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_____________________________________________________________________________ Organizador: Prof. Adm. Rodrigo Negreiros da Silva Curso de Administração de Empresas 1 APOSTILA II DE CONTROLADORIA SISTEMA DE CONTROLES INTERNOS Nome do(a) aluno(a): Turma: Turno: _____________________________________________________________________________ Organizador: Prof. Adm. Rodrigo Negreiros da Silva Curso de Administração de Empresas 2 O SISTEMA DE CONTROLES INTERNOS Reconhecidamente, o controle permanente é uma função gerencial de relevância primordial para o sucesso de qualquer empreendimento. Ignorar esse fato, ou mesmo menosprezar sua importância, é como pilotar uma aeronave sem acesso constante às referências que indicam a que velocidade ou altitude se está voando, a que distância se está do destino, quanto de combustível resta no reservatório ou se a rota está dentro do planejado. Sob tais condições, atingir o aeroporto de destino seria pouco provável, resultando de simples obra do acaso ou de muita sorte. E, como sabemos, sorte e acaso são fatores que a gerência competente procura, incessantemente, minimizar. Isso porque não é novidade que administrar é contínua vigilância e constante correção de rotas e não arcar com prejuízos consumados em função de negligência no que concerne ao controle das operações da empresa. Assim, a função de controle deve ser preocupação contínua dos responsáveis pelo destino das organizações, visto que a gerência sabe que nenhum planejamento ou coordenação, por melhores que sejam, podem assegurar os objetivos pretendidos que possam ser atingidos. O ambiente dos negócios é complexo e escorregadio, cheio de imprevistos que nunca se deixam antever por inteiro nas fases de planejamento ou de coordenação. Para a controlado ria, é de fundamental importância conhecer a qualidade e o grau de confiabilidade dos sistemas contábeis e de controles internos desde a fase de planejamento de seus trabalhos, para auxiliar na adequada identificação das áreas de risco. Também é função do controller recomendar melhorias nos procedimentos operacionais e de controle interno, apesar de não ter poderes para implementar ou aprovar nada, visto que tais atividades são de responsabilidade dos executivos de staff. Conceito de sistemas de controles internos Considerando sua importância e grande amplitude, o conceito de controles internos, para ser totalmente compreendido, deve ser devidamente analisado pelo conjunto de sua _____________________________________________________________________________ Organizador: Prof. Adm. Rodrigo Negreiros da Silva Curso de Administração de Empresas 3 natural aplicação no contexto das rotinas empresariais, de acordo com as necessidades da empresa, seu tamanho e cultura própria, diversidade de negócios, dispersão geográfica, bem como nas áreas operacionais. A expressão controles internos é, frequentemente, associada à Auditoria e há quem a confunda com Auditoria Interna. Na realidade, os auditores, sejam eles internos ou externos, vêm incentivando a criação de controles internos consistentes, de forma que as fraudes, os desvios e os desperdícios sejam evitados. A verificação da existência de uma boa estrutura do sistema de controles internos serve de parâmetro para o estabelecimento da extensão dos procedimentos de Auditoria. A avaliação do sistema de controle interno servirá de base para o auditor determinar o grau de confiança que nele possa determinar e, a partir daí, fixar a natureza e a extensão dos procedimentos de auditoria a serem aplicados (ADIE, 1988, p. 67). Talvez, a confusão usual entre os termos seja originária, justamente, desse incentivo ao controle interno pela auditoria. Attie (1988) ressaltou, em seu livro, o significado que o Comitê de Procedimentos de Auditoria do Instituto Americano de Contadores Públicos Certificados atribui ao termo: “o controle interno compreende o plano de organização e todos os métodos e medidas adotadas na empresa para salvaguardar seus ativos, verificar a exatidão e fidelidade dos dados contábeis, desenvolver a eficiência nas operações e estimular o seguimento das políticas administrativas prescritas.” Essa definição resume, objetivamente, a atuação da Controladoria. Observa-se sua abrangência, sua amplitude e, sobretudo, a especificidade de sua ação bem distinta do trabalho de Auditoria. A composição de um sistema de controles internos pode ser efetuada em três etapas: Etapas do sistema de controle interno (fonte: professor organizador) Previsão das tarefas Execução das tarefas Mensuração _____________________________________________________________________________ Organizador: Prof. Adm. Rodrigo Negreiros da Silva Curso de Administração de Empresas 4 a) Previsão das tarefas - analisando as possibilidades