Um Senhor Estagiário o letramento e a linguagem na prática

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS 
 
 
 
Marcos Vinícius Negrão Silva (802227) 
 
 
 
Um Senhor Estagiário: o letramento e a linguagem na prática 
Linguística e língua portuguesa 
Monica Filomena Caron 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sorocaba- SP 
2021 
INTRODUÇÃO 
O seguinte estudo busca por meio da linguística, relacionar conceitos de 
letramento e linguagem aprendidos durante a disciplina de “Linguística e Língua 
portuguesa” com a obra “Um Senhor Estagiário” (2015), analisando seu uso prático 
para desenvolvimento profissional e pessoal. 
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
Orlandi (2009) definiu a linguística como estudo científico que visa descrever 
ou explicar a linguagem verbal humana. Analisa e investiga toda a evolução e 
desdobramentos dos diferentes idiomas, bem como a estrutura das palavras, 
expressões e aspectos fonéticos de cada língua. 
Dito isso, podemos destacar a alfabetização e o letramento como elementos 
fundamentais para o objeto de estudo, dois conceitos que diferenciam-se entre si, 
porém são dependentes e relacionados através de seus usos e definições. 
Segundo Soares e Batista (2005) o termo alfabetização 
designa o ensino e o aprendizado de uma tecnologia de representação 
da linguagem humana, a escrita alfabético-ortográfica. O domínio dessa 
tecnologia envolve um conjunto de conhecimentos e procedimentos 
relacionados tanto ao funcionamento desse sistema de representação quanto 
às capacidades motoras e cognitivas para manipular os instrumentos e 
equipamentos de escrita. 
Para Terra (2013), O letramento é compreendido como um fenômeno abstruso 
e diverso, tido como a aptidão e conhecimento obtido através da função social da 
leitura e escrita. É um conceito que vai além da alfabetização e decodificação de 
letras. O letramento é o aparato dado durante a formação escolar e social, é o 
entendimento das palavras: seus usos, significados e sentidos. 
Hasan (1996) e Halliday (1996) admitem que o letramento está relacionado a 
elementos sociais, culturais, econômicos e cognitivos, porém o compreendem como 
um fenômeno linguístico. 
Segundo Silva (2019), ser letrado é o que permite compreender os 
determinados contextos, e o que é relevante dentro dele para o uso e seleção das 
suas palavras e comunicação. 
Os eventos de letramento são a utilização do ser letrado em diferentes 
circunstâncias. Heath (1982), o criador do conceito, define tal conceito da seguinte 
forma: "Um evento de letramento é qualquer situação em que um portador qualquer 
de escrita é parte integrante da natureza das interações entre os participantes e de 
seus processos de interpretação". 
A partir dos conceitos apresentados, será feita uma relação destes com a obra 
“Um senhor estagiário”, filme do ano de 2015, estrelados por Robert De Niro e Anne 
Hathaway, onde Ben Whittaker (Robert de Niro), um senhor de 70 anos, torna-se 
estagiário no start up com foco na venda de artigos de moda pela internet de Jules 
(Anne Hathaway). Jules, CEO da empresa, entra em um conflito interno questionando 
suas capacidades de liderança. Por sua empresa estar em crescimento exponencial, 
Jules lida com o medo de não conseguir comandar seu negócio, e, junto a isso, as 
responsabilidades de ser mãe e esposa cobram sua atenção. Neste momento surge 
Ben, que acaba se tornando um grande aliado da CEO. 
Durante a rotina de trabalho, Ben convive com outros estagiários, mais jovens 
e, consequentemente, com mais facilidades na área da tecnologia. As diferenças das 
faixas etárias e a familiaridade com computadores, softwares e as redes sociais 
tornaram-se obstáculos que ao logo do filme foram superados através das amizades 
e laços criados por Ben para com seus colegas, além da sua experiência e 
proatividade. Sempre solidário, calmo e objetivo, o estagiário faz com que sua 
presença seja indispensável para seus companheiros de equipe e, também, de sua 
chefe. 
Relacionando conjuntamente os conceitos e a obra apresentada com o 
conteúdo estudado durante as aulas, podemos contemplar a presença de variados 
temas tratados e discutidos durante o curso. Dentre eles, é possível ressaltar a 
presença do letramento digital e o estudo dos gêneros textuais e da linguagem dentro 
do ambiente profissional. 
Ambos estão relacionados e integrados entre si dentro da obra, afinal, Ben 
Whittaker deve aprender a utilizar novas tecnologias e a linguagem estabelecida 
dentro dela para desenvolver suas atividades e se relacionar com seus colegas de 
trabalho, integrando o seu aprendizado com o seu conhecimento prévio, em uma 
forma mais “jovial” de linguagem e comportamento. 
Como estudado anteriormente, dentro do ambiente profissional é indubitável a 
