Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
GERENCIAMENTO DE RISCOS Simone Fraporti Controles internos como parte integrante da gestão estratégica e do gerenciamento de riscos Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Definir controles internos. � Identificar os aspectos fundamentais e a estrutura básica para a for- matação de controles internos eficientes. � Reconhecer o papel dos controles internos para a gestão estratégica e o gerenciamento de riscos. Introdução Os controles internos constituem uma importante ferramenta de gestão, pois estabelecem normas e procedimentos necessários para o bom funcionamento da organização, além de possibilitar à organização a melhora da sua produtividade, evitar fraudes e padronizar os processos. Toda organização que apresente um controle interno eficaz, apresenta maiores condições de ter sucesso em sua gestão. Embora os controles internos não sejam capazes de elminar total- mente os riscos, seu foco é buscar formas de minimizá-los e de evitá- -los. Para isso, o gerenciamento de riscos corporativos deve abranger o controle interno e estabelecer normas e procedimentos para fornecer à organização maior eficiência e eficácia nos processos de forma geral, permitindo a boa governança. Neste capítulo, você irá estudar os controles internos, sua definição e objetivos, seus aspectos fundamentais e estrutura básica para a formatação de controles internos eficiente e, ainda, o papel dos controles internos para a gestão estratégica e o gerenciamento de riscos. Controles internos Definição Controle interno representa para uma organização o conjunto de procedi- mentos e métodos que produzem dados confiáveis para ajudar a gestão. Esses procedimentos padronizam as rotinas e norteiam como as tarefas devem ser desempenhadas, a fim de obter eficiência e eficácia nas atividades. (RESKE FILHO; JACQUES; MARIAN, 2005). Para a área pública, o Tribunal de Contas da União (BRASIL, 2009) define “[...] controle interno como um processo composto pelas regras de estrutura e pelo conjunto de políticas e procedimentos adotados para a vigilância, fiscalização e verificação, que permite prever, observar, dirigir ou governar os eventos que possam impactar na consecução de seus objetivos. É um pro- cesso organizacional de responsabilidade da própria gestão, adotado com o intuito de assegurar uma razoável margem de garantia de que os objetivos da organização sejam atingidos”. Apesar de os controles internos, em algumas organizações, terem surgido para evitar fraudes, a importância deles não está somente ligada ao seu caráter preventivo, mas também na efetividade de suporte à gestão de negócios, em suas mais variadas instâncias (planejamento estratégico, execução e controle de processos e tomada de decisões críticas). A definição de controle interno, segundo a Financial Accounting Stan- dards Board (FASB) (apud CREPALDI, 2002), diz que é conjunto de políticas e procedimentos que garantem razoável certeza sobre a confiabilidade da elaboração e apresentação das demonstrações financeiras e seus processos correlatos, garantem que foram preparadas de acordo com os princípios de contabilidade geralmente aceitos e que incluem políticas e procedimentos de manutenção dos registros contábeis, aprovações em níveis adequados e preservação de ativos. Franco e Marra (2001) definem o controle interno como todos os esforços da organização que permitem prever, observar ou administrar os acontecimentos que se verificam internamente e que produzem reflexos em seu patrimônio. Podem ser divididos em contábeis e administrativos, em que os controles con- tábeis cuidam dos métodos, procedimentos e registros referentes à preservação do patrimônio e à legitimidade dos registros contábeis; e, os administrativos tratam da eficiência da política de negócios e dos registros financeiros. Controles internos como parte integrante da gestão estratégica e do gerenciamento de riscos54 Controle interno compreende o conjunto ordenado de métodos e procedi- mentos adotados pela entidade na realização das suas operações internas e para proteger seu patrimônio, que segundo Attie (2010) verifica a exatidão e o grau de confiança dos seus dados contábeis, que devem assegurar a execução e o registro de forma correta, eficiente e ordenada. De acordo com Cavalheiro (2003, p. 41): “[...] controle interno é o conjunto de recursos, métodos e processos adotados pela própria gerência do setor público, com a finalidade de comprovar fatos, impedir erros, fraudes e a ineficiência”. Os controles internos são importantes em todo tipo de organização, inde- pendentemente