de desvios e fraudes, o controller, em contato com as várias unidades administrativas, estabelecerá os cuidados e os procedimentos que conduzirão à salva- guarda dos ativos e à execução eficiente das operações. Nessa fase, compete, também, ao controller, o estímulo grupal para o seguimento das políticas administrativas; b) Execução das tarefas - se o planejamento das tarefas for bem-feito, nessa etapa, o controller observará a execução das atividades de maneira eficiente, ou seja, com um aproveitamento maior dos recursos disponíveis à organização; c) Mensuração - é a fase da verificação dos resultados. Nessa etapa, o controller saberá se os rumos traçados foram seguidos. Escolherá parâmetros que denotarão indicadores do desempenho organizacional e, posteriormente, organizará essas informações em relatórios que darão conhecimento aos executivos da atuação das várias unidades. A estruturação de um sistema de controles internos, contudo, não pode ser vista como algo disciplinador da atuação dos executivos, do corpo técnico e/ou dos demais servidores da entidade. A informação quantificada em relatórios facilitará uma análise do desempenho e a definição de áreas que precisam de melhorias. Na era da qualidade, numa época em que se objetiva o aperfeiçoamento contínuo como consequência da filosofia da excelência empresarial adotada, não é recomendável implantar um sistema de controles internos incompatível. É preciso buscar sistemáticas que identifiquem o mais rapidamente possível as falhas e os desperdícios no processo a fim de se proceder a uma aplicação mais inteligente e econômica dos recursos organizacionais, além da identificação das prioridades em projetos de aperfeiçoamento. Todas as vezes que se fala em criar um processo contínuo de identificação, de mensuração e de comunicação de informações para subsidiar as tomadas de decisões, reporta-se sempre à responsabilidade da Controladoria. Para o Conselho Federal de Contabilidade, o sistema contábil e de controles internos compreende o plano de organização e o conjunto integrado de métodos e procedimentos adotados pela entidade na proteção de seu patrimônio, promoção da confiabilidade e tempestividade de seus registros e demonstrações contábeis e de sua eficácia operacional. Uma segunda definição para os sistemas de controles internos, essa do American Institute of Certified Public Accountants, é a seguinte: "O controle interno é composto pelos planos de organização e pela coordenação dos métodos e medidas implantados pela empresa para proteger seu patrimônio, seus recursos líquidos e operacionais, por meio de atividades de fiscalização e verificação da fidedignidade dos administradores e da exatidão dos processos de manipulação de dados contábeis, promovendo, desta forma, a eficiência operacional e a adesão às políticas e estratégias traçadas pela alta gestão." Valendo-se ainda de uma terceira definição, pode-se afirmar que os sistemas contábeis _____________________________________________________________________________ Organizador: Prof. Adm. RodrigoNegreiros da Silva Curso de Administração de Empresas 5 e de controles internos é o conjunto de procedimentos que, integrados ao fluxo operacional da empresa, visa detectar e prevenir desvios - erros e irregularidades, intencionais ou não - que possam: Afetar negativamente o desempenho da entidade; Ocasionar impactos em sua lucratividade e/ou estrutura financeira; Bem como resultar em reflexos significativos em suas demonstrações contábeis para o usuário interno ou externo, relatórios gerenciais e demais análises e demonstrativos operacionais e financeiros. Essa definição é provavelmente mais ampla do que o significado que, às vezes, se atribui ao termo. Na realidade, ela reconhece que um sistema de controle interno se projeta além das questões diretamente relacionadas com as funções dos departamentos de contabilidade e finanças, mostrando que o sistema inclui outros importantes aspectos, tais como: Sistema de orçamentos da empresa; Definições de custos-padrões e análise das variações; Relatórios operacionais e análises estatísticas do mercado e no qual a empresa atua; Comportamento e desempenho dos concorrentes; Programa de treinamento que visa capacitar os colaboradores da empresa; Planejamento estratégico etc. Diferenças entre a Controladoria e a Auditoria Frequentemente, verificam-se confusões conceituais entre Controladoria e Auditoria. Apesar de ambas se assemelharem nos objetivos funcionais, porque se preocupam com a companhia no combate a erros, fraudes e desperdícios, existem diferenças básicas nas suas atuações: A Auditoria funciona após a ocorrência dos fatos, verificando se todos os processos foram executados dentro dos padrões de conformidade; a Controladoria atua durante todas as etapas: antes, durante e depois da