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História e Cultura Afrobrasileira e Indígena 1 IESI - CURSOS A DISTÂNCIA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU HISTÓRIA E CULTURA AFROBRASILEIRA E INDÍGENA Site da Imagem: http://elbagalindo.com/page/546/ UNAÍ-MG 2012 História e Cultura Afrobrasileira e Indígena 2 1 HISTÓRIA DA ÁFRICA ―A historia da África é necessária à compreensão da historia universal, da qual muitas passagens permanecerão enigmas obscuros, enquanto o horizonte do continente africano não tiver sido iluminado.‖ Joseph Ki-Zerbo 1.1 Introdução Nas escolas e nos livros, costumamos estudar apenas a história de um povo africano: os egípcios. Porém, na mesma época em que o povo egípcio desenvolvia sua civilização, outros povos africanos faziam sua história. Conheceremos abaixo alguns destes povos e suas principais características culturais. Ao partirmos da ideia de que a história é o campo das ações humanas no tempo, a África é a região do mundo de mais longa historicidade. Berço da humanidade, esse continente foi palco de diversificadas experiências sociais e múltiplos fenômenos culturais. No entanto, o aparecimento da ―ciência histórica‖, na Europa dos oitocentos, desconsiderou, por meio de seus pressupostos, a historia vivenciada naquele continente. Durante muito tempo, mitos e preconceitos de toda espécie esconderam do mundo a real historia da África. As sociedades africanas passavam por sociedades que não podiam ter historia. Apesar de importantes trabalhos efetuados desde as primeiras décadas deste século por pioneiros como Leo Frobenius, Maurice Delafosse e Arturo Labriola, um grande número de especialistas não africanos, ligados a certos postulados, sustentavam que essas sociedades não podiam ser objeto de um estudo cientifico, notadamente por falta de fontes e documentos escritos. Com efeito, havia uma recusa a considerar o povo africano como o criador de culturas originais que floresceram e se perpetuaram através dos séculos, por XX África sob dominação colonial, 1880-1935 vias que lhes são próprias e que o historiador só pode apreender renunciando a certos preconceitos e renovando seu método. Da mesma forma, o continente africano quase nunca era considerado como uma entidade histórica. Em contrario, enfatizava-se tudo o que pudesse reforçar a ideia de uma cisão que teria existido, desde sempre, entre uma ―África branca‖ e uma ―África negra‖ que se ignoravam reciprocamente. Apresentava-se frequentemente o Saara como um espaço impenetrável que tornaria impossíveis http://www.suapesquisa.com/egito http://www.suapesquisa.com/o_que_e/civilizacao.htm História e Cultura Afrobrasileira e Indígena 3 misturas entre etnias e povos, bem como trocas de bens, crenças, hábitos e ideias entre as sociedades constituídas de um lado e de outro do deserto. Traçavam-se fronteiras intransponíveis entre as civilizações do antigo Egito e da Nubia e aquelas dos povos subsaarianos. Certamente, a historia da África norte-saariana esteve antes ligada aquela da bacia mediterrânea, muito mais que a historia da África subsaariana, mas, nos dias atuais, e amplamente reconhecido que as civilizações do continente africano, pela sua variedade linguística e cultural, formam em graus variados as vertentes históricas de um conjunto de povos e sociedades, unidos por laços seculares. Outro fenômeno que grandes danos causou ao estudo objetivo do passado africano foi o aparecimento, com o trafico negreiro e a colonização, de estereótipos raciais criadores de desprezo e incompreensão, tão profundamente consolidados que corromperam inclusive os próprios conceitos da historiografia. Desde que foram empregadas às noções de ―brancos‖ e ―negros‖, para nomear genericamente os colonizadores, considerados superiores, e os colonizados, os africanos foram levados a lutar contra uma dupla servidão, econômica e psicológica. Marcado pela pigmentação de sua pele, transformado em uma mercadoria, entre outras, e condenado ao trabalho forcado, o africano passou a simbolizar, na consciência de seus dominadores, uma essência racial imaginaria e ilusoriamente inferior aquela do negro. Este processo de falsa identificação depreciou a historia dos povos africanos, no espirito de muitos, rebaixando-a a uma etno-historia em cuja apreciação das realidades históricas e culturais não podia ser senão falseada. A situação evoluiu muito desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em particular, desde que os países da África, tendo alcançado sua independência, começaram a participar ativamente da vida da comunidade internacional e dos intercâmbios a ela inerentes. Historiadores, em numero crescente, esforçaram-se em abordar o estudo da África com mais rigor, objetividade e abertura de espírito, empregando ─ obviamente com as devidas precauções ─ fontes africanas originais. No exercício de seu direito a iniciativa histórica, os próprios africanos sentiram profundamente a necessidade de restabelecer, em bases solidas, a historicidade de suas sociedades. O Egito foi provavelmente o primeiro Estado a constituir-se na África, há cerca de 5000 anos, mas muitos outros reinos ou cidades-estados se foram sucedendo neste continente, ao longo dos séculos. Para além disso, a África foi, desde a http://pt.wikipedia.org/wiki/Egito http://pt.wikipedia.org/wiki/Estado http://pt.wikipedia.org/wiki/Monarquia http://pt.wikipedia.org/wiki/Cidade-estado História e Cultura Afrobrasileira e Indígena 4 antiguidade, procurada por outrospovos, que buscavam as suas riquezas, por vezes ocupando partes do "Continente Negro" durante muitos anos. A estrutura atual de África, no entanto, é muito recente – meados do século XX – e resultou da colonizaçãoeuropeia. De fato, a divisão entre estados que hoje existe resultou da partilha da África pelas potências coloniaiseuropeias, consagrada na Conferência de Berlim. Com excepção da Etiópia, que só foi dominada pela Itália durante um curto período, e da Libéria, um estado criado pelos Estados Unidos durante o processo de abolição da escravatura, no século XIX, todos os países da África contemporânea foram constituídas como colónias europeias, nos séculos XIX e XX, e apenas conheceram a sua independência na segunda metade do século XX. 1.2 Pré-história Norte de África No deserto da Líbia encontraram-se gravações em rochas (ou "petroglifos") do período Neolítico, e megalitos, que atestam da existência duma cultura de caçadores nas savanas secas desta região, durante a última glaciação. O atual deserto do Saara foi um dos primeiros locais onde se praticou a agricultura na África (cultura da cerâmica de linhas onduladas). Outros achados arqueológicos demonstram que, depois da desertificação do Saara, as populações do Norte de África passaram a concentrar-se no vale do rio Nilo: os "nomas", cuja cultura ainda não conhecia a escrita, e que, por volta de 6000 a.C., já tinha uma agricultura organizada. Cronologia - Vestígios mais antigos do Homo Sapiens na África - 200 000 AC - Agricultura e criação no Vale do Nilo - 5000 AC - Os faraós unificam o Egito/Estado Egípcio - 3100 AC - O Estado Kerma governa a Antiga Núbia no Sudão 2250 AC As primeiras civilizações surgiram na África na Antiguidade: História do Egipto História da Etiópia Fenícia Axum Meroe Grande Zimbabwe Paisagem Cultural de Mapungubwe África Subsaariana http://pt.wikipedia.org/wiki/Antiguidade http://pt.wikipedia.org/wiki/Povo http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XX http://pt.wikipedia.org/wiki/Coloniza%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Coloniza%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Coloniza%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Coloniza%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Coloniza%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Confer%C3%AAncia_de_Berlim http://pt.wikipedia.org/wiki/Eti%C3%B3piahttp://pt.wikipedia.org/wiki/It%C3%A1lia http://pt.wikipedia.org/wiki/Lib%C3%A9ria http://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidos http://pt.wikipedia.org/wiki/Abolicionismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Escravatura http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XIX http://pt.wikipedia.org/wiki/Independ%C3%AAncia http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XX http://pt.wikipedia.org/wiki/Pr%C3%A9-hist%C3%B3ria http://pt.wikipedia.org/wiki/Norte_de_%C3%81frica http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADbia http://pt.wikipedia.org/wiki/Neol%C3%ADtico http://pt.wikipedia.org/wiki/Megalito http://pt.wikipedia.org/wiki/Savana http://pt.wikipedia.org/wiki/Glacia%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Saara http://pt.wikipedia.org/wiki/Agricultura http://pt.wikipedia.org/wiki/Arqueologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Nilo http://pt.wikipedia.org/wiki/Escrita http://pt.wikipedia.org/wiki/Homo_Sapiens http://pt.wikipedia.org/wiki/Vale_do_Nilo http://pt.wikipedia.org/wiki/Fara%C3%B3 http://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%BAbia http://pt.wikipedia.org/wiki/Civiliza%C3%A7%C3%B5es http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_Egipto http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_Eti%C3%B3pia http://pt.wikipedia.org/wiki/Fen%C3%ADcia http://pt.wikipedia.org/wiki/Axum http://pt.wikipedia.org/wiki/Meroe http://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Zimbabwe http://pt.wikipedia.org/wiki/Paisagem_Cultural_de_Mapungubwe http://pt.wikipedia.org/wiki/Paisagem_Cultural_de_Mapungubwe http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81frica_Subsaariana História e Cultura Afrobrasileira e Indígena 5 - As dinastias Egípcias colonizam a Núbia - 1570 AC - Os Estados Kush e Napato se estabelecem no Sudão - 1100 a 500 AC - Fenícios fundaram a Capital em Cartago - 814 AC - Os Kush da Núbia governam o Egito - 760 AC - A tecnologia do Ferro é introduzida no Egito pelos invasores Assírios - 500 AC - Reinos Núbios - 400 AC - Civilização Nok na África Ocidental - 450 AC - Os Gregos invadem o Egito - 332 