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A Educação na Grécia Antiga

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A Educação na Grécia Antiga
Nós, brasileiros, fazemos parte de uma sociedade construída nos moldes ocidentais, ou melhor, sob a herança direta das civilizações grega e romana. Não podemos negar que somos continuadores das realizações desses povos da Antiguidade. O mundo greco-romano criou as concepções de pensamento que, gradativamente, se espalharam para todo o mundo, tornando-se, dessa forma, uma cultura que incorporou  elementos dos povos orientais e, amparada em Estados organizados, foi imposta a muitos outros povos dominados pelos gregos e romanos.
Para compreendermos de forma clara o pensamento grego a respeito da educação, é necessário sabermos o rumo que essa formação deveria tomar. Para os gregos o fim último da educação deveria ser a PAIDÉIA. A Paidéia seria a formação integral do homem, integral porque buscava a formação do homem em todas as suas esferas, estabelecendo um equilíbrio entre corpo e espírito. Esse ideal foi tão relevante, especialmente em Atenas, que atualmente, por vivermos em busca de novos paradigmas, ressurge o ideal de superar a visão pragmática e utilitária da educação, voltada para a estrita especialização, na busca de uma formação mais abrangente e globalizante.
A Grécia não constituiu como as civilizações orientais um país unificado, não existia uma unidade política com uma capital e um governante com poder sobre toda ela. A base da sociedade grega eram as cidades-Estados. Essas cidades, também chamada de pólis, eram formadas por uma cidade cercada de terras com campos cultivados e pastos, uma espécie de minipaís com suas leis e governos. Portanto, cada cidade-estado tinha grande autonomia em relação às demais. Os únicos fatores que uniam os povos dessa região era a religião e o idioma, os gregos, ao contrário do que muitos acreditam tinham consciência de que pertenciam a uma cultura comum, mas as cidades-estados raramente se uniam.
A originalidade da civilização grega, centrada especialmente na laicização, na racionalidade e na universalidade fez com que a Grécia assumisse uma posição privilegiada na direção da humanidade ocidental. A sociedade grega estruturou-se de maneira singular em relação às civilizações orientais, suas cidades possuíam autonomia política e territorial, o que permitiu a organização de diferentes sociedades e, consequentemente, de diferenças na organização educacional. As duas principais cidades-estado gregas foram Atenas e Esparta. Assim, nos atentaremos à educação estruturada nessas cidades e quais as contribuições deixadas, e que perduram até hoje.
A laicização marcou o afastamento da religião do sistema educacional, a educação não seria mais uma conseqüência da religião, a razão permitiu o desenvolvimento da lógica de pensamento, da crítica e, especialmente, da filosofia. A universalidade fez com que a cultura construída nas cidades-estado gregas expandisse sua força e originalidade, mesmo após a desarticulação dessa civilização.
Apesar das cidades-estado organizarem a educação de uma forma diferente, em alguns aspectos a formação do homem tinha pontos em comum. Apenas os membros da aristocracia tinham direito à educação, esses jovens, eram primeiramente confiados a preceptores e posteriormente enviados à escola, que não era o único local em que ocorria o processo de ensino-aprendizagem, as atividades coletivas como o teatro, os jogos olímpicos, banquetes e reuniões na ágora eram vistas como momentos de aprendizagem.
Dois modelos de educação
As crianças gregas, de uma forma geral, viviam a primeira infância sob os cuidados das mulheres que poderiam ser a própria mãe ou uma escrava, além de serem totalmente submetidas à autoridade do pai, que determinava seu futuro papel social. Portanto, até os sete anos as crianças gregas vivam com suas mães e cuidadoras, posteriormente, eram entregues aos cuidados dos professores, da escola ou do Estado, como ocorria em Esparta.