do seu grau de complexidade. Contudo, à medida que as orga- nizações aumentam em tamanho, fica mais clara a necessidade da existência de um controle interno eficiente e, uma vez adotada uma política de controles internos, torna-se necessário que toda a organização trabalhe em sintonia. Para Oliveira, Perez Júnior e Silva (2004, p. 83) “[...] um sistema contábil que não esteja apoiado em um controle interno eficiente é até certo ponto inútil, uma vez que não é possível confiar nas informações contidas em seus relatórios”. Controle é também o conjunto de normas, processos e sistemas adotados para auxiliar no processo de tomada de decisão, minimizar os riscos e assegurar o atingimento dos objetivos traçados pela organização. Toda organização que apresente um controle interno eficaz, apresenta maiores condições de ter sucesso em sua gestão, pois sempre que algum tipo de controle é exercido, existe uma fiscalização implícita sobre o trabalho praticado. Essa fiscalização visa garantir que as funções estejam sendo cumpridas da melhor forma, com exatidão e fidedignidade nas informações, promovendo, assim, a eficiência operacional e protegendo o patrimônio da empresa. Embora algumas empresas se utilizem de controles internos para prevenir fraudes, esses controles ajudam a organização a promover a excelência em suas atividades internas. De forma geral, os controles internos fornecem maior transparência nas atividades da empresa, além de serem um meio de aperfeiçoar o processo de gestão, conscientizando os colaboradores sobre a importância do respeito e cumprimento das políticas traçadas pela organização. Apesar de diferentes formas de conceituar, percebe-se que, de modo geral, todos eles convergem para alguns elementos preponderantes, que são: � confiabilidade de informação; � obediência às leis e regulamentos aplicáveis; � eficácia e eficiência de operação. 55Controles internos como parte integrante da gestão estratégica e do gerenciamento de riscos O trabalho de implantação do sistema de controles internos é de respon- sabilidade da administração da organização, porém devem ser seguidos por todos os colaboradores, de qualquer nível hierárquico, inclusive pela administração. Objetivos O objetivo principal do controle interno é garantir segurança para a organização (no sentido de que todas as atividades serão realizadas de acordo com normas e procedimentos estabelecidos e que todo trabalho será realizado de forma que os objetivos propostos sejam alcançados com êxito). Na visão de Crepaldi (2002), são objetivos do controle: � verificar e assegurar os cumprimentos, as políticas e normas da compa- nhia, incluindo o código de éticas nas relações comerciais e profissionais; � obter informações adequadas, confiáveis, de qualidade e em tempo hábil, que sejam realmente úteis para as tomadas de decisões; � prevenir erros e fraudes, mas, caso ocorram, possibilitar a descoberta o mais rápido possível, determinar sua extensão e atribuir as corretas responsabilidades; � registrar adequadamente as diversas operações, de modo a assegurar a eficiente utilização dos recursos da empresa; � assegurar o processamento correto das transações da empresa. De acordo com Attie (2010) os objetivos do controle interno são: � A salvaguarda dos interesses da organização – proteçãodo patrimônio para que evite quaisquer perdas e risco devido a erros ou irregularidades. � A precisão e confiabilidade dos informes e relatórios contábeis finan- ceiros e operacionais – ter as informações que auxiliam a gestão dos negócios e o entendimento uniforme da informação. � O estímulo à eficiência operacional – a administração determina os meios necessários para conduzir as tarefas, garantindo entendimento, aplicação e uniformidade. � A aderência às políticas existentes – garantia que os anseios da admi- nistração sejam cumpridos por todos os colaboradores. A adequada gestão organizacional depende diretamente de um sistema de controle interno eficaz, que ajude a garantir o alcance dos objetivos e do Controles internos como parte integrante da gestão estratégica e do gerenciamento de riscos56 retorno financeiro definidos, que as informações gerenciais estejam de acordo com as normas, políticas e procedimentos internos, diminuindo assim o risco de perdas e danos à imagem corporativa. Portanto, um sistema de controle funcional e eficaz é essencial para a gestão da organização, e é a base para a realização de tarefas seguras e confiáveis. Nesse contexto, podemos afirmar que a eficácia na execução dos controles internos está diretamente relacionada aos riscos que as organizações estão