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Introdução à Linguística

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Prévia do material em texto

Diretor Geral 
Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino e Pós-graduação
Daniel de Lima
Diretor Administrativo 
Eduardo Santini
Coordenador NEAD - Núcleo
de Educação a Distância
Jorge Van Dal
Coordenador do Núcleo de Pesquisa
Victor Biazon
Secretário Acadêmico
Tiago Pereira da Silva
Projeto Gráfico e Editoração
André Oliveira Vaz
Revisão Textual
Kauê Berto
Web Designer
Thiago Azenha
FICHA CATALOGRÁFICA
FACULDADE DE TECNOLOGIA E 
CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ. 
Núcleo de Educação a Distância;
MONTEIRO, Lucimari de Campos.
Linguística I. Lucimari. de Campos Monteiro.
Paranavaí - PR.: Fatecie, 2020. 78 p.
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária
Zineide Pereira dos Santos.
UNIFATECIE Unidade 1
Rua Getúlio Vargas, 333,
Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 2
Rua Candido Berthier
Fortes, 2177, Centro
Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 3
Rua Pernambuco, 1.169,
Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 4
BR-376 , km 102, 
Saída para Nova Londrina
Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
www.fatecie.edu.br
As imagens utilizadas neste 
livro foram obtidas a partir
do site ShutterStock
AUTORA
Professora Esp. Lucimari de Campos Monteiro
●	 Pós-graduada em Docência do Ensino Superior (Faveni – ES)
●	 Especialista em Marketing, Novas Mídias e Redes Sociais (UNIARA - SP)
●	 Licenciada em Letras Português-Inglês (FIRA – SP) 
●	 Professora Conteudista – UniFatecie
●	 http://lattes.cnpq.br/3060516310351242 
Possui experiência como docente no Ensino Fundamental II e Médio nas disciplinas 
de Gramática, Literatura e Redação. No ensino superior atuou como docente nos cursos 
de Letras, Agronomia, Engenharia Civil, Jornalismo, Publicidade e Administração, nas 
disciplinas de Comunicação Empresarial, Linguística, Mídia, Análise e Produção de texto, 
e outras da área da comunicação e educação, no interior de São Paulo. Atuou, ainda, 
em Agências de Publicidade no Paraná como redatora de peças publicitárias. Possui 
experiência com correção das Redações do ENEM, revisão de textos acadêmicos em geral 
e Trabalhos de Conclusão de Curso.
http://lattes.cnpq.br/3060516310351242
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Seja muito bem-vindo(a)!
Prezado(a) aluno(a), este material é recheado de informações e conceitos acerca 
dos estudos da Linguística, e se você é um apaixonado pelo estudo da Língua precisa 
conhecê-la em seus mais variados aspectos. Proponho, junto com você, construir nosso 
conhecimento sobre a Linguística e suas atuais pesquisas, visto que trata-se de uma ciência 
teoricamente nova, em comparação com o que já conhecemos hoje.
Na unidade I vamos iniciar os estudos de linguística conceituando a ciência e 
o senso comum, depois o objeto de estudo da Linguística e ela como ciência de fato. 
Passaremos por algumas etapas do estudo até encontrar Ferdinand de Saussure e sua 
teoria da Linguística saussureana e paradigma saussureano.
Já na unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos sobre a temática e vamos 
conhecer	 a	 Gramática,	 Forma	 e	 o	 Processo	 de	 Significação,	 bem	 como	 o	 significado	
das	 palavras	 (significado	e	 significante). Ainda na unidade II vamos estudar a Forma e 
significação:	o	significado	e	a	estrutura	linguística.
Já na unidade III teremos acesso aos fatos, dados e hipóteses na análise linguística, 
bem como na Coleta de dados e a construção do corpus de análise e os fatos e preconceitos 
linguísticos 
Para	finalizar	nosso	material,	na	unidade	IV,	conheceremos	os	Princípios	de	análise:	
regras das línguas e regras linguísticas na descrição dos fatos linguísticos, a Análise 
Linguística e suas ferramentas de análise na Linguística Descritiva: Palavras, lexemas e 
sintagmas, bem como as construções gramaticais de sujeito e predicado.
Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta jornada 
de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em 
nosso	material.	Esperamos	contribuir	para	seu	crescimento	pessoal	e	profissional.	
Muito obrigada e bom estudo!
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 6
A Definição de Ciência
UNIDADE II ................................................................................................... 25
Gramática, Forma e o Processo de Significação
UNIDADE III .................................................................................................. 40
Fundamentos da Linguística Descritiva
UNIDADE IV .................................................................................................. 59
Princípios de Análise Linguística
6
Plano de Estudo:
●	 A ciência e o senso comum
●	 O problema da Teoria
●	 O objeto de estudo da Linguística e a Linguística como ciência
●	 A exigência do caráter explícito, sistemático, objetivo 
●	 O objeto da Linguística saussuriana e paradigma saussureano
●	 As características do signo linguístico 
Objetivos de Aprendizagem:
●	 Conceituar a Linguística como ciência 
●	 Conhecer as características do signo linguístico 
UNIDADE I
A Definição de Ciência
Professora Esp. Lucimari de Campos Monteiro
7UNIDADE I A Definição de Ciência
INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a), nesta unidade vamos conhecer a teoria de Ferdinand de 
Saussure, considerado o pai da linguística moderna, que deu início aos estudos que se tem 
hoje sobre a temática.
Antes, porém, serão tecidas considerações relevantes ao conceito de ciência e 
senso comum, fatores importantes no que diz respeito ao conceito de tipos de conhecimento 
para que pudéssemos chegar ao entendimento, hoje, de Linguística enquanto ciência e 
ciência viva.
Por se tratar de um campo de estudo relativamente recente, os apontamentos 
aqui apresentados são baseados em sua origem, em Saussure, mas com pinceladas de 
correntes linguísticas mais recentes e que vieram para somar às ideias do linguista suíço.
Vamos	também	identificar	os	fundamentos	relevantes	para	o	caráter	científico	dos	
estudos	linguísticos,	definir	os	conceitos	estabelecidos	e	como	eles	se	aplicam	na	prática.
Aos amantes do estudo da língua, nossa sugestão é: atente-se aos conceitos, 
ideias e informações aqui apresentadas para que seja possível compreender a Linguística 
como ciência. A ciência que estuda a Linguagem.
8UNIDADE I A Definição de Ciência
1 A CIÊNCIA E O SENSO COMUM
Falar	 em	 ciência	 nos	 remete	 sempre	 a	 algo	 que	 está	 provado,	 quantificado	 e	
registrado, mas antes de tomarmos essas características como base, vamos analisar qual 
ou quais seriam as diferenças entre o senso comum e a ciência.
Podemos	definir	o	conceito	de	senso	comum	como	algo	que	é	de	conhecimento	
e domínio popular, ou seja, algo que surge com a necessidade de resolver um problema 
imediato ou mesmo para dar sentido a alguma situação.
O	senso	comum	como	objeto	de	reflexão	existe	desde	a	origem	dos	escritos	
filosóficos.	Aristóteles	é	tido	como	o	primeiro	pensador	de	que	temos	registro	
como	articulador	das	primeiras	definições	de	senso	comum	(senso comunis). 
Antes dele, Platão, metaforicamente explicou a vida na caverna como uma 
condição que nos aprisiona no mundo sensível, fazendo-nos crer que a reali-
dade estaria nas sombras projetadas no fundo de uma caverna. (DOURADO, 
2018, online).
Logo,	fica	evidente	que	o	senso	comum	existe	desde	que	a	humanidade	existe,	o	
Mito da Caverna de Platão, tão conhecida e discutida até hoje, é um dos maiores exemplos 
que temos do que é o senso comum. 
Na alegoria platônica existiam, de um lado, homens presos na caverna, re-
presentando o homem comum e o seu “conhecimento” equivocado e oriundo 
dos sentidos. Eles construíam, por consequência, falsas imagens para enten-
der	e	explicar	a	realidade	(imersos	no	senso	comum).	Do	outro,	a	figura	que	
se	tornará	o	filósofo,	ou	seja,	um	dos	poucos	homens	que	conseguiu	alcançar	
outras formas de conhecimento, saindo das sombras e caminhando em dire-
ção à luz. (DOURADO, 2018, online).
9UNIDADEI A Definição de Ciência
Enquanto	podemos	definir	o	senso	comum	como	cultura	popular,	ou	algo	que	não	
foi	comprovado	cientificamente,	nossos	conhecimentos	empíricos	se	resguardam	ao	senso	
comum,	o	que	não	se	deve	ser	menosprezado,	afinal	é	um	tipo	de	conhecimento.
Mas, o que nos interessa de fato em relação à linguística, é entender que esta é um 
tipo de conhecimento, mas que está bem longe de ser senso comum. A ciência, portanto, é 
a parte do conhecimento que foi, de fato, comprovado, estudado. 
Trata-se do conhecimento criteriosos e analisado, daquilo que foi, de alguma 
maneira, comprovado e testado.
Veja	a	definição:
A ciência, tanto por sua necessidade de coroamento como por princípio, 
opõe-se absolutamente à opinião. Se, em determinada questão, ela legiti-
mar a opinião, é por motivos diversos daqueles que dão origem à opinião; 
de modo que a opinião está, de direito, sempre errada. A opinião pensa mal; 
não pensa: traduz necessidades em conhecimentos. Ao designar os objetos 
pela utilidade, ela se impede de conhecê-los. Não se pode basear nada na 
opinião: antes de tudo, é preciso destruí-la. Ela é o primeiro obstáculo a ser 
superado. Não basta, por exemplo, corrigi-la em determinados pontos, man-
tendo, como uma espécie de moral provisória, um conhecimento vulgar provi-
sório.	O	espírito	científico	proíbe	que	tenhamos	uma	opinião	sobre	questões	
que não compreendemos, sobre questões que não sabemos formular com 
clareza (BACHELARD, 1996, p. 18).
Portanto,	 fica	 evidente	 que	 dentre	 os	 tipos	 de	 conhecimentos,	 o	 conhecimento	
científico	é	o	que	nos	 interessa	enquanto	estudantes	da	 língua	e	acadêmicos,	afinal	é	o	
conhecimento que não deixa dúvidas e não se gera contradição.
Podemos	definir,	ainda,	ciência	como	“saber	produzido	através	do	raciocínio	lógico	
associado à experimentação prática” e que nos leva à certeza daquilo que se busca, é o 
conhecimento baseado na certeza e não na dúvida. É exata e indiscutível.
