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Investigação I - Crimes Patrimoniais

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Investigação – 
Crimes 
Cibernéticos e 
Computação 
Forense
 
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Sumário 
 Furto (Art. 155 Do Código Penal) ............................................................................ 3 
 Roubo (Art. 157, Código Penal)............................................................................. 11 
 Extorxão – Art. 158 do Código Penal .................................................................... 22 
 Extorsão Mediante Sequestro (Art. 159, CP) ......................................................... 28 
 Dano (Art. 163, CP) ............................................................................................... 35 
 Apropriação Indébita (Art. 168, CP) ...................................................................... 41 
 Estelionato (Art. 171, CP) ...................................................................................... 47 
 Abuso De Incapaz (Art. 173, CP) .......................................................................... 54 
 Receptação (Art. 180, CP)...................................................................................... 58 
 Escusas Absolutótias (Arts. 181, 182 e 183, CP) ............................................... 66 
 
 
 
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 FURTO (ART. 155 DO CÓDIGO PENAL) 
1.1 BEM JURÍDICO TUTELADO NO CRIME DE FURTO 
A maioria da doutrina entende que o bem jurídico tutelado é... 
 
1.2 ELEMENTOS DO TIPO 
O tipo penal pode ser constituído de elementos objetivos, normativos e subjetivos. 
Quando o tipo penal contiver somente elementos objetivos temos tipo normal, porém quando 
a definição típica contiver, além de elementos objetivos, elementos normativos e subjetivos, 
chama-se de tipo anormal. 
 
O objeto da tutela é a coisa alheia. Neste caso, com fundamento no elemento 
normativo coisa alheia a coisa abandonada (res derelictae) e a coisa de ninguém (res 
nullius) não merecem tutela do Direito Penal. Vale ressaltar que a coisa perdida (res 
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deperdita) é tutelada pela previsão específica constante do art. 169, II, do CP, pois, ainda 
quando perdida, a coisa não deixa de compor o patrimônio de seu proprietário pelo que se 
justifica a tutela. 
Por força do especial fim de agir “para si ou para outrem” o "furto de uso" não é 
punido, pois o art. 155 exige que a finalidade seja a subtração de coisa alheia móvel para si 
ou para outrem. 
O CÓDIGO PENAL MILITAR INCRIMINA O FURTO DE USO, CONFORME 
ART. 241 do CPM. 
 
 
 
 
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1.3 CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA 
 Crime comum: Aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo; 
 Crime material – quanto ao resultado: Que causa transformação no mundo exterior, 
consiste à diminuição do patrimônio da vítima; 
 Crime comissivo: É da essência do próprio verbo nuclear, que só pode ser praticado 
por meio de uma ação positiva; 
 Crime doloso: Não há previsão legal para a figura culposa; 
 Crime de forma livre: A consumação opera-se de imediato, não se alongando no 
tempo; 
 Crime instantâneo: A consumação opera-se de imediato, não se alongando no tempo; 
 Crime unissubjetivo: Pode ser praticado, em regra, apenas por agente; 
 Crime plurissubsistente: Pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto, 
integram a mesma conduta. 
1.4 APLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
NO CRIME FURTO 
De acordo com o princípio da insignificância, o Direito Penal não deve preocupar-se 
com bagatelas. A tipicidade penal exige um mínimo de lesividade ao bem jurídico protegido. 
A aplicação do princípio da insignificância exclui a tipicidade, porém a tipicidade em 
seu sentido material. 
Para a aplicação do princípio da insignificância, o Supremo Tribunal Federal exige 
quatro requisitos: (HC nº 84.412/SP, Segunda Turma, DJ de 19/11/04). 
 
Exemplo: 
INFORMATIVO 696, STF, (CLIPPING) 
RHC N. 106.731-DF 
RED. PARA O ACÓRDÃO: MIN. DIAS TOFFOLI 
Recurso ordinário em habeas corpus. Penal. Furto, na modalidade tentada (art. 155, 
caput, c/c o art. 14, inciso II, ambos do Código Penal), de um cartucho de tinta avaliado em 
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R$ 25,70 (vinte e cinco reais e setenta centavos). Mínimo grau de lesividade. Ausência de 
periculosidade social da ação. Inexpressividade da lesão jurídica causada. Aplicação do 
princípio da insignificância. Possibilidade. Recurso provido. 
1.5 FIGURAS TÍPICAS 
Veja, a seguir, as figuras típicas do furto: 
1.5.1 Furto Simples 
O furto na sua modalidade simples está previsto na caput do art. 155 do Código Penal. 
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
1.5.2 Furto Noturno 
O furto noturno é uma causa de aumento de pena e está previsto no art. 155, §1º do 
Código Penal. 
§1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso 
noturno. 
O período noturno não se confunde com noite (ausência de luz solar), devendo ser 
observados os costumes do local em que a comunidade se recolhe para o descanso. 
Quanto ao repouso, o entendimento majoritário é bem expressado por LUIZ REGIS 
PRADO quando diz que “a majorante incide ainda que o furto ocorra em local desabitado, 
satisfazendo-se simplesmente com a circunstância de que seja praticado durante o momento, 
segundo os costumes locais, em que pessoas estejam repousando”. 
1.5.3 Furto Privilegiado 
O furto privilegiado está previsto no art. 155, §2º do Código Penal. 
§2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode 
substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar 
somente a pena de multa. 
O entendimento que prevalece é que coisa de pequeno valor é coisa de até 1 (um) 
salário mínimo, porém tal valor deve ser aferido no momento da conduta. 
Súmula 511, STJ - É possível o reconhecimento do privilégio previsto no §2º do art. 
155 do CP nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do 
agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva. 
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1.5.4 Furto de Energia 
O furto previsto no art. 155, §3º do Código Penal é o furto de energia ou qualquer 
outra que tenha valor econômico, como por exemplo, a energia térmica, genética etc. 
§3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha 
valor econômico. 
Veja um exemplo: 
INFORMATIVO 623, STF, (2ª TURMA) 
Furto e ligação clandestina de TV a cabo 
A 2ª Turma concedeu habeas corpus para declarar a atipicidade da conduta de 
condenado pela prática do crime descrito no art. 155, §3º, do CP (“Art. 155 - Subtrair, para si 
ou para outrem, coisa alheia móvel: ... §3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou 
qualquer outra que tenha valor econômico.”), por efetuar ligação clandestina de sinal de TV a 
cabo. Reputou-se que o objeto do aludido crime não seria “energia” e ressaltou-se a 
inadmissibilidade da analogia in malam partem em Direito Penal, razão pela qual a conduta 
não poderia ser considerada penalmente típica. 
1.5.5 Furto Qualificado 
O art. 155, §4º tipifica o furto qualificado. 
§4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: 
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; 
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; 
III - com emprego de chave falsa; 
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. 
O art. 155, §5º prevê qualificadora quando a subtração for de automóvel, porém é 
necessário que tal subtração tenha a finalidade que o destino do automóvel seja outro Estado 
ou o exterior. 
§5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a subtração for de veículo 
automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído 
pela Lei nº 9.426, de 1996) 
Recentemente, a Lei 13.330/16 incluiu o §6º no art. 155 do Código Penal (abigeato - 
furto de animal), tipificando de forma mais gravosa a subtração de semovente (animal) 
domesticável de produção. 
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§6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de 
semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local 
da subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016) 
 
ATIVIDADES 
1) Veja a situação descrita a seguir e responda as questões de acordo com os conceitos 
aprendidos nesta aula: 
 
a) O fato de o furto ter sido cometido a noite, durante o horário de repouso, pode agravar a 
pena? 
( ) Sim 
( ) Não 
 
b) Fábio utilizou um pé de cabra para arrombar a porta. Isso tipifica o furto como qualificado? 
( ) Sim 
( ) Não 
 
c) O furto cometido por Fábio, por ter um valor acima de 1 salário mínimo, não pode ser 
considerado de baixo valor. 
( ) Sim 
( ) Não 
 
d) O fato de Fábio ser criminoso primário, neste, caso, pode fazer com que sua pena de 
reclusão seja substituída pela detenção ou por multa? 
( ) Sim 
( ) Não 
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2) Uma diarista foi contratada por uma determinada família para fazer os serviços domésticos. 
Tal contratação ocorreu em função de boas referências. Assim sendo, a família entregou as 
chaves do imóvel para a diarista enquanto viajavam em férias. A diarista aproveitou a 
ausência dos patrões e subtraiu um anel de ouro para presentear sua filha que completava 15 
anos. Neste caso, a diarista cometeu crime de: 
a) Furto simples 
b) Furto privilegiado 
c) Furto qualificado mediante abuso de confiança 
d) Furto qualificado mediante destreza 
e) Furto qualificado mediante escalada 
 
