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Investigação I

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Investigação I - Crimes Patrimoniais / Aula 1 - Furto (art. 155 do Código Penal) 
Introdução 
Nesta aula, esclareceremos o bem jurídico tutelado no crime de furto, com a classificação doutrinária. 
Identificaremos os elementos do tipo, ou seja, elementos objetivos, normativos e subjetivos. Em seguida, reconheceremos os sujeitos do 
delito (sujeito ativo e sujeito passivo). Identificaremos o momento consumativo e a possibilidade ou não da tentativa. Por fim, analisaremos 
a atual jurisprudência dos Tribunais Superiores. 
Bem jurídico tutelado no crime de furto 
A maioria da doutrina entende que o bem jurídico tutelado é... 
 
Elementos do tipo 
O tipo penal pode ser constituído de elementos objetivos, normativos e subjetivos. Quando o tipo penal contiver somente elementos objetivos 
temos tipo normal, porém quando a definição típica contiver, além de elementos objetivos, elementos normativos e subjetivos, chama-se 
de tipo anormal. 
 
Atenção 
O objeto da tutela é a coisa alheia. Neste caso, com fundamento no elemento 
normativo coisa alheia a coisa abandonada (res derelictae) e a coisa de ninguém (res 
nullius) não merecem tutela do Direito Penal. Vale ressaltar que a coisa perdida (res 
deperdita) é tutelada pela previsão específica constante do art. 169, II, do CP, pois, ainda 
quando perdida, a coisa não deixa de compor o patrimônio de seu proprietário pelo que se 
justifica a tutela. 
Por força do especial fim de agir “para si ou para outrem” o "furto de uso" não é 
punido, pois o art. 155 exige que a finalidade seja a subtração de coisa alheia móvel para 
si ou para outrem. 
O CÓDIGO PENAL MILITAR INCRIMINA O FURTO DE USO, CONFORME ART. 241 do 
CPM. 
Agora, vamos analisar a situação exibida no vídeo abaixo: 
No vídeo, o ladrão furta a carteira do homem, mas ao perceber que está sendo filmado 
joga a carteira no chão e avisa ao homem, fingindo que a carteira havia caído. Nesta 
situação, foi configurado o crime de furto? Por quê? 
GABARITO 
Houve furto consumado pois, de acordo com o Superior Tribunal Justiça, "consuma-se o 
crime de furto com a posse de fato da res furtiva, ainda que por breve espaço de tempo e 
seguida de perseguição ao agente, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou 
desvigiada." (Tese Julgada sob o rito do art. 543-C do CPC - TEMA 934). 
Como o agente subtraiu a carteira da vítima com especial habilidade, ou seja, retirando o 
objeto sem que a vítima percebesse, incide a qualificadora da destreza. 
Portanto, o agente responderá por crime de furto qualificado consumado, a exato teor do 
art. 155, § 4º, II, última figura, do Código Penal. 
O fato de o agente ter devolvido a carteira antes do recebimento da denúncia não afasta a 
conduta criminosa, mas é causa de diminuição de pena de 1 a 2/3, conforme dispõe o art. 
16 do Código Penal. 
SUJEITOS DO DELITO 
Sujeito ativo: é crime comum, qualquer pessoa pode praticá-lo. 
Sujeito passivo: Qualquer pessoa, física ou jurídica, que tem a 
posse, propriedade ou detenção de um bem. 
Consumação: A respeito da consumação o STJ, em recurso 
repetitivo, pacificou o momento consumativo do furto, isto é, 
“consuma-se o crime do furto com a posse de fato da res 
furtiva, ainda que por breve espaço de tempo e seguida de 
perseguição ao agente, sendo prescindível a posse mansa e 
pacífica ou desvigiada.” (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do 
CPC – TEMA 934) 
Tentativa: Trata-se de crime material, portanto a tentativa é 
perfeitamente possível. Ocorrerá quando o agente, por 
circunstâncias alheias à sua vontade, não chegar a retirar o bem 
do domínio de seu titular. 
Classificação Doutrinária 
 
Crime comum | Aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo; 
 
Crime material - quanto ao resultado | Que causa transformação no mundo exterior, consistente à diminuição do patrimônio 
da vítima; 
 
Crime comissivo | É da essência do próprio verbo nuclear, que só pode ser praticado por meio de uma ação positiva; 
 
Crime doloso | Não há previsão legal para a figura culposa; 
 
Crime de forma livre | Pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo; 
 
Crime instantâneo | A consumação opera-se de imediato, não se alongando no tempo; 
 
Crime unissubjetivo | Pode ser praticado, em regra, apenas por um agente; 
 
Crime plurissubsistente | Pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta. 
Aplicabilidade do princípio da insignificância no crime furto 
De acordo com o princípio da insignificância, o Direito Penal não deve preocupar-se com bagatelas. A tipicidade penal exige um mínimo de lesividade 
ao bem jurídico protegido. 
A aplicação do princípio da insignificância exclui a tipicidade, porém a tipicidade em seu sentido material. 
Para a aplicação do princípio da insignificância, o Supremo Tribunal Federal exige quatro requisitos: (HC nº 84.412/SP, Segunda Turma, DJ de 
19/11/04). 
 
Exemplo 
INFORMATIVO 696, STF, (CLIPPING) 
RHC N. 106.731-DF 
RED. PARA O ACÓRDÃO: MIN. DIAS TOFFOLI 
Recurso ordinário em habeas corpus. Penal. Furto, na modalidade tentada (art. 155, caput, c/c o art. 14, inciso II, ambos do Código Penal), de um 
cartucho de tinta avaliado em R$ 25,70 (vinte e cinco reais e setenta centavos). Mínimo grau de lesividade. Ausência de periculosidade social da ação. 
Inexpressividade da lesão jurídica causada. Aplicação do princípio da insignificância. Possibilidade. Recurso provido. 
Figuras típicas 
Veja, a seguir, as figuras típicas do furto: 
FURTO SIMPLES 
O furto na sua modalidade simples está previsto na caput do art. 155 do Código Penal. 
 
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: 
 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
FURTO NOTURNO 
O furto noturno é uma causa de aumento de pena e está previsto no art. 155, §1º do Código Penal. 
§1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o 
repouso noturno. 
O período noturno não se confunde com noite (ausência de luz solar), devendo ser observados os costumes do local em que a 
comunidade se recolhe para o descanso. 
Quanto ao repouso, o entendimento majoritário é bem expressado por LUIZ REGIS PRADO quando diz que “a majorante 
incide ainda que o furto ocorra em local desabitado, satisfazendo-se 
simplesmente com a circunstância de que seja praticado durante o 
momento, segundo os costumes locais, em que pessoas estejam 
repousando”. 
Este é o entendimento firmado no STJ, conforme exemplos disponíveis aqui. 
HC 29.153/MS (STJ, 5ª TURMA) CRIMINAL. HC. FURTO. CAUSA ESPECIAL DE AUMENTO. REPOUSO NOTURNO. 
ESTABELECIMENTO COMERCIAL. LOCAL DESABITADO. IRRELEVÂNCIA. ORDEM DENEGADA. I. Para a incidência da 
causa especial de aumento prevista no § 1º do art. 155 do Código Penal, é suficiente que a infração ocorra durante o 
repouso noturno, período de maior vulnerabilidade para as residências, lojas e veículos. II. É irrelevante o fato de se 
tratar de estabelecimento comercial ou de residência, habitada ou desabitada, bem como o fato de a vítima estar, 
ou não, efetivamente repousando. III. Ordem denegada. Decidiu o STJ, INFORMATIVO 554, STJ, 6ª TURMA. DIREITO 
PENAL. FURTO QUALIFICADO PRATICADO DURANTE O REPOUSO NOTURNO. A causa de aumento de pena prevista 
no § 1° do art. 155 do CP – que se refere à prática do crime durante o repouso noturno – é aplicável tanto na forma 
simples (caput) quanto na forma qualificada (§ 4°) do delito de furto. Isso porque esse entendimento está em 
consonância, mutatis mutandis, com a posição firmada pelo STJ no julgamento do Recurso Especial Repetitivo 
1.193.194-MG, no qual se afigurou possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos 
casos de furto qualificado (art. 155, § 4º, do CP), máxime se presentes os requisitos. Dessarte, nessa linha de 
raciocínio, não haveria justificativa plausível para se aplicar o § 2° do art. 155 do CP e deixar de impor o § 1° do 
referido artigo,que, a propósito, compatibiliza-se com as qualificadoras previstas no § 4° do dispositivo. Ademais, 
cumpre salientar que o § 1° do art. 155 do CP refere-se à causa de aumento, tendo aplicação apenas na terceira fase 
da dosimetria, o que não revela qualquer prejuízo na realização da dosimetria da pena com arrimo no método 
trifásico. Cabe registrar que não se desconhece o entendimento da Quinta Turma do STJ segundo o qual somente 
será cabível aplicação da mencionada causa de aumento quando o crime for perpetrado na sua forma simples (caput 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/GON833/galeria/aula1/docs/a01_09_01.pdf
do art. 155). Todavia, o fato é que, após o entendimento exarado em 2011 no julgamento do EREsp 842.425- RS, no 
qual se evidenciou a possibilidade de aplicação do privilégio (§2°) no furto qualificado, não há razoabilidade em 
negar a incidência da causa de aumento (delito cometido durante o repouso noturno) na mesma situação em que 
presente a forma qualificada do crime de furto. Em outras palavras, uma vez que não mais se observa a ordem dos 
parágrafos para a aplicação da causa de diminuição (§2º), também não se considera essa ordem para imposição da 
causa de aumento (§1º). HC 306.450-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 4/12/2014, DJe 
17/12/2014. 2 INFORMATIVO 851, STF, 2ª TURMA. Direito Penal  Dosimetria. Furto qualificado e causa de aumento 
de pena  2 É legítima a incidência da causa de aumento de pena por crime cometido durante o repouso noturno 
(CP/1940, art. 155, §1º) no caso de furto praticado na forma qualificada (CP/1940, art. 155, §4º). Com base nesse 
entendimento, a Segunda Turma, em conclusão, denegou a ordem em “habeas corpus” — v. Informativo 824. 
Destacou que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal já reconheceu a compatibilidade das causas 
privilegiadas de furto (CP/1940, art. 155, §2º) com a sua modalidade qualificada. Além disso, sustentou que a 
inserção pelo legislador do dispositivo da majorante antes das qualificadoras não inviabilizaria a aplicação da 
majorante do repouso noturno à forma qualificada de furto. Acrescentou que, de acordo com a análise dos tipos 
penais, a única estrutura permanente e inatingível diz respeito ao “caput”, representativo da figura básica do delito. 
Ademais, ressaltou que se deve interpretar cada um dos parágrafos constantes do tipo de acordo com a sua 
natureza jurídica, jamais pela sua singela posição ocupada topograficamente. HC 130952/MG, rel. Min. Dias Toffoli, 
julgamento em 13.12.2016. (HC130952) 
FURTO PRIVILEGIADO 
O furto privilegiado está previsto no art. 155, §2º do Código Penal. 
§2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o 
juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de 
um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. 
O entendimento que prevalece é que coisa de pequeno valor é coisa de 
até 1 (um) salário mínimo, porém tal valor deve ser aferido no momento 
da conduta. 
Súmula 511, STJ - É possível o reconhecimento do privilégio previsto no §2º do art. 155 do CP nos casos de crime 
de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem 
objetiva. 
FURTO DE ENERGIA 
O furto previsto no art. 155, §3º do Código Penal é o furto de energia ou qualquer outra que tenha valor econômico, 
como por exemplo, a energia térmica, genética etc. 
§3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra 
que tenha valor econômico. 
Veja um exemplo: 
INFORMATIVO 623, STF, (2ª TURMA) 
Furto e ligação clandestina de TV a cabo 
A 2ª Turma concedeu habeas corpus para declarar a atipicidade da conduta de condenado pela prática do crime descrito no art. 
155, §3º, do CP (“Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: ... §3º - Equipara-se à coisa móvel a energia 
elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.”), por efetuar ligação clandestina de sinal de TV a cabo. Reputou-se que o 
objeto do aludido crime não seria “energia” e ressaltou-se a inadmissibilidade da analogia in malam partem em Direito 
Penal, razão pela qual a conduta não poderia ser considerada penalmente típica. 
HC 97261/RS, rel. Min. Joaquim Barbosa, 12.4.2011. (HC-97261) 
FURTO QUALIFICADO 
O art. 155, §4º tipifica o furto qualificado. 
§4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é 
cometido: 
http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=97261&classe=HC&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; 
 
