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PRODUÇÃO DE BIODIESEL Prisco A. Menezes, Lucas de O. C. dos Reis. Engenharia automotiva, Faculdade UnB-Gama, Universidade de Brasília, 72405-610 Brasília - DF, Brasil Lucas M. Nascimento, Sannya A., Paulo H. A. Reis. Engenharia de energia, Faculdade UnB-Gama, Universidade de Brasília, 72405-610 Brasília - DF, Brasil Resumo Este artigo visa reportar a produção de biodiesel em laboratório a partir da reação de transesterificação. A procedência triglicerídea foi o óleo de fritura e mediu-se o índice de acidez. Pretende-se observar logo após a filtragem, a separação do biocombustível, dos ácidos graxos e outras substâncias restantes. A metodologia utilizada será a pesquisa bibliográfica aliada às observações feitas no laboratório da instituição Faculdade UnB Gama-FGA. Abstract This article aims to report the production of biodiesel in the laboratory from the transesterification reaction. The origin was triglicerídea the frying oil and the measured acid value. It is intended to observe after filtration, separation of biofuel, fatty acids and other substances remaining. The methodology used will be the literature combined with the observations made in the laboratory of the institution Faculty UNB Gama-FGA. Palavras-chave Biodiesel, transesterificação, biocombustível e segunda geração. Introdução teórica Uma alternativa possível ao combustível fóssil é o uso de óleos de origem vegetal, os quais podem ser denominados de “biodiesel” [6]. Quimicamente, os óleos e gorduras animais e vegetais consistem de moléculas de triacilglicerídeos, as quais são constituídas de três ácidos graxos de cadeia longa ligados na forma de ésteres a uma molécula de glicerol. Esses ácidos graxos variam na extensão da cadeia carbônica, no número, orientação e posição das ligações duplas [6,7]. O Biodiesel se mostra como uma boa alternativa a essa problemática. Tal biocombustível representa no mercado uma nova etapa para a indústria de combustíveis, já que envolvem óleos vegetais, álcool, produzindo um Ester vegetal, substituindo o óleo diesel. A ANP, Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, afirma: “Desde 1º de janeiro de 2010, o óleo diesel comercializado em todo o Brasil contém 5% de biodiesel”. [1,2]. Combustíveis a diesel são de vital importância no setor econômico de um país em desenvolvimento. A alta demanda de energia no mundo industrializado e no setor doméstico, bem como os problemas de poluição causados devido ao vasto uso desses combustíveis, têm resultado em uma crescente necessidade de desenvolver fontes de energias renováveis sem limites de duração e de menor impacto ambiental que os meios tradicionais existentes [6], estimulando, assim, recentes interesses na busca de fontes alternativas para combustíveis à base de petróleo [8]. No Brasil o mais aceito pela ANP, pelo fato de produzir pouco resíduo e pela alta eficiência é o da Transesterificação. Tal processo consiste na reação de óleos vegetais com álcoois de cadeia curta, com uma proporção estequiométrica teóricas de 1:3:3:1, conforme a Figura 1. O procedimento é realizado na presença de um catalisador, teoricamente, 90% biodiesel e 10% glicerina, mostrando a seletividade do processo em um dos produtos, que também é uma das escolhas por industriais em tal reação e tais produtos são separados por decantação [1,2,4]. Figura 1. Reação de Transesterificação. Fonte: Portal do Professor (MEC) [S.D.] O processo de produção de Biodiesel se trata de uma reação de catálise, ou seja, na presença de catalisador. A catálise, por sua vez, pode se ramificar em tipos. De acordo com o caráter do catalisador, em básica, que é a mais viável pela eficiência quanto a tempo, preço ou ácida mais demorada que