3) Tício, dentro do vagão do metrô, com especial habilidade, rasgou a bolsa de uma 
determinada pessoa e conseguiu subtrair dinheiro e cartões de crédito. Neste caso, Tício 
cometeu: 
a) Furto qualificado mediante abuso de confiança 
b) Furto qualificado mediante destreza 
c) Furto qualificado mediante escalada 
d) Furto qualificado mediante fraude 
e) Furto qualificado mediante rompimento de obstáculo 
 
4) Assinale a seguir os requisitos para o reconhecimento do furto privilegiado: 
a) Primariedade e pequeno valor da coisa subtraída 
b) Reincidência e grande valor da coisa subtraída 
c) Primariedade e médio valor da coisa subtraída 
d) Reincidência e pequeno valor da coisa subtraída 
e) Primariedade e grande valor da coisa subtraída 
 
GLOSSARIO 
Com Destruição ou Rompimento de Obstáculo à Subtração da Coisa 
É o furto praticado, por exemplo, com arrombamento de cadeados ou com destruição 
de muros. 
 
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Com Abuso de Confiança, ou Mediante Fraude, Escalada ou Destreza 
Furto praticado com abuso de confiança. A confiança pressupõe uma determinada 
credibilidade, vale dizer, se entre duas pessoas não há uma relação de confiabilidade, de 
credibilidade, a subtração de qualquer objeto não qualifica o furto. Sendo assim, na relação 
Empregado/Empregador, não necessariamente existirá confiança. 
O furto mediante fraude é aquele em que o agente usa meios ardilosos para praticar a 
subtração, vale dizer, a vigilância sobre o bem é desviada em face da fraude praticada por 
quem subtraiu. 
Furto mediante escalada é aquele em que é praticado por meio de ingresso anormal no 
local, e para fins de Direito Penal, escalada significa tanto pular um muro de cinco metros, 
como cavar um túnel para chegar no local. 
Furto mediante destreza é aquele em que o agente tem especial habilidade para retirar 
objeto da vítima sem que esta perceba. 
 
Com Emprego de Chave Falsa 
Chave falsa é qualquer instrumento que tem a possibilidade de abrir fechaduras, como 
por exemplo grampos, arame, pregos etc. 
Exemplo: 
INFORMATIVO 442, STJ (5ª TURMA) 
Com base em precedentes deste Superior Tribunal, reafirmou-se que o uso da chave 
mixa para destrancar fechadura de automóvel com fim de viabilizar o acesso à res 
furtiva configura a qualificadora de emprego de chave falsa, o que atrai uma reprimenda 
maior e a incidência do art. 155, § 4º, III, do CP. 
 
Mediante Concurso de Duas ou mais Pessoas 
No concurso de pessoas, a teoria adotada como regra foi a UNITÁRIA (art. 29, caput, 
CP) e excepcionalmente a PLURALISTA (arts. 124 e 126, CP). São requisitos para o 
concurso de pessoas: pluralidade de condutas; relevância causal de todas elas; liame subjetivo 
ou concurso de vontades e identidade de infração para todos. 
Exemplo: 
SÚMULA 442, STJ 
É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do 
roubo. 
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 ROUBO (ART. 157, CÓDIGO PENAL) 
2.1 BEM JURÍDICO TUTELADO NO CRIME DE ROUBO 
Trata-se de crime complexo, pois protege bens jurídicos diversos, como: 
 
2.2 ELEMENTOS DO TIPO (OBJETIVOS, NORMATIVOS E 
SUBJETIVOS) 
O tipo penal pode ser constituído de elementos objetivos, normativos e subjetivos. 
Quando o tipo penal contiver somente elementos objetivos temos tipo normal, porém quando 
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a definição típica contém além de elementos objetivos, elementos normativos e subjetivos, 
chama-se de tipo anormal. 
 
 
 
 
 
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2.3 DISTINÇÃO ENTRE ROUBO PRÓPRIO E IMPRÓPRIO 
 
A diferença reside basicamente no momento em que é empregada a violência ou 
grave ameaça contra a pessoa. 
É importante não confundir roubo próprio e impróprio com violência própria e 
violência imprópria. 
O roubo próprio está no art. 157, caput, e o roubo impróprio está no art. 157, §1º, do 
Código Penal. O roubo próprio (art. 157, caput, do CP) tem como meio de execução a 
violência, que é o emprego de força física contra a vítima; grave ameaça, que é promessa de 
mal grave e iminente e por qualquer meio que reduza a vítima à impossibilidade de 
resistência. 
Com relação à maneira de execução grave ameaça ou violência, temos violência 
própria, já a forma de execução qualquer meio que reduza a vítima à impossibilidade de 
resistência temos violência imprópria. 
No roubo impróprio somente há as formas de violência própria, isto é, violência ou 
grave ameaça. 
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2.3.1 Consumação e Tentativa no Roubo Próprio 
 
2.3.2 Consumação e Tentativa no Roubo Impróprio 
 
2.4 CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA 
 Crime comum: aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo; 
 Crime de dano: consuma-se apenas com a lesão efetiva ao bem jurídico tutelado; 
 Crime material - quanto ao resultado: que causa transformação no mundo exterior, 
consistente à diminuição do patrimônio da vítima; 
 Crime comissivo: é da essência do próprio verbo nuclear, que só pode ser praticado 
por meio de uma ação positiva; 
 Crime doloso: não há previsão legal para a figura culposa; 
 Crime de forma livre: pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo; 
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 Crime instantâneo: a consumação opera-se de imediato, não se alongando no tempo; 
 Crime unissubjeto: pode ser praticado, em regra, apenas por um agente; 
 Crime plurissubsistente: pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto, 
integram a mesma conduta. 
É inaplicável o princípio da insignificância no crime de roubo, conforme orientação 
dos Tribunais Superiores (STF: HC 96.671/MG e HC 96.174/RJ; STJ: REsp. 1.159.735/MG). 
2.5 FIGURAS TÍPICAS 
2.5.1 Roubo Simples – Próprio 
Art. 157 – Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave 
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à 
impossibilidade de resistência: 
Pena – reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
No roubo próprio, temos a subtração por meio da grave ameaça (violência moral) que 
é promessa de mal à vítima. 
A violência imprópria é caracterizada como qualquer meio que reduza a 
impossibilidade de resistência da vítima, como, por exemplo, o uso de sonífero na vítima para 
subtrair a coisa, antes ou concomitante à subtração da coisa. 
2.5.2 Roubo Simples – Impróprio 
Art. 157 §1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, 
emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do 
crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. 
No roubo impróprio, temos somente
a grave ameaça ou violência contra a pessoa após 
a subtração da coisa. Entretanto, se a subtração é apenas tentando, ocorrendo posterior 
violência ou grave ameaça, haverá concurso material entre furto (consumado ou tentado) e 
crime contra a pessoa. 
2.5.3 Roubo majorado ou circunstanciado 
No roubo majorado aplica-se ou roubo próprio ou impróprio. 
Art. 157 §2º - A pena aumenta-se de um terço até metade: 
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma; 
II – se há o concurso de duas ou mais pessoas; 
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III – se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal 
circunstância; 
IV – se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro 
Estado ou para o exterior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996); 
V – se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. (Incluído 
pela Lei nº 9.426, de 1996). 
2.5.4 Roubo Qualificado 
Roubo qualificado pelo resultado lesão grave (ou gravíssima) ou morte 
(latrocínio) – incidência da Lei 8.072/90. 
§3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze 
anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da 
multa. (Redação dada pela Lei nº 8.426, de 1996, Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90) 
O §3º do art. 157 do Código Penal tem duas partes, ou seja, a primeira parte é quando 
da violência resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima (art. 129, §§ 1º e 2º do 
Código Penal). 
Na segunda parte do §3º do art. 157 do Código Penal ocorre o latrocínio, que é o 
roubo seguido de morte e aplica-se tanto ao roubo próprio como impróprio. Entretanto, 
somente ocorre latrocínio quando o meio de execução do roubo é a violência. Desse modo, 
havendo grave ameaça e subsequente morte não ocorre latrocínio. 
2.6 COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO DO LATROCÍNIO 
(SÚMULA 603 DO STF) 
O latrocínio é crime hediondo, conforme art. 1º, II, da Lei 8072/90. 
Como o latrocínio é crime contra o patrimônio, a competência para o julgamento é do 
juiz singular e não do Tribunal do Júri, nos termos do enunciado 603 do Supremo Tribunal 
Federal (“ A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e 
não do Tribunal do Júri”). 
De acordo com a doutrina e a jurisprudência, o resultado qualificador pode ser a título 
de dolo ou culpa (preterdoloso). 
 
