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Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 151 A seta pode partir de uma forma ou de outra extremidade da linha de referência, sem que ocorra inversão nos símbolos de solda. A seguir, são fornecidos alguns exemplos práticos da aplicação da simbologia de soldagem. A simbologia completa pode ser encontrada nas normas internacionais AWS, JIS, ISO, BS e DIN. A ABNT especifica essa simbologia através da norma P – TB2/1962. Juntas em V Exemplos da simbologia de uma soldagem com chanfro em V são apresentados nas figuras a seguir. Esquema da junta Símbolo No lado da seta Esquema da junta Símbolo No lado oposto à seta Esquema da junta Símbolo Espessura: 19mm Profundidade do chanfro:16mm Ângulo do chanfro:60º Abertura da raiz:2mm Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 152 Esquema da junta Símbolo Com utilização de cobre-juntas • Espessura:12mm • Ângulo do chanfro:45º • Abertura da raiz:4,8mm • Método de acabamento: corte Juntas em X Exemplos da simbologia de uma soldagem com chanfro em X em ambos os lados são apresentados nas figuras abaixo. Esquema da junta Símbolo Em ambos os lados Esquema da junta Símbolo Profundidade do chanfro: • Do lado da seta: 16mm • Do lado oposto à seta: 9mm Ângulo do chanfro: • Do lado da seta :60º • Do lado oposto à seta :90º Abertura da raiz: 3m Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 153 Juntas em K Exemplos da simbologia de soldagem com chanfro em K apresentados nas figuras abaixo. Esquema da junta Símbolo Em ambos os lados Esquema da junta Símbolo No lado da seta: • Profund. do chanfro:16mm • Ângulo do chanfro:45º No lado oposto da seta • Profund. Do chanfro:9mm • Ângulo do chanfro:45º Abertura da raiz:2mm Esquema da junta Símbolo No caso de juntas em T: • Profundidade do chanfro:10mm • Ângulo do chanfro:45º • Abertura da raiz:2mm Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 154 Juntas em J Exemplos da simbologia de soldagem com chanfro em J são apresentados nas figuras abaixo. Esquema da junta Símbolo No lado da seta Esquema da junta Símbolo No lado oposto à seta Esquema da junta Símbolo Profundidade do chanfro:28mm Ângulo do chanfro:35º Raio da raiz:13mm Abertura da raiz:2mm Junta dupla J Exemplos da simbologia de soldagem com chanfro duplo J são apresentados nas figuras abaixo. Esquema da junta Símbolo Em ambos os lados Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 155 Esquema da junta Símbolo Profundidade do chanfro:24mm Ângulo do chanfro:35º Raio da raiz:13mm Abertura da raiz:3mm Juntas com filete contínuo As figuras a seguir apresentam exemplos da simbologia de soldagem de juntas com filete contínuo. Esquema da junta Símbolo Comprimento das pernas de ambos os lados:6mm Esquema da junta Símbolo Os comprimentos das pernas de ambos os lados são diferentes As figuras abaixo apresentam alguns tipos de simbologia para filetes contínuos. Esquema da junta Símbolo No lado da seta Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 156 Esquema da junta Símbolo No lado oposto à seta Esquema da junta Símbolo Em ambos os lados Esquema da junta Símbolo Comprimento da perna:6mm Esquema da junta Símbolo Comprimento do filete:500mm Símbolos em soldas descontínuas Abaixo encontram-se símbolos de soldas descontínuas que são utilizados com certa freqüência em juntas de ângulo em T. Como se nota nas figura B e C, é obrigatório constar as dimensões de solda em ambos os lados da linha de referência, mesmo que as dimensões sejam iguais. Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 157 Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 158 Símbolos combinados Na simbologia de soldagem, podem surgir a combinação de símbolos em função da solda desejada na junta. As figuras abaixo apresentam alguns desses casos. Esquema da junta Símbolo Combinação de chanfro, em ½ V e depósito do cordão Esquema da junta Símbolo Combinação de chanfro em K e solda em filete Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 159 Esquema da junta Símbolo Contornos convexos das juntas de topo e de filete Esquema da junta Símbolo Contorno côncavo de uma junta de filete Esquema da junta Símbolo Combinação de chanfro em J e solda em filete Exemplos de símbolos de dimensões de solda As dimensões da solda são colocadas ao lado esquerdo do seu símbolo. Se o comprimento da solda não for contínuo, ele é indicado à direita do símbolo. O espaçamento de uma solda descontínua é também indicado à direita do símbolo, em seguida ao comprimento. 6mm é a perna da solda L = Comprimento da solda P = Espaçamento entre centros de soldas descontínuos Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 160 12mm é a profundidade de preparação do chanfro A figura abaixo apresenta exemplos de indicações das dimensões da abertura da raiz e do ângulo do chanfro ou do bisel. Especificamente, nos símbolos A, encontra-se a abertura da raiz, e em B, o ângulo de chanfro ou do bisel. Exemplo de simbologia com relação à profundidade As dimensões da profundidade da preparação do chanfro e da garganta efetiva são indicadas à esquerda do símbolo de solda, conforme apresentam as figuras a seguir. Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 161 Para as juntas com chanfro em V ou em X, quando não houver indicações referentes às dimensões, significa que a solda deve ser executada com a penetração total. Exemplos de indicações de garganta efetiva e da pro fundidade de preparação do chanfro A garganta efetiva é indicada na simbologia de solda entre parênteses, conforme apresentam as figuras abaixo. A dimensão em questão situa-se entre as dimensões da profundidade do chanfro e o símbolo de solda, como apresentam as referidas figura. Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 162 Símbolo suplementares Existem ainda símbolos suplementares que são usados na simbologia de soldagem. O quadro abaixo apresenta alguns exemplos desses símbolos. Quadro Solda em todo contorno Solda no campo Solda d e um lado com projeção no lado oposto Cobre junta espaçador Perfil Nivelado Convexo Côncavo Há ainda uma grande variedade de símbolos e notações relativos a processos de soldagem que, embora aqui omitidos, podem ser encontrados na Norma AWS.A 3 . 0, se necessário. A seguir, são apresentados alguns exemplos de aplicação dessa simbologia(figuras a seguir), para melhor compreensão do tema. Dimensão do reforço da raiz Solda em todo o contorno do membro 1. Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 163 Solda em vários planos, executada em toda a periferia de contato dos membros 1 e 2. Solda em todo o contorno do membro 1, cuja extremidade foi usinada em forma de cone. Nota-se a indicação D/2 e os símbolos combinados; o primeiro relativo à solda em chanfro, complementado com uma solda em ângulo. Solda executada pelos dois lados. Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 164 Solda executada pelos dois lados, cujos símbolos combinados possuem disposição idêntica da solda. Junta de ângulo em L, solda em chanfro K, combinada com simbologia de solda em ângulo. Solda a ser executada no campo.Junta em T, solda em ângulo As pernas das soldas estão indicadas ao lado do símbolo. A abertura da raiz não é indicada, pois trata-se de uma solda em ângulo, onde se pressup.e não existir abertura da raiz. A penetração da raiz da solda em ângulo está indicada entre parênteses. Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 165 Junta em topo, chanfro em V e em U Nesses casos, o símbolo pode possuir mais outra linha de referência, sendo que a mais próxima da seta indica a primeira operação a se executar. Após conclusão das operações do lado da seta, iniciam – se as operações da outro lado, com a goivagem. Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 166 As figuras a seguir apresentam exemplos de símbolos de acabamento em trabalhos de solda. Observação Em função do elevado grau de complexidade na interpretação de alguns símbolos, recomenda-se utilizar a norma AWS.4, a qual apresenta um conjunto vasto de exemplos de situações relacionadas aos símbolos correspondentes. A seguir, encontram-se um exercício sobre simbologia de soldagem e um resumo dessa simbologia. Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 167 Exercício Complete o desenho da chapa de nó da treliça, aplicando a simbologia de solda nas juntas. Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 168 Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 169 Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 170 4.1 Introdução A documentação técnica é um conjunto de registros de inspeção, relatórios e certificados referentes a todo o conjunto ou subconjunto fabricado; é elaborada para atestar que o produto final seguiu fielmente as determinações do projeto original e também tem a finalidade de fornecer ao proprietário dados a respeito do processo de fabricação do produto, dos materiais utilizados e da qualificação dos trabalhadores envolvidos na fabricação, a fim de facilitar os trabalhos de manutenção futura desse produto. A este trabalho dá-se o nome de rastreabilidade do produto, ou seja, o conhecimento e registro de todas as etapas de fabricação e seus conteúdos. 