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Cirurgia Geral Thomás R. Campos | Medicina – UFOB HÉRNIAS ABDOMINAIS Antes de falar das hérnias propriamente ditas, é preciso entender a anatomia da região inguinofemoral. Da camada mais externa para a mais interna: 1. Pele 2. Tecido subcutâneo – Fáscia de Camper – Fáscia de Scarpa 3. Aponeurose do músculo oblíquo externo – Anel inguinal externo (superficial) 4. Canal inguinal – ♂ Funículo espermático – Fibras do músculo cremáster – Vasos cremastéricos – Ducto deferente com sua artéria e veia – Artéria e veia testiculares – Artéria e veia espermáticas externas – Conduto peritoneovaginal (processos vaginalis) obliterado – Plexo pampiniforme – Ramo genital do nervo genitofemoral – Nervo cremastérico – Vasos linfáticos – ♀ Ligamento redondo do útero – Nervo ilioinguinal (inervação da porção interna da coxa, e da bolsa escrotal nos homens) 5. Músculo oblíquo interno 6. Músculo transverso do abdome 7. Fáscia transversalis – Anel inguinal interno (profundo) – Ligamento de Cooper (ligamento pectíneo) – Trato iliopúbico (ligamento de Thomson) 8. Tecido gorduroso pré-peritoneal 9. Peritônio 10. Vísceras abdominais CANAL INGUINAL Limites Posterior: – Fáscia transversalis Anterior: – Aponeurose do M. Oblíquo Externo Superior: – M. Oblíquo interno – M. Transverso do abdome Inferior: – Lig. Inguinal (de Poupart) Na parede posterior existe uma região importante, o triângulo de Hesselbach, região triangular, limitada pelo ligamento inguinal (inferior), borda lateral do reto abdominal (medial) e vasos epigástricos inferiores (lateral). corresponde à região de maior fraqueza da fascia transversalis e por isso, é vulnerável à formação de hérnias. Cirurgia Geral Thomás R. Campos | Medicina – UFOB Agora sim, vamos falar das hérnias propriamente ditas... HÉRNIA é uma protusão anormal de um órgão ou tecido por um defeito em suas paredes circundantes. Embora uma hérnia possa ocorrer em vários locais do corpo, esses defeitos mais comumente envolvem a parede abdominal, em particular a região inguinal. ▪ Estima-se que cerca de 5% da população mundial desenvolverá uma hérnia de parede abdominal ▪ 75% ocorre em região inguinal ▪ Homens são 25x mais propensos a ter uma hérnia inguinal que as mulheres ▪ Mulheres têm 10x mais chances de desenvolver hérnias femorais e 2x de hérnias umbilicais Apesar disso, as hérnias inguinais ainda são as mais comuns em mulheres, porque as hérnias inguinais são mais frequentes em comparação a todas as outras. As hérnias de parede abdominal ocorrem apenas em locais onde a aponeurose e a fáscia não são cobertas por músculo. As localizações mais comuns são: Virilha: ▪ Inguinal – Indireta – Direta – Combinada ▪ Femoral Anterior: ▪ Umbilical ▪ Epigástrica ▪ De Spiegel Pélvica: ▪ Obturador ▪ Ciática ▪ Perineal Posterior: ▪ Lombar – Triângulo superior – Triângulo inferior Uma hérnia pode ser redutível (quando seus conteúdos podem ser reposicionados) ou irredutível/encarcerada (quando não pode ser reduzida). Uma complicação grave e potencialmente fatal é a hérnia estrangulada (quando há comprometimento do suprimento sanguíneo). Cirurgia Geral Thomás R. Campos | Medicina – UFOB HÉRNIAS INGUINAIS Hérnias inguinais são as mais frequentes na prática clínica, totalizando 75% das hérnias da parede abdominal. É mais frequente em homens, ocorrendo mais do lado direito (pela atrofia mais tardia do conduto peritoneovaginal deste lado). Nos homens as hérnias indiretas predominam sobre as diretas na proporção de 2:1. Quanto ao seu mecanismo de formação, podem ser divididas em: 1. Indireta: o saco herniário passa do anel inguinal interno obliquamente em direção ao anel inguinal externo e por fim para o escroto. 2. Direta: o saco faz protrusão para fora e para adiante e é medial ao anel inguinal interno e vaso epigástricos inferiores. 