sua concorrente e mais cara também; ou pelo tipo de catalisador, homogênea, caso o sistema e o catalisador se encontram na mesma fase de agregação que consequentemente há a perda do material utilizado, heterogênea, caso o sistema não se encontra na mesma fase de agregação do catalisador, que por consequência, pode ser reutilizado e, por fim, a catálise enzimática, por meio de enzimas que custam muito e são pouco eficientes. A reação de Transesterificação é uma reação de equilíbrio químico, então para tal reação, normalmente, em larga escala, aumenta-se consideravelmente a quantidade de álcool para que assim não ocorra uma concorrência com a reação de saponificação, conforme Figura 2 (na figura, a base está sendo representada como o Hidróxido de Sódio). O processo de saponificação, reação de produção de sabão é a reação quando se mistura óleo vegetal com uma base e utilizando álcool como catalisador. O próprio deslocamento do equilíbrio, já descrito, garante uma menor chance de ocorrer à saponificação Figura 2. Reação de Saponificação. Fonte: OLIVEIRA (2006). O índice de acidez prediz a quantidade de ácidos graxos livres (AGL), obtidos pela reação de Transesterificação. Biodiesel que contenha uma quantidade elevada de IA (índice de acidez) pode levar a formação de sabão [6,9]. E para o processo, testar a acidez por titulação que é uma técnica volumétrica baseada na medição rigorosa de volumes, para determinar a concentração de uma solução (titulado) utilizando-se de outra com a concentração conhecida (titulante). A partir da reação de ácido- base, onde o ponto de equivalência é obtido quando, o número de moles do cátion H+ do ácido iguala o número de moles dos íons OH- da base, esse ponto é determinado, pela mudança de cor do indicador colorimétrico mais apropriado a ser utilizado [8]. Metodologia Materiais e reagentes ⋅ Óleo usado de fritura ⋅ Hidróxido de Potássio ⋅ Isopropanol ⋅ Água destilada ⋅ Erlenmeyer de 500 mL ⋅ Proveta de 500 mL ou menor ⋅ Solução de fenolftaleína ⋅ Béquer ⋅ Agitador magnético ⋅ Metóxido de Potássio ⋅ Termômetro ⋅ Bureta Índice de Acidez Em duplicata, pesou-se 1,001g e depois 1,008g de óleo usado (já com ácido sulfúrico). Com auxílio do conta gotas. Adicionou-se 12ml Isopropanol no Erlenmeyer. No mesmo recipiente adicionou-se 3 gotas do indicador Fenolftaleína. Titulação Encheu-se a bureta de metanólica de hidróxido de potássio. Depois deixou-se pingar em conta gotas na solução preparada no Erlenmeyer (índice de acidez). Agitação constante, até obtermos a coloração rasada. A medida do Hidróxido de Potássio foram, 9ml e 8,5ml. Preparação do Biodiesel Pesou-se no Erlenmeyer 101,581g. Adicionou-se 22ml de metóxido de Potássio no Erlenmeyer e agitou. Depois foi colocado o “peixe” no Erlenmeyer, em seguida tampou-se o recipiente com papel alumínio e o termômetro dentro. Depois foi colocado no agitador magnético. Quando a temperatura atingiu 59ºC, deixou a temperatura constante e sob agitação constante no agitador por cerca de 30 minutos. Separação de Fases Colocou-se o conteúdo do Erlenmeyer no funil e deixou descansar, para separação das fases. Após um breve tempo, ficou evidente a separação das fases. A fase orgânica (parte clara) e fase aquosa (parte escura). Quando ficou visível as fases, iniciou a separação. Procedimento experimental 1) Pesar 100 g de óleo em um Erlenmeyer (250 mL). 2) Adicionar 22,04 mL da solução de metóxido de potássio. 