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1 Revoluções russas 4B História 13 Aula Introdução No século XIX, a Rússia era um dos países mais atrasados da Europa. Sua economia era essencialmente agrária; a sociedade, rural e hierarquizada; o czar (título dos imperadores russos), um déspota. A miséria dos camponeses completava o quadro. A modernização começou em 1861, quando Alexandre II aboliu o regime de servidão. O êxodo rural liberou grandes contingentes de mão de obra que poderiam ser utilizados a baixos preços na indústria. A Rússia fez sua Revolução Industrial em fins do século XIX. Eis alguns fatores que propiciaram essa transformação histórica: intervenção do Estado na economia, mão de obra barata e investimen- tos estrangeiros, notadamente franceses. Com a indus- trialização, a classe operária, que surgiu como decorrência do processo, começou a se organizar. Já em 1885, houve uma grande greve em Orékhovo-Zuévo. Na classe operária russa, as ideias de Marx e Engels eram difundidas por inte- lectuais da classe média. No final do século XIX, foi criado o Partido Social Democrata, cujos líderes (Plekhanov, Lenin, Trotski e Martov) se encontravam no exílio. Bi bl io te ca d o Co ng re ss o do s E st ad os U ni do s Miséria nos campos da Rússia antes da Revolução Em 1903, houve a cisão do partido. De um lado, o grupo liderado por Martov, que entendia poder o proletariado melhorar a sua situação por meio de luta grevista. Deveria limitar-se a luta aos seus interesses econômicos. Do outro lado, o grupo liderado por Lenin (Vladimir Ilyich Ulianov), que considerava a revolução socialista e o estabelecimento da ditadura do prole- tariado os objetivos básicos. Os partidários de Lenin conquistaram a maioria, tendo sido cognominados, a partir de então, de bolcheviques (isto é, majoritários), enquanto os adversários de Lenin passaram a ser cha- mados mencheviques (isto é, minoritários). A oposição era reprimida pela polícia secreta chama- da okrana. Os judeus eram vítimas de pogrom. Guerra Russo-Japonesa A Guerra Russo-Japonesa de 1904 - 1905 mostrou toda a fragilidade do Império Russo. Essa guerra decorreu das ambições russas e japonesas sobre a Manchúria e a Coreia. Os japoneses tomaram Porto Artur e derrotaram os russos em Mukden e na Batalha Naval de Toushina. Pelo Tratado de Portsmouth (mediado pelo presi- dente Theodore Roosevelt, dos Estados Unidos), o Japão obteve a parte sul da ilha Sacalina, Porto Artur, as con- cessões ferroviárias, na Manchúria, além do protetorado sobre a Coreia. A derrota russa debilitou enormemente o regime czarista. “Ensaio Geral” de 1905 Em 9 de janeiro (22 de janeiro, de acordo com o calendário gregoriano, pois os russos ainda adotavam o calendário juliano), uma multidão de 200 mil pessoas, liderada pelo padre Gapone, dirigiu-se ao Palácio de Inverno, em São Petersburgo, para entregar uma petição ao czar Nicolau II. Nesta petição, era feita uma série de reivindicações, tais como: jornada de trabalho de 8 horas, salário mínimo, eleição de uma Constituinte por sufrágio universal, direto e secreto. A manifestação foi reprimida de forma violenta. Esse episódio ficou conhecido como Domingo Sangrento e desencadeou uma série de gre- ves nas cidades, além de reações violentas no campo. No mar Negro, os marinheiros do encouraçado Potemkin se rebelaram, porém tiveram de bater em retirada. 2 Extensivo Terceirão O czar cedeu, permitindo a eleição da Duma (Parla- mento), mas assim que pôde procurou dominá-la. Em relação aos trabalhadores, o grande avanço foi a criação dos sovietes, conselhos de operários que surgiram em 1905, em várias cidades da Rússia, durante as primeiras lutas contra a autocracia czarista. Mais tarde, em 1917, os sovietes vão desempenhar um papel fundamental na tomada do poder pelos bolcheviques, tornando-se um grupo de pressão extremamente influente, competindo com o governo provisório e considerados como instrumentos de insurreição. Nicolau II foi obrigado a fazer concessões (o Mani- festo de Outubro), contudo não cumpriu a promessa: melhoria das condições de vida dos operários; liberdade de imprensa e de uma democracia verdadeira. Fatores que contribuíram