3. Mista/Pantalona: ocorre quando existe um componente de hérnia indireta e direta. HÉRNIA INGUINAL INDIRETA Corresponde a 2/3 de todas as hérnias inguinais. É secundária a alterações congênitas decorrentes da falha no fechamento do conduto peritoneovaginal (processos vaginalis), uma espécie de túnel criado pela descida do testículo (que vai empurrando o peritônio à sua frente) da cavidade abdominal em direção à bolsa escrotal. Normalmente esse conduto é obliterado totalmente, recebendo o nome de ligamento de Cloquet. Nas mulheres, o equivalente ao conduto peritoneovaginal é o divertículo de Nuck, uma espécie de túnel criado também pela “descida” do ovário durante a embriogênese. Quando não há a obliteração do conduto após o nascimento, ou o fechamento é parcial, permanece uma comunicação entre a cavidade abdominal e o canal inguinal, possibilitando o surgimento da hérnia. HÉRNIA INGUINAL DIRETA Corresponde a 1/3 de todas as hérnias inguinais. É resultado de alterações adquiridas. Ocorre devido a um enfraquecimento da musculatura da parede posterior do canal inguinal. A hérnia direta ocorre no triângulo de Hesselbach, segmento mais frágil da fascia transversalis, principalmente por ser região menos protegida pelo revestimento músculo aponeurótico. Para diferenciar uma hérnia direta de uma indireta: ▪ Indireta → Lateral aos vasos epigástricos ▪ Direta → Medial aos vasos epigástricos Cirurgia Geral Thomás R. Campos | Medicina – UFOB Fisiopatologia ▪ Defeitos anatômicos congênitos ou adquiridos (pelo esforço físico) ▪ Aumento pressão intra-abdominal (tosse persistente, dificuldade para urinar ou defecar) ▪ Doenças sistêmicas do tecido conjuntivo (causando danos às fácias, aponeurose e tendões) ▪ Defeitos na síntese do colágeno ▪ Tabagismo ▪ Outros fatores predisponentes: desnutrição, idade avançada, sedentarismo, doenças crônicas (DM, ICC), esforço (DPOC, doenças prostáticas, cistocele, retocele, gravidez, obesidade, atividade física intensa). Diagnóstico O diagnóstico de hérnias abdominais é clínico! USG e TC ficam reservados aos raros casos de dúvida ou no diagnóstico diferencial com outras desordens. ▪ Anamnese: – Sensação de peso ou dor mal definida na região inguinal associada aos esforços – Abaulamento na região inguinal – Identificação de fatores desencadeantes (hipertrofia prostática, ascite, tosse crônica, constipação crônica e tumorações abdominais volumosas... tudo que possa aumentar a pressão intra-abdominal) ▪ Exame físico: – Inicialmente é realizado com o paciente em pé (verificar assimetrias ou abaulamentos em respouso) – Manobra de Valsalva (pode acentuar uma tumoração preexistente). – Palpação: introduzir o dedo no anel inguinal externo (palpado através da bolsa escrotal), depois vai empurrando o saco herniário para o interior do canal inguinal, por fim você pede ao paciente que realize a manobra de Valsalva. – Se a hérnia for indireta → empurra a ponta do dedo. – Se a hérnia for direta → empurra a polpa do dedo. – Manobra de Landivar: pela topografia cutânea, você oclui o anel inguinal interno. Aí você pede para o paciente realizar a manobra de Valsalva. – Se a hérnia aparecer → é direta. – Se a hérnia não aparecer → é indireta. Lembrando que existem vários diagnósticos diferenciais para hérnias inguinais: Cirurgia GeralThomás R. Campos | Medicina – UFOB Classificação Vários sistemas de classificação foram criados, na tentativa de facilitar a comunicação entre os cirurgiões, permitindo a padronização da terapêutica e a comparação dos resultados de diferentes hospitais. Uma das mais utilizadas atualmente é a classificação de Nyhus: Tratamento ▪ Clínico: em hérnias pequenas assintomáticas, onde se pondera entre o risco de complicações relacionadas com hérnia como encarceramento, estrangulamento e o potencial para complicações pós-operatórias. – Em