e tempo 
de prática foi testado, no entanto, como visto na tabela acima, essas variáveis 
não interagiram. 
No geral, verificou-se que os participantes deste estudo praticavam 
atividade física mais por motivos de saúde, diversão, aparência e competência 
e menos por motivos sociais, tendo em vista que apresentaram médias 
superiores ao ponto médio teórico da escala nesses quatro fatores, com exceção 
apenas do fator social. Entretanto, no geral, deve-se ressaltar que o fator saúde 
foi o que apresentou maior média. Destaca-se ainda que os participantes do sexo 
feminino e os idosos indicaram praticar atividade física mais por motivos de 
saúde do que os homens e os participantes mais jovens. Observa-se também 
que os participantes de exercício indicaram praticar AF mais por questões de 
aparência do que os praticantes de esporte e, ainda, aqueles que praticavam AF 
acompanhados o faziam mais por motivos sociais do que os que praticavam 
sozinhos. A seguir são apresentadas as conclusões da presente pesquisa. 
 
CONCLUSÃO 
 
Compreender o que motiva as pessoas a praticar AF tem sido um dos 
maiores desafios dos profissionais envolvidos com esta área, tendo em vista que 
algumas pesquisas indicam que apesar de se conhecerem os diversos 
benefícios associados à prática regular de AF, o número de sedentários ainda é 
crescente e tem se tornado algo preocupante no que diz respeito à saúde da 
população brasileira (Andreoti & Okuma, 2003; Epiphanio, 1999; Mello & cols., 
2005). 
Nesse sentido, pode-se dizer que os resultados apresentados e discutidos 
anteriormente acerca dos motivos para se praticar AF e algumas variáveis 
sociodemográficas, permitem afirmar que os objetivos da presente pesquisa 
foram alcançados, pois a maior parte dos resultados foi coerente com os 
encontrados na literatura, bem como acredita-se que estudos desta natureza 
25 
 
 
podem vir a contribuir com a construção do conhecimento nessa área, pois tais 
achados possibilitam uma maior compreensão acerca do que motiva as pessoas 
a praticar atividade física. 
Entretanto, deve-se ter em mente que as variáveis aqui investigadas não 
são as únicas relevantes no estudo da motivação à prática de AF, de modo que 
se sugerem novos estudos para verificar o papel de diferentes variáveis na 
motivação. A seguir, dispõem-se as principais limitações e sugestões de 
pesquisas futuras. 
Algumas limitações da presente pesquisa são apontadas. Ressalta-se 
que, apesar da tentativa, nem todas as variáveis se mostraram balanceadas, 
apenas o sexo, que apresentou quase a mesma quantidade de homens (50,8%) 
e mulheres (49,2%); e a forma de prática, com quase o mesmo número de 
praticantes sozinhos (47%) e acompanhados (53%). Assim, novos estudos 
devem ser realizados buscando utilizar as variáveis de forma mais bem 
equilibrada. 
Destaca-se, ainda, que não se contou com a colaboração de pessoas que 
praticavam AF em programas orientados, bem como não houve a participação 
de pessoas de todas as classes sociais, pois os participantes deste estudo foram 
abordados principalmente em bairros nobres da cidade do Natal, e a maioria em 
academias (46,9%), local onde se paga para praticar AF. Dessa forma, sugere-
se que em futuros estudos a variável renda também seja considerada, buscando 
contar com a participação de pessoas de todas as classes sociais e levando em 
consideração uma maior variabilidade de locais onde se pratica AF. 
Acrescenta-se ainda que os resultados aqui obtidos não são 
generalizáveis para além da amostra considerada, pois, relembrando, tal como 
apontado no método, tratou-se de uma amostra não-probabilística. Assim, novos 
estudos poderiam ser úteis a fim de verificar a adequação dos resultados aqui 
observados. Apesar das limitações, acredita-se estar contribuindo para o 
acréscimo de dados empíricos à literatura brasileira sobre motivação à prática 
de atividades físicas. No entanto, futuras investigações considerando novas 
26 
 
 
variáveis são necessárias na busca por melhor compreender a motivação à 
prática de AF e, assim, minimizar o risco ao sedentarismo. 
 