3) Colocar a mistura sob agitação por 30 min a 60 ºC. Resultados e Discussão Na produção do biodiesel obteve-se dois subprodutos uma fase aquosa (parte escura) que é descartada por não ter utilidade, outro subproduto que é obtido no processo é a fase orgânica (parte clara). E finalmente se obtém o biodiesel como o produto do processo de obtenção do biodiesel através do óleo utilizado. Esses produtos foram vistos na separação por um funil de separação, sendo o biodiesel visivelmente separado e podendo ser retirado do funil de separação. A obtenção do biodiesel realizada por uma reação de transesterificação em meio básico, tendo como catalisadoro Metóxido de potássio foi a utilizada. Como produto desta reação obtiveram-se os ésteres de ácidos graxos que é o biodiesel e o glicerol. É importante sabermos que a reação do hidróxido de potássio com o álcool leva à formação de água e, na presença do catalisador básico, poderá acontecer à hidrólise de algum éster e ocorrer a formação de sabão. Esta saponificação não desejável do processo reduz o rendimento do éster e dificulta consideravelmente a recuperação do glicerol, por conta da formação de emulsão. E também, o consumo do catalisador reduz a eficiência da reação. Assim, para uma transesterificação catalisada por bases, ambos os óleos e álcool devem ser isentos de água. Um baixo teor de ácidos graxos livres no óleo também é imprescindível se o processo de alcoólise ocorrer por catálise básica. Óleos vegetais que contenham alto teor de ácidos graxos livres ou água devem ser processados via catálise ácida. Conclusão Através do experimento pode-se ter uma noção mais concreta dos processos que envolvem a produção do biodiesel, caso comparados com as noções teóricas, e também dos desafios que são enfrentados nas indústrias para que a produção do biodiesel seja eficiente e economicamente viável. Os resultados obtidos foram condizentes ao que se encontra disponível na literatura, sendo possível, ao final do experimento, que fosse obtido o produto principal do processo que é o biodiesel. Além desse produto também foram obtidos outros subprodutos os quais foram prontamente separados por meio de decantação visto que eles não fazem parte do escopo deste artigo. Referências bibliográficas [1]. BRANDÃO, K. S. R. ; SILVA, F. C. ; NASCIMENTO, U. M. ; SOUSA, M. C. ; MOUZINHO, A. M. C. ; SOUZA, A. G. ; CONÇEIÇÃO, M. M. ; MOURA, K. R. M. Produção de Biodiesel por transesterificação do óleo de soja com mistura de metanol-etanol. São Luís, 2005. [2]. OLIVEIRA, Jardel Alves de; LUZ, José Aurélio Medeiros da; FERREIRA, Eliomar Evaristo. Grau de saponificação de óleos vegetais na flotação seletiva de apatita de minério carbonatítico. Rem: Rev. Esc. Minas, Ouro Preto, v. 59, n. 4, Dec.2006. Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid =S0370-44672006000400006&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 25 Jun. 2015. [3]. NETO, Pedro R. Costa; ROSSI, Luciano F. S.; ZAGONEL, Giuliano F.; RAMOS, Luiz P.; Produção de Biocombustível Alternativo ao Óleo Diesel Através da Transesterificação de Óleo de Soja Usando em Frituras Paraná, Brasil, 12/09/1999; [4]. http://www.biodiesel.org. Acesso em: 25 Jun. 2015. [5]. Knothe, G.; Gerpen, J. V.; Krahl, J., eds.; The Biodiesel Handbook, American Oil Chemists’ Society Press: Champaign, 2005. [6]. Meher, L. C.; Sagar, D. V.; Naik, S. N.; Renew. Sustain. Energy Rev. 2004, 10, 248. [7]. Ma, F.; Hanna, M. A.; Bioresour. Technol. 1999, 70, 1. [8]. GERIS*, Regina; DOS SANTOS, Nádia Alessandra Carmo; AMARAL, Bruno Andrade; MAIA, Isabelle de Souza; CASTRO, Vinicius Dourado; CARVALHO, José Roque Mota. Biodiesel De Soja – Reação De Transesterificação Para Aulas Práticas De Química Orgânica. Salvador–BA, Brasil, 14/05/2007. Disponivel em: <http://www.scielo.br/pdf/qn/v30n5/a53v30n5>. Acesso em: 25 Jun. 2015. PERGUNTAS PROPOSTAS 1. Por que é necessário modificar o óleo para usá-lo como combustível? Quais são os métodos mais usuais? R: Apesar de se tratar de uma fonte de energia renovável, é necessária uma reação química de transformação do óleo de origem vegetal em um óleo, devido ao consumo em motores a combustão interna, já que caso não esteja nas especificações da ANP, tanto em eficiência energética, quanto viscosidade, esse combustível pode não queimar da forma devida e produzir muito mais resíduos que o esperado, um deles é a Acroleína, um composto cancerígeno. As formas mais usuais do óleo vegetal como combustível são: Uso Blendado com o óleo pronto, pirólise ou craqueamento do óleo, Microemulsão do óleo e Transesterificação do óleo [1,3]. 