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47 - APOSTILA - LINGUÍSTICA I

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Prévia do material em texto

AUTORA
Professora Esp. Lucimari de Campos Monteiro
●	 Pós-graduada	em	Docência	do	Ensino	Superior	(Faveni	–	ES)
●	 Especialista	em	Marketing,	Novas	Mídias	e	Redes	Sociais	(UNIARA	-	SP)
●	 Licenciada	em	Letras	Português-Inglês	(FIRA	–	SP)	
●	 Professora	Conteudista	–	UniFatecie
●	 http://lattes.cnpq.br/3060516310351242	
Possui	experiência	como	docente	no	Ensino	Fundamental	II	e	Médio	nas	disciplinas	
de	Gramática,	Literatura	e	Redação.	No	ensino	superior	atuou	como	docente	nos	cursos	
de	 Letras,	 Agronomia,	 Engenharia	 Civil,	 Jornalismo,	 Publicidade	 e	 Administração,	 nas	
disciplinas	de	Comunicação	Empresarial,	Linguística,	Mídia,	Análise	e	Produção	de	texto,	
e	 outras	 da	 área	 da	 comunicação	 e	 educação,	 no	 interior	 de	São	Paulo.	Atuou,	 ainda,	
em	 Agências	 de	 Publicidade	 no	 Paraná	 como	 redatora	 de	 peças	 publicitárias.	 Possui	
experiência	com	correção	das	Redações	do	ENEM,	revisão	de	textos	acadêmicos	em	geral	
e	Trabalhos	de	Conclusão	de	Curso.
http://lattes.cnpq.br/3060516310351242
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Seja	muito	bem-vindo(a)!
Prezado(a)	aluno(a),	este	material	é	recheado	de	informações	e	conceitos	acerca	
dos	estudos	da	Linguística,	 e	 se	você	é	um	apaixonado	pelo	estudo	da	Língua	precisa	
conhecê-la	em	seus	mais	variados	aspectos.	Proponho,	 junto	com	você,	construir	nosso	
conhecimento	sobre	a	Linguística	e	suas	atuais	pesquisas,	visto	que	trata-se	de	uma	ciência	
teoricamente	nova,	em	comparação	com	o	que	já	conhecemos	hoje.
Na	 unidade	 I	 vamos	 iniciar	 os	 estudos	 de	 linguística	 conceituando	 a	 ciência	 e	
o	 senso	 comum,	 depois	 o	 objeto	 de	 estudo	 da	 Linguística	 e	 ela	 como	 ciência	 de	 fato.	
Passaremos	por	algumas	etapas	do	estudo	até	encontrar	Ferdinand	de	Saussure	e	sua	
teoria	da	Linguística	saussureana	e	paradigma	saussureano.
Já	na	unidade	II	vamos	ampliar	nossos	conhecimentos	sobre	a	temática	e	vamos	
conhecer	 a	 Gramática,	 Forma	 e	 o	 Processo	 de	 Significação,	 bem	 como	 o	 significado	
das	 palavras	 (significado	e	 significante). Ainda	na	unidade	 II	 vamos	estudar	 a	Forma	e	
significação:	o	significado	e	a	estrutura	linguística.
Já	na	unidade	III	teremos	acesso	aos	fatos,	dados	e	hipóteses	na	análise	linguística,	
bem	como	na	Coleta	de	dados	e	a	construção	do	corpus	de	análise	e	os	fatos	e	preconceitos	
linguísticos	
Para	finalizar	nosso	material,	na	unidade	IV,	conheceremos	os	Princípios	de	análise:	
regras	 das	 línguas	 e	 regras	 linguísticas	 na	 descrição	 dos	 fatos	 linguísticos,	 a	 Análise	
Linguística	e	suas	ferramentas	de	análise	na	Linguística	Descritiva:	Palavras,	 lexemas	e	
sintagmas,	bem	como	as	construções	gramaticais	de	sujeito	e	predicado.
Aproveito	para	reforçar	o	convite	a	você,	para	junto	conosco	percorrer	esta	jornada	
de	 conhecimento	 e	 multiplicar	 os	 conhecimentos	 sobre	 tantos	 assuntos	 abordados	 em	
nosso	material.	Esperamos	contribuir	para	seu	crescimento	pessoal	e	profissional.	
Muito obrigada e bom estudo!
SUMÁRIO
UNIDADE	I	...................................................................................................... 5
A Definição de Ciência
UNIDADE	II	................................................................................................... 24
Gramática, Forma e o Processo de Significação
UNIDADE	III	.................................................................................................. 39
Fundamentos da Linguística Descritiva
UNIDADE	IV	.................................................................................................. 58
Princípios de Análise Linguística
5
Plano de Estudo:
●	 A	ciência	e	o	senso	comum
●	 O	problema	da	Teoria
●	 O	objeto	de	estudo	da	Linguística	e	a	Linguística	como	ciência
●	 A	exigência	do	caráter	explícito,	sistemático,	objetivo	
●	 O	objeto	da	Linguística	saussuriana	e	paradigma	saussureano
●	 As	características	do	signo	linguístico	
Objetivos de Aprendizagem:
●	 Conceituar	a	Linguística	como	ciência	
●	 Conhecer	as	características	do	signo	linguístico	
UNIDADE I
A Definição de Ciência
Professora Esp. Lucimari de Campos Monteiro
6UNIDADE I A Definição de Ciência
INTRODUÇÃO
Prezado(a)	 aluno(a),	 nesta	 unidade	 vamos	 conhecer	 a	 teoria	 de	 Ferdinand	 de	
Saussure,	considerado	o	pai	da	linguística	moderna,	que	deu	início	aos	estudos	que	se	tem	
hoje	sobre	a	temática.
Antes,	 porém,	 serão	 tecidas	 considerações	 relevantes	 ao	 conceito	 de	 ciência	 e	
senso	comum,	fatores	importantes	no	que	diz	respeito	ao	conceito	de	tipos	de	conhecimento	
para	que	pudéssemos	chegar	ao	entendimento,	hoje,	de	Linguística	enquanto	ciência	e	
ciência	viva.
Por	 se	 tratar	 de	 um	 campo	 de	 estudo	 relativamente	 recente,	 os	 apontamentos	
aqui	apresentados	são	baseados	em	sua	origem,	em	Saussure,	mas	com	pinceladas	de	
correntes	linguísticas	mais	recentes	e	que	vieram	para	somar	às	ideias	do	linguista	suíço.
Vamos	também	identificar	os	fundamentos	relevantes	para	o	caráter	científico	dos	
estudos	linguísticos,	definir	os	conceitos	estabelecidos	e	como	eles	se	aplicam	na	prática.
Aos	 amantes	 do	 estudo	 da	 língua,	 nossa	 sugestão	 é:	 atente-se	 aos	 conceitos,	
ideias	e	informações	aqui	apresentadas	para	que	seja	possível	compreender	a	Linguística	
como	ciência.	A	ciência	que	estuda	a	Linguagem.
7UNIDADE I A Definição de Ciência
1 A CIÊNCIA E O SENSO COMUM
Falar	 em	 ciência	 nos	 remete	 sempre	 a	 algo	 que	 está	 provado,	 quantificado	 e	
registrado,	mas	antes	de	tomarmos	essas	características	como	base,	vamos	analisar	qual	
ou	quais	seriam	as	diferenças	entre	o	senso	comum	e	a	ciência.
Podemos	definir	o	conceito	de	senso	comum	como	algo	que	é	de	conhecimento	
e	domínio	popular,	ou	seja,	algo	que	surge	com	a	necessidade	de	resolver	um	problema	
imediato	ou	mesmo	para	dar	sentido	a	alguma	situação.
O	senso	comum	como	objeto	de	reflexão	existe	desde	a	origem	dos	escritos	
filosóficos.	Aristóteles	é	tido	como	o	primeiro	pensador	de	que	temos	registro	
como	articulador	das	primeiras	definições	de	senso	comum	(senso comunis).	
Antes	dele,	Platão,	metaforicamente	explicou	a	vida	na	caverna	como	uma	
condição	que	nos	aprisiona	no	mundo	sensível,	fazendo-nos	crer	que	a	reali-
dade	estaria	nas	sombras	projetadas	no	fundo	de	uma	caverna.	(DOURADO,	
2018,	online).
Logo,	fica	evidente	que	o	senso	comum	existe	desde	que	a	humanidade	existe,	o	
Mito	da	Caverna	de	Platão,	tão	conhecida	e	discutida	até	hoje,	é	um	dos	maiores	exemplos	
que	temos	do	que	é	o	senso	comum.	
Na	alegoria	platônica	existiam,	de	um	lado,	homens	presos	na	caverna,	re-
presentando	o	homem	comum	e	o	seu	“conhecimento”	equivocado	e	oriundo	
dos	sentidos.	Eles	construíam,	por	consequência,	falsas	imagens	para	enten-
der	e	explicar	a	realidade	(imersos	no	senso	comum).	Do	outro,	a	figura	que	
se	tornará	o	filósofo,	ou	seja,	um	dos	poucos	homens	que	conseguiu	alcançar	
outras	formas	de	conhecimento,	saindo	das	sombras	e	caminhando	em	dire-
ção	à	luz.	(DOURADO,	2018,	online).
8UNIDADE I A Definição de Ciência
Enquanto	podemos	definir	o	senso	comum	como	cultura	popular,	ou	algo	que	não	
foi	comprovado	cientificamente,	nossos	conhecimentos	empíricos	se	resguardam	ao	senso	
comum,	o	que	não	se	deve	ser	menosprezado,	afinal	é	um	tipo	de	conhecimento.
Mas,	o	que	nos	interessa	de	fato	em	relação	à	linguística,	é	entender	que	esta	é	um	
tipo	de	conhecimento,	mas	que	está	bem	longe	de	ser	senso	comum.	A	ciência,	portanto,	é	
a	parte	do	conhecimento	que	foi,	de	fato,	comprovado,	estudado.	
Trata-se	 do	 conhecimento	 criteriosos	 e	 analisado,	 daquilo	 que	 foi,	 de	 alguma	
maneira,	comprovado	e	testado.
Veja	a	definição:
A	 ciência,	 tanto	 por	 sua	 necessidade	 de	 coroamento	 como	 por	 princípio,	
opõe-se	absolutamente	 à	 opinião.	Se,	 em	determinada	questão,	 ela	 legiti-
mar	a	opinião,	é	por	motivos	diversos	daqueles	que	dão	origem	à	opinião;	
de	modo	que	a	opinião	está,	de	direito,	sempre	errada.	A	opinião	pensa	mal;	
não	pensa:	traduz	necessidades	em	conhecimentos.	Aodesignar	os	objetos	
pela	utilidade,	ela	se	impede	de	conhecê-los.	Não	se	pode	basear	nada	na	
opinião:	antes	de	tudo,	é	preciso	destruí-la.	Ela	é	o	primeiro	obstáculo	a	ser	
superado.	Não	basta,	por	exemplo,	corrigi-la	em	determinados	pontos,	man-
tendo,	como	uma	espécie	de	moral	provisória,	um	conhecimento	vulgar	provi-
sório.	O	espírito	científico	proíbe	que	tenhamos	uma	opinião	sobre	questões	
que	não	compreendemos,	sobre	questões	que	não	sabemos	 formular	com	
clareza	(BACHELARD,	1996,	p.	18).
Portanto,	 fica	 evidente	 que	 dentre	 os	 tipos	 de	 conhecimentos,	 o	 conhecimento	
científico	é	o	que	nos	 interessa	enquanto	estudantes	da	 língua	e	acadêmicos,	afinal	é	o	
conhecimento	que	não	deixa	dúvidas	e	não	se	gera	contradição.
Podemos	definir,	ainda,	ciência	como	“saber	produzido	através	do	raciocínio	lógico	
associado	à	experimentação	prática”	e	que	nos	leva	à	certeza	daquilo	que	se	busca,	é	o	
conhecimento	baseado	na	certeza	e	não	na	dúvida.	É	exata	e	indiscutível.
9UNIDADE I A Definição de Ciência
2 O PROBLEMA DA TEORIA
	No	tópico	anterior	conhecemos	a	diferença	entre	senso	comum	e	ciência,	conceitos	
que	foram	estabelecidos,	mas	que	no	início	do	século	XX	foi	questionado	por	um	filósofo	
chamado	Karl	Raimund	Popper	(1902-1994),	suas	indagações	trazem	dois	apontamentos	
sobre	o	problema	da	Teoria.	A	saber:	
O problema da indução
Para	Popper	 (2007),	 há	um	problema	 referente	à	 validade	ou	à	 justificação	das	
proposições	universais	das	ciências	empíricas,	ele	questiona:	“Enunciados	factuais,	que	se	
baseiam	na	experiência,	podem	ser	válidos	universalmente?	É	possível	saber	mais	do	que	
se	sabe?”
Fato	é	que	o	“problema	da	indução”	traz	a	luz	algumas	refutações:
A	indução	consiste	em	construir	um	discurso	da	ciência	a	partir	de	fatos	obser-
vados	(experiência).	Esse	tipo	de	raciocínio	pretende	anunciar	leis	universais	
baseadas	em	alguns	fatos	observados,	ou	seja,	a	partir	de	certo	número	de	ob-
servações,	chega-se	a	uma	conclusão	generalizada.	Essa	passagem	do	par-
ticular	para	o	universal	é	o	que	chamamos	de	indução.	(BRITO,	2014,	p.	10).