AC - Os Romanos invadem o Egito 40 - AC - Início do esplendor dos Reinos Axum na África Oriental - 0 - Expansão Islâmica no Norte Africano - 639 - Data aproximada da construção do Zimbabue - 700 - Ocupação de Gana pelos Almoravides - 1076 - Fundação do Império Monomotapa na África Austral. - 1200 - Início do Império do Mali - 1235 - Fundação do Reino do Congo - 1240 - Início do Império Songai - 1400 - Os Portugueses vencem os Mouros e tomam Ceuta no Norte Africano - 1415 - Fundação do Reino Luba na região do Rio Congo - 1420 - A presença constante de mercantes portugueses no Rio Senegal - 1445 - Estabelecimento do tratado comercial entre Reinos da África Ocidental e os Portugueses1456 - Tratado de Alcáçovas entre Espanhóis e Portugueses que permitem aos Portugueses a introdução de escravizados Africanos na Espanha - 1475. - Chegada dos Portugueses ao Congo - 1484 - Conversão do Rei do Congo ao Catolicismo - 1491 (o catolicismo já havia penetrado na Etiópia 400 anos antes) - Destruição do Império Songai - 1591 - Portugueses invadem Angola transformando o Reino em Colônia - 1575. - O Reino do Congo é dominado pelos Portugueses - 1630 - Chegada dos ingleses como invasores e colonizadores na África do Sul - 1795. - Início das Campanhas Militares de Chaka-Zulu - 1808 http://pt.wikipedia.org/wiki/Kush http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Napato&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Fen%C3%ADcio http://pt.wikipedia.org/wiki/Cartago http://pt.wikipedia.org/wiki/Ferro http://pt.wikipedia.org/wiki/Ass%C3%ADria http://pt.wikipedia.org/wiki/Nok http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81frica_Ocidental http://pt.wikipedia.org/wiki/Zimbabue http://pt.wikipedia.org/wiki/Gana http://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Monomotapa http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81frica_Austral http://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_do_Congo http://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Songai http://pt.wikipedia.org/wiki/Portugal http://pt.wikipedia.org/wiki/Mouros http://pt.wikipedia.org/wiki/Ceuta http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Reino_Luba&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Com%C3%A9rcio http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Senegal http://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Alc%C3%A1%C3%A7ovas http://pt.wikipedia.org/wiki/Espanha http://pt.wikipedia.org/wiki/Escravos http://pt.wikipedia.org/wiki/Catolicismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Songai http://pt.wikipedia.org/wiki/Angola http://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_do_Congo http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81frica_do_Sul http://pt.wikipedia.org/wiki/Chaka-Zulu História e Cultura Afrobrasileira e Indígena 6 - Consolidação do Domínio Europeu na África - 1884-1885. 1.3 História recente de África Pode dizer que a história recente ou "moderna" de África, no sentido do seu registo escrito, começou quando povos de outros continentes começaram a registar o seu conhecimento sobre os povos africanos – com exceção do Egito e dos antigos reinos de Axum e Meroe, que tiveram fortes relações com o Egito e já tinham a sua escrita própria. Assim, aparentemente, a história da África oriental começa a ser conhecida a partir do século X, quando um estudioso viajante árabe, Al-Masudi, descreveu uma importante atividade comercial entre as nações da região do Golfo Pérsico e os "Zanj" ou negrosafricanos. No entanto, outras partes do continente já tinha tido início a islamização, que trouxe a estes povos a língua árabe e a sua escrita, a partir do século VII. As línguas bantu só começaram a ter a sua escrita própria, quando os missionárioseuropeus decidiram publicar a Bíblia e outros documentos religiosos naquelas línguas, ou seja, durante a colonização do continente, pelo menos, da sua parte subsaariana. Mapa da África Colonial em 1913. Bélgica França Alemanha Grã-Bretanha Itália Portugal Espanha Estados independentes (Libéria e Etiópia) Colonização europeia No período da expansão marítima européia, no século XV, os portugueses tentavam contornar a costa africana para chegar nas Índias em busca de http://pt.wikipedia.org/wiki/Escrita http://pt.wikipedia.org/wiki/Povo http://pt.wikipedia.org/wiki/Egipto http://pt.wikipedia.org/wiki/Axum http://pt.wikipedia.org/wiki/Meroe http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81frica_oriental http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_X http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81rabe http://pt.wikipedia.org/wiki/Al-Masudi http://pt.wikipedia.org/wiki/Golfo_P%C3%A9rsico http://pt.wikipedia.org/wiki/Negro http://pt.wikipedia.org/wiki/Isl%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_%C3%A1rabe http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_VII http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADnguas_bantu http://pt.wikipedia.org/wiki/Mission%C3%A1rio http://pt.wikipedia.org/wiki/Mission%C3%A1rio http://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%ADblia http://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%B3nia_(hist%C3%B3ria) http://pt.wikipedia.org/wiki/Lib%C3%A9ria http://pt.wikipedia.org/wiki/Eti%C3%B3pia http://pt.wikipedia.org/wiki/Expans%C3%A3o_mar%C3%ADtima http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XV http://pt.wikipedia.org/wiki/Portugueses http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dndias História e Cultura Afrobrasileira e Indígena 7 especiarias. Muitas áreas da costa africana foram conquistadas e o comércio europeu foi estendido para essas áreas. Na África existiam muitas tribos primitivas (segundo a visão etnocentrista européia) que viviam em contato com a natureza e não tinham tecnologia avançada. Havia guerras entre tribos diferentes, a tribo derrotada na guerra se tornava escrava da tribo vencedora. No período de Colonização da América, ocorria o tráfico negreiro, em que eram buscados negros da África para trabalhar como escravos nas colônias como mão-de-obra, principalmente nas plantações. Os escravos eram conseguidos pelos europeus por negociações com as tribos vencedoras, trocando os escravos por mercadorias de poucovalor na Europa, como tabaco e aguardente, e levados para América como peças (mercadorias valiosas). Após a Revolução Industrial e a independência das colônias do continente americano, no século XVIII, as potências européias começaram a dominar administrativamente várias áreas da África e da Ásia para expandir o comércio, buscar matérias-primas e mercado consumidor, e deslocar a mão-de-obra desempregada da Europa. Na colonização, a África foi dividida de acordo com os interesses europeus, que culminou com a partilha do continente pelos estados europeus na Conferência de Berlim, em 1885. Tribos aliadas foram separadas e tribos inimigas unidas. Após a Segunda Guerra Mundial, as colônias na África começaram a conquistar a independência, formando os atuais países africanos. A questão racial assumiu uma forma radical na África do Sul: embora os negros, mestiços e descendentes de indianos constituíssem 86% da população, eram os brancos que detinham todo o poder político, e somente eles gozavam de direitos civis. A origem desse sistema, denominado apartheid, data de 1911, quando os africânderes (descendentes de agricultores holandeses e franceses que emigraram para a África do Sul) e os britânicos estabeleceram uma série de leis para consolidar seu domínio sobre os negros. Em 1948, a política de segregação racial foi oficializada, criando direitos e zonas residenciais para brancos, negros, asiáticos e mestiços. Na década de 1950, foi fundado o Congresso Nacional Africano (CNA), partido político contrário ao apartheid na África do Sul. Em 1960, o CNA foi http://pt.wikipedia.org/wiki/Especiaria http://pt.wikipedia.org/wiki/Com%C3%A9rcio http://pt.wikipedia.org/wiki/Tribo http://pt.wikipedia.org/wiki/Tecnologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra http://pt.wikipedia.org/wiki/Coloniza%C3%A7%C3%A3o_da_Am%C3%A9rica http://pt.wikipedia.org/wiki/Tr%C3%A1fico_negreiro http://pt.wikipedia.org/wiki/Escravo http://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%B3nia_(hist%C3%B3ria) http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A3o-de-obra http://pt.wikipedia.org/wiki/Planta%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Mercadoria http://pt.wikipedia.org/wiki/Europa http://pt.wikipedia.org/wiki/Tabaco http://pt.wikipedia.org/wiki/Aguardente http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Industrial http://pt.wikipedia.org/wiki/Independ%C3%AAncia http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XVIII http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81frica http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81sia http://pt.wikipedia.org/wiki/Confer%C3%AAncia_de_Berlim http://pt.wikipedia.org/wiki/Confer%C3%AAncia_de_Berlim http://pt.wikipedia.org/wiki/Confer%C3%AAncia_de_Berlim http://pt.wikipedia.org/wiki/1885 http://pt.wikipedia.org/wiki/Segunda_Guerra_Mundial http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81frica_do_Sul http://pt.wikipedia.org/wiki/Negros http://pt.wikipedia.org/wiki/Mesti%C3%A7o http://pt.wikipedia.org/wiki/Indianos http://pt.wikipedia.org/wiki/Popula%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Brancos http://pt.wikipedia.org/wiki/Apartheid http://pt.wikipedia.org/wiki/1911 http://pt.wikipedia.org/wiki/Afric%C3%A2nderes http://pt.wikipedia.org/wiki/Holandeses http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81frica_do_Sul http://pt.wikipedia.org/wiki/Negros http://pt.wikipedia.org/wiki/1948 http://pt.wikipedia.org/wiki/Segrega%C3%A7%C3%A3o_racial http://pt.wikipedia.org/wiki/Brancos http://pt.wikipedia.org/wiki/Negros http://pt.wikipedia.org/wiki/Asi%C3%A1ticos http://pt.wikipedia.org/wiki/Mesti%C3%A7os http://pt.wikipedia.org/wiki/D%C3%A9cada_de_1950 http://pt.wikipedia.org/wiki/Congresso_Nacional_Africano