ocorrência dos fatos, tentando instituir hábitos e cuidados para evitar que os processos sejam efetuados fora dos padrões de conformidade. Mesmo que a empresa disponha de um órgão específico para o Desempenho da Auditoria (Auditoria interna), a sua atuação é apenas de verificações das falhas e de aconselhamento para que sistemas de controle sejam desenvolvidos para evitá-las. Compete à Auditoria, inclusive, a verificação da eficiência e exatidão das informações contábeis; o Desempenho da Controladoria é feito por meio de um órgão de linha que, apesar de não ter autoridade sobre os demais, tem o reconhecimento de todas as unidades como responsável pela operacionalização de um sistema de informações e controles. A Auditoria não desenvolve tarefas de rotina. Revisa os trabalhos de todos os departamentos, verificando se todas as atividades estão dentro dos padrões de conformidade para emissão de seu parecer; a Controladoria, no entanto, efetua trabalhos rotineiros de funcionamento do sistema de informações e controles. _____________________________________________________________________________ Organizador: Prof. Adm. Rodrigo Negreiros da Silva Curso de Administração de Empresas 6 Faz parte do trabalho de Auditoria o acesso a documentos secretos da entidade; não cabe à atividade de Controladoria o acesso a esses documentos, embora seja sua atribuição o estabelecimento de procedimentos para a sua guarda e manuseio seguros. A Auditoria não fornece aos gestores da companhia informações que os auxiliem no processo de tomada de decisões; é atividade própria da Controladoria o suprimento das informações gerenciais para o desenvolvimento dos processos de tomada de decisão e controle. Importância e objetivos do sistema de controles internos A partir de determinado porte, as empresas são gerenciadas de forma segmentada, quase sempre existindo um executivo responsável em cada uma das diversas divisões, departamentos ou setores. Tais responsáveis devem, evidentemente, prestar contas periódicas do desempenho de sua área, dentro da alçada de gerenciamento. Como consequência, os controles internos encontram-se em todas as áreas da entidade: vendas, recursos humanos, fabricação, compras, tesouraria etc. O exercício de um adequado controle sobre cada uma dessas funções assume fundamental importância para que se atinjam os resultados mais favoráveis com a aplicação de menos recursos, o que implica necessariamente a diminuição de toda e qualquer forma de desperdícios. Reconhecidamente, a função da controladoria como instrumento de controle administrativo é fundamental. Um sistema de contabilidade que não esteja apoiado em um controle interno eficiente é, até certo ponto, inútil, uma vez que não é possível confiar nas informações contidas em seus relatórios. Informações contábeis distorcidas podem levar a conclusões errôneas e prejudiciais para a tomada de decisões pelos gestores da empresa e por seus diversos usuários externos. Quando não existem procedimentos de controles internos, são frequentes os erros involuntários e desperdícios. Importância do sistema contábil e dos controles internos A importância dos sistemas contábil e de controles internos pode ser resumida, considerando-se os seguintes fatores: Tamanho e complexidade da organização: quanto maior é a entidade, em geral, mais complexa é a organização estrutural. Para controlar as operações eficientemente, a administração necessita de relatórios e análises concisos, que reflitam a situação em cada momento das atividades da organização; Responsabilidades: a responsabilidade pela salvaguarda dos ativos da companhia e pela prevenção ou descoberta de erros ou fraudes é da administração. A manutenção de um sistema de controle interno adequado é indispensável para a execução correta dessa responsabilidade; Caráter preventivo: um sistema de controle interno que funciona adequadamente constitui a melhor proteção, para a companhia, contra as fraquezas humanas. As rotinas _____________________________________________________________________________ Organizador: Prof. Adm. Rodrigo Negreiros da Silva Curso de Administração de Empresas 7 de verificação e revisão são características de um bom controle interno, que reduzem a possibilidade de que erros ou tentativas fraudulentas permaneçam encobertos por muito tempo e permitem à administração ter maior confiança nas informações e demais dados gerados pelo sistema. A importância desses sistemas, para uma organização e todos os envolvidos, é, fundamentalmente, que o controle pode ser entendido como a última etapa do processo sequencial administrativo. Essa etapa consistiria em: Comparar a realidade com o previsto; Identificar os desvios, se houver; Analisar as causas desses desvios; Implantar medidas corretivas que visam garantir a continuidade e a integridade