A MOTIVAÇÃO NO CONTEXTO DA TEORIA DA 
AUTODETERMINAÇÃO DE DECI E RYAN 
 
Elaborada por Deci e Ryan (1985, 2000a), a Teoria da Autodeterminação 
é amplamente difundida e utilizada em diversas áreas do conhecimento 
acadêmico (Deci, Ryan, & Koestner, 1999), dentre os quais o esporte e atividade 
física (Barbosa, 2006; Deci & Olson, 1989; Frederick & Ryan, 1995). Esta teoria 
preconiza que um sujeito pode ser motivado em diferentes níveis (intrínseca ou 
extrinsecamente), ou ainda, ser "amotivado" durante a prática de qualquer 
atividade. 
Quando intrinsecamente motivado, o sujeito ingressa na atividade por sua 
própria vontade, ou seja, pelo prazer e satisfação do processo de conhecê-la, 
explorá-la, aprofundá-la. Atividades intrinsecamente motivadas são comumente 
associadas ao bem estar psicológico, interesse, alegria e persistência (Ryan & 
Deci, 2000b). Autores têm subdividido a motivação intrínseca em 3 tipos: "para 
saber", "para realizar" e "para experiência". A motivação intrínseca "para saber" 
ocorre quando se executa uma atividade para satisfazer uma curiosidade, ao 
mesmo tempo em que se aprende tal atividade; a motivação intrínseca "para 
realizar" ocorre quando um indivíduo realiza uma atividade pelo prazer de 
executá-la e a motivação intrínseca "para experiência" ocorre quando um 
indivíduo realiza uma atividade para experienciar as situações estimulantes 
inerentes à tarefa (Brière, Vallerand, Blais, & Pelletier, 1995). 
A motivação extrínseca, por sua vez, ocorre quando uma atividade é 
efetuada com outro(s) objetivo(s) que não o(s) inerente(s) à própria atividade 
(Ryan & Deci, 2000a). Estes motivos podem variar grandemente em relação ao 
seu grau de autonomia, criando, basicamente, três categorias desta motivação: 
1) a "regulação externa": esta categoria da motivação extrínseca ocorre quando 
27 
 
 
o comportamento é regulado por premiações materiais ou medo de 
consequências negativas, como críticas sociais (este tipo de motivação pode ser 
observado no âmbito esportivo quando o treinador impõe punições aos atletas, 
quando não realizam as tarefas propostas); 2) a "regulação interiorizada": é a 
categoria que ocorre quando o comportamento é regulado por uma fonte de 
motivação que, embora inicialmente externa, é internalizada, como 
comportamentos reforçados por pressões internas como a culpa, ou como a 
necessidade de ser aceito; c) a 'regulação identificada': é a categoria da 
motivação extrínseca que ocorre quando um sujeito realiza uma tarefa (ou 
comportamento), a qual não lhe é permitida a escolha; uma atividade que é 
considerada como importante de ser realizada, mesmo que não lhe seja 
interessante. 
Há ainda um terceiro tipo de motivação. Trata-se da "amotivação", 
construção motivacional que pode ser encontrada em indivíduos que ainda não 
estão adequadamente aptos a identificar um bom motivo para realizar alguma 
atividade física (Ryan & Deci, 2000a). No ponto de vista destes indivíduos, a 
atividade ou não lhes trará nenhum benefício, ou eles não conseguirão realizá-
la de modo satisfatório (Brière et al., 1995). 
 Detalhados os níveis do contínuo motivacional, cabe salientar que a 
Teoria da Autodeterminação (Ryan & Deci, 2000a) é uma meta-teoria. Desta 
maneira, estes níveis de autodeterminação são explicados por cinco subteorias: 
"Teoria da Avaliação Cognitiva", "Teoria da IntegraçãoOrgânica", "Teoria da 
Orientação Causal", "Teoria das Necessidades Básicas", e "Teoria de 
Orientação de Metas". A Teoria de Orientação de Metas pressupõe que a 
orientação das metas pessoais em uma atividade explica os níveis de 
autodeterminação. Este estudo toma como base esta última subteoria. À luz 
destas diferentes subteorias, destaca-se que há ao menos dois caminhos para 
medir a motivação: um, é medindo os níveis de autodeterminação, como fez 
Fernandes e Vasconcelos-Raposo (2005) e outro é medindo os motivos que 
levam estes sujeitos a esta prática, como fizeram Ryan, Frederick, Lepes, Rubio 
e Sheldon (1997). Este estudo adota o segundo destes dois caminhos. 
A motivação no plano empírico 
28 
 
