Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CIRURGIA Carolina Ferreira -Hérnia é a protrusão de um órgão ou de seu revestimento através da parede ou da cavidade que deveria contê-lo, estima-se que + 5% da população desenvolverá hérnia ao longo da vida. Sua prevalência c/ a idade assim como o estrangulamento e a necessidade de hospitalização -A hérnia inguinal do lado direito é a + comum EM HOMENS -Epidemiologia: predomínio em homens, idade > 40 anos, + comum do lado D, inguinofemorais 74%, umbilical 10%. No sexo feminino as hérnias femorais e umbilicais ocorrem +, no entanto as hérnias inguinais é + comum -Etiologia: congênita (persistência do processo vaginal, prematuridade, baixo peso, deficiências do colágeno) e adquiridas (tabagismo, repetitivo da pressão intrabdominal—asma, tosse crônica, esforço p/ urinar, prostatismo, constipação crônica, ascite, obesidade, DM, neoplasias intra-abdominais, profissão se carrega muito peso ou ñ?) -Tipos específicos de hérnia da parede abdominal: hernias ventrais, perineais, lombares da região inguinais -Na região inguinofemoral, sede frequente de hérnias, podem-se encontrar as herniações inguinais, femorais e obturatórias. -Componentes da hérnia: anel herniário + saco hérniario+ conteúdo -Hérnia de deslizamento: a víscera herniada forma parte do saco -Quadro clinico: abaulamento redutível + dor + tumoração fixa+ parestesias -Diagnóstico: história clínica + exame físico (abaulamento ou tumefação redutível; dor, desconforto ou peso na virilha; relação c/ esforço físico; parestesias, dor irradiada) – Manobra de Landivar/Manobra de Valsava + exames de imagem (solicitados quando houver dúvida dx) -Dx #: neoplasias benignas e malignos (lipomas), linfonodos, hidrocele, torção testicular, varicocele e orquite -Fatores de risco p/ recidiva das hérnias: infecção ou contaminação, hematoma, sutura sob tensão, esforço no PO (prostatismo, tosse), obesidade, DM, DPOC, ascite, medicamentos (corticoides e imunossupressores), tabagismo -Princípios do tto cirúrgico: reduzir ou ressecar os elementos herniados; dissecar, ligar e seccionar o saco herniario e correção do defeito anatômico causador da hérnia HÉRNIA UMBILICAL -Ocorre devido a persistência do anel umbilical, possui baixo risco de estrangulamento -Quando ocorre em crianças, é definida como a persistência do anel umbilical sem o fechamento de sua camada aponeurótica, c/ protrusão anormal do peritônio e da pele em função de um tecido adiposo pré-peritoneal, intestino ou grande omento. + recentemente, c/ o uso crescente da cirurgia videolaparoscópica, o umbigo passou a ser sede frequente de hérnias incisionais em adultos. -O umbigo é formado por um anel fibroso coberto por pele, fáscia umbilical e saco peritoneal. Se a fáscia umbilical de Richet ñ estiver presente, haverá uma área de fraqueza no umbigo por onde se desenvolverão as hérnias. -Etiologia: nas crianças de até 3 anos são consideradas congênitas. São + frequentes em RN pré-termos, de baixo peso, do sexo feminino, na raça negra e são associadas a algumas doenças (hipotireoidismo congênito e mucopolissacaridoses, ou síndromes de Down e de Beckwith-Wiedemann). Entre os adultos de até 40 anos, podem-se encontrar hérnias adquiridas ou congênitas ñ tratadas -Fatores de risco: obesidade, gravidez, trauma, ascite e outros estados que aumentam a pressão intra-abdominal. Esse tipo é + comum no sexo feminino e em negros -Quadro clínico: é de dor abdominal e abaulamento ñ redutível. História de oclusão intestinal pode acompanhar a situação. Outras complicações podem surgir na pele, como úlceras, infecção, linfangite e eczema. -Diagnóstico: a US confirma o diagnóstico na maioria dos casos -Dx #: nos adultos são lipomas, hérnias da linha Alba, linfonodos e tumores cutâneos ou