da empresa. Nesse sentido, pode-se afirmar que os mencionados sistemas são compostos de três etapas principais: A previsão das tarefas - fase do planejamento e da programação; A execução dessas tarefas - fase da operacionalização ou execução; A mensuração - fase de análise e avaliação dos resultados obtidos, ou do controle propriamente dito. Objetivos do sistema de controles internos Os principais objetivos do conjunto de sistema de controles internos são: a) Verificar e assegurar os cumprimentos às políticas e normas da companhia, incluindo o código de éticas nas relações comerciais e profissionais; b) Obter informações adequadas, confiáveis, de qualidade e em tempo hábil, que sejam realmente úteis para as tomadas de decisões; c) Comprovar a veracidade de informes e relatórios contábeis, financeiros e operacionais; d) Proteger os ativos da entidade, o que compreende bens e direitos; e) Prevenir erros e fraudes. Em caso de ocorrência dos mesmos, possibilitar a descoberta o mais rápido possível, determinar sua extensão e atribuições de corretas responsabilidades; f) Servir como ferramenta para a localização de erros e desperdícios, promovendo ao mesmo tempo a uniformidadee a correção; g) Registrar adequadamente as diversas operações, de modo a assegurar a eficiente utilização dos recursos da empresa; h) Estimular a eficiência do pessoal, mediante a vigilância exercida por meio dos relatórios; i) Assegurar a legitimidade dos passivos da empresa, com o adequado registro e controle das provisões, perdas reais e previstas; j) Assegurar o processamento correto das transações da empresa, bem como a efetiva autorização de todos os gastos incorridos no período; k) Permitir a observância e estrito cumprimento da legislação em vigor. _____________________________________________________________________________ Organizador: Prof. Adm. Rodrigo Negreiros da Silva Curso de Administração de Empresas 8 Classificação dos controles internos Os procedimentos implantados em uma organização podem ser classificados conforme as seguintes categorias: I- Controles do sistema contábil e de informações Os sistemas contábeis e de informações devem fornecer à administração e ao pessoal de supervisão meios de identificar erros ou omissões nos registros contábeis, pois quanto maior o volume das transações envolvidas, menor a participação direta da administração nessas transações. Assim, um adequado sistema de informações e relatórios gerenciais deve prover à administração informações confiáveis, claras, precisas, objetivas, atualizadas e em prazos adequados, que possibilitem a tornada de medidas saneadoras e sirvam para as tomadas de decisões, quando aplicável. Exemplos de controles do sistema de informações: Avaliação do tipo de informação fornecida; Qualidade da informação apresentada; Utilização correta da informação; Sistema de relatórios estratificados para cada nível administrativo. II- Controles organizacionais Compreendem os métodos administrativos e operacionais implantados para uso rotineiro nas diversas atividades da organização. A organização e a segregação de funções, maneira pela qual a administração delega autoridade e responsabilidades, devem constituir-se em elementos efetivos de controle. Um dos mais importantes princípios de controle interno estabelece que as funções devem ser atribuídas às pessoas de modo que nenhuma delas possa controlar isoladamente todas as fases de processamento de uma transação. _____________________________________________________________________________ Organizador: Prof. Adm. Rodrigo Negreiros da Silva Curso de Administração de Empresas 9 Exemplos de controles organizacionais: Segregações de funções; Definição da delegação de autoridade; Procedimentos para as aprovações e autorizações; Parâmetros para a medição e a quantificação do desempenho operacional III- Controles de procedimentos e do fluxo da documentação São os inseridos no fluxo diário da documentação, visando garantir que o processamento de uma informação em determinado estágio será conferido nos estágios seguintes. Essas categorias objetivam obter razoável certeza de que: As transações e operações estão de acordo com a autorização geral ou específica da administração; As transações e operações são contabilizadas apropriadamente, permitindo a preparação das demonstrações contábeis de acordo com os princípios fundamentais de contabilidade e também a caracterização da responsabilidade por essas transações e operações; O acesso aos ativos é possível somente a elementos com a autorização da administração; É estabelecida responsabilidade para que as operações e transações contabilizadas sejam, quando aplicável, comparadas com a existência física, em intervalos razoáveis, para que a ação apropriada seja tomada quanto às diferenças encontradas. A figura