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RESUMO DIREITO CONSTITUCIONAL ORGANIZAÇÃO POLÍTICO E ADMINISTRATIVA DO ESTADO Cadeira: Direito Constitucional I Monitor: Luís Felipe Gomes Sandri A) Dos Aspectos Gerais: A CF estabelece que a organização Político-administrativa da República compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos. Salienta-se desde já que os entes federativos são apenas autônomos e não soberanos. B) Classificações Introdutórias: Forma de estado: relacionado com o exercício do poder político em função de um território de um estado. Ex.: Estado federado, unitário e puro. Forma de governo: maneira pela qual se dará o governo, bem como a relação entre governantes e governados. Ex.: república, monarquia, autocracia. Quem governa? Presidente da república. Sistema de governo: Preocupação com como se dá a relação entre os poderes Executivo e Legislativo. Ex.: sistema presidencialista, sistema parlamentarista. Regime de governo: pode ser democrático ou autocrático, ou seja, com ou sem participação popular. C) Da federação na Constituição de 1988: Destaca-se que a federação brasileira não é uma típica federação, pois é composta por 4 tipos distintos de entes federados (União, Estados, Municípios e Distrito Federal), enquanto uma federação típica tem apenas dois, os estados e a união. Este é o motivo pelo qual se considera que o federalismo brasileiro é de segundo grau, pois há também relação entre União e DF ou municípios. D) Das características do federalismo: QUANTO À FORMAÇÃO: O federalismo pode ser formado por agregação (caso dos EUA, quando um conjunto de estados dependentes e soberanos abre mão de sua soberania, ou por desagregação, quando um estado soberano decide dar autonomia às entidades dentro de um Estado, movimento centrífugo, caso brasileiro. QUANTO À REPARTIÇÃO DAS COMPETÊNCIAS: Pode ocorrer da forma do federalismo dualista, no qual há uma separação rígida de competências, não havendo cooperação ou integração entre os estados. Também por forma do federalismo cooperativo, caso brasileiro, no qual os entes federativos atuam em conjunto ou de forma concorrente. QUANTO ÀS CARACTERÍSTICAS DOMINANTES: O federalismo pode ser simétrico, quando há um equilíbrio na repartição de competências. O que se busca é a igualdade de tratamento, como, por exemplo, quando a CF estabelece tratamento igualitário entre os Estados. Ou assimétrico, no qual a Constituição vai estabelecer tratamentos distintos aos entes federados em certas disciplinas, tendo por certa finalidade igualar os entes. O Brasil é um federalismo assimétrico, eis que há uma realidade heterogênea entre os entes federados. Obs.: O federalismo brasileiro é cooperativo pois a CF prevê em vários artigos a competência comum ou concorrente. Obs.: Tão somente a forma de estado federação é cláusula pétrea, não sendo o sistema presidencialista ou o forma de governo república. E) SOBERANIA vs. AUTONOMIA Cabe lembrar que os entes federados possuem tão somente autonomia. Nem mesmo a União tem soberania, sendo autônoma. Somente o estado da República Federativa do Brasil é que tem soberania. Tal autonomia dá origem à chamada “tríplice capacidade” dos entes federativos: -Capacidade de auto-organização: é a capacidade de elaborar sua própria legislação; -Capacidade autogoverno: capacidade de se autogovernar; -Capacidade autoadministração: capacidade de se auto gerenciar. F) Das Garantias à Federação: Quadro resumo: A Federação brasileira é de primeiro grau, visto que declina competências da União para os Estados, e de segundo grau, pois avança dos Estados para os Municípios. Foi formada por segregação ou desagregação, ou seja, havia um Estado unitário que se descentralizou criando várias unidades autônomas. É vedado o direito de secessão, pois um ente não pode decidir se separar do Brasil. E, por fim, realmente não há superioridade de nenhum ente. As competências são definidas constitucionalmente. Ao distribuí-las, a CF assegura equilíbrio federativo, o que transmite segurança e equilíbrio, ou seja, se a competência está na CF, ela deve ser respeitada, sob pena de uma atuação inconstitucional, passível de controle de constitucionalidade. A fim de observar a unidade da federação, ou seja, vedação ao direito de secessão, é possível até a chamada intervenção, que assegura o equilíbrio e a manutenção da nossa federação. Para manter o equilíbrio entre os entes federados para que houvesse sequer a posição de um com relação ao outro, a CF consagra uma imunidade recíproca de impostos, além da própria repartição das receitas tributárias. Percebemos que a federação é de tão grande importância que o art. 60, §4º, da CF consagra a forma federativa de estado como cláusula pétrea. Obs.: Tão somente a forma de estado federação é cláusula pétrea, não sendo o sistema presidencialista ou o forma de governo