expostas. Aspectos fundamentais e estrutura básica para a formatação de controles internos eficientes Implementar o controle interno em uma organização significa adotar medidas que auxiliem a gestão na melhoria dos processos internos e operacionais, focando nos objetivos a serem atingidos, na redução de custos e na melhoria nos resultados. Gil, Arima e Nakamura (2013) destacam que organiza- ções que adotam essa prática possuem informações valiosas para apoiar o trabalho da gestão. Assim, destacam-se como aspectos fundamentais do controle interno: � proteger os ativos da empresa (dinheiro, bens, estoque, etc.); � produzir dados contábeis confiáveis; � estabelecer protocolos e procedimentos que colaboradores devem seguir; � manter informações financeiras organizadas; � reduzir erros; � evitar fraude e roubo; � separar funções. Os controles internos produzem e usam informações que permitem manter uma organização orientada para seus objetivos. A seguir você verá quais são os princípios para que isso seja estabelecido. Estabelecimento de responsabilidades: um responsável por cada tarefa facilita o gerenciamento, a execução das atividades e a responsabilidade sobre o resultado. Procedimentos documentados: todas as atividades devem ser documen- tadas para facilitar a verificação dos procedimentos e evitar fraudes. Autorização de transação: pagamentos só podem ser realizados após a autorização de um responsável. 57Controles internos como parte integrante da gestão estratégica e do gerenciamento de riscos Segregação de funções: ideal que uma mesma pessoa não seja responsável por muitas tarefas. Rodízio de funcionários: deve-se evitar que um funcionário exerça uma determinada função por muito tempo. Supervisão das operações: essa prática dá uma certa garantia de que as atividades estejam sendo executadas de acordo com objetivos da organização e diminui a probabilidade de furtos e/ou desfalques. Controles físicos: câmeras de vídeos, cofres, alarmes, ponto eletrônico, senhas em computadores, programas antivírus, entre outros. Análises regulares independentes: tudo que ocorre dentro da empresa deve ser verificado periodicamente e quaisquer problemas observados devem ser relatados à direção, podendo ser tanto por meio de auditoria interna como externa. O objetivo do controle interno é pautado na proteção do patrimônio da organização e na eficiência operacional. Para que isso ocorra de forma satisfatória e organizada, é necessário seguir algumas etapas na implantação do sistema de controle interno, adequando a sua estrutura às necessidades da empresa. Em 1992, o Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Com- mission (COSO) desenvolveu um modelo para avaliação de controles internos, que foi adotado como quadro geralmente aceito para o controle interno, sendo amplamente reconhecido como o padrão com o qual as organizações medem a eficácia de seus sistemas de controle interno. De acordo com o COSO I, é necessário que a empresa estabeleça uma estrutura básica de controles internos, formada por etapas que devem ser seguidas para impedir ou identificar erros e também apresentar relatórios que agreguem valor. Nesse sentido, o modelo de controle interno apresentado pelo COSO I é constituído por cinco componentes (COMMITTEE OF SPONSO- RING ORGANIZATIONS OF THE TREADWAY COMMISSION, 2013): 1. Ambiente de controle: abrange a estrutura de controle interno, com conceitos como conduta, atitude, consciência, competência e estilo, em outras palavras: ■ integridade e valores éticos; ■ compromisso com a competência; ■ conselho de administração e comitê de auditoria; ■ filosofia da administração e estilo de operação; ■ estrutura organizacional; ■ atribuição de autoridade e responsabilidade; Controles internos como parte integrante da gestão estratégica e do gerenciamento de riscos58 ■ políticas e procedimentos de recursos humanos. 2. Avaliação de riscos: identificação e análise dos riscos relevantes para o cumprimento dos objetivos da empresa. Contribui também na deter- minação de como os riscos devem ser monitorados e avaliados. 3. Atividades de controle: estabelecimento de políticas e procedimentos que ajudam a assegurar que os objetivos operacionais sejam atingidos e as estratégias para atenuar riscos sejam seguidas. 4. Informação e comunicação: estabelece qualidade de informação e eficácia da comunicação, para que as atividades de controle interno sejam realizadas da melhor maneira possível. 