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Profa. Andrea Wild UNIDADE II Normas do Direito Brasileiro Origem: a palavra hermenêutica tem origem grega hermeneuein, tida como a filosofia da interpretação, sendo relacionada ao deus grego Hermes, o qual traduzia tudo o que a mente humana não compreendesse. Evolução histórica: hermenêutica possuiu alguns significados diferentes de acordo com o tempo, passando de “compreender o significado do mundo” até chegar à “teoria científica da arte de interpretar”. Teologia: hermenêutica mantém sua estrita ligação com a interpretação de textos religiosos ao se relacionar com a Bíblia, sendo aplicada desde a época dos patriarcas do judaísmo, passando pela teologia medieval e a Reforma, até a teologia moderna. Hermenêutica jurídica – aspectos históricos e filosóficos Romanos: passaram do conceito de hermenêutica para o conceito de interpretação (interpretatio). Prudentes: não se contentavam em entender o texto da lei, mas buscavam compreender o seu significado nos efeitos práticos produzidos na vida das pessoas, formando a jurisprudência (juris prudente). Comentadores: estudiosos que passaram a interpretar o Direito Romano de forma mais livre, buscando soluções para casos concretos baseados no conjunto da obra (Corpus Iuris Civilis), e não apenas em partes específicas de seu texto. Faziam interpretação com base filosófica, associando o Direito à ética e à justiça. Hermenêutica jurídica – aspectos históricos e filosóficos Campo jurídico: é usada para a interpretação fidedigna da ideia do legislador para que seja adequada a norma ao fato ocorrido e assim proporcione uma responsável aplicação do Direito. Hermenêutica contemporânea: surgiu com o movimento humanista, baseado na racionalidade, que se iniciou com os Comentadores, que foi reforçado não só pelo Humanismo, mas também pelo Iluminismo, com foco de estudo na razão, de base essencialmente filosófica. Filósofos: Friedrich Schleiermacher, Wilhelm Dilthey, Martin Heidegger e, principalmente, Hans-Georg Gadamer. Hermenêutica jurídica – aspectos históricos e filosóficos Schleiermacher: formulou um sistema de cânones interpretativos que permitem uma prática de desenvolvimento. Permitiu ao intérprete ignorar o conteúdo específico de uma obra em apreço, inserindo-o em um contexto para sua interpretação. Seria necessário abandonar a literalidade da interpretação gramatical, uma vez que o intérprete deve considerar as circunstâncias concretas que influenciaram a elaboração do texto, recriando a mente do autor de acordo com os influxos sociais que marcaram a sua existência. Hermenêutica jurídica – aspectos históricos e filosóficos Dilthey: a experiência concreta, histórica e viva passa a ser o ponto de partida e o ponto de chegada do conhecimento humano. No domínio das ciências do espírito, a historiografia tem um carácter individualizante e tende a ver o universal no particular. A Filosofia se torna uma das estruturas que constituem uma civilização e o trabalho do historiador seria precisamente captar as relações que, em uma sociedade, ligam as diferentes manifestações do mundo cultural. Hermenêutica jurídica – aspectos históricos e filosóficos Heidegger: são considerados o seu método fenomenológico e hermenêutico. O método vai diretamente ao fenômeno, procedendo à sua análise, pondo a claro o modo da sua manifestação. A compreensão passa a ser visualizada não como um ato cognitivo de um sujeito dissociado do mundo, mas como um prolongamento essencial da existência humana. Compreender é um modo de estar, antes de configurar-se como um método científico. Hermenêutica jurídica – aspectos históricos e filosóficos Gadamer: a hermenêutica é uma teoria da compreensão em que o contexto histórico presente é sempre algo determinante na atividade interpretativa do objeto. Em sua obra Verdade e Método, assegura que a hermenêutica não é um método para se chegar à verdade e que o problema hermenêutico não é, por sua vez, um problema de método. A hermenêutica não seria uma metodologia das ciências humanas, mas uma tentativa de compreendê-las. Gadamer afirma que a compreensão das coisas e a correta interpretação não se restringem à ciência, mas à experiência humana. Hermenêutica jurídica – aspectos históricos e filosóficos Para os romanos, o conceito de hermenêutica passou para interpretatio, devido aos trabalhos dos Prudentes; que, por sua vez, não se contentavam em entender o texto de lei, mas buscavam compreender o seu significado nos efeitos práticos produzidos na vida das pessoas. No trecho acima, estamos nos referindo: a) À jurisprudência. b) À mitologia. c) Aos oráculos. d) Aos Comentadores. e) À lei. Interatividade Para os romanos, o conceito de hermenêutica passou para interpretatio, devido aos trabalhos dos Prudentes; que, por sua vez, não se contentavam em entender o texto de lei, mas buscavam compreender o seu significado nos efeitos práticos produzidos na vida das pessoas. No