 
Partindo destes pressupostos teóricos, vários pesquisadores, com o 
intuito de melhor conhecer diversos aspectos sobre os fatores motivacionais, 
buscaram relacionar a motivação à prática de atividades físicas ao gênero, à 
idade (Balbinotti & Capozzoli, 2008; Barbosa, 2006; Castro, 1999; Lores, Murcia, 
Sanmartín, & Camacho, 2004), e a outras variáveis (Wang & Wiese-Bjornstal, 
1996), que poderiam interferir na motivação do sujeito em praticar atividades 
físicas. 
Alguns destes pesquisadores usaram o "Inventário de Motivação à Prática 
Regular de Atividade Física e Esportiva (IMPRAFE-126)" (Balbinotti & Barbosa, 
2008). Trata-se de um instrumento desenvolvido na realidade brasileira que 
avalia seis dimensões motivacionais (Controle do Estresse, Saúde, 
Competitividade, Sociabilidade, Estética e Prazer). Um destes estudos (Barbosa, 
2006) incluiu 1377 sujeitos com idade entre 13 e 83 anos. Foram encontradas 
diferenças significativas entre faixas etárias nas dimensões motivacionais: 
Saúde, Competitividade, Sociabilidade e Estética, e entre os sexos nas 
dimensões Controle do Estresse, Saúde e Competitividade. Um segundo 
trabalho (Balbinotti & Capozzoli, 2008), realizado com 300 praticantes de 
atividade física em academia com idades entre 18 e 65 anos, encontrou 
diferenças significativas nas dimensões motivacionais Controle do Estresse, 
Competitividade, Sociabilidade e Prazer, quando as faixas etárias foram 
comparadas, e nas dimensões motivacionais Competitividade e Sociabilidade, 
quando a comparação foi realizada entre os sexos. 
Estudos realizados em outros países e utilizando outros instrumentos 
também encontraram diferenças entre faixas etárias e sexos, sempre que foram 
comparadas dimensões motivacionais (Castro, 1999; Lores et al., 2004). Estas 
evidências empíricas afirmaram a existência de diferenças significativas entre as 
dimensões motivacionais quando as variáveis sexo e idade são controladas. 
Cabe saber se estas diferenças persistem quando os níveis gerais de motivação 
são comparados. 
Questão central desta pesquisa 
29 
 
 
Partindo-se dos conteúdos teóricos e empíricos apresentados 
anteriormente, foi possível formular a seguinte questão central desta pesquisa: 
"existem diferenças significativas nas médias dos escores dos níveis gerais de 
motivação à prática de atividade física, nos sujeitos investigados, segundo o 
sexo e a faixa etária dos praticantes?" Para adequadamente responder a esta 
questão foram empregados procedimentos metodológicos, éticos e estatísticos. 
Estes procedimentos serão apresentados a seguir. 
 
MÉTODO 
 
Sujeitos 
Uma amostra de 635 praticantes de atividade física regular de ambos os 
sexos e com idades que variaram de 18 a 55 anos foi selecionada para esse 
estudo. Salienta-se que esta amostra foi escolhida pelos critérios de 
disponibilidade e acessibilidade (Maguirre & Rogers, 1989). 
Como se vê na Tabela 1, as idades foram divididas em três grupos, 
conforme sugerido por Papalia, Olds e Feldman (2006), a saber: de 18 a 20 anos 
(adolescente; 21,1%); de 21 a 40 anos (jovem adulto; 59,5%); e, de 41 a 55 anos 
(meia-idade; 19,4%). Destaca-se, ainda, que esta amostra é composta por 
49,6% de sujeitos do sexo masculino e 50,4% do sexo feminino. 
 