seguinte resume a classificação dos controles internos, distinguindo entre os principais procedimentos administrativos, sistema de informações e o sistema contábil. Artigo jornalístico sobre fraudes no ambiente empresarial A imprensa divulga com uma certa frequência casos de fraudes praticados por funcionários, bem como os mais variados tipos de golpes envolvendo empresas. Distorções do balanço, pedidos falsos de reembolsos, desvios de mercadorias e de fundos _____________________________________________________________________________ Organizador: Prof. Adm. Rodrigo Negreiros da Silva Curso de Administração de Empresas 10 financeiros, pagamentos de documentos falsos, cobrança de compras superfaturadas, serviços inexistentes, desvios de valores recebidos etc. são os exemplos mais comuns. Um outro artigo jornalístico, de autoria de Adriana Mattos, da Folha de S. Paulo de 20 de fevereiro de 2005, página B12, alerta para as modalidades de golpes praticados por determinadas empresas, que vão desde o uso de notas frias na compra e venda de produtos ou na contratação de serviços até a falta de entrega de um produto ou serviço já pago. Empresa antiga, desativada por anos, que de repente volta a comercializar somas elevadas ou companhia que atua em diferentes ramos de atividades, sem conexão entre eles, podem motivar alerta pelas áreas responsáveis em aprovar créditos de toda ordem. Diretrizes para a implantação ou revisão de um sistema de controles A implantação de um sistema de controles, ou mesmo a revisão e o aprimoramento de um sistema já existente, é uma atividade complexa, que requer a observância de algumas _____________________________________________________________________________ Organizador: Prof. Adm. Rodrigo Negreiros da Silva Curso de Administração de Empresas 11 diretrizes básicas. Passa-se a comentar sobre algumas dessas diretrizes, com o objetivo de servir como orientação básica para os empresários, seus administradores e consultores interessados na criação, implantação ou aprimoramento de seu sistema de controles internos. Primeira: cada empresa deverá desenvolver seu próprio sistema de controles. Sabe-se que não existem duas iguais, ainda que pertençam ao mesmo setor e operem com os mesmos produtos ou serviços. Como consequência, não deverão existir dois sistemas de controles iguais. Cada empresa tem suas particularidades, representadas pela cultura organizacional, suas crenças e valores, seu processo de produção diferenciado, seus métodos de trabalho e de administração, suas necessidades específicas de informação e sua gerência com políticas, objetivos, princípios, personalidades e nível de competência próprios. Evidentemente, os princípios básicos nos quais se apoiam os sistemas de controle são sempre os mesmos. Contudo, em sua aplicação prática, deverão ser consideradas e incorporadas as peculiaridades de cada organização. Segunda: por melhor que seja, nenhum sistema de controles poderá compensar ou neutralizar as incompetências dos executivos da empresa. Boa parte das empresas só pensa seriamente na adoção ou no aperfeiçoamento de um sistema de controles após a ocorrência de um grande desfalque ou quando os prejuízos começam a aparecer. Sob tais circunstâncias, é comum que os empresários ou administradores atribuam as origens dos problemas constatados à ausência de um sistema de controles ou à ineficiência de um sistema existente. Caso existam indícios de que a razão básica das dificuldades financeiras da empresa reside na incompetência de um ou mais de seus administradores, será indispensável assumir o fato e promover as alterações de pessoal necessárias, por mais traumáticas que possam ser. De qualquer forma, deve-se ter sempre em mente que caríssimos e complexos sistemas de controles não compensam a ineficiência administrativa. Em presença dessa ineficiência, os sistemas podem até ajudar reduzindo as perdas da empresa, mas em hipótese alguma poderão resolver em definitivo o problema real. Terceira: complexidade dos sistemas de controles internos não representa garantia de eficácia e eficiência. Uma vez estabelecidos os objetivos da empresa e os sistemasde controles alternativos aplicáveis ao atingimento desses objetivos, deve-se priorizar a implantação de sistemas adequados ao ambiente corporativo, mesmo que apresentem simplicidade em seu contexto. Em geral, complexidade é sinônimo de custo elevado. Quanto mais complexo um sistema, maiores serão as despesas envolvidas, maior a necessidade de treinamento do pessoal encarregado e maiores as possibilidades de que erros comprometedores venham a ser cometidos. Quarta: devem ser fixados prazos realistas e exequíveis no processo de implantação do sistema de controles. Dependendo da estrutura da organização, a implantação ou aprimoramento do sistema de controles pode