Outro	questionamento	de	Popper	está	em	torno	da	demarcação.	Veja:
10UNIDADE I A Definição de Ciência
O problema da demarcação
Para	o	filósofo,	a	visão	dos	positivistas	deixava	lacunas	no	conceito	estabelecido	
como	 ciência,	 ou	 seja,	 não	 se	 pode	 considerar	 conhecimento	 algo	 apenas	 por	 não	 ser	
provado	cientificamente?
Os	positivistas	normalmente	interpretam	o	problema	da	demarcação	de	ma-
neira	naturalista;	interpretam-no	como	se	ele	fosse	um	problema	da	ciência	
natural.	Em	vez	de	torná-lo	como	razão	que	os	leve	a	empenhar-se	em	pro-
por	uma	convenção	adequada,	acreditam	estar	obrigados	a	descobrir	uma	
diferença	decorrente	da	natureza	das	coisas,	por	assim	dizer,	entre	ciência	
empírica,	de	um	 lado,	e	metafísica	de	outro.	Estão	constantemente	procu-
rando	mostrar	que	a	metafísica,	por	sua	própria	natureza,	nada	mais	é	que	
tagarelice	vazia	—	“ilusão”,	como	diz	Hume,	que	devemos	 lançar	ao	 fogo.	
(POPPER,	2007,	p.	54).
Os	 problemas	 apresentados	 por	 Popper	 (2007)	 podem	 ser	 encontrados	 com	
precisão	no	livro	“Os	dois	problemas	fundamentais	da	teoria	do	conhecimento”	e	avaliados	
sob	várias	perspectivas	apresentadas	pelo	autor.	Vale	a	pena	a	leitura!
11UNIDADE I A Definição de Ciência
3 O OBJETO DE ESTUDO DA LINGUÍSTICA E A LINGUÍSTICA COMO CIÊNCIA
Vamos	a	partir	de	agora	entrar,	de	fato	no	campo	de	estudo	da	Linguística,	mas	
para	isso	é	preciso	compreender	o	seu	objeto	de	estudo	e	entendê-la	como	ciência.	
O	estudo	da	linguagem	humana	sempre	esteve	inserido	em	outras	ciências	e	não	
era	considerada	autônoma,	somente	com	a	publicação	de	Curso	de	Linguística	Geral,	de	
Ferdinand	de	Saussure,	que	ela	passou	a	ser	entendida	e	estudada	como	ciência	de	fato:
A	linguística	é	o	estudo	científico	da	linguagem	humana.	Desde	a	antiguidade	
clássica	até	o	início	do	século	XIX	a	pesquisa	linguística	estava	inserida	em	
outras	ciências,	tais	como	a	lógica,	psicologia	e	filosofia,	não	sendo	reconhe-
cida	como	ciência	autônoma.	Em	1916	Ferdinand	Saussure	publica	seu	Cur-
so	de	Linguística	Geral	e	a	 linguística	passa	a	ser	estudada	como	ciência	
autônoma,	tendo	como	objeto	de	estudo	a	langue.	Identificamos,	assim,	que	
ao	proporem	novos	parâmetros	os	estudiosos	permitem	a	evolução	científica,	
como	ocorreu	com	a	linguística,	e	que	a	“proliferação	de	versões	teóricas	e	
de	paradigmas	concorrentes”	 se	 faz	necessária	no	cenário	 científico,	 visto	
que	 “é	 a	 comunidade	 científica	 que	 propõe	 os	 parâmetros,	 que	 escolhe	 e	
determina	se	uma	teoria	ou	experiência	é	válida	ou	não”	(ARAÚJO	apud	CO-
RACINI,	2007)
Fica	evidente,	portanto,	que	o	objeto	de	estudo	da	Linguística	é	o	funcionamento	
da	linguagem	verbal	humana,	das	línguas	naturais,	e	como	tal	deve	ser	analisada	de	vários	
âmbitos.	Fiorin	(2015)	aponta	que	a	Linguística	tem	por	finalidade	elucidar	o	funcionamento	
da	linguagem	humana,	descrevendo	e	explicando	a	estrutura	e	o	uso	das	diferentes	línguas	
faladas	no	mundo.
12UNIDADE I A Definição de Ciência
Ferdinand de Saussure
Ferdinand	de	Saussure	nasceu	em	Genebra,	Suíça,	em	26	de	novembro	de	1857.	
Foi	um	estudioso	da	língua	e	filósofo	que	propiciou,	através	das	suas	elaborações	teóricas,	
o	desenvolvimento	da	linguística	enquanto	ciência	autônoma.	
Saussure	tem	até	hoje	influência	nos	estudos	da	teoria	da	literatura	e	nos	estudos	
culturais,	 e	 definiu	 os	 signos	 linguísticos	 e	 seus	 estudos,	 chamados	 de	Semiologia	 (ou	
semiótica).	 Seus	 conceitos	 serviram	 de	 base	 para	 o	 desenvolvimento	 de	 uma	 corrente	
teórica	chamada	Estruturalismo,	no	século	XX.	Para	o	linguista	suíço,	a	linguística	pretende:
Fazer	a	descrição	e	a	história	de	todas	as	línguas	que	puder	abranger,	o	que	
quer	dizer:	fazer	a	história	das	famílias	de	línguas	e	reconstituir,	na	medida	do	
possível,	as	línguas-mães	de	cada	família;	procurar	as	forças	que	estão	em	
jogo,	de	modo	permanente	e	universal,	em	todas	as	línguas	e	deduzir	as	leis	
gerais	às	quais	se	possam	referir	todos	os	fenômenos	peculiares	da	histórias;	
delimitar-se	e	definir-se	a	si	própria.”	(SAUSSURE,	1995,	p.13)
É	notável	que	a	Linguística	é	uma	ciência	relativamente	nova	e	como	tal	está	em	
constante	aperfeiçoamento.	Novos	estudos	vêm	surgindo	sobre	essa	ciência	e,	obviamente,	
novos	conceitos	podem	ser	apontados,	aperfeiçoando	as	teorias	de	Saussure.
ESTRUTURALISMO
O	 Estruturalismo	 foi	 uma	 corrente	 de	 pensamentos	 que	 agregou	 não	 somente	
a	 linguística,	mas	 também	a	 sociologia,	 antropologia	 e	 demais	 áreas	 do	 conhecimento,	
podendo	ser	entendida	como	uma	metodologia	em	que	os	elementos	da	cultura	humana	
devem	ser	relacionados	com	um	sistema	maior,	mais	abrangente.	
O	estruturalismo	de	Ferdinand	Saussure	ocupou-se	do	estudo	sincrônico	da	
língua,	e,	mesmo	não	 tendo	usado	a	nomenclatura,	Estruturalismo,	deixou	
valioso	estudo	sobre	a	estrutura	da	língua	a	que	chamou	de	sistema.	A	publi-
cação	de	seu	trabalho	intitulado	“Cours	de	linguistique	général”	só	se	deu	em	
1916,	três	anos	depois	de	sua	morte.	Este	trabalho	serviu	de	modelo	e	ins-
piração	da	corrente	estruturalista,	pós-saussuriana,	em	abordagens	social,	
cultural	e	psicológicas,	entre	outras.	(LIMA,	2013,	online).
É	fato	que	Saussure	foi	o	precursor	da	Linguística	e	é	considerado	o	pai	da	ciência,	
pois	estava	à	frente	de	seu	tempo	e	conseguiu	estruturar	a	língua	para	que	fosse	possível	
estudá-la	de	maneira	diferente	do	que	havia	até	então.
Após	os	estudos	de	Saussure	e	o	lançamento	do	seu	Curso	de	Linguística	Geral,	
em	 1916,	 novos	 apontamentos	 foram	 surgindo	 e	 novas	 teorias	 surgiram	 para	 fomentar	
ainda	mais	os	estudos	na	área.
13UNIDADE I A Definição de Ciência
FUNCIONALISMO
Posteriores	a	Saussure,	duas	tendências	teóricas	se	estabeleceram	para	que	os	
estudos	do	estruturalismo	fossem	aprimorados,	o	funcionalismo	e	o	formalismo:
Em	tese,	funcionalismo	é	a	área	da	Linguística	que	busca	estudar	a	relação	quehá	
entre	a	estrutura	gramatical	das	diversas	línguas	existentes	e	os	contextos	comunicativos	
em	que	elas	acontecem.
Os	 estudiosos	 desta	 corrente	 apontam	 a	 linguagem	 como	 uma	 ferramenta	 de	
interação	social,	ou	seja,	não	há	como	analisá-la	isoladamente,	mas	sim	através	da	relação	
entre	linguagem	e	sociedade,	na	prática	das	interações	do	cotidiano.	Em	termos	gerais,	os	
funcionalistas	buscam	analisar	dados	reais	da	fala	e	escrita,	extraídos	do	contexto	real	da	
comunicação.
GERATIVISMO/FORMALISMO
Além	do	funcionalismo,	outra	corrente	que	estabelece	relações	com	a	linguística	é	
a	gerativista	ou	formalista	de	Noam	Chomsky.
O	formalismo	tem	como	principal	teórico	e	primeiro	representante	o	linguista	
norte-americano	Noam	Chomsky,	que	desenvolveu	a	teoria	gerativa,	a	partir	
do	final	da	década	de	1950.	Sua	proposta	era	analisar,	mais	do	que	o	de-
sempenho	dos	falantes	(seu	uso),	a	sua	competência,	o	seu	conhecimento	
linguístico	subjacente.	Assim,	“o	papel	do	gerativismo	no	seio	da	linguística				
constituir	um	modelo	 teórico	capaz	de	descrever	e	explicar	a	natureza	e	o	
funcionamento	da	faculdade	da	linguagem”,	característica	mental	da	espécie	
humana	(Kenedy	In:	Martelo-te,	2008,	p.	129).	Logo,	sua	visão	de	língua	é	a	
de	uma	entidade	autônoma,	que	não	depende	do	uso,	da	comunicação	na	
situação	social.	(MARTINS,	2009,	p.	15).
Vale	lembrar	que	teceremos	aqui	considerações	relevantes	ao	que	diz	respeito	do	
estudo	da	Linguística,	no	entanto,	as	dicas	de	livros	e	leituras	complementares	que	faremos	
ao	final	de	cada	unidade	serão	importantes	para	a	compreensão	integral	da	temática,	afinal	
trata-se	de	uma	ciência	complexa	e	relativamente	nova,	como	já	dito	anteriormente.
Nos	tópicos	seguintes	vamos	conhecer	com	mais	detalhes	a	teoria	de	Saussure	para	
que	seja	possível	identificar	as	concepções	de	signo	e	todas	as	características	linguísticas	
que	foram	fomentadas	pelo	suíço.
É	 importante,	 ainda,	 ressaltar	 que	 as	 informações	 das	 unidades	 seguintes	
deste	 material	 serão	 baseadas	 apenas	 na	 teoria	 de	 Ferdinand	 de	 Saussure,	 portanto,	
conheceremos	a	origem	da	ciência.
14UNIDADE I A Definição de Ciência
4 A EXIGÊNCIA DO CARÁTER EXPLÍCITO, SISTEMÁTICO, OBJETIVO 
A	 teoria	 de	Ferdinand	 de	Saussure	 é,	 como	 já	 dito,	 a	 primeira	 para	 entender	 a	
linguística	como	ciência.	Portanto,	vamos	ver	a	partir	de	agora	e	nos	tópicos	que	seguem	a	
divisão	que	ele	faz	para	que	fosse	possível	estudar	a	língua.
Entendamos	algumas	concepções	de	Saussure:
●	 Língua:	 a	 língua	 é	 um	 sistema	 supra-individual	 utilizado	 como	 meio	 de	
comunicação	entre	os	membros	de	uma	comunidade;
●	 Fala:	ato	individual	de	vontade	e	inteligência;
●	 Linguagem:	fusão	da	língua	e	da	fala,	é	social	e	individual;
●	 Diacronia:	estuda	os	fenômenos	da	língua	e	sua	evolução;
●	 Sincronia:	os	fenômenos	da	língua	de	uma	determinada	época;
●	 Sintagma:	a	combinação	de	formas	mínimas	numa	unidade	linguística	superior;
●	 Paradigma:	banco	de	reservas	da	língua;
●	 Signo:	associação	de	um	conceito	com	imagem	acústica;
●	 Significado:	é	o	conceito	e	reside	no	plano	do	conteúdo.
●	 Significante:	é	uma	“imagem	acústica”	(cadeia	de	sons)	e	reside	no	plano	da	
forma;
●	 Semiologia:	a	ciência	que	estuda	os	signos	linguísticos.
15UNIDADE I A Definição de Ciência
Vamos	 agora	 ver	 como	 todas	 essas	 concepções	 se	 relacionam	 na	 teoria	 de	
Saussure	e	como	se	aplica	sua	teoria	no	estudo	da	língua,	e	até	mesmo	nas	concepções	
de	linguagem.
Para	tanto,	vamos	analisar	cada	definição	com	um	olhar	mais	crítico	e	acadêmico	
para	que	seja	possível	compreender	o	que	Saussure	nos	deixou	como	legado,	 levando-
se	em	consideração	que	os	estudos	aqui	apresentados	são	a	base,	a	origem	do	estudo	
linguístico	e	que	a	partir	deles	novos	conceitos	foram	estabelecidos	nos	anos	posteriores.