 Instrumentos 
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X2011000100013&lng=pt&tlng=pt#tab01
30 
 
 
Para a realização da pesquisa foram utilizados dois instrumentos: 
"Questionário Sócio-Demográfico Simples" (QSDS), apenas para controle das 
variáveis sexo e idade; "Inventário de Motivação à Prática Regular de Atividade 
Física e Esporte" (IMPRAFE-126) (Balbinotti & Barbosa, 2008). 
O IMPRAFE-126 é um inventário que avalia seis das possíveis dimensões 
associadas à motivação à prática regular de atividades físicas. Embora deva ser 
respondido individualmente, pode ser aplicado a várias pessoas ao mesmo 
tempo. Tratam-se de 120 itens agrupados 6 a 6, seguindo a sequência das 
dimensões a serem estudadas, a saber: controle do stress (por exemplo: "liberar 
tensões mentais"), saúde (ex.: "manter a forma física"), sociabilidade (ex.: "estar 
com amigos"), competitividade (ex.: "vencer competições"), estética (ex.: "manter 
bom aspecto") e prazer (ex.: "meu próprio prazer"). Mais, seis itens que 
compõem uma escala de verificação: trata-se de itens tomados aleatoriamente 
(um de cada dimensão) e repetidos no final da escala. A comparação entre as 
respostas obtidas nos itens em pontos aleatórios da escala e as respostas 
obtidas na escala de verificação permite avaliar a confiabilidade das respostas. 
Responde-se aos itens do IMPRAFE-126 conforme uma escala 
bidirecional, de tipo Likert, graduada em 5 pontos, indo de "isto me motiva 
pouquíssimo" (1) a "isto me motiva muitíssimo" (5). O tempo de aplicação é em 
torno de 20 minutos. As propriedades métricas foram avaliadas (Balbinotti & 
Barbosa, 2008) e os resultados indicaram tratar-se de um instrumento válido e 
fidedigno. Considerando que cada dimensão tem o mesmo número de itens e 
que as correlações entre as dimensões são todas positivas e altamente 
significativas (r de Pearson variou de 0,37 a 0,69; p < 0,001), pode-se avaliar o 
nível geral de motivação à prática regular de atividade física somando-se os 
resultados das seis dimensões do IMPRAFE-126. 
Procedimentos de aplicação do Inventário 
Inicialmente, os sujeitos foram contatados nos locais onde são praticadas 
regularmente atividades físicas (clubes, academias, escolas) para que se 
pudesse obter o aceite e agendar o dia e o horário da aplicação do Inventário. 
No dia da aplicação, todos assinaram o Termo de Consentimento Livre e 
31 
 
 
Esclarecido (TCLE), que em seus termos assegurava a confidencialidade das 
respostas. O tempo necessário para responder ao IMPRAFE-126 foi de, 
aproximadamente, 20 minutos. Foram observados os princípios de respeito à 
pessoa, da beneficência, da não-maleficência (Goldim, 2003) e, ainda, os 
princípios e regras fundamentais do consentimento informado (Balbinotti & 
Wiethaeuper, 2002), todos conforme as diretrizes da Resolução n. 196, de 10 de 
outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde. O projeto de pesquisa foi 
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio 
Grande do Sul (número: 2007721). 
 