para a eclosão da Revolução Autoritarismo do czar O czar Nicolau II governava o país despoticamente, sem se preocupar com as necessidades básicas da popu- lação. A grande ambição do czar era estender os domínios do Império Russo à custa do decadente Império Turco. A autocracia russa tinha seu poder respaldado na aristocracia e na Igreja Ortodoxa. Os camponeses (imen- sa maioria da população), os operários e a burguesia estavam à margem do poder político. Os primeiros dez anos do reinado de Nicolau são em grande parte a história de uma tendência à fuga dos trabalhos do cérebro de um homem... que era desesperadamente incapacitado para compreender e controlar a Rússia. Alan Moorehead Pi xt al Czar Nicolau II Escândalos da família imperial A esposa de Nicolau II, a czarina Alexandra, deixou- -se influenciar demasiadamente pelo “monge” siberiano Rasputin, ao qual ela recorreu para salvar o pequeno Alex, príncipe herdeiro que sofria de hemofilia. Rasputin começou a influir na política, fazendo inclusive com que alguns políticos, seus inimigos, perdessem os cargos que ocupavam. A sua vida dissoluta e imoral fez com que muitos se revoltassem contra ele. Muitas pessoas dentro da família imperial não suportavam mais Raspu- tin, até que ele acabou sendo assassinado por um grupo liderado pelo príncipe Félix Yussupoff. © W ik im ed ia C om m on s/ Ka rl Bu lla Rasputin Fracassos na Primeira Guerra Mundial A Rússia entrou na Primeira Guerra Mundial ao lado dos Aliados contra as Potências Centrais. Sem estradas e comu- nicações, com um exército aguerrido, porém sem o mínimo preparo, os soldados morriam de fome e de frio. As derrotas se sucediam, mas o governo permanecia insensível ao reclamo dos soldados, que queriam apenas pão e paz. Politização da burguesia e do proletariado A burguesia russa não tinha ainda o mesmo peso da francesa ou inglesa, mas já estava se consolidando. O que essa burguesia almejava era uma República bur- guesa do estilo da França ou, na pior das hipóteses, uma monarquia parlamentarista à moda inglesa. O sofrido operariado russo encontrava-se, na época da Revolução, bastante politizado, daí o sucesso dos bolcheviques na Revolução de Outubro de 1917. Aula 13 3História 4B Desigualdades sociais Enquanto a aristocracia e os setores da burguesia viviam no luxo e na ostentação, preocupados com caça- das e com a moda parisiense, a grande maioria do povo russo, operários e camponeses, vivia na mais completa miséria. Operários, premidos pela fome, exigiam pão. A insatisfação popular aprofundava a crise econômica, que se tornava incontrolável em virtude das despesas de guerra. Revolução Burguesa No início de 1917, a situação da Rússia era insus- tentável. As derrotas externas, a crise econômica e social e a insatisfação de amplos setores da sociedade chegaram ao ponto máximo. Segundo o historiador inglês Christopher Hill, os salários nominais davam para comprar menos de 45% dos gêneros adquiridos em 1913. No front, o número de desertores chegou a um milhão e quinhentos mil. Os alimentos passaram a ser racionados. A abdicação do czar era inevitável, o que, de fato, ocorreu no começo de março. A Rússia tornou-se uma República parlamentarista. O príncipe Gueorgui Lvov formou um gabinete que tinha Kerenski como Ministro da Guerra. O Partido Cadete (Partido Constitucional Democrata), representando os liberais moderados, estava no poder. O novo governo libertou os presos políticos, concedeu liberdade de im- prensa, prometeu realizar eleições para uma Assembleia Constituinte, mas não retirou a Rússia da guerra. Em abril de 1917, Lenin voltou do exílio, lançando as Teses de Abril. Neste programa, propunha que a Rússia deveria sair imediatamente da guerra, que fosse formada umaRepública de sovietes e que os bancos e propriedades privadas fossem nacionalizados. © W ik im ed ia C om m on s/ Fo tó gr af o de sc on he ci do Aleksander Kerenski Revolução Socialista O Partido Bolchevique crescia rapidamente, apesar das perseguições. Em abril de 1917, nas suas fileiras, já havia 80 mil pessoas e, em julho, 240 mil. Os bolcheviques propunham o fim imediato da participação da Rússia na Primeira Guerra, a imediata