4.2 Data Book As informações contidas na documentação técnica fazem parte de um documento único, chamado "data book" ou pasta de documentos, que contém todos os documentos gerados durante a fabricação e acompanha o equipamento como se fosse uma parte da venda. Tanto a forma quanto o conteúdo dos documentos apresentados podem ser fundidos ou ampliados, conforme a necessidade do usuário. A lista dos documentos que compõem o "data book" são, além do desenho do projeto e pela ordem de preenchimento, a lista de material/peças (LMP), o roteiro de fabricação (RF), plano de corte (PC), instrução do processo (IP), plano de soldagem (PS), certificado/registro de qualificação de soldador ou operador de soldagem (CRQS), especificação de procedimento de soldagem (EPS), qualificação de procedimento de soldagem (OPS), acompanhamento do procedimento de soldagem (APS), relatório de registro de resultado (RRR), relatório de não-conformidade (RNC) e controle de desempenho de soldadores/operadores de soldagem e radiografia (CDS). A documentação técnica relativa à fabricação em escala industrial por soldagem pode ser dividida em três fases: documentação inicial, documentação de fabricação e documentação final. 4. Instruções e Registros de Soldagem Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 171 4.3 Documentação Inicial A documentação inicial consiste basicamente dos documentos de engenharia de projeto e das especificações de trabalho, normas e códigos e procedimentos que devem reger a construção e operação do equipamento. Os documentos de engenharia de projeto abrangem os desenhos de fabricação e a lista de material; os desenhos de fabricação determinam as dimensões do equipamento e as exigências de fabricação, tais como tratamento térmico, procedimento de soldagem e requisitos de ensaio; a lista de material baseia-se nos desenhos de fabricação e indica o tipo, as dimensões e a quantidade de material necessários à fabricação. Os códigos e normas dizem respeito às regras gerais do projeto, emprego dos materiais, fabricação, inspeção e testes, e são elaborados por comitês de associações ou instituições nacionais e internacionais, como por exemplo: ASME (American Society of Mechanical Engineers - Sociedade Americana dos Engenheiros Mecân icos), A WS (American Welding Society - Sociedade Americana de Soldagem), ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), ASTM (American Society for Testing and Materiais - Associação Americana de Testes e Materiais), DIN (Deutches Institut für Normung - Instituto Alemão de Normalização), API (American Petroleum Institute - Instituto Americano de Petróleo). As normas não são incluídas na Pasta de documentos. As especificações geralmente são fornecidas pelos usuários do equipamento e podem conter requisitos suplementares aos códigos, diretrizes de fabricação e projeto, de maneira que esses equipamentos sigam um certo padrão dentro da planta onde irão operar; em algumas situações, as especificações fornecem regras gerais de conjunto tais como: fundações, tubulações, códigos de identificação. Os procedimentos são experiências e técnicas conhecidas pela empresa (em inglês "know-how") e devem ser aprovados pelo comprador. Os procedimentos dizem respeito à maneira pela qual as normas serão tratadas e usadas; são elaborados de maneira simples e prática como um roteiro, eliminando informações desnecessárias, e adaptando-se ao produto que será fabricado. Como exemplo de adaptação cita-se um procedimento de tratamento térmico, cujas normas especificam faixas de temperaturas e tempos, mas que também apresenta aos operadores dados precisos a respeito das características do forno e do ambiente. Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 172 Outro fator relevante a considerar é a especificação do comprador do equipamento que pode exigir uma temperatura superior à do código de fabricação. O processista deve, então, elaborar um procedimento capaz de fundir as duas especificações com as condições de fabricação a que o equipamento será submetido. 4.4 Documentação de Fabricação A documentação de fabricação é o conjunto de planos, instruções e roteiros elaborados a partir dos documentos iniciais; faz parte da engenharia de processo e tem como objetivo atender às exigências de normas ou de compradores. Estes documentos visam a dotar as áreas de fabricação de organização e a racionalizar os métodos produtivos. A documentação também auxilia a manter um histórico das experiências acumuladas, de modo a aumentar a produtividade e evitar o desperdício que onera os custos e o preço final. O roteiro de fabricação (RF), também conhecido como estrutura do processo, é o documento principal, destinado à descrição cronológica das operações de fabricação; indica as operações a realizar e registra os tempos de realização dessas operações. A instrução de processo, conhecida por IP, detalha as operações complexas e a execução de subconjuntos, podendo pormenorizar sequências de fabricação de difícil execução. O plano de corte (PC) define o aproveitamento da matéria-prima para um determinado material. O plano de soldagem (PS) contém as informações necessárias para a execução de soldas de produção, a partir dos dados constantes da especificação de procedimento de soldagem. A especificação de procedimento de soldagem (E PS) é o documento elaborado conforme os requisitos dos códigos em obediência às especificações do equipamento. O registro de qualificação de procedimento de soldagem (ROP) é utilizadopara comprovar que uma dada especificação de procedimento de soldagem atende às exigências dos códigos aplicáveis. O acompanhamento de procedimento de soldagem (APC) é uma relação detalhada de todos os parâmetros empregados na qualificação do procedimento de soldagem. O certificado de ensaios (CE), requerido pelas normas de construção do equipamento, é o registro de todos os dados obtidos nos ensaios. Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 173 O relatório de não-conformidade (RNC) registra qualquer irregularidade de processo e tem como função principal evitar o prosseguimento de desvio de conformidade, propondo ações corretivas que assegurem o desenvolvimento das operações normais de fabricação. O controle de desempenho de soldador/operador (CDS) é um mapa que controla o nível de qualidade do soldador, registrando os defeitos provocados pelo Profissional. O registro de qualificação de soldador/operador ou RQS é utilizado como documento de habilitação do profissional e atesta sua capacidade para executar soldas de acordo com as faixas impostas pela norma, conforme os testes e ensaios realizados em corpos de prova. Para ilustrar os tipos de documentos de fabricação utilizados, apresentam-se alguns exemplos de formulários. Quando se trabalha principalmente com produção em série é costume adotar uma simulação de fabricação , isto é, faz-se um protótipo do produto, para orientar a aplicabilidade da documentação. Como exemplo de simulação, fabrica-se um corpo cilíndrico sujeito a pressão, calculado conforme norma ASME VIII div.1, que será tomado como base; a seguir, são percorridas todas as etapas de fabricação e elaborados os documentos necessários, de modo a facilitar a compreensão do conteúdo deste trabalho ou fabricação e a permitir a familiarização com o processo. Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 174 A primeira etapa da simulação é a elaboração dos desenhos do projeto e da lista de materiais especificados a partir dos desenhos. Na lista de materiais podem existir alguns itens para os quais é solicitado um certificado de matéria-prima fornecido pelo fabricante/vendedor, também incorporado ao "data book". Na etapa seguinte, detalham-se as sequências de fabricação junto com os planos de corte e instruções. Posteriormente verificam-se a validade dos procedimentos de soldagem e a qualificação dos soldadores envolvidos; se algum item não estiver de acordo com o especificado, será necessário qualificar conforme norma aplicável. O próximo passo é elaborar o plano de inspeção, com todas as etapas, testes e pontos de parada para inspeção obrigatória. Finalmente, distribui-se a documentação aos setores envolvidos e o processo de fabricação é desenvolvido. Caso qualquer operação não seja feita adequadamente, é emitido um relatório de não-conformidade. A documentação final é composta de certificados que podem ser de matéria-prima, ensaios complementares, relatórios de ensaios não destrutivos, ensaio visual e dimensional, registros de teste hidrostático e de qualificação de soldadores. Estes documentos são ordenados de modo a comprovar que os materiais especificados pelos requisitos dos códigos foram aqueles corretamente utilizados no equipamento. À medida em que são gerados, os relatórios devem ser arquivados na pasta de documentos a ser entregue ao comprador. A ordem de elaboração não segue uma estrutura rígida. Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 175 5.1 Introdução As operações de soldagem de um modo geral, envolvem o aquecimento intenso e localizado da região a ser unida. Toda região aquecida tende a dilatar-se, mas existem partes adjacentes submetidas a temperaturas menores que dificultam esta dilatação, onde pode causar o surgimento de deformações elásticas, eventualmente, plásticas na região soldada. Após a soldagem, como resultado se desenvolvem na junta, tensões internas residuais, distorções e mudanças permanentes de forma. Tensões residuais são as que permanecem na peça quando todas as restrições externas são removidas. Uma das causas do seu aparecimento, ao longo de uma peça que pode ser causado por efeitos tantos mecânicos ou térmicos. (MARQUES, 2009, p.114) Figura 1 Tensões residuais desenvolvidas junto á superfície de uma peça sendo esmerilhada (SOLDAGEM E TECNOLOGIA 3º Edição Atualizada) 5. Controle de Deformação Tensões Residuais e Tensões em Soldagem Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 176 Na superfície da peça devido as tensões residuais de tração devem ser equilibradas no interior da peça por tensões de compressão Problemas surgidos por tensões residuais • Trincas; • Fratura frágil; • Desestabilidade Dimensional; • Maior probabilidade para surgimento de fadiga. As Distorções podem prejudicar o projeto de equipamentos, estruturas e montagem de equipamentos soldados projetados para trabalhos com dimensões e tolerâncias específicas. Veja na Figura 2 como visualizar as tensões internas em peças soldadas. No momento da soldagem o metal de adição se encontra no estado líquido preenchendo a junta projetada (a). O metal de adição depois de solidificado na temperatura ambiente devido ser tensionado, deformado intensamente , e este material ao final da operação de soldagem ocupa o mesmo volume inicialmente. (a) (b) (MARQUES, 2009, p.115) Figura 2 Volume ocupado pelo material de adição(a) no estado líquido e (b) à temperatura (SOLDAGEM E TECNOLOGIA 3º Edição Atualizada) Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 177 5.2 Surgimento das tensões residuais Um metal quando sofre aquecimento, proporcionalmente com a variação da temperatura suas dimensões aumentam, segue-se a seguinte fórmula: (∆T = T – T0 ), assim sendo; ∆l = l – l0 = l0 x α ∆T ∆l Variação do comprimento inicial l0; α Coeficiente de dilatação térmica linear. Se uma peça for aquecida uniformemente e resfriada sem restrições, a mesma não terá efeitos mecânicos significativos, porém se este aquecimento não for uniforme e tiver restrições não podendo sofrer contração e expansão durante a soldagem, tensões residuais ou distorções poderão ocorrer. Exemplo: Supondo que uma estrutura metálica composta de duas barras metálicas paralelas na horizontal de grande espessura que sejam unidas por outras três barras metálicas de menor espessura, onde que a barra central sofra aquecimento uniforme por meio de um maçarico do processo oxicorte. Como consequência do aquecimento a barra que é um metal sofre dilatação é tensão, isto é , devido as tensões atingirem o limite de escoamento a barra se deforma plasticamente com o aumento da temperatura. (a) (b) (MARQUES, 2009, p.116) Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 178 TENSÕES INTERNAS X VARIAÇÃO DA TEMPERATURA (MARQUES, 2009, p.116) Figura 4 Diagrama esquemático das tensões internas em função da temperatura na barra central da Figura 3 Ponto A: Com o aumento da temperatura a barra do centro vai sofrendo expansão até chegar um momento em que ela sofre restrição pelas barras laterais e as de maior espessura permanecem na temperatura ambiente. Ponto B: As tensões internas atinge o limite de escoamento em compressão, a barra metálica com o aumento da temperatura se deforma permanentemente. Ponto C: As tensões internas atinge o limite de escoamento em compressão, a barra metálica com o aumento da temperatura se deforma permanentemente. Ponto D: O aquecimento quando interrompido, consequentemente a barra central se contrai termicamente e ao resfriar-se,sendo que o esforço de compressão diminui se anulando acima da temperatura inicial. Ponto E: Neste ponto a temperatura continua baixando e o comprimento da barra continua diminuindo. Ponto F: Neste ponto a em diante até que a temperatura volta ao valor da temperatura ambiente a barra se deforma plasticamente. Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 179 (a) (b) (MARQUES, 2009, p.118) Figura 5 (a) Comparação entre as tensões residuais desenvolvidas na montagem de três barras e (b) as tensões residuais longitudinais formadas ao longo da direção transversal (y) de uma solda de topo por fusão. Fala-se quando a peça foi soldada que ela esta vinculada . Existe poucas chances de movimentar-se ou deformar-se ou estando fixada por dispositivos ou outros meios de restrição para e executar a soldagem. Quando os materiais de maior existência mecânica tendem apresentar-se tensões residuais de maiores valores. Métodos para medir as Tensões Residuais • Destrutivos (extensômetros elétricos); • Não destrutivos (difração por raios X). 5.3 Efeitos das tensões residuais Carregamento estático de tração nas tensões residua is • Tensões residuais afetam significativamente tensões com fenômenos submetidos aproximadamente baixas; • O efeito das tensões residuais será menor em estruturas com maior carregamento; Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 180 • As tensões residuais ficam desprezíveis se a estrutura sofrer carregamento superior ao seu limite de escoamento; • Existem métodos como o martelamento que poder ser usados para minimizar as tensões residuais de uma estrutura soldada. Fadiga Fadiga é uma falha que pode ocorrer sob solicitações bastante inferiores ao limite de resistência do metal ou outros materiais, isto é, na região elástica. É consequência de esforços alternados, que produzem trincas, em geral na superfície, devido à concentração de tensões. • Estruturas quando submetidas a cargas cíclicas, ainda que em situação de baixa tensão nominal, podem resultar num enfraquecimento progressivo, localizado e posterior ruptura do material, o que representa o fenômeno da fadiga; • Quando se trata de estruturas soldadas o comportamento à fadiga é condicionado pela existência de descontinuidades geométricas que produzem concentração de tensões mais ou menos severas; • A ocorrência de pontos de concentração de tensões pode levar a iniciação e posterior propagação de trincas de fadiga; • Muitas análises de fadiga em ligações soldadas foram têm sido feitas levando em conta o carregamento dinâmico, que representa a principal causa dos problemas relativos a esses tipos de estruturas; • As tensões residuais serão aliviadas parcialmente sob cargas variáveis. Surgimento de trincas em soldas Em soldas, freqüentemente, formam-se as trincas, que podem ser associadas a dois fatores, que são: solicitação, ou seja, tensões mecânicas de tração, e uma incapacidade do material de acomodar esta solicitação deformando-se plasticamente. É quando surge a fragilização que pode ocorrer por diversos motivos, durante ou após a soldagem (formação de filmes de liquido em contornos de grão, crescimento de grão, precipitação, e outros motivos). Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 181 Fratura frágil Todas as estruturas soldadas estão dispostas à falha por fratura frágil. Isso ocorre por diversos resultados. Eis alguns: • na região da solda há tensões residuais de tração elevadas; • a estrutura soldada não apresenta interfaces que possam interromper a propagação de uma trinca de fratura frágil; • existem diversas descontinuidades da solda que podem formar pontos concentradores de tensão e inicio da fratura, como inclusões de escoria e trincas; • há uma tendência de diminuir a tenacidade dos materiais de estrutura cristalina CCC devido o aumento do tamanho de grão em relação ao metal de base que podem apresentar alterações estruturais na região da solda. Existem diversos fatores que favorecem a estrutura de fratura frágil. • Microestrutura de baixa tenacidade; • Concentradores de tensão; • Favorecimento por baixa temperatura; • Altas taxas de deformação e espessura da peça. Em uma estrutura soldada, diversos destes fatores poderão estar presentes. As tensões residuais na solda podem ser altas ou ainda podem somar às tensões externas que causam a fratura frágil. Portanto, estruturas soldadas devem sofrer refino de grão da estrutura da região soldada ou tratadas termicamente para alivio de tensões residuais. Corrosão sob tensão Pode haver trincas de corrosão aceleradamente sobre a presença de tensões de tração em um ambiente agressivo. Os aços estruturais ao carbono ou de baixa liga, que pode citar como exemplo, o fenômeno é desencadeado com o contato com hidróxidos ou com sulfeto de hidrogênio. Nas estruturas soldadas, dependendo do material e do ambiente, as tensões residuais são, às vezes, suficientes para o desenvolvimento de corrosão sob tensão. Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 182 Instabilidade dimensional Uma peça soldada, quando é usinada ou sujeita de remoção de material, ocorre uma perturbação do equilíbrio das forças responsáveis pelas tensões residuais. E para se reparar o equilíbrio de forças, o componente sofre pequenas distorções que vão redistribuir as tensões residuais. Este processo pode causar problema na usinagem de precisão de componentes com tensões residuais. 