ser uma tarefa de máxima complexidade, que compreende a criação ou reformulação dos procedimentos, formulários utilizados, das técnicas orçamentárias, da metodologia de custeio da empresa etc. _____________________________________________________________________________ Organizador: Prof. Adm. Rodrigo Negreiros da Silva Curso de Administração de Empresas 12 Um trabalho exaustivo de análise das atividades subjacentes a esses procedimentos e técnicas pode revelar-se essencial e envolver, muitas vezes, retrabalhos destinados a corrigir erros de interpretação. Mesmo com todo o retrabalho que venha a ser efetuado, geralmente descobre-se, mais à frente, que muitos detalhes escaparam às revisões preliminares e que, portanto, novos retrabalhos são requeridos. Todo esse processo que envolve, pelo menos parcialmente, a aplicação da técnica de tentativa-erro-correção tende a acarretar significativa perda de tempo, tornando, na prática, impossível prever com exatidão ou até com razoável aproximação o prazo requerido para a implantação ou renovação de um sistema de controles. Dessa maneira, é recomendável que se abandone qualquer otimismo nas estimativas do prazo de implantação de um sistema de controles internos de custos. Pode-se, mesmo, afirmar que certa dose de pessimismo será necessária para que se obtenha uma previsão mais próxima da realidade. Quinta: é decisiva a participação das pessoas na implantação ou aprimoramento dos controles internos e na futura manutenção e operacionalização sistêmica. Como parte de sua natureza, as pessoas não gostam de controles e têm uma tendência natural a reagir negativamente a quaisquer tentativas nesse sentido. Portanto, mais do que nunca, o responsável pelo processo de implantação ou reformulação deve ser um hábil negociador e vendedor de suas ideias. Também é fundamental o apoio da alta administração. Caso contrário, o risco de insucesso é muito alto, o que irá depor contra a imagem do profissional encarregado. Frequentemente, as empresas contratam um consultor externo para a criação ou a renovação de seu sistema de controles. Quando esse consultor conclui seu trabalho e deixa a empresa, esta muitas vezes tem toda a parafernália material que compõe a parte não humana do sistema, mas não tem o pessoal adequado para operá-lo com eficiência. Em outras palavras: a empresa dispõe de uma eficiente e moderna controladoria, dispõe de rotinas e formulários de orçamento e de informação à gerência, conta com um manual de normas e procedimentos, descrição de cargos, adequadas tecnologias de informática etc., mas não tem o pessoal apto a elaborar, interpretar e aperfeiçoar todo esse conjunto de documentos e quadros demonstrativos e explicações de variações. É comum que se dê toda a atenção à análise do fluxo do trabalho dentro da empresa, à forma e à periodicidade dos relatórios que comporão o sistema de informação da gerência, esquecendo-se, entretanto, da preparação e do treinamento do pessoal que será encarregado de manter o sistema vivo e operante quando o consultor abandonar o barco. Afinal, são pessoas, e não relatórios, formulários, equipamentos sofisticados ou qualquer outro recurso material que fazem o sistema de controles funcionar a contento, compensando os investimentos efetuados. No contexto de uma visão sistêmica das corporações, é fácil compreender que mesmo com sistemas de última geração, políticas bem definidas, adequados procedimentos e formulários etc., toda a eficiência administrativa será comprometida se a empresa não dispuser de um quadro de funcionários adequadamente dimensionado, capacitado, treinado e, principalmente, motivado a ''vestir a camisa". _____________________________________________________________________________ Organizador: Prof. Adm. Rodrigo Negreiros da Silva Curso de Administração de Empresas 13 Sexta: sistemas complexos e impraticáveis são inúteis. Podem ocorrer situações nas quais os profissionais encarregados da criação, implantação ou do aperfeiçoamento do sistema de controles deixam-se levar pelo entusiasmo perfeccionista e perdem o contato com a realidade, tornando todo o trabalho imprestável para a corporação e seus colaboradores. É importante lembrar que, se o papel aceita tudo, incluindo a perfeição, o mundo real não comporta senão o factível. Nessas circunstâncias, deve também ser considerado, além das limitações normais de todo sistema, tudo aquilo que a administração de empresa interessada vier a definir como limitações adicionais. Exemplificando: se o empresário ou a administração definiu um gasto máximo para o projeto, não adianta nada o analista projetar um sistema que exceda essa limitação, implicando a aplicação de recursos que a empresa não tem ou não está disposta a investir. Sétima: no processo de implantação ou reformulação, devem ser consideradas