metastáticos — nódulo de Irmã Maria José presente no CA gástrico avançado. CIRURGIA Carolina Ferreira -Tratamento: • Expectante: hernias assintomáticas e subcentimetricas • Sutura primária: anel inguinal < 2cm • Tela: hérnias acima de 1 a 2 cm • Técnicas: sutura simples e uso de próteses(principalmente em idosos) • Crianças: → Anel < que 1,5 cm de diâmetro pode fechar espontaneamente (em 85% dos casos até os 3 anos e 96% até os 6 anos) → Hérnias > do que 1,5 cm devem ser operadas e as que persistirem após o 6º ano de vida → Concomitancia de hérnia umbilical e inguinal devem ser operadas ao mesmo tempo → O manejo conservador de hérnias umbilicaos ñ complicadas e assintomaticas até os 4-5 anos de idade é seguro e prático • Adultos: → Hérnias pequenas e assintomáticas, de difícil detecção ao exame fisico, podem ñ necessitar tto cirúrgico → Hérnias >, sintomaticas já encarceradas c/ sofrimento de pele ou c/ ascite incontrolavel devem ser operadas → Cirurgia clássica descrita por Mayo consiste na dissecção do saco herniario, na sutura da aponeurose em sentido transversal e na fixação da cicatriz umbilical na aponeurose, porém há uma taxa de recorrencia de 30% c/ essa técnica → O uso de telas é aconselhado p/ defeito > que 2 cm HÉRNIA EPIGÁSTRICA -Define-se como a presença de saco herniário na região da linha media entre o xifoide e a cicatriz umbilical -Etiologia: corresponde a 5% das hérnias e ocorre pelo da pressão intra-abdominal, forçando a passagem do tecido adiposo pré-peritoneal. É comum encontrar + de uma abertura aponeurótica na linha Alba, o que mostra fraqueza de toda a parede. Pode ocorrer em ambos os sexos, normalmente dos 18 aos 50 anos, sendo + comum em homens. -Quadro clínico: a maioria é assintomática ou apresenta dor acima do umbigo, massa pequena, maciça e redutível -Diagnóstico diferencial: o principal é a diástase do músculo reto abdominal, por meio da US da parede abdominal pode fazer a diferenciação. Quando é diagnosticada a diástase do reto abdominal, o tto consiste na reaproximação da linha Alba c/ uma sutura de reforço tipo plicatura -Tratamento: a cirurgia consiste na incisão longitudinal, na identificação do saco e do anel herniário e na correção do defeito. A parte principal da cirurgia é a dissecção do tecido subcutâneo, até ser encontrada aponeurose firme p/ o reparo. É recomendado o uso de tela p/ correção de hérnias umbilicais p/ reduzir a taxa de recorrência. A maioria das hérnias umbilicais pode ser reparada por uma abordagem aberta c/ uma tela plana pré-peritoneal. Uma abordagem laparoscópica pode ser considerada se o defeito da hernia for grande ou se o pct tiver um risco de morbidade da ferida HÉRNIA VENTROLATERAL DE SPIEGEL -Caracteriza-se pela projeção do saco herniário entre a borda lateral do musculo reto e a linha semilunar -Etiologia: normalmente, a região de Spiegel apresenta resistência <, de modo que o bom desenvolvimento muscular minimiza o aparecimento dessas hérnias. São + comuns na 8ª década de vida, c/ discreto predomínio no sexo feminino. -Quadro clínico: as queixas de dor e abaulamento são + comuns entre pacientes magros e longilíneos. Como o orifício geralmente é estreito e a herniação, intramuscular, na > parte dos casos a hérnia ñ é palpável ao exame físico -Diagnóstico: US, TC e RM -Tratamento: é cirúrgico, e o acesso clássico é por meio de incisão paramediana pararretal. A videocirurgia é uma ótima opção. Nos casos de anel herniário muito largo, o reparo do defeito pode ser feito c/ reforço transversal tipo plicatura, uso de fáscia adjacente ou de telas. HÉRNIA INGUINAL CIRURGIA Carolina Ferreira -Constitui o tipo + comum de hérnia e respondepor 75% dos casos. Pode ocorrer na infância ou na vida adulta, é + comum à direita (60%), seguida da esquerda (30%) e da bilateral (10%). Possui > nº de casos de estrangulamento -Anatomia da região inguinal: • Canal inguinal: do anel inguinal profundo ao superficial • Músculos principais: oblíquo externo, o oblíquo interno e o transverso do abdome. Todos se integram medialmente p/ formarem a bainha do músculo reto abdominal. A aponeurose do músculo oblíquo interno dá origem à fáscia cremastérica e ao músculo cremáster (responsável pela aproximação ou afastamento do testículo ao corpo de acordo c/ a temperatura externa) • Homem: funículo espermático (ramo genital do nervo genitofemoral, artéria testicular, veias do plexo pampiniforme, ducto deferente, musculo cremaster) • Mulher: ligamento redondo • Ligamento inguinal (Poupart): borda inferior da aponeurose do m. obliquo externo • Ligamento lacunar: inserção do ligamento inguinal ao púbis • Fáscia transversalis: assoalho do canal subjacente a musculatura. Aqui é área de fraqueza por onde surge as diretas • Os nervos ilioinguinal (inerva grandes lábios e bolsa testicular) e ílio-hipogástrico estão dentro do canal inguinal, mas fora do cordão espermático, e devem ser individualizados durante a cirurgia p/ evitar lesões de artérias e veias testiculares. • Artérias testiculares: são ramos diretos da aorta e localizam-se no retroperitônio, enquanto as veias se originam do plexo pampiniforme. • Veia testicular direita desemboca na VCI, e a testicular esquerda termina na veia renal esquerda • Limites do canal inguinal: → Teto ou anterior: aponeurose do obliquo externo → Assoalho ou posterior: fascia tranversalis → Superior: tendão conjunto, fibras arqueadas do obliquo interno e transverso → Inferior: ligamento inguinal • Triângulo de Hassebach: as hérnias diretas ocorrem dentro desse triângulo → Vasos epigástricos inferiores → Borda lateral do m.reto → Ligamento inguinal -Divisão: • Hérnia direta(medial aos vasos epigástricos): em que o abaulamento ocorre pela fraqueza da parede posterior. Nos adultos, é comum o achado de hérnia mista, c/ ambos os componentes. No trígono de Hesselbach, as hérnias são diretas (medial aos vasos epigástricos inferiores). Resulta da fraqueza do assoalho da região inguinal, especialmente em indivíduos que realizam grandes esforços físicos repetidamente. Na palpação apresenta na polpa do dedo • Hérnia indireta(lateral aos vasos epigástricos): é + comum em ambos sexos, ocorre a protrusão do conteúdo abdominal pela abertura do anel inguinal interno, em crianças ocorre pela persistência do conduto peritoneovaginal. No trígono de Hessert, são indiretas (lateral aos vasos). Ocorre pela passagem de conteúdo abdominal através do anel inguinal interno. Na palpação apresenta na ponta do dedo • a hérnia + comum é a indireta, do lado direito. -Tipos específicos de hérnia inguinal: → Litré: apresenta divertículo de Merckel no seu interior → Amyand: apresenta apendicite em seu interior → Richter: apresenta estrangulamento apenas da borda contramesenterial da alça, ou seja, tem uma hernia estrangulada sem obstrução intestinal c/ fluxo normal -Classificação + cobrada é a de Nyhus: CIRURGIA Carolina Ferreira -Quadro clínico: compreende abaulamento inguinal, principalmente após esforço físico ou, ainda, em posição ortostática, que pode ou ñ ser reduzido espontaneamente. -Exame físico: deve-se procurar palpar o anel inguinal interno e caracterizar se há ou ñ dilatação → manobra de Valsalva (apneia em expiração forçada) é útil na maioria dos casos → manobra de Landivar serve p/ o dx diferencial p/ hérnia direta e indireta. Consiste na colocação da ponta dos dedos na parede abdominal sobre a região inguinal e pede-se ao paciente p/ repetir a manobra de Valsalva. Ao colocar o dedo no anel interno no momento em que o paciente faz Valsalva, a hérnia ñ aparecerá, pois a hérnia indireta se