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MARIANA MARQUES JARDIM – T29 INTRODUÇÃO • A principal questão quanto à detecção de um nódulo pulmonar é a probabilidade de malignidade, com o manejo subsequente variando de acordo. Nódulo Indeterminado de Pulmão • Consiste em lesões radiológicas no pulmão, esférica ou oval, circunscrita, medindo até 3 cm de diâmetro, não associada a atelectasia. • Assim, é determinado como um nódulo que não pode ser caracterizado como benigno ou que exige diagnóstico tecidual. • É um achado frequente em radiografias (1 a cada 500 radiografias de tórax). DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • As causas dos nódulos pulmonares incidentais podem ser categorizadas como benignas ou malignas. • Existem mais de mais de 80 etiologias diferentes. PRINCIPAIS ETIOLOGIAS MALIGNAS: • Câncer de pulmão primário: ➔ Por definição: T1 Nx Mx (potencial estágio I). ➔ Adenocarcinomas (50% dos casos), carcinoma de células escamosas e carcinoma de células grandes (cerca de 20-25% cada). ➔ Raramente, linfomas extranodais primários e sarcomas pulmonares primários podem se apresentar como nódulo pulmonar incidental. • Metástase pulmonar: ➔ Os cânceres mais comuns nas metástases pulmonares são melanoma maligno, sarcoma e carcinomas dos brônquios, cólon, mama, rim e testículo. • Tumores carcinóides: ➔ São tipicamente endobrônquicos, mas cerca de 20% apresentam-se como nódulos pulmonares periféricos. PRINCIPAIS ETIOLOGIAS MALIGNAS: • Processos inflamatórios: ➔ A presença de doença sistêmica em outro local pode aumentar a probabilidade de um nódulo inflamatório. • Doença granulomatosa: ➔ Causam cerca de 80% dos nódulos benignos. ➔ Fungos endêmicos e micobactérias (micobactérias tuberculosas ou não tuberculosas) são as causas mais frequentemente reconhecidas de granulomas infecciosos que se apresentam como nódulos pulmonares. • Neoplasia benigna: ➔ Os hamartomas pulmonares causam cerca de 10% dos nódulos benignos encontrados no pulmão. ➔ Geralmente se apresentam na meia idade e crescem lentamente ao longo dos anos. INDICADORES CLÍNICOS NPI MALIGNIDADE: • Idade > 50 anos; • Tabagismo; • Neoplasia prévia; • Presença de sintomas; • Exposição profissional (asbesto, arsênio, cromo, cadmio) BENIGNIDADE: • Idade < 40 anos; • Não fumante • Sem diagnóstico de neoplasia prévia; • Sem antecedentes pneumológicos. CIRURGIA TORÁCICA: Nódulos Pulmonares MARIANA MARQUES JARDIM – T29 INDICADORES RADIOLÓGICOS NPI MALIGNIDADE: • Limites imprecisos; • Bordas irregulares; • Espículas; • Atenuação: nódulo misto (semisólido); • Cavitação / Broncograma aéreo; • Ausência de calcificação; • Crescimento: tempo de duplicação >30 e <400 dias. BENIGNIDADE: • Limites bem definidos; • Bordas regulares e lisas; • Pequenos (diâmetro < 1 cm); • Calcificação presente; • Crescimento muito lento ou muito rápido: tempo de duplicação <30 ou >400 dias. NÓDULO PULMONAR SOLITÁRIO CARACTERÍSTICAS GERAIS: • É um tipo de nódulo pulmonar indeterminado que se encontra de forma isolada no pulmão. • Consiste numa lesão menor ou igual a 3cm de diâmetro completamente circundada por parênquima pulmonar. • Opacidade radiológica única, esférica e circunscrita. • Não possui atelectasia, linfadenopatia, pneumonia ou derrame pleural associados e geralmente são diagnosticados como achados incidentais durante uma radiografia de tórax. • É uma lesão possivelmente maligna que não preenche critérios radiológicos típicos de benignidade. DIMENSÕES: • Nódulos < 6 mm possuem menor chance de malignidade. ➔ Pacientes com nódulo menores que 6 mm e sem histórico de câncer possuem chances de malignidade menores que 1%. • Quanto mais próximos dos 30 mm maior probabilidade de malignidade. ➔ Em fumantes, 50% dos nódulos com mais