RESULTADOS 
 
A fim de responder, adequadamente, a questão central desta pesquisa, 
procedeu-se à exploração dos escores obtidos através do IMPRAFE-126, 
segundo princípios norteadores comumente aceitos na literatura especializada 
(Bryman & Cramer, 1999; Pestana & Gageiro, 2003; Reis, 2001; Trudel & 
Antonius, 1991). Sendo assim, apresentam-se, sucessiva e sistematicamente, 
os resultados das análises de itens, das estatísticas descritivas e das 
comparações de médias conforme cada variável controlada (sexo, faixa etária). 
Destaca-se que a apresentação formal da "análise de itens", neste estudo, tem 
por objetivo demonstrar a confiabilidade dos valores das médias observadas; 
pois estas, pela possibilidade de sofrer efeitos negativos pela presença de casos 
extremos (Pestana & Gageiro, 2003), poderiam não ser representativas dos 
comportamentos inventariados, diminuindoo valor das conclusões (Balbinotti, 
2005). 
Análise de Itens 
Destaca-se que as médias encontradas para cada um dos 120 itens 
estudados individualmente variaram entre 1,73 e 4,51; com desvios-padrões 
associados variando entre 0,81 a 1,49. Esses resultados indicam que, em média, 
os jovens respondem as questões do IMPRAFE-126 de forma um pouco mais 
32 
 
 
positiva que negativa. Mesmo assim, interpretam-se esses resultados 
preliminares como sendo satisfatórios, pois não houve aderência predominante 
(seja positiva ou negativa) a nenhum dos itens isolados, ou seja, itens com 
médias semelhantes aos valores extremos (1 ou 5), o que indicaria ausência de 
variabilidade de respostas – condição que impediria o prosseguimento das 
análises. Destaca-se, então, que a variabilidade dos resultados indica adequada 
homogeneidade na dispersão avaliada, diga-se, não houve desvios-padrões 
com valores nominais maiores que os das médias por item. Já a média 
encontrada para o instrumento total foi de 385,27, com um desvio-padrão 
associado de 73,66. Posto que o intervalo total esperado era de 120 a 600 pontos 
(com média esperada de 360 pontos) e o observado foi de 169 a 592 (com um 
intervalo interquartil de 93 pontos), observam-se valores próximos entre as 
médias esperada e observada. 
As médias, embora próximas, não são exatamente as mesmas, portanto 
procedeu-se ao teste t para uma amostra e seus resultados (t > 8,644; gl = 
634; p < 0,001) demonstraram que, embora essas diferenças nominais sejam 
pequenas, elas foram estatisticamente significativas. Esse resultado vai ao 
encontro daqueles das médias dos itens e não surpreendem, já que as pessoas 
que praticam regularmente atividades físicas são, obviamente, motivadas para 
tal atividade. Ainda, classifica-se a mediana das correlações item-total como 
moderada (r = 0,46), e nenhum índice mostrou-se inferior a 0,20. Estes 
resultados satisfatórios culminam com os índices Alpha de Cronbach. Os 
índices Alpha, quando se supõe excluir algum dos 120 itens do inventário, 
variaram de 0,970 a 0,971. O índice Alpha observado para a escala total 
(portanto sem a exclusão de nenhum item) é de 0,971. Estes últimos resultados 
indicam que, efetivamente, todos os itens do questionário contribuem para a 
consistência interna da medida do construto em estudo. Ainda, considerando 
que os 120 itens apresentam saturações fatoriais importantes (variando de 0,395 
a 0,902, independente da dimensão em estudo) e que todos explicam 51% da 
variância total deste construto (Barbosa, 2006), pode-se interpretar, pelo viés da 
validade de construto, que se está avaliando o que se deseja, ou seja, a 
motivação à prática regular de atividade física. 
33 
 
 
Estatísticas descritivas gerais 
Como se pode observar na Tabela 2, os índices obtidos nas médias da 
motivação (índice geral de motivação), independente da variável controlada, 
variaram, em valores nominais, moderadamente (315,15 a 406,07). Os desvios-
padrões seguiram esta mesma ordem, variando de 70,2 a 77,0. Com o objetivo 
de verificar a adequação do uso de testes paramétricos para a comparação 
destas médias, e com base nos resultados dos desvios, a igualdade estatística 
das variâncias foi testada, comprovada e assumida com ajuda do cálculo F de 
Levène para as variáveis: sexo (F(1, 633) = 0,334; p = 0,564) e faixa etária (F(2, 
632) = 1,119; p = 0,327). De maneira geral, esses resultados são excelentes 
indicadores para o uso de instrumentais paramétricos de comparação das 
médias. Ainda, conduziu-se o cálculo Kolmogorov-Smirnov, com correção 
Lilliefors, a fim de testar a aderência à normalidade para a amostra em questão: 
seus resultados (KS = 0.036; gl = 635; p > 0,050) também se mostraram 
satisfatórios (p > 0,05). 
 