exterioriza pelo canal inguinal, que se inicia no anel interno, mas este estará fechado devido à manobra. Porém, se a hérnia for direta, haverá protusão durante a manobra de Valsalva, mesmo que o dedo do examinador esteja fechando o anel interno, pois a hérnia direta destrói diretamente a parede posterior e ñ passa pelo anel interno. -Hérnia redutível: é aquela que é reduzida, ou seja, o saco herniário retorna à cavidade abdominal, espontaneamente ou através de manobra manual (manobra de Taxe). Hérnia encarcerada: é aquela em que ñ é possível a redução manual do saco herniário e, por isso, dita irredutível. Hérnia estrangulada: ocorre quando o encarceramento leva ao comprometimento vascular, c/ o pct apresentando dor intensa, acompanhada de sinais flogísticos na região inguinal. -Tratamento: nos casos de hérnias encarceradas, as tentativas de redução manual devem ser desencorajadas pela dor do procedimento e por ñ modificarem a conduta cirúrgica. Hérnias estranguladas podem ser corrigidas por acesso inguinal, laparotomia ou, até mesmo, por acesso combinado. A indicação de laparotomia mediana p/ o tto das hérnias se dá quando existe peritonite difusa associada ao quadro, e, nesse caso, existe contaminação da cavidade que deverá ser cuidadosamente examinada e lavada. O tratamento cirúrgico visa restabelecer a anatomia da região inguinal após a correção da hérnia. As principais técnicas usadas em adulto são: → Hernioplastia de Bassini: sutura do tendão conjunto no ligamento inguinal, é menos utilizada hoje em dia devido à alta recidiva → Técnica de Shouldice: fechamento por planos c/ 4 linhas de suturas contínuas —, conhecida como técnica do jaquetão ou do embricamento, considerada a melhor das técnicas sem tela, pois é a que causa menos recidiva → Técnica de Stoppa:por via extraperitoneal, onde é colocada uma tela, menos utilizada após o advento da videolaparoscopia. A principal indicação p/ seu uso são hérnias inguinais bilaterais e/ou recidivadas → Técnica de McVay: repara hérnia inguinais e femorais ao mesmo tempo, abre-se a fáscia transversal, identifica o ligamento de Cooper abaixo do ligamento inguinal, sutura interrompida entre a borda superior da fáscia transversal e o tendão conjunto ao Cooper, cuidado c/ a lesão vascular femoral, pode ser usado a tela -Em crianças, a redução seguida do fechamento do conduto peritoneovaginal costuma ser suficiente, isto é, ñ é necessário reforço da parede posterior na criança. CIRURGIA Carolina Ferreira -A técnica de Lichtenstein é considerada, hoje, padrão-ouro na correção de hérnias inguinais por apresentar taxas de recidiva < do que 1%. É chamada de sem tensão, e utiliza uma tela colocada sobre a parede posterior do canal inguinal, fixada no pube, ligamento inguinal e tendão conjunto, reforçando a musculatura e corrigindo eventuais dilatações do anel inguinal interno. - A correção por videolaparoscopia vem sendo bastante utilizada, a principal indicação é p/ hérnias recidivadas ou bilaterais, mas também pode ser empregada em hérnias inguinais virgens de TTO. As 2 principais técnicas são: • Total Extraperitoneal Repair (TEP): • Transabdominal preperitoneal (TAPP) -Basicamente, consistem na redução retrógrada do conteúdo herniado, seguida da colocação de tela p/ correção do defeito na parede ou no anel inguinal. A principal diferença entre elas é que na TEP o acesso é extraperitoneal, enquanto na TAPP o espaço pré- peritoneal é abordado a partir da parte interna da cavidade abdominal. -A região conhecida como triangle of doom (ou “triângulo do desastre”) é composto: pelo ducto deferente medialmente; lateralmente, pelos vasos gonadais;e, inferiormente os vasos ilíacos externos. Nessa região, encontram- se, além da artéria e da veia ilíacas externas, a veia circunflexa profunda, o