16UNIDADE I A Definição de Ciência
5 O OBJETO DA LINGUÍSTICA SAUSSURIANA E PARADIGMA SAUSSUREANO
O	objeto	 da	 Linguística,	 de	 fato,	 é	 a	 linguagem.	Entenda-se	 linguagem	 como	 a	
soma	de	Língua	e	Fala	chamada	por	Saussure	de	Langue	e	Parole.	
Temos	aqui	o	que	se	chama	de	Dicotomia	de	Saussure:
Quadro	1:	Dicotomia	de	Saussure
LANGUE PAROLE
Social	 Individual
Constante Variável	
Realidade	mental Realidade	física
Homogênea	 Heterogênea	
Conservadora Inovadora
Fonte:	a	autora
A	dicotomia	nos	mostra	que	essa	oposição	do	social	versus	o	individual	se	mostra	
útil,	afinal,	uma	completa	a	outra,	mas,	o	linguista	alerta:	‘a	linguagem	tem	um	lado	individual	
(parole)	e	um	lado	social	(langue),	sendo	impossível	conceber	um	sem	o	outro’.	
Logo,	podemos	dizer	que	a	 langue	é	necessária	para	que	a	parole	seja	clara	e	
compreensível	e	a	parole	estabelece	as	futuras	mudanças	da	langue.
Sintagma vs. Paradigma
Outra	concepção	-	ou	eixos	-	de	Saussure	é	a	do	sintagma	e	do	paradigma,	estas	são	
definidas	pelo	linguista	como	“a	combinação	de	formas	mínimas	numa	unidade	linguística	
superior”.	
O	 eixo	 paradigmático	 é	 o	 eixo	 das	 escolhas,	 e	 o	 eixo	 sintagmático	 é	 o	 das	
combinações.	Em	termos	gerais	podemos	dizer	que	o	paradigmático	são	as	opções	que	
temos	de	fazer	combinações,	enquanto	o	sintagmático	são	as	combinações	de	fato.
[...]	a	Sintagmática,	centrada	no	eixo	das	combinações	dos	sintagmas,	esta-
belece	relações	baseadas	no	caráter	linear	da	língua	que,	exclui	a	possibi-
lidade	de	pronunciar	dois	elementos	ao	mesmo	tempo,	ou	seja,	regras	que	
limitam	 os	 falares,	 privilegiando	 o	 uso	 coletivo	 em	 oposição	 ao	 individual.	
(SAUSSURE,	1995,	p.	142).
O	que	Saussure	diz	é	que	há	uma	infinidade	de	opções	na	construção	de	uma	frase	
ou	fala.	
17UNIDADE I A Definição de Ciência
Por	exemplo,	se	eu	for	falar	algo	que	se	refira	ao	dia,	dando	uma	característica	para	
ele,	tenho	inúmeras	opções.	Veja:
Quadro	2:	opções	de	escolha	de	construção
Hoje uma noite estivera lindo
Ontem o dia esteve bonito
Amanhã a	 manhã	 está linda
Agora	 um tarde estará bonita
Fonte:	a	autora
“Hoje o dia está lindo”
Para	 que	 a	 frase	 fosse	 construída	 foram	 combinadas	 alternativas	 até	 que	 se	
chegasse	ao	resultado.	Essa	relação	de	opções	e	escolhas	é	o	que	chamamos	de	eixos	
sintagmáticos	e	paradigmáticos.
No	discurso,	os	 termos	estabelecem	entre	si,	em	virtude	de	seu	encadea-
mento,	relações	baseadas	no	caráter	linear	da	língua,	que	exclui	a	possibili-
dade	de	pronunciar	dois	elementos	ao	mesmo	tempo.	Estes	se	alinham	um	
após	outro	na	cadeia	da	fala.	Tais	combinações,	que	se	apoiam	na	extensão,	
podem	ser	chamadas	de	sintagmas.”	(SAUSSURE,	1995,	p.	142).
	Figura	2:	Sintagma	e	paradigma
Fonte:	Chom’SkyPédia
Conclui-se	que,	“as	relações	sintagmáticas	e	as	relações	paradigmáticas	ocorrem	
concomitantemente.”	(COSTA,	2008,	p.122).
18UNIDADE I A Definição de Ciência
6 AS CARACTERÍSTICAS DO SIGNO LINGUÍSTICO 
“A língua é um sistema cujas partes podem e devem ser consideradas em sua solida-
riedade sincrônica” (Saussure, 1975).
Entender	o	signo	 linguístico	é	 requisito	básico	para	compreendermos	um	pouco	
mais	a	teoria	de	Saussure.	Valendo-se	do	que	já	foi	até	aqui	explanado	sobre	língua	e	fala,	
temos	o	conceito	de	que	a	primeira	é	social,	enquanto	a	segunda	é	individual.
O	signo,	pode	ser	entendido	e	definido	como	uma	unidade	constituinte	do	sistema	
linguístico	é	formado	por	duas	partes:	a	do	significado	e	a	do	significante.
Significante vs. significado
		
O	signo	linguístico	constitui-se,	basicamente,	numa	mistura	desses	dois	elementos,	
mas	não	anula	um	ou	outro.
●	 O	significante	é	uma	“imagem	acústica”	(cadeia	de	sons)	e	reside	no	plano	da	
forma;	
●	 O	significado	é	o	conceito	e	reside	no	plano	do	conteúdo.
19UNIDADE I A Definição de Ciência
Figura	3:	significado	e	significante
Fonte:	Chom’SkyPédia
O	signo	linguístico	é,	portanto,	o	resultado	de	uma	combinação	entre	os	membros	
de	um	determinado	grupo,	ou	seja,	para	haja	sentido	é	preciso	ter	significado	para	todos,	
o	som	em	si	não	tem	significado,	mas	quando	é	contextualizado	e	faz	sentidopara	esse	
grupo	passa	a	ser	entendido	como	signo.
Então,	 “afirmar	que	o	 signo	 linguístico	é	arbitrário,	 como	 fez	Saussure,	 significa	
reconhecer	que	não	existe	uma	reação	necessária,	natural,	entre	a	sua	imagem	acústica	(seu	
significante)	e	o	sentido	a	que	ela	nos	remete	(seu	significante).”	(COSTA,	2008,	p.119).
Linguística Sincrônica e Linguística Diacrônica
O	linguista	determinou	os	fenômenos	da	língua	através	da	sincronia	e	diacronia.	É	
sincrônico	o	que	estuda	os	fenômenos	da	língua	de	uma	determinada	época	através	de	um	
recorte	de	uma	fase,	o	diacrônico	estuda	os	fenômenos	da	língua	e	sua	evolução,	tendo	
como	fator	primordial	o	tempo.
Para	Saussure:	
É	sincrônico	tudo	quanto	se	relacione	com	o	aspecto	estático	da	nossa	ciên-
cia,	diacrônico	tudo	que	diz	respeito	às	evoluções.	Do	mesmo	modo,	sincro-
nia	e	diacronia	designarão	respectivamente	um	estado	de	língua	e	uma	fase	
de	evolução.	(SAUSSURE,	1995,	p.	96).
Para	entendermos	melhor	esses	dois	conceitos	estabelecidos	por	Saussure,	vamos	
a	um	exemplo	prático:
Vamos	utilizar	para	análise	a	palavra	VOCÊ:
Sincrônico:
●	 4	letras:	v-o-c-ê
●	 2	sílabas:	vo-cê
20UNIDADE I A Definição de Ciência
Diacrônico: 
É	 chamada	 também	 de	 linguística	 histórica,	 portanto	 se	 utiliza	 das	 mudanças	
ocorridas	na	língua	para	sua	análise.
●	 Pronome	de	tratamento
●	 Expressão	originária:	vossa	mercê
●	 Variações	da	expressão:	“vossemecê“,	“vosmecê“,	“vancê“	e	você
●	 Uso	na	segunda	pessoa	no	singular	(no	lugar	de	Tu,	principalmente	na	oralidade)
“Vossa	mercê”	(mercê	significa	graça,	concessão)	era	um	tratamento	dado	a	
pessoas	às	quais	não	era	possível	se	dirigir	pelo	pronome	tu, era	o	elevado	
tratamento	dado	na	terceira	pessoa	primeiramente	aos	reis	de	Portugal.	No	
século	XV,	quando	os	soberanos	portugueses	adotaram	o	chamamento	de	al-
teza	(vossa alteza,	e	sua alteza)	foi	o	título	de	mercê	começado	a	ser	dado	às	
principais	figuras	do	Reino,	nas	principais	casas	fora	da	Família	Real,	gene-
ralizando-se	a	dado	passo	como	forma	de	tratamento	adotada	pelos	fidalgos	
entre	 si.	 Este	 processo	 foi	 lento	 e	 gradual.	 “Mercê“,	 do	 latim Merces,	 sig-
nifica		benefício, presente, dignidade ,recompensa, pagamento,	relacionado	
a	MERX,	que	quer	dizer	“mercadoria,	objetos	para	compra	e	venda”.(LIMA,	
2013,	online).
Portanto,	é	possível	notar	como	a	sincronia	e	a	diacronia	são	aplicadas	na	teoria,	
enquanto	a	primeira	se	interessa	pelo	estudo	em	um	recorte	de	tempo,	a	segunda	analisa	
os	fatos	históricos,	a	evolução	e	tudo	o	que	está	em	torno.
SAIBA MAIS
A	linguística	não	se	afirma	como	uma	ciência	isolada,	haja	vista	que	se	relaciona	com	
outras	áreas	do	conhecimento	humano,	tendo	por	base	os	conceitos	dessas.	Por	essa	
razão,	pode-se	dizer	que	ela	assim	subdivide:
*	Psicolinguística –	trata-se	da	parte	da	linguística	que	compreende	as	relações	entre	
linguagem	e	pensamentos	humanos.
*	Linguística aplicada	–	revela-se	como	a	parte	dessa	ciência	que	aplica	os	conceitos	
linguísticos	no	aperfeiçoamento	da	comunicação	humana,	como	é	o	caso	do	ensino	das	
diferentes	línguas.
*	Sociolinguística	–	considerada	a	parte	da	linguística	que	trata	das	relações	existentes	
entre	fatos	linguísticos	e	fatos	sociais.
Fonte:	DUARTE,	Vânia	Maria	do	Nascimento.	“Linguística”;	Brasil Escola.	Disponível	em:	https://brasiles-
cola.uol.com.br/portugues/linguistica.htm.	Acesso	em	27	de	Janeiro	de	2020.
21UNIDADE I A Definição de Ciência
Biografia de Ferdinand de Saussure
Ferdinand	de	Saussure	(1857-1913)	foi	um	importante	linguista	suíço,	estudioso	das	
línguas	indo-europeias,	foi	considerado	o	fundador	da	linguística	como	ciência	moderna.
Para	conhecer	a	vida	e	carreira	de	Saussure	na	íntegra	acesse:
https://www.ebiografia.com/ferdinand_de_saussure/
REFLITA
“O	 tempo	 altera	 todas	 as	 coisas;	 não	 há	 razão	 para	 que	 a	 língua	 escape	 a	 esta	 lei	
universal.”
Ferdinand	de	Saussure
https://www.ebiografia.com/ferdinand_de_saussure/
22UNIDADE I A Definição de Ciência
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As	 informações	 até	 aqui	 apontadas	 são	 importantes	 para	 que	 possamos	
compreender	 o	 estudo	 da	 Linguística	 enquanto	 ciência.	 Os	 conceitos	 de	 Ferdinand	 de	
Saussure	são	extremamente	relevantes	para	as	pesquisas	e	as	descobertas	que	se	tem	
hoje	sobre	o	estudo	da	linguagem.
Os	conceitos	estabelecidos	pelo	 linguista	foram	essenciais	para	que	se	pudesse	
estudam	a	língua	sob	uma	perspectiva	mais	profunda	e	não	apenas	baseada	na	escrita	e	
em	todo	o	formalismo	que	até	então	havia	estabelecido.
Fato	é	que	Saussure	deixou	um	importante	legado	conceitual	para	que	os	estudos	
fossem	ainda	mais	aprimorados	nos	anos	e	décadas	posteriores.
Vale	lembrar	que	a	o	livro	que	deu	início	na	Linguística	como	ciência	só	foi	publicado	
alguns	anos	após	a	morte	de	Saussure	e	ele	está	no	nosso	material	complementar	como	
dica	–	importante	e	indispensável	–	de	leitura.
Afinal,	não	há	como	falar	de	linguística	sem	falar	de	Ferdinand	de	Saussure,	e	nem	
há	como	falar	de	Saussure	sem	citar	sua	obra	primeira	e	fundamental	“Curso	de	Linguística	
Geral”.	Boa	leitura	e	bons	estudos.
23UNIDADE I A Definição de Ciência
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título:	Curso	de	Linguística	Geral
Autor:	Ferdinand	de	Saussure
Editora:	Cultrix
Ano:	1995
Sinopse:	 Obra	 póstuma	 do	 autor,	 este	 livro	 inaugura	 a	 fase	
estruturalista	 dos	 estudos	 da	 linguagem.	 Traz	 os	 pressupostos	
teórico-metodológicos	dessa	escola	que	acabaram	 influenciando	
outras	ciências	sociais.	Embasada	por	Ferdinand	de	Saussure,	um	
dos	maiores	estudiosos	nessa	área,	este	livro	foi	lançado	em	1916,	
postumamente	 pelos	 alunos	 de	 Saussure.	 Esses	 colaboradores	
fizeram	 uma	 compilação	 das	 obras	 de	 seu	 mestre	 a	 fim	 de	
construir,	em	um	único	volume,	uma	síntese	que	internalizasse	as	
ideias	 geniais	 desse	que	 foi	 um	dos	maiores	 responsáveis	 pela	
estruturação	 da	 linguística	 como	 ciência.	 Os	 temas	 e	 conceitos	
abordados	 por	 esse	 livro	 dizem	 respeito	 ao	 trabalho	 realizado	
por	Ferdinand	de	Saussure	em	estudar	a	 língua	como	elemento	
fundamental	da	comunicação	humana.