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; 
 
III - com emprego de chave falsa; 
 
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. 
O art. 155, §5º prevê qualificadora quando a subtração for de automóvel, porém é necessário que tal subtração tenha a 
finalidade que o destino do automóvel seja outro Estado ou o exterior. 
§5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a subtração for 
de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado 
ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) 
Recentemente, a Lei 13.330/16 incluiu o §6º no art. 155 do Código Penal (abigeato - furto de animal), tipificando de 
forma mais gravosa a subtração de semovente (animal) domesticável de produção. 
§6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for 
de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou 
dividido em partes no local da subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, 
de 2016) 
Atividades 
Vamos finalizar esta aula com algumas atividades. Veja a situação descrita a seguir: 
 
Agora, responda as questões de acordo com os conceitos aprendidos nesta aula: 
O fato de o furto ter sido cometido a noite, durante o horário de repouso, pode agravar a pena? 
Sim 
Não 
Fábio utilizou um pé de cabra para arrombar a porta. Isso tipifica o furto como qualificado? 
Sim 
Não 
O furto cometido por Fábio, por ter um valor acima de 1 salário mínimo, não pode ser considerado de baixo valor. 
Sim 
Não 
O fato de Fábio ser criminoso primário, neste caso, pode fazer com que sua pena de reclusão seja substituída pela detenção ou por multa? 
Sim 
Não 
GABARITO 
A última questão é negativa, pois mesmo Fábio sendo réu primário, ele praticou um crime qualificado e com agravante de ter sido praticado no período 
noturno. Dessa forma, ele perde este benefício. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art155%C2%A75
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13330.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13330.htm#art2
Uma diarista foi contratada por uma determinada família para fazer os serviços domésticos. Tal contratação ocorreu em função de boas referências. 
Assim sendo, a família entregou as chaves do imóvel para a diarista enquanto viajavam em férias. A diarista aproveitou a ausência dos patrões e subtraiu 
um anel de ouro para presentear sua filha que completava 15 anos. Neste caso, a diarista cometeu crime de: 
Furto simples. 
Furto privilegiado. 
Furto qualificado mediante abuso de confiança. 
Furto qualificado mediante destreza. 
Furto qualificado mediante escalada. 
Tício, dentro do vagão do metrô, com especial habilidade, rasgou a bolsa de uma determinada pessoa e conseguiu subtrair dinheiro e cartões de crédito. 
Neste caso, Tício cometeu: 
Furto qualificado mediante abuso de confiança. 
Furto qualificado mediante destreza. 
Furto qualificado mediante escalada. 
Furto qualificado mediante fraude. 
Furto qualificado mediante rompimento de obstáculo. 
Assinale a seguir os requisitos para o reconhecimento do furto privilegiado: 
Primariedade e pequeno valor da coisa subtraída. 
Reincidência e grande valor da coisa subtraída. 
Primariedade e médio valor da coisa subtraída. 
Reincidência e pequeno valor da coisa subtraída. 
Primariedade e grande valor da coisa subtraída.Investigação I - Crimes Patrimoniais / Aula 2 - Roubo (art. 157, Código Penal) 
Introdução 
Nesta aula, esclareceremos o bem jurídico tutelado no crime de roubo, com a classificação doutrinária. 
Identificaremos os elementos do tipo, ou seja, elementos objetivos, normativos e subjetivos. Em seguida, reconheceremos os sujei tos do 
delito (sujeito ativo e sujeito passivo). Identificaremos o momento consumativo e a possibilidade ou não da tentativa. Por f im, analisaremos 
a atual jurisprudência dos Tribunais Superiores. 
Bem jurídico tutelado no crime de roubo 
Trata-se de crime complexo, pois protege bens jurídicos diversos, como: 
 
 
Analise as imagens abaixo e responda: 
 
A imagem “A” representa furto e a imagem “B” representa roubo. 
A imagem “A” representa roubo e a imagem “B” representa furto. 
As duas imagens representam furto. 
As duas imagens representam roubo. 
GABARITO 
A diferença entre roubo e furto é que no roubo há emprego de violência, grave ameaça ou qualquer outro meio que diminua a resistência da vítima para a 
subtração, já no furto a subtração é sem violência ou grave ameaça. 
Elementos do tipo (objetivos, normativos e subjetivos) 
O tipo penal pode ser constituído de elementos objetivos, normativos e subjetivos. Quando o tipo penal contiver somente elementos objetivos 
temos tipo normal, porém quando a definição típica contém além de elementos objetivos, elementos normativos e subjetivos, chama-se de tipo 
anormal. 
 
Analise a situação a seguir: 
 
Neste caso, houve o crime de roubo? Explique sua resposta. 
GABARITO 
Sim, pois o crime de roubo (art. 157 do CP) é um delito complexo que possui como objeto 
jurídico tanto o patrimônio como a integridade física e a liberdade do indivíduo. Como nos 
mostra o INFORMATIVO 539, STJ, (5ª TURMA): 
INFORMATIVO 539, STJ, (5ª TURMA) 
DIREITO PENAL. TIPICIDADE DA CONDUTA DESIGNADA COMO "ROUBO DE USO". 
É típica a conduta denominada “roubo de uso”. De início, cabe esclarecer que o crime 
de roubo (art. 157 do CP) é um delito complexo que possui como objeto jurídico tanto o 
patrimônio como a integridade física e a liberdade do indivíduo. Importa assinalar, 
também, que o ânimo de apossamento – elementar do crime de roubo – não implica, tão 
somente, o aspecto de definitividade, pois se apossar de algo é ato de tomar posse, de 
dominar ou de assenhorar-se do bem subtraído, que pode trazer o intento de ter o bem 
para si, de entregar para outrem ou apenas de utilizá-lo por determinado período. Se 
assim não fosse, todos os acusados de delito de roubo, após a prisão, poderiam afirmar 
que não pretendiam ter a posse definitiva dos bens subtraídos para tornar a conduta 
atípica. Ressalte-se, ainda, que o STF e o STJ, no que se refere à consumação do crime 
de roubo, adotam a teoria da apprehensio, também denominada de amotio, segundo a 
qual se considera consumado o delito no momento em que o agente obtém a posse 
da res furtiva, ainda que não seja mansa e pacífica ou haja perseguição policial, sendo 
prescindível que o objeto do crime saia da esfera de vigilância da vítima. Ademais, a grave 
ameaça ou a violência empregada para a realização do ato criminoso não se 
compatibilizam com a intenção de restituição, razão pela qual não é possível reconhecer a 
atipicidade do delito “roubo de uso”. REsp 1.323.275-GO, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado 
em 24/4/2014. 
 
SUJEITOS DO DELITO 
Sujeito passivo: A ofensa perpetrada no crime de roubo pode ser 
o proprietário, possuidor ou detentor da coisa, como também a 
ação pode ser dirigida contra pessoa que não seja ligada ao 
patrimônio subtraído. 
Sujeito ativo: É crime comum, qualquer pessoa pode praticá-lo. 
Vamos analisar o caso a seguir: 
 