 
 Os valores referentes às estatísticas de dispersão (ver Tabela 2), 
precisamente quanto aos valores mínimos observados (que variaram de 169 a 
592 pontos, independente do grupo em análise), nota-se que existe um relativo 
afastamento do valor mínimo esperado (que é de 120 pontos). Uma diferença 
de, no mínimo, 49 pontos. Pode-se dizer que não ocorreu o fenômeno da 
aquiescência negativa. Isso significa que não houve respondentes inclinados em 
afirmar que os motivos apresentados no IMPRAFE-126 são, todos, 
pouquíssimos motivadores para a realização de atividades físicas regulares! 
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X2011000100013&lng=pt&tlng=pt#tab02
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X2011000100013&lng=pt&tlng=pt#tab02
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Interpretam-se positivamente esses resultados, podendo-se dizer que ninguém 
da amostra em estudo classifica-se como 'amotivado' à prática regular de 
atividade física. Sendo assim, e segundo as observações de Brière et al. (1995), 
pode-se afirmar que a construção motivacional percebida pelos sujeitos 
investigados encontra-se em níveis satisfatórios. Ou seja, estes indivíduos estão 
adequadamente aptos a identificar um bom motivo para realizar alguma 
atividade física regular, indicando que esta lhes trará algum benefício, ou que 
eles conseguirão realizá-la de modo satisfatório, dentro de seus próprios pontos 
de vista. 
No que se refere aos valores máximos (que variaram de 533 a 592 
pontos), destaca-se que houve, no mínimo, um (1) respondente que afirmou 
sentir-se altamente motivado por quase todos os itens apresentados no 
IMPRAFE-126. Ao verificar o(s) grupo(s) que ele(s) pertence(m), trata-se de 
alguém do sexo masculino e da faixa etária entre 18 e 20 anos. Isso, a princípio, 
poderia ser interpretado como um possível indicador de que manifestações 
individuais de aquiescência positiva (relativa à motivação à prática regular de 
atividade física) são mais comumente encontradas em homens desta faixa 
etária. Outros estudos deveriam testar esta hipótese. Enquanto isso, poder-se-
ia pensar que esse resultado está de acordo com aquele de Lores et al. (2004) 
que afirmaram ser comum em homens desta faixa etária demonstrarem 
comportamentos mais extremos que as mulheres quando se trata de 
competitividade e a superação de limites. 
Além disso, pode-se ainda acreditar que, na medida em que a faixa etária 
aumenta, aumenta-se a capacidade discriminatória de respostas dos sujeitos 
avaliados. Diz-se isso em função do "decréscimo linear na manifestação 
aquiescente positiva" de respostas ao IMPRAFE-126 (ver valores máximos 
na Tabela 2). Pode-se interpretar esse resultado considerando que, na medida 
em que a idade aumenta (ao menos considerando as faixas etárias em estudo), 
deve existir uma menor probabilidade de aparecerem casos com 
comportamentos de resposta mais impulsiva. Parece que as pessoas de faixas 
etárias mais altas discriminam com mais "rigor" quais os motivos que julgam mais 
positivos e que as levam a praticar uma atividade física regular, assim como 
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aqueles que não as levam. O ineditismo desta análise não permite comparar 
esses resultados com os de outros estudos (do construto em questão). 
Entretanto, conforme um estudo recente (Balbinotti, Wiethaeuper, & Barbosa, 
2004), este comportamento de resposta tem sido observado com outros 
construtos da personalidade humana, tais como: interesses (gostos e 
preferências), maturidade (capacidade de enfrentar tarefas de desenvolvimento 
com as quais se é confrontado, como consequência do próprio desenvolvimento 
social, biológico e das necessidades da sociedade em relação às pessoas que 
alcançam este estado de desenvolvimento), e autoconceito (ideias que as 
pessoas fazem de si mesmo). Sendo assim, futuras ocorrências de casos 
extremos à direita da curva de distribuição de dados, além de poderem ser 
interpretadas como sendo características de respostas individuais que, conforme 
Balbinotti (2005), logicamente podemocorrer, pode-se também imaginar que 
alguns comportamentos de resposta, relacionados a certas características da 
personalidade humana, são mais sensíveis e de resposta mais diferenciada, com 
o avanço da idade. 
Após a apresentação e discussão dos resultados referentes à dispersão 
dos comportamentos de resposta com a amostra em estudo, apresentam-se e 
discutem-se os procedimentos e resultados referentes às comparações das 
médias conforme as variáveis de controle, em estudo. 
Comparações de médias por sexo 
Quanto à variável sexo, um teste t para amostras independentes foi 
conduzido e seus resultados (t(633) = -0,039; p = 0,969) indicaram não existir 
diferenças significativas (p > 0,05) entre os níveis gerais de motivação à prática 
regular de atividade física. Inicialmente, pode-se dizer que a pequena diferença 
nominal encontrada nas médias das respostas segundo o sexo dos 
respondentes não é suficiente para poder-se afirmar que esta variável, quando 
controlada diretamente, tem um papel importante no construto em questão. Na 
realidade, seria um tanto surpreendente se um dos sexos se mostrasse mais 
motivado que o outro. Diga-se, se o fato de pertencer a um ou o outro sexo fosse 
determinante para se encontrar comportamento de respostas (à motivação) 
36 
 