5.4 Distorções As distorções são desvios permanentes de forma ou dimensões advindas das deformações plásticas que ocorrem devido às tensões transientes que se desenvolvem durante a soldagem. Acontece também que no final da operação, a peça fica submetida a tensões elásticas que podem ser da ordem do limite de escoamento. Ao retirar os vínculos de fixação ou montagem estas tensões podem ser, de forma parcial, aliviadas, surgindo assim uma distorção adicional. Segue na figura 6 a formação da distorção. Devido ao aquecimento na região superior da peça sofre uma maior expansão térmica no momento da soldagem, surgem distorção transiente e é mais intensa a deformação plástica. No termino da soldagem, ocorre contração devido resfriamento do material na região soldada. Devido a peça apresentar uma distorção final para a direção contraria da distorção transitória a região superior da peça sofreu mais aquecimento, conseqüentemente, a deformação plástica será maior. (MARQUES, 2009, p.121) Figura 6 Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 183 Evolução da deflexão longitudinal de uma barra pelo calor de soldagem. δt - Deflexão ou distorção final. (a) soldagem – (b) resfriamento posterior Na figura 7 são apresentados alguns tipos básicos, que são considerados para facilitar o estudo das distorções surgidas por soldagem. Existem diversos fatores bastante complexos no estado final de tensões e deformações na solda. Apresentados a seguir: propriedades mecânicas, material, espessura das peças, dimensões, posição, geometria, grau de rigidez da estrutura, quantidade das soldas, qualidade e propriedades mecânicas. (a) (b) (c) (d) (MARQUES, 2009, p.122) Figura 7 Tipos básicos de distorção em soldagem: (a) contração transversal; (b) contração longitudinal; (c) distorção angular e (d) flexão em relação à linha neutra. Uma estimativa da contração transversal (CT) em soldas de topo de aço ao carbono ou de baixa liga é dada pela equação empírica a baixo: CT = 0,2 Aw + 0,05 f t Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 184 5.5 Controledas tensões residuais e distorção Tensões residuais: controle e alivio Pode-se diminuir o nível de tensões residuais em uma junta soldada reduzindo-se a quantidade de calor fornecido à junta ou o peso do metal depositado. Na pratica, reduz-se o ângulo do chanfro ou usa-se preparações simétricas, como por exemplo, e evita-se depositar material em excesso. A seleção de processos de maior eficiência térmica é uma sugestão de alternativa de controle. As tensões residuais podem ser reduzidas também pelo uso de metal de adição com menor resistência que se pode permitir no projeto, bem como uma redução dos vínculos externos da junta soldada. Na tabela I mostra que, após a soldagem, as tensões residuais podem ser aliviadas por métodos térmicos ou mecânicos. Procedimento Descrição Características Limitações (a) Martelamento Martelamento do metal depositado e de suas adjacências durante ou pós a soldagem. Método simples, pode causar refino de grão. Inadequado para materiais de baixa ductilidade. Encruamento A junta soldada é deformada plasticamente pela aplicação de cargas de tração Bastante eficiente para tanques esféricos e tubulações. Inadequado para estruturas complicadas pela dificuldade de aplicar tensões uniformes. Vibração Vibrações são aplicadas na estrutura causando uma ressonância de baixa frequência, o que ocasiona deformação plástica parcial da estrutura e alívio de tensões. Operação simples. Inadequado para chapas grossas ou grandes estruturas. O alívio de tensões não é uniforme. (b) Recozimento para alívio de tensões Aquecimento a 600-700°C (aços ferríticos) ou 900°C(aços austeníticos seguido de resfriamento lento. Pode ser local ou total.) Muito utilizado e bastante eficiente. Inaplicável para grandes estruturas e difícil de ser executado no campo. Custo elevado. Recozimento a alta temperatura Aquecimento a 900-950°C (aços ferríticos) seguido de resfriamento lento. Pode ser local ou total. Pode eliminar completamente as tensões residuais. Inaplicável para grandes estruturas e difícil de ser executado no campo. Custo muito elevado. Alívio de tensões a baixas temperaturas Aquecimento do local da solda a 150- 200°C em uma largura total de 60 a 130 mm. Adequado para grandes estruturas. O alívio de tensões é parcial. (a) Processos mecânicos (b) Processos térmicos (MARQUES, 2009, p.123) Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 185 Correção e controle da distorção Para se reduzir a distorção em soldagem, pode-se usar diversas medidas em diferentes etapas: Nas estruturas soldadas: • usar chanfros que possam minimizar a deformação e que use o mínimo necessário de metal de adição para a deposição; • em relação da linha neutra posicionar as soldas em posições simétricas e junto a linha neutra da estrutura soldada; • empregar a soldagem intermitente ou descrever mínimo tamanho possível dos cordões de soldas com o projeto solicitado; • projetar estruturas com a menor quantidade possível de soldas; e • usar chanfros simétricos X, K, duplo U, e outros. Na execução da estrutura: • colocar peças na posição certa e usar dispositivos de fixação e técnicas pra diminuir a distorção; • calcular a distorção que pode ocorrer na estrutura e colocar as peças de forma a compensar a distorção; e • usar seqüências de deposição de cordões de solda que diminuem a distorção. Correção da distorção após a soldagem Pode-se utilizar a remoção a quente ou a frio. A frio quando: • prensagem; • martelamento; • calandragem e outros A quente quando: • aquecimento localizado • aquecimento uniforme e pressão mecânica. Gabaritos Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 186 São dispositivos fabricados pelo usuário para verificar a conformidade do serviço com as normas de projeto, quando os instrumentos convencionais não atendem às necessidades. Vantagens • É um processo de inspeção bastante rápido; • Se fabricados dentro da precisão requerida para o serviço, elimina erros de leitura. Desvantagens • Nem sempre é possível ao usuário fabricar certos tipos de gabaritos com a precisão adequada; • Como demandam tempo para a sua fabricação, só devem ser usados para verificações Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 187 Tipo de Deformação Causa Correções Contração Transversal 1. Energia de Soldagem excessiva; 2. Falta de controle na distribuição dos cordões de solda; 3. Não observado o controle de temperatura de interpasse; 4. Metal de base sem dispositivo de travamento; 5. Falta de simetria na preparação dos biseis (chanfro). 1. Controlar os parâmetros utilizados para realizar a soldagem; 2. Utilizar técnicas de passe à ré, cordões de solda intercalados, utilizar quando possível preparação de chanfro duplo e distribuir os cordões de solda em torno de uma linha neutra da junta; 3. Controlar temperatura de interpasse conforme Especificação de Procedimento de Soldagem – EPS; 4. Verificar as condições dos dispositivos de solda e realizar uma pré deformação no sentido contrário; 5. Utilizar chanfros duplos distribuindo proporcionalmente a preparação dos chanfros, com a finalidade do equilíbrio do metal depositado. Contração Longitudinal 1. Energia de Soldagem excessiva; 2. Falta de controle na distribuição dos cordões de solda; 1. Controlar os parâmetros utilizados para realizar a soldagem; 2. Utilizar técnicas de Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 188 3. Não observado o controle de temperatura de interpasse; 4. Metal de base sem dispositivo de travamento; 5. Falta de simetria na preparação dos biseis (chanfro). passe à ré, cordões de solda intercalados, utilizar quando possível preparação de chanfro duplo e distribuir os cordões de solda em torno de uma linha neutra da junta; 3. Controlar temperatura de interpasse conforme Especificação de Procedimento de Soldagem – EPS; 4. Verificar as condições dos dispositivos de solda e realizar uma pré deformação no sentido contrário; 5. Utilizar chanfros duplos distribuindo proporcionalmente a preparação dos chanfros, com a finalidade do equilíbrio do metal depositado. Deformação Angular 1. Energia de Soldagem excessiva; 2. Falta de controle na distribuição dos cordões de solda; 3. Não observado o controle de temperatura de interpasse; 4. Metal de base sem dispositivo de 1. Controlar os parâmetros utilizados para realizar a soldagem; 2. Utilizar técnicas de passe à ré, cordões de solda intercalados, utilizar quando possível preparação de chanfro duplo e distribuir os cordões Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 189 travamento; 5. Falta de simetria na preparação dos biseis (chanfro). de solda em torno de uma linha neutra da junta; 3. Controlar temperatura de interpasse conforme Especificação de Procedimento de Soldagem – EPS; 4. Verificar as condições dos dispositivos de solda e realizar uma pré deformação no sentido contrário; 5. Utilizar chanfros duplos distribuindo proporcionalmente a preparação dos chanfros, com a finalidade do equilíbrio do metal depositado. Empenamento (comum em metais de baixa espessura – chapas finas) 1. Energia de Soldagem excessiva; 2. Falta de controle na distribuição dos cordões de solda; 3. Metal de base sem dispositivo de travamento. 