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S5P1 - FEBRE REUMATICA

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Lídia Júlia dos Santos Farias Sistemas Orgânicos Integrados APG 
S5P1-Lambe os ossos e encaroça o coração Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos Cruzeiro do Sul -Acre 
 
 
 
A FR e a CR são complicações da 
resposta imunomediada à infecção da 
garganta por estreptococos do grupo 
A (beta-hemolíticos) (EGA).O aspecto 
mais sério da FR é o desenvolvimento 
de distúrbios valvares crônicos que 
produzem disfunção cardíaca 
permanente e, em alguns casos, 
causam insuficiência cardíaca fatal anos 
depois. Embora a FR e a CR sejam 
raras nos países desenvolvidos, ainda 
são problemas de saúde importantes 
nos países subdesenvolvidos, onde há 
prevalência de atendimento de saúde 
inadequado, desnutrição e condições 
de vida em aglomerações. 
 
 
 
Os estreptococos beta-hemolíticos são 
divididos em diversos grupos 
sorológicos com base em seu antígeno 
polissacarídico da parede celular. Além 
disso, o grupo A é subdividido em mais 
de 130 tipos M distintos, responsáveis 
pela vasta maioria das infecções. A 
proteína M define melhor a virulência 
da bactéria e tem sido estudada mais 
intensivamente quanto à reatividade 
cruzada com o tecido cardíaco. 
Embora os EGA causem tanto faringite 
quanto infecções cutâneas (impetigo), 
apenas a faringite é relacionada à FR e 
à CR. 
 
A patogênese da FR ainda não está 
estabelecida. O período de tempo até 
o desenvolvimento dos sintomas 
relativos à dor de garganta e à 
presença de anticorpos contra os EGA 
sugere fortemente uma origem 
imunológica. 
© Acredita-se que os anticorpos 
direcionados contra a proteína M 
de determinadas cepas de 
estreptococos apresentem reação 
cruzada com antígenos 
glicoproteicos presentes no 
coração, nas articulações e em 
outros tecidos, produzindo 
resposta autoimune por meio de 
um fenômeno denominado 
mimetismo molecular. 
© O aparecimento dos sintomas em 
2 a 3 semanas após a infecção e a 
ausência de estreptococos na lesão 
apoiam essa suspeita. Ainda que 
haja desenvolvimento de FR 
somente em uma baixa 
porcentagem de pacientes com 
faringite por EGA não tratada, a 
incidência de recidivas na vigência 
de uma infecção não tratada 
subsequente é substancialmente 
maior. 
Essas observações aliadas a estudos 
mais recentes sugerem uma 
predisposição genética ao 
desenvolvimento da doença. Além 
disso, elementos ambientais podem 
afetar o seu desenvolvimento. Uma 
incidência maior de FR foi observada 
em populações junto a áreas com 
aglomeração, como barracas militares, 
devido à alta virulência e à transmissão 
rápida. 
ETIOPATOGENIA 
INTRODUÇÃO 
Lídia Júlia dos Santos Farias Sistemas Orgânicos Integrados APG 
S5P1-Lambe os ossos e encaroça o coração Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos Cruzeiro do Sul -Acre 
 
 
 
A FR pode se manifestar como um 
distúrbio agudo, recidivante ou crônico. 
© O estágio agudo da FR inclui 
histórico de uma infecção 
estreptocócica inicial e 
subsequente envolvimento de 
elementos do tecido conjuntivo do 
coração, dos vasos sanguíneos, das 
articulações e dos tecidos 
subcutâneos. Uma lesão comum a 
todos, denominada corpo de 
Aschoff, que consiste em uma área 
localizada de necrose tecidual 
circundada por células imunes. 
© A fase recidivante normalmente 
envolve a extensão dos efeitos 
cardíacos da doença. 
© A fase crônica da FR é 
caracterizada pela deformidade 
permanente das valvas cardíacas e 
é causa frequente de estenose da 
valva mitral. O surgimento de CR 
crônica geralmente demora no 
mínimo 10 anos, após a crise inicial, 
mas pode demorar décadas. 
 