FILME/VÍDEO
• Título:	O	enigma	de	Kaspar	Hauser
• Ano: 1974
• Sinopse:	 Um	 homem	 jovem	 chamado	 Kaspar	 Hauser	 (Bruno	
S.)	aparece	de	repente	na	cidade	de	Nuremberg	em	1828,	e	mal	
consegue	falar	ou	andar,	além	de	portar	um	estranho	bilhete.	Logo	
é	descoberto	que	sua	aparição	misteriosa	se	deve	ao	fato	de	que	
ele	ficou	trancado	toda	sua	vida	em	um	cativeiro,	desconhecendo	
toda	a	existência	exterior.	Quando	ele	é	solto	nas	ruas	sem	motivo,	
muitas	pessoas	decidem	ajudá-lo	a	se	integrar	na	sociedade,	mas	
rapidamente	Kaspar	se	transforma	em	uma	atração	popular.
• Link:	https://www.youtube.com/watch?v=xBBK7CAtlXs
WEB
• Olimpíada Brasileira de Linguística:	desde	2011,	 instigando	
seus	participantes	a	ampliar	suas	habilidades	 lógico-analíticas	e	
sua	visão	sobre	os	povos	do	mundo	a	partir	de	uma	abordagem	
interdisciplinar.	 A	 olimpíada	 firmou-se	 como	 um	 fascinante	
instrumento	de	imersão	multicultural,	trazendo	à	luz	diversos	temas	
do	mundo	das	línguas,	da	linguagem,	dos	códigos	e	da	cognição	
humana.
•	Link:	http://www.obling.org/#home
http://www.obling.org/#home
24
Plano de Estudo:
●	 Gramática,	Forma	e	o	Processo	de	Significação
●	 Significação,	referência	e	contexto:	o	significado	das	palavras
●	 Forma	e	significação:	o	significado	e	a	estrutura	linguística	
Objetivos de Aprendizagem:
●	 Conceituar	Forma	e	significação
●	 Compreender	o	significado	e	a	estrutura	linguística
UNIDADE II
Gramática, Forma e o Processo de 
Significação
Professora Esp. Lucimari de Campos Monteiro
25UNIDADE II Gramática, Forma e o Processo de Significação
INTRODUÇÃO
Prezado(a)	aluno	(a),	nesta	unidade	vamos	conhecer	o	processo	de	significação	
dos	signos	linguísticos	completando	ainda	mais	o	que	foi	visto	da	unidade	I.
Além	disso,	a	gramática	normativa	e	a	definição	de	 forma	baseada	na	 teoria	de	
Saussure	serão	nosso	corpus	de	análise.
Vale	lembrarque	as	definições	apontadas	aqui	serão	de	grande	importância	para	
a	 continuidade	 do	 material	 nas	 unidades	 que	 virão,	 por	 isso,	 é	 imprescindível	 que	 as	
características	de	significado	e	significante	sejam	bem	absorvidas	por	você	aqui	para	que	
haja	compreensão	posteriormente.
Outra	questão	–	não	menos	importante	–	está	relacionada	ao	referente,	ou	seja,	ao	
contexto	em	que	algo	é	dito	ou	escrito,	por	isso,	faremos	uma	análise	de	uma	situação	em	
que	determinada	palavra	será	empregada	em	contexto	completamente	diferentes.	
Fique	atento	às	nomenclaturas	e	características	que	serão	aqui	apresentadas.
Bons	estudos!
26UNIDADE II Gramática, Forma e o Processo de Significação
1 GRAMÁTICA, FORMA E O PROCESSO DE SIGNIFICAÇÃO
Quando	se	fala	em	gramática	e	forma	logo	nos	vem	à	mente	o	conceito	que	temos	
de	 gramática	 normativa,	 afinal	 é	 ela	 a	 responsável	 por	 nomear	 a	 formalizar	 as	 regras	
estabelecidas	para	a	fala	e	a	escrita	da	Língua	Portuguesa.
Antes,	porém,	vale	lembrar	que	vimos	na	unidade	I	deste	material	que	há	correntes	
teóricas	da	Linguística:	a	estruturalista,	a	funcionalista	e	a	gerativista,	e	que	cada	uma	delas	
traz	um	conceito	diferente	sobre	o	estudo	da	Língua.
A	eterna	‘briga’	entre	gramáticos	e	linguistas	está	exatamente	nesse	ponto,	enquanto	
os	gramáticos	buscam	a	perfeição	da	forma	escrita	e	falada,	defendendo	as	normas,	os	
linguistas	se	preocupam	em	estabelecer	uma	comunicação	que	seja	entendida	por	emissor	
e	receptor,	desde	que	haja	um	contexto	em	que	una	entendimento	entre	os	dois.
Como	diria	Sírio	Possenti,	professor	do	Departamento	de	Linguística	da	Universidade	
Estadual	de	Campinas:
Quanto	a	teorias	e	métodos:	para	os	gramáticos,	a	autoridade	dos	escritores	
é	um	critério	para	aceitar	construções	(e	até	exceções);	para	os	linguistas,	o	
critério	para	aceitar	construções	são	os	dados:	se	um	fato	ocorre	sistemati-
camente,	pertence	à	língua	e	deve	ser	descrito	pela	gramática.	Pronúncias	
como	“paiaço”	e	“muié”;	concordâncias	como	“tu	vai”	e	“os	menino”,	regências	
como	“assistir	o	jogo”	e	“obedecer	às	regras”	etc.	são	exemplos	de	pontos	de	
discordância.	(POSSENTI,	2012,	online).
27UNIDADE II Gramática, Forma e o Processo de Significação
Vamos,	então	nos	valer	de	alguns	conceitos:
Gramática
A	gramática	é	a	nossa	principal	ferramenta	de	estudo	da	língua	no	que	diz	respeito	
a	sua	estrutura,	sua	forma,	suas	regras	e	afins:
A	gramática	normativa	estabelece	a	norma	culta,	ou	seja,	o	padrão	linguístico	
que	socialmente	é	considerado	modelar	e	é	adotado	para	ensino	nas	escolas	
e	para	a	redação	dos	documentos	oficiais.	[...]	Nas	línguas	que	têm	forma	es-
crita,	como	é	o	caso	do	português,	o	papel	da	gramática	normativa	é	apontar	
o	que	configura	a	existência	de	um	padrão	linguístico	uniforme	[...]	(CIPRO	
NETO;	INFANTE,	2008,	p.	14-15).
Logo,	é	possível	compreender	que	o	papel	principal	da	gramática	é	nortear	a	maneira	
como	se	usará	o	padrão	das	palavras,	é	o	direcionamento	do	que	é	“certo	e	errado”.
Vale	lembrar,	ainda,	que	há	diversos	tipos	de	gramáticas	(que	veremos	na	unidade	
III	deste	material),	mas	nos	atentaremos,	a	priori,	pela	gramática	normativa.
Forma
Falar	em	forma,	na	Linguística,	nos	remete	ao	conceito	de	Saussure:
Segundo	Saussure,	 forma	designa	toda	a	organização	 linguística	ou	estru-
tura	da	fala	ou	da	escrita.	Opõe-se	a	substância,	que	designa	a	realização	
física	da	língua	como	substância	fônica	ou	gráfica.	Saussure	diz	que	a	língua	
é	uma	forma	e	não	uma	substância	(ROCHA,	2001,	online).
Portanto,	o	conceito	saussuriano	de	forma	se	estabelece	na	organização	e	estrutura	
da	língua	como	um	todo,	enquanto	a	substância	está	relacionada	à	expressão:
É	fato	que	a	substancialidade	sonora	e	até	mesmo	a	escrita	é	relevante	para	
a	composição	poética,	visto	que	possibilitam	efeitos	estéticos	diversos,	como	
rimas	(internas	ou	externas),	entonação,	musicalidade	e	até	mesmo	efeitos	
visuais.	Entretanto,	é	 fato	que	o	pensamento	saussuriano	a	partir	do	CLG	
(Curso	de	Linguística	Geral)	é	pautado	sob	a	formalidade	relegada	ao	obje-
to	língua,	pela	definição	de	língua	enquanto	forma,	enquanto	sistema	cujos	
elementos	estão	em	relação	diferencial	e	opositiva.	(SOUZA,	2011,	online).
Veja	um	exemplo	em	que	há	a	aplicação	de	forma	e	substância:
Nós conseguiu
Segundo	Saussure,	há	aqui	defeito	na	substância,	pois	é	notório	seu	equívoco.	Já	
em	relação	aos	elementos	sujeito	e	predicado,	há	coerência,	pois	estão	relacionados	de	
forma	correta.	Saussure,	atribui	à	substância	a	função	de	fazer	a	ligação	com	a	forma,	é	
28UNIDADE II Gramática, Forma e o Processo de Significação
como	se,	em	um	comparativo,	a	língua	está	para	a	forma,	assim	como	a	fala	está	para	a	
substância,	não	sendo	possível	imaginar	uma	sem	a	outra.
Processo de significação
Na	 linguística,	 falar	 em	 processo	 de	 significação	 é	 remeter	 aos	 signos,	 o	 que	
vimos	 na	 unidade	 anterior.	 Portanto,	 o	 processo	 de	 significação	 das	 palavras	 deve	 ser	
compreendido	desde	os	seus	primórdios,	quando	a	criança	começa	a	balbuciar	as	primeiras	
sílabas	e	tenta	se	comunicar	através	de	gestos,	expressões	e	demonstrações	de	objetos	e	
o	que	ela	conseguir	para	mostrar	o	que	deseja.
[...]	Falando	do	“jogo	simbólico”	(jogo	do	faz-de-conta),	ele	mostra,	com	rara	
habilidade,	como	o	signo	linguístico	(a	palavra)	se	organiza	na	criança.	No	
começo,	o	significado	está	subordinado	ao	objeto;	depois,	o	objeto	subordi-
na-se	ao	significado.	No	brinquedo,	a	criança	opera	com	significados	desli-
gados	dos	objetos	e	ações	aos	quais	estão	habitualmente	vinculados.	Entre-
tanto,	por	encontrar-se	ainda	presa	à	materialidade	dos	objetos	e	das	ações,	
fenômeno	próprio	do	período	que	prepara	o	pensamento	operatório	segundo	
Piaget,	 a	 criança	 não	 pode	 ignorar	 as	 características	 dos	 objetos	 com	 os	
quais	estrutura	a	situação	lúdica.	O	que	ocorre	é	um	deslocamento	semânti-
co	de	um	objeto	a	outro.	Trata-se,	diz	Vygotsky,	de	um	movimento	no	campo	
do	 significado,	 o	 qual	 subordina	 a	 ele	 todos	 os	 objetos	 e	 situações	 reais.	
Em	“pensamento	e	 fala”,	Vygotsky	 (1987)	mostra	como	o	aspecto	 fonético	
e	o	aspecto	semântico	seguem,	nos	primeiros	anos	da	criança,	movimentos	
opostos:	o	primeiro	da	parte	ao	todo	(da	palavra	à	frase),	o	segundo	do	todo	
à	parte	(da	frase	à	palavra).	(PINO,	1993,	p.	17).
Portanto,	falar	em	processo	de	significação	das	palavras	é	entender	que:
● Significante:	É	o	tangível,	perceptível,	material	do	signo.
● Significado: É	o	conceito,	a	parte	abstrata	do	signo.
Exemplo:
Figura	1:Exemplo	de	significado	e	significante
Fonte:	Slide	Share
29UNIDADE II Gramática, Forma e o Processo de Significação
2 SIGNIFICAÇÃO, REFERÊNCIA E CONTEXTO: O SIGNIFICADO DAS PALAVRAS
No	tópico	anterior	vimos	a	respeito	do	conceito	de	significado	e	significante,	mas	
é	evidente	que	tal	conceito	foi	estabelecido	fora	de	uma	situação	contextualizada,	ou	seja,	
quando	se	pensa	em	significado	de	uma	palavra	logo	recorremos	ao	referente.
Em	 outras	 palavras,	 só	 há	 como	 afirmar	 seu	 significado	 quando	 esta	 estiver	
contextualizada.	Mas,	pensando	 linguisticamente,	vale	 lembrar	que	a	criança	é	um	bom	
exemplo	 de	 como	 funciona	 esse	 “jogo	 de	 sentido”,	 para	 ela	 uma	 palavra	 tem	 aquele	
significado	e	pronto,	pois	a	criança	é	objetiva.	Conforme	ganha	maturidade	entende	que	a	
mesma	palavra	pode	contemplar	vários	sentidos.
Falando	ainda	no	que	diz	respeito	à	criança	enquanto	processo	de	descoberta	de	
significados	e	significantes,	é	possível	notar	como	a	relação	de	contexto	e	referência	é	cada	
vez	mais	necessária.
