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LIVRO-Historia Antiga Ocidental

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Prévia do material em texto

autora 
VIRNA LIGIA FERNANDES BRAGA
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2016
HISTÓRIA ANTIGA 
OCIDENTAL
Sumário
Prefácio 5
1. A antiguidade clássica 7
1.1 O conceito de Antiguidade Ocidental 8
1.2 As fontes para a História Antiga e a necessidade da utilização 
de outros saberes 9
1.3 Grécia: localização geográfica 10
1.4 Grécia: periodização histórica 11
1.5 Grécia: aspectos da colonização 12
1.6 O Período Homérico (XII a.C - VIII a.C.) 16
1.7 O período Arcaico (VIII a. C - VI a.C): formação da cidade-Estado 18
2. As cidades-estados gregas 25
2.1 A formação do mundo políade - Período clássico (V - IV a.C) 26
2.2 A diversidade de modelos políticos: democracia, demagogia, 
aristocracia, oligarquia, monarquia e tirania 28
2.3 Atenas x Esparta: Estudos de caso 29
2.4 A economia no mundo grego 33
2.4.1 Os conflitos internos e externos 34
2.4.2 A desagregação do modelo políade 35
3. A cultura grega 41
3.1 A cultura no mundo grego 42
3.1.1 A Filosofia 43
3.1.2 A Paideia 45
3.1.3 A religiosidade - Aspectos gerais 47
3.1.4 Teatro 48
4. A Roma antiga 53
4.1 Origem mitológica x Origem histórica 54
4.2 A Monarquia (VIII a.C - VI a.C): estrutura sócio-política 55
4.3 Roma República (VI a.C - I a.C) 57
4.3.1 Formação da República Romana: estrutura sócio-política 57
4.3.2 O conflito entre patrícios e plebeus 58
4.4 O expansionismo territorial romano e suas consequências 61
4.5 O escravismo romano 62
5. Ascensão e crise da república romana 69
5.1 A questão agrária 70
5.2 Os conflitos internos e o poder dos militares – séculos II a.C e I a.C. 72
5.3 Os triunviratos e o fim da República 73
5.4 O Principado e a Pax Romana 74
5.5 O nascimento do cristianismo 75
5.6 O alto Império: O pão e circo 76
6. O universo político do século IV e o legado 
cultural romano 81
6.1 Aspectos culturais 82
6.2 A crise do século III 84
6.3 Reformas e lutas pelo poder no século IV 84
6.4 A ocupação territorial do Império Romano 86
6.5 A permanência da parte oriental do Império Romano 87
6.6 O legado romano 88
5
Prefácio
Prezados(as) alunos(as),
A tarefa de análise e compreensão da História Antiga do Ocidente, que abar-
ca as civilizações grega e romana, é complexa e envolve a utilização de fontes 
históricas que vão além dos documentos escritos. A religiosidade expressa atra-
vés da construção de templos e produção de esculturas e os afrescos que retra-
tam guerras e eventos importantes para essas sociedades, constituem algumas 
das fontes que nos permitem conhecer esse período tão significativo para a his-
tória ocidental.
Neste livro, você irá compreender o quanto herdamos da chamada Antigui-
dade Clássica: a filosofia, a política, o teatro, o direito e tantos outros elemen-
tos que integram a vida do homem ocidental contemporâneo. Por este prisma, 
desejamos mostrar a importância do legado greco-romano para a formação e 
consolidação das sociedades ocidentais, sem esquecer o quanto este legado in-
fluenciou o imaginário social, pois desde a noção de racionalismo à de demo-
cracia, é difícil a compreensão de tais conceitos sem referenciar-se pela cultura 
greco-romana.
O livro se divide em seis capítulos. O primeiro, intitulado “A Antiguidade 
Clássica”, inicia sua narrativa a partir da definição do conceito de Antiguidade 
Ocidental. Trata ainda das fontes utilizadas para o estudo das civilizações da 
Antiguidade, o surgimento da civilização grega, as características de sua colo-
nização, além de apresentar a periodização utilizada para a história da Grécia 
Antiga.
O segundo capítulo, “As Cidades-Estados Gregas” analisa a formação das 
cidades-Estados entre os anos 500 e 400 a.C., bem como os diversos tipos de 
governo existentes no sistema políade grego. Atenas e Esparta recebem atenção 
especial como principais cidades-Estados daquela região; seus modelos econô-
micos, políticos, culturais, etc, são analisados de forma destacada.
O terceiro capítulo trata dos aspectos culturais da Grécia Antiga, principal-
mente a partir do surgimento da Filosofia. Aborda a noção de Paideia e destaca 
sua importância para os gregos, além de apresentar aspectos da religiosidade e 
do teatro que caracterizaram de modo marcante aquela cultura.
O quarto capítulo, denominado “Roma Antiga”, analisa a formação da civi-
lização romana, da Monarquia à República. Deste modo, enfatiza o processo de 
expansão territorial, os conflitos entre patrícios e plebeus e a importância do 
escravismo na estrutura socioeconômica de Roma.
O quinto capítulo, intitulado “Ascensão e Crise da República Romana”, 
como o próprio nome indica, reflete sobre o declínio da República romana e 
a chamada “questão agrária”. Concede espaço para a discussão sobre os con-
flitos gerados pela concentração das terras nas mãos da aristocracia e o papel 
desempenhado pelo exército. As disputas pelo poder e a luta pelo controle das 
massas foram igualmente analisadas nesta referida parte.
O sexto e último capítulo aborda os principais aspectos da cultura romana 
e, ainda, da crise que leva ao declínio político do Império, a partir do século III 
a.C. Analisando as motivações apontadas como responsáveis pelo declínio de 
Roma e pela continuidade do Império Romano do Ocidente, finaliza-se o texto.
Bons estudos!
A antiguidade 
clássica
1
8 • capítulo 1
1. A antiguidade clássica
Este livro didático apresenta, em seu primeiro capítulo, a definição do que é a 
Antiguidade Ocidental, período histórico constituído pelo surgimento das civi-
lizações grega e romana. Aponta também as fontes utilizadas pelos historiado-
res para escrever sobre a história da Antiguidade ou Idade Antiga. 
Desta forma, será possível conhecer melhor alguns aspectos do processo de 
formação da civilização grega, a localização geográfica dos povos que deram 
origem à Grécia Antiga, as influências culturais, a economia e o desenvolvimen-
to de formas específicas de organização política.
O objetivo é apresentar um quadro onde se permita compreender a história 
da civilização grega, desde sua formação até o aparecimento das primeiras po-
leis ou cidades-Estados.
OBJETIVOS
•  Apresentar o conceito de História Antiga Ocidental;
•  Explicitar o caráter diversificado dos materiais utilizados como fonte para a História Antiga 
do Ocidente;
•  Apresentar a localização geográfica da Grécia antiga e suas subdivisões na ocupação 
do espaço;
•  Construir um panorama geral da cronologia da história antiga sobre a qual o mundo grego 
organizou-se;
•  Indicar os distintos grupos que participaram da ocupação inicial da Península Balcânica e 
as respectivas fases que estes processos geraram; 
•  Compreender os indícios fundamentais do processo histórico que possibilitou a formação 
do Período Homérico e do Período Arcaico na história grega.
1.1 O conceito de Antiguidade Ocidental
O período histórico denominado Idade Antiga ou Antiguidade, abarca um re-
corte temporal que se inicia por volta de 4.000 a.C., data que registra a inven-
ção da escrita, pelos sumérios, na Mesopotâmia. Já a Antiguidade Ocidental ou 
Clássica, segundo o historiador Ciro Flamarion Cardoso, se estende do século 
capítulo 1 • 9
XV a.C ao V d.C. O fim deste período é considerado pelos historiadores, não 
sem críticas, como o ano de 476 d.C, que marca o término da existência e lide-
rança política do Império Romano do Ocidente, após a queda do último Impe-
rador romano Flávio Rômulo Augusto. (CARDOSO, 1998).
A Antiguidade Ocidental foi marcada pelo surgimento dos chamados 
Estados monárquicos, do escravismo, das ciências e, principalmente, pelo apa-
recimento de grandes civilizações como a grega e romana. Entretanto, é preciso 
considerar a influência da cultura oriental (Mesopotâmia, Egito) sobre as civili-
zações ocidentais, já que muitas características, principalmente no terreno da 
cultura e da religião, originaram-se de tradições orientais.
1.2 As fontes para a História Antiga e a necessidade da utilizaçãode outros saberes
Conhecer a história do mundo antigo é algo complexo, principalmente se con-
siderarmos que as fontes ou registros documentais são escassos e de difícil 
interpretação. Desta forma, a arqueologia tem uma importância fundamental 
para o conhecimento histórico dos povos antigos, pois através das descobertas 
dos arqueólogos é possível o acesso a objetos e materiais que eram usados co-
tidianamente no passado. São estas algumas das fontes responsáveis pela re-
constituição da história dos povos gregos e romanos.
As obras artísticas ligadas às representações mitológicas, como templos e 
estátuas, também figuram como objetos de análise do historiador, pois reve-
lam dados importantes acerca da cultura daquelas sociedades. De fato, muito 
do que se sabe sobre a mitologia greco-romana, por exemplo, deriva da análise 
de monumentos construídos com o fim de que os deuses fossem reverencia-
dos. Isto ocorreu tanto na civilização grega quanto na romana.
O historiador Ciro Flamarion Cardoso, em seu livro Sete Olhares Sobre 
a Antiguidade, destaca também as obras do poeta grego Homero, Ilíada e 
Odisséia, como fontes textuais importantes sobre a sociedade e a economia da 
Antiguidade Clássica. Além de Homero, há também o escritor Hesíodo que, em 
seu poema intitulado Os Trabalhos e os Dias forneceu informações sobre a prá-
tica da agricultura e o comércio marítimo. (CARDOSO, 1998). Neste capítulo, 
iremos conhecer as civilizações responsáveis pela formação do mundo helê-
nico clássico e, ainda, compreender como ocorreu o desenvolvimento do que 
conhecemos como a civilização grega.