1. Controlar os parâmetros utilizados para realizar a soldagem; 2. Utilizar técnicas de passe à ré, cordões de solda intercalados, utilizar quando possível preparação de chanfro duplo edistribuir os cordões de solda em torno de uma linha neutra da junta; 3. Verificar as condições dos dispositivos de solda e realizar uma Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 190 pré deformação no sentido contrário. Nota: Os instrumentos utilizados para medição de preparação de junta a ser soldada, assim como após a realização da soldagem, por exemplo, calibre de solda, goniômetro, paquímetro, entre outros, estão mencionados no Capítulo de Metrologia. Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 191 6.1 Introdução Características o tratamento térmico em metais é um conjunto de operações envolvendo aquecimento, tempo de permanência em determinadas temperaturas e resfriamento sob condições controladas, com o objetivo de melhorar as propriedades do material ou conferir-lhe características pré-determinadas. Tipos de Tratamentos Os principais tipos de tratamento térmico associados às operações de soldagem são: recozimento; normalização; revenimento; solubilização; têmpera; pré-aquecimento; pós-aquecimento e alívio de tensões. Recozimento O recozimento consiste no aquecimento da peça até uma temperatura onde haja recristalização e/ou transformação em uma nova fase. Para os aços, a permanência na temperatura de patamar durante um determinado tempo serve para homogeneizar a austenita e deve ser seguido de resfriamento lento, geralmente no próprio forno. Os principais objetivos a serem alcançados por este tratamento são: reduzir a dureza do metal; melhorar a usinabilidade; remover o encruamento; aliviar tensões internas e homogeneizar a microestrutura de peça. 6 Alívio de Tensão Residual Tratamento térmico aplicado à soldagem Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 192 Recozimento Normalização A normalização é um tratamento para aços que consiste em aquecer o material a uma temperatura um pouco acima da austenitização e resfriá-lo ao ar, com o intuito de refinar o grão e aumentar sua resistência mecânica. Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 193 Normalização Figura 1 Revenimento O revenimento é um tratamento para aços que consiste no aquecimento da peça sob temperaturas entre 450 e 750°C e na permanência no forno por período de 30 minutos a quatro horas. seguido de resfriamento controlado. O revenimento é um tratamento térmico aplicado quando se deseja aliviar tensões internas e aumentar a tenacidade, isto é, diminuir a fragilidade do material de peças nas quais tenham sido produzidas microestruturas martensíticas. Em algumas ligas de alumínio faz-se um envelhecimento, sob temperaturas de 100 a 200°C, a fim de restaurar a zona afetada pelo calor (ZAC) e aumentar a resistência mecânica afetada pela solda. de modo a deixar a região menos dura. Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 194 Revenimento Figura 2 Solubilização A solubilização é um tratamento térmico que transforma elementos antes precipitados em uma solução no estado sólido, seguido de resfriamento rápido, o suficiente para reter na matriz os elementos da solução, antes precipitados. Figura 3 Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 195 Têmpera A têmpera consiste no aquecimento da peça até uma temperatura adequada para austenitização do aço, e na permanência do material nesta temperatura durante um determinado tempo para homogeneização da austenita, seguido de resfriamento rápido. Os objetivos da têmpera são: endurecer o material; aumentar a resistência mecânica; aumentar a resistência ao desgaste; aumentar a resistência ao escoamento. A peça temperada fica muito frágil, sendo necessária a aplicação do revenido após a têmpera. Ao conjunto de operações de têmpera e revenimento dá-se o nome de beneficiamento. Têmpera Figura 4 Pré-aquecimento O pré-aquecimento consiste em introduzir uma fonte de calor adicional na peça quando se executa uma soldagem; no entanto, muitos não o consideram como um tratamento térmico. O aquecimento pode muitas vezes ser feito em uma faixa de temperatura que varia de seis a doze vezes a espessura da peça e pode ser obtido por vários métodos. O pré-aquecimento tem como objetivo diminuir a velocidade de resfriamento de uma junta soldada, tornando menores as tensões residuais. Em metais com alta condutibilidade térmica, facilita as operações de soldagem. Em aços, favorece a difusão do hidrogênio e reduz a ocorrência de zonas afetadas pelo calor com altos Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 196 níveis de dureza. Os principais parâmetros para especificar um pré-aquecimento são: a espessura da peça, a natureza da composição química e condições metalúrgicas do metal, o nível de restrição a que a junta está sendo submetida e também o processo de soldagem e seu aporte de energia. Pós-aquecimento O pós-aquecimento é responsável pela eliminação de hidrogênio induzido por processos de soldagem nos aços carbono e de baixa liga. Consiste em aquecer a junta soldada sob temperaturas da ordem de 150°C a 300°C durante um período de uma a quatro horas, imediatamente após a soldagem, e aproveitando o pré-aquecimento. As temperaturas e os tempos são diretamente proporcionais à quantidade de liga do material e da espessura. Na maioria dos casos, o pós-aquecimento não provoca alívio de tensões, salvo em materiais que sofreram têmpera ou são suscetíveis a ela; neste caso, o pós-aquecimento pode provocar um abaixamento de dureza, caso as temperaturas e os patamares de revenimento do material estejam próximos aos do pós-aquecimento. Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 197 Alívio de Tensões O tratamento térmico de alívio de tensões para os aços é o mais empregado e envolve aquecimento abaixo da temperatura crítica de transformação, permanência do material nesse nível por um período de tempo, geralmente proporcional à espessura do material, e resfriamento lento posterior; permite reduzir a um limite mínimo e aceitável as tensões prejudiciais provoca das pelas operações de soldagem, ou mesmo por conformação. Não se deve confundir a operação de alívio de tensões com tratamentos de recozimento, em que as temperaturas são bem mais elevadas, acima da temperatura crítica de transformação do material. Os benefícios maiores do alivio de tensões são: aumentar a ductilidade, diminuir a dureza e melhorar as condições metalúrgicas da zona afetada pelo calor. O alívio de tensões depende fundamentalmente da temperatura e do tempo de permanência nessa temperatura; também deve-se levar em consideração a resistência mecânica e a composição química do material. O aquecimento localizado provoca tensões de tração e de compressão nas adjacências de uma junta soldada. Para reduzir as tensões provocadas pelas contrações do metal depositado após a soldagem, faz-se o tratamento térmico de alívio de tensões. Tempo de permanência 1 - uma hora 2 - quatro horas 3 - seis horas Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 198 Na soldagem, o fenômeno da introdução de tensões pode ser descrito pela deposição de um cordão de solda sobre a chapa. A poça de fusão e a fonte de calor juntas provocam um aquecimento localizado na região; a massa, sob a ação da fonte de calor, tende a se expandir e como o metal quente é relativamente dúctil, as tensões de compressão causam deformação local no metal quente. As adjacências resistem à expansão do material e impedem que a seção se expanda; à medida que a poça de fusão esfria, o metal quente se contrai, as tensões de compressão são anuladase em seguida transformam-se em tensões de tração no metal frio. Outra forma de introduzir tensões em níveis indesejáveis em um corpo é através da deformação a frio, como por exemplo a calandragem; além da relação diâmetro/espessura permitida por norma, devem ser obedecidos os requisitos do código ASME VIII, muito empregado na indústria. 