Referência e contexto
Se	você	disser	a	uma	criança	a	palavra	BARATA,	temos:
● Significante: BA-RA-TA	(a	palavra	de	fato	–	oral	-,	como	ela	ainda	não	sabe	
escrever,	ela	apenas	ouve)
● Significado: um	animal	pequeno e	nojento
Imagem	2:	barata
30UNIDADE II Gramática, Forma e o Processo de Significação
Mas,	e	se	você	disser:
“Passei	em	frente	a	uma	loja	e	vi	que	a	toalha	de	banho	estava	barata”Imagem	3:	etiquetas	de	promoção
É	evidente	que	a	diferença	entre	os	significados	é	completamente	distinta,	mas	o	
significante	continua	sendo	o	mesmo.	Na	primeira	situação	o	termo	“barata”	se	referia,	de	
fato,	ao	“Gênero	de	insetos	da	ordem	dos	ortópteros,	de	hábitos	noturnos,	cujas	principais	
espécies	se	encontram	nos	armazéns	e	nas	cozinhas”,	como	afirma	o	Dicio.com.	Já	na	
segunda	situação,	a	palavra	tem	seu	significado	completamente	em	outro	referente.
Logo,	 percebemos	 que	 o	 contexto	 situacional	 é	 importante	 para	 que	 haja	
entendimento	correto	e	não	ambíguo	da	mensagem	que	se	deseja	transmitir.	
Muitas	 vezes	 as	 crianças	 não	 são	 capazes	 de	 estabelecer	 essa	 diferença	 de	
significados	por	serem	ensinadas	apenas	através	do	significante.	A	diferenciação	se	dará	
com	o	passar	dos	anos	e	com	o	amadurecimento	da	língua	no	contexto	em	que	a	criança	
está	inserida	e	à	medida	que	será	estimulada	para	perceber	as	multiformas	de	aplicabilidade	
de	uma	mesma	palavra.
No	plano	dos	 elementos	 essenciais	 do	 processo	de	 comunicação,	 proposto	 por	
Roman	Osipovich	 Jakobson,	 o	 elemento	 “referente”	 é	 aquele	 que	 traz	 todo	 o	 contexto	
situacional,	ou	seja,	é	a	partir	dele	que	será	possível	entender	com	propriedade	o	que	se	
pretende	dizer.
31UNIDADE II Gramática, Forma e o Processo de Significação
Os	elementos	propostos	por	Jakobson	são,	ainda,	aqueles	que	fazem	relação	com	
as	funções	da	linguagem,	a	saber:
●	 Emissor	→	Função	Emotiva	ou	Expressiva
●	 Receptor	→	Função	Conativa	ou	Apelativa
●	 Código	→	Função	Metalinguística
●	 Mensagem	→	Função	Poética
●	 Canal	→	Função	Fática
●	 Referente	→	Função	Referencial	ou	Denotativa
Portanto,	é	importante	lembrar	que,	para	a	linguística,	verificar	toda	referência,	todo	
contexto	da	situação	é	necessário	para	estabelecer	a	relação	de	significado	e	significante.	
Quando	se	emprega	uma	palavra	em	um	determinado	contexto	há	possibilidades	de	que	o	
seu	significado	também	seja	flexível.
32UNIDADE II Gramática, Forma e o Processo de Significação
3 FORMA E SIGNIFICAÇÃO: O SIGNIFICADO E A ESTRUTURA LINGUÍSTICA 
Como	já	visto	até	aqui	na	unidade	II	deste	material,	a	forma	e	a	significação	das	
palavras	estão	diretamente	conectadas	em	seu	contexto.	
Para	 elucidar	 ainda	 mais	 a	 teoria	 saussureana	 podemos	 conceituar	 como	 as	
unidades	 da	 língua	 que	 são	 chamadas	 de	 signos	 linguísticos,	 estes	 são	 organizados	 e	
divididos	 de	 duas	 formas:	 o	 significado	 (conceito,	 plano	 de	 conteúdo)	 e	 o	 significante	
(imagem	acústica,	plano	de	expressão).
Há	entre	esses	dois	elementos	um	vínculo	natural	com	o	conteúdo,	por	isso	dizemos	
que	o	signo	é	arbitrário	absoluto,	quando	analisado	sozinho,	isoladamente,	mas	dizemos	
que	é	arbitrário	relativo,	quando	analisado	em	conjunto.
Após	 estabelecer	 o	 entendimento	 sobre	 significado	 e	 significante,	 é	 agora	 o	
momento	de	falarmos	um	pouco	sobre	a	estrutura	linguística	nos	seguintes	quesitos:
●	 Modalidade	oral	e	escrita	
●	 Registro	formal	e	informal	
●	 Variedade	padrão	e	não-padrão
33UNIDADE II Gramática, Forma e o Processo de Significação
As	estruturas	linguísticas	se	modificam	não	somente	através	dos	referentes,	como	
já	vimos,	mas	também	através	das	modalidades:
●	 Oral:	linguagem	falada	(espontânea)	
●	 Escrita:	linguagem	que	se	utiliza	de	signos	(planejada)
Já	quando	falamos	sobre	registros	estamos	nos	referindo	ao:
●	 Formal:	 normalmente	 utilizado	na	escrita,	mas	há	 casos	 em	que	 se	 utiliza	 a	
formalidade,	como	um	discurso	presidencial,	por	exemplo;
●	 Informal:	a	conversa	do	dia	a	dia,	a	troca	de	informações	com	pessoas	que	você	
convive	e	que	não	há	exigência	de	formalidade.
Já	sobre	a	variedade,	temos:
●	 Padrão:	que	é	aquele	estabelecido	pela	gramática	e	chamado	também	de	norma	
culta	e	possui	maior	prestígio	social;
●	 Não	padrão:	que	é	a	linguagem	do	dia	a	dia	e	que	não	se	remete	à	gramática	
para	as	construções.
Portanto,	 quando	 pensamos	 em	 processo	 de	 significação	 (levando-se	 em	
consideração	o	que	vimos	até	aqui	sobre	significado	e	significante)	é	preciso	estabelecer	
alguns	 critérios	 para	 o	 entendimento	 correto,	 o	 primeiro	 deles	 o	 referencial,	 ou	 seja,	
o	 contexto	em	que	 se	está	dizendo.	Depois,	 no	que	diz	 respeito	à	estrutura	 linguística,	
podemos	definir	a	diferença	que	há	entre	a	oralidade	e	a	escrita,	a	variedade	e	o	padrão.	
REFLITA
“Sem	a	linguagem,	o	pensamento	é	uma	nebulosa	vaga,	inexplorada.”
Ferdinand	de	Saussure
34UNIDADE II Gramática, Forma e o Processo de Significação
SAIBA MAIS
LITERATURA E LINGUÍSTICA LIMITES INTERDISCIPLINARES
As	investigações	sobre	o	texto	literário,	realizadas	conforme	as	linhas	de	orientação	do	
método	estruturalista,	desenvolveram	discussões	acerca	da	literatura	e	de	metodologias	
analíticas,	pela	apropriação	de	conceitos	que	já	faziam	parte	do	quadro	categorial	da	
Linguística.	Na	tentativa	de	detectarem	os	princípios	reguladores	do	discurso	literário,	
especialmente	quando	da	abordagem	das	múltiplas	narrativas,	as	propostas	dos	teóri-
cos	da	literatura,	elaboradas	nas	primeiras	décadas	do	século	XX,	tiveram	por	base	o	
legado	do	pensamento	estrutural	de	Saussure.	A	Linguística	que	ele	inaugura	desenvol-
veu-se	de	modo	dedutivo,	por	ter	se	constituído	em	uma	ciência	capaz	de	prescrever	um	
princípio	geral	de	classificação	diante	do	heteróclito	da	linguagem.	E	se	tal	fato	ocorreu,	
foi	porque	Saussure	sabia	bem	da	impossibilidade	de	se	partir	do	estudo	de	cada	uma	
das	inúmeras	línguas	que	teria	que	abarcar.
Fonte:	Maria	Antonieta	Jordão	de	Oliveira	Borba	(UERJ)
http://www.filologia.org.br/vicnlf/anais/caderno04-08.html
35UNIDADE II Gramática, Forma e o Processo de Significação
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta	 unidade	 pudemos	 entender	 algumas	 características	 abordadas	 pela	
linguística,	 especialmente	no	que	 tange	ao	processo	de	 significação	das	palavras,	 bem	
como	sua	aplicação	referencial	e	contextualizada.
Falar	em	forma,	na	linguística,	é	apontar	as	evidências	abordadas	por	Saussure	e	
entender	como,	de	fato,	ela	funciona	no	dia	a	dia	e	no	estudo	da	Língua.
A	linguística	é	uma	ciência	viva	que	estuda	a	língua	em	suas	mais	variadas	vertentes,	
e	mesmo	que	haja	descobertas	recentes	e	maneiras	distintas	de	aplica-la,	fica	evidente	que	
não	há	uma	norma	fechada	e	uma	verdade	absoluta	quando	se	trata	do	estudo	de	algo	que	
é	social.
E	como	tal	não	pode	ser	restrito,	se	o	mundo	se	modifica	ano	após	ano	e	a	sociedade	
também,	como	podemos	achar	que	a	língua	permaneceria	intacta?
Os	amantes	da	língua	sabem	como	trata-se	de	um	organismo	vivo	e	eficaz	e	que	é	
completamente	flexível	e	requer	sempre	possibilidades	para	se	transformar.
36UNIDADE II Gramática, Forma e o Processo de Significação
LEITURA COMPLEMENTAR
Variação linguística e ensino de gramática
Edair	Maria	GÖRSKI	e	Izete	Lehmkuhl	Coelho
A variação social 
Essa	variação	(também	conhecida	como	variação	diastrática)	está	relacionada	a	
fatores	concernentes	à	organização	socioeconômica	e	cultural	da	comunidade.	Entram	em	
jogo	fatores	como	a	classe	social,	o	sexo,	a	idade,	o	grau	de	escolaridade,	a	profissão	do	
indivíduo.	São	exemplos	 típicos	de	variação	social:	a	vocalização	do	 -lh-	>	 -i-	como	em	
mulher/muié;	a	rotacização	do	-l-	>	-r-	em	encontros	consonantais	como	em	blusa/brusa;	
a	assimilação	do	–nd-	>	-n>	como	em	cantando/cantano;	a	concordância	nominal	e	verbal	
como	em	os	meninos	saíram	cedo/	os	menino	saiu	cedo.	Em	relação	à	concordância	verbal	
de	terceira	pessoa	do	plural,	por	exemplo,	Monguilhott	(2009),	ao	investigar	a	fala	da	região	
de	Florianópolis,	mostra	uma	correlação	entre	marcação	de	concordância	e	escolaridade.	
Os	 resultados	 apontam	 que	 os	 informantes	mais	 escolarizados,	 independentemente	 da	
idade,	preservam	mais	as	marcas	de	concordância	verbal.	Velhos	e	 jovens	apresentam	
um	 aumento	 da	 marcação	 de	 concordância,	 de	 67%	 para	 88%	 e	 de	 72%	 para	 89%,	
respectivamente,com	o	 aumento	 da	 escolaridade	 de	 fundamental	 para	 superior.	 Esses	
percentuais	correspondem	aos	resultados	de	outros	estudos	que	controlaram	a	escolaridade	
em	amostras	de	outras	regiões	do	Brasil	(SCHERRE;	NARO,	1997	e	MONGUILHOTT,	2001).	
No	entanto,	a	frequência	de	marcação	da	concordância	cai	consideravelmente	quando	o	
sujeito	está	posposto	ao	verbo,	independentemente	da	escolaridade	do	informante.	Tanto	
a	 variação	 geográfica	 como	 a	 variação	 social	 estão	 intimamente	 associadas	 às	 forças	
internas	que	promovem	ou	 impedem	a	variação	e	a	mudança	e	à	 identidade	do	falante.	
É	como	se	o	indivíduo,	ao	manifestar-se	oralmente,	já	revelasse	a	sua	origem	regional	e	
social.	É	como	se	ele,	pela	sua	forma	de	falar,	se	identificasse	como	pertencente	ou	não	
a	determinada	comunidade	e	a	determinado	grupo	social.	É	nesse	sentido	que	se	diz	que	
as	regras	variáveis	podem	ser	motivadas	extra-linguisticamente,	além	de	linguisticamente.
A variação estilística 
Também	chamada	de	variação	contextual	ou	de	registro,	essa	variação	se	manifesta	
nas	diferentes	situações	comunicativas	no	nosso	dia-a-dia.	Em	contextos	socioculturais	que	
exigem	maior	formalidade,	usamos	uma	linguagem	mais	cuidada	e	elaborada	–	o	registro	
37UNIDADE II Gramática, Forma e o Processo de Significação
formal;	em	situações	familiares	e	informais,	usamos	uma	linguagem	coloquial	–	o	registro	
informal.	Mas,	o	que	observamos	na	prática	é	que	as	situações	cotidianas	de	interação	são	
permeadas	por	diferentes	graus	de	formalidade,	mais	do	que	por	uma	oposição	polarizada.		