 
estatisticamente diferentes, seria muito difícil explicar objetivamente tal 
fenômeno. 
Embora homens e mulheres tenham se mostrado igualmente motivados 
(sob o viés da significância estatística), cabe salientar que ambos os sexos 
apresentam médias observadas (ver Tabela 2) com cerca de 25 pontos nominais 
acima da média esperada (360 pontos). A fim de se testar os níveis de 
significância para essas diferenças, realizou-se uma comparação, com a ajuda 
do teste t para uma amostra, que indicou tratar-se de índices de motivação 
estatisticamente iguais ao esperado para o instrumento, tanto para os homens 
(t(314) = 0,036; p > 0,971) quanto para as mulheres (t(319) = 0,093; p > 0,926). 
Interpretam-se esses resultados de forma positiva, pois este pode ser um dos 
indicadores de que, em média, os sujeitos que compuseram esta amostra em 
estudo não estão expressando a intenção iminente de abandonar a prática 
regular de atividade física. As vantagens de tal decisão afetam diretamente a 
saúde geral desses sujeitos, o que tem sido observado na literatura nacional 
(Balbinotti & Capozzoli, 2008; Graça & Bento, 1992) e internacional (Capdevila, 
Niñerola, & Pintanel, 2004; Morgan & Goldston, 1987; Wankel, 1993). Por outro 
lado, pode-se imaginar a possibilidade de que o instrumento tenha sido 
construído de forma a favorecer respostas equilibradas, mas isso só poderá ser 
verificado com pesquisas continuadas a partir de diversas amostras 
independentes. Assim, espera-se que outros estudos, com outras amostras, 
testem e discutam estas propriedades métricas, verificando se este 
comportamento de resposta se repete. 
Considerando esses resultados referentes às comparações estatísticas 
gerais em relação ao sexo, pode-se ficar inclinado a supor que, possivelmente, 
não existam diferenças entre as dimensões constitutivas do construto em estudo 
(Motivação à Prática Regular de Atividade Física), mas isso não deve ser 
suposto. Mesmo que não seja um dos objetivos deste estudo a descrição das 
médias por dimensão constitutiva desta motivação, cabe dizer que essas 
diferenças podem ocorrer e, se assim for o caso, novos estudos devem 
apresentá-las e discuti-las, efetiva e sistematicamente. 
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X2011000100013&lng=pt&tlng=pt#tab02
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Na verdade, alguns estudos têm avaliado as diferenças entre as 
dimensões da motivação. Por exemplo, o estudo realizado por Lores et al. (2004) 
testou a existência de possíveis diferenças entre homens e mulheres praticantes 
de atividade física na dimensão estética. Seus resultados indicam que as 
mulheres são significativamente (p < 0,001) mais motivadas por aspectos 
relacionados à estética, do que os homens. Em contrapartida, o mesmo estudo 
demonstrou que os homens são significativamente (p < 0,001) mais motivados 
do que as mulheres quando a dimensão avaliada é a competitividade. 
Resultados similares foram encontrados por Balbinotti e Capozzoli (2008). 
Sendo assim, parece que, em média, as dimensões se acomodam de forma que 
o índice geral da motivação resta indiferente entre homens e mulheres. 
Comparações de médias por faixa etária 
Quanto à variável faixa etária, realizou-se a estatística ANOVA one-way e 
seus resultados (F(2, 632) = 7,214; p = 0,001) indicaram existir ao menos uma 
diferença altamente significativa (p > 0,01) entre as médias observadas nas três 
faixas etárias, em estudo. O teste complementar de Bonferroni (considerando 
que as variâncias são homogêneas) permitiu localizar duas diferenças 
significativas (p < 0,05). Uma delas, altamente significativa (p < 0,01), foi 
localizada entre as médias do grupo de adolescentes (18 a 20 anos) e do grupo 
de jovens adultos (21 a 40 anos); e outra diferença significativa (p < 0,05), 
localizada entre as médias do grupo de adolescentes (18 a 20 anos) e do grupo 
de meia idade (41 a 55 anos); ambas favoráveis aos adolescentes (ver Tabela 
2). 
O comportamento do índice geral de motivação ao longo das idades 
(considerando os três grupos estudados) pode ser simbolicamente representado 
por uma letra "V", com a segunda "perna" um pouco mais curta (ver Figura 1). 
Estes resultados podem ser discutidos tanto à luz da teoria da autodeterminação, 
quanto à luz da teoria do desenvolvimento humano. 
 