idosos do sexo masculino, o risco de encarceramento da hérnia em 02 anos é de só 0,3%. Atenção! Não existem estudos do tipo em pacientes do sexo feminino. ▪ Cirúrgico: de modo geral, o tratamento de hérnias inguinais é sempre cirúrgico. A decisão quanto ao momento cirúrgico adequado e o tipo de cirurgia a se realizar dependem, basicamente, se a hérnia é redutível, encarcerada ou estrangulada. – Hérnia redutível → cirurgia eletiva – Hérnia encarcerada → manobra de Taxe + cirurgia no mesmo dia – Hérnia estrangulada → é emergência cirúrgica! Manobra de Taxe: consiste na redução manual incruenta do saco herniário. No caso de dificuldade, podemos lançar mão de analgesia venosa e posição de Trendelenburg para facilitar a redução. Essa manobra não pode ser realizada em hérnias estranguladas! [!]Sinais de estrangulamento: – Queda do estado geral – Hiperemia local – Dor local intensa – Dor abdominal intensa – Hipotensão – Alteração em exames laboratoriais ou de imagem (ex.: leucocitose e sinais de sofrimento isquêmico na TC de abdome) Normalmente, quando já se passaram 06-08 horas de encarceramento é muito provável que o paciente já apresente um ou mais dos sinais acima; nesses casos, a intervenção cirúrgica deve ser imediata! Cirurgia Geral Thomás R. Campos | Medicina – UFOB Técnica operatória: 1- Abordagens anteriores (Através de incisão transversa ou oblíqua na região inguinal, são abertos os planos subcutâneos e do oblíquo externo) + Reforço da parede posterior (o que difere uma técnica da outra): ▪ Técnica de Bassini: o reforço é realizado através da sutura do tendão conjunto e o arco músculo aponeurótico do m. transverso no ligamento inguinal. Apresenta o maior índice de recidiva. ▪ Técnica de Shouldice: o reforço é feito através de uma imbricação (superposição) de planos musculares. É uma técnica mais complexa, com menor índice de recidiva. ▪ Técnica de Zimmerman: sutura da fascia transversalis à cinta ileopectínea, estreitando o anel inguinal interno. ▪ Técnica de Lichtenstein: é a técnica padrã-ouro. Uma tela feita de polipropileno (Marlex) é suturada ao longo do ligamento inguinal inferiormente, no tendão conjunto e sob o oblíquo interno. É feita abertura na tela para a passagem do cordão espermático, que é “abraçado” pela tela. Apesar de ser uma técnica mais simples, mostrou índice de recidiva semelhante ou até menor às técnicas convencionais. – Apesar de ser uma cirurgia limpa, como o procedimento de Lichtenstein envolve colocação de tela, é necessário antibioticoprofilaxia (cefazolina) para evitar infecção do sítio cirúrgico. 2- Abordagens posteriores (pré-peritoneal), isto é, “por dentro”: ▪ Técnica de Stoppa: através de incisão mediana infraumbilical descola-se o espaço pré- -peritoneal até o tubérculo púbico. São reduzidos os sacos herniários, e coloca-se uma tela gigante, desde a cicatriz umbilical até o pube, cobrindo assim a parede posterior das regiões inguinais e do hipogastro. Esse tipo de abordagem é indicada em casos de hérnias bilaterais ou recidivadas, já que podemos através de uma única incisão abordar toda a região inguinal. 3- Reparo videolaparoscopico: Pode ser feita por duas abordagens, ambas utilizam tela: 1- Extraperitoneal total – TEP (Totally Extraperitoneal Approach): o espaço pré-peritoneal é alcançado diretamente através de uma incisão infraumbilical. Depois você coloca um endoscópio com balão. Aí quando chegar no espaço pré-peritoneal o balão é insuflado, permitindo um alargamento da região. 