 
Poliartrite. Mais comum e, com 
frequência, a primeira manifestação da 
FR em 75% dos casos. Pode ser o 
único critério importante em 
adolescentes e adultos. A artrite, que 
pode variar da artralgia até a artrite 
debilitante, envolve com mais 
frequência as grandes articulações, em 
particular os joelhos e tornozelos, e é 
menos comum nos punhos, cotovelos, 
ombros e quadril. 
© Quase sempre é migratória, 
afetando primeiro uma articulação 
e depois outra. Se não tratada, a 
artrite dura aproximadamente 4 
semanas. Uma característica 
marcante da artrite reumática é a 
resposta drástica (normalmente 
dentro de 48 h) aos salicilatos. A 
artrite geralmente apresenta cura 
total e não deixa sequelas 
funcionais. 
A maior parte das pessoas com FR 
apresenta histórico de dor de garganta, 
cefaleia, febre (38,3 a 40°C), dor 
abdominal, náuseas, vômito, edema de 
linfonodos (normalmente no ângulo da 
mandíbula), além de outros sinais e 
sintomas de infecção estreptocócica. 
© Outras manifestações clínicas 
associadas a um episódio de FR 
aguda estão relacionadas ao 
processo inflamatório agudo e às 
estruturas envolvidas no processo 
patológico. A 
© evolução da doença é 
caracterizada por um conjunto de 
achados, incluindo poliartrite 
migratória das grandes articulações, 
cardite, eritema marginado, nódulos 
subcutâneos e coreia de 
Syndenham. Os marcadores 
laboratoriais da inflamação aguda 
incluem elevação da contagem de 
leucócitos, VSH e PCR. Esses níveis 
elevados dos reagentes de fase 
aguda são inespecíficos para FR, 
mas fornecem evidências de uma 
resposta inflamatória aguda.
 Cardite. A cardite reumática aguda, que 
complica a fase aguda da FR, pode 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
Lídia Júlia dos Santos Farias Sistemas Orgânicos Integrados APG 
S5P1-Lambe os ossos e encaroça o coração Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos Cruzeiro do Sul -Acre 
 
afetar o endocárdio, miocárdio ou 
pericárdio. O envolvimento do 
endocárdio e das estruturas valvares 
produz os efeitos permanentes e 
incapacitantes da FR. 
© A cardite manifesta-se 
principalmente como uma 
regurgitação mitral, e menos 
comumente como regurgitação 
aórtica, ainda que todas as quatro 
valvas possam estar envolvidas. 
Durante o estágio inflamatório 
agudo da doença, as estruturas 
valvares se tornam vermelhas e 
edemaciadas, e ocorre o 
desenvolvimento de pequenas 
lesões vegetativas nos folhetos 
valvares. As alterações inflamatórias 
agudas progridem gradualmente, 
até o desenvolvimento de um 
tecido cicatricial fibroso que tende 
a contrair e causar deformidade 
dos folhetos valvares e 
encurtamento das cordas 
tendíneas. Em alguns casos, as 
bordas ou comissuras dos folhetos 
valvares se fundem, à medida que 
ocorre a cicatrização. 
 
As características clínicas da 
endocardite/valvite, sem histórico de 
CR, incluem um sopro holossistólico 
apical decorrente de regurgitação 
mitral, ou um sopro diastólico precoce 
basal resultante de regurgitação aórtica. 
Em pessoas com histórico de CR, uma 
alteração na característica desses 
sopros ou um novo sopro são 
indicativos de cardite reumática aguda. 
 
© .Os nódulos subcutâneos são rígidos, 
indolores e livremente móveis, 
normalmente ocorrendo sobre os 
músculos extensores das articulações 
do punho, cotovelo, tornozelo e joelho, 
com um tamanho que varia de 0,5 a 2 
cm. Os nódulos subcutâneos 
raramente ocorrem de modo isolado 
na FR, mas se manifestam com mais 
frequência associados à cardite 
moderada a grave. 
 
© As lesões do eritema marginado são 
áreas maculares semelhantes a um 
mapa, mais comumente observadas no 
tronco ou nos aspectos internos dos 
braços e das coxas, mas nunca na face. 
Ocorrem no início da evolução de uma 
crise reumática e tendem a apresentar 
nódulos subcutâneos, bem como 
cardite. São transitórias e desaparecem 
durante a progressão da doença. 
 