10UNIDADE I A Definição de Ciência
2 O PROBLEMA DA TEORIA
 No tópico anterior conhecemos a diferença entre senso comum e ciência, conceitos 
que	foram	estabelecidos,	mas	que	no	início	do	século	XX	foi	questionado	por	um	filósofo	
chamado Karl Raimund Popper (1902-1994), suas indagações trazem dois apontamentos 
sobre o problema da Teoria. A saber: 
O problema da indução
Para Popper (2007),	 há	um	problema	 referente	à	 validade	ou	à	 justificação	das	
proposições universais das ciências empíricas, ele questiona: “Enunciados factuais, que se 
baseiam na experiência, podem ser válidos universalmente? É possível saber mais do que 
se sabe?”
Fato é que o “problema da indução” traz a luz algumas refutações:
A indução consiste em construir um discurso da ciência a partir de fatos obser-
vados (experiência). Esse tipo de raciocínio pretende anunciar leis universais 
baseadas em alguns fatos observados, ou seja, a partir de certo número de ob-
servações, chega-se a uma conclusão generalizada. Essa passagem do par-
ticular para o universal é o que chamamos de indução. (BRITO, 2014, p. 10).
Outro questionamento de Popper está em torno da demarcação. Veja:
11UNIDADE I A Definição de Ciência
O problema da demarcação
Para	o	filósofo,	a	visão	dos	positivistas	deixava	lacunas	no	conceito	estabelecido	
como ciência, ou seja, não se pode considerar conhecimento algo apenas por não ser 
provado	cientificamente?
Os positivistas normalmente interpretam o problema da demarcação de ma-
neira naturalista; interpretam-no como se ele fosse um problema da ciência 
natural. Em vez de torná-lo como razão que os leve a empenhar-se em pro-
por uma convenção adequada, acreditam estar obrigados a descobrir uma 
diferença decorrente da natureza das coisas, por assim dizer, entre ciência 
empírica, de um lado, e metafísica de outro. Estão constantemente procu-
rando mostrar que a metafísica, por sua própria natureza, nada mais é que 
tagarelice vazia — “ilusão”, como diz Hume, que devemos lançar ao fogo. 
(POPPER, 2007, p. 54).
Os problemas apresentados por Popper (2007) podem ser encontrados com 
precisão no livro “Os dois problemas fundamentais da teoria do conhecimento” e avaliados 
sob várias perspectivas apresentadas pelo autor. Vale a pena a leitura!
12UNIDADE I A Definição de Ciência
3 O OBJETO DE ESTUDO DA LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA COMO CIÊNCIA
Vamos a partir de agora entrar, de fato no campo de estudo da Linguística, mas 
para isso é preciso compreender o seu objeto de estudo e entendê-la como ciência. 
O estudo da linguagem humana sempre esteve inserido em outras ciências e não 
era considerada autônoma, somente com a publicação de Curso de Linguística Geral, de 
Ferdinand de Saussure, que ela passou a ser entendida e estudada como ciência de fato:
A	linguística	é	o	estudo	científico	da	linguagem	humana.	Desde	a	antiguidade	
clássica até o início do século XIX a pesquisa linguística estava inserida em 
outras	ciências,	tais	como	a	lógica,	psicologia	e	filosofia,	não	sendo	reconhe-
cida como ciência autônoma. Em 1916 Ferdinand Saussure publica seu Cur-
so de Linguística Geral e a linguística passa a ser estudada como ciência 
autônoma,	tendo	como	objeto	de	estudo	a	langue.	Identificamos,	assim,	que	
ao	proporem	novos	parâmetros	os	estudiosos	permitem	a	evolução	científica,	
como ocorreu com a linguística, e que a “proliferação de versões teóricas e 
de	paradigmas	concorrentes”	 se	 faz	necessária	no	cenário	 científico,	 visto	
que	 “é	 a	 comunidade	 científica	 que	 propõe	 os	 parâmetros,	 que	 escolhe	 e	
determina se uma teoria ou experiência é válida ou não” (ARAÚJO apud CO-
RACINI, 2007)
Fica evidente, portanto, que o objeto de estudo da Linguística é o funcionamento 
da linguagem verbal humana, das línguas naturais, e como tal deve ser analisada de vários 
âmbitos.	Fiorin	(2015)	aponta	que	a	Linguística	tem	por	finalidade	elucidar	o	funcionamento	
da linguagem humana, descrevendo e explicando a estrutura e o uso das diferentes línguas 
faladas no mundo.
13UNIDADE I A Definição de Ciência
Ferdinand de Saussure
Ferdinand de Saussure nasceu em Genebra, Suíça, em 26 de novembro de 1857. 
Foi	um	estudioso	da	língua	e	filósofo	que	propiciou,	através	das	suas	elaborações	teóricas,	
o desenvolvimento da linguística enquanto ciência autônoma. 
Saussure	tem	até	hoje	influência	nos	estudos	da	teoria	da	literatura	e	nos	estudos	
culturais,	 e	 definiu	 os	 signos	 linguísticos	 e	 seus	 estudos,	 chamados	 de	Semiologia	 (ou	
semiótica). Seus conceitos serviram de base para o desenvolvimento de uma corrente 
teórica chamada Estruturalismo, no século XX. Para o linguista suíço, a linguística pretende:
Fazer a descrição e a história de todas as línguas que puder abranger, o que 
quer dizer: fazer a história das famílias de línguas e reconstituir, na medida do 
possível, as línguas-mães de cada família; procurar as forças que estão em 
jogo, de modo permanente e universal, em todas as línguas e deduzir as leis 
gerais às quais se possam referir todos os fenômenos peculiares da histórias; 
delimitar-se	e	definir-se	a	si	própria.”	(SAUSSURE,	1995,	p.13)
É notável que a Linguística é uma ciência relativamente nova e como tal está em 
constante aperfeiçoamento. Novos estudos vêm surgindo sobre essa ciência e, obviamente, 
novos conceitos podem ser apontados, aperfeiçoando as teorias de Saussure.
ESTRUTURALISMO
O Estruturalismo foi uma corrente de pensamentos que agregou não somente 
a linguística, mas também a sociologia, antropologia e demais áreas do conhecimento, 
podendo ser entendida como uma metodologia em que os elementos da cultura humana 
devem ser relacionados com um sistema maior, mais abrangente. 
O estruturalismo de Ferdinand Saussure ocupou-se do estudo sincrônico da 
língua, e, mesmo não tendo usado a nomenclatura, Estruturalismo, deixou 
valioso estudo sobre a estrutura da língua a que chamou de sistema. A publi-
cação de seu trabalho intitulado “Cours de linguistique général” só se deu em 
1916, três anosdepois de sua morte. Este trabalho serviu de modelo e ins-
piração da corrente estruturalista, pós-saussuriana, em abordagens social, 
cultural e psicológicas, entre outras. (LIMA, 2013, online).
É fato que Saussure foi o precursor da Linguística e é considerado o pai da ciência, 
pois estava à frente de seu tempo e conseguiu estruturar a língua para que fosse possível 
estudá-la de maneira diferente do que havia até então.
Após os estudos de Saussure e o lançamento do seu Curso de Linguística Geral, 
em 1916, novos apontamentos foram surgindo e novas teorias surgiram para fomentar 
ainda mais os estudos na área.
14UNIDADE I A Definição de Ciência
FUNCIONALISMO
Posteriores a Saussure, duas tendências teóricas se estabeleceram para que os 
estudos do estruturalismo fossem aprimorados, o funcionalismo e o formalismo:
Em tese, funcionalismo é a área da Linguística que busca estudar a relação que há 
entre a estrutura gramatical das diversas línguas existentes e os contextos comunicativos 
em que elas acontecem.
Os estudiosos desta corrente apontam a linguagem como uma ferramenta de 
interação social, ou seja, não há como analisá-la isoladamente, mas sim através da relação 
entre linguagem e sociedade, na prática das interações do cotidiano. Em termos gerais, os 
funcionalistas buscam analisar dados reais da fala e escrita, extraídos do contexto real da 
comunicação.
GERATIVISMO/FORMALISMO
Além do funcionalismo, outra corrente que estabelece relações com a linguística é 
a gerativista ou formalista de Noam Chomsky.
O formalismo tem como principal teórico e primeiro representante o linguista 
norte-americano Noam Chomsky, que desenvolveu a teoria gerativa, a partir 
do	final	da	década	de	1950.	Sua	proposta	era	analisar,	mais	do	que	o	de-
sempenho dos falantes (seu uso), a sua competência, o seu conhecimento 
linguístico subjacente. Assim, “o papel do gerativismo no seio da linguística 
constituir um modelo teórico capaz de descrever e explicar a natureza e o 
funcionamento da faculdade da linguagem”, característica mental da espécie 
humana (Kenedy In: Martelo-te, 2008, p. 129). Logo, sua visão de língua é a 
de uma entidade autônoma, que não depende do uso, da comunicação na 
situação social. (MARTINS, 2009, p. 15).
Vale lembrar que teceremos aqui considerações relevantes ao que diz respeito do 
estudo da Linguística, no entanto, as dicas de livros e leituras complementares que faremos 
ao	final	de	cada	unidade	serão	importantes	para	a	compreensão	integral	da	temática,	afinal	
trata-se de uma ciência complexa e relativamente nova, como já dito anteriormente.
Nos tópicos seguintes vamos conhecer com mais detalhes a teoria de Saussure para 
que	seja	possível	identificar	as	concepções	de	signo	e	todas	as	características	linguísticas	
que foram fomentadas pelo suíço.
É importante, ainda, ressaltar que as informações das unidades seguintes 
deste material serão baseadas apenas na teoria de Ferdinand de Saussure, portanto, 
conheceremos a origem da ciência.
15UNIDADE I A Definição de Ciência
4 A EXIGÊNCIA DO CARÁTER EXPLÍCITO, SISTEMÁTICO, OBJETIVO 
A teoria de Ferdinand de Saussure é, como já dito, a primeira para entender a 
linguística como ciência. Portanto, vamos ver a partir de agora e nos tópicos que seguem a 
divisão que ele faz para que fosse possível estudar a língua.
Entendamos algumas concepções de Saussure:
●	 Língua: a língua é um sistema supra-individual utilizado como meio de 
comunicação entre os membros de uma comunidade;
●	 Fala: ato individual de vontade e inteligência;
●	 Linguagem: fusão da língua e da fala, é social e individual;
●	 Diacronia: estuda os fenômenos da língua e sua evolução;
●	 Sincronia: os fenômenos da língua de uma determinada época;
●	 Sintagma: a combinação de formas mínimas numa unidade linguística superior;
●	 Paradigma: banco de reservas da língua;
●	 Signo: associação de um conceito com imagem acústica;
●	 Significado:	é	o	conceito	e	reside	no	plano	do	conteúdo.
●	 Significante:	é	uma	“imagem	acústica”	(cadeia	de	sons)	e	reside	no	plano	da	
forma;
●	 Semiologia: a ciência que estuda os signos linguísticos.
