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Figura 1: Razões dN / dS das cópias duplicadas e não duplicadas dos genes codificadores das proteínas do complexo Clp em angiospermas. As diferenças significativas (p << 0,001) são indicadas com ***. Universidade Federal da Bahia Instituto de Biologia BIOC12 - Biologia Evolutiva AVALIAÇÃO II Nome: NICOLY QUEIROZ PEREIRA DE JESUS Data: 27/10/2021 RESPOSTAS AVALIAÇÃO II 1. (2,0) Embora os cloroplastos sejam conhecidos pelo seu papel na fotossíntese, eles também estão envolvidos em outras vias biossintéticas essenciais para a sobrevivência das plantas. Em uma destas vias, responsável pela biossíntese de ácidos graxos, atua a enzima protease caseinolítica (Clp). O núcleo catalítico do complexo Clp é composto por nove proteínas que surgiram por meio da duplicação do gene CLPP. Na figura a seguir é apresentada a razão dN/dS das cópias originais (não duplicadas) e duplicadas dos genes codificadores de diferentes subunidades desta enzima. Com base nestas informações e nos seus conhecimentos de biologia evolutiva discuta sobre a evolução dos genes CLPP em angiospermas. Resposta: Na evolução genômica as duplicações são um fator chave para o surgimento de novos genes. Ao longo do tempo o genoma irá aumentar através dos processos de duplicação e deleção, quando surge uma nova espécie inicialmente o processo de duplicação será mais raro, surgindo como uma única mutação. Para a duplicação começar a ocorrer com frequência, à seleção natural ou a deriva aleatória vão agir e conforme for se disseminando pela população, o genoma da espécie irá aumentar ou diminuir. Através das duplicações é possível compreender os eventos evolutivos que ocasionaram as mudanças no genoma. As duplicações não atingem o genoma inteiro e sim fragmentos do DNA de diferentes tamanhos, apresentando diversos genes. Conforme os estudos a maior parte das duplicações ocorreram de 100 a 170 milhões de anos atrás, mostrando que os relógios moleculares das angiospermas sugerem que as duplicações ocorreram em certas épocas da evolução nas angiospermas, pois foram períodos com um aumento exponencial de número de genes. Isso é perceptível no gráfico, pois se verifica a diferença significativa entre os genes que pode ser duplicados e aquelas que não. É possível observar, de acordo com a imagem, que quando o gene é duplicado existe uma seleção positiva desse gene, originando as 9 proteínas do núcleo catalítico do complexo Clp. 2. (2,0) Pesquisadores russos estudaram a divergência genética (marcadores AFLP, sequenciamento do gene COI – mitocondrial, e da região ITS – nuclear) de três morfotipos de borboletas do gênero “X” no Irã: K, P e M. Os principais resultados são mostrados a seguir: Figura 1: Análise de pools gênicos baseada em dados de marcadores AFPL. Figura 2: Análise bayesiana para as regiões ITS2 (a) e COI (b). Probabilidades posteriores (> 50%) são mostradas para cada nó. H1 – H7 são haplogrupos. Intervalos de erro cobrindo 95% da densidade posterior mais alta para estimativa de idade são mostrados perto das setas. (c) Distribuição dos haplogrupos H1-H7 e números de cromossomos haplóides (n) de K (azul), M (esverdeado) e P (laranja); círculos sobrepostos indicam zonas de simpatria. (d) Rede de haplótipos COI mais parcimoniosa; o número de indivíduos estudados é dado entre parênteses. Com base nestes resultados responda: a) Na sua opinião, os três morfotipos correspondem a três espécies distintas ou retratam a diversidade de uma única espécie? Justifique sua resposta. Resposta: Os três morfotipos correspondem a três espécies diferentes conforme a análise da figura a, pois foi analisado o espaçador interno transcrito (ITS2), que é um fragmento do RNA, não funcional, presente nos RNAs ribossomais estruturais. Este espaçador é muito utilizado nos estudos de filogenia molecular e taxonomia, portanto ao observar a análise bayesiana dos morfotipos, é possível identificar quando o ocorreu o surgimento das espécies através de um ancestral comum. Além disso é possível verificar processos de hibridização, e os grupos apresentam diferenças dos alelos cromossômicos. Alopatria Simpatria b) Em quais conceitos de espécie aceitos atualmente os morfotipos podem ser considerados espécies distintas? Resposta: Conceito morfológico de espécie se encaixa neste exemplo, já que as diferenças nas cores das asas são bem evidentes, o que levaria ao mecanismo pré-zigótico, já que devido a esss caracteres distintos o acasalamento interespecífico, não ocorreria. Ainda considerando as diferenças morfológicas, o conceito fenético também pode fazer sentido neste caso. c) Na sua opinião, ainda existe fluxo gênico entre os três morfotipos? Por quê? Resposta: A ocorrência do processo de hibridização na especiação simpátrica, originou elementos substanciais para o impedimento do fluxo gênico, pois nesse caso temos os mecanismos pré e pós zigóticos agindo para que não ocorra o cruzamento de novos genes. d) Na sua opinião, é possível inferir sobre a origem do morfotipo “P” (laranja)? Justifique sua resposta. Resposta: Conforme análise das figuras e chegada a conclusão de que ocorreu processo de hibridização, a espécie P é uma espécie híbrida e este processo ocorre durante a especiação simpátrica, logo a origem do morfotipo laranja se deu atráves do mecanismo de hibridização da especiação simpátrica. e) Com base nos resultados apresentados é possível