república. G) Dos Entes Federados UNIÃO A União é pessoa jurídica de direito público interno (assim como autarquias e fundações). A pessoa jurídica de direito público externo é a República Federativa do Brasil. Todavia, a União representa a República Federativa do Brasil. Portanto, cabe à União exercer as prerrogativas da República nas relações internacionais. E estas prerrogativas são de atribuições exclusivas da União. Obs.: Veja, a União somente representa a República Federativa do Brasil, ou seja, não é ela quem age, e sim o Estado Federal, o qual pratica os respectivos atos. (Cai muito em prova) O art. 20 da CF/88 traz o rol de bens da União. ESTADOS MEMBROS Os Estados-membros são dotados de autonomia, que começa com a auto-organização, também denominada de auto legislação. Dessa característica, advém a possibilidade de OBS.: Quanto aos entes federados, o conteúdo é muito grande, portanto este resumo se limita a expor alguns tópicos mais relevantes, para fins de revisão e compreensão geral. No que se refere a assuntos como competências de cada ente federativo é necessário um estudo separado. Quanto à parte da competência (ex.: art. 21, 22, 23, 24 e outros) a melhor forma de estudar é lendo a própria constituição. Em momento posterior é possível que eu faça um resumo com dicas sobre esse conteúdo de competências e alguns tópicos relevantes. elaborar suas próprias Constituições Estaduais, desde que observe os princípios da Constituição Federal Do Poder Legislativo Estadual: O poder legislativo estadual é unicameral, visto que é composto por uma única câmara, denominada de Assembleia Legislativa, composta por deputados estaduais. Vigora o sistema proporcional dos deputados estaduais, ou seja, não podem ser eleitos pelo sistema majoritário. O mandato dos parlamentares estaduais será de quatro anos, não podendo ser de cinco anos. Outras especificidades importantes: - É possível que a Constituição Estadual estabeleça mecanismos de controle abstrato de constitucionalidade, a fim de verificar se as leis estaduais e municipais guardam relação com a Constituição Estadual. A legitimidade para representação de inconstitucionalidade não poderá ser atribuída a um único órgão. - A CF admite que a Constituição Estadual crie uma Justiça Militar Estadual, sendo composta em 1º Grau pelo juízes de direito e pelos conselhos de justiça, e em 2º grau pelo próprio Tribunal de Justiça. É possível que em 2º Grau exista um Tribunal de Justiça Militar nos estados em que o efetivo militar seja superior a 20.000 integrantes, caso contrário será do Tribunal de Justiça a competência. Da capacidade de autoadministração: A CF estabelece que a competência dos Estados é residual. São reservadas aos Estados as competências que não estejam vedadas pela própria CF. Os Estados terão sua autoadministração dentro das competências administrativas e legislativas definidas constitucionalmente. A CF vaiestabelecer quais são essas competências. A CF também vai dizer que, internamente, por meio de lei complementar, poderão instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões (§3º do art. 25). Mediante lei complementar, o Estado poderá pegar um conjunto de municípios limítrofes e criar uma microrregião, região metropolitana ou aglomeração urbana, tendo por fim a organização ou planejamento de funções públicas de interesse comum. Do exercício do poder constituinte por parte de um Estado: Quando o Estado-membro se vale de sua auto legislação e cria a Constituição Estadual, exercerá o poder constituinte: poder constituinte derivado decorrente. COMENTÁRIOS IMPORTANTES ACERCA DO PODER CONSTITUINTE E SUAS IMPLICAÇÕES NA ORGANIZAÇÃO POLÍTICA DO ESTADO: A priori, há de se relembrar o que é o poder constituinte e quais são suas variações: De acordo com a lição de Canotilho, “o poder constituinte se revela sempre como uma questão de poder, força, ou autoridade política que está em condições de, numa determinada situação concreta, criar, garantir ou eliminar uma constituição entendida como lei fundamental da comunidade política.” A titularidade do poder constituinte na doutrina moderna é do povo, antigamente era da nação. Poder constituinte originário: Inicial, genuíno ou de primeiro grau; Objetivo fundamental do poder constituinte originário é formar um novo estado. Há quem divida o poder constituinte originário em histórico (o primeiro a criar uma CF) e revolucionário (posterior a esse). Características: Inicial, autônomo, ilimitado, permanente. Formas de expressão: outorga, declaração unilateral do agente revolucionário, ou assembleia nacional constituinte, nasce da vontade do povo. Poder constituinte derivado: Natureza JURÍDICA; Tem por suas características ser instituído, secundário, remanescente. REFORMADOR: Tem a capacidade de reformar a CF. DECORRENTE: Tem o objetivo de estruturar e reformar as constituições dos estados