© A coreia de Sydenham é a principal 
manifestação da FR no sistema 
nervoso central. É observada com mais 
frequência em meninas e raramente 
ocorre após os 20 anos de idade. 
Tipicamente, seu início é insidioso de 
irritabilidade, e existem outros 
problemas comportamentais. A criança 
aparenta inquietação, chora facilmente, 
começa a caminhar desajeitadamentee deixa os objetos caírem. Os 
movimentos coreiformes são 
espasmos espontâneos, rápidos e 
despropositados, que interferem nas 
atividades voluntárias. É comum haver 
caretas faciais, e até mesmo a fala 
pode estar afetada. A coreia é 
autolimitante e normalmente evolui em 
questão de semanas ou meses, porém 
as recidivas não são incomuns. Uma 
infecção estreptocócica anterior pode 
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ser detectada em apenas cerca de dois 
terços dos casos, dificultando o 
diagnóstico diferencial. 
 
 
Não existem exames laboratoriais 
específicos que permitam estabelecer 
o diagnóstico de FR. Dada a diversidade 
de sinais e sintomas, os critérios de 
Jones para o diagnóstico da FR, 
propostos pela primeira vez em 1944 
e submetidos a diversas revisões da 
AHA e da Organização Mundial da 
Saúde (OMS), têm o objetivo de 
auxiliar na padronização do diagnóstico 
da afecção. Os critérios de Jones 
dividem as características clínicas da FR 
em categorias maiores e menores, 
com base na prevalência e na 
especificidade. A presença de dois 
sinais maiores (i. e., cardite, poliartrite, 
coreia, eritema marginado e nódulos 
subcutâneos) ou de um sinal maior e 
dois menores (i. e., artralgia, febre e 
elevação da VHS, PCR ou contagem 
de leucócitos), acompanhada por 
evidências de uma infecção anterior 
por EGA, indica uma alta probabilidade 
de FR. 
 
© Uso do ecocardiograma melhorou a 
compreensão a respeito da CR 
aguda e crônica. É útil para avaliar a 
gravidade da estenose e da 
regurgitação valvares, o tamanho 
das câmaras e a função ventricular, 
e a presença e o volume das 
efusões pleurais. A ultrassonografia 
com Doppler pode ser útil para 
identificar lesões cardíacas em 
pessoas que não apresentam sinais 
típicos de envolvimento cardíaco 
durante uma crise de FR; mas, 
neste momento, não é considerada 
um critério maior ou menor de 
Jones. 
 
 
É importante que as infecções 
estreptocócicas sejam imediatamente 
diagnosticadas e tratadas para prevenir 
a FR. O padrão-ouro para detecção de 
uma infecção estreptocócica é a 
cultura de uma amostra coletada da 
faringe. Contudo, são necessárias 24 a 
48 h para a produção de um resultado, 
o que adia o tratamento. O 
desenvolvimento de testes rápidos 
para a detecção direta dos antígenos 
de EGA proporcionou ao menos uma 
solução parcial para esse problema. A 
cultura de amostra da faringe e os 
testes rápidos com antígenos são 
altamente específicos para a infecção 
por EGA, mas são limitados pela 
sensibilidade (p. ex., o teste de um 
paciente com infecção estreptocócica 
pode resultar negativo). O resultado 
negativo na análise de antígeno deve 
ser confirmado com cultura de 
amostra obtida da faringe, sempre que 
houver suspeita de infecção 
estreptocócica. A presença de EGA no 
trato respiratório superior pode indicar 
a condição de portador ou de infecção, 
sendo possível definir esta última com 
base na elevação da resposta de 
anticorpos. Exames sorológicos de 
anticorpos estreptocócicos 
(antiestreptolisina O e 
antidesoxirribonuclease B) são 
realizados para a confirmação 
retrospectiva de infecções 
estreptocócicas recentes em pessoas 
DIAGNÓSTICO 
TRATAMENTO 
Lídia Júlia dos Santos Farias Sistemas Orgânicos Integrados APG 
S5P1-Lambe os ossos e encaroça o coração Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos Cruzeiro do Sul -Acre 
 
que supostamente apresentam FR 
aguda. Contudo, não existe um único 
resultado de exame laboratorial 
específico que seja patognomônico da 
FR aguda ou recidivante. inadequado, 
desnutrição e condições de vida em 
aglomerações 
 
 
 
Filho, G. B.	Bogliolo - Patologia. [Digite o Local 
da Editora]: Grupo GEN, 2021. 
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https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/boo
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Robbins & Cotran - Patologia - Bases 
Patológicas das Doenca̧s, 8a ed., 
Elsevier/Medicina Nacionais, Rio de Janeiro, 
2010. ABBAS, A.K.; KUMAR, V.; MITCHELL, R.N. 
Fundamentos de Patologia. Robbins & Cotran 
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REFERÊNCIAS

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