O ato praticado por Sabrina pode ser considerado um roubo? 
Sim 
Não 
GABARITO 
Não. Ajusta-se à figura típica prevista no art. 345 do CP (exercício arbitrário das próprias razões) - e não à prevista no art. 157 do CP (roubo) - a conduta 
da prostituta maior de dezoito anos e não vulnerável que, ante a falta do pagamento ajustado com o cliente pelo serviço sexual prestado, considerando 
estar exercendo pretensão legítima, arrancou um cordão com pingente folheado a ouro do pescoço dele como forma de pagamento pelo serviço sexual 
praticado mediante livre disposição de vontade dos participantes e desprovido de violência não consentida ou grave ameaça. 
Para saber mais sobre isso, clique aqui e leia INFORMATIVO 584, STJ (6ª TURMA). 
INFORMATIVO 584, STJ (6ª TURMA) DIREITO PENAL. RECONHECIMENTO DE PROTEÇÃO JURÍDICA A PROFISSIONAIS 
DO SEXO. Ajusta-se à figura típica prevista no art. 345 do CP (exercício arbitrário das próprias razões) - e não à 
prevista no art. 157 do CP (roubo) - a conduta da prostituta maior de dezoito anos e não vulnerável que, ante a falta 
do pagamento ajustado com o cliente pelo serviço sexual prestado, considerando estar exercendo pretensão 
legítima, arrancou um cordão com pingente folheado a ouro do pescoço dele como forma de pagamento pelo 
serviço sexual praticado mediante livre disposição de vontade dos participantes e desprovido de violência não 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/GON833/galeria/aula2/docs/a02_05_01.pdf
consentida ou grave ameaça. Para a configuração do delito previsto no art. art. 345 do CP, parte da doutrina pátria 
entende ser desnecessária a classificação da pretensão do agente como "legítima", desde que seja, em tese, passível 
de debate judicial. Nesse sentido, para o reconhecimento do ilícito penal, seria necessário que a dívida possa ser 
objeto de cobrança judicial. Há, todavia, a seguinte ponderação doutrinária: "O elemento material do crime é fazer 
justiça pelas próprias mãos, para satisfazer uma pretensão. Esta é o pressuposto do delito. Sem ela, este não tem 
existência, incidindo o fato em outra disposição legal. A pretensão, por sua vez, se assenta em um direito que o 
agente tem ou julga ter, isto é, pensa de boa-fé possuílo, o que deve ser apreciado não apenas quanto ao direito em 
si, mas de acordo com as circunstâncias e as condições da pessoa. Consequentemente, a pretensão pode ser 
ilegítima - o que a lei deixa bem claro: 'embora legítima' - desde que a pessoa razoavelmente assim não a julgue." 
Ciente disso, convém delimitar que o tipo penal em apreço (art. 345 do CP) relaciona-se, na espécie, com uma 
atividade (prostituição) que, a despeito de não ser ilícita, padece de inegável componente moral relacionado aos 
"bons costumes", o que já reclama uma releitura do tema, à luz da mutação desses costumes na sociedade pós-
moderna. Não é despiciendo lembrar que o Direito Penal hodiernamente concebido e praticado nas democracias 
ocidentais passou por uma "longa encubação no pensamento jusnaturalista da época iluminista", resultando na 
"separação entre legitimação interna e legitimação externa ou entre direito e moral", como bem pontuado por 
doutrina. Registre-se, nesse passo, a modificação legislativa relativamente recente (Lei n. 12.015/2009) 2 que, entre 
outras coisas, alterou a denominação dos crimes previstos no Título VI do Código Penal, com a substituição da 
vetusta ideia de que o bem jurídico tutelado eram os costumes, passando a conferir proteção mais imediata à 
liberdade de autodeterminação sexual de adultos e reafirmando a proteção do desenvolvimento pleno e saudável de 
crianças, adolescentes e incapazes em geral. Sob a perspectiva de que a história dos crimes sexuais é, em última 
análise, a história da secularização dos costumes e práticas sexuais, não é possível negar proteção jurídica àqueles 
que oferecem seus serviços de natureza sexual em troca de remuneração, sempre com a ressalva, evidentemente, 
de que essa troca de interesses não envolva incapazes, menores de 18 anos e pessoas de algum modo vulneráveis, 
desde que o ato sexual seja decorrente de livre disposição da vontade dos participantes e não implique violência 
(não consentida) ou grave ameaça. Acenando nessa direção, oportuna é a transcrição do seguinte excerto 
doutrinário:"Na órbita do Direito Civil, a prostituição deve ser reconhecida como um negócio como outro qualquer 
(...) O comércio sexual entre adultos envolve agentes capazes. Como já se deixou claro, reconhecida a atividade no 
rol das profissões do Ministério do Trabalho, o objeto é perfeitamente lícito, pois é um contato sexual, mediante 
remuneração, entre agentes capazes. Seria o equivalente a um contrato de massagem, mediante remuneração, 
embora sem sexo. Não há forma prescrita em lei para tal negócio, que pode ser verbal." Aliás, de acordo com o 
Código Brasileiro de Ocupações, de 2002, regulamentado pela Portaria do Ministério do Trabalho n. 397, de 9 de 
outubro de 2002, os profissionais do sexo são expressamente mencionados no item 5198 como uma categoria de 
profissionais, o que, conquanto ainda dependa de regulamentação quanto a direitos que eventualmente essas 
pessoas possam exercer, evidencia o reconhecimento, pelo Estado brasileiro, de que a atividade relacionada ao 
comércio sexual do próprio corpo não é ilícita e que, portanto, é passível de proteção jurídica. Dessas considerações 
- que, por óbvio, não implicam apologia ao comércio sexual do próprio corpo, mas apenas o reconhecimento, com 
seus naturais consectários legais, da secularização dos costumes sexuais e a separação, inerente à própria concepção 
do Direito Penal pós-iluminista, entre Moral e Direito - pode-se concluir, como o faz doutrina, ser perfeitamente 
viável que o trabalhador sexual, não tendo recebido pelos serviços sexuais combinados com o cliente, possa se valer 
da Justiça para exigir o pagamento. Sob esse viés, mostra-se correto afastar a tipicidade do crime de roubo - cujo 3 
elemento subjetivo não é compatível com a situação aqui examinada - e entender presente o exercício arbitrário das 
próprias razões, ante o descumprimento do acordo de pagamento pelos serviços sexuais prestados. HC 211.888-TO, 
Rel. Ministro Rogerio Schietti Cruz, julgado em 17/5/2016, DJe 7/6/2016. 
 
Distinção entre roubo próprio e roubo impróprio 
 
 
A diferença reside basicamente no momento em que é empregada a violência ou grave ameaça contra a pessoa. 
É importante não confundir roubo próprio e impróprio com violência própria e violência imprópria. 
O roubo próprio está no art. 157, caput, e o roubo impróprio está no art. 157, §1º, do Código Penal. O roubo próprio (art. 157, caput, do CP) tem 
como meio de execução a violência, que é o emprego de força física contra a vítima; grave ameaça, que é promessa de mal grave e iminente e por 
qualquer meio que reduza a vítima à impossibilidade de resistência. 
Com relação à maneira de execução grave ameaça ou violência, temos violência própria, já a forma de execução qualquer meio que reduza a 
vítima à impossibilidade de resistência temos violência imprópria. 
Atenção 
No roubo impróprio somente há as formas de violência própria, isto é, violência ou grave ameaça. 
Consumação e tentativa no roubo próprio 
 
 
Consumação e tentativa no roubo impróprio 
 
 
Classificação Doutrinária 
 
Crime comum | Aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo; 
 
Crime de dano | Consuma-se apenas com a lesão efetiva ao bem jurídico tutelado; 
 
Crime material - quanto ao resultado | Que causa transformação no mundo exterior, consistente à diminuição do patrimônio 
da vítima; 
 
Crime comissivo | É da essência do próprio verbo nuclear, que só pode ser praticado por meio de uma ação positiva; 
 
Crime doloso | Não há previsão legal para a figura culposa; 
 
Crime de forma livre | Pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo; 
 
Crime instantâneo | A consumação opera-se de imediato, não se alongando no tempo; 
 
Crime unissubjetivo | Pode ser praticado, em regra, apenas por um agente; 
 
Crime plurissubsistente | Pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta. 
Atenção 
É inaplicável o princípio da insignificância no crime de roubo, conforme orientação dos Tribunais Superiores (STF: HC 96.671/MG e HC 95.174/RJ; 
STJ: REsp. 1.159.735/MG). 
Figuras típicas 
 
Atividades 
Para finalizarmos esta aula, responda as questões a seguir: 
Questão 1 - Tício, no vagão do trem lotado, habilmente consegue pegar a carteira de Caio. Ato contínuo, Caio percebendo a conduta de Tício, 
pede a devolução da carteira e no mesmo instante é agredido por Tício. Neste caso, Tício comete crime de: 
Roubo próprio. 
Roubo impróprio. 
Roubo majorado. 
Roubo qualificado. 
Roubo próprio por violência imprópria. 
Questão 2 - Elesbão, em determinada madrugada, precisando de dinheiro, pega a arma de brinquedo de seu filho e, prevalecendo-se de tal arma, 
subtrai bens de um determinado casal. Neste caso, é correto afirmar que Elesbão cometeu: 
Roubo majorado pelo emprega do arma. 
Roubo qualificado. 
Roubo na sua forma simples. 
Roubo circunstanciado mediante concurso de pessoas. 
Fato atípico, uma vez que a arma era de brinquedo. 
Questão 3 - Em determinada avenida de uma grande cidade, Caio querendo subtrair um automóvel utilitário, anuncia o assalto e a vítima, 
assustada, acelera e sai com seu automóvel. Irritado com a atitude, uma vez que não conseguiu subtrair o automóvel, Caio efetua disparos contra a vítima 
que vem a óbito. Neste caso, é correto afirmar que Caio cometeu: 
Latrocínio tentado. 
Homicídio. 
Tentativa de roubo na sua forma simples. 
Latrocínio consumado. 
Furto seguido de morte. 
 
Investigação I - Crimes Patrimoniais / Aula 3 - Extorsão - art. 158 do Código Penal 
Introdução 
Nesta aula, esclareceremos o bem jurídico tutelado no crime de roubo, com a classificação doutrinária. 
Identificaremos os elementos do tipo, ou seja, elementos objetivos, normativos e subjetivos. Em seguida, reconheceremos os sujeitos do 
delito (sujeito ativo e sujeito passivo). Identificaremos o momento consumativo e a possibilidade ou não da tentativa. Por fim, analisaremos 
a atual jurisprudência dos Tribunais Superiores. 
Bem jurídico tutelado no crime de extorsão 
Os bens jurídicos protegidos no crime de extorsão, que é crime complexo, são a liberdade individual, o patrimônio (posse e propriedade) e a integridade 
física e psíquica do ser humano. É também crime pluriofensivo. 
 
Analise cada uma das seguintes situações e classifique-as em crimes de extorsão ou roubo. Justifique. 
 