http://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_pol%C3%ADtico http://pt.wikipedia.org/wiki/Apartheid http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81frica_do_Sul http://pt.wikipedia.org/wiki/1960 História e Cultura Afrobrasileira e Indígena 8 declarado ilegal e seu líder Nelson Mandela, condenado à prisão perpétua. De 1958 a 1976, a política do apartheid se fortaleceu com a criação dos bantustões, apesar dos protestos da maioria negra (vide Massacre de Soweto). Diante de tal situação, cresceram o descontentamento e a revolta da maioria subjugada pelos brancos; os choques tornaram-se frequentes e violentos; e as manifestações de protesto eram decorrência natural desse quadro injusto. A comunidade internacional usou algumas formas de pressão contra o governo sul- africano, especialmente no âmbito diplomático e econômico, no sentido de fazê-lo abolir a instituição do apartheid. Finalmente, em 1992, Frederik de Klerk aboliu as leis discriminatórias e libertou Mandela. Em 1994, tiveram lugar as primeiras eleições multirraciais na África do Sul, em que o CNA ganhou a maioria, embora dando o lugar de Vice-presidente a De Klerk; o CNA continuou a ganhar as eleições até 2009, continuando a governar. Descolonização da África As duas grandes guerras que flagelaram a Europa durante a primeira metade do século XX deixaram aqueles países sem condições para manterem um domínio econômico e militar nas suas colônias. Estes problemas, associados ao movimento por independência que tomou uma forma mais organizada na Conferência de Bandung, levou as antigas potências coloniais a negociarem a independência das colônias, iniciando- se a descolonização. Este processo foi geralmente antecedido por um conflito entre as "forças vivas" da colónia e a administração colonial, que pode tomar a forma de uma guerra por libertação (como foi o caso de algumas colónias portuguesas e da Argélia). No entanto, houve casos em que a potência colonial, quer por pressões internas ou internacionais, quer por verificar que a manutenção de colónias lhe traz Mapa de África com as várias datas de independência http://pt.wikipedia.org/wiki/Nelson_Mandela http://pt.wikipedia.org/wiki/1958 http://pt.wikipedia.org/wiki/1976 http://pt.wikipedia.org/wiki/Apartheid http://pt.wikipedia.org/wiki/Bantust%C3%B5es http://pt.wikipedia.org/wiki/Massacre_de_Soweto http://pt.wikipedia.org/wiki/Brancos http://pt.wikipedia.org/wiki/Comunidade_internacional http://pt.wikipedia.org/wiki/Governo http://pt.wikipedia.org/wiki/Diplomacia http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia http://pt.wikipedia.org/wiki/Apartheid http://pt.wikipedia.org/wiki/Frederik_de_Klerk http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XX http://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%B3nia_(hist%C3%B3ria) http://pt.wikipedia.org/wiki/Confer%C3%AAncia_de_Bandung http://pt.wikipedia.org/wiki/Independ%C3%AAncia http://pt.wikipedia.org/wiki/Descoloniza%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra http://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Portugu%C3%AAs http://pt.wikipedia.org/wiki/Arg%C3%A9lia História e Cultura Afrobrasileira e Indígena 9 mais prejuízos que benefícios, decidem por sua iniciativa conceder a independência às suas colónias, como aconteceu com várias das ex-colónias francesas e britânicas. Nestes casos, foi frequente o estabelecimento de acordos em que a potência colonial tem privilégios no comércio e em outros pontos da economia e política. O povo Berberes Os berberes eram povos nômades do deserto do Saara. Este povo enfrentava as tempestades de areia e a falta de água, para atravessar com suas caravanas este território, fazendo comércio. Costumavam comercializar diversos produtos, tais como: objetos de ouro e cobre, sal, artesanato, temperos, vidro, plumas, pedras preciosas etc. Costumavam parar nos oásis para obter água, sombra e descansar. Utilizavam o camelo como principal meio de transporte, graças à resistência deste animal e de sua adaptação ao meio desértico. Durante as viagens, os berberes levavam e traziam informações e aspectos culturais. Logo, eles foram de extrema importância para a troca cultural que ocorreu no norte do continente. Os bantos Este povo habitava o noroeste do continente, onde atualmente são os países Nigéria, Mali, Mauritânia e Camarões. Ao contrário dos berberes, os bantos eram agricultores. Viviamtambém da caça e da pesca. Conheciam a metalurgia, fato que deu grande vantagem a este povo na conquista de povos vizinhos. Chegaram a formar um grande reino (reino do Congo) que dominava grande parte do noroeste do continente. Viviam em aldeias que era comandada por um chefe. O rei banto, também conhecido como manicongo, cobrava impostos em forma de mercadorias e alimentos de todas as tribos que formavam seu reino. O manicongo gastava parte do que arrecadava com os impostos para manter um exército particular, que garantia sua proteção, e funcionários reais. Os habitantes do reino acreditavam que o maniconco possuía poderes sagrados e que influenciava nas colheitas, guerras e saúde do povo. http://pt.wikipedia.org/wiki/Fran%C3%A7a http://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_Unido http://pt.wikipedia.org/wiki/Com%C3%A9rcio http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia http://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADtica http://www.suapesquisa.com/o_que_e/berberes.htm http://www.suapesquisa.com/geografia/deserto_saara.htm http://www.suapesquisa.com/o_que_e/oasis.htm http://www.suapesquisa.com/paises/nigeria http://www.suapesquisa.com/o_que_e/impostos.htm História e Cultura Afrobrasileira e Indígena 10 Os soninkés e o Império de Gana Os soninkés habitavam a região ao sul do deserto do Saara. Este povo estava organizado em tribos que constituíam um grande império. Este império era comandado por reis conhecidos como caia-maga. Viviam da criação de animais, da agricultura e da pesca. Habitavam uma região povos do deserto (berberes). A região de Gana tornou-se com o tempo, uma área de intenso comércio. Os habitantes do império deviam pagar impostos para a nobreza, que era formada pelo caia-maga, seus parentes e amigos. Um exército poderoso fazia a proteção das terras e do comércio que era praticado na região. Além de pagar impostos, as aldeias deviam contribuir com soldados e lavradores, que trabalhavam nas terras da nobreza. A África é um continente com, aproximadamente, 30,27 milhões de quilômetros quadrados de terras. Ao norte é banhado pelo mar Mediterrâneo; ao leste pelas águas do Oceano Índico e a oeste pelo Oceano Atlântico. O Sul do continente africano é banhado pelo encontro das águas destes dois oceanos. Os hauças A civilização dos hauças começou a ser construída por volta do século XI, no Sudão central. Os hauças eram, na verdade, diversos povos que falavam uma língua semelhante. Eles vivam em cidades-estados localizadas no centro e no noroeste de onde hoje está a Nigéria. Alguns hauças eram seguidores do islamismo. Os hauças não tinham tradição de guerreiros. Sua principal força estava nos frutos do trabalho. O artesanato era de alta qualidade, vendido até no norte do continente: tecidos bordados com seda importada dos árabes, sandálias de couro, objetos de ferro e ouro. Habituados ao comércio internacional, os hauças aceitavam conviver com pessoas de outras nações. Na cidade de Katsena, por exemplo, havia um ―bairro‖ só de estrangeiros. No século XVI, o império árabe no Norte da África estava em franco declínio, atacado pelos europeus e pelos turcos. Essa situação provocou a decadência de muitos Estados africanos que viviam do comércio com os árabes. http://www.suapesquisa.com/pesquisa/mar_mediterraneo.htm http://www.suapesquisa.com/ecologiasaude/agua.htm História e Cultura Afrobrasileira e Indígena 11 1.4 Informações importantes sobre o Continente Africano: - A África é o segundo continente mais populoso do mundo (fica atrás somente da Ásia). Possui, aproximadamente, 820 milhões de habitantes (estimativa 2011). - É um continente basicamente agrário, pois cerca de 63% da população habitam o meio rural, enquanto somente 37 % moram em cidades. - No geral, é um continente pobre e subdesenvolvido, apresentando baixos índices de desenvolvimento econômico. A renda per capita, por exemplo, é de, aproximadamente, US$ 850,00. O PIB (Produto Interno Bruto) corresponde a apenas 1% do PIB mundial. Grande parte dos países possui parques industriais pouco desenvolvidos, enquanto outros nem se quer são industrializados, vivendo basicamente da agricultura. - O principal bloco econômico africano é o SADC (Southern Africa Development Community), formado por 15 países: África do Sul, Angola, Botswana, República Democrática do Congo, Lesoto, Madagascar, Malaui, Ilhas Maurício, Moçambique, Namíbia, Suazilândia, Seychelles, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue. - Além da agricultura, destaca-se a exploração de recursos minerais como, por exemplo, ouro e diamante. Esta exploração gera pouca renda para os países, pois é feita por empresas multinacionais estrangeiras, principalmente da Europa. - Os países africanos que possuem um nível de desenvolvimento um pouco melhor do que a média do continente são: África do Sul, Egito, Marrocos, Argélia, Tunísia e Líbia. - Os principais problemas africanos são: fome, epidemias (a AIDS é a principal) e os conflitos étnicos armados (alguns países vivem em processo de guerra civil). - Os índices sociais africanos também não são bons. O analfabetismo, por exemplo, é de aproximadamente 40%. - As religiões mais presentes no continente são: muçulmana (cerca de 40%) e católica romana (15%). Existem também seguidores de diversos cultos africanos. - As línguas mais faladas no continente são: inglês, francês, árabe, português e as línguas africanas. Geografia da África: -Principais rios: Nilo, Níger, Congo, Limpopo, Zambeze e Orange. -Clima: Clima Mediterrâneo (chuvas na primavera e outono) no norte e sul; Clima Equatorial (quente e úmido) no centro. http://www.suapesquisa.com/geografia/asia.htm