trecho acima, estamos nos referindo: a) À jurisprudência. b) À mitologia. c) Aos oráculos. d) Aos Comentadores. e) À lei. Resposta Intérpretes do Direito: podemos dizer que a interpretação das normas jurídicas diante do caso concreto tem como intérpretes os operadores do Direito, dentre os quais estão os doutrinadores e os juízes, cabendo a esses últimos a concretização da jurisdição. Interpretação jurisdicional: a interpretação jurisdicional decorre do princípio da inafastabilidade da jurisdição previsto no artigo 5º, XXXV, da CF/88. Trata-se de regra cogente direcionada ao Poder Judiciário, na busca por uma solução a todas as demandas, mesmo aquelas não regulamentadas pelo legislador. Jurisprudência: decisões reiteradas em um mesmo sentido, capazes de criar um padrão normativo tendente a influenciar futuras decisões judiciais. Hermenêutica jurídica – ciência da interpretação Proibição non liquet: a obscuridade, a indecisão da lei ou o seu silêncio não eximem o julgador de decidir, já que somente ao estado-juiz é dado o poder de jurisdição. Dogmática: pretende instaurar uma sociedade juridicamente segura, retirando parte da área de decisão do operador do Direito, que deve agir de maneira a respeitar os limites do que foi imposto pela legislação. A interpretação do jurista, dessa maneira, se submete à norma em vigor, sem muito questioná-la. Zetética: coloca o questionamento como posição fundamental, o que significa que qualquer paradigma pode ser investigado e indagado. Utiliza também fontes secundárias como sociologia, história, geopolítica etc. Hermenêutica jurídica – ciência da interpretação Máximas da experiência: juiz poderá socorrer-se do senso comum, valendo-se de conhecimentos que devem estar fundados naquilo que comumente ocorre na sociedade. Trata-se de recurso tradicional de controle da atividade jurisdicional, prevista no NCPC, no artigo 375, que dispõe: “O juiz aplicará as regras de experiência comum subministradas pela observação do que ordinariamente acontece.” Discricionariedade: está ligada ao poder que as autoridades judiciárias tem de agir com certa liberdade, optando pela melhor interpretação do texto legal, tendo em vista a realização de seus valores e fins, figurando tal opção hermenêutica como o resultado do exercício de um poder discricionário. Hermenêutica jurídica – ciência da interpretação Analise as assertivas e assinale a alternativa correta: I. A Zetética é o método de observar, analisar e atuar perante o Direito segundo orientações por casos concretos ocorridos anteriormente. II. A Zetética implica na oposição à teoria da Dogmática do Direito, o que significa que qualquer paradigma possa ser investigado e indagado. a) I e II são falsas. b) Somente I é verdadeira. c) Somente II é verdadeira. d) I e II são verdadeiras e a segunda justifica a primeira. e) I e II são verdadeirase a segunda não justifica a primeira. Interatividade Analise as assertivas e assinale a alternativa correta: I. A Zetética é o método de observar, analisar e atuar perante o Direito segundo orientações por casos concretos ocorridos anteriormente. II. A Zetética implica na oposição à teoria da Dogmática do Direito, o que significa que qualquer paradigma possa ser investigado e indagado. a) I e II são falsas. b) Somente I é verdadeira. c) Somente II é verdadeira. d) I e II são verdadeiras e a segunda justifica a primeira. e) I e II são verdadeiras e a segunda não justifica a primeira. Resposta Modelo hermenêutico: relaciona-se à hipótese de conflito ou ausência de norma e a decisão (solução do conflito ou preenchimento da lacuna), assumindo, portanto, uma atividade interpretativa. Finalidades: interpretar as normas, identificar lacunas jurídicas e afastar contradições normativas. Interpretação: o intérprete poderá se deparar com situações como vaguidade, ambiguidade, imperfeição do texto, falta de terminologia técnica e má redação. A letra da norma permanecerá, porém o seu sentido é que adaptará as mudanças que ocorrem no âmbito social. Modelo hermenêutico Interpretar: significa extrair da norma o seu conteúdo, revelando seu sentido apropriado para a vida real. Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum (art. 5º, LINDB). Fim social: produzir efeitos justos, convenientes, adequados à subsistência de uma sociedade. Bem comum: constitui um freio ao individualismo, uma harmonia dos bens individuais e comuns. Modelo hermenêutico Função do intérprete: está em determinar o sentido exato e a extensão da forma normativa. Espécies de interpretação: a) quanto ao agente; b) quanto à natureza; c) quanto aos efeitos. Aspectos técnicos de interpretação No que toca ao agente que interpreta a lei, temos as seguintes formas de interpretação: Pública: poder ser autêntica, judicial, administrativa e casuística. Privada: jurisperito. Pública autêntica: esse tipo de interpretação provém do próprio legislador, em que a norma interpretadora tem a mesma legitimação