10 • capítulo 1
1.3 Grécia: localização geográfica
Geograficamente, a civilização grega surgiu na região da Península Balcânica, 
delimitada por um lado pelo mar Mediterrâneo e, por outro, pela alternância 
de montanhas rochosas e despenhadeiros, além de alguns vales férteis para a 
agricultura. Entretanto, o solo não era propício para o plantio extensivo, devi-
do às condições físicas desfavoráveis. O relevo acidentado, os invernos e verões 
rigorosos, além das longas estiagens, incentivavam os deslocamentos popula-
cionais e, portanto, a expansão grega por outras terras. (FUNARI, 2002, p.10)
Segundo Maria Beatriz Florenzano (1994), fisicamente a civilização gre-
co-romana ocupou toda a bacia do mar Mediterrâneo, alcançando o interior 
da Ásia, Oriente Médio, África do Norte e Europa setentrional. Contudo, a 
Península Balcânica foi o núcleo original da civilização grega. O relevo era um 
obstáculo para a comunicação entre os povos que habitavam aquelas regiões, o 
que impedia o contato constante entre os grupos populacionais.
De acordo com Funari, podemos dividir o território da civilização gre-
ga nas seguintes regiões: a região da Península Balcânica, denominada de 
“Grécia Continental”; a região do Peloponeso, ao sul, denominada de “Grécia 
Peninsular”; a região do mar Egeu, situado na bacia do mar Mediterrâneo, en-
tre a Europa e a Ásia, que engloba as ilhas do mar Egeu, Jônico e Mediterrâneo, 
denominada de “Grécia Insular”; e, por fim, a região que correspondia à costa 
ocidental da Península da Anatólia ou Ásia menor (atual litoral da Turquia) e 
algumas ilhas do mar Egeu, denominada “Grécia Oriental ou Asiática”.
Tróia
Mitilene
Foceia
Éfeso
Mileto
Camiros
Delos
Akrotiri
Cnossos
Filacopi
Esparta
Micenas
Olímpia
Atenas
Erétria
TebasDelfos
Corinto
Argos
Quios
PérgamoLesbos
Samos
Rodes
FRÍGIACALCÍDIA
MACEDÔNIA
ILÍRIA
CRETA
PELOPONESO
ÁTICA
ETÓLIA
TESSÁLIA
ÉPIRO LÍDIA
JÔNIA
CÁRIA
ÁSIA
MENOR
Grécia peninsular
Grécia insular
Grécia continental
Grécia oriental
Pólis gregas
Limites da Grécia antiga
N
0 83 km
Mar
Jônico
Mar
Egeu
capítulo 1 • 11
As ilhas gregas situadas no Mar Egeu eram próximas umas às outras, como 
é possível observarmos no mapa acima. A ilha de Creta era imensa, outras eram 
um pouco menores como as de Rodes e Lesbos, seguidas por inúmeras pe-
quenas ilhas. Os gregos também se fixaram na Jônia, do lado oriental do mar 
Egeu, atual Turquia, e, posteriormente, fundaram cidades na Sicília e na Itália, 
formando a chamada "Magna Grécia". Suas colônias se espalharam por todo o 
Mediterrâneo ocidental, como em Marselha, na França, ou em Emporiae, na 
Espanha. (FUNARI, 2002, p.10-11)
1.4 Grécia: periodização histórica 
A história grega se divide em fases que abarcam desde a formação desta civiliza-
ção, bem como o seu apogeu e declínio. Muitos livros que tratam da história da 
Grécia antiga trabalham com uma periodicidade que tem início com o período 
chamado de Pré-Homérico, que vai de 2000 a.C. a 1200 a.C. Essa fase marca a 
colonização do mundo grego e as migrações dos povos indo-europeus: Aqueus, 
Jônios, Eólios e Dórios, além de corresponder ao desenvolvimento da cultura 
creto-micênica.
Neste livro, focaremos a história da Grécia na Antiguidade a partir dos se-
guintes períodos:
•  Período Homérico (séculos XI-IX a.C.) - Fase de desenvolvimento do ge-
nos, tipo de organização social que agrupava grandes famílias, chefiadas por 
anciões. O nome dado a esse período se refere ao poeta Homero, ao qual se 
atribui a criação das obras Ilíada e Odisseia, importantes fontes para a com-
preensão do mundo grego do século XII a.C. ao século VIII a.C.
•  Período Arcaico (séculos VIII-VI a.C.) - Marca a formação das cidades-Es-
tados gregas, com destaque para Atenas e Esparta.
•  Período Clássico (séculos V-IV a.C.) - Fase de consolidação das cidades
-Estados gregas, do apogeu da cultura grega, de grandes conflitos com os persas 
e de guerras entre os próprios gregos.
•  Período Helenístico (séculos IV-II a.C.) – Este período da histórica gre-
ga foi caracterizado pela ascensão dos macedônios, sobretudo na figura de 
Alexandre. Os horizontes da cultura grega foram alargados ao serem posicio-
nados como suporte para a ideia de império universal cunhada por Alexandre 
da Macedônia. 
12 • capítulo 1
1.5 Grécia: aspectos da colonização
Antes da chegada dos gregos à região denominada Hélade ou Grécia, entre o 
sul do Peloponeso e o Monte Olimpo, o território já era habitado por outros 
povos. No período Neolítico, foram construídos muitos palácios pelos povos da 
região; estes monumentos originaram diversas monarquias, cuja economia era 
predominantemente agrícola e com atividade pastoril. Os primeiros povos que 
formaram a civilização grega alcançaram esse território ao final de 3000 a.C., 
quando iniciou-se forte integração cultural com os habitantes do local. (FUNA-
RI, 2002, p.10-11)
Na Idade dos Metais (mais especificamente no início da Idade do Bronze), o 
contato com os povos da região da Anatólia (situada no extremo oeste da Ásia) 
trouxe novos conhecimentos que levaram à utilização do arado, com conse-
quente ampliação do comércio via mar Mediterrâneo. Por volta de 2000 e 1950 
a.C., a civilização anatólica entrou em declínio devido à chegada dos gregos e 
seu estabelecimento nas ilhas do mar Egeu, região da Ilha de Creta, cuja civili-
zação surgira no final do terceiro milênio antes de Cristo.
Sabemos que povos indo-europeus passaram a ocupar a Península Balcânica 
a partir do século XX a.C. A pluralidade destes grupos subdividiu-se em:
•  Aqueus: os primeiros a chegarem e se concentrarem na região do 
Peloponeso. Como característica de sua atuação, submeteram a população lo-
cal e dedicaram-se à fundação de cidades, tais como, Micenas e Tirinto.
•  Eólios: foram responsáveis pela ocupação de variadas regiões, entre as 
quais se destaca a de Tessália.
•  Jônios: a partir da região da Ática, onde se estabeleceram; foram os res-
ponsáveis pela fundação da cidade de Atenas.
•  Dórios: ocuparam o Peloponeso por volta do século XII a.C. Como resulta-
do desta ocupação, parte da população grega dispersou-se para o interior, para 
as ilhas do mar Egeu e para a costa da Ásia Menor. Este processo de dispersão 
ficou conhecido como Primeira Diáspora grega. Foram tambémos responsá-
veis pela fundação da cidade de Esparta.
capítulo 1 • 13
Tróia
Atenas
Esparta
ÁSIA MENOR
Mar
Jônico
Mar
Egeu
Creta
Jônios e aqueus
Eólios
Dórios
N
0 120 km
Atlas Histórico, São Paulo. Enciclopédia Britânica, 1977.
Os jônios foram os primeiros gregos a ocupar a região. Foram favorecidos 
por sua sociedade militarizada e conseguiram subjugar os antigos cretenses. 
Construíram cidades fortificadas, ainda que sem a sofisticação anterior. Mas não 
tinham desenvolvido a escrita e não deram continuidade ao comércio mediter-
râneo que existia anteriormente. Por volta de 1580 a.C., os jônios foram expulsos 
de parte de seus domínios pelos aqueus e eólios (estes últimos se instalaram na 
Beócia e Tessália), encontrando refúgio nas terras da Ática.(FUNARI, 2002. p.13)
Os aqueus também eram guerreiros originários dos Bálcãs, mas ao se ins-
talarem na Grécia continental sofreram influência cultural dos cretenses, 
terminando por conquistá-los em 1400 a.C., aproximadamente. Os gregos de 
origem aquéia desenvolveram uma civilização centrada em palácios que ficou 
conhecida como Micênica, numa referência à poderosa cidade de Micenas, a 
mais influente de todas que existiram naquela época. Constituíram reinos in-
dependentes em torno de cidades poderosas que se uniam, algumas vezes, por 
interesses comuns e aceitavam obedecer a um único líder. Nesses reinos, o po-
der monárquico forte concentrava riquezas ao abrigo de enormes muralhas, as 
acrópoles, cidades altas ou palácios fortificados. 
Os cretenses possuíam uma sociedade forte e produtiva com grandes palá-
cios, enormes depósitos de alimentos e arquivos contábeis. Funari afirma que 
14 • capítulo 1
os cretenses mantinham contato com o Egito faraônico, o que foi importante 
para a difusão da cultura egípcia:
A escrita cretense, hieroglífica, compunha-se de sinais que marcavam sílabas, mas a 
língua usada pelos cretenses ainda não foi decifrada pelos pesquisadores até hoje 
(...). Sabe-se que a principal cidade de Creta, Cnossos, era um centro administrativo 
monumental. (...) Em meados do segundo milênio, Creta conheceu o apogeu da cha-
mada Talassocrassia minoense, ou seja, o poder marítimo de Creta influenciava toda 
a região. (FUNARI, 2002. p.14)
Cnossos era o principal centro administrativo, político e econômico da ilha 
de Creta. Seus reis eram chamados de Minos, palavra da qual se originou a ex-
pressão civilização minoica, para designar a sociedade desenvolvida naquela 
região. Cnossos exercia a talassocracia (thalassos = mar; cracia = poder), que 
pode ser compreendida como uma espécie de monarquia, na qual o poder se 
baseava no domínio exercido sobre o mar. 
A lenda do Minotauro apresenta estreita ligação com a noção de talassocra-
cia, pois relata que o rei de Creta, chamado Minos, que se vingou da morte de 
seu primogênito exigindo como dádiva a morte de sete meninos e sete meni-
nas atenienses. Esses passaram a ser oferecidos ao Minotauro, “uma criatura 
assustadora, meio homem, meio touro, que os devorava”. O Minotauro vivia 
em um labirinto cuja saída nunca era encontrada, até que Teseu, herói grego, 
conseguiu matá-lo. O estudo desta história lendária nos ajuda a compreender o 
quanto a civilização cretense influenciou os antigos gregos. 