16UNIDADE I A Definição de Ciência
Vamos agora ver como todas essas concepções se relacionam na teoria de 
Saussure e como se aplica sua teoria no estudo da língua, e até mesmo nas concepções 
de linguagem.
Para	tanto,	vamos	analisar	cada	definição	com	um	olhar	mais	crítico	e	acadêmico	
para que seja possível compreender o que Saussure nos deixou como legado, levando-
se em consideração que os estudos aqui apresentados são a base, a origem do estudo 
linguístico e que a partir deles novos conceitos foram estabelecidos nos anos posteriores.
17UNIDADE I A Definição de Ciência
5 O OBJETO DA LINGUÍSTICA SAUSSURIANA E PARADIGMA SAUSSUREANO
O objeto da Linguística, de fato, é a linguagem. Entenda-se linguagem como a 
soma de Língua e Fala chamada por Saussure de Langue e Parole. 
Temos aqui o que se chama de Dicotomia de Saussure:
Quadro 1: Dicotomia de Saussure
LANGUE PAROLE
Social Individual
Constante Variável 
Realidade mental Realidade física
Homogênea Heterogênea 
Conservadora Inovadora
Fonte: a autora
A dicotomia nos mostra que essa oposição do social versus o individual se mostra 
útil,	afinal,	uma	completa	a	outra,	mas,	o	linguista	alerta:	‘a	linguagem	tem	um	lado	individual	
(parole) e um lado social (langue), sendo impossível conceber um sem o outro’. 
Logo, podemos dizer que a langue é necessária para que a parole seja clara e 
compreensível e a parole estabelece as futuras mudanças da langue.
Sintagma vs. Paradigma
Outra concepção - ou eixos - de Saussure é a do sintagma e do paradigma, estas são 
definidas	pelo	linguista	como	“a	combinação	de	formas	mínimas	numa	unidade	linguística	
superior”. 
O eixo paradigmático é o eixo das escolhas, e o eixo sintagmático é o das 
combinações. Em termos gerais podemos dizer que o paradigmático são as opções que 
temos de fazer combinações, enquanto o sintagmático são as combinações de fato.
[...] a Sintagmática, centrada no eixo das combinações dos sintagmas, esta-
belece relações baseadas no caráter linear da língua que, exclui a possibi-
lidade de pronunciar dois elementos ao mesmo tempo, ou seja, regras que 
limitam os falares, privilegiando o uso coletivo em oposição ao individual. 
(SAUSSURE, 1995, p. 142).
O	que	Saussure	diz	é	que	há	uma	infinidade	de	opções	na	construção	de	uma	frase	
ou fala. 
18UNIDADE I A Definição de Ciência
Por	exemplo,	se	eu	for	falar	algo	que	se	refira	ao	dia,	dando	uma	característica	para	
ele, tenho inúmeras opções. Veja:
Quadro 2: opções de escolha de construção
Hoje uma noite estivera lindo
Ontem o dia esteve bonito
Amanhã a manhã está linda
Agora um tarde estará bonita
Fonte: a autora
“Hoje o dia está lindo”
Para que a frase fosse construída foram combinadas alternativas até que se 
chegasse ao resultado. Essa relação de opções e escolhas é o que chamamos de eixos 
sintagmáticos e paradigmáticos.
No discurso, os termos estabelecem entre si, em virtude de seu encadea-
mento, relações baseadas no caráter linear da língua, que exclui a possibili-
dade de pronunciar dois elementos ao mesmo tempo. Estes se alinham um 
após outro na cadeia da fala. Tais combinações, que se apoiam na extensão, 
podem ser chamadas de sintagmas.” (SAUSSURE, 1995, p. 142).
 Figura 2: Sintagma e paradigma
Fonte: Chom’SkyPédia
Conclui-se que, “as relações sintagmáticas e as relações paradigmáticas ocorrem 
concomitantemente.” (COSTA, 2008, p.122).
19UNIDADE I A Definição de Ciência
6 AS CARACTERÍSTICAS DO SIGNO LINGUÍSTICO 
“A língua é um sistema cujas partes podem e devem ser consideradas em sua solida-
riedade sincrônica” (Saussure, 1975).
Entender o signo linguístico é requisito básico para compreendermos um pouco 
mais a teoria de Saussure. Valendo-se do que já foi até aqui explanado sobre língua e fala, 
temos o conceito de que a primeira é social, enquanto a segunda é individual.
Osigno,	pode	ser	entendido	e	definido	como	uma	unidade	constituinte	do	sistema	
linguístico é	formado	por	duas	partes:	a	do	significado	e	a	do	significante.
Significante vs. significado
 
O signo linguístico constitui-se, basicamente, numa mistura desses dois elementos, 
mas não anula um ou outro.
●	 O	significante	é	uma	“imagem	acústica”	(cadeia	de	sons)	e	reside	no	plano	da	
forma; 
●	 O	significado	é	o	conceito	e	reside	no	plano	do	conteúdo.
20UNIDADE I A Definição de Ciência
Figura	3:	significado	e	significante
Fonte: Chom’SkyPédia
O signo linguístico é, portanto, o resultado de uma combinação entre os membros 
de	um	determinado	grupo,	ou	seja,	para	haja	sentido	é	preciso	ter	significado	para	todos,	
o	som	em	si	não	tem	significado,	mas	quando	é	contextualizado	e	faz	sentido	para	esse	
grupo passa a ser entendido como signo.
Então,	 “afirmar	que	o	 signo	 linguístico	é	arbitrário,	 como	 fez	Saussure,	 significa	
reconhecer que não existe uma reação necessária, natural, entre a sua imagem acústica (seu 
significante)	e	o	sentido	a	que	ela	nos	remete	(seu	significante).”	(COSTA,	2008,	p.119).
Linguística Sincrônica e Linguística Diacrônica
O linguista determinou os fenômenos da língua através da sincronia e diacronia. É 
sincrônico o que estuda os fenômenos da língua de uma determinada época através de um 
recorte de uma fase, o diacrônico estuda os fenômenos da língua e sua evolução, tendo 
como fator primordial o tempo.
Para Saussure: 
É sincrônico tudo quanto se relacione com o aspecto estático da nossa ciên-
cia, diacrônico tudo que diz respeito às evoluções. Do mesmo modo, sincro-
nia e diacronia designarão respectivamente um estado de língua e uma fase 
de evolução. (SAUSSURE, 1995, p. 96).
Para entendermos melhor esses dois conceitos estabelecidos por Saussure, vamos 
a um exemplo prático:
Vamos utilizar para análise a palavra VOCÊ:
Sincrônico:
●	 4 letras: v-o-c-ê
●	 2 sílabas: vo-cê
21UNIDADE I A Definição de Ciência
Diacrônico: 
É chamada também de linguística histórica, portanto se utiliza das mudanças 
ocorridas na língua para sua análise.
●	 Pronome de tratamento
●	 Expressão originária: vossa mercê
●	 Variações da expressão: “vossemecê“, “vosmecê“, “vancê“ e você
●	 Uso na segunda pessoa no singular (no lugar de Tu, principalmente na oralidade)
“Vossa mercê” (mercê	significa	graça, concessão) era um tratamento dado a 
pessoas às quais não era possível se dirigir pelo pronome tu, era o elevado 
tratamento dado na terceira pessoa primeiramente aos reis de Portugal. No 
século XV, quando os soberanos portugueses adotaram o chamamento de al-
teza (vossa alteza, e sua alteza) foi o título de mercê começado a ser dado às 
principais	figuras	do	Reino,	nas	principais	casas	fora	da	Família	Real,	gene-
ralizando-se	a	dado	passo	como	forma	de	tratamento	adotada	pelos	fidalgos	
entre si. Este processo foi lento e gradual. “Mercê“, do latim Merces, sig-
nifica		benefício, presente, dignidade ,recompensa, pagamento, relacionado 
a MERX, que quer dizer “mercadoria, objetos para compra e venda”.(LIMA, 
2013, online).
Portanto, é possível notar como a sincronia e a diacronia são aplicadas na teoria, 
enquanto a primeira se interessa pelo estudo em um recorte de tempo, a segunda analisa 
os fatos históricos, a evolução e tudo o que está em torno.
SAIBA MAIS
A	linguística	não	se	afirma	como	uma	ciência	isolada,	haja	vista	que	se	relaciona	com	
outras áreas do conhecimento humano, tendo por base os conceitos dessas. Por essa 
razão, pode-se dizer que ela assim subdivide:
* Psicolinguística – trata-se da parte da linguística que compreende as relações entre 
linguagem e pensamentos humanos.
* Linguística aplicada – revela-se como a parte dessa ciência que aplica os conceitos 
linguísticos no aperfeiçoamento da comunicação humana, como é o caso do ensino das 
diferentes línguas.
* Sociolinguística – considerada a parte da linguística que trata das relações existentes 
entre fatos linguísticos e fatos sociais.
Fonte: DUARTE, Vânia Maria do Nascimento. “Linguística”; Brasil Escola. Disponível em: https://brasiles-
cola.uol.com.br/portugues/linguistica.htm. Acesso em 27 de Janeiro de 2020.
22UNIDADE I A Definição de Ciência
Biografia de Ferdinand de Saussure
Ferdinand de Saussure (1857-1913) foi um importante linguista suíço, estudioso das 
línguas indo-europeias, foi considerado o fundador da linguística como ciência moderna.
Para conhecer a vida e carreira de Saussure na íntegra acesse:
https://www.ebiografia.com/ferdinand_de_saussure/
REFLITA
“O tempo altera todas as coisas; não há razão para que a língua escape a esta lei 
universal.”
Ferdinand de Saussure
https://www.ebiografia.com/ferdinand_de_saussure/
23UNIDADE I A Definição de Ciência
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As informações até aqui apontadas são importantes para que possamos 
compreender o estudo da Linguística enquanto ciência. Os conceitos de Ferdinand de 
Saussure são extremamente relevantes para as pesquisas e as descobertas que se tem 
hoje sobre o estudo da linguagem.
Os conceitos estabelecidos pelo linguista foram essenciais para que se pudesse 
estudam a língua sob uma perspectiva mais profunda e não apenas baseada na escrita e 
em todo o formalismo que até então havia estabelecido.
Fato é que Saussure deixou um importante legado conceitual para que os estudos 
fossem ainda mais aprimorados nos anos e décadas posteriores.
Vale lembrar que a o livro que deu início na Linguística como ciência só foi publicado 
alguns anos após a morte de Saussure e ele está no nosso material complementar como 
dica – importante e indispensável – de leitura.
Afinal,	não	há	como	falar	de	linguística	sem	falar	de	Ferdinand	de	Saussure,	e	nem	
há como falar de Saussure sem citar sua obra primeira e fundamental “Curso de Linguística 
Geral”. Boa leitura e bons estudos.