também as perspectivas futuras da empresa. Os sistemas de controles não se criam nem se alteram com facilidade. São operações de alta complexidade que implicam, sempre, a aplicação considerável de recursos escassos para a empresa, além do tempo tomado dos diversos executivos envolvidos. Não se justifica, portanto, que sistemas sejam desenhados e implantados apenas em função das condições presentes. É preciso que, em seu projeto, tome-se em conta, também, o futuro da empresa, a fim de que as alterações, ora previstas para o porte ou estrutura dessa empresa sejam desde já refletidas em sua concepção. As empresas costumam crescer e modificar-se. Se esse crescimento e essa modificação não forem, tanto quanto possível, previstos antecipadamente no desenho do sistema de controle, não tardará que ele se sujeite a um sem-número de sucessivas modificações, com perda de eficiência e eficácia. Controles internos estratégicos Nas empresas de classe mundial, o controle interno deve ser visto em seu contexto mais elevado de instrumento" de gestão. O sistema normativo, as políticas, diretrizes, enfim, toda estrutura organizacional, podem ser considerados legítimos integrantes do sistema de controles. O tipo de estratégia e de estrutura deve condicionar as características do sistema de controles. Por sua vez, estes, ao proverem informações relevantes, acabam por facilitar a formulação de estratégias, assim como o aperfeiçoamento contínuo da própria estrutura organizacional. Níveis diferenciados para tratamento sistêmico dos controles internos Os controles internos estratégicos são chamados de controles de gestão por alguns autores. Amat e Gomes," por exemplo, definem Controle de Gestão Estratégico como o processo de avaliação dos atos e fatos que ocorreram no passado - efeito aprendizado -, estejam ocorrendo atualmente e que poderão ocorrer no futuro, interna e externamente, com vista em adequar os mecanismos de controle às mudanças _____________________________________________________________________________ Organizador: Prof. Adm. Rodrigo Negreiros da Silva Curso de Administração de Empresas 14 estratégicas requeridas. Continuando, os citados contadores e professores afirmam que "o sistema de controle de gestão deve fornecer informação que permita tanto elaborar o planejamento estratégico como facilitar a adequação da estratégia à estrutura que se desenhou, ou seja,o controle estratégico". Para a melhor compreensão dessa visão, é necessário estabelecer níveis diferentes para tratamento sistêmico dos controles internos: Níveis do sistema de controles internos (fonte: organizador do material) Para servir de guia para o dimensionamento e tratamento das outras categorias de controles; Controles internos diretivos: relacionados às diversas situações de risco a que estão expostas a empresas, variáveis sobre as quais esses controles devem agir para a minimização dos efeitos; Controles internos operacionais: responsáveis por garantir a eficácia dos antecessores, ao contribuir para a eliminação ou constatação de falhas na realização dos negócios, ineficiência nas tomadas de decisões ou na execução das rotinas de trabalho preestabelecidas. A título de exemplo da existência dessas três grandes categorias de controles, apresenta- se um caso hipotético envolvendo o processo de concessão de crédito de uma instituição financeira. Para garantir a consecução dos principais objetivos empresariais da instituição bancária - lucratividade, rentabilidade e crescimento -, os diretores estabeleceram uma política de crédito, na qual é definida uma série de diretrizes para a aprovação e realização dos negócios. Entre as diretrizes, estabelecem que o banco irá conceder empréstimos a seus clientes de acordo com a classificação de risco e dentro de limites máximos de comprometimento de capital para cada um, evitando dessa maneira que concentrações em poucos tomadores de recursos ou avaliações malsucedidas da capacidade econômico-financeira dos interessados possam expor a empresa a graves situações de risco. Dessa maneira, já no nível estratégico da citada instituição financeira, os gestores estão tomando decisões tendo em conta a inevitável presença do risco da concessão do Guia para outras categorias de controle Controles Internos Diretivos Controles Internos Operacionais _____________________________________________________________________________ Organizador: Prof. Adm. Rodrigo Negreiros da Silva Curso de Administração de Empresas 15 crédito. Essas políticas e diretrizes assim estabelecidas compõem o grupo dos controles internos estratégicos. A seguir, a unidade do banco responsável pelo Risco de Crédito modela, institui e normatiza sistemáticas diretivas para serem utilizadas por toda a rede de negócios, visando ao cumprimento das diretrizes estratégicas estabelecidas