Duas características marcaram a civilização cretense: uma sociedade mi-
litarizada e marcada pela burocracia. Este período é reconhecido por alguns 
estudiosos como despotismo de tipo oriental, ou seja, um poder forte, apoia-
do em uma burocracia centrada nos palácios. Foi ainda neste contexto que se 
consagrou a lendária guerra entre gregos e troianos, conflito que se traduziria 
como o resultado da expansão territorial e militar dos aqueus. Embora a Guerra 
de Tróia seja considerada uma lenda, a descrição de suas batalhas encontra 
procedência histórica com outros conflitos travados pelos gregos e historica-
mente documentados. (BELTRÃO e DAVIDSON, 2010, p.46)
Por volta de 1500 antes de Cristo, os Micênicos (como eram chamados os 
habitantes de Micenas) conquistaram Creta e a civilização micênica passou 
capítulo 1 • 15
por uma fase de grande desenvolvimento. Palácios monumentais apareceram 
a partir do início do século XV a.C. A economia era controlada pelo Estado, da 
vida rural à indústria e comércio, tudo registrado por meio da escrita chamada 
Linear. O comércio marítimo e as expedições de pilhagem contribuíram para 
espalhar a cultura grega pelo Mediterrâneo. A influência de sua cultura esten-
deu-se até a Itália e a Sardenha, o Egito e o Mediterrâneo oriental. (FUNARI, 
2002, p.15)
Tabuleta de escrita linear B micênica (RIBEIRO JR., W.A. A escrita linear B. Portal Graecia 
Antiqua, São Carlos). Disponível em <http://www.greciantiga.org/arquivo.asp?num=0068>. 
Acesso em: 15 mai. 2016.
A escrita micênica foi central para a administração e controle da vida pa-
laciana. De acordo com Funari, “como era administrativa e complicada, era 
conhecida na época apenas por um reduzido número de escribas”. Porém, o 
grego também continuou a ser uma língua utilizada. Houve grande desenvol-
vimento cultural até o ano de 1200 a.C., quando os Dórios invadiram a Grécia e 
houve a progressiva destruição da civilização creto-micênica.
Os dórios ocuparam a região do Peloponeso e da Ilha de Creta, partilhando 
a terra e submetendo os povos conquistados à servidão. Esse povo se estabele-
ceu, sobretudo, na região do Peloponeso, na qual desenvolveram a metalurgia 
do ferro e a produção da cerâmica com decoração geométrica. Às disputas in-
ternas entre os micênicos se somou a chegada dos dórios, que possuíam armas 
de ferro e arrasaram Micenas, causando a Primeira Diáspora (dispersão) grega, 
em direção à Ásia Menor. (FUNARI, 2002,p.15-16)
16 • capítulo 1
1.6 O Período Homérico (XII a.C - VIII a.C.)
Não é possível precisar a história do declínio da civilização micênica, pois as 
fontes arqueológicas são muito escassas. Funari afirma que entre 1100 e 800 
a.C. “a população parece ter diminuído e empobrecido”. Os palácios micênicos 
desapareceram e os historiadores do período afirmam que a população passou 
a viver em aldeias. A cultura creto-micênica, que foi marcada por obras arquite-
tônicas grandiosas, se dissipou. Os escribas, figuras fundamentais para a ma-
nutenção administrativa dos palácios micênicos, perderam sua função social. 
Funari afirma que o escriba foi substituído pela figura do poeta-rapsodo: que 
recitava poesias em público. (FUNARI, 2002, p.15)
Mesmo com o desaparecimento da civilização micênica, as técnicas para o 
cultivo da terra e a fabricação de vasos de cerâmica foram heranças deixadas 
pela cultura do povo micênico. Quanto à religiosidade, os novos povos que se 
instalaram na região adotaram os deuses já existentes. A sociedade se organi-
zou de forma diferente, criando novos valores: “no lugar de palácios, surgia 
uma sociedade com menos hierarquias”, composta por camponeses e guerrei-
ros, além da forte mistura da cultura creto-micênica, indo-europeia e oriental. 
É possível afirmar que foi essa configuração sociocultural que deu origem à 
Grécia clássica. 
A escrita só voltou a ser utilizada mais tarde, no século III a.C., com a ado-
ção do alfabeto, inventado pelos fenícios, para facilitar o comércio. Os gregos 
se adaptaram à escrita alfabética, o que representou um avanço diante dos 
ideogramas que utilizavam antes. Os documentos mais antigos, após a crise 
da civilização creto-micênica, foram as epopeias atribuídas a Homero: Ilíada 
e Odisséia, datadas do século VIII a.C. Ainda há questões a serem resolvidas 
sobre a existência de Homero e sobre as datas de seus poemas. De acordo com 
Moses Finley (FINLEY, 1982), “o nome Homero poderia significar simplesmen-
te poeta, dada a existência de divergências nos poemas, tanto em termos de 
temática e métrica, quanto da própria língua grega”. (BELTRÃO e DAVIDSON, 
2010, p.49-57)
Para Funari, as lendas homéricassão fundamentais para a compreensão do 
mundo grego:
capítulo 1 • 17
As lendas homéricas refletem tanto o mundo de reis e guerreiros do tempo de Mice-
nas quanto os aspectos da própria época em que foram elaboradas, séculos depois. 
As cidades citadas por Homero, escavadas pela Arqueologia, existiram realmente, 
mas os detalhes narrados são invenções poéticas. (...) Os gregos, durante muitos 
séculos, gostaram de poesias, em forma de cânticos, dedicadas a temas míticos. Por 
serem cantadas, podiam ser memorizadas mais facilmente e eram transmitidas por 
muitas gerações. Além disso, os gregos costumavam acompanhar suas declamações 
com instrumentos musicais de corda, o que facilitava ainda mais a memorização. 
(FUNARI, 2002, p.15-16)
Estes temas se tornaram tão populares que em algum momento já ouvi-
mos falar sobre a guerra entre gregos e troianos e sobre a lenda de Aquiles, o 
melhor guerreiro grego que lutou “com o valente troiano chamado Heitor”. O 
poema homérico “A Ilíada” descreve a luta entre Aquiles e Heitor. Funari des-
taca que para capturar Tróia, “os gregos tiveram que recorrer a uma artimanha 
elaborada por Odisseu: um enorme cavalo de madeira, dado como ‘presente’ 
aos troianos”. Escondidos dentro do cavalo estavam muitos guerreiros gregos, 
“enquanto os helênicos (como também eram chamados os gregos) restantes 
aguardavam em uma ilha vizinha”. Após o cair da noite, os guerreiros saíram do 
cavalo e abriram as portas das muralhas da cidade, deixando entrar os outros 
gregos. Os homens troianos foram mortos e as mulheres e crianças foram feitas 
prisioneiras. Segundo Funari, “tantas aventuras assim descritas têm desperta-
do encanto em diversas gerações. Mesmo que a tradução dê apenas uma pálida 
ideia da beleza dos poemas no original, ainda hoje essas obras são atraentes”. 
(FUNARI, 2002, p.16)
O outro poema épico grego é a Odisséia, que narra as aventuras de Odisseu 
durante sua volta à Tróia. Todos que o acompanhavam desapareceram e, tendo 
vivenciado grandes desafios e muitas aventuras, Odisseu foi o único a se salvar, 
“boiando em um pedaço do mastro, enquanto ondas o levaram para a terra”. O 
herói grego chegou finalmente à ilha chamada Ítaca, após dez anos de aventu-
ras. Funari cita o episódio do canto das sereias, como um dos mais interessan-
tes contidos na Odisséia:
18 • capítulo 1
Segundo os gregos, as sereias eram peixes com cabeça de mulher que habitavam 
uma ilha deserta e atraíam os marinheiros para a morte com seu canto irresistível. 
Odisseu, passando perto dessa ilha, fez com que seus marinheiros tapassem seus 
ouvidos com cera, para evitar ser atraído e mandou que o amarrassem no mastro do 
navio, com os ouvidos destapados, sendo, portanto, o único homem a ter ouvido o 
canto das sereias e ter sobrevivido, pois, por mais que o canto delas o enfeitiçasse, 
ele não foi até elas. (FUNARI, 2002, p.17)
É importante ressaltar que os poemas homéricos atravessaram os sécu-
los e chegaram até a contemporaneidade mantendo sua centralidade para o 
conhecimento da história grega. Em boa parte do mundo ocidental, a Ilíada 
e a Odisséia fazem parte do conteúdo ensinado nas escolas, desde o Ensino 
Fundamental. Além disso, o cinema já produziu filmes grandiosos sobre os 
gregos, inspirados nos poemas de Homero.
Em seus poemas, a vida era organizada em torno do oikós, palavra cuja 
tradução significa “casa”. Segundo Beltrão e Davidson, a casa dos relatos ho-
méricos não era a mesma coisa do que uma “casa” brasileira da atualidade. A 
noção de casa era muito mais ampla e envolvia a concepção de “uma unidade 
econômica, uma unidade de consumo e de produção, que era o centro da vida 
de uma família e de seus escravos”. O chefe do oikós era chamado de basileu, 
entretanto, essa figura que assumia a chefia do oikós não se portava mais como 
os antigos soberanos micênicos. (BELTRÃO e DAVIDSON, 2010, p.76)
1.7 O período Arcaico (VIII a. C - VI a.C): formação da cidade-Estado
As cidades-Estados gregas surgiram no período denominado Arcaico, marcado 
pelo fim da burocracia palaciana de Micenas (estrutura administrativa e polí-
tica dos palácios micênicos) e pelo fim do militarismo. Somente os aristocra-
tas, chefes dos oikós, passaram a ter o direito de portar armas e combater. As 
partes que formavam o território grego passaram por transformações que as 
impactaram com intensidade diferenciada. Algumas regiões ficaram estagna-
das, enquanto outras, como a região da Ática se desenvolveram econômica e 
politicamente, alcançando grande destaque. 
capítulo 1 • 19
Beltrão e Davidson afirmam que “pólis é um termo de raiz indo-europeia, 
encontrado em outras línguas com a mesma origem, sempre com o sentido de 
uma colina fortificada, uma cidadela”. Contudo, somente no período arcaico 
que o significado de pólis vai se transformar em cidade. Desde o auge da civili-
zação micênica até o aparecimento dos oikós o significado da palavra pólis foi 
se construindo como sinônimo de cidade. Sua principal característica era sua 
forma de governo “colegiada” e não mais monárquica. O rei não teria mais o 
mesmo poder de antes, exercendo muitas vezes uma função somente religiosa. 
(BELTRÃO e DAVIDSON, 2010, p.86-87)
A autoridade real passa a ser exercida por um conselho composto somente 
pelos membros da aristocracia militar, chefes dos gene (grande conjunto de 
famílias). O território da cidade era dividido entres esses chefes, cada aldeia 
passou a ser denominada demos. Os aristocratas apropriaram-se do controle 
das pólis e se incumbiram da administração da justiça que faziam em nome de 
um direito tradicional.