 
 
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ATIVIDADES 
1) Tício, no vagão do trem lotado, habilmente consegue pegar a carteira de Caio. Ato 
contínuo, Caio percebendo a conduta de Tício, pede a devolução da carteira e no mesmo 
instante é agredido por Tício. Neste caso, Tício comete crime de: 
a) Roubo próprio 
b) Roubo impróprio 
c) Roubo majorado 
d) Roubo qualificado 
e) Roubo próprio por violência imprópria 
 
2) Elesbão, em determinada madrugada, precisando de dinheiro, pega a arma de brinquedo de 
seu filho e, prevalecendo-se de tal arma, subtrai bens de um determinado casal. Neste caso, é 
correto afirmar que Elesbão cometeu: 
a) Roubo majorado pelo emprego de arma 
b) Roubo qualificado 
c) Roubo na sua forma simples 
d) Roubo circunstanciado mediante concurso de pessoas 
e) Fato atípico, uma vez que a arma era de brinquedo 
 
3) Em determinada avenida de uma grande cidade, Caio querendo subtrair um automóvel 
utilitário, anuncia o assalto e a vítima, assustada, acelera e sai com seu automóvel. Irritado 
com a atitude, uma vez que não conseguiu subtrair o automóvel, Caio efetua disparos contra a 
vítima que vem a óbito. Neste caso, é correto afirmar que Caio cometeu: 
a) Latrocínio tentado 
b) Homicídio 
c) Tentativa de roubo na sua forma simples 
d) Latrocínio consumado 
e) Furto seguido de morte 
 
 
 
 
 
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4) Em relação a roubo e furto, analise as imagens abaixo e assinale a alternativa correta. 
 
a) A imagem “A” representa furto e a imagem “B” representa roubo. 
b) A imagem “A” representa roubo e a imagem “B” representa furto. 
c) As duas imagens representam furto. 
d) As duas imagens representam roubo. 
 
5) Analise a situação a seguir: 
 
Neste caso, houve o crime de roubo? Explique sua resposta. 
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6) Analise o caso a seguir: 
 
O ato praticado por Sabrina pode ser considerado um roubo? 
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GLOSSARIO 
Momento 
No roubo próprio a violência ou grave ameaça é empregada antes da subtração do 
patrimônio, já no roubo impróprio a violência ou grave ameaça é empregada após a subtração 
do patrimônio. 
 
Latrocínio 
No tocante à consumação ou tentativa de latrocínio, deve ser observado o seguinte: 
 Morte consumada e subtração consumada, gera latrocínio consumado. 
 Morte tentada e subtração tentada, latrocínio tentado. 
 Morte consumada e subtração tentada. De acordo com o enunciado 610 do STF é 
latrocínio consumado (Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, 
ainda que não realize o agente a subtração de bens da vítima). 
 Morte tentada e subtração consumada, há tentativa de latrocínio. 
 
 
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 EXTORXÃO – ART. 158 DO CÓDIGO 
PENAL 
3.1 BEM JURÍDICO TUTELADO NO CRIME DE EXTORSÃO 
Os bens jurídicos protegidos no crime de extorsão, que é crime complexo, são a 
liberdade individual, o patrimônio (posse e propriedade) e a integridade física e psíquica do 
ser humano. É também crime pluriofensivo. 
Enquanto no roubo o objeto é coisa móvel alheia, na extorsão o objeto pode ser 
coisa imóvel, como por exemplo constranger alguém a assinar escritura de compra e 
venda transferindo o imóvel para terceiro. 
3.2 ELEMENTOS DO TIPO (OBJETIVOS, NORMATIVOS E 
SUBJETIVOS) 
O tipo penal pode ser constituído de elementos objetivos, normativos e subjetivos. 
Quando o tipo penal contiver somente elementos objetivos temos tipo normal, porém quando 
a definição típica contém além de elementos objetivos, elementos normativos e subjetivos, 
chama-se de tipo anormal. 
 
JURISPRUDÊNCIA 
HC 87441 / PE – PERNAMBUCO 
HABEAS CORPUS 
Relator(a): Min. GILMAR MENDES 
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"Para que se perfaça o delito de extorsão, é indispensável o uso de violência ou grave 
ameaça por parte do agente, circunstâncias sequer aventadas na denúncia, não se podendo, de 
outro lado, tomar a teórica exigência de quantia em dinheiro, condicionando a entrega de 
cópia do contrato, como indicativo de vis compulsiva." 
 
3.3 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3.4 CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA 
 Crime comum: aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo; 
 Crime de dano: consuma-se apenas com a lesão efetiva ao bem jurídico tutelado; 
 Crime material – quanto ao resultado: consuma-se independentemente do 
recebimento da vantagem patrimonial pretendida, isto é, com a ação de constranger a 
vítima; 
 Crime comissivo: é da essência do próprio verbo nuclear, que só pode ser 
praticado por meio de uma ação positiva; 
 Crime doloso: não há previsão legal para a figura culposa; 
 Crime de forma livre: pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo; 
 Crime instantâneo: a consumação opera-se de imediato, não se alongando no 
tempo; 
 Crime unissubjetivo: pode ser praticado, em regra, apenas por um agente; 
 Crime plurissubsistente: pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto, 
integram a mesma conduta. 
3.5 FIGURAS TÍPICAS 
3.5.1 Extorsão Simples 
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito 
de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou 
deixar fazer alguma coisa: 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
Na extorsão, temos o constrangimento (coagir, impor) a alguém a fazer algo, tolerar 
que se faça ou deixe de fazer alguma coisa. O constrangimento ocorre por meio de violência 
(física) ou grave ameaça. 
STF - HABEAS CORPUS HC 87441 PE (STF) 
"Para que se perfaça o delito de extorsão, é indispensável o uso de violência ou grave 
ameaça por parte do agente, circunstâncias sequer aventadas na denúncia, não se podendo, de 
outro lado, tomar a teórica exigência de quantia em dinheiro, condicionando a entrega de 
cópia do contrato, como indicativo de vis compulsiva." 
25 
 
3.5.2 Forma Majorada da Extorsão 
§1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, 
aumenta-se a pena de um terço até metade. 
1) quando o crime é cometido por duas ou mais pessoas. Neste caso é necessário que 
os agentes estejam praticando os atos executórios, não se admitindo a simples participação, 
uma vez que o dispositivo legal dispõe em crime cometido por duas ou mais pessoas. 
2) como no crime de roubo a arma pode ser tanto própria que é instrumento para 
ataque e defesa (arma de fogo, por exemplo), como imprópria que é instrumento utilizado 
para outra finalidade (faca de cozinha, por exemplo). 
3.5.3 Extorsão Qualificada 
§2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no §3º do artigo 
anterior. 
No §2º temos a extorsão qualificada. A extorsão qualificada somente é praticada 
mediante violência, não havendo extorsão qualificada quando praticada mediante grave 
ameaça. O resultado na extorsão qualificada pode ser lesão grave (ou gravíssima) ou morte. 
Na extorsão qualificada pela morte o crime é hediondo, conforme se verifica do art. 1º, IV, da 
Lei 8072/90. 
3.5.4 Extorsão Qualificada pela Restrição da Liberdade 
§3º Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição 
é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 
(doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas 
previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009) 
No §3º temos a extorsão qualificada pela restrição da liberdade ("sequestro-
relâmpago"). Trata-se de extorsão, porém o modo de praticar tal crime é restringindo a 
liberdade da vítima como, por exemplo, levar a vítima até o caixa eletrônico e constrangê-la a 
sacar o dinheiro. 
A conduta de extorsão restringindo a liberdade da vítima pode resultar lesão grave (ou 
gravíssima) ou morte e, nesses casos, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º do 
Código Penal. 
Quando da extorsão com restrição da liberdade da vítima resultar morte diverge a 
doutrina no sentido de considerar ou não crime hediondo. Uma primeira corrente doutrinária 
entende não ser crime hediondo, uma vez que o critério de tipificação dos crimes hediondos é 
26 
 
o legal, ou seja, se não estiver no rol da lei 8072/90 não será considerado hediondo. A 
segunda corrente considera crime hediondo, vez que trata-se de extorsão com resultado morte 
e tal conduta está prevista no art. 1º, IV, da Lei 8072/90. 
 