de 2cm são malignos. BORDAS DO NÓDULO: • Quanto mais imprecisas forem as bordas (margens espiculadas ou irregulares), maior a probabilidade de malignidade. ATENUAÇÃO: • Pode ser classificada como sólidos, mistos ou não sólidos (vidro fosco ou calcificado). • Os sólidos ou mistos (principalmente maiores do que 6mm) são os mais associados a malignidade. • Nódulos que sofrem alteração ao longo do tempo também são sugestivos de malignidade. MARIANA MARQUES JARDIM – T29 BRONCOGRAMA AÉREO: • Refere-se ao fenômeno dos brônquios cheios de ar tornarem-se visíveis pela opacificação dos alvéolos circundantes. • É sugestivo de câncer (presente em 30% dos casos de nódulos malignos e em 6% dos casos de nódulos benignos). CAVITAÇÃO: • Consiste numa área pulmonar preenchida por ar no centro de um nódulo ou área consolidada, identificada habitualmente pela radiografia de tórax ou tomografia computadorizada. • Nódulos cavitados com paredes irregulares e espessas sugerem câncer em 90% dos casos. • Nódulos cavitados, com paredes finas e mal definidas são benignos em até 95% dos casos. CALCIFICAÇÃO: • É uma das principais características radiológicas para diferenciação de nódulos pulmonares solitários malignos e benignos. • Quando há ausência de calcificação pode indicar tanto benignidade quanto malignidade. • Quando há presença de calcificação, torna-se muito sugestivo um diagnostico de benignidade. • Morfologia da calcificação: ➔ Quando é central, difusa, lamelar ou em pipoca, sugere-se benignidade. ➔ Quando é excêntrico ou salpicado é sugestivo de malignidade. CRESCIMENTO: • De modo geral, o crescimento está associado à malignidade, no entanto, caso o crescimento do nódulo seja muito lento ou muito rápido (tempo de duplicação <30 ou >400 dias) pode indicar benignidade. • Caso o nódulo não cresça, avaliar os demais indicadores → se favorecerem para malignidade e não reduzir o volume em até 90 dias deve-se considerar uma provável malignidade. ATENÇÃO: os critérios clínicos e radiológicos são responsáveis por indicar a PROBABILIDADE de malignidade ou benignidade, sendo assim, não devem ser analisados de forma isolada. DIAGNÓSTICO: • Diagnóstico é complexo, sendo necessária a realização de procedimentos invasivos. • Exames radiológicos: ➔ RX de tórax e TC de tórax não estabelecem diagnóstico histológico. ➔ PET CT (18f-fgd) – tomografia por emissão de prótons: detecta um metabolismo aumentado de glicose que costuma ser maior em tumores malignos quando comparado com tecidos normais. – SUV < 2,5: sugere benignidade – Possui alta sensibilidade e especificidade, mas pode apresentar falsos positivos ou negativos. • Para confirmação diagnóstica realiza-se a análise histopatológica do nódulo. ➔ Não é viável realizar em 100% dos pacientes. ➔ Utiliza métodos invasivos, com possibilidade de morbidade considerável. ➔ A maioria dos nódulos é benigna. CONDUTA: • Quando há indícios de benignidade (nódulo estável ou em recessão radiológica) deve-se dar seguimento com tratamento radiológico para acompanhamento. ➔ Periodicidade: 3 em 3 meses por no mínimo 2 anos. ➔ Caso o nódulo aumente de tamanho, considerar biópsia ou ressecção. • Quando há elevada suspeita de malignidade deve-se iniciar uma busca ativa do diagnóstico através da análise histopatológica. MARIANA MARQUES JARDIM – T29 ANALISE HISTOPATOLÓGICA • Pode ser realizada por três métodos: ➔ Broncoscopia com biópsia ou punção transparietal: esses dois métodos dependem do tamanho do nódulo, localização e uma grande habilidade do executador do exame, possuindo assim, baixa sensibilidade e especificidade. ➔ Nodulectomia (videolaparoscopia ou toracotomia): esse método diagnóstico é o mais recomendado, possuindo diagnóstico 100% fidedigno. BIÓPSIA POR BRONCOSCOPIA: • A biópsia não cirúrgica é preferida em pacientes com nódulos de risco intermediário de malignidade ou em pacientes com alto risco que não são candidatosà cirurgia. • Rendimento diagnóstico baixo: realizada apenas em lesões periféricas e lesões centrais de pequeno diâmetro. • Possui baixa sensibilidade para lesões benignas. • Possui risco de hemoptise e pneumotórax iatrogênico. BIÓPSIA TRANSPARIETAL GUIADA POR IMAGEM: • É realizada passando uma agulha percutaneamente através da parede torácica para o nódulo alvo, geralmente sob orientação de tomografia. • A agulha atravessa a pleura e o pulmão para obter uma amostra de tecido do nódulo. • Rendimento diagnóstico baixo: realizada apenas em lesões periféricas e lesões centrais de pequeno diâmetro. • Possui 68% de acurácia e baixa sensibilidade para lesões benignas. • Possui risco de pneumotórax iatrogênico (maior em portadores de DPOC) e hemotórax. NODULECTOMIA: • A biópsia excisional cirúrgica é o padrão ouro para o diagnóstico de um nódulo pulmonar e pode ser curativa para algumas neoplasias. • O diagnóstico é tipicamente estabelecido no intraoperatório por análise de seção congelada após ressecção em cunha. • Possui 100% de acurácia para lesões benignas ou malignas, independente de localização ou dimensões. • Pode ser realizada por via videotoracoscopica (minimamente invasiva, menos dor pós operatória) ou por toracotomia. • Desvantagens da Nodulectomia: ➔ Anestesia geral; ➔ Intubação seletiva; ➔ Internação hospitalar; ➔ Maior custo. Câncer de Pulmão • É o segundo mais comum em homens e mulheres no Brasil (sem contar o câncer de pele não melanoma). ➔ Consiste em 12,8% de todos os cânceres. ➔ É mais prevalente no homem (18%) do que na mulher (6,3%). ➔ É a principal causa de morte por câncer. • O tabagismo e a exposição passiva ao tabaco são importantes fatores de risco para o desenvolvimento de câncer de pulmão. • Em cerca de 85% dos casos diagnosticados, o câncer de pulmão está associado ao consumo de derivados de tabaco. SINTOMATOLOGIA • Geralmente são insidiosos. • Casos precoces em geral são achados ocasionalmente. • Pacientes sintomáticos significa que estão em estágios mais avançados. MARIANA MARQUES JARDIM – T29 SINTOMAS TORÁCICOS: • Broncopulmonares: tosse, hemoptise e dispneia. • Não broncopulmonares: alteração da voz, dor torácica, disfagia, síndrome da cava superior (representa um conjunto de sinais (dilatação das veias do pescoço, pletora facial, edema de membros superiores, cianose) e sintomas (cefaléia, dispneia, tosse, edema de membro superior, ortopneia e disfagia) decorrentes da obstrução do fluxo sanguíneo através da veia cava superior). SINTOMAS NÃO TORÁCICOS: • Inespecíficos: perda de peso, fraqueza, anorexia e febre • Metastáticos: cefaleia, hemiplegia, convulsão, fratura patológica, dor óssea, ascite e icterícia. SINDROMES PARANEOPLÁSICAS • Refere-se a um conjunto de sinais e sintomas que antecedem ou que ocorrem concomitantes a presença de um câncer no organismo e que não são relacionados diretamente com invasão, obstrução ou efeitos metastáticos do tumor, podendo causar alterações: ➔ Metabólicas: hipercalcemia (aumento dos níveis de potássio no sangue), Cushing (excesso de produção do hormônio ACTH) e galactorréia (produção de leite nas mamas de homens ou de mulheres que não estão amamentando). ➔ Neurológicas: polimiosite (miopatia inflamatória crônica do tecido conjuntivo que atinge os músculos ao redor dos quadris, coxas, ombros, braços e pescoço) e neuropatia periférica (lesão dos nervos do nosso sistema nervoso periférico). ➔ Vasculares: tromboembolismos (formação de um coágulo dentro da veia). ➔ Dermatológicas: acantose Nigricans (manchas escuras na pele, com textura grossa e avelulada, podem