Essa configuração política deu origem ao regime aristocrático, um tipo de 
governo composto por três instâncias decisórias: os magistrados, o conselho e 
a assembleia. Nas mãos da aristocracia estava “o exercício das magistraturas 
e a composição do conselho, órgão que, no início, concentrava todas as deci-
sões importantes”:
Na assembleia (ecclesia), tinham assento todos os homens livres adultos, como os 
demiourgoi, que prestavam serviços à comunidade; os georgoi, ou seja, os pequenos 
proprietários de terras e os thetes, pessoas livres sem qualquer posse ou qualificação 
profissional (...). Fisicamente falando, uma pólis é um pequeno agrupamento humano 
soberano que compreende uma cidade e o campo ao redor e, eventualmente, alguns 
povoados urbanos secundários. (BELTRÃO e DAVIDSON, 2010, p.88)
Uma pólis era formada pelo demos (povo), aqui compreendido como um 
conjunto de indivíduos que partilhavam dos mesmos costumes fundamentais 
e que aglutinavam-se por um culto comum direcionado às mesmas divindades 
protetoras. A pólis podia ser formada por várias tribos cuja divisão se dava em 
diversas fratrias e estas em gene. Os que não assinalavam participação a ne-
nhum destes grupos eram intitulados de estrangeiros (xenoi) e estavam ausen-
tes de direitos e de proteção. 
20 • capítulo 1
A ampliação do comércio com o Oriente contribuiu para fortalecer a aris-
tocracia, pois era o único grupo com excedentes para realizar as trocas econô-
micas. Iam aos lugares mais distantes e, em suas expedições, traziam objetos 
raros e muito valiosos, reforçando seu poder econômico e político. Estas trocas 
influenciaram no surgimento e consolidação de um novo grupo de homens que 
eram diferentes à cidade, ou saídos da velha aristocracia, que possuíam rendi-
mentos provenientes diretamente do comércio. Esse grupo fazia sua riqueza no 
acúmulo de moedas, dado que se insere no contexto histórico do século VII a.C.
A difusão do uso da moeda impactou o mundo grego em dois sentidos: co-
mercialmente, para facilitar as trocas e politicamente, já que as cidades-Esta-
dos cunhavam suas próprias moedas. A terra se tornou um bem ainda mais im-
portante, concentrado nas mãos de quem detinha poder, a aristocracia. Com o 
crescimento demográfico surgiu a crise agrária, que deixou os camponeses em 
uma situaçãomiserável. Aqueles que não faziam parte da aristocracia busca-
vam novas terras para se instalar, na tentativa de sobreviver. O processo de con-
centração de terras entre os mais ricos não foi pacífico, mas ocorreu em meio a 
uma série de conflitos entre aristocratas e camponeses. Para manter a ordem, a 
antiga cavalaria aristocrática foi substituída por uma infantaria formada pelos 
hoplitas, nome derivado de hoplon: um escudo utilizado pelos guerreiros. 
Segundo Beltrão e Davidson:
(...) tudo concorre para abalar o poder da aristocracia dos gene, e a segunda metade 
do século VI a.C. são anos muito turbulentos na história do mundo grego. A crise 
não é igual em todo o lado. Mas, pouco a pouco, assiste-se por toda a parte a um 
fenômeno duplo: 1. a redação das leis – a substituição de um direito consuetudinário, 
do qual apenas a aristocracia era conhecedora, por uma lei escrita, isto é, que podia 
ser conhecida por todos; 2. o alargamento do corpo cívico – os hoplitas formando, de 
agora em diante, ao lado do conselho aristocrático, a assembleia que nem sempre era 
dotada do poder soberano, mas representava o povo em face da aristocracia. 
(BELTRÃO e DAVIDSON, 2010, p.91-93)
Em Atenas, as leis eram criadas pelos homens mais importantes, os chama-
dos tiranos (ou "senhores", em grego) e representavam o único meio de limitar 
o poder da aristocracia. Entre os séculos VII e VI houve vários tiranos que foram 
responsáveis por leis que resultaram na ampliação dos direitos políticos dos 
capítulo 1 • 21
cidadãos. Para Funari, estas transformações “que tendiam para a democracia 
(governo do povo) ocorreram principalmente nas cidades marítimas e mais vol-
tadas para o comércio”. Entretanto, em razão da distância entre as pólis, em 
algumas regiões se manteve o regime aristocrático (governo dos melhores, os 
nobres) ao invés da tirania. (FUNARI, 2002, p.18-19)
A civilização grega foi formada por povos indo-europeus que se estabelece-
ram na Península Balcânica mais ou menos em 2000 a.C. Do período homérico 
ao período arcaico, uma série de mudanças levaram ao aparecimento das pólis: 
um tipo de organização social e política que se espalhou pela Grécia a partir 
do século VIII a.C. Mas as cidades-Estados apresentavam algumas diferenças 
quanto às suas características sociais e políticas. Os aspectos geográficos in-
fluenciaram o desenvolvimento de atividades comerciais específicas a cada 
cidade-Estado. 
A hierarquização social decorrente da acumulação de terras e, posterior-
mente, de dinheiro (através da difusão da moeda) gerou diferentes grupos de 
poder e diversos tipos de governo, como a tirania e a democracia. No próximo 
capítulo, iremos conhecer quais os tipos de governo e como se organizava a so-
ciedade das cidades-Estados de Atenas e Esparta, as mais importantes do mun-
do grego.
ATIVIDADES
01. “A escrita cretense, hieroglífica, compunha-se de sinais que marcavam sílabas, mas a 
língua usada pelos cretenses ainda não foi decifrada pelos pesquisadores até hoje [...]. Sa-
be-se que a principal cidade de Creta, Cnossos, era um centro administrativo monumental. 
[...] Em meados do segundo milênio, Creta conheceu o apogeu da chamada Talassocrassia 
minoense [...]”. (FUNARI, 2002. p.14)
Podemos afirmar que Talassocrassia refere-se:
a) a um tipo de governo em que o rei sustentava-se no trono pelo apoio recebido 
dos camponeses.
b) à forma de governo que os dórios implantaram sobre a Grécia ao fundarem a monar-
quia Micênica.
c) a uma forma de governo monárquico em que o poder baseava-se no domínio exercido 
sobre o mar. 
22 • capítulo 1
d) a uma forma de governo democrático no qual o poder da aristocracia buscava o apoio 
da população livre.
e) a um período da história grega no qual o poder político foi exercido por líderes tiranos e 
contido pelas reformas.
02. (ENADE História, 2011) Ao estudar o período Homérico, a partir dos poemas de Home-
ro, a Ilíada e a Odisséia, Moses Israel Finley alinhavou um conjunto de categorias e conceitos 
para a reflexão histórica da sociedade grega à época. 
No texto abaixo, do seu livro Mundo de Ulisses, publicado, pela primeira vez, em 1954, o 
autor define o conceito de oikós como unidade política, cultural e socioeconômica do período.
“A casa patriarcal, o oikós, era o centro à volta do qual a vida se organizava e de onde 
provinham não somente a satisfação das necessidades materiais, incluindo a segurança, mas 
também as normas e os valores éticos, as ocupações, as obrigações e as responsabilidades, 
os vínculos sociais e as relações com os deuses. O oikós não era simplesmente a família; 
compreendia todas as pessoas da casa com seus haveres; daí resulta que a “economia” (da 
forma latinizada, oecus), a arte de administrar um oikós, significava explorar um domínio, e 
não conseguir manter a paz na família”. (FINLEY, M. I. O mundo de Ulisses. 3 ed. Lisboa: 
Editorial Presença, 1988, p. 55.)
 
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Ulisses y Penélope (Museu do Louvre), terracota procedente de Milo (450 a.C.). Penépole e 
os pretendentes, de John William Waterhouse, de 1912.
Acima, destacam-se duas ilustrações que representam Penépole no exercício de um dos 
seus ofícios. Nelas, podem ser identificados alguns dos elementos constitutivos do oikós e 
apontados outros a partir das investigações e reflexões históricas de Moses Israel Finley. 
Nessa perspectiva, analise as afirmações a seguir.
capítulo 1 • 23
I. Os thes eram trabalhadores especializados que realizavam serviços para o oikós, como 
carpinteiros, ourives, aedos, oleiros, sendo pagos normalmente pelas tarefas realizadas. 
II. Os demiurgos eram trabalhadores sem especialização e sem vínculo com o oikós, viven-
do da vontade alheia para arranjar algum serviço em troca de comida, vestimenta e dormida. 
III. O chefe do oikós se voltava para as atividades políticas e guerreiras e a sua esposa se 
voltava para os afazeres domésticos e a administração da casa. 
IV. O celeiro era uma dependência do oikós, onde eram guardados todos os bens da família, 
configurando-se um processo de entesouramento. 
V. O sistema de dom e contra dom ou dádiva e contra dádiva configurava um sistema de 
trocas mercantis entre os oikós e os comerciantes estrangeiros (os bárbaros). 
VI. Os saques e pilhagens eram expedientes utilizados pelos chefes dos oikós para obten-
ção daquilo que não podiam produzir ou obter para suas casas. 
Apresenta características do oikós, no período Homérico, apenas o afirmado em:
a) I, II e V.
b) III, IV e VI. 
c) I, II, III e IV.
d) I, III, V e VI. 
e) II, IV, V e VI.
REFLEXÃO
Neste capítulo, abordou-se aspectos importantes que fomentaram estudos diversificados 
sobre a Antiguidade no Ocidente. Iniciou-se esta abordagem pelo conceito de Antiguidade 
Ocidental, e explicou-se como ele está marcado pela sociedade grega e romana, cuja exis-
tência se deu dentro do espaço de tempo que abarcou os séculos XV a.C e V d.C. 
No prosseguimento da análise, chamou-se a atenção para o caráter múltiplo que a base 
de vestígios que constituem o conjunto de fontes utilizadas para o estudo da sociedade an-
tiga, está caracterizada. Por este prisma, incluem-se artefatos arqueológicos, monumentos e 
textos de diversos matizes, sobretudo os poemas de Homero, a Ilíada e Odisseia. 
As características que a geografia da Península Balcânica apresentava na Antiguidade, 
somado ao caráter multiétnico dos povos que a ocuparam, contribuíram para a formação his-
tórica das diferentes regiões da Grécia. Desta forma, procurou-se apresentar aquilo que se 
conhece como Grécia Continental, entendida fundamentalmente pelo território da Península 
Balcânica; a Grécia Peninsular, entendida como espaço da região do Peloponeso; a Grécia 
Insular, compreendida pelas ilhas que compõem o mar Egeu; e a Grécia Oriental ou Asiática, 
referida pelas colônias gregas formadas na região da Anatólia. 