2- Abordagem transabdominal - TAAP (Transabdominal Preperitoneal Approach): o espaço pré- peritoneal é acessado depois da penetração na cavidade do peritônio. É recomendada em casos de hérnias recidivadas, principalmente se o reparo anteriormente realizado tiver sido aberto. Não tem grandes vantagens em relação aos procedimentos convencionais além de melhor visualização da anatomia e menor risco de infecção do sítio cirúrgico, mas os pacientes retornam mais rápido às atividades diárias e se queixam menos de dor no pós-operatório. Peculiaridades das crianças: Em mais de 95% dos casos a hérnia é indireta. É mais encontrada em prematuros do que em RN a termo, apresenta alto índice de acometimento bilateral e alto risco de encarceramento/estrangulamento (maior em prematuros), sobretudo no primeiro ano de vida. Como não há fechamento espontâneo das hérnias inguinais, a cirurgia está indicada em todas as crianças! Técnica operatória: – Identificar o saco herniário e fazer a ligadura alta, já que o defeito é eminentemente a patência do conduto peritoneovaginal – Técnica de Marcy: usada quando o anel inguinal interno é largo, consiste no simples estreitamento do anel. Existe controvérsia sobre a necessidade de operar ou não o lado contralateral. Cirurgia Geral Thomás R. Campos | Medicina – UFOB Complicações do tratamento cirúrgico São infrequentes e podem ser divididas em: ▪ Complicações de ferida operatória (hematoma, seroma e infecção) ▪ Complicações isquêmicas: ocorrem por trombose do delicado plexo venoso do testículo (plexo pampiniforme), O resultado é a orquite isquêmica (atrofia testicular, que pode ser dolorosa ou não). ▪ Complicações neurológicas: decorrentes da lesão dos nervos da região inguinal, seja por tração, uso de eletrocautério ou aprisionamento do nervo. Por exemplo, uma lesão do ramo genital do nervo genitofemoral usualmente causa hiperestesia genital com dor na face interna da coxa e bolsa escrotal (grandes lábios na mulher). ▪ Recidivas: ocorrem em 1 a 3% dos casos em um período de dez anos. As hérnias diretas são as que mais recidivam. HÉRNIAS FEMORAIS Hérnias femorais correspondem a 3% das hérnias inguinais. ▪ Mais comuns em mulheres, principalmente obesas acima dos 45 anos. ▪ Localizam-se mais comumente à direita, possivelmente por um efeito de tamponamento do sigmoide sobre o canal femoral esquerdo ▪ Em 20% dos casos são bilaterais ▪ Têm a maior taxa de estrangulamento (15 a 20%) de todas as hérnias devido ao limite rígido do anel femoral, portanto recomenda-se que todas hérnias femorais sejam reparadas. Antes é preciso entender a anatomia do canal femoral, que é por onde as hérnias femorais vão se pronunciar. Trata-se de uma estrutura inelástica localizada inferiormente ao ligamento inguinal. Limites Superior: – Trato ileopúbico Inferior: – Ligamento de Cooper Lateral: – Veia Femoral Medial: – Ligamento lacunar Diagnóstico ▪ Clínico: – Sintomatologia semelhante à das hérnias inguinais, a diferença é que o abaulamento na região da virilha se localiza abaixo do ligamento inguinal Tratamento O tratamento cirúrgico! ▪ Técnica de McVay: reparo é feito com a sutura do tendão conjunto no ligamento de Cooper. – Recentemente, esta técnica sofreu uma adaptação, com a utilização de tela de Márlex. O emprego de prótese, além do reforço do anel femoral, também reforça a parede posterior e o anel interno, servindo também para o reparo de hérnias inguinais, tanto diretas quanto indiretas ▪ Laparoscopiacom uso de prótese: tem um melhor acesso e trabalhos científicos têm demonstrado um menor índice de recidiva quando a abordagem laparoscópica é realizada. Cirurgia Geral Thomás R. Campos | Medicina – UFOB HÉRNIAS VENTRAIS As hérnias ventrais ocorrem quando há uma protusão através da fáscia da parede abdominal anterior. Podem ser de três tipos: 1- Hérnia umbilical. 2- Hérnia epigástrica. 