Devemos atentar para o fato de que a infância, com algumas variações, não era valorizada na cultura antiga da forma como conhecemos hoje, era tida mais como uma idade de passagem, sempre ameaçada por doenças, não merecendo muito investimento afetivo e cuidados (ARIÈS, 1981). Em suma, as crianças gregas cresciam em casa, sob os cuidados severos dos pais, atemorizados por figuras míticas, gratificados com alguns brinquedos e jogos, mas sempre colocadas a margem da vida social (CAMBI, 1999, p. 82).
Como destacamos, as cidades-Estado gregas eram autônomas e tinham em comum apenas o idioma e a religião politeísta[1] e, portanto, a forma de educar também variou entre elas. Todavia, dois modelos, elaborados pelas mais influentes cidades helênicas[2] ganharam maior destaque ao longo da história, especialmente por serem radicalmente diferentes. Atenas e Esparta organizaram  modelos educativos que tinham objetivos e atores diversos.
Esparta
O povo Dório conquistou a região do Peloponeso, dominando os Aqueus que ali viviam e nela fundaram a cidade-Estado de Esparta. Em Esparta toda a terra pertencia ao Estado que distribuía lotes aos cidadãos. Como a presença de escravos ameaçava o domínio político, os espartanos tiveram que se preparar militarmente para submetê-los e não perder o poder.
A sociedade espartana, ao contrário da ateniense, não estimulava a discussão e o debate, pois a preparação física para as guerras estava em primeiro lugar. Existiam em Esparta três categorias sociais: os Esparcíatas ou espartanos, que detinham o poder dedicando-se as atividades militares e aos negócios públicos; os Periecos (homens livres), que cultivavam as terras e dedicavam-se ao comércio, mas não possuíam direitos políticos; os Hilotas (os escravos) pertenciam ao Estado e trabalhavam nas terras publicas e nos lotes dos esparcíatas.
O sistema político de Esparta caracterizou-se pela gerontocracia, ou poder controlado pelos mais idosos. Havia uma diarquia, ou seja, o governo de dois reis, que cuidavam dos negócios internos e externos; a assembléia dos cidadãos (Apela), que aprovava ou não as leis elaboradas pelo Conselho de Anciões (Gerúsia) e o Eforo, composto por cinco magistrados, os éforos, que fiscalizavam e exerciam o poder, mas submetidos aos gerontes.
Esparta é bastante conhecida pela força militar apresentada desde o início da organização da cidade-estado. Essa preocupação militar refletiu diretamente na organização de sua educação das crianças e jovens. A educação espartana tinha como principal ideal pedagógico formar cidadãos temerosos aos deuses, patriotas, bravos e fortes, assegurando a superioridade militar. Valorizavam muito as atividades guerreiras e a prática de exercícios físicos, com o objetivo de preparar o corpo para as mais variadas situações de guerra. A educação em Esparta era pública e obrigatória, o que a tornou menos dualista, como veremos, que a educação praticada em Atenas. Os espartanos desenvolviam o rigor físico e as habilidades guerreiras por meio da ginástica, prática na qual eram rigorosamente disciplinados e controlados pelos éforos, os cinco magistrados que exerciam um poder absoluto para tal prática.
Desde o sete anos, o Estado tomava a criança, incluindo as meninas, para si e a criava em uma espécie de caserna pública, onde estudava de maneira lúdica até o doze, quanto começaria a receber o treino militar. Para transformar moços e moças em vigorosos soldados, impunham a eles uma disciplina severa e muita ginástica. Era muito comum as práticas de amor homossexual para estreitar os laços de companheirismo.
Como todos os gregos estudavam música, canto e dança coletiva, mas não se interessavam muito pelo estudo da filosofia, pouco espaço era dado a ela na formação do espartano, que visava mais a formação prática. Poucos sabiam ler e contar, tal era o desprezo que votavam à instrução no sentido moderno do termo. Portanto, não encontramos em Esparta os chamados teóricos da educação.