http://www.suapesquisa.com/o_que_e/pib.htm http://www.suapesquisa.com/blocoseconomicos http://www.suapesquisa.com/paises/angola http://www.suapesquisa.com/paises/mocambique http://www.suapesquisa.com/o_que_e/empresas_multinacionais.htm http://www.suapesquisa.com/geografia/europa.htm http://www.suapesquisa.com/paises/africa_do_sul http://www.suapesquisa.com/paises/marrocos http://www.suapesquisa.com/paises/argelia/ http://www.suapesquisa.com/paises/tunisia/ http://www.suapesquisa.com/aids http://www.suapesquisa.com/clima/clima_mediterraneo.htm História e Cultura Afrobrasileira e Indígena 12 -Relevo: Monte Atlas (norte), Planalto Centro-Africano (região central), Grande Vale do Rift com altas montanhas e depressões (leste). Na região norte destaca-se o Deserto do Saara. - Cidades mais populosas: Cairo (Egito), Lagos (Nigéria), Kinshasa (R. D. do Congo), Cartum (Sudão), Johanesburgo (África do Sul) e Gizé (Egito). Países que fazem parte do continente africano: África do Sul, Angola, Argélia, Botswana, Camarões, Lesoto,Madagascar, Malawi, IlhasMaurício (Mauricia), Moçambique, Namíbia, Suazilândia, Zâmbia, Zimbábue, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Chade, Congo, Benin, Burkina Faso, Cabo Verde, Camarões, Costa do Marfim, Gabão, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Libéria, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria, Senegal, Serra Leoa, São Tomé e Príncipe, Togo, Egito, Líbia, Marrocos, Saara Ocidental, Sudão, Sudão do Sul, Tunísia, Burundi, Djibuti, Eritreia, Etiópia, Quênia, Ruanda, Seychelles, Somália, Tanzânia, e Uganda. População da África - dados e características gerais Como os censos de muitos países africanos não estão atualizados, não é possível chegar a um dado preciso sobre a população do continente africano. As estimativas dão conta de que a população do continente esteja entre 800 milhões e um bilhão de habitantes (estimativa de 2009). Como o território africano é muito extenso (30,2 milhões de km2), a densidade demográfica é baixa (cerca de 30 habitantes por km2). Esta população também se distribui irregularmente pelo continente. Grande parte da população se concentra nas grandes cidades dos países litorâneos.As áreas ocupadas por desertos e florestas densas são praticamente inabitadas, enquanto as regiões litorâneas e o vale do rio Nilo apresentam grandes concentrações populacionais. Você sabia? O Dia da África é comemorado em 25 de maio. http://www.suapesquisa.com/geografia/deserto_saara.htm http://www.suapesquisa.com/cidadesdomundo/cairo.htm http://www.suapesquisa.com/paises/egito http://www.suapesquisa.com/paises/nigeria http://www.suapesquisa.com/cidadesdomundo/johanesburgo.htm http://www.suapesquisa.com/paises/botsuana/ http://www.suapesquisa.com/paises/camaroes/ http://www.suapesquisa.com/paises/lesoto/ http://www.suapesquisa.com/paises/madagascar/ http://www.suapesquisa.com/paises/mauricio/ http://www.suapesquisa.com/paises/namibia/ http://www.suapesquisa.com/paises/suazilandia/ http://www.suapesquisa.com/paises/zambia/ http://www.suapesquisa.com/paises/zimbabue/ http://www.suapesquisa.com/paises/republica_centro_africana/ http://www.suapesquisa.com/paises/republica_democratica_congo/ http://www.suapesquisa.com/paises/chade http://www.suapesquisa.com/paises/congo/ http://www.suapesquisa.com/paises/burkina_faso/ http://www.suapesquisa.com/paises/cabo_verde/ http://www.suapesquisa.com/paises/costa_do_marfim/ http://www.suapesquisa.com/paises/gabao/ http://www.suapesquisa.com/paises/gambia/ http://www.suapesquisa.com/paises/gana http://www.suapesquisa.com/paises/guine/ http://www.suapesquisa.com/paises/guine_bissau/ http://www.suapesquisa.com/paises/liberia/ http://www.suapesquisa.com/paises/mali/ http://www.suapesquisa.com/paises/mauritania/ http://www.suapesquisa.com/paises/niger/ http://www.suapesquisa.com/paises/senegal http://www.suapesquisa.com/paises/serra_leoa/ http://www.suapesquisa.com/paises/togo/ http://www.suapesquisa.com/paises/libia/ http://www.suapesquisa.com/paises/sudao/ http://www.suapesquisa.com/paises/sudao_do_sul/ http://www.suapesquisa.com/paises/burundi/ http://www.suapesquisa.com/paises/etiopia/ http://www.suapesquisa.com/paises/quenia/ http://www.suapesquisa.com/paises/ruanda/ http://www.suapesquisa.com/paises/seychelles/ http://www.suapesquisa.com/paises/somalia/ http://www.suapesquisa.com/paises/tanzania/ http://www.suapesquisa.com/paises/uganda/ História e Cultura Afrobrasileira e Indígena 13 Vale ressaltar também que grande parte da população africana se encontra na zona rural. A população urbana só é maior do que a rural em países como, por exemplo, Tunísia, Argélia e Líbia. Etnias Existem vários grupos étnicos na África. Cerca de 80% da população é formada por diferentes povos negros, que ocupam, principalmente, as regiões central e sul do continente (ao sul do deserto do Saara). Esta região é conhecida como ―África Negra‖. Os principais grupos étnicos que habitam esta região são: bantos, sudaneses, bosquímanos, pigmeus, nilóticos. Já os brancos (berberes, árabes e caucasianos) habitam, principalmente, a região setentrional do continente, ao norte do Deserto do Saara. Por isso essa região é conhecida como ―África branca‖. Faixas etárias Grande parte da população africana é formada por jovens, pois o continente apresenta taxas elevadas de natalidade. A expectativa de vida no continente é baixa, em função do subdesenvolvimento de grande parte dos países. Reflexões sobre o tema Qual é a importância do estudo da historia e da cultura africana para a humanidade? Que mudanças e avanços o currículo de sua escola pode apresentar com a introdução dos estudos da historia e cultura africana? História e Cultura Afrobrasileira e Indígena 14 2 RELIGIOSIDADE AFROBRASILEIRA O Estado brasileiro é laico. Isso significa que ele não deve ter, e não religião. Tem, sim, o dever de garantir a liberdade religiosa. Diz o artigo 5º, inciso VI, da Constituição: ―É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias‖. A liberdade religiosa é um dos direitos fundamentais da humanidade, como afirma a Declaração Universal dos Direitos Humanos, da qual somos signatários. A pluralidade, construída por várias raças, culturas, religiões, permite que todos sejam iguais, cada um com suas diferenças. É o que faz do Brasil, Brasil. Certamente, deveríamos, pela diversidade de nossa origem, pela convivência entre os diferentes, servir de exemplo para o mundo. No Brasil de hoje, a intolerância religiosa não produz guerras, nem matanças. Entretanto, muitas vezes, o preconceito existe e se manifesta pela humilhação imposta àquele que é ―diferente‖. Outras vezes o preconceito se manifesta pela violência. No momento em que alguém é humilhado, discriminado, agredido devido à sua cor ou à sua crença, ele tem seus direitos constitucionais, seus direitos humanos violados. Invadir terreiros de umbanda e candomblé, que, além de locais sagrados de culto, são também guardiães da memória de povos arrancados da África e escravizados no Brasil; desrespeitar a espiritualidade dos povos indígenas, ou tentar impor a eles a visão de que sua religião é falsa; agredir os ciganos devido à sua etnia ou crença. Tudo isso é intolerância, é discriminação religiosa. As religiões afro-brasileiras ocupam posição marcante na vida de várias cidades brasileiras desde o século XIX, acompanhado as mudanças histórico- culturais no país, renovando-se e criando novas estruturas de culto e, por que não dizer, ―tradições‖. Como religiões de transe são fenômenos eminentemente urbanos, voltados para o culto aos deuses africanos, ancestrais e entidades de diferentes procedências. Se as religiões, como as ciências e outras práticas institucionais, são fontes organizadas de significados pela vida, códigos de comportamento, ou linguagens de interpretação do mundo, as comunidades afro-religiosas são capazes de oferecer a seus seguidores algo diferente daquilo que a religião dos orixáse dos voduns, em História e Cultura Afrobrasileira e Indígena 15 tempos mais antigos, podia certamente propiciar, quando sua presença significava para o escravo a ligação afetiva e mágica ao mundo africano do qual fora arrancado pela escravidão. Quando estas religiões se organizaram no século XIX, permitiram ao iniciado a reconstrução simbólica, através do terreiro, da sua comunidade tribal africana perdida e a manutenção de seu ethos cultural. De cultos escravos africanos de diferentes etnias, passaram a ser considerados cultos negros da terra, alcançando uma dimensão pluricultural e multiétnica como religião de conversão universal. Atualmente, todo e qualquer grupo – independente de suas origens étnica, cor, classe social ou posição social – pode nelas ingressar. Essas religiões formam o núcleo principal de preservação dos valores civilizatórios africanos, como por exemplo: religião como visão de mundo, ethos, oralidade, ancestralidade como fato de construção identitária, padrão estético, padrão moral, etc. Nessas comunidades religiosas são repassadas experiências místicas e são transmitidos saberes e conhecimentos que mantiveram vira a memória da cultura africana. Nelas também estão contidas a historia de mais de meio século de lutas pelo direito à historia, a uma religião não cristã, a uma identidade diferenciada pela origem étnica e cultural diversa. Essas informações fazem parte de um arcabouço acadêmico que infelizmente fica circunscrito aos pesquisadores das religiões afro-brasileiras. Quando se trata de levar essa temática ao universo do ensino religioso uma polêmica se estabelece. Não se trata de discutir apenas o ensino religioso previsto na Lei 9475/97, mas sim de refletir sobre a relação do ensino religioso e da religiosidade no âmbito da escolarização básica. Uma das questões a ser investigada é justamente saber como o ensino religioso pode ser aplicado no ensino,inserido dentro dos temas transversais do processo educativo e dentro do Projeto Político Pedagógico (PPP) de cada escola. O ensino religioso implantado por essa lei ocorre exclusivamente na educação fundamental. Aí, trata-se de catequese e de uma visão unilateral: a do cristianismo. Tema polêmico, tem suscitado alguns debates entre defensores e estudiosos contrários a essa prática. Outro problema levantado diz respeito a formação dos professores, saídos em sua grande maioria dos seminários teológico de padres e pastores, que excluem a experiência religiosa afro-brasileira. História e Cultura Afrobrasileira e Indígena 16 Em se tratando da historia e da cultura afro-brasileira, a perspectiva s torna mais ampla e deve levar em consideração a diversidade étnica-racial de cada região do território brasileiro. Quando se considerar religião e cultura como elementos fundamentais à construção de uma identidade positiva, o ensino da cultura contida na religiosidade afro-brasileira poderá ser uma excelente ferramenta para aumentar a autoestima da criança e do jovem negra/o e não branca/o, e evitar a construção do preconceito em crianças e jovens brancas/os ou que não se reconhecem como negras e mestiças. 