ATIVIDADES 
1) De acordo com o entendimento jurisprudencial dominante é CORRETO afirmar que o 
crime de extorsão se consuma: 
a) Com o recebimento de parte da vantagem indevida 
b) Com o total recebimento da vantagem indevida 
c) Com o exaurimento da vantagem indevida 
d) Quando iniciado aos atos preparatórios 
e) Independentemente da vantagem indevida obtida, pois trata-se de crime formal. 
 
2) Caio leva uma determinada vítima até o caixa eletrônico e impõe o saque da quantia de R$ 
500,00. Neste caso, Caio cometeu o crime de: 
a) Roubo majorado pelo emprego de arma 
b) Extorsão simples 
c) Extorsão majorada pelo concurso
de pessoas 
d) Extorsão qualificada pela restrição da liberdade 
e) Roubo próprio simples 
 
3) No que concerne a diferença entre roubo e extorsão é CORRETO afirmar que: 
a) Não há nenhuma diferença, uma vez que são crimes da mesma espécie 
b) No roubo, o comportamento da vítima é prescindível, já na extorsão imprescindível 
c) Na extorsão, o comportamento da vítima é prescindível, porém no roubo é imprescindível 
d) No roubo há emprego de violência ou grave ameaça, o que não ocorre na extorsão 
e) A extorsão pode ser praticada mediante emprego de arma de fogo, já no roubo não é 
possível praticá-lo mediante emprego de arma de fogo. 
 
4) Analise cada uma das seguintes situações e classifique-as em crimes de extorsão ou roubo. 
Justifique. 
27 
 
 
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28 
 
 EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO 
(ART. 159, CP) 
4.1 BEM JURÍDICO TUTELADO NO CRIME DE ESTORÇÃO 
MEDIANTE SEQUESTRO 
Os bens jurídicos protegidos no crime do art. 159 do CP são: 
 
Extorsão mediante sequestro é crime pluriofensivo. 
 
JURISPRUDÊNCIA 
"HABEAS CORPUS Nº 113.978 - SP (2008/0185111-5) - STJ 
HABEAS CORPUS. EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO COM RESULTADO 
MORTE. PRETENSÃO DE DESCLASSIFICAÇÃO PARA HOMICÍDIO TENTADO. 
IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA. ELEMENTOS DOS AUTOS QUE APONTAM, 
COM CLAREZA, A PRÁTICA DE DELITO CONTRA O PATRIMÔNIO. 
1. O delito previsto no art. 159 do Código Penal é crime complexo, que ofende ao 
mesmo tempo o patrimônio e a liberdade da vítima. Em sua forma qualificada – com 
resultado morte – fere ainda um terceiro bem jurídico, a vida, razão porque é punido de 
forma mais rigorosa." 
29 
 
4.2 ELEMENTOS DO TIPO (OBJETIVOS, NORMATIVOS E 
SUBJETIVOS) 
O tipo penal pode ser constituído de elementos objetivos, normativos e subjetivos. 
Quando o tipo penal contiver somente elementos objetivos temos tipo normal, porém quando 
a definição típica contém além de elementos objetivos, elementos normativos e subjetivos, 
chama-se de tipo anormal. 
4.3 SUJEITOS DO DELITO 
 Sujeito Ativo: é crime comum, qualquer pessoa pode praticá-lo; 
 Sujeito Passivo: sujeitos passivos serão tanto o indivíduo que tem sua liberdade de 
locomoção tolhida, como aquele que sofre a lesão patrimonial. 
 
Pessoa jurídica pode ser vítima? 
De acordo com o professor Rogério Greco: sim! Por exemplo: seus sócios podem ser 
privados da sua liberdade, para que se efetue o pagamento do resgate por intermédio do 
patrimônio da pessoa jurídica a eles pertencente. 
4.4 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
 
 
 
 
30 
 
4.5 CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA 
 Crime comum: aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo; 
 Crime de dano: consuma-se apenas com a lesão efetiva ao bem jurídico tutelado; 
 Crime formal – quanto ao resultado: consuma-se independentemente do 
recebimento da vantagem patrimonial pretendida; 
 Crime comissivo: é da essência do próprio verbo nuclear, que só pode ser 
praticado por meio de uma ação positiva; 
 Crime doloso: não há previsão legal para a figura culposa; 
 Crime de forma livre: pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo; 
 Crime permanente: a consumação alonga-se no tempo; 
 Crime unissubetivo: pode ser praticado, em regra, apenas por um agente; 
 Crime plurissubsistente: pode ser desdobrado em vários atos que, no entanto, 
integram a mesma conduta. 
4.6 FIGURAS TÍPICAS – EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO 
SIMPLES E QUALIFICADA 
4.6.1 Sequestro (Simples) 
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer 
vantagem, como condição ou preço do resgate: Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Vide Lei nº 10.446, 
de 2002). 
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990) 
O núcleo do tipo sequestrar significa impedir o direito de ir e vir. Tratando-se de crime 
quanto ao resultado formal, o recebimento da vantagem é mero exaurimento. Entende a 
maioria da doutrina que a expressão qualquer vantagem deve ser vantagem econômica, uma 
vez que o crime está no capítulo dos crimes contra o patrimônio. 
4.6.2 Forma Majorada de Sequestro 
§1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é menor de 
18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. 
Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) 
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990) 
Figuras qualificadas: 
 No §1º temos as figuras qualificadas: 
 A duração do sequestro por mais de 24 horas verifica-se desde o momento da privação 
até a efetiva liberdade. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm#art9
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.741.htm#art159%C2%A71
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm#art159
31 
 
 Já a qualificadora referente a idade da vítima tem relação com a capacidade de 
resistência das vítimas. 
 A última qualificadora, bando ou quadrilha (atualmente associação criminosa, de 
acordo com a nova redação do art. 288 do CP), depende, necessariamente, de que haja 
reunião estável e permanente de 3 ou mais pessoas. 
4.6.3 Sequestro com Lesão Corporal ou Morte 
§2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Vide Lei nº 8.072, de 
25.7.90. 
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, 
de 25.7.1990) 
A presente qualificadora incide se do sequestro resultar lesão grave (ou gravíssima), 
podendo esse resultado qualificador ser a título de dolo ou culpa. 
§3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90. Pena - reclusão, de vinte e 
quatro a trinta anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990) 
O resultado qualificador morte pode ser igualmente a título de dolo ou culpa. 
4.6.4 Delação Premiada 
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, 
facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. (Redação 
dada pela Lei nº 9.269, de 1996) 
Trata-se de causa especial de diminuição de pena. Para a incidência da delação 
premiada é necessário que: 
I) o crime tenha
sido cometido em concurso; 
II) um dos sequestradores denuncie à autoridade (Delegado de Polícia, por exemplo); 
III) facilite a libertação do sequestrado. 
 
Incidência da Lei 8.072/90 
Conforme o art. 1º, IV, da Lei 8072/90 todas as hipóteses de 
extorsão mediante sequestro são consideradas hediondas. 
 