24UNIDADE I A Definição de Ciência
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Curso de Linguística Geral
Autor: Ferdinand de Saussure
Editora: Cultrix
Ano: 1995
Sinopse: Obra póstuma do autor, este livro inaugura a fase 
estruturalista dos estudos da linguagem. Traz os pressupostos 
teórico-metodológicos	dessa	escola	que	acabaram	 influenciando	
outras ciências sociais. Embasada por Ferdinand de Saussure, um 
dos maiores estudiosos nessa área, este livro foi lançado em 1916, 
postumamente pelos alunos de Saussure. Esses colaboradores 
fizeram	 uma	 compilação	 das	 obras	 de	 seu	 mestre	 a	 fim	 de	
construir, em um único volume, uma síntese que internalizasse as 
ideias geniais desse que foi um dos maiores responsáveis pela 
estruturação da linguística como ciência. Os temas e conceitos 
abordados por esse livro dizem respeito ao trabalho realizado 
por Ferdinand de Saussure em estudar a língua como elemento 
fundamental da comunicação humana.
FILME/VÍDEO
• Título: O enigma de Kaspar Hauser
• Ano: 1974
• Sinopse: Um homem jovem chamado Kaspar Hauser (Bruno 
S.) aparece de repente na cidade de Nuremberg em 1828, e mal 
consegue falar ou andar, além de portar um estranho bilhete. Logo 
é descoberto que sua aparição misteriosa se deve ao fato de que 
ele	ficou	trancado	toda	sua	vida	em	um	cativeiro,	desconhecendo	
toda a existência exterior. Quando ele é solto nas ruas sem motivo, 
muitas pessoas decidem ajudá-lo a se integrar na sociedade, mas 
rapidamente Kaspar se transforma em uma atração popular.
• Link: https://www.youtube.com/watch?v=xBBK7CAtlXs
WEB
• Olimpíada Brasileira de Linguística: desde 2011, instigando 
seus participantes a ampliar suas habilidades lógico-analíticas e 
sua visão sobre os povos do mundo a partir de uma abordagem 
interdisciplinar.	 A	 olimpíada	 firmou-se	 como	 um	 fascinante	
instrumento de imersão multicultural, trazendo à luz diversos temas 
do mundo das línguas, da linguagem, dos códigos e da cognição 
humana.
• Link: http://www.obling.org/#home
http://www.obling.org/#home
25
Plano de Estudo:
●	 Gramática,	Forma	e	o	Processo	de	Significação
●	 Significação,	referência	econtexto:	o	significado	das	palavras
●	 Forma	e	significação:	o	significado	e	a	estrutura	linguística	
Objetivos de Aprendizagem:
●	 Conceituar	Forma	e	significação
●	 Compreender	o	significado	e	a	estrutura	linguística
UNIDADE II
Gramática, Forma e o Processo de 
Significação
Professora Esp. Lucimari de Campos Monteiro
26UNIDADE II Gramática, Forma e o Processo de Significação
INTRODUÇÃO
Prezado(a)	aluno	(a),	nesta	unidade	vamos	conhecer	o	processo	de	significação	
dos signos linguísticos completando ainda mais o que foi visto da unidade I.
Além	disso,	a	gramática	normativa	e	a	definição	de	 forma	baseada	na	 teoria	de	
Saussure serão nosso corpus de análise.
Vale	lembrar	que	as	definições	apontadas	aqui	serão	de	grande	importância	para	
a continuidade do material nas unidades que virão, por isso, é imprescindível que as 
características	de	significado	e	significante	sejam	bem	absorvidas	por	você	aqui	para	que	
haja compreensão posteriormente.
Outra questão – não menos importante – está relacionada ao referente, ou seja, ao 
contexto em que algo é dito ou escrito, por isso, faremos uma análise de uma situação em 
que determinada palavra será empregada em contexto completamente diferentes. 
Fique atento às nomenclaturas e características que serão aqui apresentadas.
Bons estudos!
27UNIDADE II Gramática, Forma e o Processo de Significação
1 GRAMÁTICA, FORMA E O PROCESSO DE SIGNIFICAÇÃO
Quando se fala em gramática e forma logo nos vem à mente o conceito que temos 
de	 gramática	 normativa,	 afinal	 é	 ela	 a	 responsável	 por	 nomear	 a	 formalizar	 as	 regras	
estabelecidas para a fala e a escrita da Língua Portuguesa.
Antes, porém, vale lembrar que vimos na unidade I deste material que há correntes 
teóricas da Linguística: a estruturalista, a funcionalista e a gerativista, e que cada uma delas 
traz um conceito diferente sobre o estudo da Língua.
A	eterna	‘briga’	entre	gramáticos	e	linguistas	está	exatamente	nesse	ponto,	enquanto	
os gramáticos buscam a perfeição da forma escrita e falada, defendendo as normas, os 
linguistas se preocupam em estabelecer uma comunicação que seja entendida por emissor 
e receptor, desde que haja um contexto em que una entendimento entre os dois.
Como diria Sírio Possenti, professor do Departamento de Linguística da Universidade 
Estadual de Campinas:
Quanto a teorias e métodos: para os gramáticos, a autoridade dos escritores 
é um critério para aceitar construções (e até exceções); para os linguistas, o 
critério para aceitar construções são os dados: se um fato ocorre sistemati-
camente, pertence à língua e deve ser descrito pela gramática. Pronúncias 
como “paiaço” e “muié”; concordâncias como “tu vai” e “os menino”, regências 
como “assistir o jogo” e “obedecer às regras” etc. são exemplos de pontos de 
discordância. (POSSENTI, 2012, online).
28UNIDADE II Gramática, Forma e o Processo de Significação
Vamos, então nos valer de alguns conceitos:
Gramática
A gramática é a nossa principal ferramenta de estudo da língua no que diz respeito 
a	sua	estrutura,	sua	forma,	suas	regras	e	afins:
A gramática normativa estabelece a norma culta, ou seja, o padrão linguístico 
que socialmente é considerado modelar e é adotado para ensino nas escolas 
e	para	a	redação	dos	documentos	oficiais.	[...]	Nas	línguas	que	têm	forma	es-
crita, como é o caso do português, o papel da gramática normativa é apontar 
o	que	configura	a	existência	de	um	padrão	linguístico	uniforme	[...]	(CIPRO	
NETO; INFANTE, 2008, p. 14-15).
Logo, é possível compreender que o papel principal da gramática é nortear a maneira 
como se usará o padrão das palavras, é o direcionamento do que é “certo e errado”.
Vale lembrar, ainda, que há diversos tipos de gramáticas (que veremos na unidade 
III deste material), mas nos atentaremos, a priori, pela gramática normativa.
Forma
Falar em forma, na Linguística, nos remete ao conceito de Saussure:
Segundo Saussure, forma designa toda a organização linguística ou estru-
tura da fala ou da escrita. Opõe-se a substância, que designa a realização 
física	da	língua	como	substância	fônica	ou	gráfica.	Saussure	diz	que	a	língua	
é uma forma e não uma substância (ROCHA, 2001, online).
Portanto, o conceito saussuriano de forma se estabelece na organização e estrutura 
da língua como um todo, enquanto a substância está relacionada à expressão:
É fato que a substancialidade sonora e até mesmo a escrita é relevante para 
a composição poética, visto que possibilitam efeitos estéticos diversos, como 
rimas (internas ou externas), entonação, musicalidade e até mesmo efeitos 
visuais. Entretanto, é fato que o pensamento saussuriano a partir do CLG 
(Curso de Linguística Geral) é pautado sob a formalidade relegada ao obje-
to	língua,	pela	definição	de	língua	enquanto	forma,	enquanto	sistema	cujos	
elementos estão em relação diferencial e opositiva. (SOUZA, 2011, online).
Veja um exemplo em que há a aplicação de forma e substância:
Nós conseguiu
Segundo Saussure, há aqui defeito na substância, pois é notório seu equívoco. Já 
em relação aos elementos sujeito e predicado, há coerência, pois estão relacionados de 
forma correta. Saussure, atribui à substância a função de fazer a ligação com a forma, é 
29UNIDADE II Gramática, Forma e o Processo de Significação
como se, em um comparativo, a língua está para a forma, assim como a fala está para a 
substância, não sendo possível imaginar uma sem a outra.
Processo de significação
Na	 linguística,	 falar	 em	 processo	 de	 significação	 é	 remeter	 aos	 signos,	 o	 que	
vimos	 na	 unidade	 anterior.	 Portanto,	 o	 processo	 de	 significação	 das	 palavras	 deve	 ser	
compreendido desde os seus primórdios, quando a criança começa a balbuciar as primeiras 
sílabas e tenta se comunicar através de gestos, expressões e demonstrações de objetos e 
o que ela conseguir para mostrar o que deseja.
[...] Falando do “jogo simbólico” (jogo do faz-de-conta), ele mostra, com rara 
habilidade, como o signo linguístico (a palavra) se organiza na criança. No 
começo,	o	significado	está	subordinado	ao	objeto;	depois,	o	objeto	subordi-
na-se	ao	significado.	No	brinquedo,	a	criança	opera	com	significados	desli-
gados dos objetos e ações aos quais estão habitualmente vinculados. Entre-
tanto, por encontrar-se ainda presa à materialidade dos objetos e das ações, 
fenômeno próprio do período que prepara o pensamento operatório segundo 
Piaget, a criança não pode ignorar as características dos objetos com os 
quais estrutura a situação lúdica. O que ocorre é um deslocamento semânti-
co de um objeto a outro. Trata-se, diz Vygotsky, de um movimento no campo 
do	 significado,	 o	 qual	 subordina	 a	 ele	 todos	 os	 objetos	 e	 situações	 reais.	
Em “pensamento e fala”, Vygotsky (1987) mostra como o aspecto fonético 
e o aspecto semântico seguem, nos primeiros anos da criança, movimentos 
opostos: o primeiro da parte ao todo (da palavra à frase), o segundo do todo 
à parte (da frase à palavra). (PINO, 1993, p. 17).
Portanto,	falar	em	processo	de	significação	das	palavras	é	entender	que:
● Significante: É o tangível, perceptível, material do signo.
● Significado: É o conceito, a parte abstrata do signo.
Exemplo:
Figura	1:Exemplo	de	significado	e	significante
Fonte: Slide Share
30UNIDADE II Gramática, Forma e o Processo de Significação
2 SIGNIFICAÇÃO, REFERÊNCIA E CONTEXTO: O SIGNIFICADO DAS PALAVRAS
No	tópico	anterior	vimos	a	respeito	do	conceito	de	significado	e	significante,	mas	
é evidente que tal conceito foi estabelecido fora de uma situação contextualizada, ou seja, 
quando	se	pensa	em	significado	de	uma	palavra	logo	recorremos	ao	referente.