GABARITO 
Na primeira situação houve o roubo da carteira. 
Na segunda situação houve extorsão, pois Ana foi coagida a fazer o pagamento sob grave ameaça. Neste caso, ela optou por efetuar o pagamento para 
evitar que a ameaça se concretizasse. 
Na terceira situação ocorreu o roubo e a extorsão, pois no assalto mediante emprego de arma de fogo para a subtração da carteira o comportamento da 
vítima é prescindível, daí tratar-se do crime de roubo, já para o agente obter a senha do cartão de crédito o comportamento da vítima é imprescindível, e 
neste caso temos o crime de extorsão. 
Em resumo, a diferença entre roubo e extorsão, de acordo com a doutrina e a jurisprudência, está na imprescindibilidade ou não do comportamento da 
vítima, pois na extorsão é imprescindível o comportamento da vítima, enquanto no roubo é prescindível. Como podemos ver no exemplo: 
 
RECURSO ESPECIAL Nº 437.157 - SP 
PENAL. RECURSO ESPECIAL. ROUBO E EXTORSÃO. CONCURSO MATERIAL. TENTATIVA DE EXTORSÃO. POSSIBILIDADE. SÚMULA 
96 DO STJ. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 
1. Firme a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, sem divergir da do Supremo Tribunal Federal, no sentido de que configura hipótese de 
concurso material entre os crimes de roubo e extorsão, a conduta do autor que, após subtrair bens de propriedade da vítima, a obriga, também mediante 
grave ameaça, a efetuar compras de outros bens, visando a obtenção de indevida vantagem econômica. 
2. No caso, os fatos tais como postos na inicial acusatória revelam que, embora sob ameaça, a vítima não efetuou as compras determinadaspelo 
recorrido, tampouco preencheu cheques, uma vez que houve intervenção policial em tempo, caracterizando o início da execução que restou interrompida, 
antes de sua consumação, por força alheia à vontade do autor e/ou da vítima – figura da tentativa. 
3. Decisão que não afronta a Súmula 96 deste STJ. 
4. Recurso parcialmente provido. 
Enquanto no roubo o objeto é coisa móvel alheia, 
na extorsão o objeto pode ser coisa imóvel, como 
por exemplo constranger alguém a assinar 
escritura de compra e venda transferindo o imóvel 
para terceiro. 
PORTRAIT IMAGES ASIA BY NONWARIT / Shutterstock 
Elementos do tipo (objetivos, normativos e subjetivos) 
O tipo penal pode ser constituído de elementos objetivos, normativos e subjetivos. Quando o tipo penal contiver somente elementos objetivos 
temos tipo normal, porém quando a definição típica contém além de elementos objetivos, elementos normativos e subjetivos, chama-se de tipo 
anormal. 
 
Atenção 
 
JURISPRUDÊNCIA 
 
HC 87441 / PE - PERNAMBUCO 
HABEAS CORPUS 
Relator(a): Min. GILMAR MENDES 
"Para que se perfaça o delito de extorsão, é indispensável o uso de violência ou grave 
ameaça por parte do agente, circunstâncias sequer aventadas na denúncia, não se 
podendo, de outro lado, tomar a teórica exigência de quantia em dinheiro, condicionando 
a entrega de cópia do contrato, como indicativo de vis compulsiva." 
SUJEITOS DO DELITO 
Sujeito ativo: é crime comum, qualquer pessoa pode praticá-lo. 
Sujeito passivo: a ofensa perpetrada no crime de extorsão pode 
ser a pessoa atingida pela violência ou grave ameaça; a pessoa 
que faz, deixa de fazer ou tolera que se faça alguma coisa ou 
aquela pessoa que suporta o prejuízo econômico . 
Pode também a própria pessoa jurídica ser vítima do crime de 
extorsão. 
Consumação e tentativa 
http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=87441&classe=HC&codigoClasse=0&origem=JUR&recurso=0&tipoJulgamento=M
 
Classificação Doutrinária 
 
Crime comum | Aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo; 
 
Crime de dano | Consuma-se apenas com a lesão efetiva ao bem jurídico tutelado; 
 
Crime material - quanto ao resultado | Consuma-se independentemente do recebimento da vantagem patrimonial pretendida, 
isto é, com a ação de constranger a vítima; 
 
Crime comissivo | É da essência do próprio verbo nuclear, que só pode ser praticado por meio de uma ação positiva; 
 
Crime doloso | Não há previsão legal para a figura culposa; 
 
Crime de forma livre | Pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo; 
 
Crime instantâneo | A consumação opera-se de imediato, não se alongando no tempo; 
 
Crime unissubjetivo | Pode ser praticado, em regra, apenas por um agente; 
 
Crime plurissubsistente | Pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta. 
Figuras típicas 
EXTORSÃO SIMPLES 
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida 
vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa: 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
Na extorsão, temos o constrangimento (coagir, impor) a alguém a fazer algo, tolerar que se faça ou deixe de fazer alguma coisa. 
O constrangimento ocorre por meio de violência (física) ou grave ameaça. 
STF - HABEAS CORPUS HC 87441 PE (STF) 
"Para que se perfaça o delito de extorsão, é indispensável o uso de violência ou grave ameaça por parte do agente, circunstâncias 
sequer aventadas na denúncia, não se podendo, de outro lado, tomar a teórica exigência de quantia em dinheiro, condicionando a 
entrega de cópia do contrato, como indicativo de vis compulsiva." 
FORMA MAJORADA DA EXTORSÃO 
§1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade. 
1) quando o crime é cometido por duas ou mais pessoas. Neste caso é necessário que os agentes estejam praticando os atos 
executórios, não se admitindo a simples participação, uma vez que o dispositivo legal dispõe em crime cometido por duas 
ou mais pessoas. 
2) como no crime de roubo a arma pode ser tanto própria que é instrumento para ataque e defesa (arma de fogo, por exemplo), 
como imprópria que é instrumento utilizado para outra finalidade (faca de cozinha, por exemplo). 
EXTORSÃO QUALIFICADA 
§2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no §3º do artigo anterior. 
No §2º temos a extorsão qualificada. A extorsão qualificada somente é praticada mediante violência, não havendo extorsão 
qualificada quando praticada mediante grave ameaça. O resultado na extorsão qualificada pode ser lesão grave (ou gravíssima) 
ou morte. Na extorsão qualificada pela morte o crime é hediondo, conforme se verifica do art. 1º, IV, da Lei 8072/90. 
INFORMATIVO 531, STJ, (6ª TURMA) DIREITO PENAL. INCIDÊNCIA DA MAJORANTE DO § 1º DO ART. 158 DO CP 
SOBRE A EXTORSÃO QUALIFICADA PREVISTA NO § 3º DO MESMO DISPOSITIVO LEGAL. Em extorsão qualificada pela 
restrição da liberdade da vítima, sendo essa condição necessária para a obtenção da vantagem econômica (art. 158, 
§ 3º, do CP), é possível a incidência da causa de aumento prevista no § 1º do art. 158 do CP (crime cometido por 
duas ou mais pessoas ou com emprego de arma). A Lei n. 11.923/2009 não cria um novo delito autônomo chamado 
de "sequestro relâmpago", sendo apenas um desdobramento do tipo do crime de extorsão, uma vez que o legislador 
apenas definiu um modus operandi do referido delito. É pressuposto para o reconhecimento da extorsão qualificada 
a prática da ação prevista no caput do art. 158 do CP, razão pela qual não é possível dissociar o crime qualificado das 
circunstâncias a serem sopesadas na figura típica do art. 158. Assim, tendo em vista que o texto legal é dotado de 
unidade e que as normas se harmonizam, conclui-se, a partir de uma interpretação sistemática do art. 158 do CP, 
que o seu § 1º não foi absorvido pelo § 3º, pois, como visto, o § 3º constitui-se qualificadora, estabelecendo outro 
mínimo e outro máximo da pena abstratamente cominada ao crime; já o § 1º prevê uma causa especial de aumento 
de pena. Dessa forma, ainda que topologicamente a qualificadora esteja situada após a causa especial de aumento 
de pena, com esta não se funde, uma vez que tal fato configura mera ausência de técnica legislativa, que se explica 
pela inserção posterior da qualificadora do § 3º no tipo do art. 158 do CP, que surgiu após uma necessidade de 
reprimir essa modalidade criminosa. Ademais, não há qualquer impedimento do crime de extorsão qualificada pela 
restrição da liberdade da vítima ser praticado por uma só pessoa sem o emprego de arma, o que configuraria o 
crime do § 3º do art. 158 do CP sem a causa de aumento do § 1º do art. 158. Em circunstância análoga, na qual foi 
utilizada majorante prevista topologicamente em parágrafo anterior à forma qualificada, tal como na hipótese, o STJ 
decidiu que, sendo compatível o privilégio do art. 155, § 2º, do CP com as hipóteses objetivas de furto qualificado 
(REsp 1.193.194-MG, Terceira Seção, recurso representativo de controvérsia, DJe 28/8/2012), mutatis mutandis, não 
há incompatibilidade entre o furto qualificado e a causa de aumento relativa ao seu cometimento no período 
noturno (AgRg no AREsp 741.482-MG, Quinta Turma, DJe 14/9/2015; e HC 306.450-SP, Sexta Turma, DJe 
17/12/2014). REsp 1.353.693-RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 13/9/2016, DJe 21/9/2016. 
Exercícios 
Questão 1 - De acordo com o entendimento jurisprudencial dominante é CORRETO afirmar que o crime de extorsão se consuma: 
 
Com o recebimento de parte da vantagem indevida. 
 
Com o total recebimento da vantagem indevida. 
 
Com o exaurimento da vantagem indevida. 
 
Quando iniciado os atos preparatórios. 
 
Independentemente da vantagem indevida obtida, pois trata-se de crime formal. 
Questão2 - Caio leva uma determinada vítima até o caixa eletrônico e impõe o saque da quantia de R$ 500,00. Neste caso, Caio cometeu o crime 
de: 
 
Roubo majorado pelo emprega do arma. 
 
Extorsão simples. 
 
Extorsão majorada pelo concurso de pessoas. 
 
Extorsão qualificada pela restrição da liberdade. 
 
Roubo próprio simples. 
Questão 3 - No que concerne a diferença entre roubo e extorsão é CORRETO afirmar que: 
 
Não há nenhuma diferença, uma vez que são crimes da mesma espécie. 
 
No roubo, o comportamento da vítima é prescindível, já na extorsão imprescindível. 
 
Na extorsão, o comportamento da vítima é prescindível, porém no roubo é imprescindível. 
 
No roubo há emprego de violência ou grave ameaça, o que não ocorre na extorsão. 
 
A extorsão pode ser praticada mediante emprego de arma de fogo, já no roubo não é possível praticá-lo mediante emprego de arma de fogo. 
 