6.2 Aplicações dos tratamentos térmicos Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 199 Os tratamentos térmicos devem ser adequados aos materiais em função das características físicas, mecânicas e de propriedades de cada material, além da finalidade da junta soldada. Aços de baixa liga A soldagem dos aços de baixa liga requer cuidados especiais, uma vez que esses materiais são temperáveis por causa da adição de elementos de liga, a exemplo de cromo, molibdênio, níquel e vanádio, além do carbono. Esses materiais têm suas ZACs suscetíveis ao endurecimento, e portanto, as faixas de pré-aquecimento são geralmente mais elevadas que as dos aços carbono. Para os aços de construção mecânica mais usuais da indústria, indicam-se as faixas de espessura mais comuns. Aço Temperatura de pré-aquecimento SAE e < 12,7 (mm) 12,7 < e > 25,4 (mm) 25,4 < e, 50,8 (mm) 4130 150 - 200 200 - 250 250 - 300 4140 200 - 250 250 - 300 300 - 350 4340 300 - 350 300 - 350 300 - 350 4640 200 - 250 250 - 300 250 - 300 5140 200 - 250 250 - 300 250 - 300 8640 150 - 200 200 - 250 200 - 250 O alívio de tensões é obrigatório após as operações de soldagem de aços de construção mecânica e deve ser feito conforme a norma ASME VIII na faixa de 580°C a 620°C, com uma hora de permanência da temperatura para cada polegada (25.4mm) de espessura, nas duas primeiras polegadas e 15 minutos para cada polegada suplementar; o alívio deve ser feito de preferência imediatamente após a soldagem; caso não seja possível, fazer um pós-aquecimento a 50°C acima da temperatura máxima de pré-aquecimento empregada, com um patamar de permanência de uma a quatro horas, seguido de resfriamento lento. Aços carbono Na soldagem de aços carbono devem ser tomadas várias medidas para se obter um resultado satisfatório; uma das operações é o pré-aquecimento, que é imprescindível apesar de encarecer o produto e alongar o tempo de fabricação. O pré-aquecimento em aços carbono, normalizado pelo SAE, é utilizado quando se solda pelos processos com eletrodo revestido, MIG/MAG e com arame tubular; Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 200 também é utilizado nos processos por arco submerso e TIG, que têm aparte de calor mais elevado. Como um dos princípios do pré-aquecimento é diminuir a velocidade de resfriamento, o aparte de calor faz com que a taxas de resfriamento sejam diminuídas, e portanto é possível usar temperaturas inferiores às sugeridas na fórmula Pa = 500(C – 0,10) + 0,7e Pa = temperatura de pré-aquecimento em graus Celsius e = espessura em mm C = % de carbono em mm A validade para materiais é SAE 1020 a 1065 e as espessuras devem estar acima de 25mm até 300mm. Aços Inoxidáveis O pré-aquecimento é desnecessário nos aços inoxidáveis austeníticos, porque trincas por hidrogênio não ocorrem nesses materiais. No caso de soldagem de aços inoxidáveis martensíticos, o pré-aquecimento e o alívio de tensões são obrigatórios, a fim de tornar a zona afetada pelo calor menos frágil e menos sujeita a trincas. Os aços inoxidáveis podem sofrer vários tipos de tratamento térmico após a soldagem; os mais importantes são: redistribuição de tensões, alívio de tensões parcial, alívio de tensões pleno e solubilização. Redistribuição de tensões nos aços inoxidáveis A redistribuição de tensões nos aços inoxidáveis situa-se na faixa de temperatura entre 290 e 425°C, abaixo da faixa de sensitização; é apl icável para peças soldadas ou deformadas em até 30%. Com este tratamento térmico há uma significativa redistribuição dos picos de tensões e um aumento dos limites de tensão e escoamento; a precipitação e a sensitização intergranular não são problema para os graus de aços inoxidáveis envelhecidos com alto teor de carbono. Alívio de tensões parcial nos aços inoxidáveis No alívio de tensões parcial, as temperaturas giram entre 425 e 595°C; este tratamento térmico é adequado para minimizar distorções provocadas por usinagem ou entre operações de soldagem e antes das operações de usinagem. Somente deve ser empregado para os graus baixo carbono L e os estabilizados 321 e 347. Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 201 Alívio de tensões pleno nos aços inoxidáveis O alívio de tensões pleno nos aços inoxidáveis está entre 815 e 870°C; é ocasionalmente necessário para alívio de aproximadamente 90% da tensões, mas somente quando se tratar dos graus baixo carbono L e os estabilizados 321 e 347. Peças sujeitas ao tratamento térmico nesta faixa de temperatura não mostraram sensitização, quando submetidas a testes de susceptibilidade à corrosão, de acordo com ASTM A262. Solubilização nos aços inoxidáveis O tratamento de solubilização deve ser feito sob temperatura de no mínimo 900°C, durante período de uma a dez horas. É ocasionalmente empregado em conjuntos soldados, quando sua utilização em trabalho for na faixa de 400 a 900°C. O objetivo da solubilização é a aglomeração dos carbetos para a prevenção de precipitação intergranular de carbetos; tal como no alívio pleno, conseguem-se bons resultados de susceptibilidade à corrosão intergranular, de acordo com ASTM A262. Tratamento térmico Finalidade do tratamento Tipos de aços inoxidáveis Faixa de temperatura (°C) Redistribuição de tensões Homogeneizar o conjunto, aumentar limite de escoamento e resistência Todos 290 a 425 Alívio de tensões parcial Minimizar distorções por usinagem e soldagem Graus “L” 321 e 347 425 a 595 Alívio de tensões pleno Aliviar tensões Graus “L” 321 e 347 815 a 870 Solubilização Prevenir corrosão intergranular Todos Acima de 900 Ferro fundido cinzento No caso de ferro fundido cinzento, aconselha-se o alívio de tensões parcial e redução de dureza de no máximo 30%, com um patamar de 480°C e resfriamento em ar calmo. Uma temperatura de 590°C durante uma hora com resfr iamento em ar calmo reduz substancialmente as tensões e a dureza. Para máxima redução de dureza na ZAC, promover aquecimento a 900°C e resfriar em forno. Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 202 Ferro fundido dúctil O ferro fundido dúctil, quando soldado, deve ter sua ductilidade restabelecida na região da solda; para atingir bons resultados, deve-se promover o alívio de tensões imediatamente após as operações de soldagem, sem deixar esfriar, seguido de resfriamento lento. Quando se necessita de moderada ductilidade, um aquecimento a 480°C com resfriamento em ar calmo é o suficiente para diminuir a dureza da ZAC e as tensões internas. Caso se necessite de alta ductilidade, deve-se fazer o recozimento aquecendo o material até 900°C a uma taxa máxima de 55°C/hora, para um patamar de uma hora por polegada de espessura; em seguida, resfriar a uma taxa máxima de 55°C/hora, até 260°C e resfriar em ar calmo. O recozimento sob alta temperatura dissolve os carbetos e transforma a bainita e martensita em austenita. O resfriamento lento favorece a formação de ferrita, perlita e a precipitação de carbono na forma de grafite. Ligas de níquel Na maioria das ligas de níquel, o pré-aquecimento não é necessário; quando se trata de peças espessas e/ou complexas, pode-se utilizar algum pré-aquecimento de acordo com especificação do fabricante da liga, porque a variedade de ligas é muito grande. Ligas de titânio As ligas de titânio comercialmente disponíveis não requerem pré-aquecimento. Ligasde magnésio Quando se trata de ligas de magnésio fundidas, é necessário pré-aquecer as peças a uma temperatura entre 250 e 350°C a fim de evitar t rincas no metal de base. Ligas de cobre O tratamento térmico em juntas soldadas nas ligas de cobre é necessário quando se exigem boas propriedades de ductilidade; o ciclo térmico obedece a uma subida constante e os patamares são de uma hora por polegada de espessura de depósito de solda. Para eletrodos com depósitos de E CuSn-A e E CuSn-C recomenda-se um tratamento com patamares de 480°C para obter alta d uctilidade. O cobre puro ou as ligas de cobre com pequenas adições de outros elementos têm alta condutibilidade térmica; assim, o pré-aquecimento é necessário para obter boa fusão na junta. Para espessuras menores que 3mm, e dependendo do processo de Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 203 soldagem e seu calor imposto, o pré-aquecimento não é necessário; com espessuras maiores, o pré-aquecimento pode chegar à casa dos 700°C. Bronze, bronze-alumínio, monel e latão necessitam de pré-aquecimento a aproximadamente 150°C para que se possa obter boa f usão na junta. Ligas de alumínio A maioria das ligas de alumínio tem alta condutibilidade térmica; por essa razão, às vezes o pré-aquecimento é necessário para obter boa fusão na junta. No caso de ligas com solução sólida, o pré-aquecimento não deve exceder de 400°C; ligas endurecidas por precipitação não podem ir além de 150°C. Geralm ente o pré-aquecimento é necessário quando as seções são muito grandes e espessas, a fim de diminuir os gradientes de temperatura e reduzir as tensões induzidas por estes gradientes. Em ligas da classe 6XXX com têmpera T-4 e T-6, quando é preciso ter uma recuperação da resistência da ZAC, faz-se um tratamento de solubilização e envelhecimento. Em algumas oportunidades somente o envelhecimento é vantajoso, já que a solubilização pode provocar distorções e mais tensões residuais. 