A	variação	estilística	é	regulada	pelos	domínios	em	que	se	dão	as	práticas	sociais	(escola,	
igreja,	 lar,	 trabalho,	 clube,	 etc),	 pelos	 papéis	 sociais	 envolvidos	 (professor-aluno,	 pai-
filho,	patrão-empregado,	etc),	pelo	tópico	(religião,	esporte,	brincadeiras,	etc).	O	grau	de	
variação	será	maior	ou	menor	dependendo	desses	fatores.	Na	sala	de	aula,	por	exemplo,	
os	professores	 tendem	a	usar	uma	 linguagem	mais	monitorada	do	que	os	alunos.	Esse	
monitoramento	também	está	associado	aos	tipos	de	eventos.	Encontramos	maior	ou	menor	
monitoramento	entre	eventos	que	são	mediados	pela	 língua	escrita	e	eventos	mediados	
pela	língua	oral;	entre	eventos	de	explicação	de	um	conteúdo	e	eventos	de	motivação;	entre	
eventos	de	sala	de	aula	e	eventos	dos	corredores,	e	assim	sucessivamente	(BORTONI-
RICARDO,	2004).	Um	exemplo	de	variação	estilística	é	encontrado	no	trabalho	de	Arduin	
(2005).	Ao	estudar	a	variação	entre	os	pronomes	possessivos	teu(s)	e	seu(s),	a	partir	de	
amostras	de	fala	da	região	Sul	(projeto	VARSUL),	ela	mostra	que	nas	relações	assimétricas	
de	inferior	para	superior	a	forma	teu	é	desfavorecida	(apenas	44%)	e	a	forma	seu	é	a	mais	
frequente,	indicando	um	maior	distanciamento	entre	os	interlocutores,	como	se	fosse	uma	
forma	 de	 respeito.	 Nas	 relações	 assimétricas	 de	 superior	 para	 inferior	 a	 forma	 teu	 é	 a	
preferida	(91%)	e,	nas	relações	simétricas,	a	forma	próxima	e	solidária	mais	frequente	é	teu	
(91%).	Esses	resultados	corroboram	estudos	de	Loregian-Penkal	(2004)	sobre	a	variação	
estilisticamente	marcada	dos	pronomes	tu	e	você	em	Santa	Catarina:	tu	usado	geralmente	
em	relações	simétricas	ou	nas	 relações	assimétricas	de	superior	para	 inferior,	enquanto	
você	em	 relações	assimétricas	de	 inferior	para	superior,	marcando	 relações	de	poder	e	
solidariedade.	Nas	várias	formas	de	interação,	a	língua	que	utilizamos	muda,	de	alguma	
maneira,	para	adaptar-se	ao	interlocutor	e	ao	contexto	de	situação.	A	variação,	portanto,	
é	inerente	à	fala	e	à	própria	comunidade	de	fala	e	está	relacionada	aos	diferentes	papéis	
sociais	exercidos	por	cada	um	dos	participantes.
Fonte: http://www.uel.br/pos/ppgel/pages/arquivos/10749-39705-1-PB.pdf
38UNIDADE II Gramática, Forma e o Processo de Significação
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título:	Linguística?	-	Que	É	Isso?
Autor:	José	Luiz	Fiorin
Editora:	Contexto
Ano:	2013
Sinopse:	 A	 Linguística	 é	 uma	 ciência	 pouco	 conhecida	 ou	
completamente	desconhecida	pelas	pessoas	em	geral.	E,	como	é	
comum	acontecer	com	aquilo	ou	com	aqueles	que	desconhecemos,	
ela	 é	 constantemente	 alvo	 de	 prejulgamentos	 –	 tendo	 sido	
acusada	 inclusive	de	renegar	a	norma	culta	e	de	contribuir	para	
a	destruição	da	língua	portuguesa	por	defender	modos	“errados”	
de	falar.	Ou	seja:	o	preconceito	não	atinge	somente	os	diferentes	
falares.	A	própria	Linguística	que	os	estuda	é	objeto	de	atribuições	
e	rótulos	infundados.	Este	livro,	que	reúne	grandes	especialistas	
da	área,	 surge	para	explicar	o	que	é,	afinal,	 a	Linguística.	Para	
isso,	 trata	 das	 funções	 e	 características	 da	 linguagem	 humana,	
para	 depois	 discorrer	 sobre	 os	 cinco	 grandes	 objetos	 teóricos	
criados	 pela	 Linguística	 dos	 séculos	 XIX	 e	 XX:	 a	 língua,	 a	
competência,	a	variação,	a	mudança	e	o	uso.	Com	um	texto	fácil	
e	agradável,	 esta	obra	 torna	acessíveis	questões	complexas	da	
ciência	da	linguagem	–	sem,	entretanto,	simplificá-las	–	tanto	para	
estudantes	e	professores	de	línguas	como	para	interessados	em	
geral.	Autores:	Norma	Discini,	Ronalda	Beline.
FILME/VÍDEO
• Título:	Nell
• Ano: 1994
• Sinopse:	Uma	jovem	(Jodie	Foster)	é	encontrada	em	uma	casa	
na	floresta,	onde	vivia	com	sua	mãe	eremita,	mas	o	médico	(Liam	
Neeson)	que	a	encontra	após	a	morte	da	mãe	constata	que	ela	
se	expressa	em	um	dialeto	próprio,	evidenciando	que	até	aquele	
momento	ela	não	havia	tido	contado	com	outras	pessoas.	Intrigado	
com	a	descoberta	e	ao	mesmo	tempo	encantado	com	a	inocência	
e	a	pureza	da	moça,	ele	tenta	ajudá-la	a	se	integrar	na	sociedade.
WEB
•	Sistema VOLP:	O	sistema	de	busca	do	Vocabulário	Ortográfico	
da	 Língua	 Portuguesa,	 quinta	 edição,	 2009,	 contém	 381.000	
verbetes,	 as	 respectivas	 classificações	 gramaticais	 e	 outras	
informações	conforme	descrito	no	Acordo	Ortográfico.	
•	Link	do	site:	http://www.academia.org.br/nossa-lingua/busca-no-
vocabulario
http://www.academia.org.br/nossa-lingua/busca-no-vocabulario
http://www.academia.org.br/nossa-lingua/busca-no-vocabulario
39
Plano de Estudo:
●	 Descrição	e	prescrição
●	 Conceito	de	“gramática”	
●	 Fatos,	dados	e	hipóteses	na	análise	linguística
●	 Coleta	de	dados	e	a	construção	do	corpus	de	análise	
●	 Fatos	e	preconceitos	linguísticos
Objetivos de Aprendizagem:
●	 Conceituar	a	gramática	na	perspectiva	linguística	
●	 Compreender	as	características	das	análises	linguísticas
UNIDADE III
Fundamentos da Linguística Descritiva
Professora Esp. Lucimari de Campos Monteiro
40UNIDADE III Fundamentos da Linguística Descritiva
INTRODUÇÃO
Prezado(a)	aluno(a),	nesta	unidade	vamos	estudar	as	características	da	gramática	
prescritiva,	 chamada	mais	 comumente	 de	 gramática	 normativa	 e	 também	da	 gramática	
descritiva	que,	como	o	próprio	nome	diz,	descreve	as	características	da	língua.
Diferente	 da	prescritiva,	 a	 descritiva	 se	preocupa	mais	 com	o	modo	de	 como	a	
língua	é	construída	e	não	com	o	certo	e	o	errado	que	a	normativa	traz	em	suas	normas	e	
regras	rígidas.
Depois,	vamos	conhecer	ainda	alguns	outros	tipos	de	gramáticas,	além	das	duas	
que	 foram	 citadas	 no	 primeiro	 tópico.	 É	 importante	 saber	 que	 essa	 diferença	 entre	 as	
gramáticas	se	faz	necessário	para	que	haja	um	estudo	completo	e	profundo	da	língua	em	
sua	totalidade,	seja	na	escrita,	na	fala	e	nos	seus	contextos.
No	tópico	4	deste	material,	você	encontrará	ainda	um	plano	de	aula	elaborado	com	
o	foco	em	análise	 linguística	no	gênero	textual	resenha	crítica.	O	plano	foi	desenvolvido	
para	o	sexto	ano	do	ensino	fundamental	2,	mas	pode	ser	adaptado	e	reconstruído	para	as	
demais	séries.
Veremos,	ainda,	o	que	é	e	como	acontecem	os	preconceitos	linguísticos,	tão	comuns	
e	muitas	vezes	feito	sem	que	haja	percepção,	afinal	esse	comportamento	do	brasileiro	tem	
suas	origens	de	anos	e	anos	atrás.	Aproveite	e	desfrute	das	informações	aqui	apresentadas,	
bons	estudos!
41UNIDADE III Fundamentos da Linguística Descritiva
1 DESCRIÇÃOE PRESCRIÇÃO
Ao	 estudar	 linguística	 sabemos	 que	 muitos	 conceitos	 aparecem	 e	 que,	
inevitavelmente,	recorremos	a	Saussure	para	identificar	as	características	dessa	ciência.	O	
pai	da	Linguística	foi,	de	fato,	o	precursor	dos	estudos	na	área,	mas	anos	após	suas	teorias	
novos	conceitos	foram	aparecendo	e	novas	perspectivas	de	se	estudar	a	língua.
Gramática prescritiva ou normativa
O	que	estudamos	na	escola	é	o	que	a	gramática	prescritiva,	ou	seja,	a	normativa	
diz	que	é	o	“certo	e	o	errado”.	
Ela	 é	 repleta	 de	 regras	 do	 que	 se	 deve	 ou	 não	 fazer,	 classificações,	 análises	
profundas	e	difíceis	e	que,	na	maioria	das	vezes,	deixa	os	alunos	com	certa	aversão	ao	
estudo	da	língua	(e	não	é	para	menos!).
O	 que	 acontece,	 é	 que	 todos	 nós	 carregamos	 uma	 bagagem	 social,	 costumes,	
cultura,	tradições	e	que	refletem	diretamente	na	nossa	forma	de	comunicar.
A	comunicação	pessoal	ou	familiar	está	diretamente	ligada	à	nossa	forma	de	agir	
em	sociedade,	 e	 seria	 um	grande	equívoco	dizer	 que	aquilo	 que	 você	aprendeu	desde	
criança	é	certo	ou	errado	se	comparado	à	realidade	comunicativa	de	outra	pessoa.
42UNIDADE III Fundamentos da Linguística Descritiva
Veja	o	poema	de	Oswald	de	Andrade	que	trata	bem	essa	questão	do	que	é	“certo	e	
errado”	segundo	a	gramática	prescritiva/normativa	e	o	modo	de	dizer:
Pronominais
Dê-me	um	cigarro	
Diz	a	gramática	
do	professor	e	do	aluno	
E	do	mulato	sabido	
Mas	o	bom	negro	e	o	bom	branco	
Da	Nação	Brasileira	
Dizem	todos	os	dias	
Deixa	disso	camarada	
Me	dá	um	cigarro.
Fonte:	ANDRADE,	Oswald.	Obras	completas,	Volumes	6-7.	Rio	de	Janeiro:	Civilização	Brasileira,	1972.
Gramática descritiva
A	linguística	descritiva	é	a	prova	de	que	essa	forma	diferente	de	analisar	o	estudo	
da	linguagem	se	deu	e	é	eficaz	e,	consequentemente,	surge	a	gramática	descritiva.
Vamos	analisar	o	nosso	país:	rico	em	cultura,	regiões	completamente	distintas	em	
costumes,	repleto	de	sotaques	e	uso	recorrente	de	palavras	diferentes.	Ora,	se	a	língua	é	
viva	como	poderíamos	analisá-la	em	uma	única	perspectiva	em	um	país	tão	diversificado?	
Apontar	o	certo	e	o	errado	em	questões	de	linguagem	é	como	ensinar	uma	mãe	a	educar	
seu	próprio	filho.
A	 linguística	descritiva	 tem	como	objetivo	estudar	o	sistema	 linguístico	 funcional	
como	as	classes	de	palavras	e	suas	unidades,	mas	além	disso	ela	preocupa-se	também	
com	os	sons	que	compõem	as	palavras	e	as	 regras	 relacionadas	a	sintaxe.	Em	 termos	
gerais	ela	está	cada	vez	mais	disposta	a	estudar	a	classificação	e	a	análise	do	objeto	de	
fato,	mas	sem	“julgar	certo	e	errado”.
A	linguística	descritiva	traz	na	gramática	descritiva	duas	divisões:
●	 Descrição	formal:	morfologia,	fonologia	e	a	sintaxe.
●	 Descrição	semântica:	regras	de	interpretação	semântica	e	as	relações	entre	a	
língua	e	o	mundo	extralinguístico.
43UNIDADE III Fundamentos da Linguística Descritiva
A	Gramática	Descritiva	-	é	a	descrição	de	como	a	língua	funciona,	do	con-
junto	de	regras	que	são	usadas	pelos	falantes.	Ao	contrário	da	normativa,	a	
gramática	descritiva	leva	em	consideração	tudo	aquilo	que	possa	estabele-
cer	uma	comunicação,	de	acordo	com	determinada	variedade	linguística,	ou	
seja,	tudo	o	que	está	incluído	no	sistema.	(FRAGA,	2011,	online)
Portanto,	fica	evidente	que	a	gramática	descritiva	não	está	interessada	em	dizer	a	
ninguém	como	usar	a	língua,	o	que	poderíamos	entender	até	mesmo	como	um	abuso	de	
poder,	mas	sim	está	preocupada	em	descrever	os	modos	como	ela	é	usada	na	vida	real.	A	
primeira	turma	ergue	muros	entre	certo	e	errado;	a	segunda	dedica-se	a	demoli-los.
44UNIDADE III Fundamentos da Linguística Descritiva
2 CONCEITO DE “GRAMÁTICA” 
É	 importante	 sempre	 lembrar	 que	 quando	 falamos	 de	 gramática	 o	 primeiro	
pensamento	se	remete	à	gramática	normativa.	E	não	está	errado,	afinal	é	essa	gramática	
que	aprendemos	a	vida	toda	na	escola.
Mas,	agora	como	estudantes	da	 língua	e	da	 linguagem,	não	há	como	continuar	
afirmando	que	a	normativa	(ou	a	prescritiva)	é	uma	verdade	absoluta,	não	é	mesmo?!