Investigação I - Crimes Patrimoniais / Aula 4 - Extorsão mediante sequestro (art. 159, CP) 
 Introdução 
Nesta aula, esclareceremos o bem jurídico tutelado no crime de extorsão mediante sequestro, com a classificação doutrinária. 
Identificaremos os elementos do tipo, ou seja, elementos objetivos, normativos e subjetivos. Em seguida, reconheceremos os sujeitos do 
delito (sujeito ativo e sujeito passivo). Identificaremos o momento consumativo e a possibilidade ou não da tentativa. Por fim, analisaremos 
a atual jurisprudência dos Tribunais Superiores. 
Bem jurídico tutelado no crime de extorsão mediante sequestro 
Os bens jurídicos protegidos no crime do art. 159 do CP são: 
 
Extorsão mediante sequestro é crime pluriofensivo. 
Atenção 
 
JURISPRUDÊNCIA 
 
"HABEAS CORPUS Nº 113.978 - SP (2008/0185111-5) - STJ 
HABEAS CORPUS. EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO COM RESULTADO MORTE. PRETENSÃO DE DESCLASSIFICAÇÃO PARA 
HOMICÍDIO TENTADO. IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA. ELEMENTOS DOS AUTOS QUE APONTAM, COM CLAREZA, A PRÁTICA DE 
DELITO CONTRA O PATRIMÔNIO. 
1. O delito previsto no art. 159 do Código Penal é crime complexo, que ofende ao mesmo 
tempo o patrimônio e a liberdade da vítima. Em sua forma qualificada – com resultado morte 
– fere ainda um terceiro bem jurídico, a vida, razão porque é punido de forma mais rigorosa." 
Elementos do tipo (objetivos, normativos e subjetivos) 
O tipo penal pode ser constituído de elementos objetivos, normativos e subjetivos. Quando o tipo penal contiver somente elementos objetivos 
temos tipo normal, porém quando a definição típica contém além de elementos objetivos, elementos normativos e subjetivos, chama-se de tipo 
anormal. 
 
SUJEITOS DO DELITO 
Sujeito ativo: é crime comum, qualquer pessoa pode praticá-lo. 
Sujeito passivo: sujeitos passivos serão tanto o indivíduo que 
tem sua liberdade de locomoção tolhida, como aquele que sofre a 
lesão patrimonial. 
 
De acordo com o professor Rogério Greco: sim! Por exemplo: seus sócios podem ser privados da sua liberdade, para que se efetue o pagamento do 
resgate por intermédio do patrimônio da pessoa jurídica a eles pertencente. 
E os animais? 
Vamos analisar o seguinte caso: 
 
 
ProStockStudio / Shutterstock e Sue McDonald / Shutterstock 
Após a análise do caso, indique se o ato de Carina se configura como crime de extorsão mediante sequestro. Justifique sua resposta. 
GABARITO 
A conduta de Carina foi criminosa, mas não pode ser configurada como sequestro – ato que só é cometido contra “pessoa”. Conforme indica o 
dispositivo legal do Código Penal: 
 “Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate [...]”. (grifo nosso) 
Nesse caso, como a jovem privou a liberdade de locomoção do animal e obrigou seu dono a pagar resgate por sua liberdade, o crime é de extorsão. 
Consumação e tentativa 
 
 
Agora, vamos analisar o seguinte caso: 
 
 
Dean Drobot / Shutterstock, Sutichak / Shutterstock e Billion Photos / Shutterstock 
Considerando que Glória não chegou a ser levada para um cativeiro e que nenhum pagamento de resgate foi, de fato, exigido, o crime pode ser 
configurado como extorsão mediante sequestro? Justifique sua resposta. 
GABARITO 
Sim, pois o delito se consuma no momento em que a vítima é privada de sua liberdade. Conforme nos mostra o exemplo abaixo: 
INFORMATIVO 27, STF (1ª TURMA) 
Sequestro e Competência 
A competência para o julgamento do crime de extorsão mediante sequestro é do juízo da comarca em que a vítima foi sequestrada, não do juízo da 
comarca para a qual foi ela levada e mantida presa. Delito que se consuma no momento em que a vítima é privada 
de sua liberdade. HC 73.521-CE, rel. Min. Ilmar Galvão, 16.04.96. 
HABEAS CORPUS Nº 113.978 - SP (2008/0185111-5) – STJ 
"A extorsão mediante sequestro, como crime formal ou de consumação antecipada, opera-se 
com a simples privação da liberdade de locomoção da vítima, por tempo juridicamente 
relevante. Ainda que o sequestrado não tenha sido conduzido ao local de destino, o crime está 
consumado" (MIRABETE, Julio Fabbrini. Código Penal Interpretado. 6ª edição. São Paulo: 
Atlas. 2007, pág. 1.476). 
Classificação Doutrinária 
 
Crime comum | Aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo; 
 
Crime de dano | Consuma-se apenas com a lesão efetiva ao bem jurídico tutelado; 
 
Crime formal - quanto ao resultado | Consuma-se independentemente do recebimento da vantagem patrimonial pretendida; 
 
Crime comissivo | É da essência do próprio verbo nuclear, que só pode ser praticado por meio de uma ação positiva; 
 
Crime doloso | Não há previsão legal para a figura culposa; 
 
Crime de forma livre | Pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo; 
 
Crime permanente | A consumação alonga-se no tempo; 
 
Crime unissubjetivo | Pode ser praticado, em regra, apenas por um agente; 
 
Crime plurissubsistente | Pode ser desdobrado em vários atos que, no entanto, integram a mesma conduta. 
Figuras típicas - extorsão mediante sequestro simples e qualificada 
 Sequestro (simples) 
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, 
qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: Lei nº 8.072, de 
25.7.90 (Vide Lei nº 10.446, de 2002). 
 
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 
25.7.1990) 
 
O núcleo do tipo sequestrar significa impedir o direito de ir e vir. Tratando-se de 
crime quanto ao resultado formal, o recebimento da vantagem é mero 
exaurimento. Entende a maioria da doutrina que a expressão qualquer vantagem 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10446.htm#art1i
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm#art159
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm#art159
deve ser vantagem econômica, uma vez que o crime está no capítulo dos crimes 
contra o patrimônio. 
Forma majorada de sequestro 
§1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é menor de 18 
(dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. 
Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) 
 
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990) 
 
Figuras qualificadas: 
 
• No §1º temos as figuras qualificadas: 
• A duração do sequestro por mais de 24 horas verifica-se desde o momento da privação até a 
efetiva liberdade. 
• Já a qualificadora referente a idade da vítima tem relação com a capacidade de resistência das 
vítimas. 
• A última qualificadora, bando ou quadrilha (atualmente associação criminosa, de acordo com a 
nova redação do art. 288 do CP), depende, necessariamente, de que haja reunião estável e 
permanente de 3 ou mais pessoas. 
Bando ou quadrilha: STJ - HABEAS CORPUS Nº 230.484 – SP 
 
"É possível, num mesmo contexto, a concomitante condenação pelos crimes de extorsão 
mediante sequestro qualificada e formaçãode quadrilha, pois os delitos são autônomos e 
independentes." 
Sequestro com lesão corporal ou morte 
§2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm#art9
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.741.htm#art159%C2%A71
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm#art159
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm#art9
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 
25.7.1990) 
 
A presente qualificadora incide se do sequestro resultar lesão grave (ou gravíssima), podendo 
esse resultado qualificador ser a título de dolo ou culpa. 
 
§3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90. Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta 
anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990) 
 
O resultado qualificador morte pode ser igualmente a título de dolo ou culpa. 
Delação premiada 
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, 
facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. (Redação 
dada pela Lei nº 9.269, de 1996) 
 
Trata-se de causa especial de diminuição de pena. Para a incidência da delação premiada é 
necessário que: 
 
I) o crime tenha sido cometido em concurso; 
II) um dos sequestradores denuncie à autoridade (Delegado de Polícia, por exemplo); 
III) facilite a libertação do sequestrado. 
 
Veja alguns exemplos. 
INFORMATIVO 253, STJ (6ª TURMA) SEQUESTRO. EXTORSÃO. DELAÇÃO PREMIADA. A delação premiada pressupõe a 
informação à autoridade e o efeito de facilitar a libertação do sequestrado (§ 4º, art. 159, do CP, acrescentado pela 
Lei n. 8.072/1990). Sendo assim, não há delação quando a libertação da vítima se dá após o recebimento do preço 
do resgate, ainda que nenhuma outra violência tenha sido praticada contra ela. Outrossim, não existe a prescrição 
da pretensão punitiva, pois não supera os doze anos o lapso temporal entre a última causa interruptiva (sentença 
condenatória) e a presente data. Com esse entendimento, a Turma deu provimento ao recurso do MP para afastar a 
redução da pena referente à delação premiada. Precedente citado do STF: HC 69.328-SP, DJ 5/6/1992. REsp 223.364-
PR, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, julgado em 30/6/2005. JURISPUDÊNCIA "HABEAS CORPUS Nº 26.325 - ES 
(2003/0000257-7) - STJ CRIMINAL. HC. EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO. DOSIMETRIA. DELAÇÃO PREMIADA. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm#art159
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm#art159
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm#art9
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm#art159
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9269.htm#art1
http://estacio.webaula.com.br/cursos/GON833/galeria/aula4/docs/a04_09_01.pdf
INFORMAÇÕES EFICAZES. INCIDÊNCIA OBRIGATÓRIA. DESCONSIDERAÇÃO PELO TRIBUNAL A QUO. 
CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. ORDEM CONCEDIDA. I . A “delação premiada” prevista no art. 159, § 4º, 
do Código Penal é de incidência obrigatória quando os autos demonstram que as informações prestadas pelo agente 
foram eficazes, possibilitando ou facilitando a libertação da vítima." "HABEAS CORPUS Nº 107.916 - RJ 
(2008/0122076-1) - STJ PROCESSO PENAL - HABEAS CORPUS – EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO - DELAÇÃO 
PREMIADA – IMPOSSIBILIDADE. 1. O instituto da delação premiada consiste em ato do acusado que, admitindo a 
participação no delito, fornece às autoridades elementos capazes de facilitar a resolução do crime. 2. A conduta do 
paciente não foi eficaz na resolução do crime e sequer influenciou na soltura da vítima. 3. Ordem denegada." 2 
"HABEAS CORPUS Nº 40.633 - SP (2004/0182951-8) - STJ HABEAS CORPUS. PENAL. EXTORSÃO MEDIANTE 
SEQUESTRO. VÍTIMA LIBERTADA POR CORRÉU ANTES DO RECEBIMENTO DO RESGATE. RETROATIVIDADE DA LEI 
PENAL MAIS BENÉFICA DELAÇÃO PREMIADA. REDUÇÃO DA PENA. ORDEM CONCEDIDA. 1. A libertação da vítima de 
sequestro por corréu, antes do recebimento do resgate, é causa de diminuição de pena, conforme previsto no art. 
159, § 4º, do Código Penal, com a redação dada pela Lei nº 9.269/96, que trata da delação premiada. 2. Mesmo que 
o delito tenha sido praticado antes da edição da Lei nº 9.269/96, aplica-se o referido dispositivo legal, por se tratar 
de norma de direito penal mais benéfica. 3. Ordem concedida." 
Incidência da Lei 8.072/90 
Conforme o art. 1º, IV, da Lei 8072/90 todas as 
hipóteses de extorsão mediante sequestro são 
consideradas hediondas. 
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Exercícios 
Questão 1 - De acordo com a qualificação doutrinária, a extorsão mediante sequestro é crime: 
 
Culposo. 
 