6.3 Instrumentos Os instrumentos e acessórios para tratamento térmico são os termopares, os registradores gráficos de temperatura e os cabos de compensação. Termopares Os termopares devem ser fixados junto ao cordão de solda por meio de porcas soldadas com um corte em um dos segmentos para a fixação perfeita do termoelemento, ou por meio de soldagem por descarga capacitiva. Os termopares mais usados para os tratamentos de solda são: termopar tipo J (ferro constantã), que pode trabalhar com uma temperatura de serviço de até 800°C; temperatura de serviço é a temperatura máxima que o termopar pode suportar sem se Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 204 fundir; no entanto, é melhor trabalhar até 650°C, p ois temperaturas mais altas provocam desgaste excessivo nos elementos. Outro termopar utilizado é o tipo K (NiCrNi), com temperatura de serviço até 1200°C . Os termopares geram corrente contínua; portanto, deve-se observar a polaridade quando das ligações entre os cabos de compensação e o registrador; geralmente o pólo negativo é o metal magnético, identificado por um sinal. Registradores gráficos Os registradores gráficos devem ser periodicamente aferidos (geralmente uma vez por ano) e calibrados com padrões rastreáveis; deve existir um controle, tanto para os registradores como para os termopares. Registradores gráficos podem ter desde 1 ponto de medição de temperatura até 36 ou mais pontos e podem ser analógicos ou digitais. Cabos de compensação Os cabos de compensação apresentam constituição semelhante à do termopar, porém muito mais flexível; conduzem a corrente elétrica produzida pelo termopar até o registrador de temperatura. A identificação do cabo segundo ANSI é azul para o tipo J e amarelo para o tipo K. 6.4 Fontes de calor para tratamento térmico As diversas fontes de calor para tratamento térmico são: fornos fechados, que podem ser elétricos ou a combustão; elementos aquecedores elétricos por resistência; aquecimento indutivo; gases quentes; queimadores a gás; dispositivos vibratórios e martelamento. Fornos fechados Os fornos são estruturas de aço revestidas com placas de materiais refratários que suportam altas temperaturas; quanto mais alta a temperatura, maior será o custo do revestimento térmico. Para confinar o equipamento, utilizam-se modelos como contínuo, campânula ou portas laterais, com dimensões variadas, geralmente de secções arredondadas para facilitar e manter o aquecimento constante e uniforme. O aquecimento é feito por meio de materiais combustíveis como óleo, gás, ou resistências elétricas. Os elementos aquecedores são distribuídos de maneira a provocar um aquecimento por igual em todas as partes do equipamento. A atmosfera é geralmente redutora e o equipamento sofre uma pequena oxidação. Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 205 O tratamento térmico em fornos é a forma mais recomendável e econômica de executar um tratamento térmico. É feito com bastante facilidade; no entanto, freqüentemente as dimensões das peças impedem sua entrada no forno ou em alguns casos, excedem o comprimento deste; no caso de tratamento de juntas soldadas em elementos grandes e extensos, tais como tubulações ou conjuntos petroquímicos, e dependendo das exigências das normas, pode-se efetuar um tratamento térmico localizado em várias partes. Aquecimento resistivo O aquecimento resistivo é largamente empregado devido ao baixo custo e à boa confiabilidade quando comparado a outros métodos de tratamento térmico localizado. Consiste de elementos resistivos convenientemente ajustados em torno do local a ser tratado; o conjunto é protegido por mantas cerâmicas, material de isolação térmica capaz de manter a região tratada sob temperaturas de até 1200°C. As resistências são supridas de energia através de fontes de corrente contínua de baixa tensão, geralmente máquinas de solda ou conjunto transformador/retificador. O controle do fornecimento de energia é feito pela própria máquina ou por painéis computadorizados, ou ainda com auxílio de relés nos quais as taxas de temperatura são controladas por meio de pirômetros. Aquecimento indutivo A melhor maneira para ilustrar o aquecimento indutivo, que é geralmente localizado, talvez seja pela comparação com o transformador. O transformador compõe-se de Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 206 três conjuntos básicos: enrolamento primário, enrolamento secundário e núcleo de chapas de ferro-silício. Quando se aplica uma tensão alternada ao primário do transformador, um fluxo magnético é induzido no núcleo, o qual por sua vez induz uma tensão no secundário. Para aplicar esse princípio no aquecimento indutivo de uma junta tubular, enrola-se um cabo de cobre flexível condutor de energia ao redor do tubo em várias espiras; quando a energia flui no enrolamento, o núcleo é aquecido pela tensão alternada de freqüência apropriada, uma vez que o núcleo não é bom condutor de energia. Entre o cabo indutor e o corpo da peça é feito um isolamento térmico. Este cabo por vezes é refrigerado por água que flui no seu interior. As fontes de energia são geralmente geradores ou retificadores de freqüência apropriada para esta finalidade; o controle de temperatura é feito por meio de pirômetros. Gases quentes A fonte de gases quentes utiliza queimadores a óleo ou gás combustível. O processo é simples mas seu controle é extremamente difícil e exige técnicas bem desenvolvidas. O princípio é o de aquecimento por meio da queima de um combustível, sendo o produto da queima injetado no interior da peça, isolada termicamente. Este tipo de fonte de calor tem grande aplicação em equipamentos como vasos e principalmente esferas. Deve-se tomar cuidado com pontos frios, como bocais e tomadas, que porvezes não atingem o ciclo desejado; as tensões devem ser aliviadas por outro Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 207 método de tratamento. . Queimadores a gás O queimadores a gás são geralmente empregados para têmpera localizada, com temperaturas abaixo de 450°C. O processo é bem simp les, embora o controle do processo seja pouco eficiente. Emprega-se chama combustível. Os queimadores são convenientemente dispostos e aproximados para que possam atingir a taxa de temperatura adequada; não há isolação quando a região está sendo aquecida, e em certos casos, após atingir o patamar de temperatura, retira-se a fonte de calor e isola-se a região para um resfriamento mais lento. Dispositivos vibratórios Os dispositivos vibratórios são principalmente usados para dar estabilidade dimensional a peças soldadas e reduzir a susceptibilidade a corrosão quando existe tensão, reduzindo parte das tensões residuais internas da peça. Os dispositivos consistem de um oscilador acoplado firmemente à peça onde as variáveis são freqüência, período de oscilação e carga aplicada. Ondas de choque produzidas por um vibrador provocam a acomodação da estrutura do corpo metálico em um nível de energia menor, reduzindo a tensão residual interna no componente. Uma das grandes utilizações dos dispositivos vibratórios é garantir estabilidade dimensional em estruturas soldadas para que futuras operações de usinagem possam ser feitas. Martelamento O martelamento, também chamado de "peening", é muito empregado em soldas de manutenção, onde o controle de deformações é um fator determinante. Em razão de ser um processo de alívio de tensões mecânico, o martelamento tem função limitada e deve ser empregado com muito critério, por pessoal treinado. É geralmente feito imediatamente após a execução do cordão de solda, com auxílio de um martelo de bola em um único sentido e com aplicação da carga de impacto constante, para aliviar as tensões por igual. 6.5 Cálculo de alívio de tensões Para determinar a necessidade do emprego do tratamento térmico de alívio de tensões, utiliza-se como base o código ASME seção VIII, div. 1, ed. 1992, que é o mais Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 208 largamente empregado. Outras normas utilizadas são AWS, ASME e BS (British Standard). Para calcular o alívio de tensões, é necessário conhecer as dimensões do equipamento e adequá-lo às condições de fabricação, dimensões do forno e tipo de material do equipamento; além disso, deve-se levar em consideração também .se o equipamento pode ser transportado em um única peça até o local de montagem e se existe possibilidade de manuseio na fábrica, a fim de que se possa optar pelo tratamento térmico de alívio de tensões. Em seguida, deve-se determinar a espessura nominal do material, que deverá servir de parâmetro para o cálculo do tempo e da temperatura de patamar, bem como da taxa de aquecimento e da taxa de resfriamento. Outros parâmetros são: temperatura inicial de controle (Ti), temperatura final de controle(Tf), diferenças de temperatura entre termopares no aquecimento ou resfriamento (≠AR) e diferenças de temperatura entre termopares no patamar (≠ P). Espessura nominal A espessura nominal (En) é empregada para determinar a temperatura e o tempo de patamar. Deve ser a maior espessura da solda que não tenha sido previamente tratada; como exemplo citam"se soldas de flanges onde geralmente é necessária uma usinagem prévia e conseqüente estabilidade dimensional. Nas soldas de topo com penetração total de mesma espessura, a espessura nominal é Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 209 a profundidade total da solda excetuando"se os reforços, tanto de face como de raiz. Nas soldas em chanfro sem penetração total, a espessura nominal é a profundidade do chanfro. Nas soldas em ângulo, a. espessura nominal é a dimensão da garganta; se houver junta chanfrada e em ângulo, deve"se considerar a de maior dimensão. Na soldagem de pinos, a espessura nominal é o diâmetro do pino. Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 210 Quando houver uniões soldadas de espessuras diferentes, a espessura nominal pode ser determinada segundo três critérios. O primeiro considera a menor espessura de duas chapas adjacentes a uma junta soldada, inclusive em juntas de casco com tampo. O segundo admite a maior espessura das chapas do casco ou fundo unidos por casco intermediário. O terceiro adota a espessura do casco, em uniões de tubo-espelho, tampo plano, tampas, flanges ou construções similares. Nas soldas ao longo de pescoço de conexões, fundo, casco, anel de reforço ou soldas em ângulo, considerar sempre a de maior espessura. Nos casos de juntas em partes sujeitas a pressão com partes não sujeitas a pressão, a espessura nominal considerada deve ser a das partes não sujeitas a pressão. Em conexões será a espessura da conexão. Em tubo-espelho será a solda do tubo com o espelho. No caso de reparos, a espessura nominal é a profundidade do reparo. Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 211 Taxa de aquecimento As temperaturas registradas durante o aquecimento devem ser controladas efetivamente a partir da temperatura inicial (oC); não deve haver variação maior, entre os termopares, do que a diferença de temperatura de aquecimento ~ de resfriamento (≠ A,R), em graus Celsius, no intervalo de uma distância determinada entre dois pontos. Acima da temperatura inicial de controle (Ti) em graus Celsius, a velocidade de aquecimento não deve ser superior à taxa de aquecimento, em graus Celsius por hora, dividida pela maior espessura do casco ou tampo; no entanto, em nenhum caso a taxa de aquecimento deverá ultrapassar a TA (oC /h). As taxas de aquecimento mais comuns podem ser vistas no quadro, conforme a norma ASME VIII, div.1, ed. 1992. Temperatura e tempo de patamar Quando se soldam partes com P número diferentes, sujeitas a pressão, o tratamento de alívio de tensões deverá ser específico e de acordo com o material de maior temperatura de patamar. A espessura nominal (En) será sempre aquela da parte sujeita a pressão. Durante o período de patamar a diferença superior e inferior entre os termopares não deverá ir além de ≠ - P (oC). Espessura em (mm) Taxa de aquecimento TA (°C) máximo e ≤ 25,4 220 25,4 > e ≥ 31,8 170 31,8 > e ≥ 38,1 145 38,1 > e ≥ 44,5 120 44,5 > e ≥ 50,8 110 50,8 > e ≥ 63,5 85 63,5 > e ≥ 76,2 70 76,2 > e ≥ 88,9 60 88,9 > e ≥ 101,6 55 e > 101,6 55 Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 212 O tempo de permanência do equipamento em determinada temperatura é especificado no quadro, conforme norma ASME VIII, div.1, ed. 1992. N G nº Temperatura de patamar °C mínimo (*) Tempo de permanência horas mínimo En ≤ 50,8mm En > 50,8mm 1 1,2,3 595 1 h/25,4mm 15 minutos mínimo 2h +,15minutos para cada 25,4mm adicionais 3 1,2,3 595 e ≤ 101,6mm = 1 hora por 25,4mm e >101,6mm = 5 horas + 15 minutos para cada 25,4mm adicionais 15 minutos mínimo 4 1,2 595 5 1,2 680 3,4 705 9A 3,4 595 9B 1 595 10A 1 595 10B 1 595 10C 1 540 10F 1 595 (*) Para temperatura máxima acrescentar 50°C a temp eratura mínima Taxa de resfriamento O resfriamento deve ser feito até a temperatura final de controle Tf (oC) com controle de temperatura e em forno fechado e/ou com isolamento; abaixo dessa temperatura, pode-se resfriar sem a proteção de isolação térmica desde que sem correnteza de ar, com uma diferença máxima de termopares de ≠- A R (oC). A velocidade de resfriamento deve seguir a uma razão de TR (oC) dividida pela espessurado casco ou tampo. Os valores mais comuns de taxa de resfriamento podem ser vistos no quadro, conforme a norma ASME VIII, div.1, ed. 1992. segundo o código ASME, P número ou P number é a classificação, em grupo, de materiais com propriedades mecânicas e metalúrgicas semelhantes Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 213 Redução de temperatura de patamar Quando a temperatura especificada para o tratamento de alívio de tensões for maior que a capacidade do forno ou método adotado, permite-se reduzir a temperatura de patamar, com o conseqüente aumento do tempo de patamar. Os valores de redução de temperatura e de tempo mínimo de permanência podem ser vistos no quadro, conforme a norma ASME VIII, div.1, ed. 1992. Espessura em (mm) Taxa de aquecimento TR (°C/h) máximo e ≤ 25,4 275 25,4 > e ≥ 31,8 220 31,8 > e ≥ 38,1 185 38,1 > e ≥ 44,5 155 44,5 > e ≥ 50,8 135 50,8 > e ≥ 63,5 110 63,5 > e ≥ 76,2 90 76,2 > e ≥ 88,9 75 88,9 > e ≥ 101,6 65 e > 101,6 55 Redução de temperatura normal de patamar (°C) Tempo mínimo de permanência na temperatura reduzida para cada 25,4mm de espessura 28 2 56 4 83 10 (*) 111 20 (*) a maior das velocidades de resfriamento em nenhum dos casos deve superar a taxa de TR (°C/h) Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 214 Parâmetros de tratamento térmico Os parâmetros de tratamento térmico de alívio de tensões segundo normas internacionais podem ser vistos no quadro. Parâmetros de tratamento térmico de alívio de tensões Unidade ASME AWS British Standards Temperatura inicial de controle (Ti) °C máx. 427 31 5 400 Taxa de aquecimento (ta) °C/hora máx. 222 220 220 Taxa de resfriamento (tr) °C/hora máx. 278 260 275 Temperatura de patamar (*) °C 595 590 a 650 580 a 620 Tempo de permanência hora (**) (**) (***) Temperatura final de controle (Tf) °C min. 427 315 400 Diferença de termopares no aquecimento (≠ A, R) °C máx. 139 140 150 Diferença entre termopares no patamar (≠ P) °C min. 83 83 40 Diferença entre termopares (d) A cada metro máx. 4,6 4,6 4,6 (*) Aplicável para aços ao carbono (**) 1 hora para cada 25,4mm de espessura nominal (En) (***) 1 hora para cada 25,4mm de espessura nominal (En) Tratamento térmico em etapas Quando não houver possibilidade de executar o tratamento térmico em uma única etapa, por exemplo quando o comprimento do equipamento exceder o comprimento do forno, o tratamento pode ser executado em várias etapas, utilizando-se a técnica do emparedamento. O emparedamento consiste em manter parte do equipamento dentro do forno, isolando o meio exterior com tijolos refratários ou mantas cerâmicas, desde que exista uma sobre posição de 1,6 m na região anteriormente tratada. Após o carregamento das peças no forno ou a montagem dos dispositivos de aquecimento localizado, deve-se prever a livre movimentação das peças, pois peças fixas podem provocar deformações durante o processo de tratamento. (*) Aplicável somente a materiais P nº 1 com G nº 1, 2 Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 215 O apoio das peças deve ser eficiente, porque o aquecimento reduz drasticamente o limite de escoamento e, em conseqüência, a rigidez da peça. A distância entre termopares em qualquer direção não pode ultrapassar a d metros e sua fixação não deve ser executada sobre o cordão de solda. Se a forma de aquecimento for chama, esta nunca deve atingir diretamente o corpo do equipamento, a fim de evitar que as superfícies sofram oxidação excessiva. Solda confinada Deve-se ter cuidado especial com relação à expansão do ar aquecido em soldas confinadas, como em reforços de conexões, selas, etc. Se as soldas não estiverem providas de respiro, poderão surgir trincas; se houver um eixo oco, é preciso abrir um furo, e, se necessário, ressoldá-lo após o tratamento; a não observância deste procedimento pode provocar explosão ou distorções localizadas. Tratamento térmico localizado Quando houver a escolha de tratamento térmico localizado, a peça deve estar devidamente apoiada em local sem correntes de ar, abrigada da chuva ou de outras intempéries. A área aquecida deverá abranger também os dispositivos de montagem, quando houver. A largura mínima da faixa de aquecimento deverá ser de seis vezes a espessura nominal (En) e nunca inferior a 50mm; a referência tomada é a linha de centro do cordão de solda. Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 216 Registro de tratamento térmico Para que se possa rastrear o tratamento térmico e confiar em que foi feito de acordo com as especificações do código, deve-se preparar a documentação para a fabricação, que consta dos seguintes documentos: folha de processo, com os dados básicos de tratamento, registro gráfico do ciclo térmico e certificado de tratamento. A documentação é necessária porque os códigos fazem certas restrições quanto a soldagem e ensaios após o tratamento térmico; antes de liberar o equipamento para tratamento, verificar se um reparo especificado foi executado na solda, se todas as peças foram soldadas no equipamento, a fim de que um descuido não comprometa toda a peça. Recentemente os controles de tratamento térmico tornaram-se informatizados e os cálculos e controles dos parâmetros do ciclo térmico são feitos por computadores acoplados a transformadores de corrente, responsáveis pelo suprimento de calor à peça. Nota: Mais informações sobre estrutura cristalina dos materiais e fases de mudanças de transformação do aço em função da temperatura nos Capítulos de Metalografia e Metalurgia. Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 217 Referências MARQUES, Paulo Villani, MODENESI. Paulo José, BRACARENSE, Alexandre Queiroz. Soldagem e tecnologia. Editora UFMG. 2009. SENAI-SP. Soldagem. Org. Selma Ziedas e Ivanisa Tatini. São Paulo, 1997. 553p. – (Coleção Tecnologia SENAI); Normas Ambientais e de Segurança – Formação Continuada, Apostila de Tecnologia da soldagem – SENAI-SP; Metalurgia da Soldagem – Curso Técnico em Metalurgia, Apostila de Soldagem II – SENAI- SP; Processos de Soldagem – Curso Técnico em Metalurgia, Apostila de Soldagem I e II – SENAI-SP; Terminologia e Simbologia de Soldagem, Apostila de Soldagem I – SENAI-SP; Inspetor de Fabricação de Caldeiraria e Tubulação – Módulo Básico. Inspetor de Fabricação – Acessórios de Tubulação - Soldagem 218
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