5. Monitoramento: o monitoramento eficaz ajuda a garantir que seu sistema de controle interno continuará a proporcionar as proteções necessárias para a empresa. Portanto, o monitoramento deve ser projetado para identificar e corrigir falhas no controle interno, antes que elas resultem em uma distorção significativa nas demonstrações financeiras. A estrutura básica do controle interno deverá ser adaptada às necessidades da organização e considerar o tipo de atividade, o tamanho, as características e as necessidades próprias. Apesar dessa flexibilidade de adaptação, alguns fatores precisam, necessariamente, ser considerados, de acordo com Gil, Arima e Nakamura (2013) são eles: � necessidade de um organograma com subordinação funcional e segre- gação de funções bem definido; � elaboração de um manual de procedimentos, contendo a descrição das práticas necessárias e a definição de pessoas responsáveis; � possuir uma estrutura contábil adequada; e � execução de auditoria interna para verificar, avaliar e aperfeiçoar os controles internos continuamente. O controle interno deve ser sistemático e voltado para o gerenciamento de risco, essa prática vai determinar que controles adequados sejam estabelecidos em áreas com alto risco e, que as de baixo risco não tenham um controle excessivo. Para um controle interno adequado é necessário que ele seja bem estrutu- rado, com profissionais aptos a planejar, implantar, executar, avaliar e melhorar o processo, além de ser efetivo, reduzir o nível de erros e irregularidades e permitir que metas e objetivos sejam cumpridos com eficiência, eficácia e redução de custos. 59Controles internos como parte integrante da gestão estratégica e do gerenciamento de riscos O controle interno auxilia as organizações a compreenderem os riscos a que estão expostas e estabelecerem controles que combatam as ameaças ao seu planejamento estratégico. Sendo assim, tanto a gestão de riscos como o controle interno estão implícitos nas boas práticas da governança corporativa. Papel dos controles internos para a gestão estratégica e o gerenciamento de riscos Se o controle interno está diretamenteligado ao alcance dos objetivos e re- sultados que a organização almeja, com maior eficiência e com a melhor relação custo-benefício, sua utilização é uma ferramenta fundamental para a organização, pois cria maneiras de se sobressair de forma positiva, exercendo, dessa forma, a gestão estratégica na organização. Costa (2003) define gestão estratégica como um processo que precisa ser sistemático, planejado, executado e gerenciado pela alta administração da organização, além de contar com o envolvimento e comprometimento de todos os gerentes, responsáveis e colaboradores da organização. Sua finalidade é assegurar o crescimento, a continuidade e a sobrevivência da organização, com adequação contínua às necessidades, o que dá condições para a organização enfrentar e se antecipar às mudanças observadas ou previsíveis no seu ambiente. Para fazer a análise, o mapeamento e tomar decisões acerca da priorização de riscos, é fundamental que a área de gestão de riscos tenha uma integração forte com as áreas que detêm a responsabilidade pelos controles internos. O monitoramento adequado dos processos dessas áreas vai garantir que possíveis perdas sejam minimizadas, e que novos riscos sejam identificados de imediato. A gestão estratégica precisa ter percepção do ambiente e estar atenta às dificuldades e riscos que podem surgir a qualquer momento. Se a empresa estiver preparada, com processos decisórios adequados, tendo como alicerce uma boa estrutura de controles internos, garantirá uma vantagem importante sobre aquelas que não contam com um processo organizado e eficaz. Com isso, a prática de gerenciamento de riscos torna-se uma aliada frente aos impactos dessas crescentes transformações, pois, quanto maiores forem as mudanças, mais inovações surgirão e mais vulneráveis aos riscos inerentes as suas atividades as empresas ficarão. Gerenciar riscos corporativos, segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), é parte integrante da governança e responsabilidade da alta administração, e é considerada “[...] um instrumento de tomada de decisão da alta administração que visa a melhorar o desempenho da organização pela Controles internos como parte integrante da gestão estratégica e do gerenciamento de riscos60 identificação de oportunidades de ganhos e de redução de probabilidade e/ ou impacto de perdas, indo além do cumprimento de demandas regulatórias” (INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA, 2007, p. 12). A gestão de uma organização é um processo complexo, que envolve, por exemplo, a integração entre o gerenciamento de riscos e os controles internos como partes integrantes de cada