24 • capítulo1
Foi igualmente importante estudar sobre a invasão dos dórios, que culminou na desa-
gregação da civilização micênica, fazendo a vida social e econômica grega girar em tono do 
oikós aristocrático, período reconhecido como Homérico. Por outro lado, a partir do século 
VIII a.C., demonstrou-se o florescimento da cidade-Estado grega, a pólis. Neste período, inti-
tulado de Arcaico, desenvolveu-se o comércio, formaram-se colônias, surgiram as tiranias e 
as reformas, como as de Sólon.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BELTRÃO, Claudia; DAVIDSON, Jorge. História antiga. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2010. 
Volume 2.
CARDOSO, Ciro Flamarion. A Cidade-Estado Antiga. São Paulo: Ática, 1985 (col. Princípios nº 39).
FINLEY, Moses I. A economia antiga. Porto: Afrontamento, 1980.
FUNARI, P. P. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2001. 
As cidades-estados 
gregas
2
26 • capítulo 2
2. As cidades-estados gregas
O presente capítulo aborda a estrutura social, política e econômica das cidades
-Estados entre os anos 500 e 400 a.C., com destaque para os diversos tipos de 
governo existentes. Atenas e Esparta constituem, por seu papel central na eco-
nomia e política da Grécia Antiga, parte importante deste capítulo, por isso, as 
características gerais e particulares destas duas cidades-Estados gregas foram 
enfatizadas. 
OBJETIVOS
•  Apresentar as características principais do sistema políade grego; 
•  Compreender as peculiaridades que diferenciavam os distintos modelos políticos gregos, a 
democracia, a demagogia, a aristocracia, a oligarquia, a monarquia e a tirania;
•  Identificar as especificidades presentes na organização política das duas principais poleis 
gregas, Atenas e Esparta; 
•  Abordar os elementos que opunham Atenas e Esparta, gerando conflitos entre estas duas 
cidades-Estados;
•  Indicar os distintos grupos que participaram da ocupação inicial da Península Balcânica e 
as respectivas fases que estes processos geraram;
•  Explicitar a relação entre os gregos e os outros povos, marcadas por disputas de territórios; 
•  Compreender a relação entre o conflito do Peloponeso e a desintegração do mundo po-
líade grego.
2.1 A formação do mundo políade - Período clássico (V - IV a.C)
Segundo Ciro Flamarion Cardoso, “a cidade-estado antiga é uma dessas noções 
que, uma vez assimiladas, são entendidas e aplicadas sem dificuldade, mas que 
são difíceis de definir em poucas palavras de maneira adequada e convincen-
te”. Um ateniense, por exemplo, pertencia sucessivamente a uma família exten-
sa (genos), a uma fratria, a uma tribo e por fim à cidade-Estado; e um romano, 
analogamente, pertencia a uma família extensa (gens), a uma cúria, a uma tribo 
e à cidade-Estado. (CARDOSO, 1985)
Segundo Cardoso, o estado ateniense polarizava-se entre os cidadãos e os 
não cidadãos. Compondo o primeiro grupo, estava a aristocracia ateniense e o 
capítulo 2 • 27
segundo, mais heterogêneo, certas categorias que não usufruíam do título de 
cidadãos, como os metecos - estrangeiros residentes. O autor destaca algumas 
características comuns desta cidade-Estado: 
•  A tripartição do governo em uma ou mais assembleias, um ou mais con-
selhos, e certo número de magistrados escolhidos - quase sempre anualmente 
– entre os homens elegíveis;
•  A participação direta dos cidadãos no processo político: a noção de cidade
-estado implica a existência de decisões coletivas, votadas depois de discussão 
(nos conselhos e/ou nas assembleias), que eram obrigatórias para toda a comu-
nidade, o que quer dizer que os cidadãos com plenos direitos eram soberanos; 
•  A inexistência de uma separação absoluta entre órgãos de governo e de 
justiça, e o fato de que a religião e os sacerdócios integravam o aparelho de 
Estado. (CARDOSO, 1985, p.7).
Sobre a organização política, ainda que existisse a divisão em três instân-
cias, assembleia(s), conselho(s) e magistraturas, havia também vários nomes 
e diferentes formas de composição ou escolha dos membros que participavam 
desses grupos de decisão. Cardoso afirma que as diferentes cidades-Estados 
apresentavam particularidades relacionadas às formas de participação polí-
tica. As distinções ligadas à participação na vida da pólis não eram somente 
econômicas, mas também jurídicas: nascidos livres, escravos, libertos, estran-
geiros, cidadãos, são algumas das categorias da época. (CARDOSO, 1985, p.8)
Segundo Funari, os historiadores concordam que existiam diversas classes 
sociais e os conflitos não aconteciam apenas entre senhores e escravos, mas 
também, como em Atenas, entre a aristocracia dona de terras e os camponeses: 
(...) os camponeses sempre estavam às voltas com dívidas e podiam sofrer com as 
guerras, por terem suas terras invadidas, enquanto os grandes proprietários podiam 
lucrar tanto com o endividamento camponês, como com os saques e conquistas 
militares. Ou seja, no interior do mesmo corpo de cidadãos havia conflitos de classes, 
lutas de interesses entre os "muitos" (plethos), os camponeses e artesãos e os "pou-
cos", os aristocratas. (FUNARI, 2002, p.47)
Participar da vida pública da cidade-Estado não era tão simples; ser cida-
dão implicava em cumprir uma série de pré-requisitos. A participação em 
28 • capítulo 2
assembleias e no exército também dependia do lugar ocupado pelo indivíduo 
naquela sociedade. Os camponeses se tornavam soldados no verão; mulheres 
e crianças estavam excluídas da vida pública. Assim como os estrangeiros que 
moravam na cidade e os escravos. (FUNARI, 2002, p.49)
2.2 A diversidade de modelos políticos: democracia, demagogia, 
aristocracia, oligarquia, monarquia e tirania
De acordo com Pedro Paulo Funari, na Grécia antiga as formas de governo ou os 
regimes políticos dependiam das tradições de cada cidade-Estado, o que é cha-
mado de pátrios politeia - "tradições ancestrais". Os principais tipos de governo 
foram a democracia, demagogia, aristocracia, oligarquia, monarquia e tirania. 
Filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles, estabeleceram diversas reflexões 
sobre a política grega, definindo as formas de governo e estabelecendo suas 
características. Aristóteles, por exemplo, afirmava que “a tirania é o governo de 
um só homem em benefício do governante, a oligarquia em benefício do rico, 
a democracia em benefício do pobre” (BELTRÃO e DAVIDSON, 2010, p.129). 
O termo democracia é um conceito surgido na Grécia Antiga. Democracia, em 
grego, quer dizer "poder do povo", à diferença de "poder de um", a monarquia, 
ou o "poder de poucos", a oligarquia ou aristocracia. 
No período arcaico predominou a monarquia como principal forma de go-
verno. Os reis monopolizavam o poder e o exerciam em benefício próprio. Com 
o surgimento das pólis, a estrutura política passou por uma série de transfor-
mações que desestabilizaram a monarquia. A noção de comunidade cívica e de 
cidadania ultrapassou os limites da aristocracia e alcançou uma parte maior 
da população grega. Mesmo em Esparta, com um governo oligárquico, houve a 
ampliação do corpo social, principalmente ao fim do Período Homérico e início 
do Período Clássico. A participação nas decisões da pólis, mesmo consideran-
do as diferenças entre os governos de Esparta e Atenas, criou novos paradigmas 
pautados pela ideia de cidadania. À medida que se desenvolvia a experiência da 
pólis, “seja oligárquica, seja democrática”, uma nova forma de política redefi-
niu os sistemas de governo gregos. (BELTRÃO e DAVIDSON, 2010, p.129)
Abaixo, temos as definições dos tipos de governo existentes na Grécia antiga:
•  Democracia: segundo a teoria aristotélica, a Democracia era o governo do 
povo, de todos os cidadãos, ou seja, de todos aqueles que gozam dos direitos de 
cidadania. (BOBBIO et al, 1998, p.319);
capítulo 2 • 29
•  Demagogia: não é propriamente uma forma de governo e não constitui um 
regime político, é, porém, uma prática política que se apóia na base das massas, 
estimulando suas aspiraçõesirracionais e elementares, desviando-a da sua real e 
consciente participação ativa na vida política. (BOBBIO et al, 1998, p.318);
•  Aristocracia: governo dos melhores, aquela em que o poder (krátos = domí-
nio, comando) está nas mãos dos áristoi, os melhores. (BOBBIO et al, 1998, p.57);
•  Oligarquia: significa etimologicamente "governo de poucos", mas, nos 
clássicos do pensamento político grego que transmitiram o termo à filosofia po-
lítica subsequente, a mesma palavra tem muitas vezes o significado mais espe-
cífico e eticamente negativo de "Governo dos ricos", para o qual se usa hoje um 
termo de origem igualmente grega, "plutocracia". (BOBBIO et al, 1998, p.835);
•  Monarquia: sistema de dirigir a res publica (a coisa pública) que se cen-
traliza estavelmente numa só pessoa investida de poderes especialíssimos, 
exatamente monárquicos, que a colocam claramente acima de todo o conjunto 
dos governados. Fundado em bases hereditárias e dotado de atribuições que a 
tradição define com o termo de soberania. (BOBBIO et al, 1998, p.776);
•  Tirania: o tirano era um chefe de uma facção política, que impunha com 
a força o próprio poder a todos os outros partidos. Os tiranos exerciam um co-
mando arbitrário e ilimitado, recorrendo amplamente a instrumentos coerci-
tivos. O governo dos tiranos não tinha legitimidade, sendo utilizado na Grécia 
antiga somente em casos extremos. (BOBBIO et al, 1998, p.371).
2.3 Atenas x Esparta: Estudos de caso
Segundo Funari, “a cidade de Esparta localizava-se na região da Lacônia, a su-
deste da península do Peloponeso, cortada pelo rio Eurotas, num vale cerca-
do por altas montanhas de difícil transposição”. Os depósitos de minerais da 
área se tornaram uma importante fonte de recursos, como também as terras 
férteis para o plantio de cereais, oliveiras e vinhas, além de boas pastagens. De-
vido à geografia da região, Esparta não tinha no comércio sua principal ativida-
de econômica.