2. Qual a razão molar entre óleo: álcool sabendo que a MM do óleo é de 872,17 g/mol? Qual foi à proporção mol de óleo / mol de álcool / mol de catalisador usado. Está de acordo com a literatura? Justifique sua resposta. R: Não temos condições de responder a essa questão, pois há falta de informações e não condiz completamente com o experimento que realizamos. 3. Escreva a equação da reação de transesterificação balanceada. R: A equação de transterificação é ilustrada na figura abaixo: Equações das reações de transesterificação de um triacilglicerídio com metanol catalisada por hidróxido de potássio. (GERIS et al, 2007) A partir da figura e das equações químicas é possível notar que uma parte do óleo de soja em questão, se transformou em sabão, processo conhecido como saponificação Figura2. Isso acontece quando as moléculas de glicerídeo, sofrem hidrólise básica à quente na presença de uma base forte, produzindo sabões, que são sais de sódios de ácidos carboxílicos de cadeia longa. O ideal seria que todo o óleo de soja fosse transformado em biodiesel e glicerol, apenas. Principal reação secundária durante a transesterificação: reação de saponificação. (GERIS et al, 2007). 4. Calcule o índice de acidez do óleo. O que este valor impacta no rendimento do biodiesel? R: Foi calculado e o resultado foi 5,34. Esse valor interfere na qualidade do biodiesel em seu processo de combustão, afetando assim o seu rendimento. 5. Por que a separação/lavagem deve ser realizada? Um processo mal executado de lavagem/separação, o que pode ocasionar? R: Deve separar no processo para evitar que parte do sabão produzido no processo se misture com o biodiesel produzido. Evitando assim que haja danos ao motor de combustão que será utilizado o biodiesel. 6. Qual a coloração da chama foi observada? Justifique sua resposta R: Não foi realizado esse processo durante o experimento. 7. Para evitar a formação de sabão e aumentar o rendimento da reação, o que pode ser feito? R: Parte do óleo de soja foi transformado em sabão como mencionado acima. Esse processo é conhecido como saponificação. Esse processo ocorre quando moléculas de glicerídeo sofrem hidrólise básica à quente na presença de uma base forte produzindo assim sabão. Esses são sais de sódios de ácidos carboxílicos de cadeia longa. Para a produção de biodiesel o ideal seria que houvesse apenas a produção de biodiesel e glicerol. Isso acontece devido à presença de catalisadores com íons metálicos. Para aumentar o rendimento da reação e evitar a formação de sabão, é necessário utilizar de catalisadores com ausência de íons metálicos, com isso aumenta- se para 99% o rendimento da mesma. 8. Qual o tipo de catálise utilizada? Quais as vantagens e desvantagens do tipo de catálise utilizada (ácida, básica ou enzimática; homogênea ou heterogênea). R: A catálise utilizada foi a homogênea ácida. A vantagem da catálise homogênea seria o seu baixo custo e sua desvantagem seria a obtenção de uma glicerina com maiores números de impurezas. Já na catálise heterogênea, a sua vantagem seria a obtenção de uma glicerina de maior pureza e sua desvantagem seria o seu alto custo devido a utilização de catalizadores.
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