2.1 Candomblé A instituição candomblé: ...centenária e fortalecida, polariza não apenas a vida religiosa, mas também a vida social, a hierarquia, a ética, a moral, a tradição verbal e não verbal, o lúdico e tudo, enfim, que o espaço da defesa conseguiu manter e preservar da cultura do homem africano. (LODY, 1987, p. 10). O candomblé é uma religião monoteísta. Oludumare – o Supremo Criador do Universo – é auxiliado no grande projeto de perpetuação da humanidade pelas divindades do panteon ioruba – os orixás. Tais divindades são acionadas por rituais preparatórios e o momento de absoluta sacralidade se dá quando os orixás expressa em suas historias mitológicas aos sons de atabaques e outros instrumentos, bem como das cantigas que retratam as características e feitos dessas divindades. Para os praticantes do candomblé o significado do viver e de ser humano está ligado às formas míticas e às expressões da unidade ser/mundo. Os mitos descrevem as irrupções do sagrado no mundo e contam uma historia sagrada sobre como algo foi produzido e começou a ser. São narrativas de um acontecimento ocorrido no tempo primordial da criação. ...como uma realidade passou a existir graças as façanhas dos Entes Sobrenaturais. Seja uma realidade total ou o Cosmo, ou apenas um fragmento: uma ilha, uma espécie vegetal, um comportamento humano, uma instituição... (ELIADE, 1972, p. 11). Ao descrever as origens do universo e das criaturas, as relações entre os seres humanos e as divindades e, ainda, como se dá o equilíbrio dinâmico entre História e Cultura Afrobrasileira e Indígena 17 eles, o mito de cada divindade dota de sentido o mundo e fornece um sistema de valores e de princípios para seus seguidores. O povo do candomblé faz sua conexão com o Sagrado por meio do Oráculo de Ifá, detentor de toda a sabedoria, e base teológica que contem os ensinamentos cosmológicos do povo ioruba. Os caminhos dos adeptos aos orixás são perpassados pelas consultas a esse oráculo que é ...imprescindível para todo complexo religioso ioruba. O oráculo é consultado em toas as situações importantes, nos aspectos litúrgicos e sociais. A divinação é considerada vital ao homem para o cumprimento do seu desígnio. Por essas razões os iorubas recorrem à divinação em período regulares de suas vidas. (...) ele (sistema divinatório) é presidido pelo orixá que assistiu o inicio do processo de criação, portanto, é capaz de revelar às divindades e aos homens os seus destinos (limites e possibilidades); se sistema interno guarda uma lógica precisa e matemática; há um sofisticado sistema de versos exemplares, índices de conduta e procedimentos;há figuras de divinação, indicadores de mensagens... (XAVIER, 2000, p. 169/170). A liturgia do candomblé é complexa e extensa, tanto na relação espaço- temporal como nos atos votativos público e secretos, muitos ritos iniciam-se antes da festa pública onde os iniciados e possuídos por seus orixás apresentam suas coreografias míticas, portanto seus pertences sagrados e identificando-se com os seus domínios naturais pela cor de suas vestimentas. O Ser Supremo – Deus – presenteou cada divindade com um atributo para auxiliá-lo na grande obra de perpetuação da humanidade, as forças da natureza é o reflexo das emanações dos orixás no planeta, as divindades/orixás são seus auxiliares para viabilizar o encontro do sagrado com a humanidade. Para acontecer este divino encontro existe uma sabedoria no manejo do sagrado; o caminho do orixá é ordenado e existem vários papéis sacerdotais. As sacerdotisas são chamadas de ialorixás (mães). As ialorixás são a liderança máxima do candomblé, são as detém o maior conhecimento dos fundamentos da religião e a responsabilidade de transmitir esses conhecimentos e o axé à sua família de santo. Cada orixá possui uma ritualística que inclui comida especial, interdições, roupas, insígnias, cores e cantos característicos, sem uma hierarquia fixa entre eles. Os babalaô é o sacerdote que desvenda os segredos através da manipulação do jogo de búzios ou do oráculo de Ifá. O processo divinatório permite a comunicação com os orixás, revela o odú de cada um e indica as necessidades das pessoas. História e Cultura Afrobrasileira e Indígena 18 As equedis e os ogâns,cujos os orixás não se manifestam, auxiliam as ialorixás na organização ritual de diferentes formas. Cuidam das oferendas, de vestir e paramentar as divindades, tocar os atabaques, preparar as comidas sagradas e realizar os atos votivos, enfim essenciais para a dinâmica da religião, nas situações de transe dos adeptos que manifestam os orixás. Cada um tem o seu dia, sua cor, sua dança, seus instrumentos, comidas e saudações. Orixá Atributo/missão Exu Dia da semana: segunda-feira. Cores: vermelho e preto. Domínios: caminhos, cruzamentos, alto das montanhas. Oferendas: padê, inhame com dendê, piquiri. Ogun Dia da semana: terça-feira. Cores: azul escuro, verde e branco. Domínios: caminhos, profundezas da terra, jazidas de ferro, praias. Oferendas: feijoada, vatapá, inhame com feijão preto, farofa de carne de frango desfiada. Odé-Oxossi Dia da semana: quinta-feira. Cores: azul turquesa e verde. Domínios: florestas, matas e terras virgens. Oferendas: aprecia muito o milho cozido. Ossain Dia da semana: terça-feira. Cores: verde-mata, branco e preto. Domínios: matas, florestas, raízes e folhas. Oferendas: mandioca ou inhame, folhas de fumo, folhas de café. Xangô Dia da semana: quarta-feira. Cores: marrom, vermelho e branco. Domínios: pedreiras, minérios, lava do vulcão, raios e trovões. Oferendas. Amalá, arroz com carne seca, ajebó, rabada. Oxun Dia da semana: sábado. Cores: amarelo ouro e rosa.. Domínios: rios, nascentes, olhos d’água, lagos, cachoeiras e mares. Oferendas: omolocun, ipetê, papa de fubá doce. Logun-Edé Dia da semana: quinta-feira e sábado. Cores: azul turquesa e amarelo ouro. Domínios: margens dos rios, várzeas, cachoeiras, cursos de água, florestas e matas. Oferendas: papa de milho com coco, milho cozido com feijão fradinho, ipetê, papa de coco. Yansã Dia da semana: quarta-feira. Cores: vermelho terra, marrom, branco e rosa. Domínios: ventos, cemitérios, taquaral, caminhos, águas. Oferendas: acarajé, inhame, broto de bambu. Yemanjá Dia da semana: Sábado. Cores: branco, prata, transparências de azul e verde. Domínios: lagoas, mares (quebra-mar) e pororocas. Oferendas: manjar branco, canjica amarela, milho branco com mel. História e Cultura Afrobrasileira e Indígena 19 Obaluayê-Omolú Dia da semana: segunda-feira.Cores: preto, branco e vermelho. Domínios: terra, árvores, cemitérios, estradas abandonadas, universo das doenças. Oferendas: pipoca, sarapatel, cuscuz, inhame. Oxumaré Dia da semana: terça-feira. Cores: preto, verde, amarelo ou multicolorido. Domínios: terra, atmosfera, chuva e arco-íris. Oferendas: batata doce, amendoim, inhame. Nanã Dia da semana: terça-feira e sábado. Cores: branco, preto, roxo e azul. Domínios: lama, pântanos, lodo do fundo dos rios e mares. Oferendas: feijão fradinho, milho branco, arroz, acaçá e pipoca. Oxalá Dia da semana: sexta-feira. Cores: Oxalufan: branco e prata; Oxanguian: branco com nuances de azul ou vermelho. Domínios: atmosfera, oceanos, alto das montanhas, céu. Oferendas: canjica (ebô), acaçá de inhame, arroz com peito de frango, arroz doce. A educação religiosa do candomblé retrata a educação tradicional africana para a vida. Da infância a velhice todos os membros são tratados igualmente e todos tem direito a ser educados. Outro aspecto a destacar nas religiões de matrizes africanas é a compreensão dos poderes cósmicos da vida e a concepção de tempo distinto do tempo linear e cíclico presente na cultura europeia ocidental. O conjunto de valores oriundos das religiões africanas tradicionais e afro-brasileiras revela que as divindades estão presentes no nosso cotidiano e são vivificadas por seu participes, afinal as forças sobrenaturais estão sempre presentes – nunca se está só para vender os reveses da vida. Arte Africana e Afro brasileira Máscara de Madeira Reflexões sobre o tema Que danos psíquicos, podem ocorrer a partir de situações de intolerância religiosa? Como o candomblé possibilita aos seus participantes e, em especial, aos afrodescendentes, convivências igualitárias, onde todos podem viver com autoconfiança, dignidade e respeito? Como o candomblé oferece aos participantes da sua comunidade visões de mundo integradas e relações humanas respeitosas e inclusivas? Como os estudos sobre o candomblé e/ou outras manifestações sócio-culturais, negras, oferecem subsídios para a aplicação da Lei 10.639/2003? História e Cultura Afrobrasileira e Indígena 20 3 HISTÓRIA E CARACTERÍSTICAS DA ARTE AFRICANA 3.1 Introdução A arte africana é um conjunto de manifestações artísticas produzidas pelos povos da África subsaariana ao longo da história. O continente africano acolhe uma grande variedade de culturas, caracterizadas cada uma delas por um idioma próprio, tradições e formas artísticas características. O deserto do Saara atuou e continua atuando como uma barreira natural