segmento da organização, incluindo todas as rotinas e atividades da entidade, com a intenção de que os colaboradores e a administração como um todo compreendam e respeitem às políticas esta- belecidas, que os bens e direitos estejam protegidos e, por fim, que todas as informações geradas sejam fidedignas. Tudo isso reforça que, cada vez mais, a adoção de boas práticas de governança agrega valor, organiza e otimiza a gestão da organização. Governança corporativa, na definição do IBGC, é o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolve a participação e o relacionamento entre sócios, conselho de adminis- tração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas (INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA, 2007). Os sócios, os membros do conselho, a fiscalização interna e o controle devem participar do processo de criação de regras, para a gestão dos processos administrativos, os interesses devem estar alinhados para não gerar conflitos e todos entenderem claramente a hierarquia interna durante as tomadas de decisões. Todos devem saber claramente o seu papel na empresa. A governança corporativa tem a grande preocupação de evitar que ob- jetivos individuais, sejam eles de pessoas ou áreas da organização, sejam priorizados em detrimento dos objetivos organizacionais, como é o caso do conflito de agência. De acordo com o IBGC (INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA, 2007), a governança corporativa se apoia em quatro princípios básicos: transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade. Observe o detalhamento de cada um dos princípios a seguir e o esquema apresentado na Figura 1. � Transparência: todas as decisões tomadas devem ser claras para todos os interessados, dentro e fora da organização. � Equidade: os sócios e partes interessadas devem receber tratamento justo e igualitário dentro da empresa. � Prestação de contas: as organizações devem prestar contas de todas as atividades realizadas para seus sócios e para as demais partes inte- ressadas de forma clara, concisa e compreensível. 61Controles internos como parte integrante da gestão estratégica e do gerenciamento de riscos � Responsabilidade corporativa: os agentes de governança devem ter uma visão ampla da empresa para zelar pela viabilidade econômico- -financeira e todas as variações possíveis nesse processo. Figura 1. Princípios básicos da governança corporativa. Fonte: Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (2007). O conflito de agência acontece quando funcionários de uma empresa tendem a orientar as suas atividades para resultados financeiros em curto prazo, em detrimento do valor da empresa em longo prazo. Pode acontecer, também, que acionistas de uma empresa coloquem à frente da sua conduta o seu ganho imediato, em vez dos ganhos em longo prazo para a instituição. Em poucas palavras, o conflito de agência se dá sempre que alguém está em uma situação na qual pode obter um benefício para si, que pode gerar um impacto negativo para a empresa. A conduta adotada pela governança corporativa reflete os benefícios inter- nos e externos, pois a adoção de boas práticas contribui efetivamente para o Controles internos como parte integrante da gestão estratégica e do gerenciamento de riscos62 funcionamento adequado dos processos, maior eficiência e melhores resultados. Organizações bem estruturadas e com alto valor de mercado utilizam-se das práticas de governança para mostrar seus valores de forma clara. Com o intuito principal de garantir transparência na gestão empresarial e re- duzir riscos, evitando fraudes e estabelecendo mecanismos que identifiquem os casos em que elas ocorrerem, a Lei Sarbanes-Oxley também reforça a importância dos controles internos para as organizações (GRUPO PORTAL DE AUDITORIA, 2017). Entre os reflexos da Lei SOx, cabe destacar a regulação que ela promoveu em relação às empresas de auditoria e aos serviços por elas prestado, estabele- cendo o que elas podem ou não oferecer aos seus clientes, visando preservar a imparcialidade e a autonomia que esse tipo de serviço deve apresentar (GRUPO PORTAL DE AUDITORIA, 2017). Nesse contexto da auditoria, os controles internos são uma matéria fundamental. A Lei Sarbanes-Oxley foi elaborada pelos congressistas Paul Sarbanes e Michel Oxley, e tem o intuito de aprimorar a governança corporativa e a prestação de contas (in- formações sobre receitas, despesas, balanço patrimonial e total de ativos e passivos). Em outras palavras, o objetivo da SOx é identificar, combater e prevenir fraudes que impactam no desempenho financeiro das organizações, garantindo o compliance. Saiba mais sobre a Lei no link (DELOITTE TOUCHE TOHMATSU, 2003): https://goo.gl/YXp8bG Entre as vantagens que são creditadas a Lei SOx, cabe ressaltar algumas: 1. Empresas responsáveis por suas ações: ao exigir práticas contábeis claras e definir transações éticas, a SOx passou a obrigar as empresas a seguirem certos procedimentos, a fim de fornecerem serviços transpa- rentes. Antes da lei não havia a obrigatoriedade de as empresas serem muito transparentes. 