Em	 outras	 palavras,	 só	 há	 como	 afirmar	 seu	 significado	 quando	 esta	 estiver	
contextualizada. Mas, pensando linguisticamente, vale lembrar que a criança é um bom 
exemplo de como funciona esse “jogo de sentido”, para ela uma palavra tem aquele 
significado	e	pronto,	pois	a	criança	é	objetiva.	Conforme	ganha	maturidade	entende	que	amesma palavra pode contemplar vários sentidos.
Falando ainda no que diz respeito à criança enquanto processo de descoberta de 
significados	e	significantes,	é	possível	notar	como	a	relação	de	contexto	e	referência	é	cada	
vez mais necessária.
Referência e contexto
Se você disser a uma criança a palavra BARATA, temos:
● Significante: BA-RA-TA (a palavra de fato – oral -, como ela ainda não sabe 
escrever, ela apenas ouve)
● Significado: um animal pequeno e nojento
Imagem 2: barata
31UNIDADE II Gramática, Forma e o Processo de Significação
Mas, e se você disser:
“Passei em frente a uma loja e vi que a toalha de banho estava barata”
Imagem 3: etiquetas de promoção
É	evidente	que	a	diferença	entre	os	significados	é	completamente	distinta,	mas	o	
significante	continua	sendo	o	mesmo.	Na	primeira	situação	o	termo	“barata”	se	referia,	de	
fato, ao “Gênero de insetos da ordem dos ortópteros, de hábitos noturnos, cujas principais 
espécies	se	encontram	nos	armazéns	e	nas	cozinhas”,	como	afirma	o	Dicio.com.	Já	na	
segunda	situação,	a	palavra	tem	seu	significado	completamente	em	outro	referente.
Logo, percebemos que o contexto situacional é importante para que haja 
entendimento correto e não ambíguo da mensagem que se deseja transmitir. 
Muitas vezes as crianças não são capazes de estabelecer essa diferença de 
significados	por	serem	ensinadas	apenas	através	do	significante.	A	diferenciação	se	dará	
com o passar dos anos e com o amadurecimento da língua no contexto em que a criança 
está inserida e à medida que será estimulada para perceber as multiformas de aplicabilidade 
de uma mesma palavra.
No plano dos elementos essenciais do processo de comunicação, proposto por 
Roman Osipovich Jakobson, o elemento “referente” é aquele que traz todo o contexto 
situacional, ou seja, é a partir dele que será possível entender com propriedade o que se 
pretende dizer.
32UNIDADE II Gramática, Forma e o Processo de Significação
Os elementos propostos por Jakobson são, ainda, aqueles que fazem relação com 
as funções da linguagem, a saber:
●	 Emissor	→	Função	Emotiva	ou	Expressiva
●	 Receptor	→	Função	Conativa	ou	Apelativa
●	 Código	→	Função	Metalinguística
●	 Mensagem	→	Função	Poética
●	 Canal	→	Função	Fática
●	 Referente	→	Função	Referencial	ou	Denotativa
Portanto,	é	importante	lembrar	que,	para	a	linguística,	verificar	toda	referência,	todo	
contexto	da	situação	é	necessário	para	estabelecer	a	relação	de	significado	e	significante.	
Quando se emprega uma palavra em um determinado contexto há possibilidades de que o 
seu	significado	também	seja	flexível.
33UNIDADE II Gramática, Forma e o Processo de Significação
3 FORMA E SIGNIFICAÇÃO: O SIGNIFICADO E A ESTRUTURA LINGUÍSTICA 
Como	já	visto	até	aqui	na	unidade	II	deste	material,	a	forma	e	a	significação	das	
palavras estão diretamente conectadas em seu contexto. 
Para elucidar ainda mais a teoria saussureana podemos conceituar como as 
unidades da língua que são chamadas de signos linguísticos, estes são organizados e 
divididos	 de	 duas	 formas:	 o	 significado	 (conceito,	 plano	 de	 conteúdo)	 e	 o	 significante	
(imagem acústica, plano de expressão).
Há entre esses dois elementos um vínculo natural com o conteúdo, por isso dizemos 
que o signo é arbitrário absoluto, quando analisado sozinho, isoladamente, mas dizemos 
que é arbitrário relativo, quando analisado em conjunto.
Após	 estabelecer	 o	 entendimento	 sobre	 significado	 e	 significante,	 é	 agora	 o	
momento de falarmos um pouco sobre a estrutura linguística nos seguintes quesitos:
●	 Modalidade oral e escrita 
●	 Registro formal e informal 
●	 Variedade padrão e não-padrão
34UNIDADE II Gramática, Forma e o Processo de Significação
As	estruturas	linguísticas	se	modificam	não	somente	através	dos	referentes,	como	
já vimos, mas também através das modalidades:
●	 Oral: linguagem falada (espontânea) 
●	 Escrita: linguagem que se utiliza de signos (planejada)
Já quando falamos sobre registros estamos nos referindo ao:
●	 Formal: normalmente utilizado na escrita, mas há casos em que se utiliza a 
formalidade, como um discurso presidencial, por exemplo;
●	 Informal: a conversa do dia a dia, a troca de informações com pessoas que você 
convive e que não há exigência de formalidade.
Já sobre a variedade, temos:
●	 Padrão: que é aquele estabelecido pela gramática e chamado também de norma 
culta e possui maior prestígio social;
●	 Não padrão: que é a linguagem do dia a dia e que não se remete à gramática 
para as construções.
Portanto,	 quando	 pensamos	 em	 processo	 de	 significação	 (levando-se	 em	
consideração	o	que	vimos	até	aqui	sobre	significado	e	significante)	é	preciso	estabelecer	
alguns critérios para o entendimento correto, o primeiro deles o referencial, ou seja, 
o contexto em que se está dizendo. Depois, no que diz respeito à estrutura linguística, 
podemos	definir	a	diferença	que	há	entre	a	oralidade	e	a	escrita,	a	variedade	e	o	padrão.	
REFLITA
“Sem a linguagem, o pensamento é uma nebulosa vaga, inexplorada.”
Ferdinand de Saussure
35UNIDADE II Gramática, Forma e o Processo de Significação
SAIBA MAIS
LITERATURA E LINGUÍSTICA LIMITES INTERDISCIPLINARES
As investigações sobre o texto literário, realizadas conforme as linhas de orientação do 
método estruturalista, desenvolveram discussões acerca da literatura e de metodologias 
analíticas, pela apropriação de conceitos que já faziam parte do quadro categorial da 
Linguística. Na tentativa de detectarem os princípios reguladores do discurso literário, 
especialmente quando da abordagem das múltiplas narrativas, as propostas dos teóri-
cos da literatura, elaboradas nas primeiras décadas do século XX, tiveram por base o 
legado do pensamento estrutural de Saussure. A Linguística que ele inaugura desenvol-
veu-se de modo dedutivo, por ter se constituído em uma ciência capaz de prescrever um 
princípio	geral	de	classificação	diante	do	heteróclito	da	linguagem.	E	se	tal	fato	ocorreu,	
foi porque Saussure sabia bem da impossibilidade de se partir do estudo de cada uma 
das inúmeras línguas que teria que abarcar.
Fonte: Maria Antonieta Jordão de Oliveira Borba (UERJ)
http://www.filologia.org.br/vicnlf/anais/caderno04-08.html
36UNIDADE II Gramática, Forma e o Processo de Significação
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade pudemos entender algumas características abordadas pela 
linguística,	 especialmente	no	que	 tange	ao	processo	de	 significação	das	palavras,	 bem	
como sua aplicação referencial e contextualizada.
Falar em forma, na linguística, é apontar as evidências abordadas por Saussure e 
entender como, de fato, ela funciona no dia a dia e no estudo da Língua.
A linguística é uma ciência viva que estuda a língua em suas mais variadas vertentes, 
e	mesmo	que	haja	descobertas	recentes	e	maneiras	distintas	de	aplica-la,	fica	evidente	que	
não há uma norma fechada e uma verdade absoluta quando se trata do estudo de algo que 
é social.
E	como	tal	não	pode	ser	restrito,	se	o	mundo	se	modifica	ano	após	ano	e	a	sociedade	
também, como podemos achar que a língua permaneceria intacta?
Os	amantes	da	língua	sabem	como	trata-se	de	um	organismo	vivo	e	eficaz	e	que	é	
completamente	flexível	e	requer	sempre	possibilidades	para	se	transformar.
37UNIDADE II Gramática, Forma e o Processo de Significação
LEITURA COMPLEMENTAR
Variação linguística e ensino de gramática
Edair Maria GÖRSKI e Izete Lehmkuhl Coelho
A variação social 
Essa variação (também conhecida como variação diastrática) está relacionada a 
fatores concernentes à organização socioeconômica e cultural da comunidade. Entram em 
jogo	fatores	como	a	classe	social,	o	sexo,	a	idade,	o	grau	de	escolaridade,	a	profissão	do	
indivíduo. São exemplos típicos de variação social: a vocalização do -lh- > -i- como em 
mulher/muié; a rotacização do -l- > -r- em encontros consonantais como em blusa/brusa; 
a assimilação do –nd- > -n> como em cantando/cantano; a concordância nominal e verbalcomo em os meninos saíram cedo/ os menino saiu cedo. Em relação à concordância verbal 
de terceira pessoa do plural, por exemplo, Monguilhott (2009), ao investigar a fala da região 
de Florianópolis, mostra uma correlação entre marcação de concordância e escolaridade. 
Os resultados apontam que os informantes mais escolarizados, independentemente da 
idade, preservam mais as marcas de concordância verbal. Velhos e jovens apresentam 
um aumento da marcação de concordância, de 67% para 88% e de 72% para 89%, 
respectivamente, com o aumento da escolaridade de fundamental para superior. Esses 
percentuais correspondem aos resultados de outros estudos que controlaram a escolaridade 
em amostras de outras regiões do Brasil (SCHERRE; NARO, 1997 e MONGUILHOTT, 2001). 
No entanto, a frequência de marcação da concordância cai consideravelmente quando o 
sujeito está posposto ao verbo, independentemente da escolaridade do informante. Tanto 
a	 variação	 geográfica	 como	 a	 variação	 social	 estão	 intimamente	 associadas	 às	 forças	
internas que promovem ou impedem a variação e a mudança e à identidade do falante. 
É como se o indivíduo, ao manifestar-se oralmente, já revelasse a sua origem regional e 
social.	É	como	se	ele,	pela	sua	forma	de	falar,	se	identificasse	como	pertencente	ou	não	
a determinada comunidade e a determinado grupo social. É nesse sentido que se diz que 
as regras variáveis podem ser motivadas extra-linguisticamente, além de linguisticamente.