ramo genital do nervo genitofemoral e o nervo femoral. O cirurgião deve evitar o uso de grampos nessa região pela chance de lesão de um desses vasos. Outra região, conhecida como triangle of pain (ou “triângulo da dor”), limita-se medialmente pelos vasos gonadais; lateralmente, pelo trato iliopúbico; e, inferiormente, pela reflexão peritoneal. Essa região contém os nervos cutâneos femoral lateral e femoral anterior da coxa. O uso inadvertido de grampos nessa região pode acarretar neuralgias no pós-operatório. -Podem-se dividir as técnicas descritas de acordo c/ a presença ou ausência de tensão, como segue: • Bassini, Shouldice, McVay: técnicas c/ tensão • Lichtenstein: técnica sem tensão — padrão-ouro • Laparoscopia: acesso trans ou extraperitoneal -Complicações das hernioplastias: • Ferida operatória: hematoma, seroma (é a + comum) e infecção, nas hernioplastias c/ telas há indicação de ATB profilático • Isquêmica: ocorre pela trombose do plexo pampiniforme c/ atrofia testicular e a orquite isquêmica ceda de 2 a 5 dias após a cirurgia, é a 2º complicação + comum • Neurológica: pode ocorrer lesão dos nervos da região inguinal causando hiperestesia genital c/ dor na face interna da coxa e na bolsa escrotal ou nos grandes lábios na mulher HÉRNIA FEMORAL -Resulta da projeção do saco herniário pelo trígono femoral, abaixo do ligamento inguinal. É + comum no sexo feminino (4:1), e 90% são unilaterais, à direita. Possui > chance de estrangulamento. A técnica ideal é a de McVay CIRURGIA Carolina Ferreira -Hérnia femoral: abaixo do ligamento inguinal, medial a artéria femoral As hérnias femorais são + comuns em mulheres do que em homens, porém as hérnias + comuns das mulheres continuam sendo as inguinais indiretas. -Tipos de hérnia femoral: → Garengeot: contém o apêndice → Cooper: grandes lábios -Anatomia da região femoral: o canal femoral limita-se, lateralmente, pela veia femoral; anteriormente, pelo ligamento iliopúbico (de Thompson); e, posteriormente, pelo ligamento pectíneo (de Cooper, que consiste na aponeurose de inserção do músculo pectíneo, onde também se insere, posterior e inferiormente, a fascia transversalis). O tubérculo púbico forma o ápice do triângulo do canal femoral. O orifício miopectíneo de Fruchaud consiste na projeção dos triângulos de Hessert e de Hesselbach e do trígono femoral. Logo, essa região compreende todas as hérnias inguinofemorais. -Quadro clínico: é semelhante ao da hérnia inguinal. -Tratamento: é cirúrgico pode ser c/ ou sem tela, a principal técnica descrita p/ o tto da hérnia femoral é a de McVay, pela qual o tendão conjunto é suturado ao ligamento de Cooper após a abertura da fascia transversalis -Técnicas abertas (convencionais): • Sem tela: Shouldice, McVay, Bassini • C/ tela: Lichtenstein, Rives-Stopa -Técnicas minimamente invasivas: • Extraperitoneal (TEP): ñ viola a cavidade peritoneal • Transperitoneal (TAPP): viola a cavidade peritoneal • Robótica HÉRNIA INCISIONAL -É definida como uma protrusão do conteúdo abdominal por meio de áreas enfraquecidas na parede abdominal em virtude de intervenções cirúrgicas anteriores . É + frequente na linha média. Seu tto é SEMPRE c/ herniorrafia c/ tela -Etiologia: sua incidência varia de 7 a 13% e, pode chegar a 30% em cirurgias contaminadas, ocorre em 10-15% de todas as laparotomias -Quadro clínico: consiste em abaulamento na área de cicatriz cirúrgica prévia. A hérnia incisional pode apresentar complicações locais, como escoriações e úlceras, ou intra-abdominais, como encarceramento, obstrução intestinal e fístulas enterocutâneas. US e TC são os principais exames que podem ser utilizados. -Fatores de risco: infecção, desnutrição, estados de imunodepressão (diabetes, uso de corticoides e quimioterapia ou radioterapia), da pressão