2. Executivos responsáveis por suas ações: com a SOx, os executivos assumem total responsabilidade, antes da lei, os executivos, muitas vezes, não eram responsabilizadospessoalmente ou criminalmente por fraudes em informações financeiras. 63Controles internos como parte integrante da gestão estratégica e do gerenciamento de riscos 3. Confiança restaurada: como qualquer potencial impacto negativo teve que ser avaliado e publicado pelas empresas, os investidores passaram a ter restaurada parte da confiança que haviam perdido. Acionistas e público em geral também são assegurados da veracidade dos dados financeiros, incluindo planilhas de balanço. 4. Melhoria nos controles internos: melhores controles internos levam a informações mais precisas. Com informações precisas, um melhor planejamento e investimento pode acontecer em curto e longo prazo. 5. Acionistas protegidos: acionistas passaram a ter informações precisas sobre as finanças das empresas que pretendem investir, como ativos, dívidas, perfil de risco e transações. Isso protege os interesses dos potenciais investidores. Por fim, pode-se perceber que, por meio de práticas bem estruturadas de controle interno é possível averiguar os fluxos operacionais e ter mais segurança nos processos como os administrativos e financeiros. A organização tem mais confiabilidade nas atividades que estão sendo desenvolvidas e detecta possíveis erros e fraudes, sendo capaz de evitá-los. Os controles internos devem passar por todas as áreas da empresa e fazer parte de todos os processos, desde os operacionais até os de gestão, sendo aplicados independentemente do porte da organização e da complexidade de suas atividades, pois ela terá objetivos a perseguir e os controles internos são uma importante ferramenta para que sejam atingidos. Controles internos como parte integrante da gestão estratégica e do gerenciamento de riscos64 65Controles internos como parte integrante da gestão estratégica e do gerenciamento de riscos ATTIE, W. Auditoria: conceitos e aplicações. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. BRASIL. Tribunal de Contas da União. Critérios gerais de controle interno na administração pública. Brasília, DF: TCU, 2009. BRASIL. Tribunal de Contas da União. Referencial básico de governança: aplicável a órgãos e entidades da administração pública: 2ª versão. Brasília, DF: TCU, 2014. CAVALHEIRO, J. B. A organização do sistema de controle interno dos municípios. 2. ed. Porto Alegre: CRC/RS, 2003. COMMITTEE OF SPONSORING ORGANIZATIONS OF THE TREADWAY COMMISSION. Bem-vindo ao COSO. [S.l.]: COSO, c1985-2018. Disponível em: <https://translate.google. com.br/translate?hl=pt-BR&sl=en&u=https://www.coso.org/&prev=search>. Acesso em: 12 jan. 2018. COMMITTEE OF SPONSORING ORGANIZATIONS OF THE TREADWAY COMMISSION. Controle interno: estrutura integrada: sumário executivo. São Paulo: IIA Brasil, 2013. COSTA, Eliezer Arantes da. Gestão Estratégica. São Paulo: Saraiva, 2003 CREPALDI, S. A. Auditoria contábil: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. DELOITTE TOUCHE TOHMATSU. Lei Sarbanes-Oxley. São Paulo: IBGC, 2003. Disponível em: <http://www.ibgc.org.br/biblioteca/download/DELOITTE_2003_LeiSarbanes... fol.pdf>. Acesso em: 03 fev. 2018. FRANCO, H.; MARRA, E. Auditoria contábil. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2001. GIL, A. L.; ARIMA, C. H.; NAKAMURA, W. T. Gestão: controle interno, risco e auditoria. São Paulo: Saraiva, 2013. GRUPO PORTAL DE AUDITORIA. Introdução à Lei Sarbanes Oxley (SOX). Curitiba, 2017. Disponível em: <https://portaldeauditoria.com.br/introducao-lei-sarbanes-oxley- -sox/>. Acesso em: 01 fev. 2017. INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA. Guia de orientação para gerenciamento de riscos corporativos. São Paulo: IBGC, 2007. OLIVEIRA, L. M.; PEREZ JÚNIOR, J. H.; SILVA, C. A. S. Controladoria estratégica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2004. RESKE FILHO, A.; JACQUES, E. A.; MARIAN, P. D. O controle interno como ferramenta para o sucesso empresarial. Revista Eletrônica de Contabilidade, Santa Maria, v. 1, n. 3, p. 107-118, 2005.
Compartilhar