A variação estilística 
Também chamada de variação contextual ou de registro, essa variação se manifesta 
nas diferentes situações comunicativas no nosso dia-a-dia. Em contextos socioculturais que 
exigem maior formalidade, usamos uma linguagem mais cuidada e elaborada – o registro 
38UNIDADE II Gramática, Forma e o Processo de Significação
formal; em situações familiares e informais, usamos uma linguagem coloquial – o registro 
informal. Mas, o que observamos na prática é que as situações cotidianas de interação são 
permeadas por diferentes graus de formalidade, mais do que por uma oposição polarizada. 
A variação estilística é regulada pelos domínios em que se dão as práticas sociais (escola, 
igreja, lar, trabalho, clube, etc), pelos papéis sociais envolvidos (professor-aluno, pai-
filho,	patrão-empregado,	etc),	pelo	tópico	(religião,	esporte,	brincadeiras,	etc).	O	grau	de	
variação será maior ou menor dependendo desses fatores. Na sala de aula, por exemplo, 
os professores tendem a usar uma linguagem mais monitorada do que os alunos. Esse 
monitoramento também está associado aos tipos de eventos. Encontramos maior ou menor 
monitoramento entre eventos que são mediados pela língua escrita e eventos mediados 
pela língua oral; entre eventos de explicação de um conteúdo e eventos de motivação; entre 
eventos de sala de aula e eventos dos corredores, e assim sucessivamente (BORTONI-
RICARDO, 2004). Um exemplo de variação estilística é encontrado no trabalho de Arduin 
(2005). Ao estudar a variação entre os pronomes possessivos teu(s) e seu(s), a partir de 
amostras de fala da região Sul (projeto VARSUL), ela mostra que nas relações assimétricas 
de inferior para superior a forma teu é desfavorecida (apenas 44%) e a forma seu é a mais 
frequente, indicando um maior distanciamento entre os interlocutores, como se fosse uma 
forma de respeito. Nas relações assimétricas de superior para inferior a forma teu é a 
preferida (91%) e, nas relações simétricas, a forma próxima e solidária mais frequente é teu 
(91%). Esses resultados corroboram estudos de Loregian-Penkal (2004) sobre a variação 
estilisticamente marcada dos pronomes tu e você em Santa Catarina: tu usado geralmente 
em relações simétricas ou nas relações assimétricas de superior para inferior, enquanto 
você em relações assimétricas de inferior para superior, marcando relações de poder e 
solidariedade. Nas várias formas de interação, a língua que utilizamos muda, de alguma 
maneira, para adaptar-se ao interlocutor e ao contexto de situação. A variação, portanto, 
é inerente à fala e à própria comunidade de fala e está relacionada aos diferentes papéis 
sociais exercidos por cada um dos participantes.
Fonte: http://www.uel.br/pos/ppgel/pages/arquivos/10749-39705-1-PB.pdf
39UNIDADE II Gramática, Forma e o Processo de Significação
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Linguística? - Que É Isso?
Autor: José Luiz Fiorin
Editora: Contexto
Ano: 2013
Sinopse: A Linguística é uma ciência pouco conhecida ou 
completamente desconhecida pelas pessoas em geral. E, como é 
comum acontecer com aquilo ou com aqueles que desconhecemos, 
ela é constantemente alvo de prejulgamentos – tendo sido 
acusada inclusive de renegar a norma culta e de contribuir para 
a destruição da língua portuguesa por defender modos “errados” 
de falar. Ou seja: o preconceito não atinge somente os diferentes 
falares. A própria Linguística que os estuda é objeto de atribuições 
e rótulos infundados. Este livro, que reúne grandes especialistas 
da	área,	 surge	para	explicar	o	que	é,	afinal,	 a	Linguística.	Para	
isso, trata das funções e características da linguagem humana, 
para depois discorrer sobre os cinco grandes objetos teóricos 
criados pela Linguística dos séculos XIX e XX: a língua, a 
competência, a variação, a mudança e o uso. Com um texto fácil 
e agradável, esta obra torna acessíveis questões complexas da 
ciência	da	linguagem	–	sem,	entretanto,	simplificá-las	–	tanto	para	
estudantes e professores de línguas como para interessados em 
geral. Autores: Norma Discini, Ronalda Beline.
FILME/VÍDEO
• Título: Nell
• Ano: 1994
• Sinopse: Uma jovem (Jodie Foster) é encontrada em uma casa 
na	floresta,	onde	vivia	com	sua	mãe	eremita,	mas	o	médico	(Liam	
Neeson) que a encontra após a morte da mãe constata que ela 
se expressa em um dialeto próprio, evidenciando que até aquele 
momento ela não havia tido contado com outras pessoas. Intrigado 
com a descoberta e ao mesmo tempo encantado com a inocência 
e a pureza da moça, ele tenta ajudá-la a se integrar na sociedade.
WEB
• Sistema VOLP:	O	sistema	de	busca	do	Vocabulário	Ortográfico	
da Língua Portuguesa, quinta edição, 2009, contém 381.000 
verbetes,	 as	 respectivas	 classificações	 gramaticais	 e	 outras	
informações	conforme	descrito	no	Acordo	Ortográfico.	
• Link do site: http://www.academia.org.br/nossa-lingua/busca-no-
vocabulario
http://www.academia.org.br/nossa-lingua/busca-no-vocabulario
http://www.academia.org.br/nossa-lingua/busca-no-vocabulario
40
Plano de Estudo:
●	 Descrição e prescrição
●	 Conceito de “gramática” 
●	 Fatos, dados e hipóteses na análise linguística
●	 Coleta de dados e a construção do corpus de análise 
●	 Fatos e preconceitos linguísticos
Objetivos de Aprendizagem:
●	 Conceituar a gramática na perspectiva linguística 
●	 Compreender as características das análises linguísticas
UNIDADE III
Fundamentos da Linguística Descritiva
Professora Esp. Lucimari de Campos Monteiro
41UNIDADE III Fundamentos da Linguística Descritiva
INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a), nesta unidade vamos estudar as características da gramática 
prescritiva, chamada mais comumente de gramática normativa e também da gramática 
descritiva que, como o próprio nome diz, descreve as características da língua.
Diferente da prescritiva, a descritiva se preocupa mais com o modo de como a 
língua é construída e não com o certo e o errado que a normativa traz em suas normas e 
regras rígidas.
Depois, vamos conhecer ainda alguns outros tipos de gramáticas, além das duas 
que foram citadas no primeiro tópico. É importante saber que essa diferença entre as 
gramáticas se faz necessário para que haja um estudo completo e profundo da língua em 
sua totalidade, seja na escrita, na fala e nos seus contextos.
No tópico 4 deste material, você encontrará ainda um plano de aula elaborado com 
o foco em análise linguística no gênero textual resenha crítica. O plano foi desenvolvido 
para o sexto ano do ensino fundamental2, mas pode ser adaptado e reconstruído para as 
demais séries.
Veremos, ainda, o que é e como acontecem os preconceitos linguísticos, tão comuns 
e	muitas	vezes	feito	sem	que	haja	percepção,	afinal	esse	comportamento	do	brasileiro	tem	
suas origens de anos e anos atrás. Aproveite e desfrute das informações aqui apresentadas, 
bons estudos!
42UNIDADE III Fundamentos da Linguística Descritiva
1 DESCRIÇÃO E PRESCRIÇÃO
Ao estudar linguística sabemos que muitos conceitos aparecem e que, 
inevitavelmente,	recorremos	a	Saussure	para	identificar	as	características	dessa	ciência.	O	
pai da Linguística foi, de fato, o precursor dos estudos na área, mas anos após suas teorias 
novos conceitos foram aparecendo e novas perspectivas de se estudar a língua.
Gramática prescritiva ou normativa
O que estudamos na escola é o que a gramática prescritiva, ou seja, a normativa 
diz que é o “certo e o errado”. 
Ela	 é	 repleta	 de	 regras	 do	 que	 se	 deve	 ou	 não	 fazer,	 classificações,	 análises	
profundas e difíceis e que, na maioria das vezes, deixa os alunos com certa aversão ao 
estudo da língua (e não é para menos!).
O que acontece, é que todos nós carregamos uma bagagem social, costumes, 
cultura,	tradições	e	que	refletem	diretamente	na	nossa	forma	de	comunicar.
A comunicação pessoal ou familiar está diretamente ligada à nossa forma de agir 
em sociedade, e seria um grande equívoco dizer que aquilo que você aprendeu desde 
criança é certo ou errado se comparado à realidade comunicativa de outra pessoa.
43UNIDADE III Fundamentos da Linguística Descritiva
Veja o poema de Oswald de Andrade que trata bem essa questão do que é “certo e 
errado” segundo a gramática prescritiva/normativa e o modo de dizer:
Pronominais
Dê-me um cigarro 
Diz a gramática 
do professor e do aluno 
E do mulato sabido 
Mas o bom negro e o bom branco 
Da Nação Brasileira 
Dizem todos os dias 
Deixa disso camarada 
Me dá um cigarro.
Fonte: ANDRADE, Oswald. Obras completas, Volumes 6-7. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972.
Gramática descritiva
A linguística descritiva é a prova de que essa forma diferente de analisar o estudo 
da	linguagem	se	deu	e	é	eficaz	e,	consequentemente,	surge	a	gramática	descritiva.
Vamos analisar o nosso país: rico em cultura, regiões completamente distintas em 
costumes, repleto de sotaques e uso recorrente de palavras diferentes. Ora, se a língua é 
viva	como	poderíamos	analisá-la	em	uma	única	perspectiva	em	um	país	tão	diversificado?	
Apontar o certo e o errado em questões de linguagem é como ensinar uma mãe a educar 
seu	próprio	filho.
A linguística descritiva tem como objetivo estudar o sistema linguístico funcional 
como as classes de palavras e suas unidades, mas além disso ela preocupa-se também 
com os sons que compõem as palavras e as regras relacionadas a sintaxe. Em termos 
gerais	ela	está	cada	vez	mais	disposta	a	estudar	a	classificação	e	a	análise	do	objeto	de	
fato, mas sem “julgar certo e errado”.
A linguística descritiva traz na gramática descritiva duas divisões:
●	 Descrição formal: morfologia, fonologia e a sintaxe.
●	 Descrição semântica: regras de interpretação semântica e as relações entre a 
língua e o mundo extralinguístico.
44UNIDADE III Fundamentos da Linguística Descritiva
A Gramática Descritiva - é a descrição de como a língua funciona, do con-
junto de regras que são usadas pelos falantes. Ao contrário da normativa, a 
gramática descritiva leva em consideração tudo aquilo que possa estabele-
cer uma comunicação, de acordo com determinada variedade linguística, ou 
seja, tudo o que está incluído no sistema. (FRAGA, 2011, online)
Portanto,	fica	evidente	que	a	gramática	descritiva	não	está	interessada	em	dizer	a	
ninguém como usar a língua, o que poderíamos entender até mesmo como um abuso de 
poder, mas sim está preocupada em descrever os modos como ela é usada na vida real. A 
primeira turma ergue muros entre certo e errado; a segunda dedica-se a demoli-los.