 
32 
 
ATIVIDADES 
1) De acordo com a qualificação doutrinária, a extorsão mediante sequestro é crime: 
a) Culposo 
b) Permanente 
c) Instantâneo 
d) Material 
e) De mera conduta 
 
2) Tício sequestra Caio e pede como condição para libertá-lo R$ 100.000,00 (cem mil reais). 
Como a família de Caio não tinha condições financeiras Tício libertou Caio. Neste caso, é 
CORRETO afirmar que: 
a) O crime de extorsão mediante sequestro se consumou, uma vez que a vantagem indevida é 
mero exaurimento. 
b) Como não houve pagamento do resgate não houve crime. 
c) O crime de extorsão mediante sequestro foi tentado, pois não houve pagamento de resgate. 
d) Ocorreu crime impossível, justamente porque a família não tinha condição financeira. 
e) Haverá diminuição de pena, pois houve delação premiada. 
 
3) No crime de extorsão mediante sequestro havendo delação premiada: 
a) Não haverá diminuição de pena. 
b) Haverá diminuição de pena de um sexto a dois terços. 
c) Haverá diminuição de pena de um a dois terços. 
d) Haverá diminuição de pena da metade. 
e) Haverá diminuição de pena de três quintos. 
 
4) Analise o seguinte caso: 
 
 
 
 
 
 
33 
 
Após a análise do caso, indique se o ato de Carina se configura como crime de extorsão 
mediante sequestro. Justifique sua resposta. 
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5) Analise o seguinte caso: 
 
Considerando que Glória não chegou a ser levada para um cativeiro e que nenhum 
pagamento de resgate foi, de fato, exigido, o crime pode ser configurado como extorsão 
mediante sequestro? Justifique sua resposta. 
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35 
 
 DANO (ART. 163, CP) 
5.1 BEM JURÍDICO TUTELADO NO CRIUME DE DANO 
O bem jurídico tutelado é o bem privado ou público, pode ser bem móvel ou imóvel, 
de pessoas física ou jurídica. 
5.2 ELEMENTOS DO TIPO (OBJETIVOS, NORMATIVOS E 
SUBJETIVOS) 
O tipo penal pode ser constituído de elementos objetivos, normativos e subjetivos. 
Quando o tipo penal contiver somente elementos objetivos temos tipo normal, porém quando 
a definição típica contém além de elementos objetivos, elementos normativos e subjetivos, 
chama-se de tipo anormal. 
 
O crime de dano somente é punível na sua forma dolosa, não se pune criminalmente o 
dano culposo. 
A doutrina diverge sobre a existência ou não de elemento subjetivo do tipo (elemento 
específico), que seria o animus nocendi: 
36 
 
 
5.2.1 Sujeitos do Delito 
 Sujeito Ativo: é crime comum, qualquer pessoa pode praticá-lo; 
 Sujeito Passivo: qualquer pessoa, física ou jurídica, que tem a posse ou 
propriedade de um bem. 
5.2.2 Consumação e Tentativa 
 Consumação: trata-se de um crime material, ou seja, consuma-se com o dano 
efetivo ao objeto material, total ou parcialmente. 
 Tentativa: é possível, pois trata-se de crime plurissubsistente. 
5.3 CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA 
 Crime comum: aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo; 
 Crime de dano: consuma-se apenas com a lesão efetiva ao bem jurídico tutlado; 
 Crime material – quanto ao resultado: que causa transformação no mundo 
exterior, consistente à diminuição do patrimônio da vítima; 
 Crime comissivo: os verbos implicam em ação, excepcionalmente pode ser 
omissivo impróprio; 
 Crime doloso: não há previsão legal para a figura culposa; 
37 
 
 Crime de forma livre: pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo; 
 Crime instantâneo: a consumação opera-se de imediato, não se alongando no 
tempo; 
 Crime unissubjetivo: pode ser praticado, em regra, apenas por um agente; 
 Crime plurissubsistente: pode ser dedobrado em vários atos que, no entanto, 
integram a mesma conduta. 
5.4 FIGURAS TÍPICAS 
5.4.1 Dano 
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
É um tipo misto alternativo ou crime de conteúdo variado, pois existem três verbos: 
 Destruir é arruinar a coisa; 
 Inutilizar é tornar a coisa inválida; 
 Deteriorar é estragar a coisa. 
Em razão da pena imposta, é infração de menor potencial ofensivo. 
A conduta de pichar edificação ou monumento urbano é crime ambiental, previsto no 
art. 65 da Lei 9,605/98. 
5.4.2 Dano Qualificado 
Parágrafo único - Se o crime é cometido: 
 
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente 
à violência. 
Em razão da pena, não é infração de menor potencial ofensivo. 
 
 
 
38 
 
ATIVIDADES 
1) A namorada de Tício, possuída por forte ciúme, riscou seu automóvel como forma de 
vingança por tê-lo flagrado com outra mulher. Neste caso, é CORETO afirmar que se trata de: 
a) Crime de dano qualificado por motivo egoístico. 
b) Crime de dano qualificado com emprego de substância explosiva. 
c) Crime de dano qualificado por violência contra a coisa. 
d) Crime de dano simples. 
e) Fato atípico, uma vez que o ciúme afasta a tipicidade. 
 
2) Joaquim, em razão de estar atrasado para o trabalho, esbarra acidentalmente em Maria e 
derruba seu notebook, causando, assim, inutilização do computador. Neste caso, é CORRETO 
afirmar que: 
a) Ocorreu dano simples, em razão do núcleo do tipo inutilizar.
b) Trata-se de fato atípico, uma vez que não se pune o dano culposo. 
c) É crime de dano qualificado por motivo egoístico. 
d) Haverá dano qualificado em razão da violência contra a pessoa. 
e) Como ocorreu prejuízo considerável para a vítima o crime de dano é qualificado. 
 
3) Manoel, em momento de ira, pega seu celular e joga no chão, causando completa 
destruição no seu telefone. Neste caso, podemos afirmar que: 
a) O crime de dano foi na sua forma qualificada por motivo egoístico. 
b) Como o dano foi culposo, não há crime. 
c) Ocorreu dano qualificado pelo prejuízo considerável. 
d) Trata-se de crime de dano simples. 
e) Não há crime, pois somente haverá crime de dano se a coisa dor alheia. 
 
3) Analise o seguinte caso: 
39 
 
 
Após a análise do caso, responda: você considera o princípio da insignificância relevante para 
a concessão do Habeas Corpus? 
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4) Analise a situação a seguir: 
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Neste caso, podemos considerar o princípio da insignificância relevante para o pedido de 
Habeas Corpus? 
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___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________ 
 
 
41 
 
 APROPRIAÇÃO INDÉBITA (ART. 168, 
CP) 
6.1 BEM JURÍDICO TUTELADO NO CRIME DE APROPRIAÇÃI 
INDÉBITA 
O bem jurídico protegido no crime do art. 168 do CP é o patrimônio, ou seja, a 
propriedade e a posse legítima de bens móveis. 
6.2 ELEMENTOS DO TIPO (OBJETIVOS, NORMATIVOS E 
SUBJETIVOS) 
O tipo penal pode ser constituído de elementos objetivos, normativos e subjetivos. 
Quando o tipo penal contiver somente elementos objetivos temos tipo normal, porém quando 
a definição típica contém além de elementos objetivos, elementos normativos e subjetivos, 
chama-se de tipo anormal. 
 
"RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 22.914 - BA (2008/0008647-5) - STJ 
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. TRANCAMENTO DA AÇÃO 
PENAL. CRIME DE APROPRIAÇÃO INDÉBITA. AUSÊNCIA DE DOLO (ANIMUS 
REM SIBI HABENDI). ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO NÃO CARACTERIZADO. 
CONDUTA ATÍPICA. DENÚNCIA. ADITAMENTO. INEXISTÊNCIA DE DESCRIÇÃO 
DA ATUAÇÃO DO AGENTE NO FATO DITO CRIMINOSO. INÉPCIA. 
CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. INCONFORMISMO PROVIDO. CO-
42 
 
RÉUS NÃO-RECORRENTES. SITUAÇÃO FÁTICO-PROCESSUAL IDÊNTICA. 
EXTENSÃO DA DECISÃO QUE SE IMPÕE (ART. 580 DO CPP). 
1. Constatado que o recorrente não revelou a intenção de apoderar-se de bem alheio, 
que temporariamente permaneceu na sua posse, a simples mora na sua entrega ao proprietário, 
consoante orientação consignada pela teoria finalista da ação e adotada pela sistemática penal 
pátria, não configura o crime de apropriação indébita descrito no art. 168 do CP, em razão da 
ausência do dolo - animus rem sibi habendi -, elemento subjetivo do tipo e essencial ao 
prosseguimento da imputação criminal." 
6.2.1 Sujeitos do Delito 
 Sujeito ativo: é crime comum, pode ser qualquer pessoa que tenha a posse ou 
detenção legitima de coisa alheia. 
 Sujeito passivo: qualquer pessoa, física ou jurídica, titular do direito patrimonial. 
 
Por força do Estatuto do Idoso a apropriação de bens, proventos, pensão, ou outro 
rendimento de pessoa idosa, ocorre o crime previsto no art. 102 da Lei 10.741/03. 
6.3 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
 
43 
 
6.4 CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA 
 Crime comum: aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo; 
 Crime de dano: consuma-se apenas com a lesão efetiva ao bem jurídico tutelado; 
 Crime material – quanto ao resultado: que causa transformação no mundo 
exterior, consistente à diminuição do patrimônio da vítima; 
 Crime comissivo ou omissivo: pode ser praticado tanto por ação como por 
omissão; 
 Crime doloso: não há previsão legal para a figura culposa; 
 Crime de forma livre: pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo; 
 Crime instantâneo: a consumação opera-se de imediato, não se alongando no 
tempo; 
 Crime unissubjetivo: pode ser praticado, em regra, apenas por um agente; 
 Crime plurissubsistente: pode ser desdobrado em vários atos que, no entanto, 
integram a mesma conduta. 
6.5 FIGURA TÍPICAS 
6.5.1 Apropriação indébita 
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção: 
São requisitos para a apropriação indébita a entrega voluntária do bem para a vítima e 
boa-fé do agente no momento que recebeu a coisa, sendo certo que o dolo (vontade de se 
apropriar da coisa) é posterior ao recebimento da coisa. 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
6.6 AUMENTO DE PENA 
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa: 
6.6.1 I – Em Depósito Necessário 
O conceito de depósito necessário está no art. 647 do Código Civil, Art. 647. 
É depósito necessário: 
I - o que se faz em desempenho de obrigação legal; 
44 
 
II - o que se efetua por ocasião de alguma calamidade, como o incêndio, a 
inundação, o naufrágio ou o saque. 
De acordo com a doutrina, a presente causa de aumento de pena somente incide na 
hipótese do inciso II (depósito miserável) do art. 647 do Código Civil, pois o inciso I 
(depósito legal) é depósito legal e, neste caso, ocorre o crime de peculato, previsto no art. 312, 
caput, do Código Penal. 
6.6.2 II – Na Qualidade de Tutor, Curador, Síndico, Liquidatário, 
Inventariante, Testamenteiro ou Depositário Judicial 
Tutor - é aquele nomeado judicialmente para cuidar de menor de idade e administrar 
seus bens. A tutela ocorre em caso de falecimento dos pais ou se declarados ausentes; 
Curador - é aquele nomeado judicialmente para cuidar de maior incapaz (por 
exemplo, doente mental) e administrar seus bens; 
Síndico - é aquele que administra os bens da massa falida e, após a Lei 11.101/05, tal 
expressão foi substituída por administrador judicial; 
Liquidatário - a liquidação extrajudicial (Lei 6.024/74) é procedimento 
administrativo que tem semelhança com a falência. Portanto, a figura do liquidante (art. 34, 
Lei 6.024/74) se assemelha à do administrador judicial na falência; 
Inventariante - é aquele que administra os bens do autor da herança e impulsiona o 
inventário; 
Testamenteiro - é aquele que tem a incumbência de cumprir
as disposições do 
testamento; 
Depositário Judicial - é aquele que guarda e conserva os bens penhorados, arrestados, 
sequestrados ou arrecadados, conforme art. 159 do Código de Processo Civil. 
6.6.3 III – Em Razão de Ofício, Emprego ou Profissão 
Emprego - é prestação de serviço com subordinação e dependência; 
Ofício - é ocupação manual ou mecânica com certo grau de habilidade; 
Profissão - atividade que se caracteriza pela ausência de hierarquia. 
 
ATIVIDADES 
1) O corretor de imóveis Tício, por ser mediador de uma compra e venda, recebe uma 
determinada quantia em razão da venda de imóvel, porém emprega o dinheiro em proveito 
45 
 
próprio, isto é, compra um aparelho de telefone celular de última geração. Neste caso é 
CORRETO afirmar que Tício cometeu: 
a) Apropriação indébita simples 
b) Furto qualificado 
c) Dano simples 
d) Apropriação indébita agravada 
e) Furto simples 
 
2) Mário deixou seu automóvel na oficina mecânica de Antônio. Este, aproveitando-se de que 
somente entregaria o automóvel a Mário após o fim de semana, pega o carro e faz um passeio 
com sua família, porém quando Mário vai buscar seu automóvel, Antônio o entrega em 
perfeito estado e com a mesma quantidade de combustível. Neste caso é CORRETO afirmar 
que: 
a) O fato é atípico, uma vez que para a caracterização da apropriação indébita é necessário a 
vontade de não restituir a coisa. 
b) Ocorreu apropriação indébita, pois usufruiu de coisa que não lhe pertencia. 
c) A apropriação indébita é agravada, tendo em vista o art. 168, §1º, do código penal. 
d) Somente não se caracterizou a apropriação indébita por ausência de elemento normativo do 
tipo. 
e) Como a apropriação indébita é crime quanto ao resultado formal, não houve crime. 
 
3) No que concerne a classificação doutrinária do crime de apropriação indébita é CORRETO 
afirmar que é: 
a) Crime comum e quanto ao resultado é formal. 
b) Crime próprio e quanto ao resultado é de mera conduta. 
c) Crime comum e quanto ao resultado é de mera conduta. 
d) Crime próprio e quanto ao resultado é formal. 
e) Crime comum e quanto ao resultado é material. 
 
4) Analise a seguinte situação: 
46 
 
 
Após a análise do caso, responda: você considera que a atitude do Rodrigo caracteriza 
apropriação indébita? Justifique. 
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________ 
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________ 
 
 
 
47 
 
 ESTELIONATO (ART. 171, CP) 
7.1 BEM JURÍDICO TUTELADO NO CRIME DE DANO 
O bem jurídico protegido no crime do art. 171 do CP é o patrimônio e é praticado 
mediante fraude. 
7.2 ELEMENTOS DO TIPO (OBJETIVOS, NORMATIVOS E 
SUBJETIVOS) 
O tipo penal pode ser constituído de elementos objetivos, normativos e subjetivos. 
Quando o tipo penal contiver somente elementos objetivos temos tipo normal, porém quando 
a definição típica contém além de elementos objetivos, elementos normativos e subjetivos, 
chama-se de tipo anormal. 
 