e o mesmo poder de incidência da norma interpretada. Interpretação quanto ao agente Pública judicial: é aquela realizada pelos próprios órgãos do Poder Judiciário, ou seja, pelos magistrados e pelos Tribunais. Pública administrativa: é aquela realizada pelos membros do Poder Executivo ou, ainda, pelos membros da Administração Pública, por intermédio de regulamentações ou soluções de casos concretos. Pública casuística: é aquela proveniente do Direito consuetudinário. Privada jusperito: é também conhecida como interpretação doutrinária ou doutrinal. Materializa-se por meio de pereceres, comentários, preleções etc. Interpretação quanto ao agente Analise as assertivas e assinale a alternativa correta: I. Na interpretação pública administrativa, a interpretação é realizada pelos membros do Poder Executivo. II. A interpretação pública administrativa é aquela decorrente exclusivamente do Direito consuetudinário, ou seja, da prática reiterada dos costumes. a) I e II são falsas. b) Somente I é verdadeira. c) Somente II é verdadeira. d) I e II são verdadeiras e a segunda justifica a primeira. e) I e II são verdadeiras e a segunda não justifica a primeira. Interatividade Analise as assertivas e assinale a alternativa correta: I. Na interpretação pública administrativa, a interpretação é realizada pelos membros do Poder Executivo. II. A interpretação pública administrativa é aquela decorrente exclusivamente do Direito consuetudinário, ou seja, da prática reiterada dos costumes. a) I e II são falsas. b) Somente I é verdadeira. c) Somente II é verdadeira. d) I e II são verdadeiras e a segunda justifica a primeira. e) I e II são verdadeiras e a segunda não justifica a primeira. Resposta No que toca à natureza, temos as seguintes formas de interpretação: gramatical, lógica, histórica e sistemática. Gramatical: o intérprete busca primeiramente verificar o sentido dos vocábulos e a sua correspondência com a realidade, priorizando sentido técnico. Esse tipo de interpretação diz respeito apenas a um primeiro momento do processo de interpretação e integração da norma. Lógica: interpretação que busca o sentido e o alcance da norma dentro do seu contexto, tal como o momento histórico em que foi criada, bem como a ideia de virtude normativa da norma (efetividade da norma). Interpretação quanto à natureza Histórica: tem por fim esclarecer e interpretar a norma mediante uma verdadeira reconstrução do seu conteúdo significativo de origem no momento em que foi criada, assim como circunstâncias que a precederam (projeto de lei). Sistemática: é aquela que procura examinar a norma, não mais no seu aspecto intrínseco, ou seja, interno, mas a sua relação com as demais normas do ordenamento jurídico que compõem um sistema de normas positivas. Teleológica: busca alcançar a finalidade para a qual a norma foi criada. Portanto, busca-se com a interpretação uma destinação que atenda à obtenção do bem comum, respeitando-se os valores sociais a que se destina a norma. Interpretação quanto à natureza No que toca aos efeitos, temos as seguintes formas de interpretação: extensiva, declarativa, restritiva, modificativa e ab-rogante. Extensiva: conclui-se que a norma sob análise disse menos do que deveria dizer, ou seja, estende-se a sua aplicação para outras situações não mencionadas na norma em análise. Declarativa: o intérprete dá à norma uma interpretação coincidente exatamente com o seu texto, nem ampliando e nem reduzindo a sua aplicação. Restritiva: atribui-se à norma um alcance menor do que aquele previsto originariamente no texto. Interpretação quanto aos efeitos Modificativa: o intérprete se vê na necessidade de atualizar a norma diante de uma nova realidade que não foi prevista pelo legislador, quando da edição da norma (atualizadora). A interpretação modificativa poderá ser corretiva, a fim de evitar a antinomia, o sentido de uma das normas é alterado a fim de que ela possa compatibilizar-se no ordenamento jurídico. Ab-rogante: se aplica quando o preceito normativo é mal construído e não se consegue aludir com clareza mínima as hipóteses que se pretende alcançar com a norma. Interpretação quanto aos efeitos A interpretação que busca alcançar a finalidade para a qual a norma foi criada, buscando uma destinação que atenda à obtenção do bem comum, respeitando-se os valores sociais a que se destina a norma, configura: a) Interpretação lógica. b) Interpretação histórica. c) Interpretação teleológica. d) Interpretação restritiva. e) Interpretação gramatical. Interatividade A interpretação que busca alcançar a finalidade para a qual a norma foi criada, buscando uma destinação que atenda à obtenção do bem comum, respeitando-se os valores sociais a que se destina a norma, configura: a) Interpretação lógica. b) Interpretação histórica. c) Interpretação teleológica. d) Interpretação restritiva. e) Interpretação gramatical. Resposta ATÉ A PRÓXIMA!
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