45UNIDADE III Fundamentos da Linguística Descritiva
2 CONCEITO DE “GRAMÁTICA” 
É importante sempre lembrar que quando falamos de gramática o primeiro 
pensamento	se	remete	à	gramática	normativa.	E	não	está	errado,	afinal	é	essa	gramática	
que aprendemos a vida toda na escola.
Mas, agora como estudantes da língua e da linguagem, não há como continuar 
afirmando	que	a	normativa	(ou	a	prescritiva)	é	uma	verdade	absoluta,	não	é	mesmo?!
Para isso, separei a sinopse (entenda-se como uma dica de leitura também) de um 
livro do Professor Sírio Possenti, chamado “Por que (não) ensinar gramática na escola”:
Sinopse: O livro expõe questões relativas à natureza e ao aprendizado das 
línguas, destacando os fatores internos e externos da variação linguística, a natureza das 
gramáticas “naturais”, dos “erros” dos aprendizes ou falantes, e aspectos do funcionamento 
da	língua	ligados	aos	contextos	e	valores	sociais.	Expõe	e	exemplifica,	ainda,	os	conceitos	
de gramática normativa, descritiva e internalizada, e apresenta algumas sugestões práticas 
de como trabalhar em sala de aula a partir da produção do aluno.
Na unidade anterior vimos como se divide a gramática descritiva da tão conhecida 
prescritiva,	mas	qual	seria	a	definição	ou	o	conceito	de	gramática?
46UNIDADE III Fundamentos da Linguística Descritiva
Vamos recorrer ao dicionário:
Significado de Gramática
s.f.: Conjunto de princípios que regem o funcionamento de uma língua, determinando 
o uso considerado correto de uma língua.
Mas,	há	ainda	a	definição	segundo	a	linguística:
[Linguística] Estudo sistemático, descritivo e analítico do que compõe uma língua, 
suas frases, palavras, fonemas, processos de derivação, de flexão etc.
É	notório	que	a	definição	de	gramática	se	estabelece	de	maneiras	diferentes	em	
determinados aspectos, para o conceito geral trata-se das regras da normativa, mas sob 
a perspectiva linguística, vai muito além de imposições entre certo e errado e abrange 
descrições, processos de construções, etc.
Vamos ver cinco concepções e tipos de gramáticas que podemos encontrar:
Quadro 1: Tipos de Gramáticas
Gramática Normativa: Utilizada em sala de aula, ela busca a padronização da 
língua, indicando através de suas regras como devemos falar e escrever corretamente. Sua 
abordagem privilegia a prescrição de regras que devem ser seguidas, desconsiderando 
os fatores sociais, culturais e históricos aos quais estão sujeitos os falantes da língua.
Gramática Descritiva: Analisa um conjunto de regras que são seguidas, 
considerando as variações linguísticas da língua ao investigar seus fatos, extrapolando 
os	conceitos	que	definem	o	que	é	certo	e	errado	em	nosso	sistema	linguístico.
Gramática Histórica: Investiga a origem e a evolução de uma língua, representando 
os estudos diacrônicos.
Gramática Comparativa: Estabelece comparação da língua com outras línguas 
de uma mesma família. No caso de nossa língua portuguesa, as análises comparativas 
são feitas com as línguas românicas.
Gramática internalizada: Conjunto de regras que o falante domina e utiliza na 
comunicação, de maneira que as frases e sequências das palavras são compreensíveis 
e reconhecidas como pertencendo a uma língua e não é ensinada de forma convencional. 
Para se provar a existência da gramática internalizada, há dois fatores linguísticos: 
a aprendizagem por repetição, ouve-se a fala de outrem e se reproduz o que ouviu, 
aplicando as “regras”, que são observadas por comparações; outro fator é a hipercorreção 
gramatical.
Fonte: https://www.portugues.com.br/gramatica
47UNIDADE III Fundamentos da Linguística Descritiva
É relevante, ainda, ressaltar, que o uso das gramáticas é importante, mas apenas 
o seu manuseio não fará de você “um senhor da verdade absoluta”:
É importante também ter a consciência de que “saber gramática” não implica 
necessariamente em “falar bem” ou “escrever corretamente”. Isso é só mais 
um dos muitos mitos que compõem o preconceito linguístico tão vigoroso em 
nossa sociedade.Se o conhecimento da gramática normativa garantisse o 
“escrever bem”, todos os professores de língua seriam excelentes escritores, 
prosadores criativos... Isso não acontece, não é? Os gramáticos, então se-
riam os maiores artistas da língua! Ora, sabemos que não é bem assim. Aliás, 
muito pelo contrário: a maioria dos gramáticos escrevem num estilo rebusca-
do, empolado, pouco ágil, usando recursos retóricos antiquados, justamente 
porque se apegam demais à tradição (Bagno, 2004, p. 160).
E você, já tinha ouvido falar nas outras formas de gramática?!
48UNIDADE III Fundamentos da Linguística Descritiva
3 FATOS, DADOS E HIPÓTESES NA ANÁLISE LINGUÍSTICA
Quando se fala em análise linguística estamos nos referindo ao estudo da língua, 
ou seja, estamos dizendo que determinada língua poderá ser analisada de vários níveis, a 
saber:
Níveis de análise linguística
●	 Fonética/ Fonologia: fonética estuda os sons produzidos pela fala e a fonologia 
é o sistema sonoro de um idioma;
●	 Morfologia: estudo da estrutura e formação das palavras;
●	 Sintaxe: estuda a disposição das palavras nas frases;
●	 Semântica:	é	o	estudo	dos	significados
A	 partir	 dos	 conceitos	 definidos	 dos	 níveis	 da	 análise	 linguística,	 fica	mais	 fácil	
entender como podemos fazer essa análise. Há, portanto, algumas maneiras de analisar 
algo linguisticamente:
●	 Através de enunciados da fala: se optarmos por analisar a fala é importante 
observar o grupo de falantes que escolhermos, bem como suas características. 
Lembre-se de que na análise linguística não há o certo e o errado, mas sim 
há modos diferentes de se comunicar e se expressar, principalmente se nossa 
análise for verbal/oral;
49UNIDADE III Fundamentos da Linguística Descritiva
●	 Através	de	textos	escritos:	já	ao	analisar	os	textos	escritos	é	preciso	ficar	atento	
ao gênero textual, as escolhas de vocabulário, o estilo da escrita, o contexto 
situacional, bem como todos os fatores que possam interferir nessa análise.
Critérios para uma análise linguística
Antes de escolhermos, de fato, nosso corpus de análise, ou seja, nosso objeto de 
estudo,	é	importante	ficar	atento	aos	critérios	que	nos	norteará	para	o	estudo.
Na unidade I deste material abordamos os conceitos estabelecidos entre senso 
comum e ciência, até chegarmos à concepção de que a linguística é uma ciência nova e 
viva.
Como tal precisa ser analisada de foram coerentes e para que as nossas análises 
sejam	compreendidas	e	eficaz	vamos	dividir	em	três	partes:	fatos,	dados	e	hipóteses:
● Fatos
Podemos entender como fato tudo o que é verídico, ou seja, o que aconteceu no nível 
real, o que não é inventado. Por isso, um dos critérios de análise linguística deve se 
basear em fatos, e não estamos nos referindo somente a acontecimentos, mas sim 
em algo concreto. Por exemplo, um diálogo é um fato, bem como um poema também 
é. Desde que seja algo que exista, de fato, já pode entrar para nossa análise;
● Dados:
Outro critério não menos importante é a dos dados. Quando temos informações 
baseadas	em	dados	e	registros	tudo	fica	ainda	mais	fácil	de	se	analisar.	Como	toda	e	
qualquer ciência necessita de registros e dados, na linguística também é importante 
que haja, ainda mais se sua análise se tratar de algum evento ou acontecimento 
histórico;
● Hipóteses:
As hipóteses são importantes para que possamos organizar nossa análise. O 
levantamento de hipóteses é fundamental para que essas “perguntas” sejam 
respondidas	 ao	 longo	 da	 análise.	 Toda	 pesquisa	 requer	 hipóteses,	 afinal,	 se	 há	
perguntas sobre o assunto deverá haver respostas ou, ao menos, sugestões para 
que haja soluções do que nos propomos a analisar.
50UNIDADE III Fundamentos da Linguística Descritiva
4 COLETA DE DADOS E A CONSTRUÇÃO DO CORPUS DE ANÁLISE
 
Neste tópico vamos nos atentar a um exemplo prático de análise linguística. Antes, 
porém, vamos apenas conceituar o que seria o nosso corpus de análise:
Corpus de análise: podemos dizer que são os materiais mais importantes e de 
fontes	confiáveis	para	que	o	pesquisador	 fundamente	seu	 texto,	adequado,	portanto,	ao	
que	se	pede	no	caráter	científico	
Logo, podemos entender que o corpus em qualquer pesquisa é a parte fundamental, 
ou seja, o material selecionado para análise efetiva do que nos propomos a fazer. Mas, 
na	linguística	há	o	que	chamamos	de	Linguística	de	corpus.	Veja	a	definição	do	Instituto	
Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD):
Linguística de Corpus é a área da Linguística utilizada para coleta e análi-
se de bases com dados textuais produzidos por falantes reais, a exemplo 
de discursos, debates em mídias digitais, textos históricos, e outras formas 
de produção, como as transcrições de entrevistas para análises posteriores. 
Em Linguística de Corpus, estas bases de dados textuais são objetos de 
pesquisa chamadas de Corpus. Corpora é o plural de corpus – conjunto de 
dados linguísticos pertencentes ao uso oral ou escrito da língua e que po-
dem ser processados por computador. Contamos com suporte da tecnologia 
na Linguística de Corpus para potencializar as análises, usando ferramentas 
como concordanciadores, corpora online, programas de análise e compara-
ção, dentre outros. O entendimento deste método de pesquisa tem sido cada 
vez mais observado com atenção no mercado, assim como na academia, 
em pesquisas sociais, sociolinguísticas, educacionais, etc., que utilizem as 
metodologias da Linguística de Corpus para sustentar análises e resultados 
de suas respectivas áreas. (IBPAD, 2018, online).