entre o norte da África e o resto do continente. Os registros históricos e artísticos demonstram indícios que confirmam uma série de influências entre as duas zonas. Estas trocas culturais foram facilitadas pelas rotas de comércio que atravessam a África desde a antiguidade. Podemos identificar atualmente, na região sul do Saara, características da arte islâmica, assim como formas arquitetônicas de influência norte-africana. A arte africana é um reflexo fiel das ricas historias, mitos, crenças e filosofia dos habitantes do continente. A riqueza desta arte tem fornecido matéria-prima e inspiração para vários movimentos artísticos contemporâneos da América e da Europa. Artistas do século XX admiraram a importância da abstração e do naturalismo na arte africana. A história da arte africana remonta o período pré-histórico. As formas artísticas mais antigas são as pinturas e gravações em pedra de Tassili e Ennedi, na região do Saara (6000 AC ao século I da nossa era). Igbo-Ukwu: arte africana em bronze Outros exemplos da arte primitiva africana são as esculturas modeladas em argila dos artistas da cultura Nok (norte da Nigéria), feitas entre 500 AC e 200 DC. Destacam-se também os trabalhos decorativos de bronze de Igbo-Ukwu (séculos IX e X) e as magníficas esculturas em bronze e terracota de Ifé (do século XII al XV). Estas últimas mostram a habilidade técnica e estão representadas de forma tão naturalista que, até pouco tempo atrás, acreditava-se ter inspirações na arte da Grécia Antiga. Os povos africanos faziam seus objetos de arte utilizando diversos elementos da natureza. Faziam esculturas de marfim, máscaras entalhadas em madeira e ornamentos em ouro e bronze. Os temas retratados nas obras de arte remetem ao http://www.suapesquisa.com/afric http://www.suapesquisa.com/geografia/continente_africano.htm http://www.suapesquisa.com/afric http://www.suapesquisa.com/paises/nigeria http://www.suapesquisa.com/grecia http://www.suapesquisa.com/o_que_e/marfim.htm História e Cultura Afrobrasileira e Indígena 21 cotidiano, a religião e aos aspectos naturais da região. Desta forma, esculpiam e pintavam mitos, animais da floresta, cenas das tradições, personagens do cotidiano etc. 3.2 Chegada ao Brasil No Brasil, um país predominantemente marcado pela miscigenação, a definição de uma identidade nacional é controversa. Das três principais influências atuantes durante o desenvolvimento do povo brasileiro – a ameríndia, a europeia e a africana – ora sobressaem-se individualmente, em espaços determinados, ora amalgamam-se e produzem um novo modelo detentor de aspectos próprios às três fortes culturas. A arte africana chegou ao Brasil através dos escravos, que foram trazidos para cá pelos portugueses durante os períodos colonial e imperial. Em muitos casos, os elementos artísticos africanos fundiram-se com os indígenas e portugueses, para gerar novos componentes artísticos de uma magnífica arte afro-brasileira. De maneira geral, tanto na época colonial como durante o século XIX a matriz cultural de origem europeia foi a mais valorizada no Brasil, enquanto que as manifestações culturais afro-brasileiras foram muitas vezes desprezadas, desestimuladas e até proibidas. Assim, as religiões afro-brasileiras e a arte marcial da capoeira foram frequentemente perseguidas pelas autoridades. Por outro lado, algumas manifestações de origem folclórico, como as congadas, assim como expressões musicais como o lundu, foram toleradas e até estimuladas. Entretanto, a partir de meados do século XX, as expressões culturais afro- brasileiras começaram a ser gradualmente mais aceitas e admiradas pelas elites brasileiras como expressões artísticas genuinamente nacionais. Nem todas as manifestações culturais foram aceitas ao mesmo tempo. O samba foi uma das primeiras expressões da cultura afro-brasileira a ser admirada quando ocupou posição de destaque na música popular, no início do século XX. Posteriormente, o governo da ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas desenvolveu políticas de incentivo do nacionalismo nas quais a cultura afro-brasileira encontrou caminhos de aceitação oficial. Por exemplo, os desfiles de escolas de samba ganharam nesta época aprovação governamental através da União Geral das Escolas de Samba do Brasil, fundada em 1934. http://pt.wikipedia.org/wiki/Arte_marcial http://pt.wikipedia.org/wiki/Capoeira http://pt.wikipedia.org/wiki/Congadas http://pt.wikipedia.org/wiki/Lundu http://pt.wikipedia.org/wiki/Samba http://pt.wikipedia.org/wiki/Ditadura http://pt.wikipedia.org/wiki/Estado_Novo_(Brasil) http://pt.wikipedia.org/wiki/Get%C3%BAlio_Vargas http://pt.wikipedia.org/wiki/Escolas_de_samba http://pt.wikipedia.org/wiki/Escolas_de_samba http://pt.wikipedia.org/wiki/Escolas_de_samba http://pt.wikipedia.org/wiki/Uni%C3%A3o_Geral_das_Escolas_de_Samba_do_Brasil http://pt.wikipedia.org/wiki/Uni%C3%A3o_Geral_das_Escolas_de_Samba_do_Brasil http://pt.wikipedia.org/wiki/1934 História e Cultura Afrobrasileira e Indígena 22 Outras expressões culturais seguiram o mesmo caminho. A capoeira, que era considerada própria de bandidos e marginais, foi apresentada, em 1953, por mestre Bimba ao presidente Vargas, que entãoa chamou de "único esporte verdadeiramente nacional". A partir da década de 1950 as perseguições às religiões afro-brasileiras diminuíram e a Umbanda passou a ser seguida por parte da classe média carioca. Na década seguinte, as religiões afro-brasileiras passaram a ser celebradas pela elite intelectual branca. Em 2003, foi promulgada a lei nº 10.639 que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), passando-se a exigir que as escolas brasileiras de ensino fundamental e médio incluam no currículo o ensino da história e cultura afro- brasileira. O interesse pela cultura afro-brasileira manifesta-se pelos muitos estudos nos campos da sociologia, antropologia, etnologia, música e linguística, entre outros, centrados na expressão e evolução histórica da cultura afro-brasileira. Muitos estudiosos brasileiros como o advogadoEdison Carneiro, o médico legistaNina Rodrigues, o escritor Jorge Amado, o poeta e escritor mineiro Antonio Olinto, o escritor e jornalistaJoão Ubaldo, o antropólogo e museólogoRaul Lody, entre outros, além de estrangeiros como o sociólogofrancêsRoger Bastide, o fotografo Pierre Verger, a pesquisadora etnólogaestadunidenseRuth Landes, o pintor argentinoCarybé, dedicaram-se ao levantamento de dados sobre a cultura afro- brasileira, a qual ainda não tinha sido estudada em detalhe. Alguns infiltraram-se nas religiões afro-brasileiras, como é o caso de João do Rio, com esse propósito; outros foram convidados a fazer parte do Candomblé como membros efetivos, recebendo cargos honorificos como Obá de Xangô no Ilê Axé Opô Afonjá e Ogan na Casa Branca do Engenho Velho, Terreiro do Gantois, e ajudavam financeiramente a manter esses Terreiros. Muitos sacerdotes leigos em literatura se dispuseram a escrever a história das religiões afro-brasileiras, recebendo a ajuda de acadêmicos simpatizantes ou membros dos candomblés. Outros, por já possuírem formação acadêmica, tornaram- se escritores paralelamente à função de sacerdote, como é caso dos antropólogos Júlio Santana Braga e Vivaldo da Costa Lima, as Iyalorixás Mãe Stella e Giselle Cossard, também conhecida como Omindarewa a francesa, o professor Agenor http://pt.wikipedia.org/wiki/Capoeira http://pt.wikipedia.org/wiki/1953 http://pt.wikipedia.org/wiki/Mestre_Bimba http://pt.wikipedia.org/wiki/Mestre_Bimba http://pt.wikipedia.org/wiki/Mestre_Bimba http://pt.wikipedia.org/wiki/D%C3%A9cada_de_1950 http://pt.wikipedia.org/wiki/Religi%C3%B5es_afro-brasileiras http://pt.wikipedia.org/wiki/Umbanda http://pt.wikipedia.org/wiki/2003 http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_Diretrizes_e_Bases_da_Educa%C3%A7%C3%A3o_Nacional http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_Diretrizes_e_Bases_da_Educa%C3%A7%C3%A3o_Nacional http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_Diretrizes_e_Bases_da_Educa%C3%A7%C3%A3o_Nacional http://pt.wikipedia.org/wiki/Ensino_fundamental http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Antropologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Etnologia http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsica http://pt.wikipedia.org/wiki/Lingu%C3%ADstica http://pt.wikipedia.org/wiki/Advogado http://pt.wikipedia.org/wiki/Advogado http://pt.wikipedia.org/wiki/Advogado http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A9dico_legista http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A9dico_legista http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A9dico_legista http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A9dico_legista http://pt.wikipedia.org/wiki/Jorge_Amado http://pt.wikipedia.org/wiki/Poeta http://pt.wikipedia.org/wiki/Escritor http://pt.wikipedia.org/wiki/Antonio_Olinto http://pt.wikipedia.org/wiki/Antonio_Olinto http://pt.wikipedia.org/wiki/Antonio_Olinto http://pt.wikipedia.org/wiki/Escritor http://pt.wikipedia.org/wiki/Jornalista http://pt.wikipedia.org/wiki/Jornalista http://pt.wikipedia.org/wiki/Jornalista http://pt.wikipedia.org/wiki/Antrop%C3%B3logo http://pt.wikipedia.org/wiki/Muse%C3%B3logo http://pt.wikipedia.org/wiki/Muse%C3%B3logo http://pt.wikipedia.org/wiki/Muse%C3%B3logo http://pt.wikipedia.org/wiki/Soci%C3%B3logo http://pt.wikipedia.org/wiki/Soci%C3%B3logo http://pt.wikipedia.org/wiki/Soci%C3%B3logo http://pt.wikipedia.org/wiki/Soci%C3%B3logo http://pt.wikipedia.org/wiki/Roger_Bastide http://pt.wikipedia.org/wiki/Pierre_Verger http://pt.wikipedia.org/wiki/Etnologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Etnologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Etnologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Etnologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Ruth_Landes http://pt.wikipedia.org/wiki/Caryb%C3%A9 http://pt.wikipedia.org/wiki/Religi%C3%B5es_afro-brasileiras http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_do_Rio http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_do_Rio