inferir sobre o padrão de diversificação geográfica (alopátrica, parapátrica ou simpátrica) dos três morfotipos? Resposta: Conforme os gráficos analisadas e observando a origem dos haplogrupos, é possível verificar que o morfotipo laranja ocorreu conforme o processo de hibridização da especiação simpátrica, já que não há separação geográfica completa entre as duas populações isoladas. A origem do morfotipo azul e verde é um pouco complexa, já que eles apresentam uma semelhança no DNA mitocondrial, isso também pode ter ocorrido através de um processo de hibridização, mas como vemos que posteriormente, com o passar do tempo, eles apresentaram outros haplogrupos mostrando uma especiação alopátrica entre K e M. 3- Estudos filogenéticos indicam que Arnebia szechenyi (Boraginaceae) é uma espécie intimamente relacionada a A. guttata. Estudos de populações em simpatia das duas espécies revelaram que as flores de A. guttata são maiores do que flores de A. szechenyi, mas possuem menores guias de néctar. As duas espécies compartilham os mesmos polinizadores (abelhas Amegilla quadrifasciata, Amegilla velocissima e Nomioides minutissimus) e as visitas interespecíficas foram freqüentes. Entretanto, não foram encontrados híbridos entre as duas espécies. A Figura 1 (abaixo à esquerda) apresenta a distribuição das duas espécies, incluindo a área que ocorrem em simpatria onde foram realizados os estudos, e a Figura 2 (abaixo à direita) as taxas de visitação dos polinizadores nas duas espécies. Figura 1: (A) distribuição das duas espécies no território chinês; (B) A. guttata; e (C) A. szechenyi. Figura 2: (A) Taxas de visitação dos polinizadores (média ± EP) para A. guttata e A. szechenyi; e (B) proporções de visitas inter e intraespecíficas. As barras preta, cinza e branca representam as visitas de Amegilla quadrifasciata, Amegilla velocissima e Nomioides minutissimus. Com base nas informações acima discuta quais foram os prováveis fatores que levaram à diferenciação das duas espécies. Resposta: As visitas dos polinizadores são um mecanismo muito importante do isolamento na pré- polinização, conforme as informações da figura se sabe que os polinizadores não discriminaram as duas espécies por completo, mas tiveram uma preferência pela espécie A. szechenyi. Logo, o que explica a diferenciaçãoentre as duas espécies é a ocorrência do mecanismo pré-zigótico pós polinização, que fará o isolamento devido aos polinizadores diferentes. 4- (2,0) Apesar de controversa, a ocorrência de especiação simpátrica já foi comprovada em diversos estudos científicos. Descreva três (3) diferentes mecanismos ou processos que podem levar a um processo de especiação simpátrica. Resposta: A especiação simpátrica pode ocorrer através destes 3 mecanismos: poliploidia (alterações meióticas), hibridização e seleção disruptiva. A poliploidia é muito comum em plantas, pois os animais não conseguem tolerar mais conjuntos de cromossomos homólogos, esses casos ocorrem quando há um erro na meiose, apresentando um óvulo e espermatozóide diplóide originando uma planta tetraplóide. A hibridização ocorre em muitas famílias, este processo acontece com os indivíduos que pertencem a complexos gênicos distintos, quando se cruzam ocorre a hibridização, já que pertencem há grupos diferentes. Para que ocorra especiação por hibridização é necessário que aconteça isolamento reprodutivo dos pais, estabilização das progênies híbridas e que possa ocorrer restauração da fertilidade. A seleção disruptiva é conhecida como a seleção onde os extremos são favorecidos, quando comparados com os intermediários. Muitas especiações simpátricas podem ocorrer através da seleção disruptiva, que pode ocorrer por seleção sexual (preferência dos parceiros) ou também preferência de hábitats distintos, ocorrendo variação de múltiplos nichos. 5- (2,0) A variação cromossômica foi investigada em espécies do gênero Petrogale, um marsupial que ocorre noroeste da Austrália: Figura 1: Variação cariotípica entre seis espécies parapátricas de Petrogale em Queensland, Austrália. (a) A distribuição geográfica das seis espécies e cariótipo ancestral; (b) Diferenças no cariótipo das seis espécies em relação ao cariótipo do ancestral destacadas mostrando o envolvimento frequente dos cromossomos 6 e 10 nos rearranjos cromossômicos nestas espécies (cromossomos cinzas = iguais aos do ancestral, sem variação; apenas os cromossomos com variação em relação ao ancestral são coloridos). Como a variação cromossômica pode ter influenciado os processos de especiação neste gênero? Resposta: É possível observar a variabilidade genética entre os grupos, já que os cromossomos apresentam diferentes rearranjos conforme as espécies. Sendo espécies parapátricas é visível a ocorrência de isolamento reprodutivo entre os indivíduos, já que ocupam uma grande área e cada espécie está no seu nicho. Pelo gênero da espécie apresentar cariótipos diversos, o cruzamento entre os indivíduos deve ter ocorrido, logo pode ter originado híbridos dentro do grupo, alguns podem ser inférteis ou apresentar baixa fertilidade, mas mesmo com estes problemas, o fluxo gênico pode ter ocorrido em algum grau entre estes indivíduos, já que apresentam cariótipos similares. O surgimento destes híbridos e após a ocorrência destes problemas meióticos, o fluxo gênico agiu, pois conforme a figura vemos que algumas espécies espécies compartilham os mesmo grupos de alelos.