O que devemos, ainda, ressaltar na educação prática na cidade de Esparta é o fato de que promovia, mesmo com toda a rigidez militar, a vida coletiva, os vínculos de amizade e a obediênciae a valorização da mulher. Em Esparta, as mulheres participavam, desde pequenas, dos exercícios de salto, o lançamento de disco, a corrida e a dança. “Por ocasião das festividades, exibiam nos jogos públicos toda a força, a beleza e o vigor dos corpos bem treinados” (ARANHA, 2006, p.64).
Atenas
Atenas foi fundada pelo povo jônio que habitava a região da Ática, península banhada pelo Mar Egeu onde ficava o porto do Pirineu, que servia à cidade-Estado. No século VI a.C., Atenas passou por transformações, as antigas estruturas políticas já não se adequavam ao progresso econômico, provocando agitações sociais e políticas. Em 509 a.C. foram adotadas as reformas idealizadas por Clístenes, que acabaram com os privilégios políticos da aristocracia. Com essas reformas todos os cidadãos atenienses podiam participar das decisões, qualquer cidadão poderia votar e ver sua proposta ser votada nas assembleias.
Esse regime político de Atenas era denominado democracia, todavia a democracia praticada em Atenas era para poucos. Para começar, os escravos não tinham direito a voto. As mulheres, os metecos, que eram os “estrangeiros”, homens livres que não eram nascidos em Atenas também não participavam das assembléias e votações. Box explicativo A democracia ateniense era direta e não representativa como ocorre atualmente, os cidadãos compareciam as assembleias e votavam pessoalmente as questões ali discutidas.
Ao contrário do que ocorria em Esparta, na cidade grega de Atenas, ao lado da educação física a educação intelectual assumia grande importância. Desde o século VI a.C, os sábios (sophos) discutiam a filosofia e a ciência, transformando Atenas em um centro irradiador de cultura. Foi em Atenas que a educação grega ganhou as formas que foram transmitidas à civilização ocidental. Em Atenas surgiram às primeiras preocupações com a formação intelectual do homem, com a Paidéia propriamente dita.
Apesar da importância atribuída à educação, essa não era nem obrigatória nem gratuita, fazendo com que apenas uns poucos conseguissem a ela ascender. Somente os que poderiam se dedicar ao “ócio criativo” poderiam receber essa educação integral, aos demais restava apenas à prática manual, tão desprezada pelos pensadores gregos.
A educação da criança durante os primeiros sete anos ficava nas mãos da família, que as entregavam aos cuidados de amas e escravos, o oposto do que faziam as mães espartanas que se encarregavam de educar seus filhos nessa fase. Após os sete anos as meninas continuavam sob os “cuidados” maternos dedicando-se aos afazeres domésticos, pois as mulheres eram pouco valorizadas em relação aos homens. Quanto aos meninos desligavam-se da autoridade materna e iniciavam a educação física, a musical e a alfabetização. Em Atenas os meninos eram iniciados ao universo educacional sempre acompanhadas de um escravo, o pedagogo, que o orientaria em suas primeiras atividades intelectuais. A parti dos 13 anos eram encaminhados aos ginásios onde recebiam uma cultura física, musical e literária. Dos 16 aos 18 anos a educação do jovem tomava uma dimensão cívica de preparação militar. A educação superior apareceu posteriormente, com os sofistas e os filósofos, como Sócrates, Platão e Aristóteles.
Vemos nascer em Atenas a pedagogia como saber autônomo, o pensamento da educação e todos os seus questionamentos, assistimos aí ao surgimento da preocupação com o aprimoramento dos métodos educacionais, a estruturação da Paidéia.
A partir desse interesse pelo processo educativo, dentro de Atenas surgem formas diferentes de compreender a educação. Os principais pensadores desse processo são também os nomes mais conhecidos dentro de outras áreas de conhecimento: Sócrates, Platão e Aristóteles.
· Politeísmo: Sistema de religião que admite muitas divindades.
· Helênico: Relativo aos Helenos ou à Grécia Antiga. Relativo aos Helenos ou à Grécia Antiga.

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