Esparta foi fundada pelos dórios no século IX a.C. e dominaram outras 
regiões próximas. Os dórios transformavam seus conquistados em servos, os 
hilotas (aprisionados em grego). Os espartanos tinham suas terras cultivadas 
pelos hilotas, que eram obrigados a dar uma porcentagem do que colhiam aos 
donos da terra. Sem direitos e subjugados, viviam para servir, diferente dos 
30 • capítulo 2
espartanos, os “iguais”, que eram proibidos de trabalhar e dedicavam-se aos 
assuntos da cidade. Os hilotas se revoltavam constantemente contra essa situa-
ção, o que gerava muitas batalhas entre hilotas e espartanos. (FUNARI, 2002, 
p.27-28)
Ao final do século VII a.C., devido às guerras de conquista, Esparta domina-
va um terço do Peloponeso, o que se modificou no decorrer do século VI a.C., 
devido às ameaças de invasão. Desta forma, a cidade se fechou às influências 
estrangeiras, às artes, às novidades e às transformações e, conforme afirma 
Funari, adotou “costumes rígidos e uma disciplina atroz a fim de manter intac-
ta a ordem estabelecida”.
Esparta era governada por um grupo pequeno de dirigentes, que compu-
nham a Gerúsia (conselho e tribunal supremos, "Senado"). A Gerúsia (cuja 
tradução é "conjunto de velhos") era formada por dois reis, descendentes das 
duas famílias mais poderosas da cidade. Além dos reis, a Gerúsia contava com 
28 anciãos (os senadores ou gerontes), cuja escolha se dava entre os nobres 
de nascimento com mais de sessenta anos. Os cinco éforos (uma espécie de 
prefeito), que também compunham a Gerúsia eram escolhidos pelos senado-
res. Entretanto, as decisões eram manipuladas a fim de favorecer a um peque-
no grupo de cidadãos que, com seu poder e influência, fazia prevalecer seus 
interesses. 
Os homens eram chamados de esparciatas e se dedicavam sazonalmente à 
guerra: 
Os meninos espartanos tinham uma educação militar rígida. Nada mais sisudo do que 
o modo de vida de Esparta. Nesta sociedade de ferro, desde a mais tenra infância, os 
garotos eram criados como futuros guerreiros, submetidos a condições muito duras, 
tanto para seu corpo como para seu espírito, de maneira a se tornarem pessoas extre-
mamente resistentes e, por isso, se usa, até hoje, o adjetivo "espartano" para designar a 
sobriedade, o rigor e a severidade. Ficavam todo o tempo treinando para a guerra. Para 
aprenderem a suportar a dor, os meninos eram chicoteados até sangrarem e eram ensi-
nados a serem cruéis, desde garotos, caçando e matando hilotas. (FUNARI, 2002, p.30)
A sociedade espartana era rígida, pois o objetivo era transformar os meni-
nos em guerreiros. Eram os anciões que avaliavam a criança ao nascer e eram 
capítulo 2 • 31
muito respeitados, os mais jovens deviam obedecê-los sem reclamar. Se o me-
nino fosse saudável mantinha-se vivo, caso contrário era jogado de um desfila-
deiro. Aos sete anos, deixavam suas mães para viverem em grupo e iniciar sua 
formação militar. Ler e escrever não eram prioridade, pois deviam se tornar 
soldados disciplinados e cidadãos submissos, focando-se no aprendizado mi-
litar. O homem espartano se casava aos trinta anos, quando passava a ter cer-
ta autonomia. Mas só aos sessenta anos podia ser liberado de suas obrigações 
militares. 
Atenas, uma das mais importantes cidades-Estados gregas, era comple-
tamente diferente de Esparta. Situada na Ática, a sudeste da península grega 
central, tinha solo árido e não produzia o suficiente para alimentar sua popula-
ção. Contudo, nas colinas plantavam-se oliveiras e uvas e, desde o século VIII, 
o azeite e o vinho foram produtos importantes para a economia ateniense. A 
mineração de prata e o comércio marítimo também eram fundamentais para a 
economia de Atenas. O território ateniense era imenso, pois Atenas conseguiu 
incorporar toda a península da Ática no século VIII a.C.
Atenas foi governada pela aristocracia, do século IX ao VI, grupo social que 
detinha a maior parte das terras e eram denominados eupátridas ("bem nasci-
dos") ou nobres. Já os pobres, pequenos camponeses e artesãos viviam na mi-
séria e endividados; vulneráveis socialmente, muitos se tornavam escravos por 
dívida. O comércio com o Oriente e uma diversidade de povos fez surgir outro 
grupo social, o dos comerciantes, que ganharam grande poder econômico.
Aos poucos, os comerciantes começaram a exigir direitos políticos aos aris-
tocratas. Os conflitos foram solucionados através do “Código de Drácon”, que 
segundo Funari teria sido feito por volta de 620 a.C. Outro legislador impor-
tante de Atenas foi Sólon (594 a.C), um arconte ateniense responsável pelo de-
senvolvimento econômico da indústria e do comércio. Sólon cancelou dívidas 
dos cidadãos pobres e acabou com o sistema de escravidão por dívidas. A as-
sembleia popular dos cidadãos (Eclésia) ampliou seu poder de decisão, pois to-
dos os cidadãos passaram a ter direito de participar da Eclésia. (FUNARI, 2002, 
p.32-33)
Além das medidas anteriores, Sólon criou outro conselho, a Bulé, um tipo 
de tribunal popular, que iria contribuir para o desenvolvimento da democra-
cia ateniense. É importante lembrar que o regime aristocrático não se rompeu 
de repente em Atenas, já que até o estabelecimento do regime democrático, os 
32 • capítulo 2
atenienses passaram por várias mudanças políticas. A busca pela democracia 
envolveu o confronto direto com os aristocratas, que não aceitavam tais mu-
danças. Foi o poder dos comerciantes que permitiu o enfraquecimento polí-
tico dos grandes proprietários rurais. Até mesmo os camponeses ampliaram 
sua participação social, em um período de transformação econômica, devido 
às atividades comerciais e, também, de transformação social. 
Entretanto, a distribuição da justiça ainda estava nas mãos da aristocracia, 
única que podia administrar a justiça. Na prática, os aristocratas faziam de tudo 
para impedir a realização das assembleias, como a Eclésia e a Bulé. Na Ágora, 
uma espécie de praça pública onde aconteciam as assembleias, o povo passoua 
apoiar os melhores oradores que criticavam o regime aristocrático. Logo, estes 
acabaram se tornando governantes e iniciando o governo dos tiranos. 
Funari afirma que as tiranias “constituíram a transição crucial para a pólis 
clássica”. Os tiranos eram pessoas que haviam acumulado riquezas a partir do 
comércio marítimo no Mediterrâneo e lutaram por maior participação política. 
Um exemplo de tirano ateniense foi Pisístrato (560 e 527 a.C.), um aristocra-
ta que enfrentou a oligarquia dominante e que detinha grande apoio do povo. 
Ele governou de modo absoluto e foi sucedido por seus dois filhos; a cidade de 
Atenas se desenvolveu cultural e economicamente: foi encomendada a transcri-
ção das obras Ilíada e Odisséia, confiscadas as grandes propriedades dos oligar-
cas e distribuídas terras aos pequenos proprietários. (FINLEY,1988, p.37-39).
As medidas tomadas por Sólon e Pisístrato não foram suficientes para 
acabar com o poder dos aristocratas, que ainda controlavam parte da política 
ateniense. Surgiu, então, Clístenes, político de uma família importante, que 
buscou tirar os privilégios políticos da aristocracia ao mudar o sistema no qual 
votavam e o modelo de representação política. A bulé “passou a ter quinhentos 
membros, escolhidos por sorteio, o campo foi dividido em tritias (três por tri-
bo)”, o que possibilitou a qualquer cidadão se alistar em um demos e votar na 
assembleia. O ostracismo também foi criado por Clístenes e, de acordo com 
ele, os atenienses puderam votar o exílio de indivíduos por um período de dez 
anos, “caso sua presença fosse considerada uma ameaça à liberdade dos cida-
dãos”. (FUNARI, 2001, p.34)
A democracia ateniense era direta: todos os cidadãos podiam participar da 
assembleia do povo (Eclésia), que tomava as decisões relativas aos assuntos po-
líticos, em praça pública. Contudo, alerta Funari:
capítulo 2 • 33
(...) é bom deixar bem claro que o regime democrático ateniense tinha os seus limites. Em 
Atenas, eram considerados cidadãos apenas os homens adultos (com mais de 18 anos 
de idade) nascidos de pai e mãe atenienses. Apenas pessoas com esses atributos podiam 
participar do governo democrático ateniense, o regime político do "povo soberano". Os 
cidadãos tinham três direitos essenciais: liberdade individual, igualdade com relação aos 
outros cidadãos perante a lei e direito a falar na assembleia. (FUNARI, 2001, p.35)
Em Atenas eram os líderes os responsáveis por conduzirem as reuniões. Ainda 
assim, as decisões eram tomadas pelo conjunto de cidadãos. Depois de uma de-
cisão aprovada, não cabia apelação. Era a Bulé ou Senado, que analisava tais de-
cisões, para evitar qualquer tipo de fraude. Para compor a Bulé, eram sorteados 
quinhentos cidadãos, homens, com no mínimo trinta anos de idade. Funari afir-
ma que “em Atenas, o nome Bulé remete à troca de ideias”. (2002, p.35-36)
2.4 A economia no mundo grego
No período arcaico, a economia era agrícola e pastoril. As terras e os rebanhos 
pertenciam a grandes proprietários. Essa nobreza ou aristocracia da terra foi 
quem conquistou poder econômico e político. Segundo Funari, “formavam um 
conselho soberano e administravam a justiça em nome de um direito tradicio-
nal pautado por regras mantidas em segredo”. A agricultura era de base fami-
liar, com divisões de tarefas entre homens e mulheres. (FUNARI, 2002, p.25)
As trocas tiveram seu início no período homérico, no qual pastores trocavam 
a lã e o leite de seus gados por produtos que não possuíam. O comércio marí-
timo se desenvolveu, principalmente, para obtenção de produtos alimentícios 
que os gregos não conseguiam produzir. Azeite, vinho, tecidos, armas de bron-
ze, joias e a cerâmica eram os principais produtos de exportação. A busca por 
novas terras, através da colonização, contribuiu para o fortalecimento da ativi-
dade comercial, que teve na cunhagem de moedas seu impulso fundamental. 