na Política de Crédito. Essas sistemáticas diretivas são: Avaliação de riscos de clientes; Atribuição de limites de crédito por cliente. Assim procedendo, a instituição está definindo os controles internos diretivos, ou seja, quais os parâmetros, métodos e processos a empresa utilizará para minimizar o risco representado pela concessão de crédito. Nessa fase, é importante salientar que tanto a Política de Crédito, com suas diretrizes estratégicas, quanto as sistemáticas diretivas citadas seriam amplamente divulgadas por meio do sistema normativo, na rede operadora de negócios. Por último, surgem os controles internos operacionais. No caso, quais seriam as normas complementares de controles que precisariam ser adotadas para garantir a eficácia do cumprimento da Política de Crédito? Basicamente, devem ser estabelecidos, entre outros, os seguintes procedimentos de controles: Segregação de funções nas redes, para garantir que aprovações de limites de crédito e liberação do financiamento sejam executadas por funcionários distintos; Sistemas automatizados que impedissem o registro e contabilização de empréstimos para clientes sem limite de crédito pré-aprovado; Supervisão e conferência dos processos de análises do cadastro de clientes etc. Os controles internos operacionais, de presença intensiva no dia a dia das corporações, encerram assim o ciclo sistêmico dos controles internos, desde o nível estratégico até o operacional. Finalmente, é oportuno ressaltar que o sistema de controles internos está pulverizado por toda a organização, sob as mais variadas formas e em níveis diferentes de importância. Se houver falha em um procedimento de controle interno operacional, até ser corrigido podem não ter ocorrido prejuízos em montantes significativos para a organização empresarial. Ao contrário, se houver falhas em um controle interno estratégico, o preço a pagar pode ser a falência da empresa. Desenho dos sistemas de controles de gestão estratégica Do ponto de vista da corporação em sua totalidade, os responsáveis pelo desenho e implantação dos sistemas de controles de gestão estratégica devem cuidar de orientar o comportamento e a tomada de decisão, por parte das pessoas que integram a organização, para o alcance dos objetivos, metas e operações que sejam consentâneos com as expectativas explicitadas nas diretrizes estabelecidas para determinado período (curto e longo prazo). Nesse processo podem ser utilizados diferentes mecanismos formais e não formais, dando-se preferência aos que sejam coerentes com a cultura, a estrutura e a estratégia _____________________________________________________________________________ Organizador: Prof. Adm. Rodrigo Negreiros da Silva Curso de Administração de Empresas 16 da organização e levando-se em conta, também, o possível efeito desses mecanismos nas relações com o ambiente externo (clientes, fornecedores, sindicatos, meio ambiente etc.). Desse modo, mediante o desenho de um sistema de controle de gestão coerente com a estratégia e a estrutura, pode-se promover um clima favorável aos resultados planejados, o que, em última análise, é o que se espera de um sistema de controles de gestão, ou seja, desenvolver ações que promovam o alcance eficiente e eficaz dos objetivos almejados. Na figura seguinte, demonstra-se a importância da vinculação do sistema de controles com a estratégia e a estrutura organizacional. _____________________________________________________________________________ Organizador: Prof. Adm. Rodrigo Negreiros da Silva Curso de Administração de Empresas 17 ANEXOS – EXEMPLOS DE CONTROLES INTERNOS Exemplo de Controle Interno – Controle Estatístico do Processo _____________________________________________________________________________ Organizador: Prof. Adm. Rodrigo Negreiros da Silva Curso de Administração de Empresas 18 _____________________________________________________________________________ Organizador: Prof. Adm. Rodrigo Negreiros da Silva Curso de Administração de Empresas 19 _____________________________________________________________________________ Organizador: Prof. Adm. Rodrigo Negreiros da Silva Curso de Administração de Empresas 20 REFERÊNCIAS PITIÁ BARRETO, Maria da Graça. Controladoria na Gestão: A relevância dos Custos da Qualidade. São Paulo: Saraiva, 2008. MARTINS DE OLIVEIRA, Luís; PEREZ JR., José Hernandez; DOS SANTOS SILVA, Carlos Alberto. Controladoria Estratégica: Textos e Casos Práticos com Solução. São Paulo: Atlas, 2014. NOTA: As figuras de conteúdo digital da internet, dispostas no anexo, são baseadas nas obras de Marco Aurélio Dias. Vale ressaltar que todo o conteúdo apresentado foi ORGANIZADO PELO PROFESSOR e possui apenas FINS ACADÊMICOS, estímulos para que os discentes adquiram suas obras.
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