intra-abdominal (vômitos, íleo prolongado com distensão, obesidade, ascite e doença pulmonar obstrutiva crônica), técnica cirúrgica inadequada etc. -Grupos de risco: infecção sítio cirúrgico, hematoma de parede abdominal , desnutrição, obesidade, diabetes, corticoides e quimioterápicos, ascite, diálise peritoneal, idade avançada -Preparo p/ o tto: redução do peso, cessação do tabagismo, controle da cardiopata e pneumopatia, controle do diabetes e orientação sobre os riscos -Tratamento: é eminentemente cirúrgico e deve ser precoce. É possível a correção por videolaparoscopia, principalmente utilizando telas que podem ficar em contato c/ o peritônio visceral. Hérnias c/ evolução arrastada podem evoluir c/ a chamada perda de domicílio do conteúdo herniado. A simples correção, além de ser tecnicamente difícil, pode evoluir com restrição respiratória e síndrome compartimental abdominal. Alguns grupos empregam a técnica do pneumoperitônio progressivo. O paciente é internado, e é colocado um cateter p/ insuflação de CIRURGIA Carolina Ferreira pneumoperitônio. Esse procedimento é repetido até que se obtenha melhora da complacência abdominal, a ponto de permitir a redução da hérnia sem prejuízo à função respiratória. O tto cirúrgico das hérnias incisionais dispensa as telas cirúrgicas em caso de brechas herniárias < que 5 cm. Entretanto, as demais necessitam dessa prótese, que pode ser instalada por cima de aponeuroses anteriores aproximadas (onlay), fazendo uma ponte em aponeuroses ñ aproximadas e implantadas acima do saco herniário (inlay), fixadas à aponeurose posterior e acima do peritônio parietal (sublay — técnica de Rives-Stoppa), ou então intraperitoneal, c/ telas que podem ter contato c/ vísceras (underlay). -Prevenção: técnica de fechamento (ñ utilizar os fios monofilamentares, suturas), prevenção de complicações de ferida, reconhecer pacientes de risco OUTROS TIPOS -Hérnias Lombares: ocorrem por meio da ampla aponeurose do transverso, em 2 aberturas, uma localizada abaixo da 12º costela (superior — hérnia de Grynfeltt, + comum) e a outra acima da crista ilíaca (inferior — hérnia de Petit). A maioria das hérnias lombares espontâneas é unilateral, 2 vezes + frequente à esquerda e em pacientes entre a 5º e 7º década de vida. Cerca de 2/3 são encontradas em pacientes do sexo masculino. A localização + comum é o triângulo lombar superior, provavelmente reflexo da fragilidade dessa área, onde ao fundo está apenas a fascia transversalis. Hérnias lombares bilaterais são raríssimas e acredita- se que sejam defeitos congênitos. O tto é cirúrgico -Hérnia Obturatória: consiste na protrusão visceral por meio do forame obturatório. É incomum, normalmente unilateral e à direita, e + frequente em mulheres longilíneas acima dos 60 anos, c/ perda ponderal, e multíparas. O principal sinal propedêutico, o sinal de Howship-Romberg, consiste na dor na face medial da coxa por compressão do nervo obturatório. Pode apresentar, em seu conteúdo, ceco, apêndice, tuba, bexiga e ovário. -Hérnia por deslizamento: quando um órgão interno compõe uma parte da parede do saco herniário. As vísceras + comumente envolvidas são o cólon e a bexiga -Hérnia paraestomal: representa uma complicação comum associada à confecção de estomas intestinais. As manifestações clínicas oscilam desde um simples problema estético até o estrangulamento do conteúdo herniado. O grau de incapacidade produzido pela hérnia é variável. Ñ somente a dor e a alteração estética representam aspectos importantes, mas sobretudo a possibilidade de escape fecal resultante da dificuldade de instalação do dispositivocoletor ou impossibilidade de realização de irrigação, que resultam em significativa limitação da função social. Em associação, a correção cirúrgica pode ser complicada, pois