membros. REVISOR: Condicionado e limitado às regras do originário, competência de revisão. Art. 3º do ADCT determinou que a revisão constitucional seria realizada após cinco anos, contados da promulgação, pelo voto da maioria absoluta do CN em sessão unicameral. MUNICÍPIOS Os municípios têm autonomia municipal. Esta expressão foi arrolada como princípio constitucional sensível. Nos termos do art. 29 da CF, O município é organizado por uma lei orgânica, votada em dois turnos, com interstício mínimo de 10 dias entre os dois turnos, e aprovada por 2/3 dos membros da Câmara Municipal devendo observar alguns preceitos constitucionais. Dos crimes cometidos pelo prefeito: Sendo crime de responsabilidade, o prefeito, e os delitos sendo próprios (crimes de responsabilidade próprios), por se tratar de infração político-administrativa, a sanção é a perda do mandato e a suspensão dos direitos políticos, razão pela qual será de competência da Câmara Municipal. Por outro lado, OBS.: Municípios e territórios manifestam poder constituinte derivado? NÃO, SÃO ENTES FEDERATIVOS MAS NÃO MANIFESTAM. sendo crimes de responsabilidade impróprios, por serem infrações penais comuns, com penas privativas de liberdade, quem julgará será o Tribunal de Justiça. Obs.: A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei. O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal. DISTRITO FEDERAL O Distrito Federal terá as mesmas ideias de autoadministração, autogoverno e auto- organização, mas não tem competência para organizar e manter o Poder Judiciário. Isso porque não há Poder Judiciário do Distrito Federal, pois este é da União. Ou seja, o TJDFT é da União. O distrito federal também não pode ser dividido em municípios, não dispondo de competência para manter MP, polícia civil, militar ou corpo de bombeiros. Por este motivo, Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo dizem que cabe à lei federal dispor sobre a utilização pelo governo do Distrito Federal das polícias civis, militar e do corpo de bombeiros militar. Isso explica a súmula vinculante 39, que diz que compete privativamente à União legislar sobre vencimentos dos membros das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar do Distrito Federal. Nesse sentido, o art. 32, §4º da Constituição Federal: Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Distrito Federal, da polícia civil, da polícia penal, da polícia militar e do corpo de bombeiros militar. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019) Ainda, conforme o art. 21, Inciso XIV, compete à união: organizar e manter a polícia civil, a polícia penal, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio; O DF, de acordo com o art. 32, caput, da CF/88, será regido por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de 10 dias e aprovada por 2/3 da câmara legislativa, que a promulgará. Conforme jurisprudência do STF, tal lei orgânica que equipara às constituições dos estados membros, sendo ela manifestação do poder constituinte derivado decorrente. H) DOS TERRITÓRIOS FEDERAIS Nunca devemos confundir os entes da federação (União, estados e municípios) com os territórios federais. Estes não são entes federados, pois não possuem autonomia política. Um território federal é uma descentralização administrativa pertencente à união. Obs.: Atualmente, não há no Brasil NENHUM território federal. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc104.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc104.htm#art2 0 CONSIDERAÇÕES FINAIS: - Qualquer dúvida que vocês tiver sobre o conteúdo do resumo ou alguma sugestão de mudança podem me enviar no grupo ou diretamente no privado; - Reitero que o objetivo do presente resumo não é esgotar o assunto ou tentar expor o conteúdo de forma muito detalhada, pois tal atitude invadiria a competência do professor, algo que pelo que foi passado aos monitores devemos evitar. Portanto, minha ideia é trazer a parte “base” do conteúdo de forma mais suscita para facilitar os estudos. Quanto aos territórios, há apenas um artigo na CF que versa especificamente sobre eles na Seção II, interessante saber na íntegra: Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos Territórios. § 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municípios, aos quais se aplicará, no que couber, o disposto no Capítulo IV deste Título. § 2º As contas do Governo do Território serão submetidas ao Congresso Nacional, com parecer prévio do Tribunal de Contas da União. § 3º Nos Territórios Federais com mais de cem mil habitantes, além do Governador nomeado na forma desta Constituição, haverá órgãos judiciários de primeira e segunda instância, membros do Ministério Público e defensores públicos federais; a lei disporá sobre as eleições para a Câmara Territorial e sua competência deliberativa.
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