Para	isso,	separei	a	sinopse	(entenda-se	como	uma	dica	de	leitura	também)	de	um	
livro	do	Professor	Sírio	Possenti,	chamado	“Por que (não) ensinar gramática na escola”:
Sinopse:	 O	 livro	 expõe	 questões	 relativas	 à	 natureza	 e	 ao	 aprendizado	 das	
línguas,	destacando	os	fatores	internos	e	externos	da	variação	linguística,	a	natureza	das	
gramáticas	“naturais”,	dos	“erros”	dos	aprendizes	ou	falantes,	e	aspectos	do	funcionamento	
da	língua	ligados	aos	contextos	e	valores	sociais.	Expõe	e	exemplifica,	ainda,	os	conceitos	
de	gramática	normativa,	descritiva	e	internalizada,	e	apresenta	algumas	sugestões	práticas	
de	como	trabalhar	em	sala	de	aula	a	partir	da	produção	do	aluno.
Na	unidade	anterior	vimos	como	se	divide	a	gramática	descritiva	da	tão	conhecida	
prescritiva,	mas	qual	seria	a	definição	ou	o	conceito	de	gramática?
45UNIDADE III Fundamentos da Linguística Descritiva
Vamos	recorrer	ao	dicionário:
Significado de Gramática
s.f.: Conjunto de princípios que regem o funcionamento de uma língua, determinando 
o uso considerado correto de uma língua.
Mas,	há	ainda	a	definição	segundo	a	linguística:
[Linguística] Estudo sistemático, descritivo e analítico do que compõe uma língua, 
suas frases, palavras, fonemas, processos de derivação, de flexão etc.
É	notório	que	a	definição	de	gramática	se	estabelece	de	maneiras	diferentes	em	
determinados	aspectos,	para	o	conceito	geral	trata-se	das	regras	da	normativa,	mas	sob	
a	 perspectiva	 linguística,	 vai	muito	 além	de	 imposições	 entre	 certo	 e	 errado	 e	 abrange	
descrições,	processos	de	construções,	etc.
Vamos	ver	cinco	concepções	e	tipos	de	gramáticas	que	podemos	encontrar:
Quadro	1:	Tipos	de	Gramáticas
Gramática Normativa: Utilizada	em	sala	de	aula,	ela	busca	a	padronização	da	
língua,	indicando	através	de	suas	regras	como	devemos	falar	e	escrever	corretamente.	Sua	
abordagem	privilegia	a	prescrição	de	regras	que	devem	ser	seguidas,	desconsiderando	
os	fatores	sociais,	culturais	e	históricos	aos	quais	estão	sujeitos	os	falantes	da	língua.
Gramática Descritiva:	 Analisa	 um	 conjunto	 de	 regras	 que	 são	 seguidas,	
considerando	as	variações	linguísticas	da	língua	ao	investigar	seus	fatos,	extrapolando	
os	conceitos	que	definem	o	que	é	certo	e	errado	em	nosso	sistema	linguístico.
Gramática Histórica:	Investiga	a	origem	e	a	evolução	de	uma	língua,	representando	
os	estudos	diacrônicos.
Gramática Comparativa:	Estabelece	comparação	da	língua	com	outras	línguas	
de	uma	mesma	família.	No	caso	de	nossa	língua	portuguesa,	as	análises	comparativas	
são	feitas	com	as	línguas	românicas.
Gramática internalizada:	Conjunto	de	regras	que	o	 falante	domina	e	utiliza	na	
comunicação,	de	maneira	que	as	frases	e	sequências	das	palavras	são	compreensíveis	
e	reconhecidas	como	pertencendo	a	uma	língua	e	não	é	ensinada	de	forma	convencional.	
Para	 se	 provar	 a	 existência	 da	 gramática	 internalizada,	 há	 dois	 fatores	 linguísticos:	
a	 aprendizagem	por	 repetição,	 ouve-se	 a	 fala	 de	 outrem	e	 se	 reproduz	 o	 que	 ouviu,	
aplicando	as	“regras”,	que	são	observadas	por	comparações;	outro	fator	é	a	hipercorreção	
gramatical.
Fonte:	https://www.portugues.com.br/gramatica
46UNIDADE III Fundamentos da Linguística Descritiva
É	relevante,	ainda,	ressaltar,	que	o	uso	das	gramáticas	é	importante,	mas	apenas	
o	seu	manuseio	não	fará	de	você	“um	senhor	da	verdade	absoluta”:
É	importante	também	ter	a	consciência	de	que	“saber	gramática”	não	implica	
necessariamente	em	“falar	bem”	ou	“escrever	corretamente”.	Isso	é	só	mais	
um	dos	muitos	mitos	que	compõem	o	preconceito	linguístico	tão	vigoroso	em	
nossa	sociedade.	Se	o	conhecimento	da	gramática	normativa	garantisse	o	
“escrever	bem”,	todos	os	professores	de	língua	seriam	excelentes	escritores,	
prosadores	criativos...	Isso	não	acontece,	não	é?	Os	gramáticos,	então	se-
riam	os	maiores	artistas	da	língua!	Ora,	sabemos	que	não	é	bem	assim.	Aliás,	
muito	pelo	contrário:a	maioria	dos	gramáticos	escrevem	num	estilo	rebusca-
do,	empolado,	pouco	ágil,	usando	recursos	retóricos	antiquados,	justamente	
porque	se	apegam	demais	à	tradição	(Bagno,	2004,	p.	160).
E	você,	já	tinha	ouvido	falar	nas	outras	formas	de	gramática?!
47UNIDADE III Fundamentos da Linguística Descritiva
3 FATOS, DADOS E HIPÓTESES NA ANÁLISE LINGUÍSTICA
Quando	se	fala	em	análise	linguística	estamos	nos	referindo	ao	estudo	da	língua,	
ou	seja,	estamos	dizendo	que	determinada	língua	poderá	ser	analisada	de	vários	níveis,	a	
saber:
Níveis de análise linguística
●	 Fonética/	Fonologia:	fonética	estuda	os	sons	produzidos	pela	fala	e	a	fonologia	
é	o	sistema	sonoro	de	um	idioma;
●	 Morfologia:	estudo	da	estrutura	e	formação	das	palavras;
●	 Sintaxe:	estuda	a	disposição	das	palavras	nas	frases;
●	 Semântica:	é	o	estudo	dos	significados
A	 partir	 dos	 conceitos	 definidos	 dos	 níveis	 da	 análise	 linguística,	 fica	mais	 fácil	
entender	como	podemos	fazer	essa	análise.	Há,	portanto,	algumas	maneiras	de	analisar	
algo	linguisticamente:
●	 Através	de	enunciados	da	 fala:	 se	optarmos	por	analisar	a	 fala	é	 importante	
observar	o	grupo	de	falantes	que	escolhermos,	bem	como	suas	características.	
Lembre-se	de	que	na	análise	 linguística	não	há	o	certo	e	o	errado,	mas	sim	
há	modos	diferentes	de	se	comunicar	e	se	expressar,	principalmente	se	nossa	
análise	for	verbal/oral;
48UNIDADE III Fundamentos da Linguística Descritiva
●	 Através	de	textos	escritos:	já	ao	analisar	os	textos	escritos	é	preciso	ficar	atento	
ao	gênero	 textual,	as	escolhas	de	vocabulário,	o	estilo	da	escrita,	o	contexto	
situacional,	bem	como	todos	os	fatores	que	possam	interferir	nessa	análise.
Critérios para uma análise linguística
Antes	de	escolhermos,	de	fato,	nosso	corpus	de	análise,	ou	seja,	nosso	objeto	de	
estudo,	é	importante	ficar	atento	aos	critérios	que	nos	norteará	para	o	estudo.
Na	unidade	 I	 deste	material	 abordamos	os	 conceitos	estabelecidos	entre	 senso	
comum	e	ciência,	até	chegarmos	à	concepção	de	que	a	linguística	é	uma	ciência	nova	e	
viva.
Como	tal	precisa	ser	analisada	de	foram	coerentes	e	para	que	as	nossas	análises	
sejam	compreendidas	e	eficaz	vamos	dividir	em	três	partes:	fatos,	dados	e	hipóteses:
● Fatos
Podemos	entender	como	fato	tudo	o	que	é	verídico,	ou	seja,	o	que	aconteceu	no	nível	
real,	o	que	não	é	inventado.	Por	isso,	um	dos	critérios	de	análise	linguística	deve	se	
basear	em	fatos,	e	não	estamos	nos	referindo	somente	a	acontecimentos,	mas	sim	
em	algo	concreto.	Por	exemplo,	um	diálogo	é	um	fato,	bem	como	um	poema	também	
é.	Desde	que	seja	algo	que	exista,	de	fato,	já	pode	entrar	para	nossa	análise;
● Dados:
Outro	 critério	 não	menos	 importante	 é	 a	 dos	 dados.	Quando	 temos	 informações	
baseadas	em	dados	e	registros	tudo	fica	ainda	mais	fácil	de	se	analisar.	Como	toda	e	
qualquer	ciência	necessita	de	registros	e	dados,	na	linguística	também	é	importante	
que	haja,	ainda	mais	se	sua	análise	se	 tratar	de	algum	evento	ou	acontecimento	
histórico;
● Hipóteses:
As	 hipóteses	 são	 importantes	 para	 que	 possamos	 organizar	 nossa	 análise.	 O	
levantamento	 de	 hipóteses	 é	 fundamental	 para	 que	 essas	 “perguntas”	 sejam	
respondidas	 ao	 longo	 da	 análise.	 Toda	 pesquisa	 requer	 hipóteses,	 afinal,	 se	 há	
perguntas	sobre	o	assunto	deverá	haver	respostas	ou,	ao	menos,	sugestões	para	
que	haja	soluções	do	que	nos	propomos	a	analisar.
49UNIDADE III Fundamentos da Linguística Descritiva
4 COLETA DE DADOS E A CONSTRUÇÃO DO CORPUS DE ANÁLISE
 
Neste	tópico	vamos	nos	atentar	a	um	exemplo	prático	de	análise	linguística.	Antes,	
porém,	vamos	apenas	conceituar	o	que	seria	o	nosso	corpus	de	análise:
Corpus	 de	 análise:	 podemos	 dizer	 que	 são	 os	materiais	mais	 importantes	 e	 de	
fontes	confiáveis	para	que	o	pesquisador	 fundamente	seu	 texto,	adequado,	portanto,	ao	
que	se	pede	no	caráter	científico	
Logo,	podemos	entender	que	o	corpus	em	qualquer	pesquisa	é	a	parte	fundamental,	
ou	seja,	o	material	selecionado	para	análise	efetiva	do	que	nos	propomos	a	 fazer.	Mas,	
na	linguística	há	o	que	chamamos	de	Linguística	de	corpus.	Veja	a	definição	do	Instituto	
Brasileiro	de	Pesquisa	e	Análise	de	Dados	(IBPAD):
Linguística	de	Corpus	é	a	área	da	Linguística	utilizada	para	coleta	e	análi-
se	de	bases	com	dados	 textuais	produzidos	por	 falantes	 reais,	 a	exemplo	
de	discursos,	debates	em	mídias	digitais,	textos	históricos,	e	outras	formas	
de	produção,	como	as	transcrições	de	entrevistas	para	análises	posteriores.	
Em	 Linguística	 de	Corpus,	 estas	 bases	 de	 dados	 textuais	 são	 objetos	 de	
pesquisa	chamadas	de Corpus. Corpora	é	o	plural	de	corpus	– conjunto	de	
dados	 linguísticos	pertencentes	ao	uso	oral	ou	escrito	da	 língua	e	que	po-
dem	ser	processados	por	computador.	Contamos	com	suporte	da	tecnologia	
na	Linguística	de	Corpus	para	potencializar	as	análises,	usando	ferramentas	
como	concordanciadores,	corpora	online,	programas	de	análise	e	compara-
ção,	dentre	outros.	O	entendimento	deste	método	de	pesquisa	tem	sido	cada	
vez	mais	 observado	 com	atenção	no	mercado,	 assim	como	na	academia,	
em	pesquisas	sociais,	sociolinguísticas,	educacionais,	etc.,	que	utilizem	as	
metodologias	da	Linguística	de	Corpus	para	sustentar	análises	e	resultados	
de	suas	respectivas	áreas.	(IBPAD,	2018,	online).