necessidade do domínio da oratória, escrita, conhecimento técnico da área e boa 
comunicação nas relações entre a sua equipe de trabalho no ambiente profissional, 
seja para convívio ou apresentação de projetos e inovações. Dessa forma, é possível 
afirmar e reforçar como uso dos gêneros textuais e da linguagem, compreendida como 
uma manifestação construída ativamente e de forma grupal, culturalmente, estão 
presentes na rotina de trabalho. 
Parafraseando Franzen e Heinig (2018), o domínio dos gêneros próprios 
daquele campo aparece como um recurso para a construção da identidade do 
indivíduo nele inserido. 
Por fim, dentro do campo do Letramento Digital, observa-se a necessidade do 
entendimento da linguagem própria utilizada na internet, dentro da rede social e pelos 
jovens. Visando que as mídias sociais são extensões de pensamentos, entendendo a 
dependência do que é relevante para ler e escrever dentro delas com os objetivos de 
cada pessoa dentro de cada rede, criando a possibilidade de entender como as redes 
sociais podem servir de vitrine tanto para consumo quanto para aprendizado. 
Em um levantamento organizado por Freitas (2010) o letramento digital é 
definido como “usar a tecnologia digital, ferramentas de comunicação e/ou redes para 
acessar, gerenciar, integrar, avaliar e criar informação para funcionar em uma 
sociedade de conhecimento” (SERIM, 2002 citado por FREITAS, 2010, p. 337). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONCLUSÃO 
Pode-se dizer que a qualidade com que uma pessoa domina a leitura e a escrita 
seja uma diferença essencial entre ser alfabetizado e ser letrado. Ou seja, enquanto 
aquele que é alfabetizado reconhece o sistema de escrita, o letrado vai além e utiliza a 
leitura e a escrita nos mais variados contextos, interpreta, compreende e organiza 
discursos e reflexões. 
Dessa forma, é possível interpretar que os eixos que constituem a leitura, 
escrita e comunicação não se anulam, mas sim integram a linguagem, e colaboram 
entre si para que as capacidades sejam estimuladas e desenvolvidas pelos 
indivíduos não apenas na esfera profissional, mas em todas as áreas da sua 
convivência. Tendo como objetivo tornar o sujeito não apenas alfabetizado e 
educado, mas pessoas melhores em todas as áreas de suas vidas, tornando-os 
capazes, críticos, instruídos e letrados. 
Ademais, podemos dizer que Letramento é uma forma de evolução, de certa 
forma dependente da ação de um indivíduo impulsionada da necessidade ou 
curiosidade, que possibilita interpretar o mundo, palavras e contextos. 
Compreendemos e adquirimos novos letramentos durante toda a vida, tanto como 
estudante, cidadão e pessoa, afinal a fala, discurso e comunicação é inerente ao ser 
humano e é dependente do aprendizado. 
Em suma, o letramento é a vivência e o estudo unidos e articulados em um só 
elemento, presente em todas as áreas da nossa vida, através da leitura, cultura, 
experiências e socialização. 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
FRANZEN, Bruna Alexandra; HEINIG, Otilia Lizete de Oliveira Martins. Os gêneros 
discursivos no campo de trabalho de engenheiros: as práticas situadas de 
linguagem. Antares: letras e humanidades, [S.L.], v. 10, n. 21, p. 84-102, 20 dez. 
2018. Universidade Caixias do Sul. http://dx.doi.org/10.18226/19844921.v10.n21.06.Disponível em: http://www.ucs.br/etc/revistas/index.php/antares/article/view/6500. 
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FREITAS, Maria Teresa. Letramento digital e formação de professores. Educação 
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http://dx.doi.org/10.1590/s0102-46982010000300017. Disponível em: 
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HALLIDAY, M. A. K. 1996. Literacy and linguistics: A functional perspective. In: 
HASAN, R.; WILLIAMS, G. (Ed.). Literacy in Society. NY: Longman, p. 339-376. 
 
HASAN, R. 1996. Literacy, everyday talk and society. In: HASAN, R.; WILLIAMS, 
G. (Eds.). Literacy in Society. NY: Longman, p. 377-423. 
 
HEATH, S. B. 1982. The functions and uses of literacy. In: CASTEL, S. de; LUKE, A.; 
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U6Ze&sig=KGJ1kRUy-l3_kjVXM1ZpFaJJq-4. Acesso em: 29 nov. 2021. 
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Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=1tbz4Hw1meg. Acesso em: 30 
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UM SENHOR ESTAGIÁRIO. Direção de Nancy Meyers. Produção de Celia D. 
Costas. Coordenação de Suzanne Farwell. Roteiro: Nancy Meyers. [S.L.]: Warner 
Bros. Annapurna Pictures; Waverly Films; Scott Rudin Productions; Greenestreet 
Films, 2015. (121 min.), son., color. Disponível em: 
https://play.hbomax.com/feature/urn:hbo:feature:GYGP7nQP65ojDXAEAAAFR?cam
p=googleHBOMAX&action=open. Acesso em: 28 nov. 2021.