ser ocasionadas pelo excesso de açúcar). ➔ Esqueléticas: baqueteamento digital (edema bulboso uniforme de tecidos moles da falange distal dos dedos da mão). TRATAMENTO RESSECÇÃO CIRÚRGICA: • É a principal opção de tratamento para o câncer de pulmão não pequenas células em estágio inicial, sendo a lobectomia considerada o tratamento padrão. • Possui a maior taxa de cura e maior sobrevida a longo prazo, porém, não é aplicável a todos os doentes. ➔ Depende do tipo histológico do tumor, do estágio evolutivo, da operabilidade e da ressecabilidade. • Pode ser realizada em neoplasias pulmonares epiteliais (câncer pulmonar de não pequenas células: carcinoma espinocelular, adenocarcinoma e carcinoma de células grandes). • Não pode ser realizada em casos de câncer pulmonar de pequenas células. QUIMIOTERAPIA: • Pode ser utilizada no tratamento do câncer de pulmão de forma exclusiva, adjuvante ou neo-adjuvante. • Quimioterápicos utilizados: cisplatina, carboplatina, etopside etc. OUTROS TRATAMENTOS: • Terapias alvo – ácidos monoclonais (Imatinib, PDGF). • Imunoterapia. • Antiangiogênicos (anti-VGEF, talidomida). • Vacinas anti-tumorais, interferon, hormonioterapia. CUIDADOS PALIATIVOS: • São os cuidados de saúde ativos e integrais, sem intenção curativa, prestados à pessoa com doença grave, progressiva e que forneça conforto e melhore a qualidade de vida de pacientes diante de doenças que ameacem a continuidade da vida. ESTÁGIO EVOLUTIVO • O sistema TNM utiliza três critérios para avaliar o estágio do câncer: o próprio tumor, os linfonodos regionais ao redor do tumor, e se o tumor se espalhou para outras partes do corpo. • Tumor: o T acompanhado de um número (0 a 4) é usado para descrever o tumor primário e seu tamanho. Pode também ser atribuída uma letra minúscula "a" ou "b" com base na ulceração e taxa mitótica. • Linfonodo: o N representa os linfonodos regionais, e é atribuído a ele um número (0 a 3), que indica se a doença disseminou para os gânglios linfáticos. Pode também ser atribuída uma letra minúscula "a", “b”, “c”. • Metástase: o M indica se a doença se espalhou para outras partes do corpo. MARIANA MARQUES JARDIM – T29 TRATAMENTO CONFORME ESTÁGIO EVOLUTIVO: • Estágios IA, IB, IIA, IIB: tratamento operatório sendo que IB, IIA e IIB podem ter quimioterapia como adjuvante. • Estagio IIIA: tratamento multifatorial (cirurgia + quimioterapia ou radioterapia). • Estágios IIIB e IIIC (doença localmente avançada) e estágios IVA e IVB (doença sistêmica): tratamento com quimioterapia e/ou radioterapia. CARACTERÍSTICAS RELACIONADAS AO DOENTE OPERABILIDADE: • Consiste na capacidade de se obter ressecção completa do tumor sem morbidade ou dano cardiorrespiratório incompatível com a vida. • Doentes idosos ou com comorbidades: anamnese, exame físico completo, exames laboratoriais, avaliação cardiológica, avaliação respiratória (FEV1) e índices de performance. RESSECABILIDADE: • Avaliação intraoperatória: capacidade de se obter ressecção completa do tumor, com margens cirúrgicas livres: ➔ R0: ressecção completa, confirmada por microscopia. ➔ R1: ressecção microscopicamente incompleta. ➔ R2: ressecção macroscopicamente incompleta. RESSECÇÃO CIRÚRGICA DO CÂNCER DE PULMÃO VIAS DE ACESSO: • Principais: toracotomia póstero-lateral (mais usada), videotoracoscopia e cirurgia robótica. • Pode-se realizar esternotomia ou incisões especiais/combinadas. TIPOS DE RESSECÇÕES: • Cirurgias com finalidade curativa: ➔ Lobectomia; ➔ Bilobectomia; ➔ Pneumectomia. • Ressecções sublobares: indicadas em tumores < 2 cm, em pacientes sem condições clínicas para ressecções de grande porte. • Complementação com esvaziamento linfonodal mediastinal (linfonodectomia).
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