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X2011000100013&lng=pt&tlng=pt#tab02
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X2011000100013&lng=pt&tlng=pt#tab02
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X2011000100013&lng=pt&tlng=pt#fig01
38 
 
 
 
 No que diz respeito à teoria da autodeterminação, os elevados índices de 
motivação entre os adolescentes observados neste estudo podem ser 
interpretados como um indicador de que a motivação destes sujeitos é 
predominante intrínseca. Esta interpretação é sustentada por achados teóricos 
e empíricos que indicam que níveis elevados de motivação estão associados à 
motivação intrínseca (Ryan et al., 1997). 
No que diz respeito à teoria do desenvolvimento humano, pode se pensar 
que os adolescentes (18 a 20 anos) enfrentam tarefas de desenvolvimento que 
incluem a exploração e teste das potencialidades e limites de seus corpos, que, 
diga-se de passagem, estão em pleno processo de transformação (Aberastury & 
Knobel, 1981). As atividades físicas, por um lado, propiciam a exploração deste 
corpo, testando seus limites e, por outro lado, favorecem o aprendizado e seu 
condicionamento geral; que conduzem à realização de novas tarefas, reiniciando 
este processo, de caráter dinâmico. 
Ainda sob o mesmo viés (da teoria do desenvolvimento humano), outros 
aspectos poderiam contribuir para explicar os altos índices de motivação na 
adolescência, tais como o aumento e a diversificação de atividades sociais nesta 
fase. Segundo Weinberg e Gould (2001), as atividades físicas, de maneira geral, 
favorecem a socialização, o que contribui na transposição das tarefas desta fase. 
39 
 
 
Esta explicação é reforçada pelos resultados de estudos como aquele realizado 
por Balbinotti e Capozzoli (2008), onde se viu que os mais jovens são 
significativamente (p < 0,05) mais motivados por aspectos ligados à socialização. 
Quanto à redução dos índices de motivação observada na segunda faixa 
etária (jovens adultos, 21 a 40 anos), pode-se pensar que, teoricamente, quando 
estes sujeitos entram na vida adulta, as tarefas próprias da adolescência 
(aprendizado, experimentação, exploração do corpo) estão concluídas ou em 
fase de conclusão. As tarefas típicas dos adultos jovens são as de 
estabelecimento

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