As ligações comerciais entre regiões distantes, resultado do processo de 
colonização, aumentou o número de cidades e muitas delas exerciam grande 
influência em lugares bem distantes da Grécia. A cerâmica grega alcançou um 
nível primoroso de produção, tornando-se extremamente importante para o 
comércio. Os vasos de Corinto e de Atenas, que se tornaram produtos de expor-
tação, reforçaram a centralidade do comércio marítimo, que colocou os comer-
ciantes na condição de um grupo poderoso, dono de riquezas e poder. 
34 • capítulo 2
2.4.1 Os conflitos internos e externos
Sabemos que, até aqui, existiram uma diversidade de conflitos internos e exter-
nos, revoltas e guerras: entre gregos e persas, entre a aristocracia e os campo-
neses, entre hilotas e espartanos. Esparta, por exemplo, enfrentou uma revolta 
dos hilotas no século VII a.C., na Messênia, que durou vários anos. Dentre as 
guerras mais grandiosas, narradas pelo historiador grego Heródoto (500 a.C), 
estão as Guerras Médicas e a Guerra do Peloponeso. 
No início do século V a.C., devido ao avanço da dominação persa sobre as 
cidades jônicas (colônias gregas na região da atual Turquia), o comércio grego 
na região foi prejudicado, o que levou à guerra. A Primeira Guerra Médica ocor-
reu em 490 a.C. e a Segunda Guerra Médica, entre 480 e 479 a.C. As conquistas 
do rei Ciro, que iam do Irã até a Ásia Menor, desencadearam a primeira Guerra 
Médica. 
O filho de Ciro, Cambises, além de consolidar as conquistas de seu pai, 
estendeu o domínio persa até o Egito. As cidades helênicas de Mileto e Éfeso, 
localizadas na região da Ásia Menor, se viram ameaçadas pelo Império Persa 
e pediram ajuda a Atenas. (BELTRÃO e DAVIDSON, 2010, p.109) Atenas organi-
zou, então, a “Liga de Delos”: união de várias cidades-Estados e que era liderada 
por Atenas. A conhecida Baralha de Maratona, ocorrida entre os soldados do rei 
persa Dario e os hoplitas atenienses, foi um dos confrontos no qual os gregos 
triunfaram, obrigando Dario a recuar. 
Contudo, em 480 a.C., Xerxes (filho de Dario) atacou novamente a região 
da Ásia Menor, dando origem à Segunda Guerra Médica. Desta vez, formou-se 
outra coalizão, liderada por Esparta, conhecida como a Liga do Peloponeso. Foi 
nessa fase da guerra que aconteceu a mais famosa das batalhas narradas por 
Heródoto: a “Batalha das Termópilas”:
(...) O rei Leônidas, que organizou a barreira aos persas no desfiladeiro das Termópilas, 
não conseguiu impedir o avanço persa, mas conseguiu tempo suficiente para Atenas 
organizar, com o general Temístocles, uma estratégia para a defesa da Hélade. O 
confronto final foi em Salamina, em uma batalha vencida pelos gregos. Outro docu-
mento textual sobre as Guerras Médicas, rico de significados, é a tragédia Os persas, 
de Ésquilo, que conta o triunfo de Atenas sobre os persas de Xerxes. (BELTRÃO e 
DAVIDSON, 2010, p.110)
capítulo 2 • 35
Foi na Batalha de Termópilas que os persas venceram os espartanos. Apesar 
da derrota, o exército de Leônidas conseguiu tempo suficiente para que a reação 
grega fosse organizada pelo arconte Temístocles. As Guerras Médicas levaram 
a união das poleis para manutenção de sua liberdade e eliminação da ameaça 
persa. Além disso, a cidade de Atenas se aproveitou de sua liderança na Liga de 
Delos para dominar as principais rotas comerciais do Mar Egeu, que envolviam 
a distribuição de produtos fundamentais para a alimentação dos gregos, como 
azeite, trigo e vinho. 
Atenas passou a cobrar tributos cada vez mais altos, causando conflitos in-
ternos na Liga de Delos, como também a oposição das pólis gregas que esta-
vam sob a liderança de Esparta. O confronto entre a Liga de Delos e a Liga do 
Peloponeso resultou na “Guerra do Peloponeso”: luta armada entre Atenas e 
Esparta, que durou de 431 a.C a 404 a.C. Tucídides e Xenofonte registraram a 
história dessa guerra, cujo motivo foi o crescimento da supremacia ateniense e 
o receio dos espartanos diante dessa situação. 
Contudo, as disputas desgastaram o mundo grego.Economicamente, a 
Grécia estava fragilizada e, politicamente, fragmentada. Essa condição per-
mitiu que Filipe II, rei da Macedônia, conquistasse os territórios gregos du-
rante o século IV a.C., período da história grega que ficou conhecido como 
Período Helenístico.
2.4.2 A desagregação do modelo políade
As guerras entre as cidades-Estados gregas resultaram em muitas mortes, gas-
tos e destruição, o que contribuiu para as invasões estrangeiras e a ascensão 
dos macedônios sobre a Grécia. O rei Felipe da Macedônia, e seu filho Alexan-
dre, o Grande, dominaram toda a Grécia e ainda venceram os persas, chegando 
até a Índia. O Império Macedônico ganhou proporções continentais, e Alexan-
dre buscou consolidar seu domínio imperial fundando cidades que recebiam 
seu nome, Alexandria. 
O Período Helenístico (do século IV ao II a.C.) foi marcado pelo contato en-
tre a cultura helênica (grega) e as culturas orientais. É uma fase da história da 
Grécia que pode ser analisada como “um momento de transição entre o esplen-
dor da cultura grega e o desenvolvimento da cultura romana”. Segundo Funari:
36 • capítulo 2
Alguns nomes usados no estudo da História são criados para simplificar, mas podem 
confundir: Este é o caso do "helenismo". Os gregos chamavam-se de "helenos" e os 
estudiosos modernos utilizaram o termo "helenístico" para referir-se à civilização que 
se utilizava do grego como língua oficial, a partir das conquistas de Alexandre, o Gran-
de (336 a.C.), até o domínio romano da Grécia, em 146 a.C. Ou seja, é um termo que 
não se confunde com "helênico", que é o mesmo que "grego". Embora seja aplicado 
a um período de tempo relativamente curto, este foi marcado por grandes interações 
culturais. Alexandre conquistou um imenso território: as cidades gregas todas, mas 
também o Egito, a Palestina, a Mesopotâmia, a Pérsia (Irã), chegando à Índia. 
(FUNARI, 2002, p.75-76)
À morte de Alexandre seguiu-se a desintegração de seu império em três mo-
narquias na Macedônia, no Egito e na Síria. Mas as cidades-Estados gregas não 
tinham mais exército e nem uma política externa independente, embora con-
tinuassem a ter suas próprias leis. Mesmo com a dominação pelos romanos, a 
partir do século II a.C., as pólis mantiveram suas instituições e sua cultura. Para 
Funari, os reinos helenísticos tinham como característica principal a interação 
entre os povos, com dezenas de idiomas diferentes, “governados por uma elite 
de origem macedônica e que tinham na língua grega um elemento oficial e uni-
versal”. (FUNARI, 2002, p.76)
Neste capítulo, você conheceu um pouco mais sobre a cidade-estado da 
Grécia antiga, suas principais características e as disputas ocorridas entre 
Atenas e Esparta, tanto comerciais quanto políticas. Também foi possível com-
preender os motivos que levaram ao declínio do sistema das pólis, como as 
guerras constantes e a dominação dos gregos pelos macedônios.
ATIVIDADES
01. (FGV-2002) O período helenístico foi marcado por grandes transformações na civiliza-
ção grega. Entre suas características, podemos destacar: 
a) O desenvolvimento de correntes filosóficas que, diante do esvaziamento das atividades 
políticas das cidades-Estados, faziam do problema ético o centro de suas preocupações 
visando, principalmente, o aprimoramento interior do ser humano. 
b) Um completo afastamento da cultura grega com relação às tradições orientais, decor-
rente, sobretudo, das rivalidades com os persas e da postura depreciativa que conside-
rava bárbaros todos os povos que não falavam o seu idioma.
capítulo 2 • 37
c) A manutenção da autonomia das cidades-Estados, a essa altura articuladas primeiro na 
Liga de Delos, sob o comando de Atenas e, posteriormente, sob a Liga do Peloponeso, 
liderada por Esparta. 
d) A difusão da religião islâmica na região da Macedônia, terra natal de Felipe II, conquista-
dor das cidades-Estados gregas. 
e) O apogeu da cultura helênica representado, principalmente, pelo florescimento da filo-
sofia e do teatro e o estabelecimento da democracia ateniense.
02. (UFSCar-2008) “Com efeito, como os atenienses molestavam consideravelmente os 
peloponésios de um modo geral, e principalmente o território dos lacedemônios [espartanos], 
estes pensaram que a melhor maneira de afastá-los seria retaliar mandando um exército 
contra os aliados de Atenas, especialmente porque tais aliados poderiam assegurar o sus-
tento do exército e estavam chamando os lacedemônios para vir ajudá-los, criando condições 
para que eles se revoltassem. Em adição, os lacedemônios estavam contentes por terem 
um pretexto para mandar os hilotas para longe, a fim de impedi-los de tentar revoltar-se na 
situação presente. (...) Realmente, por medo de sua juventude e de seu número — na verdade, 
a maioria das medidas adotadas pelos lacedemônios visava sempre protegê-los contra os 
hilotas (...)”. (Tucídides. História da Guerra do Peloponeso, século V a.C.) 
Sobre o momento histórico a que se refere Tucídides, é CORRETO afirmar que:
a) os hilotas representavam os soldados de elite do exército ateniense. 
b) o principal objetivo de Atenas era transformar Esparta em um Estado democrático. 
c) a preocupação dos lacedemônios era controlar a população de Lacônia e Messênia, que 
eles escravizaram quando chegaram ao Peloponeso. 
d) os exércitos atenienses eram compostos essencialmente por hilotas, geralmente agri-
cultores que viviam em cidades. 
e) os lacedemônios tinham por objetivo consolidar a aliança entre as cidades gregas que 
faziam parte da Liga de Delos.
03. (UNIFESP-2004) “Nunca temi homens que têm no centro de sua cidade um local para 
reunirem-se e enganarem-se uns aos outros com juramentos. Com estas palavras, Ciro in-
sultou todos os gregos, pois eles têm suas ágoras [praças] onde se reúnem para comprar e 
vender; os persas ignoram completamente o uso de ágoras e não têm lugar algum com essa 
finalidade”. (Heródoto, Histórias, séc. V a.C.) 