http://pt.wikipedia.org/wiki/Candombl%C3%A9 http://pt.wikipedia.org/wiki/Ob%C3%A1_de_Xang%C3%B4 http://pt.wikipedia.org/wiki/Il%C3%AA_Ax%C3%A9_Op%C3%B4_Afonj%C3%A1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Il%C3%AA_Ax%C3%A9_Op%C3%B4_Afonj%C3%A1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Il%C3%AA_Ax%C3%A9_Op%C3%B4_Afonj%C3%A1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Ogan http://pt.wikipedia.org/wiki/Casa_Branca_do_Engenho_Velho http://pt.wikipedia.org/wiki/Terreiro_do_Gantois http://pt.wikipedia.org/wiki/Antrop%C3%B3logo http://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%BAlio_Santana_Braga http://pt.wikipedia.org/wiki/Vivaldo_da_Costa_Lima http://pt.wikipedia.org/wiki/Iyalorix%C3%A1 http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A3e_Stella http://pt.wikipedia.org/wiki/Giselle_Cossard http://pt.wikipedia.org/wiki/Giselle_Cossard http://pt.wikipedia.org/wiki/Giselle_Cossard http://pt.wikipedia.org/wiki/Agenor_Miranda http://pt.wikipedia.org/wiki/Agenor_Miranda História e Cultura Afrobrasileira e Indígena 23 Miranda, a advogada Cléo Martins e o professor de sociologiaReginaldo Prandi, entre outros. A arte negra tem sido uma referência ambivalente. Ao mesmo tempo em que é enaltecida pela militância como forma de resgate dos valores negros, ela também é apropriada pela industria cultural, a qual cria a falsa ideia de que o consumo de bens culturais negros legitima a ―democracia racial‖. Do ponto de vista dos ganhos, é importante constatar que, como consequência das ações protagonizadas pelo Movimento Negro, a discussão sobre arte e cultura negra ganhou vários fóruns, indo desde os grupos mais autênticos de expressão artística até o espaço da política institucional. 3.3 Tráfico Negreiro Chama-se de tráfico negreiro o transporte forçado de negros como escravos para as Américas e para outras colônias de países europeus, durante o período colonialista. A escravatura foi praticada por muitos povos, em diferentes regiões, desde as épocas mais antigas. Eram feitos escravos, em geral, os prisioneiros de guerra. Na Idade Moderna, sobretudo a partir da descoberta da América, houve um florescimento da escravidão. Desenvolvendo-se então um cruel e lucrativo comércio de homens, mulheres e crianças entre a África e as Américas. A escravidão passou a ser justificada por razões morais e religiosas e baseada na crença da suposta superioridade racial e cultural dos europeus. 3.3.1 A América O uso de mão de obra africana no Caribe e no sul das colônias inglesas da América do Norte formou uma grande rede empresarial que comprava escravos já apresados no litoral de Angola e Guiné, trazendo-os para a América. O tráfico de escravos causou verdadeira sangria na África: alimentou guerras internas, abalou organizações tradicionais, destruiu reinos, tribos e clãs e matou criminosamente milhões de negros. http://pt.wikipedia.org/wiki/Cl%C3%A9o_Martins http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Negros http://pt.wikipedia.org/wiki/Escravo http://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%A9ricas http://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%B3nia_(hist%C3%B3ria) http://pt.wikipedia.org/wiki/Europa http://pt.wikipedia.org/wiki/Colonialismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Colonialismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Colonialismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Escravaturahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra http://pt.wikipedia.org/wiki/Idade_Moderna http://pt.wikipedia.org/wiki/Descoberta_da_Am%C3%A9rica http://pt.wikipedia.org/wiki/Com%C3%A9rcio http://pt.wikipedia.org/wiki/Ra%C3%A7a http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura http://pt.wikipedia.org/wiki/Caribe http://pt.wikipedia.org/wiki/Sul http://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%A9rica_do_Norte http://pt.wikipedia.org/wiki/Angola http://pt.wikipedia.org/wiki/Guin%C3%A9_(regi%C3%A3o) História e Cultura Afrobrasileira e Indígena 24 Na América do Sul, o tráfico foi muito intenso, principalmente na América portuguesa. 3.3.2 Brasil Os portugueses já usavam o negro como escravo antes da colonização do Brasil, nas ilhas da Madeira, Açores e Cabo Verde. O tráfico para o Brasil, embora ilegal a partir de 1830, somente cessou em torno de 1850, após a aprovação de uma lei de autoria de Eusébio de Queirós, depois de intensa pressão do governo britânico, interessado no desenvolvimento do trabalho livre para a ampliação do mercado consumidor. Iniciado na primeira metade do século XVI, o tráfico de escravos negros da África para o Brasil teve grande crescimento com a expansão da produção de açúcar, a partir de 1560 e com a descoberta de ouro, no século XVIII. A viagem para o Brasil era dramática, cerca de 40% dos negros embarcados morriam durante a viagem nos porões dos navios negreiros, que os transportavam. Mas no final da viagem sempre havia lucro. Os principais portos de desembarque no Brasil eram a Bahia, Rio de Janeiro e Pernambuco, de onde seguiam para outras cidades. 3.4 Historia e Historiografia da escravidão no Brasil Ao falarmos em escravidão, é difícil não pensarnos portugueses, espanhóis e ingleses que superlotavam os porões de seus navios de negros africanos, colocando-os a venda de forma desumana e cruel por toda a região da América. A escravidão (denominada também escravismo, esclavagismo e escravatura) é a prática social em que um ser humano assume direitos de propriedade sobre outro designado por escravo, ao qual é imposta tal condição por meio da força. Em algumas sociedades, desde os tempos mais remotos, os escravos eram legalmente definidos como uma mercadoria. Os preços variavam conforme as condições físicas, habilidades profissionais, a idade, a procedência e o destino. Sobre este tema, é difícil não nos lembrarmos dos capitães-de-mato que perseguiam os negros que haviam fugido no Brasil, dos Palmares, da Guerra de http://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%A9rica_do_Sul http://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%A9rica_portuguesa http://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%A9rica_portuguesa http://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%A9rica_portuguesa http://pt.wikipedia.org/wiki/Portugal http://pt.wikipedia.org/wiki/Ilha http://pt.wikipedia.org/wiki/Madeira http://pt.wikipedia.org/wiki/A%C3%A7ores http://pt.wikipedia.org/wiki/Cabo_Verde http://pt.wikipedia.org/wiki/1830 http://pt.wikipedia.org/wiki/1850 http://pt.wikipedia.org/wiki/Eus%C3%A9bio_de_Queir%C3%B3s http://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_Unido http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XVI http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81frica http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil http://pt.wikipedia.org/wiki/A%C3%A7%C3%BAcar http://pt.wikipedia.org/wiki/1560 http://pt.wikipedia.org/wiki/Ouro http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XVIII http://pt.wikipedia.org/wiki/Lucro http://pt.wikipedia.org/wiki/Portos http://pt.wikipedia.org/wiki/Bahia http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro http://pt.wikipedia.org/wiki/Pernambuco http://pt.wikipedia.org/wiki/Ser_humano http://pt.wikipedia.org/wiki/Direito http://pt.wikipedia.org/wiki/Propriedade http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedade http://pt.wikipedia.org/wiki/Mercadoria http://pt.wikipedia.org/wiki/Pre%C3%A7o História e Cultura Afrobrasileira e Indígena 25 Secessão dos Estados Unidos, da dedicação e idéias defendidas pelos abolicionistas, e de muitos outros fatos ligados a este assunto. Apesar de todas estas citações, a escravidão é bem mais antiga do que o tráfico do povo africano. Ela vem desde os primórdios de nossa história, quando os povos vencidos em batalhas eram escravizados por seus conquistadores. Podemos citar como exemplo os hebreus, que foram vendidos como escravos desde os começos da História. Muitas civilizações usaram e dependeram do trabalho escravo para a execução de tarefas mais pesadas e rudimentares. Grécia e Romaforam uma delas, estas detinham um grande número de escravos; contudo, muitos de seus escravos eram bem tratados e tiveram a chance de comprar sua liberdade. O dono ou comerciante pode comprar, vender, dar ou trocar por uma dívida, sem que o escravo possa exercer qualquer direito e objeção pessoal ou legal, mas isso não é regra. Não era em todas as sociedades que o escravo era visto como mercadoria: na Idade Antiga, haja vista que os escravos de Esparta, os hilotas, não podiam ser vendidos, trocados ou comprados, isto, poiseles eram propriedade do Estado espartano, que podia conceder a proprietários o direito de uso de alguns hilotas; mas eles não eram propriedade particular, não eram pertencentes a alguém, o Estado que tinha poder sobre eles. A escravidão da era moderna está baseada num forte preconceito racial, segundo o qual o grupo étnico ao qual pertence o comerciante é considerado superior, embora já na Antiguidade as diferenças raciais fossem bastante exaltadas entre os povos escravizadores, principalmente quando havia fortes disparidades fenotípicas. Na antiguidade também foi comum a escravização de povos conquistados em guerras entre nações. Enquanto modo de produção, a escravidão assenta na exploração do trabalho forçado da mão-de-obra escrava. Os senhores alimentam os seus escravos e apropriam-se do produto restante do trabalho destes. A exploração do trabalho escravo torna possível a produção de grandes excedentes e uma enorme acumulação de riquezas, contribuindo assim para o desenvolvimento económico e cultural que a humanidade conheceu em dados espaços e momentos: construíram-se diques e canais de irrigação, exploraram-se minas, abriram-se estradas, construíram-se pontes e fortificações, desenvolveram-se as artes e as letras. Nas civilizações escravagistas, não era pela via do aperfeiçoamento técnico dos métodos de produção (que se verifica aquando da http://www.suapesquisa.com/grecia http://www.suapesquisa.com/imperioromano http://pt.wikipedia.org/wiki/Antiguidade http://pt.wikipedia.org/wiki/Esparta http://pt.wikipedia.org/wiki/Hilotas http://pt.wikipedia.org/wiki/Racismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Grupo História e Cultura Afrobrasileira e Indígena 26 Revolução Industrial) que os senhores de escravos procuravam aumentar a sua riqueza; e os escravos, sem qualquer interesse nos resultados do seu trabalho, não se empenhavam na descoberta de técnicas mais produtivas. Opinião oposta sobre a produtividade do escravo teve o economista Molinaire, citado pelo deputado Pedro Luís, na sessão de 10 de maio de 1888, na Câmara dos Deputados do Brasil: ―Molinaire diz que, em geral, o trabalho do liberto é um terço menos produtivo que o trabalho do escravo, sendo necessários dez libertos para os serviços que eram feitos por sete escravos. Dá as razões deste fato e conclui que, na melhor das hipóteses, continuando os libertos todos nos estabelecimentos rurais, teremos uma diferença de 1/3 para menos na produção!