várias técnicas cirúrgicas foram descritas e, não raramente, como resultado de erro na indicação ou na execução da opção cirúrgica, pode ocorrer recidiva. -Especiais e epônimos: CIRURGIA Carolina Ferreira • Hérnia de Richter: quando há pinçamento da parede lateral antimesentérica da alça; podendo haver estrangulamento e até perfuração da víscera herniada sem obstrução prévia; • Hérnia de Littré: hérnia inguinal c/ divertículo de Meckel no conteúdo herniado; • Hérnia de Amyand: apendicite em hérnia inguinal • Hérnia de Cooper: hernia femoral que continua até o saco escrotal ou grandes lábios • Hérnia de Garengeot: apendicite em hérnia femoral -Hematoma de reto abdominal: trata-se de um dx # de dor referida na parede abdominal. O hematoma espontâneo do músculo reto abdominal representa o acúmulo de sangue na sua bainha por ruptura do vaso epigástrico ou da própria musculatura, de maneira atraumática. Sua importância reside na dificuldade diagnóstica, levando a intervenções cirúrgicas desnecessárias. O quadro clínico é manifestado principalmente por dor repentina e de forte intensidade durante o auge da atividade muscular, c/ hipersensibilidade local à pressão e à contração muscular após a fase aguda, podendo haver abaulamento da região acometida. O exame físico pode revelar dor à palpação, massa abdominal, descompressão dolorosa e sinais indicativos de processos parietais, como sinal de Fothergill, que corresponde à imobilidade da massa durante a contração muscular abdominal; Nadeau, que representa o da dor c/ a elevação da cabeça ou do membro inferior; e o sinal de Laffond, de equimose sobre a massa ou periumbilical, findada a fase aguda. A US abdominal tem sensibilidade de 71% p/ detecção de imagens ecogênicas fusiformes parietais, e a TC de abdome, que que tem resultado e qualidade similar à RM, aproxima-se de 100% de sensibilidade.Realizado o diagnóstico dessa condição, traça-se a conduta terapêutica, c/ base na classificação clínico- radiológica, assim dividida: ▪ Tipo I: coleção unilateral, contida à musculatura, raramente necessita de hemotransfusão; ▪ Tipo II: bilateral ou não contida, necessita de hospitalização até a sua estabilização; ▪ Tipo III: invasão do espaço pré-vesical ou peritônio, geralmente requer hemotransfusão e acompanhamento clínico e de imagem O manejo clínico conservador consiste em repouso da musculatura afetada, uso de gelo local, analgesia, suspensão da eventual terapia anticoagulante, reposição volêmica e hemotransfusão, caso necessária. O procedimento cirúrgico consiste na evacuação do hematoma com hemostasia e está indicado na presença de instabilidade hemodinâmica grave, refratariedade ao manejo conservador, dúvida diagnóstica e infecção da coleção. TELAS -O uso de telas nas técnicas sem tensão é considerado rotina pela maioria dos cirurgiões. As telas são classificadas em inabsorvíveis, como de polipropileno (Prolene®), polipropileno associado a poliglactina (Prolene® e Vicryl®) e polidaxona (Proceed®), ou absorvíveis, quando é necessário contato c/ alças intestinais. Neste caso, podem ser naturais (de dura-máter, membrana amniótica e pericárdio bovino) ou sintéticas (Vicryl®). A tela sintética ideal deve ser biocompatível, forte, resistente a infecção, ñ imunogênica e apresentar mínima biorreatividade. -As telas macroporosas favorecem a migração de macrófagos, proliferação de fibroblastos e neovascularização no interior dos poros, o que minimiza o risco de infecção da prótese, bem como determina boa incorporação desta. -Hoje em dia, raramente ocorre rejeição da tela, e > cuidado deve ser tomado p/ evitar sua infecção. Nesses casos, além do uso de antibióticos, muitas vezes, é necessária a remoção da tela que age como um corpo estranho perpetuando o quadro infeccioso.
Compartilhar