O texto expressa: 
a) a inferioridade dos persas que, ao contrário dos gregos, não conheciam ainda a vida em 
cidades. 
38 • capítulo 2
b) a desigualdade entre gregos e persas, apesar dos mesmos usos que ambos faziam do 
espaço urbano. 
c) o caráter grego, fundamentado no uso específico do espaço cívico, construído em opo-
sição aos outros. 
d) a incapacidade do autor olhar com objetividade os persas e descrever seus costumes 
diferentes. 
e) a complacência dos persas para com os gregos, decorrente da superioridade de seu 
poderio econômico e militar.
REFLEXÃO
Demonstrou-se na abordagem deste capítulo, por um lado, as características gerais das cida-
des-Estados gregas e por outro, alguns dados importantes e específicos sobre esta questão. 
Por este intuito, buscou-se apresentar como a organização política deste sistema de cida-
des-Estados acabava por criar um quadro tripartidário, assembleia(s), conselho(s) e magis-
traturas. Tal quadro explicitou que as diferenciações sociais existentes naquelas sociedades 
perpassavam pela esfera não só econômica, mas também jurídica. Ou seja, o status jurídico 
de pertencimento a um grupo social ajudava a reforçar os laços de distinções. 
O resultado desta condição heterogênea, no que se refere aos estratos sociais das ci-
dades-Estados gregas, foi a formação de governos por vezes próximos e outras distantes 
dos anseios dos grupos que as compunham. Neste caso, foi importante destacar os modelos 
de sistemas políticos, tais foram, a democracia, a demagogia, a aristocracia, a oligarquia, a 
monarquia e a tirania.
Mesmo ciente da existência de dados que se reportam ao contexto geral do sistema 
políade, Atenas e Esparta se destacam nele. O objetivo proposto foi caracterizar os caminhos 
seguidos por estas cidades-Estados no que diz respeito aos regimes políticos que desenvol-
veram, a democracia ateniense e a diarquia espartana. 
Com o crescimento das atividades comerciais dos gregos, que os levaram a conquista-
rem novosespaços e fundarem colônias, os conflitos com outras potências mundiais foi uma 
constante. Como exemplo, destaca-se as Guerras Médicas.
Por último, chamou-se a atenção para as rivalidades existentes entre espartanos e ate-
nienses e que culminaram na Guerra do Peloponeso. Este conflito enfraqueceu enormemen-
te estas poleis, abrindo caminho para a conquista da Grécia pela Macedônia e a consequente 
desarticulação do sistema políade.
capítulo 2 • 39
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BELTRÃO, Claudia; DAVIDSON, Jorge. História antiga. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2010. 
Volume 2.
BOBBIO, Norberto et al. Dicionário de Política. Tradução de Carmen C. Varriale et al. 1ª. ed. Brasília : 
Ed. Universidade de Brasília, 1998. V.1
CARDOSO, Ciro Flamarion. A Cidade-Estado Antiga. São Paulo: Ática, 1985 (col. Princípios nº 39).
FINLEY, Moses I. A economia antiga. Porto: Afrontamento, 1980.
FUNARI, P. P. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2001.
40 • capítulo 2
A cultura grega
3
42 • capítulo 3
3. A cultura grega
Neste capítulo, tratar-se-á do legado cultural deixado pelos gregos, em todos os 
campos do conhecimento humano. Desde a reflexão filosófica, à matemática 
e física, até mesmo por meio da própria ideia de ciência que se consolidou no 
mundo contemporâneo, o que leva à percepção da marcante influência grega 
sobre a cultura ocidental. 
OBJETIVOS
•  Compreender o conjunto de influências culturais legados pelos gregos à socieda-
de ocidental;
•  Identificar o papel do mito na Grécia antiga;
•  Apresentar o surgimento do pensamento racional filosófico em oposição à verten-
te mitológica;
•  Esboçar as primeiras reflexões filosóficas dos gregos; 
•  Apresentar os elementos principais constitutivos do modelo da Paideia grega; 
•  Compreender o funcionamento da religião grega;
•  Entender a estrutura cultural correspondente do teatro grego;
3.1 A cultura no mundo grego
Na Grécia Antiga, os mitos tinham um papel fundamental: funcionavam como 
ordenadores do caos e serviam para explicar tudo o que existia (o universo, os 
seres vivos, as forças da natureza, os sentimentos humanos). Contudo, a partir 
do século V, aproximadamente, ocorreram importantes transformações que 
permitiram que outro tipo de pensamento se desenvolvesse, um caminho para 
o surgimento da filosofia, da busca por explicações empíricas para compreen-
der os acontecimentos e fenômenos naturais.
A expansão em busca de novas terras, o comércio marítimo, a utilização 
crescente da moeda, além do contato com outras culturas, contribuiu para que 
o pensamento racional, em oposição ao mitológico, ganhasse espaço na Grécia 
dos séculos IV e V a.C. A Filosofia (filos = amor + sophia = sabedoria) tem início, 
então, através das investigações dos chamados filósofos pré-socráticos, com 
Tales de Mileto, na região da Jônia. (CHAUÍ, 2000, p.19-20)
capítulo 3 • 43
3.1.1 A Filosofia
Os mais antigos filósofos ocidentais viveram no século V e IV a.C. na Grécia An-
tiga, mais exatamente no sul de Itália ou na Turquia, junto à costa do Mediter-
râneo. Estes primeiros filósofos não viveram, portanto, nos grandes centros da 
civilização grega, e também não se limitavam a ser filósofos: eram cientistas 
e, por vezes, eram líderes religiosos. Foram denominados de Pré-Socráticos e 
formaram a primeira corrente de pensamento surgida na Grécia, por volta do 
século VI a.C. Os filósofos que viveram antes de Sócrates se preocupavam muito 
com o Universo e com os fenômenos da natureza. 
Buscavam explicar tudo através da observação contínua da natureza, utili-
zando a razão. Cada um escolheu sua arché, ou princípio fundador de todas 
as coisas, a partir da qual construíam suas reflexões. Marcondes apresenta 
uma organização para os pensadores pré-socráticos, dividida em duas fases. A 
primeira delas caracterizada pelo estudo da “physis”, ou natureza em grego, o 
que levou à denominação desses filósofos de físicos. Foi na região da Jônia que 
Tales de Mileto (585 a.C.) deu início à “Escola Jônica”, seguida por seus discípu-
los Anaximandro (610 a.C), Anaxímenes (585 a.C.) e Heráclito (500 a.C.). 
A “Escola Italiana” inclui a Escola Pitagórica e a Escola Eleática. A Pitagórica 
surgiu através de Pitágoras (530 a.C.) que, embora fosse grego, migrou para a 
região de Crotona, na Itália, onde desenvolveu seu pensamento, defendendo a 
ideia de que tudo preexiste na alma, já que esta é imortal. Pitágoras construiu a 
teoria de que o número é o elemento básico para explicar a realidade. É consi-
derado o pai da matemática. (MARCONDES, 2004, p.30-31)
A “Escola Eleática”, surgida na região de Eléia, teve como principal filósofo 
Parmênides (500 a.C.), que acreditava na existência de uma única realidade e 
que tudo que estava em movimento não era real; seu pensamento foi chama-
do de “monismo”. Parmênides foi responsável por uma grande polêmica com 
Heráclito, cujo pensamento se pautava no “mobilismo” ou na noção de que 
toda a realidade é feita de movimento: “não se podemos banhar-nos duas vezes 
no mesmo rio, pois o rio não é mais o mesmo”. (MARCONDES, 2004, p.32-33)
A segunda fase dos pré-socráticos, de acordo com Marcondes, foi marcada 
pela influência dos filósofos da primeira fase, mas com um caráter mais dinâ-
mico e múltiplo. Não havia somente um único elemento fundador de tudo, mas 
a combinação de vários elementos é que teria criado todas as coisas. A “Escola 
44 • capítulo 3
Atomista” insere-se neste segundo momento de desenvolvimento da filosofia 
grega, tendo como representantes Anaxágoras (500 a.C.), Leucipo e Demócrito 
de Abdera (460 a.C.) e Empédocles (500 a.C.). Os atomistas acreditavam que 
o universo é formado por átomos e pelo vazio; ao se atraírem e se repelirem, 
os átomos eram responsáveis pelos fenômenos naturais e pelo movimento. 
(MARCONDES, 2004, p.34-35)
Os pré-socráticos foram muito importantes, pois inauguraram uma nova 
forma de ver o mundo e de buscar explicações racionais e não mitológicas 
para as coisas. Contudo, o crescimento comercial da Grécia ampliou o contato 
com outras culturas, como também trouxe inúmeras transformações sociais e 
políticas. Por volta do IV, na Atenas democrática, surgem os sofistas e o gran-
de pensador Sócrates. Os sofistas eram uma espécie de mestres do discurso e 
defendiam uma educação cujo objetivo máximo seria a formação de um cida-
dão pleno, preparado para atuar politicamente para o crescimento da cidade. 
Dentro desta proposta pedagógica, os jovens deveriam ser preparados para fa-
lar bem (arte da retórica e da oratória), pensar e manifestar suas qualidades 
artísticas. (MARCONDES, 2004, p.42-43)
Sócrates inaugura o período da filosofia clássica, no qual são discutidos te-
mas relacionados ao homem e sua vida em sociedade. Participação política, éti-
ca, autonomia, conhecimento, são alguns dos temas que Sócrates se propõe a 
debater através de sua técnica de argumentação, a maiêutica. Conhecida como 
“parto de ideias”, o filósofo tinha como objetivo levar seu interlocutor a admitir 
que suas verdades ou certezas eram falsas ou transitórias. Sócrates criticava a 
democracia ateniense e tentava conscientizar a juventude grega. Em 399 a.C. 
foi acusado de ir contra o governo e propagar desordem política, foi julgado e 
condenado a morte por cicuta. (MARCONDES, 2004, p.42-43)
Sócrates não deixou nenhum registro escrito, sabemos de sua filosofia através 
de seu discípulo Platão (nascido em 428 a. C). Platão foi discípulo de Sócrates por 
dez anos e em 387 a.C. fundou sua própria escola, a “Academia”. Platão foi res-
ponsável pela tradição racionalista, pois acreditava na primazia da razão como 
determinante da realidade. Desenvolveu a teoria dicotômica do “mundo dos sen-
tidos” e do “mundo das ideias” ou inteligível, na qual a realidade que conhece-
mos por meio dos sentidos é falsa. Para se chegar ao conhecimento verdadeiro, 
seria preciso alcançar um grau de racionalismo capaz de levar

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