Permanente. 
 
Instantâneo. 
 
Material. 
 
De mera conduta. 
Questão 2 - Tício sequestra Caio e pede como condição para libertá-lo R$ 100.000,00 (cem mil reais). Como a família de Caio não tinha 
condições financeiras Tício libertou Caio. Neste caso, é CORRETO afirmar que: 
 
O crime de extorsão mediante sequestro se consumou, uma vez que a vantagem indevida é mero exaurimento. 
 
Como não houve pagamento do resgate não houve crime. 
 
O crime de extorsão mediante sequestro foi tentado, pois não houve pagamento de resgate. 
 
Ocorreu crime impossível, justamente porque a família não tinha condição financeira. 
 
Haverá diminuição de pena, pois houve delação premiada. 
Questão 3 - No crime de extorsão mediante sequestro havendo delação premiada: 
 
Não haverá diminuição de pena. 
 
Haverá diminuição de pena de um sexto a dois terços. 
 
Haverá diminuição de pena de um a dois terços. 
 
Haverá diminuição de pena da metade. 
 
Haverá diminuição de pena de três quintos. 
Investigação I - Crimes Patrimoniais / Aula 5 - Dano (art. 163, CP) 
 Introdução 
Nesta aula, esclareceremos o bem jurídico tutelado no crime de dano, com a classificação doutrinária. 
Identificaremos os elementos do tipo, ou seja, elementos objetivos, normativos e subjetivos. Em seguida, reconheceremos os sujeitos do 
delito (sujeito ativo e sujeito passivo). Identificaremos o momento consumativo e a possibilidade ou não da tentativa. Por fim, analisaremos 
a atual jurisprudência dos Tribunais Superiores. 
Bem jurídico tutelado no crime de dano 
O bem jurídico tutelado é o bem privado ou público, pode ser bem móvel ou imóvel, de pessoas física ou jurídica. 
Vamos analisar o exemplo a seguir: 
 
Após a análise do caso, responda: você considera o principio da insignificância relevante para a concessão do Habeas Corpus? 
GABARITO 
Nesse caso, o principio da insignificância se aplica, pois não houve custo para o reparo do alarme. Assim, a conduta de Gilmar não foi suficiente para 
atingir o bem jurídico tutelado. Conforme nos mostra o exemplo: 
JURISPRUDÊNCIA SOBRE A ADMISSIBILIDADE DO PRINCÍPIO DA 
INSIGNIFICÂNCIA NO CRIME DE DANO 
"HABEAS CORPUS Nº 147.388 - MS (2009/0179619-7) - STJ 
Patrimônio público (dano). Coisa destruída (pequeno valor). Princípio da insignificância (adoção). 
1. A melhor das compreensões penais recomenda não seja mesmo o ordenamento jurídico penal destinado a questões pequenas – coisas quase sem 
préstimo ou valor. 
2. Antes, falou-se, a propósito, do princípio da adequação social; hoje, fala-se, a propósito, do princípio da insignificância. Já foi escrito: "Onde bastem 
os meios do direito civil ou do direito público, o direito penal deve retirar-se." 
3. É insignificante, dúvida não há, a destruição e inutilização de fios de sensores do alarme de cadeia pública. 
4. A insignificância, é claro, mexe com a tipicidade, donde a conclusão de que fatos dessa natureza evidentemente não constituem crime. 
5. Ordem concedida." 
Vamos analisar outro caso: 
 
Neste caso, podemos considerar o princípio da insignificância relevante para o pedido de Habeas Corpus? 
GABARITO 
A conduta de Wellington privou os outros detentos do acesso a água, causando tumulto 
no ambiente carcerário. Por isso, o comportamento imputado por ele não podeser 
caracterizado como insignificante, ainda que o objeto material do crime seja de ínfimo 
valor. 
 
"HABEAS CORPUS Nº 148.599 - MG (2009/0187100-0)  STJ PROCESSUAL PENAL. CRIME MATERIAL. VESTÍGIOS. 
DESAPARECIMENTO. PERÍCIA. IMPOSSIBILIDADE. PROVA TESTEMUNHAL. SUPRIMENTO. DIREITO PENAL. DANO. 
PATRIMÔNIO PÚBLICO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. NÃO INCIDÊNCIA. ATIPICIDADE MATERIAL. NÃO 
RECONHECIMENTO. 1. Firmado pelo Tribunal de origem, em sede de apelação, que não foi possível realizar a perícia, 
porque desaparecidos os vestígios do crime de dano, não há como, em habeas corpus, onde não há espaço para 
dilação probatória, concluir de modo contrário. 2. Julgamento na origem em consonância com o entendimento desta 
Corte sobre o tema. 3. Consoante entendimento jurisprudencial, o "princípio da insignificância - que deve ser 
analisado em conexão com os postulados da fragmentaridade e da intervenção mínima do Estado em matéria penal 
- tem o sentido de excluir ou de afastar a própria tipicidade penal, examinada na perspectiva de seu caráter material. 
(...) Tal postulado - que considera necessária, na aferição do relevo material da tipicidade penal, a presença de certos 
vetores, tais como (a) a mínima ofensividade da conduta do agente, (b) a nenhuma periculosidade social da ação, (c) 
o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e (d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada - 
apoiou-se, em seu processo de formulação teórica, no reconhecimento de que o caráter subsidiário do sistema penal 
reclama e impõe, em função dos próprios objetivos por ele visados, a intervenção mínima do Poder Público." (HC nº 
84.412-0/SP, STF, Min. Celso de Mello, DJU 19.11.2004) 4. Não é insignificante a conduta do paciente que, preso em 
cadeia pública, destruiu uma torneira em sua cela, visando deixar os demais detentos sem água, tumultuando o 
ambiente carcerário. 5. Em tais circunstâncias, não há como reconhecer o caráter insignificante do comportamento 
imputado, ainda que o objeto material do crime seja de ínfimo valor, havendo afetação do bem jurídico pelo modo 
como perpetrado o delito e pela qualidade da vítima (Município). 6. Ordem denegada. " 
Elementos do tipo (objetivos, normativos e subjetivos) 
O tipo penal pode ser constituído de elementos objetivos, normativos e subjetivos. Quando o tipo penal contiver somente elementos objetivos 
temos tipo normal, porém quando a definição típica contém além de elementos objetivos, elementos normativos e subjetivos, chama-se de tipo 
anormal. 
 
Atenção 
O crime de dano somente é punível na sua forma dolosa, não se pune criminalmente o dano culposo. 
 
A doutrina diverge sobre a existência ou não de elemento subjetivo do tipo (elemento específico), que seria o animus nocendi: 
 
SUJEITOS DO DELITO 
Sujeito ativo: é crime comum, qualquer pessoa pode praticá-lo. 
Sujeito passivo: Qualquer pessoa, física ou jurídica, que tem a 
posse ou propriedade de um bem. 
Consumação e tentativa 
 
Classificação Doutrinária 
 
Crime comum | Aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo; 
 
Crime de dano | Consuma-se apenas com a lesão efetiva ao bem jurídico tutelado; 
 
Crime material - quanto ao resultado | Que causa transformação no mundo exterior, consistente à diminuição do patrimônio 
da vítima; 
 
Crime comissivo | Os verbos implicam em ação, excepcionalmente pode ser omissivo impróprio; 
 
Crime doloso | Não há previsão legal para a figura culposa; 
 
Crime de forma livre | Pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo; 
 
Crime instantâneo | A consumação opera-se de imediato, não se alongando no tempo; 
 
Crime unissubjetivo | Pode ser praticado, em regra, apenas por um agente; 
 
Crime plurissubsistente | Pode ser desdobrado em vários atos que, no entanto, integram a mesma conduta. 
Figuras típicas 
 
Dano 
 
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
É um tipo misto alternativo ou crime de conteúdo variado, pois existem três verbos: 
 
• Destruir é arruinar a coisa; 
• Inutilizar é tornar a coisa inválida; 
• Deteriorar é estragar a coisa. 
Em razão da pena imposta, é infração de menor potencial ofensivo. 
A conduta de pichar edificação ou monumento urbano é crime ambiental, previsto no art. 65 da Lei 9,605/98. 
Dano qualificado 
Parágrafo único - Se o crime é cometido: 
 