nacionalização de todas as propriedades e a coletivização de toda a Rússia. Em 7 de outubro, percebendo que o momento adequado havia chegado, Lenin voltou secretamente a Petrogrado. Por proposta de Lenin, a insurreição começou em 24 de outubro (isto é, 6 de novembro, de acordo com o calendário gregoriano). Depois de tomarem os pontos estratégicos, começou a espetacular invasão do Palácio de Inverno. Na noite de 25 de outubro, quando ainda continuava o assalto ao Palácio de Inverno, começou o II Congresso dos Sovietes de toda a Rússia. O telégrafo transmitiu por todo o país o apelo do Congresso “aos operários, soldados e camponeses!”. Esse apelo, redigido por Lenin, dizia: Apoiando-se na vontade da imensa maioria dos operários e da guarnição que se realizou em Petrogrado, o Congresso tomou o poder nas suas mãos. O Congresso decreta: toda a autoridade local passa para os sovietes de deputados dos operários, soldados e camponeses, que devem assegurar uma verdadeira ordem revolucionária. Com os bolcheviques no poder, foi eleita uma Assem- bleia Nacional Constituinte. Com menos de 30% dos votos, num golpe de força, os bolcheviques dissolveram a Assembleia. A ditadura ia se consolidando, e a paz era fundamental para que o novo regime não sucumbisse, daí as negociações para retirar a Rússia da guerra. Discurso de Lenin. Fragmento do quadro de V. Serov © V. S er ov 4 Extensivo Terceirão A Revolução consolida-se Os alemães impuseram aos russos o humilhante Tra- tado de Brest-Litovski, pelo qual os russos abriram mão da Lituânia, Estônia, Letônia, parte da Polônia, Finlândia e possessões turcas. Porém Lenin sabia que só com a paz interna ele consolidaria as conquistas revolucionárias. As tentativas contrarrevolucionárias eram enormes. Alema- nha, França, Inglaterra e Estados Unidos queriam sufocar a revolução. Internamente os brancos, alcunha dada aos contrarrevolucionários, cercavam os bolcheviques em Petrogrado e Moscou. A ofensiva vermelha reiniciou a luta. Sob a liderança de Trotski, foi criada a Tcheca, polícia secreta, que muito contribuiu para a consolidação do re- gime. O governo tentou estabelecer um comportamento econômico, baseado no “comunismo de guerra”: todas as terras foram nacionalizadas; os artigos de primeira necessidade foram racionados; proibiu-se o lucro; e os bens da Igreja Ortodoxa foram confiscados. Os contrarrevolucionários, com o apoio das nações capitalistas, tudo fizeram para sufocar a revolução. Trotski, comandando o Exército Vermelho, liquidou os “exércitos brancos” em 1921, pondo fim à guerra civil. O “comunismo de guerra” produziu o colapso da economia russa, que regrediu a níveis inferiores aos de antes da Primeira Guerra. © W ik im ed ia C om m on s/ N at io na l L ib ra ry o f N or w ay Vítimas da grande fome que atingiu a Rússia em 1921 – 1922 “A guerra foi uma tragédia terrível para o povo russo, com um custo enorme de vidas e sofrimen- to humano. Levando-se em conta os mortos no Terror Vermelho, na ação militar e nos pogroms antijudaicos dos brancos, os que morreram de fome e os que pereceram de disenteria e nas epi- demias de tifo e febre tifoide, o número total de mortos foi de, pelo menos, 8 milhões, ou seja, mais de quatro vezes o número de russos mortos na Primeira Guerra Mundial (1,7 milhão). A eco- nomia estava em ruínas e o rublo valia apenas 1% de seu valor em outubro de 1917.” LOWE, Norman. História do Mundo Contemporâneo. Porto Alegre: Penso, 2011, p. 373. A resistência dos camponeses para entregar parte de suas colheitas ao Estado, a especulação levada a cabo pe- los camponeses ricos (chamados de kulaks), a ocupação desordenada das fábricas, a queda da produtividade e so- bretudo a fome geraram uma série de insurreições. A mais grave aconteceu na Base Naval de Kronstadt, em março de 1921. A insurreição foi reprimida pelos bolcheviques liderados por Trotski. A Revolução de Kronstadt objeti- vava a democratização do regime que para eles havia se transformado em uma ditadura de capitalismo de Estado. Além de reprimidos foram depois desmoralizados e difa- mados. Na Ucrânia, os anarquistas liderados por Nestor Makhno apoiaram os bolcheviques contra os “exércitos