3- Hérnia incisional. Hérnia umbilical Hérnias umbilicais se caracterizam por uma protrusão anormal do peritônio contendo tecido gorduroso pré- peritoneal (comum) e omento. Raramente encontramos alças intestinais no conteúdo do saco herniário. São causadas pela persistência do anel umbilical sem o fechamento de sua camada aponeurótica após o nascimento. ▪ Em crianças são congênitas e bastante comuns, principalmente em afrodescentes, e existe uma tendência ao fechamento espontâneo por volta dos 04-06 anos de idade em 80% dos casos. ▪ Em adultos são adquiridas e são mais comuns em mulheres e pacientes com condições que resultam em pressão intra-abdominal aumentada (gravidez, obesidade, ascite, distensão abdominal) ▪ O tratamento consiste na redução da hérnia com fechamento simples do anel herniário em sentido transverso Hérnia epigástrica Hérnias epigástricas são definidas como a protrusão de gordura pré-peritoneal ou do próprio peritônio, através de defeito na linha alba, no espaço compreendido entre o apêndice xifoide e a cicatriz umbilical. ▪ 2 a 3 vezes mais comuns em homens ▪ São múltiplas em até 20% dos pacientes ▪ O tratamento consiste na excisão do tecido pré-peritonial e fechamento simples Hérnia incisional Hérnias incisionais ocorrem como resultado de tensão excessiva e cicatrização inadequada de uma incisão prévia. ▪ Fatores de risco: infecção de sítio cirúrgico, obesidade. Idade avançada, ascite, gravidez, diabetes mellitus, quimioterapia para o câncer e uso de glicocorticoides. ▪ Tratamento: reparo primário (em defeitos pequenos, <2cm) e uso de tela em defeitos maiores. HÉRNIAS INCOMUNS ▪ Hérnia de Spiegel: localizada entre a borda lateral do m. reto do abdome e a linha semilunar (de Spiegel), geralmente abaixo da linha arqueada de Douglas; apresenta localização infraumbilical. ▪ Hérnia do obturador: ocorre devido à fraqueza da membrana obturadora, fenômeno que permite a passagem do saco herniário, contendo estruturas abdominais pelo trajeto do feixe vasculonervoso obturatório. É mais comum no sexo feminino e em pessoas debilitadas. ▪ Hérnia lombar: surgem através de defeito na fáscia fibromuscular da parede posterior do abdome. – Trígono lombar superior (de Grynfeltt) – Trígono lombar inferior (de Petit) ▪ Hérnia interparietal: são raras e ocorrem quando o saco herniário se localizam entre os músculos da parede abdominal. ▪ Hérnia isquiática: herniação através do forame isquiático ▪ Hérnia perineal: ocorre entre o elevador do ânus e o esfíncter anal externo. Podem ocorrer após ressecção abdominoperineal ou prostatectomia. Geralmente são tratadas por uma abordagem transabdominal e perineal. Cirurgia Geral Thomás R. Campos | Medicina – UFOB Tipos especiais de hérnia Hérnia de Amyand: apendicite aguda no interior de uma hérnia inguinal. Hérnia de Garengeot: presença do apêndice cecal fazendo parte do conteúdo herniário da hérnia femoral. Hérnia de Richter: quando ocorre pinçamento apenas de uma parte da víscera abdominal (borda antemesentérica). Como o restante da circunferência não faz parte do conteúdo do saco herniário, não ocorre obstrução intestinal. Este fenômeno leva a um atraso no diagnóstico do encarceramento e, muitas vezes, faz com que o segmento encarcerado evolua para isquemia e perfuração. Sua ocorrência é mais frequente nos sítios das hérnias femorais, mas pode ser visto em hérnias inguinais e umbilicais. Hérnia de Littré: é caracterizada pela presença do divertículo de Meckel no saco herniário. Também pode evoluir com estrangulamento e necrose, sem sinais de obstrução intestinal, o que torna o diagnóstico muito difícil. – Lembrar que o divertículo de Meckel é a anomalia congênita mais comum do intestino e se localiza na borda antemesentérica do íleo, a cerca de 60 cm da válvula ileocecal, sendo por isso mais comum à direita. Hérnias por deslizamento: são aquelas em que um órgão compõe parte da parede do saco herniário. As vísceras mais comumente encontradas são o cólon e a bexiga. Embora possam ocorrer nas hérnias femorais, a maior parte das hérnias por deslizamento é variante da hérnia inguinal indireta.
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