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente à violência. 
Em razão da pena, não é infração de menor potencial ofensivo. 
III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de 
economia mista. (Redação dada pela Lei nº 5.346, de 3.11.1967) INFORMATIVO 567, STJ, (5ª TURMA) DIREITO 
PENAL. CRIME DE DANO PRATICADO CONTRA A CEF. O crime de dano (art. 163 do CP) não será qualificado (art. 163, 
parágrafo único, III) pelo fato de ser praticado contra o patrimônio da Caixa Econômica Federal (CEF). O crime de 
dano qualificado previsto no art. 163, parágrafo único, III, do CP possui a seguinte redação: "Destruir, inutilizar ou 
deteriorar coisa alheia: [...]. Parágrafo único - Se o crime é cometido: [...] III - contra o patrimônio da União, Estado, 
Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista [...]". Diante da literalidade 
do referido dispositivo penal, questionase se o dano ao patrimônio de entes públicos nele não mencionados, como 
as empresas públicas, permitiria ou não a incidência da qualificadora em questão. Como se sabe, o Direito Penal é 
regido pelo princípio da legalidade, não havendo crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia 
cominação legal, nos termos do art. 5º, XXXIX, da CF e do art. 2º do CP. Em observância ao mencionado postulado, 
não se admite analogia em matéria penal quando utilizada de modo a prejudicar o réu. Desse modo, ainda que o 
legislador tenha pretendido proteger o patrimônio público de forma geral por via da previsão da forma qualificada 
do dano e, além disso, mesmo que a destruição ou a inutilização de bens de empresas públicas seja tão prejudicial 
quanto as cometidas em face das demais pessoas jurídicas mencionadas na norma penal em exame, o certo é que, 
não é possível incluir a CEF (empresa pública) no rol constante do dispositivo em apreço. Precedente citado: AgRg no 
REsp 1.469.224-DF, Sexta Turma, DJe 20/2/2015. RHC 57.544-SP, Rel. Min. Leopoldo de Arruda Raposo 
(Desembargador convocado do TJ-PE), julgado em 6/8/2015, DJe 18/8/2015. IV - Por motivo egoístico ou com 
prejuízo considerável para a vítima. Motivo egoístico consiste em dano que visa conseguir benefício de ordem 
econômica. Com prejuízo considerável necessário se faz avaliar a condição econômica da vítima. JURISPRUDÊNCIA 
"HABEAS CORPUS Nº 119.995 - MG (2008/0246032-8) - STJ HABEAS CORPUS. DANO QUALIFICADO. CIRCUNSTÂNCIAS 
JUDICIAIS. VALORAÇÃO NEGATIVA. ILEGALIDADE. ELEMENTARES DO TIPO. ATO INFRACIONAL. AÇÕES PENAIS EM 
ANDAMENTO. INTENÇÕES DO AUTOR. UTILIZAÇÃO. 2 IMPOSSIBILIDADE. PENA-BASE. READEQUAÇÃO. MÍNIMO 
LEGAL. ALTERAÇÃO. REGIME PRISIONAL. 1. A lesão ao patrimônio é elementar do crime de dano, não podendo ser 
considerada como circunstância judicial negativa. 2. No crime de dano o prejuízo patrimonial da vítima não pode ser 
considerado como consequência do crime, nos moldes previstos no art. 59 do Código Penal, uma vez que constitui o 
próprio resultado naturalístico da ação, sem o qual, inclusive, a conduta seria atípica." 
Exercícios 
Questão 1 - A namorada de Tício, possuída por forte ciúme, riscou seu automóvel como forma de vingança por tê-lo flagrado com outra mulher. 
Neste caso, é CORETO afirmar que se trata de: 
 
Crime de dano qualificado por motivo egoístico. 
 
Crime de dano qualificado com emprego de substância explosiva. 
 
Crime de dano qualificado por violência contra a coisa. 
 
Crime de danosimples. 
 
Fato atípico, uma vez que o ciúme afasta a tipicidade. 
Questão 2 - Joaquim, em razão de estar atrasado para o trabalho, esbarra acidentalmente em Maria e derruba seu notebook, causando, assim, 
inutilização do computador. Neste caso, é CORRETO afirmar que: 
 
Ocorreu dano simples, em razão do núcleo do tipo inutilizar. 
 
Trata-se de fato atípico, uma vez que não se pune o dano culposo. 
 
É crime de dano qualificado por motivo egoístico. 
 
Haverá dano qualificado em razão da violência contra a pessoa. 
 
Como ocorreu prejuízo considerável para a vítima o crime de dano é qualificado. 
Questão 3 - Manoel, em momento de ira, pega seu celular e joga no chão, causando completa destruição no seu telefone. Neste caso, podemos 
afirmar que: 
 
O crime de dano foi na sua forma qualificada por motivo egoístico. 
 
Como o dano foi culposo, não há crime. 
 
Ocorreu dano qualificado pelo prejuízo considerável. 
 
Trata-se de crime de dano simples. 
 
Não há crime, pois somente haverá crime de dano se a coisa for alheia. 
 
Investigação I - Crimes Patrimoniais / Aula 6 - Apropriação indébita (art.168, CP) 
 Introdução 
Nesta aula, esclareceremos o bem jurídico tutelado no crime de roubo, com a classificação doutrinária. 
Identificaremos os elementos do tipo, ou seja, elementos objetivos, normativos e subjetivos. Em seguida, reconheceremos os sujeitos do 
delito (sujeito ativo e sujeito passivo). Identificaremos o momento consumativo e a possibilidade ou não da tentativa. Por fim, analisaremos 
a atual jurisprudência dos Tribunais Superiores. 
Bem jurídico tutelado no crime de apropriação indébita 
O bem jurídico protegido no crime do art. 168 do CP é o patrimônio, ou seja, a propriedade e a posse legítima de bens móveis. 
Vamos analisar o exemplo: 
 
Após a análise do caso, responda: você considera que a atitude do Rodrigo caracteriza apropriação indébita? Justifique. 
GABARITO 
Acertou se você respondeu que sim. É fundamental entender apropriação indébita como 
uma quebra de confiança, uma vez que o agente tem a posse legítima da coisa e 
posteriormente inverte tal posse, comportando-se como se fosse proprietário. Além disso, 
a natureza fungível do bem não descaracteriza o crime, conforme nos mostra o exemplo: 
JURISPRUDÊNCIA! 
"RECURSO ESPECIAL Nº 880.870 - PR (2006/0064018-7) - STJ 
PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AO ART. 619 DO 
CPP INEXISTENTE. BEM FUNGÍVEL. CONFIGURAÇÃO DO CRIME DE APROPRIAÇÃO 
INDÉBITA. AUTORIA. SÚMULA 07 DESTA CORTE. NÃO INDICAÇÃO DO DISPOSITIVO 
DE LEI FEDERAL VIOLADO. SÚMULA Nº 284/STF. 
II - O fato da coisa indevidamente apropriada ser bem fungível não impede a 
caracterização do crime de apropriação indébita (Precedentes desta Corte e do Pretório 
Excelso)." 
Elementos do tipo (objetivos, normativos e subjetivos) 
O tipo penal pode ser constituído de elementos objetivos, normativos e subjetivos. Quando o tipo penal contiver somente elementos objetivos 
temos tipo normal, porém quando a definição típica contém além de elementos objetivos, elementos normativos e subjetivos, chama-se de tipo 
anormal. 
 
Saiba Mais 
"RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 22.914 - BA (2008/0008647-5) - STJ 
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. CRIME DE APROPRIAÇÃO INDÉBITA. AUSÊNCIA 
DE DOLO (ANIMUS REM SIBI HABENDI). ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO NÃO CARACTERIZADO. CONDUTA ATÍPICA. DENÚNCIA. 
ADITAMENTO. INEXISTÊNCIA DE DESCRIÇÃO DA ATUAÇÃO DO AGENTE NO FATO DITO CRIMINOSO. INÉPCIA. 
CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. INCONFORMISMO PROVIDO. CO-RÉUS NÃO-RECORRENTES. SITUAÇÃO FÁTICO-
PROCESSUAL IDÊNTICA. EXTENSÃO DA DECISÃO QUE SE IMPÕE (ART. 580 DO CPP). 
1. Constatado que o recorrente não revelou a intenção de apoderar-se de bem alheio, que temporariamente permaneceu na sua posse, a simples mora na 
sua entrega ao proprietário, consoante orientação consignada pela teoria finalista da ação e adotada pela sistemática penal pátria, não configura o crime 
de apropriação indébita descrito no art. 168 do CP, em razão da ausência do dolo - animus rem sibi habendi -, elemento subjetivo do tipo e 
essencial ao prosseguimento da imputação criminal." 
SUJEITOS DO DELITO 
Sujeito ativo: é crime comum, pode ser qualquer pessoa que 
tenha posse ou detenção legítima de coisa alheia. 
Sujeito passivo: qualquer pessoa, física ou jurídica, titular do 
direito patrimonial. 
Atenção 
Por força do Estatuto do Idoso a apropriação de bens, proventos, pensão, ou outro rendimento de pessoa idosa, ocorre o crime previsto no art. 102 da Lei 
10.741/03. 
 
Consumação e tentativa 
 
Classificação Doutrinária 
 
Crime comum | Aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo; 
 
Crime de dano | Consuma-se apenas com a lesão efetiva ao bem jurídico tutelado; 
 
Crime material - quanto ao resultado | Que causa transformação no mundo exterior, consistente à diminuição do patrimônio 
da vítima; 
 
Crime comissivo ou omissivo | Pode ser praticado tanto por ação como por omissão; 
 
Crime doloso | Não há previsão legal para a figura culposa; 
 
Crime de forma livre | Pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo; 
 
Crime instantâneo | A consumação opera-se de imediato, não se alongando no tempo; 
 
Crime unissubjetivo | Pode ser praticado, em regra, apenas por um agente; 
 
Crime plurissubsistente | Pode ser desdobrado em vários atos que, no entanto, integram a mesma conduta. 
Figuras típicas 
 
Apropriação indébita 
 
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção: 
São requisitos para a apropriação indébita a entrega voluntária do bem para a vítima e boa-fé do agente no momento que recebeu a coisa, sendo certo que 
o dolo (vontade de se apropriar da coisa) é posterior ao recebimento da coisa. 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
Aumento de pena 
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa: 
 I - EM DEPÓSITO NECESSÁRIO 
O conceito de depósito necessário está no art. 647 do Código Civil, Art. 647. 
É depósito necessário: 
 