brancos” mas depois foram descartados e reprimidos. Bi bl io te ca d o Co ng re ss o do s E st ad os U ni do s No dia 17 de julho de 1918, em Ekaterinburgo, a família imperial foi executada. Os corpos foram mergulhados em ácido sulfúrico e enterrados. Por que os bolcheviques venceram? • Faltava aos exércitos dos brancos uma estrutura centralizada. • Os vermelhos tinham um maior número de soldados e controlavam as indústrias modernas. Daí estarem melhor armados. • A liderança qualificada de Trotski. • Grande parte dos camponeses apoiaram os verme- lhos, pois estes fizeram uma reforma agrária. Lenin tomou medidas decisivas, conhecidas como comunismo de guerra, para controlar os recursos econô- micos do Estado. Lenin conseguiu apresentar os bolcheviques como um governo nacionalista que lutava contra estrangeiros, e mesmo que o comunismo de guerra não tivesse popu- laridade entre os camponeses, os Brancos se tornaram ainda mais impopulares em função de suas conexões estrangeiras. LOWE, Norman. Obra citada, p. 373. Aula 13 5História 4B Testes Assimilação 13.01. (UNIP – SP) – A queda do socialismo real no Leste Europeu conduziu o mundo a uma reflexão a respeito da bipolarização entre capitalismo e socialismo. Na Rússia, o so- cialismo foi implantado em 1917 sob a liderança do Partido: a) Bolchevique b) Social-Democrata c) Conservador d) Menchevique e) Liberal-Burguês 13.02. (UFGO – GO) – Se compararmos a Revolução Russa com a Francesa, os bolchevistas poderiam ser comparados com os: a) feuillants b) sans-culottes c) girondinos d) termidorianos e) jacobinos 13.03. (FGV – SP) – A abolição do princípio da propriedade privada, a estatização dos meios de produção e a assinatura de um tratado de paz com a Alemanha, marcando a saída do país da guerra, foram as principais medidas adotadas na Rússia por: a) Trotsky, em abril de 1924 b) Stalin, em agosto de 1929 c) Kerensky, em fevereiro de 1917 d) Kornilov, em setembro de 1921 e) Lenin, no início de 1918 13.04. (UEFS) – Uma política foi sendo aos poucos colocada em prática, desde 1919, pelos países vencedores na Pri- meira Guerra Mundial: não intervir, porém conter o bol- chevismo. Formar uma “barragem contínua”, apoiando-se no exército polonês e no exército romeno. Era o primeiro esboço do mais tarde chamado “cordão sanitário”. (Jean-Jacques Becker. O Tratado de Versalhes, 2011. Adaptado.) O historiador alude, implicitamente, a) à irrelevância da revolução russa nas relações interna- cionais. b) à ausência de plano no combate dos capitalistas ao socialismo soviético. c) à aliança entre nações capitalistas e forças czaristas no combate ao socialismo. d) à defesa pelo Ocidente das liberdades democráticas nos estados socialistas. e) à consolidação da revolução socialista na Rússia soviética. Aperfeiçoamento 13.05. (UFES) – A “Nova Política Econômica” do governo so- viético (conhecida no Ocidente como NEP) foi uma medida: a) implementada por Lênin com o objetivo de promover o desenvolvimento econômico do campo. b) implantada por Stalin com vistas a aprofundar o chamado “Comunismo de Guerra”. c) adotada por Kruschev para promover uma industrializa- ção maciça e o capitalismo de Estado. d) implementada por Gorbachev para combater a pobreza no campo ereintroduzir o princípio de mercado. e) implantada por Lênin para promover o recuo do “Comu- nismo de Guerra” e o estabelecimento do capitalismo de Estado. 13.06. (PUCCAMP – SP) – No contexto da Revolução Russa (1917), os bolcheviques: a) formaram o “Exército Vermelho”, liderado pelos antigos comandantes militares. b) uniram-se numa organização contrarrevolucionária para derrubar o poder conquistado pelos mencheviques. c) defendiam a conquista do poder pelos trabalhadores através de eleições. d) defendiam a posição segundo a qual os trabalhadores só chegariam ao poder pela luta revolucionária, com a formação de uma ditadura do proletariado. e) alteraram sua denominação para “Partido da Ditadura”, proibindo toda oposição ao regime socialista. 