50UNIDADE III Fundamentos da Linguística Descritiva
Portanto,	 o	 que	 de	 fato	 nos	 interessa	 aqui	 é	 o	 que	 a	 linguística	 de	 corpus	 nos	
propõe,	e	para	tal	criamos	um	plano	de	aula	que	poderá	ser	adaptado	de	acordo	com	a	
temática	trabalhada	em	sala	e	a	realidade	da	sua	turma:
Quadro	2:	Plano	de	Aula	com	Análise	Linguística
PLANO DE AULA
Título da aula:	Resenha	crítica	–	Análise	Linguística/Semiótica
Finalidade da aula:	Identificar	os	recursos	linguísticos	que	compõem	o	gênero	resenha	
crítica	e	incentivar	a	criticidade	do	aluno	na	produção	do	gênero
Ano:	6º	ano	do	ensino	fundamental	2
Gênero:	Resenha	crítica
Objeto de conhecimento:		Forma	de	composição	do	texto
Prática de linguagem:	Análise	Linguística/	Semiótica
Fonte:	a	autora
A	análise	linguística	proposta	aborda	os	critérios	estabelecidos	pela	semiótica,	esta	
que	é:
A	semiótica	provém	da	raiz	grega	“semeion”,	que	denota	signo.	Assim,	desta	
mesma	fonte,	temos	“semeiotiké”,	“a	arte	dos	sinais”.	Esta	esfera	do	conhe-
cimento	existe	há	um	longo	tempo,	e	revela	as	formas	como	o	indivíduo	dá	
significado	a	tudo	que	o	cerca.	Ela	é,	portanto,	a	ciência	que	estuda	os	signos	
e	todas	as	linguagens	e	acontecimentos	culturais	como	se	fossem	fenôme-
nos	produtores	de	significado,	neste	sentido	define	a	semiose.	Ela	lida	com	
os	conceitos,	as	ideias,	estuda	como	estes	mecanismos	de	significação	se	
processam	natural	e	culturalmente.	Ao	contrário	da	 linguística,	a	semiótica	
não	reduz	suas	pesquisas	ao	campo	verbal,	expandindo-o	para	qualquer	sis-
tema	de	signos	–	Artes	visuais,	Música,	Fotografia,	Cinema,	Moda,	Gestos,	
Religião,	entre	outros.	(SANTANA,	2018,	online).
Portanto,	nossa	análise	linguística	baseada	no	plano	de	aula	para	uma	turma	de	
sexto	ano	do	ensino	fundamental	2	deve	ser	aplicada	buscando	todos	os	contextos	que	o	
texto,	imagem,	gesto	ou	qualquer	que	seja	o	objeto	analisado,	traz.
● Primeira parte:	reconhecer	as	características	de	uma	resenha	crítica,	se	preferir	
anote	em	tópicos	para	facilitar	o	entendimento	junto	ao	aluno;
● Segunda parte:	 ler	o	 texto	que	será	analisado	(ou,	se	 for	o	caso,	assistir	ao	
vídeo	ou	filme)	mais	de	uma	vez	para	que	haja	fixação	das	 informações.	No	
caso	 do	 texto	 escrito	 é	 fundamental	 destacar	 os	 pontos	 importantes,	 o	 que	
pode	 ser	 feito	 através	 de	 canetas	 coloridas	 ou	 algo	 que	 chame	 a	 atenção	
51UNIDADE III Fundamentos da Linguística Descritiva
para	tais	 informações.	Aqui	é	que	serão	levantadas	características	quanto	ao	
comportamento	 das	 personagens,	 personalidades,	 gestos,	 cenários,	 cores,	
intenções,	contextos,	enfim,	tudo	o	que	for	importante	para	relacionar	asações	
devem	ser	anotadas	e/ou	destacas;
● Terceira parte:	fechamento	das	ideias	levantadas.	Após	realizar	as	anotações	
importantes	 sobre	o	 gênero	 resenha,	 bem	como	das	 informações	 relevantes	
do	objeto	analisado,	é	hora	de	produzir.	O	professor	 será	o	mediador	nessa	
construção,	o	aluno	deverá	analisar	as	 ideias	apontadas	na	primeira	parte	e	
correlacionar	com	as	da	segunda	parte,	para	que	assim	seja	construído	o	texto	
de	acordo	com	as	análises	linguísticas	que	foram	apontadas.
52UNIDADE III Fundamentos da Linguística Descritiva
5 FATOS E PRECONCEITOS LINGUÍSTICOS
Segundo	 o	 Professor	 Marcos	 Bagno	 (1999)	 o	 preconceito	 linguístico	 pode	 ser	
definido	 como	 todo	 juízo	 de	 valor	 negativo	 (de	 reprovação,	 de	 repulsa	 ou	 mesmo	 de	
desrespeito)	às	variedades	linguísticas	de	menor	prestígio	social.
Um	país	tão	diversificado	como	o	Brasil	possui,	obviamente,	uma	enorme	variação	
linguística,	seja	ela	regional	ou	até	mesmo	variações	ligadas	à	religião.
Vamos	conhecer	alguns	tipos	de	preconceitos	linguísticos:
● Preconceito socioeconômico
Um	dos	tipos	de	preconceitos	linguísticos	mais	comuns,	mas	que	não	deveria	existir	
é	o	que	está	relacionado	às	pessoas	de	classes	sociais	mais	pobres	que,	pelo	seu	contexto	
de	vida,	não	tiveram	acesso	à	educação	ou	não	tiveram	chances	de	estudar	adequadamente.	
Seu	conhecimento	é	 limitado	e	sua	forma	de	comunicação	acaba	refletindo	essa	 lacuna	
social,	na	prática,	essas	pessoas	se	tornam	marginalizadas	e	não	conseguem	ingressar	em	
determinadas	profissões	com	bons	postos	no	mercado	de	trabalho.
● Preconceito regional
Assim	como	o	preconceito	socioeconômico,	o	regional	também	acarreta	inúmeros	
problemas	na	relação	com	o	mercado	de	trabalho.	Os	indivíduos	que	residem	em	regiões	
menos	favorecidas	acabam	sendo	marginalizados	por	aqueles	que	residem	em	regiões	de	
maior	ascensão	econômica	do	país.
53UNIDADE III Fundamentos da Linguística Descritiva
● Preconceito cultural
Outro	 tipo	 de	 demonstração	 medíocre	 do	 preconceito	 linguístico	 é	 através	
do	 “julgamento”	 de	 determinados	 gêneros	 musicais	 ou	 grupos	 sociais	 considerados	
marginalizados.	Essa	aversão	acontece	por	parte	da	elite	intelectual	que	normatiza	o	que	
é	e	o	que	não	é	bom	“culturalmente”.	Estilos	como	o	sertanejo	e	o	rap	sempre	foram	alvo	
de	preconceito	por	trazer	marcas	da	oralidade	e,	muitas	vezes,	até	com	gírias	e	 jargões	
específicos.
● Racismo
Palavras	de	origem	africana	ainda	trazem	essa	herança	racista	que	há	no	Brasil.	
Termos	como	“macumba”,	por	exemplo,	é	um	instrumento	musical	utilizado	em	cerimônias	
religiosas,	mas	no	Brasil	está	ligada	à	magia	negra,	satanismo	ou	feitiçaria.	Prova	viva	de	
que	há,	sim,	preconceito	com	alguns	termos	da	cultura	afro.
Fica	 evidente,	 portanto,	 que	 o	 preconceito	 linguístico	 acontece	 quando	 há	
intolerância	das	mais	variadas	áreas,	sejam	elas	sociais	ou	culturais,	e	esse	costume	está	
enraizado	no	Brasil	desde	que	algumas	classes	sociais	 julgavam	os	costumes	de	outras	
como	certas	ou	erradas.
Em	tempos	em	que	a	diversidade	é	cultuada	e	as	pessoas	estão	cada	dia	mais	
confortáveis	para	se	expor,	não	há	como	nós,	estudantes	da	língua	e	amantes	da	diversidade	
de	possibilidades	criar	um	critério	de	juízo	ou	de	verdade	absoluta	para	o	que	deve	ou	não	
deve	ser	feito.
REFLITA
“O	papel	característico	da	linguagem	com	relação	ao	pensamento	não	é	criar	um	meio	
fônico	material	para	expressar	ideias,	mas	servir	como	um	elo	entre	pensamento	e	som.”
Ferdinand	de	Saussure
54UNIDADE III Fundamentos da Linguística Descritiva
SAIBA MAIS
Leia	o	texto	de	Drummond	e	veja	os	exemplos	de	variações	linguísticas	no	âmbito	histórico:
ANTIGAMENTE	
Antigamente,	as	moças	chamavam-se	mademoiselles	e	eram	todas	mimosas	e	muito	
prendadas.	Não	faziam	anos:	completavam	primaveras,	em	geral	dezoito.	Os	janotas,	
mesmo	não	sendo	rapagões,	faziam-lhes	pé-de-alferes,	arrastando	a	asa,	mas	ficavam	
longos	meses	debaixo	do	balaio.	E	se	levavam	tábua,	o	remédio	era	tirar	o	cavalo	da	
chuva	e	ir	pregar	em	outra	freguesia.	(...)	Os	mais	idosos,	depois	da	janta,	faziam	o	quilo,	
saindo	para	tomar	fresca;	e	também	tomavam	cautela	de	não	apanhar	sereno.	Os	mais	
jovens,	esses	iam	ao	animatógrafo,	e	mais	tarde	ao	cinematógrafo,	chupando	balas	de	
altéia.	Ou	sonhavam	em	andar	de	aeroplano;	os	quais,	de	pouco	siso,	se	metiam	em	
camisa	de	onze	varas,	e	até	em	calças	pardas;	não	admira	que	dessem	com	os	burros	
n’água.	(...)	Embora	sem	saber	da	missa	a	metade,	os	presunçosos	queriam	ensinar	pa-
dre-nosso	ao	vigário,	e	com	isso	metiam	a	mão	em	cumbuca.	Era	natural	que	com	eles	
se	perdesse	a	tramontana.	A	pessoa	cheia	de	melindres	ficava	sentida	com	a	desfeita	
que	 lhe	 faziam,	quando,	por	exemplo,	 insinuavam	que	seu	filho	era	artioso.	Verdade	
seja	que	às	vezes	os	meninos	eram	mesmo	encapetados;	chegavam	a	pitar	escondido,	
atrás	da	igreja.	As	meninas,	não:	verdadeiros	cromos,	umas	tetéias.	(...)	Antigamente,	
os	sobrados	tinham	assombração,	os	meninos	lombrigas,	asthma	os	gatos,	os	homens	
portavam	ceroulas,	botinas	e	capa-de-gato	(...)	não	havia	fotógrafos,	mas	retratista,	e	
os	cristãos	não	morriam:	descansavam.	Mas	tudo	isso	era	antigamente,	isto	é,	outrora.	“
Carlos	Drummond	de	Andrade
55UNIDADE III Fundamentos da Linguística Descritiva
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta	unidade	pudemos	conhecer	os	tipos	de	gramáticas	que	temos	à	disposição	
sobre	o	estudo	da	língua.	Desde	a	normativa,	que	é	a	que	mais	conhecemos	e	estudamos	
na	escola	até	mesmo	as	características	da	histórica	que	analisa	fatos	e	acontecimentos.
O	conceito	que	temos	de	gramática	é,	na	maioria	das	vezes,	superficial	e	levamos	
em	 consideração	 somente	 o	 que	 aprendemos	 na	 normativa.	 Consequentemente,	 esse	
ensinamento	somente	através	da	gramática	normativa	nos	leva	a	um	grande	equívoco,	na	
maioria	das	vezes	inconsciente,	que	é	do	preconceito	linguístico.
Essa	 definição	 de	 certo	 e	 errado	 que	 aprendemos	 na	 gramática	 normativa	 é	
transpassado	para	a	oralidade	e	ficamos	cada	vez	mais	presos	a	essas	normais,	deixando	
de	lado	o	que	a	língua	realmente	é:	VIVA!
Diante	disso,	é	evidente	que	tais	preconceitos	linguísticos	devem	ser	aniquilados	
do	nosso	cotidiano,	passando	a	ser	um	exercício	diário	o	aprendizado	de	que	a	diversidade	
linguística	existe	e	precisa	ser	respeitada.
56UNIDADE III Fundamentos da Linguística Descritiva
LEITURA COMPLEMENTAR 
A variação linguística e o preconceito linguístico no âmbito escolar
Samuel	Santos
Joice	Lima	Santana
André	Luiz	Ferreira	Santana
O	 trabalho	 com	 o	 ato	 comunicativo	 e,	 sobretudo,	 com	 variantes	 e	 variáveis	 na	
perspectiva	da	sociolinguística	busca	amenizar	essa	problemática,	que,	intoleravelmente,	
está	embutida	na	esfera	social,	uma	vez	que	a	hegemonia	da	norma	gramatical	atrelada	
ao	certo	e	errado	é	uma	das	grandes	responsáveis	por	esse	problema	social.	Assim,	afirma	
Bagno	(1999):	
O	preconceito	linguístico	está	ligado,	em	boa	medida	à	confusão	que	foi	criada,	
no	curso	de	história,	entre	 língua	e	gramática	normativa.	Nossa	 tarefa	mais	
urgente	é	desfazer	essa	confusão.	Uma	receita	de	bolo	não	é	um	bolo,	o	molde	
de	um	vestido	não	é	um	vestido,	um	mapa-múndi	não	é	o	mundo...Também	
a	gramática	não	é	a	língua.	A	língua	é	u	enorme	iceberg	flutuando	no	mar	do	
tempo,	e	a	gramática	normativa	é	a	tentativa	de	descrever	apenas	uma	parcela	
mais	visível	dele,	a	chamada	norma	Culta.	Essa	descrição,	é	claro,	tem	seu	va-
lor	e	seus	méritos	,	mas	é	parcial(	no	sentido	literal	e	figurado	do	termo)	e	não	
pode	ser	autoritariamente	aplicada	a	todo	resto	da	língua	–	afinal,	a	ponta	do	
iceberg	que	emerge	representa	apenas	um	quinto	de	do	seu	volume	total.	Mas	
é	essa	aplicação	autoritária,	intolerante	e	repressiva	que	impera	na	ideologia	
gerada	pelo	preconceito	linguístico.	(BAGNO,	1999,	p.	9-10).	
Notoriamente,	a	tônica	do	preconceito	linguístico	está	alicerçada	nas	entranhas	da	
gramática	normativa,	logo,	a	ciência	linguística

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