7.2.1 Sujeitos do Delito 
 Sujeito Ativo: é crime comum, qualquer pessoa pode praticar. 
 Sujeito Passivo: qualquer pessoa, física ou jurídica, titular do direito patrimonial. 
7.3 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
48 
 
 
7.4 CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA 
 Crime comum: aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo; 
 Crime de dano: consuma-se apenas a lesão efetiva ao bem jurídico tutelado; 
 Crime material – quanto ao resultado: exige resultado naturalístico, 
consistente no dano patrimonial; 
 Crime comissivo: é da essência do próprio verbo nuclear, que só pode ser 
praticado por meio de uma ação positiva; 
 Crime doloso: não há previsão legal para afigura culposa; 
 Crime de forma livre: pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo; 
 Crime instantâneo: a consumação opera-se de imediato, não se alongando no 
tempo; 
 Crime unissubjetivo: pode ser praticado, em regra, apenas por um agente; 
 Crime plurissubsistente: pode ser desdobrado em vários atos que, no entanto, 
integram a mesma conduta. 
7.5 FIGURAS TÍPICAS – SIMPLES E MAJORADA 
49 
 
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, 
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro 
meio fraudulento: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. 
O estelionato é praticado mediante fraude. É crime de duplo resultado, pois é 
necessário obtenção de vantagem ilícita e prejuízo alheio. 
7.5.1 §1º 
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode 
aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º. 
A jurisprudência considera como pequeno valor do prejuízo aquele que não ultrapassa 
um salário mínimo. 
7.5.2 §2º 
O § 2º trata das figuras equiparadas ao estelionato. 
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem: 
 Disposição de coisa alheia como própria 
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como 
própria. 
 Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria 
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, 
gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento 
em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias. 
 Defraudação de penhor 
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a 
garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado. 
 Fraude na entrega de coisa 
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a 
alguém. 
 Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro 
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a 
saúde, ou agrava as consequências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou 
valor de seguro. 
50 
 
A presente figura é crime formal (de consumação antecipada), pois se consuma com a 
prática da conduta, não havendo necessidade para consumação do delito o recebimento da 
indenização ou valor do seguro. 
 Fraude no pagamento por meio de cheque 
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe 
frustra o pagamento. 
O cheque é ordem de pagamento à vista. Portanto, sendo o cheque pós-datado (na 
prática negocial chama-se pré-datado), há descaracterização da natureza do cheque, 
impossibilitando a imputação do crime de estelionato por esta figura equiparada, pois nessa 
hipótese o cheque é meramente garantia de dívida. Vale registrar, que se no momento da 
emissão de cheque pós-datado já havia dolo de obter vantagem ilícita em prejuízo alheio, o 
estelionato será do caput do art. 171 do Código Penal. 
JURISPRUDÊNCIA STJ - 5ª TURMA 
"RECURSO ORDINÁRIO
EM HABEAS CORPUS Nº 13.793 - SP (2002/0169545-2) 
PENAL. HABEAS CORPUS . ESTELIONATO. TRANCAMENTO DO INQUÉRITO 
POLICIAL. ATIPICIDADE DA CONDUTA. CHEQUE DADO EM GARANTIA DE 
DÍVIDA. PRÉ-DATADO. DEVOLVIDO SEM FUNDOS. PRECEDENTES. 
1. A emissão de cheques como garantia de dívida (pré-datados), e não como ordem de 
pagamento à vista, não constitui crime de estelionato, na modalidade prevista no art. 171, § 
2º, inciso VI, do Código Penal. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça. 
2. Recurso provido." 
7.5.3 §3º 
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de 
entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou 
beneficência. 
Trata-se de causa de aumento de pena. 
7.5.4 §4º 
Estelionato contra idoso 
§ 4º Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido contra idoso. (Incluído 
pela Lei nº 13.228, de 2015) 
O § 4º do art. 171 do CP foi acrescentado pela Lei 13.228/15. 
 
51 
 
Estelionato e falsidade documental (Súmula 17 do STJ). 
Súmula 17: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é 
por este absorvido. 
7.6 SÚMULAS RELATIVAS AO ESTELIONATO 
 
 
 
 
 
52 
 
ATIVIDADES 
1) Uma entidade beneficente é vítima do estelionatário Tício. Neste caso, a condenação de 
Tício vai gerar: 
a) Causa de aumento de pane 
b) Qualificadora 
c) Privilégio 
d) Atenuante 
e) Agravante 
 
2) De acordo com a classificação doutrinária, o crime de estelionato é: 
a) Próprio e formal 
b) Comum e material 
c) Culposo e de mera conduta 
d) Doloso e formal 
e) Comum e de mera conduta 
 
3) Caio tem conhecimento de que Tício vai entregar uma motocicleta nova para Pedro. Assim, 
Caio diz a Tício que é representante de Pedro e recebe a motocicleta, apropriando-se dela. 
Neste caso, é CORRETO afirmar que Caio cometeu crime de: 
a) Apropriação indébita 
b) Estelionato 
c) Furto qualificado mediante fraude 
d) Roubo 
e) Extorsão 
 
4) Analise o seguinte caso: 
 
 
 
 
 
 
53 
 
Após analisar o caso, responda: podemos caracterizar os atos da empresa de buffet como 
crime de estelionato? 
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________ 
 
 
54 
 
 ABUSO DE INCAPAZ (ART. 173, CP) 
8.1 BEM JURÍDICO TUTELADO NO CRIME DE ABUSO DE 
INCAPAZ 
O bem jurídico protegido no crime do art. 173 do CP é o patrimônio. Diferencia-se do 
estelionato porque neste há necessidade de prejuízo, sendo, portanto, crime material, no abuso 
de incapaz não é necessário o prejuízo da vítima, uma vez trata-se de crime formal, ou seja, o 
dano patrimonial é mero exaurimento do crime. 
8.2 ELEMENTOS DO TIPO (OBJETIVOS, NORMATIVOS E 
SUBJETIVOS) 
O tipo penal pode ser constituído de elementos objetivos, normativos e subjetivos. 
Quando o tipo penal contiver somente elementos objetivos temos tipo normal, porém quando 
a definição típica contém além de elementos objetivos, elementos normativos e subjetivos, 
chama-se de tipo anormal. 
 
8.2.1 Sujeitos do Delito 
 Sujeito Ativo: é crime comum, qualquer pessoa pode praticar. 
 Sujeito Passivo: é o menor de dezoito anos, assim como o alienado ou débil 
mental. 
 
55 
 
De acordo com o art. 5o Código Civil "A menoridade cessa aos dezoito anos 
completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil." 
8.3 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
 
8.4 CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA 
 Crime comum: aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo; 
 Crime formal: não exige resultado naturalístico, consistente no dano patrimonial; 
 Crime comissivo: é da essência do próprio verbo nuclear, que só pode ser 
praticado por meio de uma ação positiva; 
 Crime doloso: não há previsão legal para a figura culposa; 
 Crime de forma livre: pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo; 
 Crime instantâneo: a consumação opera-se de imediato, não se alongando no 
tempo; 
 Crime unissubjetivo: pode ser praticado, em regra, apenas por um agente; 
 Crime plurissubsistente: pode ser desdobrado em vários atos que, no entanto, 
integram a mesma conduta. 
8.5 FIGURAS TÍPICAS 
56 
 
8.5.1 Abuso de Incapazes 
Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessidade, paixão ou 
inexperiência de menor, ou da alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo qualquer 
deles à prática de ato suscetível de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. 
Vejamos mais um exemplo de abuso de incapaz: 
Cíntia sofre de oligofrenia e foi induzida por Victor a assinar uma procuração dando a 
ele poder para movimentar seus bens. Ele agiu de forma criminosa, pois sabia que a vítima 
portadora de oligofrenia em grau de debilidade mental leve é incapaz para certos atos da vida 
civil, entre eles a outorga de procuração e transações comerciais. 
 
ATIVIDADES 
1) Uma pessoa portadora de doença mental é convencida por Tício a assinar uma escritura de 
compra e venda no Cartório de Notas da cidade onde reside. O oficial do cartório, percebendo 
a má-fé de Tício, não lavra a escritura, impedindo, assim, a prática do negócio jurídico. Neste 
caso é CORRETO afirmar que Tício cometeu: 
a) Estelionato consumado 
b) Abuso de incapaz consumado 
c) Abuso de incapaz tentado 
d) Estelionato tentado 
e) Furto qualificado mediante fraude 
 
2) Joana descobriu que Pedro, que tem 17 anos de idade, é o mais novo milionário da cidade, 
uma vez que acertou os 6 números da mega-sena de fim de ano. Assim, convence Pedro a 
adquirir bens inexistentes. Neste caso, é correto afirmar que Joana cometeu crime de: 
a) Furto qualificado mediante fraude 
b) Roubo circunstanciado 
c) Estelionato 
d) Dano 
e) Abuso de incapaz 
 
57 
 
3) Com base na classificação doutrinário do crime de abuso de incapaz é CORRETO afirmar 
que é: 
a) Formal 
b) Material 
c) De mera conduta 
d) Próprio 
e) Permanente 
 
4) Analise o seguinte caso: 
 
Após analisar o caso, responda: Fernando cometeu algum crime? Justifique. 
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________ 
 
GLOSSÁRIO 
Oligofrenia 
Deficiência do desenvolvimento mental, congênita ou adquirida em idade precoce, que 
abrange toda a personalidade, comprometendo sobretudo o comportamento intelectual; 
oligopsiquia. 
 