I - o que se faz em desempenho de obrigação legal; 
II - o que se efetua por ocasião de alguma calamidade, como o incêndio, a 
inundação, o naufrágio ou o saque. 
De acordo com a doutrina, a presente causa de aumento de pena somente incide na hipótese do inciso II (depósito miserável) do art. 647 do 
Código Civil, pois o inciso I (depósito legal) é depósito legal e, neste caso, ocorre o crime de peculato, previsto no art. 312, caput, do Código 
Penal. 
 II - NA QUALIDADE DE TUTOR, CURADOR, SÍNDICO, 
LIQUIDATÁRIO, INVENTARIANTE, TESTAMENTEIRO OU 
DEPOSITÁRIO JUDICIAL 
Tutor - é aquele nomeado judicialmente para cuidar de menor de idade e administrar seus bens. A tutela ocorre em caso de falecimento 
dos pais ou se declarados ausentes; 
Curador - é aquele nomeado judicialmente para cuidar de maior incapaz (por exemplo, doente mental) e administrar seus bens; 
Síndico - é aquele que administra os bens da massa falida e, após a Lei 11.101/05, tal expressão foi substituída por administrador judicial; 
Liquidatário - a liquidação extrajudicial (Lei 6.024/74) é procedimento administrativo que tem semelhança com a falência. Portanto, 
a figura do liquidante (art. 34, Lei 6.024/74) se assemelha à do administrador judicial na falência; 
Inventariante - é aquele que administra os bens do autor da herança e impulsiona o inventário; 
Testamenteiro - é aquele que tem a incumbência de cumprir as disposições do testamento; 
Depositário Judicial - é aquele que guarda e conserva os bens penhorados, arrestados, sequestrados ou arrecadados, conforme 
art. 159 do Código de Processo Civil. 
 III - EM RAZÃO DE OFÍCIO, EMPREGO OU PROFISSÃO 
Emprego - é prestação de serviço com subordinação e dependência; 
Ofício - é ocupação manual ou mecânica com certo grau de habilidade; 
Profissão - atividade que se caracterizapela ausência de hierarquia. 
JURISPRUDÊNCIA APROPRIAÇÃO INDÉBITA INFORMATIVO 409, STJ, (6ª TURMA) EXTINÇÃO. PUNIBILIDADE. 
DEVOLUÇÃO. COISA APROPRIADA. A Turma, ao prosseguir o julgamento, entendeu, por maioria, extinguir a 
punibilidade quando há devolução da coisa apropriada antes de recebida a denúncia. No caso, a coisa apropriada 
fora restituída antes mesmo do oferecimento da denúncia, que descreve ter sido o paciente contratado para assistir 
as vítimas numa reclamação trabalhista e se apropriou dos valores a que condenada a reclamada. Precedentes 
citados: HC 48.805-SP, DJ 19/11/2007, e RHC 21.489-RS, DJ 24/3/2008. RHC 25.091- MS, Rel. originário Min. Haroldo 
Rodrigues (Desembargador convocado do TJ-CE), Rel. para acórdão Min. Nilson Naves, julgado em 29/9/2009. 
INFORMATIVO 415, STJ, (6ª TURMA) CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. APROPRIAÇÃO. A Turma, prosseguindo o 
julgamento, proveu o agravo, entendendo que, no crime de apropriação indébita de contribuição previdenciária, a 
conduta omissiva delimitada no art. 13, §2º, do CP deve vir pautada pelo desvalor do resultado, por inexistir o dolo 
na conduta não intencional, como a que não se realizou por circunstância fora das condições do empresário. Na 
hipótese, a vontade de se apropriar dos valores descontados dos salários dos empregados sem motivo justo deve ser 
discutido já com a imputação da denúncia, sob pena de aceitar a prática do crime, mesmo diante da impossibilidade 
de efetuar o recolhimento. Desse modo, no caso de empresa acometida de grave crise financeira, comprovada a sua 
impossibilidade de agir, cabível o reconhecimento da atipicidade diante da falta de prova da responsabilidade 
subjetiva. Cabe, portanto, exigir que a denúncia demonstre o dolo específico, não configurado na espécie. 
Precedentes citados: REsp 63.986-PR, DJ 28/8/1995, e REsp 2 866.394-RJ, DJe 22/4/2008. AgRg no REsp 695.487-CE, 
Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 10/11/12 JURISPRUDÊNCIA STF RHC 104588 / RJ - RIO DE 
JANEIRO RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS Relator(a): Min. LUIZ FUX Julgamento: 07/06/2011 Ementa: 
PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. APROPRIAÇÃO INDÉBITA QUALIFICADA EM RAZÃO DE OFÍCIO 
(CP, ART. 168, § 1º, III). ACORDO FIRMADO POR ADVOGADO, RECLAMANTE E RECLAMADO PERANTE JUNTA DE 
CONCILIAÇÃO E JULGAMENTO DA JUSTIÇA DO TRABALHO, INCLUINDO OS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUPOSTA 
MÁ-FÉ DO ADVOGADO AO DEDUZIR OUTRA VERBA HONORÁRIA DA QUANTIA DESTINADA AO RECLAMANTE, A 
PRETEXTO DE ULTERIOR PRÁTICA DE CORRUPÇÃO ATIVA E PASSIVA, PELO QUE TAMBÉM FOI DENUNCIADO POR 
EXPLORAÇÃO DE PRESTÍGIO, DIFAMAÇÃO E PATROCÍNIO INFIEL. ABSOLVIÇÃO QUANTO A ESSES CRIMES E 
CONDENAÇÃO A UM 1 (UM) ANO E 4 (QUATRO) MESES DE RECLUSÃO PELO CRIME DE APROPRIAÇÃO INDÉBITA. 
CUMPRIMENTO DA PENA NO CURSO DO HABEAS CORPUS IMPETRADO NO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, QUE, 
ANTE ESSE FATO NOVO, JULGOU PREJUDICADO O WRIT. INSISTÊNCIA CONCESSÃO DA ORDEM, NO PRESENTE 
HABEAS CORPUS, SOB A ALEGAÇÃO DE QUE A SENTENÇA CONDENATÓRIA IMPEDE BENEFÍCIOS EM EVENTUAL NOVA 
CONDENAÇÃO. CABIMENTO DO WRIT. ATIPICIDADE DA CONDUTA, QUE PODE SER TIDA COMO MERO 
DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO CONTRATUAL. 1. O crime de apropriação indébita se consuma quando o agente 
se apropria de coisa alheia móvel de que tem a posse ou detenção. 2. In casu, o paciente foi denunciado pelos 
crimes de apropriação indébita qualificada em razão do ofício (CP, art. 168, § 1º, inc. III), difamação (CP, art. 139), 
patrocínio infiel (CP, art. 355) e exploração de prestígio (CP, art. 357), narrando a denúncia que o mesmo 
compareceu à Junta de Conciliação e Julgamento de Angra dos Reis, acompanhado do reclamante, e assinou um 
termo de acordo no qual restou consignado que dos R$ 250,00 destinados ao reclamante, R$ 50,00 caberiam ao 
paciente a título de 3 honorários, sendo certo que quando do acerto, o recorrente apropriou-se de mais R$ 40,00, 
entregando ao reclamante a quantia de R$ 160,00, a pretexto de ulterior prática de corrupção ativa e passiva, crime 
do qual foi absolvido. 3. O habeas corpus pode ser conhecido mesmo após o cumprimento da pena: HC 87.132/MG, 
1ª Turma, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJ de 31/10/07, por isso que na espécie, apesar de a pena ter sido extinta, 
pelo cumprimento, a condenação poderá implicar vedação de benefícios em eventual nova condenação. 4. O não 
repasse de determinado valor ao constituinte, antecedido de discussão a respeito do quantum devido a título de 
honorários advocatícios, constitui mero descumprimento de obrigação contratual, a evidenciar atipicidade e, por 
conseguinte, falta de justa causa para a ação penal. Precedente: HC 83.166/MG, 2ª Turma, Rel. Min. Nelson Jobim, 
DJ de 12/03/04. 5. Recurso ordinário provido para declarar a atipicidade quanto ao crime de apropriação indébita. 
Exercícios 
Questão 1 - O corretor de imóveis Tício, por ser mediador de uma compra e venda, recebe uma determinada quantia em razão da venda de imóvel, 
porém emprega o dinheiro em proveito próprio, isto é, compra um aparelho de telefone celular de última geração. Neste caso é CORRETO afirmar que 
Tício cometeu: 
 
Apropriação indébita simples. 
 
Furto qualificado. 
 
Dano simples. 
 
Apropriação indébita agravada. 
 
Furto simples. 
Questão 2 - Mário deixou seu automóvel na oficina mecânica de Antônio. Este, aproveitando-se de que somente entregaria o automóvel a Mário 
após o fim de semana, pega o carro e faz um passeio com sua família, porém quando Mário vai buscar seu automóvel, Antônio o entrega em perfeito 
estado e com a mesma quantidade de combustível. Neste caso é CORRETO afirmar que: 
 
O fato é atípico, uma vez que para a caracterização da apropriação indébita é necessário a vontade de não restituir a coisa. 
 
Ocorreu apropriação indébita, pois usufruiu de coisa que não lhe pertencia. 
 
A apropriação indébita é agravada, tendo em vista o art. 168, §1º, do código penal. 
 
Somente não se caracterizou a apropriação indébita por ausência de elemento normativo do tipo. 
 
Como a apropriação indébita é crime quanto ao resultado formal, não houve crime. 
Questão 3 - No que concerne a classificação doutrinária do crime de apropriação indébita é CORRETO afirmar que é: 
 
Crime comum e quanto ao resultado é formal. 
 
Crime próprio e quanto ao resultado é de mera conduta. 
 
Crime comum e quanto ao resultado é de mera conduta. 
 
Crime próprio e quanto ao resultado é formal. 
 
Crime comum e quanto ao resultado é material. 
 
Investigação I - Crimes Patrimoniais / Aula 7 - Estelionato (art. 171, CP) 
 Introdução 
Nesta aula, esclareceremos o bem jurídico tutelado no crime de estelionato, com a classificação doutrinária. 
Identificaremos os elementos do tipo, ou seja, elementos objetivos, normativos e subjetivos. Em seguida, reconheceremos os sujeitos do 
delito (sujeito ativo e sujeito passivo). Identificaremos o momento consumativo e a possibilidade ou não da tentativa. Por fim, analisaremos 
a atual jurisprudência dos Tribunais Superiores. 
Bem jurídico tutelado no crime de dano 
O bem jurídico protegido no crime do art. 171 do CP é o patrimônio e é praticado 
mediante fraude. 
INFORMATIVO 492, STJ, (6ª TURMA) ESTELIONATO JUDICIAL. TIPICIDADE. A Turma deu provimento ao recurso 
especial para absolver as recorrentes - condenadas como incursas nas sanções do art. 171, §3º, do CP - por entender 
que a conduta a elas atribuída - levantamento indevido de valores por meio de tutela antecipada, no bojo de ação 
civil - não configura o denominado "estelionato judicial". A Min. Relatora asseverou que admitir tal conduta como 
ilícita violaria o direito de acesso à justiça, constitucionalmente assegurado a todos os indivíduos nos termos do 
disposto no art. 5º, XXXV, da CF. Sustentou-se não se poder punir aquele que, a despeito de formular pedido 
descabido ou estapafúrdio, obtém a tutela pleiteada. Destacou-se, ademais, a natureza dialética do processo, 
possibilitando o controle pela parte contrária, através do exercício

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