‖ Pedro Luís (Deputado Brasileiro) 3.4.1 Escravidão moderna e contemporânea No Brasil, a escravidão começou com os índios. Os índios escravizavam prisioneiros de guerra muito antes da chegada dos portugueses; depois da sua chegada os índios passaram a comerciar seus prisioneiros com os europeus. Mais tarde os portugueses recorreram aos negros africanos, que foram utilizados nas minas e nas plantações: de dia faziam tarefas costumeiras, à noite carregavam cana e lenha, transportavamformas, purificavam, trituravam e encaixotavam o açúcar. O comércio de escravos passou já tinha rotas intercontinentais na época do al-Andalus e mesmo antes durante o Império Romano. Criam-se novas rotas no momento em que os europeus começaram a colonizar os outros continentes, no século XVI e, por exemplo, no caso das Américas, nos casos em que os povos locais não se prestavam a suprir as necessidades de mão-de-obra dos colonos, foi necessário importar mão-de-obra, principalmente da África. Nessa altura, muitos reinos africanos e árabes islâmicos, decorrente das chamadas guerras santas empreendidas pelos muçulmanos, os quais, sancionados Escravo sendo açoitado em Minas Gerais, durante o auge do ciclo do ouro. http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Industrial http://pt.wikipedia.org/wiki/Economista http://pt.wikipedia.org/wiki/10_de_maio http://pt.wikipedia.org/wiki/1888 http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil http://pt.wikipedia.org/wiki/Portugueses http://pt.wikipedia.org/wiki/Europa http://pt.wikipedia.org/wiki/A%C3%A7%C3%BAcar http://pt.wikipedia.org/wiki/Al-Andalus http://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Romano http://pt.wikipedia.org/wiki/Europa http://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%B3nia http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XVI http://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%A9ricas http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81frica http://pt.wikipedia.org/wiki/Reino http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81rabes http://pt.wikipedia.org/wiki/Minas_Gerais http://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_do_ouro História e Cultura Afrobrasileira e Indígena 27 por sua religião, se apossavam dos bens dos chamados "infiéis" submetidos, principalmente sua liberdade, vendendo-os ou trocando-os por mercadorias, como escravos para os europeus. Em alguns territórios brasileiros, o índio chegou a ser mais fundamental que o negro, como mão-de-obra. Em São Paulo, até ao final do século XVII, quase não se encontravam negros, dado a pobreza de sua população que não dispunha de recursos financeiros para adquirirem escravos africanos, e os documentos da época que usavam o termo "negros da terra" referiam-se na verdade aos índios, os quais não eram objeto de compra e venda, só de aprisionamento, sendo proibido inclusive que se fixasse valor para eles nos inventários de bens de falecidos. Esta posição fora defendida pelos Jesuítas no Brasil, o que gerou conflitos com a população local interessada na escravatura, culminando em conflito, na chamada "A botada dos padres fora" em 1640. Com o surgimento do ideal liberal e da ciência econômica na Europa, a escravatura passou a ser considerada pouco produtiva e moralmente incorreta. Em 1850, no Brasil, pela Lei Eusébio de Queirós, passou-se a punir os traficantes de escravos, de modo a que nenhum escravo mais entrasse no país; em 1871 foi sancionada a Lei do Ventre Livre que declarava livre os filhos de escravos nascidos a partir daquele ano, e em 1885 a Lei dos sexagenários, que concedia liberdade aos maiores de 60 anos. E mais tarde fez surgir o abolicionismo, em meados do século XIX. Em 1888, quando a escravidão foi abolida no Brasil,pela Lei Áurea, ele era o único país ocidental que ainda mantinha a escravidão legalizada. A Mauritânia foi, em 9 de novembro de 1981, o último país a abolir, na letra da lei, a escravatura, pelo decreto de número 81.234, porém, a escravidão segue existindo no Sudão. A escravidão é pouco produtiva porque, como o escravo não tem propriedade sobre sua própria produção, ele não é estimulado a produzir já que isto não irá resultar em um incremento no bem-estar material de si mesmo. Segundo a National Geographic, há mais escravos hoje do que o total de escravos que, durante quatro séculos fizeram parte do tráfico transatlântico. Embora, as denuncias de trabalho escravo no Brasil e em outros países têm sentido metafórico, já que se trata de proibição de sair os empregados de fazendas, mas não se trata de compra e venda de pessoas como ocorria no tempo da escravidão negra. http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Paulo http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dndio http://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_de_Jesus_no_Brasil http://pt.wikipedia.org/wiki/A_botada_dos_padres_fora http://pt.wikipedia.org/wiki/Europa http://pt.wikipedia.org/wiki/1850 http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_Eus%C3%A9bio_de_Queir%C3%B3s http://pt.wikipedia.org/wiki/1871 http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_do_Ventre_Livre http://pt.wikipedia.org/wiki/1885 http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_dos_sexagen%C3%A1rios http://pt.wikipedia.org/wiki/Liberdade http://pt.wikipedia.org/wiki/Abolicionismo http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XIX http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XIX http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XIX http://pt.wikipedia.org/wiki/1888 http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_%C3%81urea http://pt.wikipedia.org/wiki/Maurit%C3%A2nia http://pt.wikipedia.org/wiki/9_de_novembro http://pt.wikipedia.org/wiki/Sud%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/National_Geographic História e Cultura Afrobrasileira e Indígena 28 3.5 A escravidão e os negros vistos pela Igreja Católica A Igreja Católica desde o século XV, pronunciou sua posição através de vários papas, condenando a escravidão. Em 13 de Janeiro de 1435, através da bula Sicut Dudum, O primeiro documento que trata explicitamente da questão, é do Papa Eugénio IV, que mandou restituir à liberdade os escravos das Ilhas Canárias. Em 1462, o Papa Pio II (1458-1464) deu instruções aos bispos contra o tráfico negreiro que se iniciava, proveniente da Etiópia; o Papa Leão X (1513-1521) despachou documentos no mesmo sentido para os reinos de Portugal e da Espanha. Nos séculos seguintes, contra a escravidão e o tráfico se pronunciam também os papas Gregório XIV (1590-1591), por meio da bula Cum Sicuti (1591), Urbano VIII (1623-1644), na bula Commissum Nobis (1639) e Bento XIV (1740-1758) na bula Immensa Pastorum (1741). No século XIX, no mesmo sentido se pronunciou o papa Gregório XVI (1831-1846) ao publicar a bula In Supremo Apostolatus (1839). Em 1888, o Papa Leão XIII, na encíclica In Plurimis, dirigida aos bispos do Brasil, pediu- lhes apoio ao Imperador (Dom Pedro II) e a sua filha (Princesa Isabel), na luta que estavam a travar pela abolição definitiva da escravidão. 3.5.1 África As primeiras excursões portuguesas à África subsaariana foram pacíficas (o marco da chegada foi à construção da fortaleza de S. Jorge da Mina, em Gana, em 1482). Portugueses muitas vezes se casavam com mulheres nativas e eram aceitos pelas lideranças locais. Já em meados da década de 1470 os "portugueses tinham começado a comerciar na Enseada do Benim e frequentar o delta do rio Níger e os rios que lhe ficavam logo a oeste", negociando principalmente escravos com comerciantes muçulmanos. Os investimentos na navegação da costa oeste da África foram inicialmente estimulados pela crença de que a principal fonte de lucro seria a exploração de minas de ouro, expectativa que não se realizou. Assim, consta que o comércio de escravos que se estabeleceu no Atlântico entre 1450 e 1900 contabilizou a venda de cerca de 11 313 000 indivíduos (um volume que tendo a considerar subestimado). Em torno do comércio de escravos estabeleceu-se o comércio de outros produtos, tais como marfim, tecido, tabaco, armas de fogo e peles. Os comerciantes http://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Cat%C3%B3lica http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XV http://pt.wikipedia.org/wiki/Papa http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Sicut_Dudum&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Eug%C3%A9nio_IV http://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Eug%C3%A9nio_IV http://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Eug%C3%A9nio_IV http://pt.wikipedia.org/wiki/Ilhas_Can%C3%A1rias http://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Pio_II http://pt.wikipedia.org/wiki/Eti%C3%B3pia http://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Le%C3%A3o_X http://pt.wikipedia.org/wiki/Portugal http://pt.wikipedia.org/wiki/Espanha
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