51UNIDADE III Fundamentos da Linguística Descritiva
Portanto, o que de fato nos interessa aqui é o que a linguística de corpus nos 
propõe, e para tal criamos um plano de aula que poderá ser adaptado de acordo com a 
temática trabalhada em sala e a realidade da sua turma:
Quadro 2: Plano de Aula com Análise Linguística
PLANO DE AULA
Título da aula: Resenha crítica – Análise Linguística/Semiótica
Finalidade da aula:	Identificar	os	recursos	linguísticos	que	compõem	o	gênero	resenha	
crítica e incentivar a criticidade do aluno na produção do gênero
Ano: 6º ano do ensino fundamental 2
Gênero: Resenha crítica
Objeto de conhecimento: Forma de composição do texto
Prática de linguagem: Análise Linguística/ Semiótica
Fonte: a autora
A análise linguística proposta aborda os critérios estabelecidos pela semiótica, esta 
que é:
A semiótica provém da raiz grega “semeion”, que denota signo. Assim, desta 
mesma fonte, temos “semeiotiké”, “a arte dos sinais”. Esta esfera do conhe-
cimento existe há um longo tempo, e revela as formas como o indivíduo dá 
significado	a	tudo	que	o	cerca.	Ela	é,	portanto,	a	ciência	que	estuda	os	signos	
e todas as linguagens e acontecimentos culturais como se fossem fenôme-
nos	produtores	de	significado,	neste	sentido	define	a	semiose.	Ela	lida	com	
os	conceitos,	as	ideias,	estuda	como	estes	mecanismos	de	significação	se	
processam natural e culturalmente. Ao contrário da linguística, a semiótica 
não reduz suas pesquisas ao campo verbal, expandindo-o para qualquer sis-
tema	de	signos	–	Artes	visuais,	Música,	Fotografia,	Cinema,	Moda,	Gestos,	
Religião, entre outros. (SANTANA, 2018, online).
Portanto, nossa análise linguística baseada no plano de aula para uma turma de 
sexto ano do ensino fundamental 2 deve ser aplicada buscando todos os contextos que o 
texto, imagem, gesto ou qualquer que seja o objeto analisado, traz.
● Primeira parte: reconhecer as características de uma resenha crítica, se preferir 
anote em tópicos para facilitar o entendimento junto ao aluno;
● Segunda parte: ler o texto que será analisado (ou, se for o caso, assistir ao 
vídeo	ou	filme)	mais	de	uma	vez	para	que	haja	fixação	das	 informações.	No	
caso do texto escrito é fundamental destacar os pontos importantes, o que 
pode ser feito através de canetas coloridas ou algo que chame a atenção 
52UNIDADE III Fundamentos da Linguística Descritiva
para tais informações. Aqui é que serãolevantadas características quanto ao 
comportamento das personagens, personalidades, gestos, cenários, cores, 
intenções,	contextos,	enfim,	tudo	o	que	for	importante	para	relacionar	as	ações	
devem ser anotadas e/ou destacas;
● Terceira parte: fechamento das ideias levantadas. Após realizar as anotações 
importantes sobre o gênero resenha, bem como das informações relevantes 
do objeto analisado, é hora de produzir. O professor será o mediador nessa 
construção, o aluno deverá analisar as ideias apontadas na primeira parte e 
correlacionar com as da segunda parte, para que assim seja construído o texto 
de acordo com as análises linguísticas que foram apontadas.
53UNIDADE III Fundamentos da Linguística Descritiva
5 FATOS E PRECONCEITOS LINGUÍSTICOS
Segundo o Professor Marcos Bagno (1999) o preconceito linguístico pode ser 
definido	 como	 todo	 juízo	 de	 valor	 negativo	 (de	 reprovação,	 de	 repulsa	 ou	 mesmo	 de	
desrespeito) às variedades linguísticas de menor prestígio social.
Um	país	tão	diversificado	como	o	Brasil	possui,	obviamente,	uma	enorme	variação	
linguística, seja ela regional ou até mesmo variações ligadas à religião.
Vamos conhecer alguns tipos de preconceitos linguísticos:
● Preconceito socioeconômico
Um dos tipos de preconceitos linguísticos mais comuns, mas que não deveria existir 
é o que está relacionado às pessoas de classes sociais mais pobres que, pelo seu contexto 
de vida, não tiveram acesso à educação ou não tiveram chances de estudar adequadamente. 
Seu	conhecimento	é	 limitado	e	sua	forma	de	comunicação	acaba	refletindo	essa	 lacuna	
social, na prática, essas pessoas se tornam marginalizadas e não conseguem ingressar em 
determinadas	profissões	com	bons	postos	no	mercado	de	trabalho.
● Preconceito regional
Assim como o preconceito socioeconômico, o regional também acarreta inúmeros 
problemas na relação com o mercado de trabalho. Os indivíduos que residem em regiões 
menos favorecidas acabam sendo marginalizados por aqueles que residem em regiões de 
maior ascensão econômica do país.
54UNIDADE III Fundamentos da Linguística Descritiva
● Preconceito cultural
Outro tipo de demonstração medíocre do preconceito linguístico é através 
do “julgamento” de determinados gêneros musicais ou grupos sociais considerados 
marginalizados. Essa aversão acontece por parte da elite intelectual que normatiza o que 
é e o que não é bom “culturalmente”. Estilos como o sertanejo e o rap sempre foram alvo 
de preconceito por trazer marcas da oralidade e, muitas vezes, até com gírias e jargões 
específicos.
● Racismo
Palavras de origem africana ainda trazem essa herança racista que há no Brasil. 
Termos como “macumba”, por exemplo, é um instrumento musical utilizado em cerimônias 
religiosas, mas no Brasil está ligada à magia negra, satanismo ou feitiçaria. Prova viva de 
que há, sim, preconceito com alguns termos da cultura afro.
Fica evidente, portanto, que o preconceito linguístico acontece quando há 
intolerância das mais variadas áreas, sejam elas sociais ou culturais, e esse costume está 
enraizado no Brasil desde que algumas classes sociais julgavam os costumes de outras 
como certas ou erradas.
Em tempos em que a diversidade é cultuada e as pessoas estão cada dia mais 
confortáveis para se expor, não há como nós, estudantes da língua e amantes da diversidade 
de possibilidades criar um critério de juízo ou de verdade absoluta para o que deve ou não 
deve ser feito.
REFLITA
“O papel característico da linguagem com relação ao pensamento não é criar um meio 
fônico material para expressar ideias, mas servir como um elo entre pensamento e som.”
Ferdinand de Saussure
55UNIDADE III Fundamentos da Linguística Descritiva
SAIBA MAIS
Leia o texto de Drummond e veja os exemplos de variações linguísticas no âmbito histórico:
ANTIGAMENTE 
Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito 
prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, 
mesmo	não	sendo	rapagões,	faziam-lhes	pé-de-alferes,	arrastando	a	asa,	mas	ficavam	
longos meses debaixo do balaio. E se levavam tábua, o remédio era tirar o cavalo da 
chuva e ir pregar em outra freguesia. (...) Os mais idosos, depois da janta, faziam o quilo, 
saindo para tomar fresca; e também tomavam cautela de não apanhar sereno. Os mais 
jovens, esses iam ao animatógrafo, e mais tarde ao cinematógrafo, chupando balas de 
altéia. Ou sonhavam em andar de aeroplano; os quais, de pouco siso, se metiam em 
camisa de onze varas, e até em calças pardas; não admira que dessem com os burros 
n’água. (...) Embora sem saber da missa a metade, os presunçosos queriam ensinar pa-
dre-nosso ao vigário, e com isso metiam a mão em cumbuca. Era natural que com eles 
se	perdesse	a	tramontana.	A	pessoa	cheia	de	melindres	ficava	sentida	com	a	desfeita	
que	 lhe	 faziam,	quando,	por	exemplo,	 insinuavam	que	seu	filho	era	artioso.	Verdade	
seja que às vezes os meninos eram mesmo encapetados; chegavam a pitar escondido, 
atrás da igreja. As meninas, não: verdadeiros cromos, umas tetéias. (...) Antigamente, 
os sobrados tinham assombração, os meninos lombrigas, asthma os gatos, os homens 
portavam ceroulas, botinas e capa-de-gato (...) não havia fotógrafos, mas retratista, e 
os cristãos não morriam: descansavam. Mas tudo isso era antigamente, isto é, outrora. “
Carlos Drummond de Andrade
56UNIDADE III Fundamentos da Linguística Descritiva
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade pudemos conhecer os tipos de gramáticas que temos à disposição 
sobre o estudo da língua. Desde a normativa, que é a que mais conhecemos e estudamos 
na escola até mesmo as características da histórica que analisa fatos e acontecimentos.
O	conceito	que	temos	de	gramática	é,	na	maioria	das	vezes,	superficial	e	levamos	
em consideração somente o que aprendemos na normativa. Consequentemente, esse 
ensinamento somente através da gramática normativa nos leva a um grande equívoco, na 
maioria das vezes inconsciente, que é do preconceito linguístico.
Essa	 definição	 de	 certo	 e	 errado	 que	 aprendemos	 na	 gramática	 normativa	 é	
transpassado	para	a	oralidade	e	ficamos	cada	vez	mais	presos	a	essas	normais,	deixando	
de lado o que a língua realmente é: VIVA!
Diante disso, é evidente que tais preconceitos linguísticos devem ser aniquilados 
do nosso cotidiano, passando a ser um exercício diário o aprendizado de que a diversidade 
linguística existe e precisa ser respeitada.
57UNIDADE III Fundamentos da Linguística Descritiva
LEITURA COMPLEMENTAR 
A variação linguística e o preconceito linguístico no âmbito escolar
Samuel Santos
Joice Lima Santana
André Luiz Ferreira Santana
O trabalho com o ato comunicativo e, sobretudo, com variantes e variáveis na 
perspectiva da sociolinguística busca amenizar essa problemática, que, intoleravelmente, 
está embutida na esfera social, uma vez que a hegemonia da norma gramatical atrelada 
ao	certo	e	errado	é	uma	das	grandes	responsáveis	por	esse	problema	social.	Assim,	afirma	
Bagno (1999): 
O preconceito linguístico está ligado, em boa medida à confusão que foi criada, 
no curso de história, entre língua e gramática normativa. Nossa tarefa mais 
urgente é desfazer essa confusão. Uma receita de bolo não é um bolo, o molde 
de um vestido não é um vestido, um mapa-múndi não é o mundo...Também 
a	gramática	não	é	a	língua.	A	língua	é	u	enorme	iceberg	flutuando	no	mar	do	
tempo, e a gramática normativa é a tentativa de descrever apenas uma parcela 
mais visível dele, a chamada norma Culta. Essa descrição, é claro, tem seu va-
lor	e	seus	méritos	,	mas	é	parcial(	no	sentido	literal	e	figurado	do	termo)	e	não	
pode	ser	autoritariamente	aplicada	a	todo	resto	da	língua	–	afinal,	a	ponta	do	
iceberg que emerge representa apenas um quinto de do seu volume total. Mas 
é essa aplicação autoritária, intolerante e repressiva que impera na ideologia 
gerada pelo preconceito linguístico. (BAGNO, 1999, p. 9-10). 
Notoriamente,

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