 
58 
 
 RECEPTAÇÃO (ART. 180, CP) 
9.1 BEM JURÍDICO TUTELADO NO CRIME DE RECEPTAÇÃO 
O bem jurídico protegido nos crimes dos arts. 180 e 180-A do CP é o patrimônio. 
Para que haja o crime de receptação é necessária a existência de um crime anterior, 
porém esse crime anterior não precisa ser contra o patrimônio. Sendo assim, a receptação é 
um crime acessório. 
9.2 ELEMENTOS DO TIPO (OBJETIVOS, NORMATIVOS E 
SUBJETIVOS) 
O tipo penal pode ser constituído de elementos objetivos, normativos e subjetivos. 
Quando o tipo penal contiver somente elementos objetivos temos tipo normal, porém quando 
a definição típica contém além de elementos objetivos, elementos normativos e subjetivos, 
chama-se de tipo anormal. 
 
9.2.1 Sujeitos do Delito 
 Sujeito Ativo: é crime comum na receptação do caput, qualquer pessoa pode 
praticá-lo; já na receptação do §1º é crime próprio, ou seja, somente o comerciante ou 
industrial pode praticar. 
 Sujeito Passivo: é a vítima do crime anterior, ou seja, de quem proveio a coisa 
anterior. 
 
59 
 
9.3 CONSUMAÇÃO
E TENTATIVA 
 
9.4 CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA 
 Crime comum receptação do caput: aquele que não exige qualquer condição 
especial do sujeito ativo; 
 Crime próprio na receptação do §1º: aquele que exige qualquer condição 
especial do sujeito ativo; 
 Crime de dano: consuma-se apenas com a lesão efetiva ao bem jurídico tutelado; 
 Crime material na receptação própria e na receptação qualificada: 
quanto ao resultado; 
 Crime formal na receptação imprópria: quanto ao resultado; 
 Crime comissivo: é da essência do próprio verbo nuclear, que só pode ser 
praticado por meio de uma ação positiva; 
 Crime doloso: tanto na receptação simples como na qualificada; 
 Crime culposo: no §3º; 
 Crime de forma livre: pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo; 
 Crime instantâneo: salvo nas modalidades transportar, conduzir, ocultar, ter 
em depósito, e expor à venda que são crimes permanentes; 
 Crime unissubjetivo: pode ser praticado, em regra, apenas por uma gente; 
 Crime plurissubsistente: pode ser desdobrado em vários atos que, no entanto, 
integram a mesma conduta. 
9.5 FIGURAS TÍPICAS 
60 
 
9.5.1 Receptação 
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou 
alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, 
receba ou oculte: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 
1996) 
 
O art. 180, caput, do CP dispõe sobre a receptação própria na primeira parte e 
receptação imprópria na parte final. Como o objeto material da receptação é produto de 
crime, coisa produto de contravenção não constitui o crime de receptação. 
9.5.2 Receptação (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) 
 
 §1º 
§1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, 
montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio 
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto 
de crime: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) 
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) 
JURISPRUDÊNCIA 
INFORMATIVO 712, STF, (1ª TURMA) 
Receptação qualificada e constitucionalidade 
É constitucional o §1º do art. 180 do CP, que versa sobre o delito de receptação 
qualificada (“§1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, 
desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em 
proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve 
saber ser produto de crime”). Com fundamento nessa orientação, a 1ª Turma negou 
provimento a recurso ordinário em habeas corpus. A recorrente reiterava alegação de 
inconstitucionalidade do referido preceito, sob a assertiva de que ofenderia o princípio da 
culpabilidade ao consagrar espécie de responsabilidade penal objetiva. Reportou-se a julgados 
nos quais, ao apreciar o tema, o STF teria asseverado a constitucionalidade do dispositivo em 
comento. Precedentes citados: RE 443388/SP (DJe de 11.9.2009); HC 109012/PR (DJe de 
1º.4.2013). RHC 117143/RS, rel. Min. Rosa Weber, 25.6.2013. (RHC-117143) 
61 
 
 
 §2º 
§2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer 
forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em residência. (Redação 
dada pela Lei nº 9.426, de 1996) 
O §2º é norma penal explicativa. 
 
 §3º 
§3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o 
valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio 
criminoso: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) 
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas. (Redação dada 
pela Lei nº 9.426, de 1996) 
O §3º trata da receptação culposa. 
 
 §4º 
§4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do 
crime de que proveio a coisa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) 
O §4º é norma penal explicativa. 
 
 §5º 
§5º - Na hipótese do §3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em 
consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o 
disposto no §2º do art. 155. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) 
No art. 180, §5º, primeira parte temos hipótese de perdão judicial, já na segunda 
parte ocorre a receptação privilegiada. 
Súmula 18 do STJ - Perdão judicial. Sentença. Natureza jurídica. 
"A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, 
não subsistindo qualquer efeito condenatório." 
 
 
 
 
62 
 
 §6º 
§6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da União, Estado, Município, 
empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista, a pena prevista 
no caput deste artigo aplica-se em dobro. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) 
O §6º trata traz qualificadora em razão do objeto do crime. 
9.6 RECEPTAÇÃO DE ANIMAL: ART. 180-A, CP 
9.6.1 Bem Jurídico Tutelado 
É o patrimônio. 
9.6.2 Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos) 
 
9.6.3 Sujeitos do Delito 
 Sujeito Ativo: é crime comum, qualquer pessoa pode praticá-lo, salvo o autor, 
coautor ou participe do delito antecedente. 
 Sujeito Passivo: é a vítima do crime anterior, ou seja, de quem proveio o 
semovente. 
63 
 
9.6.4 Consumação e Tentativa 
 
9.6.5 Classificação Doutrinária 
 Crime comum: aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo; 
 Crime de dano: consuma-se apenas com a lesão efetiva ao bem jurídico tutelado; 
 Crime material: quanto ao resultado; 
 Crime comissivo: é da essência do próprio verbo nuclear, que só pode ser 
praticado por meio de uma ação positiva; 
 Crime doloso: não existe a forma culposa; 
 Crime de forma livre: pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo; 
 Crime permanente: nas modalidades transportar, conduzir, ocultar e ter em 
depósito. Nas demais hipóteses é crime instantâneo; 
 Crime unissubjetivo: pode ser praticado, em regra, apenas por uma gente; 
 Crime plurissubsistente: por ser desdobrado em vários atos que, no entanto, 
integram a mesma conduta. 
9.6.6 Figuras Típicas 
 Receptação de Animal 
Art. 180-A. - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito ou 
vender, com a finalidade de produção ou de comercialização, semovente domesticável de 
produção, ainda que abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de 
crime: (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016) 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 
2016) 
 
64 
 
ATIVIDADES 
1) Na hipótese de receptação culposa sendo o criminoso réu primário pode o juiz, tendo em 
consideração as circunstâncias: 
a) Conceder o perdão judicial 
b) Aumentar a pena de 2/3 
c) Reconhecer uma agravante 
d) Condenar pela receptação qualificada 
e) Aumentar a pena em 1/6 
 
2) O crime de receptação tem como pressuposto a existência de um crime antecedente. Neste 
caso, o crime de receptação é considerado: 
a) Crime de forma vinculada 
b) Crime de perigo 
c) Crime de atentado 
d) Crime acessório 
e) Crime vago 
 
3) Três bois foram furtados de uma fazenda. Tício, conhecedor da origem ilícita dos 
semoventes, os adquire para posterior venda em seu açougue. Tício responderá por: 
a) Receptação qualificada 
b) Receptação de animais 
c) Receptação simples 
d) Receptação culposa 
e) Receptação majorada 
 
4) Analise o seguinte caso: 
 
 
 
 
 
 
65 
 
Após analisar o caso, responda: Fabiano cometeu algum crime? Justifique. 
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