13.07. (ACAFE – SC) – A Revolução ocorrida na Rússia, em 1917, implantou efetivamente o primeiro regime socialista duradouro implantado por um país. Nesse contexto, e acerca dos eventos que se relacionam com esta revolução é correto afirmar, exceto: a) A insatisfação da população com o Czar (Monarca Russo) só crescia. As longas jornadas de trabalho, os altos im- postos e a falta de alimentos contribuíram para o levante contra o Czar. b) Durante a Guerra Civil, o Exército branco contou com o apoio de nações capitalistas, como Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e Japão. c) Os mencheviques foram diretamente responsáveis por implantar o socialismo na Rússia, obtendo o apoio dos sovietes e do parlamento russo, conhecido como Duma. d) No final do ano de 1917 iniciava-se o regime socialista na Rússia, liderado por Lênin. As fábricas, os bancos e os estabelecimentos comerciais foram nacionalizados. 6 Extensivo Terceirão 13.08. (ESPM – SP) – Quando os bolcheviques – até então um partido de operários – se viram em maioria nas prin- cipais cidades russas, e sobretudo na capital, Petrogrado e Moscou, e depressa ganharam terreno no exército, a existência do Governo Provisório tornou-se cada vez mais irreal; em especial quando teve de apelar às forças revolucionárias na capital para derrotar uma tentativa de golpe contrarrevolucionário de um general monarquista em agosto. A onda radicalizada de seus seguidores ine- vitavelmente empurrou os bolcheviques para a tomada do poder. O Governo Provisório, sem mais ninguém para defendê-lo, simplesmente se esfumou. (Eric Hobsbawm. Era dos Extremos: o breve século XX – 1914-1918) Assinale a alternativa que apresenta, respectivamente, quem liderava o Governo Provisório derrubado pela Revolução Bolchevique e quem assumiu a presidência do Conselho de Comissários do Povo, organizado após a revolução de 25 de outubro (7 de novembro no calendário gregoriano): a) Príncipe Lvov – Stalin; b) Kerenski – Lênin; c) Kornilov – Trotski; d) Koltchak – Bukharin; e) Denikine – Kamenev. 13.09. (PUC – SP) – “Vamos trabalhar com o rifle por perto” São os dizeres do cartaz abaixo, afixado em lugares públicos das grandes cidades russas em 1920. LEBEDEV, Vladimir. Vamos trabalhar com o rifle por perto. Rússia, 1920. Disponível em: <https://www.wdl.org/en/item/9605/>. Acesso em: 06/11/2017. Exemplo de propaganda do governo revolucionário, é COR- RETO afirmar que a finalidade do cartaz era a) arregimentar as massas trabalhadoras para a derrubada da república liberal instalada em fevereiro de 1917. b) manter os trabalhadores mobilizados para a guerra civil em curso, na defesa da revolução bolchevique contra seus inimigos, internos e externos. c) defender o governo provisório, liderado por Alexander Kerensky , com apoio dos socialistas moderados. d) incentivar a os trabalhadores a integrar o Exército Branco, que reunia contrarrevolucionários russos e potencias estrangeiras. 13.10. (MACK – SP) – “Hoje ainda é moda (...) falar da Revolução bolchevique como de uma ‘aventura’. Muito bem, se for uma aventura, trata-se de uma das mais maravilhosas em que já se empenhou a humanidade, aquela que abriu às massas laboriosas o campo da história,...” John Reed Sobre a Revolução Russa, assinale a alternativa correta. a) O Governo Provisório retirou a Rússia da Grande Guerra, fez a reforma agrária e aprovou leis favoráveis aos traba- lhadores, por isso tornou-se permanente, consolidando o poder dos bolcheviques. b) Os bolcheviques liderados por Lenin tomaram o poder em outubro (novembro no calendário ocidental), instaurando um regime de partido único. Retiraram a Rússia da Grande Guerra, fizeram uma reforma agrária e procuraram atender os interesses da classe trabalhadora. c) Trostki se opôs a Lenin durante a guerra civil, por isso foi afastado do comando do Exército Vermelho e enviado para um gulag na Sibéria. d) Os mencheviques tiveram um papel fundamental na ascensão de Stalin e na instauração de um regime democrático-parlamentar. e) Lenin estabeleceu uma aliança estratégica com a Ale- manha, contribuindo para adiar o fim da Primeira Guerra Mundial. Aprofundamento 13.11. “Paz, Pão e Terra”. (Lenin) Assinale a opção que apresenta corretamente um fator que conduziu à Revolução Russa (1917): a) A participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) recuperou a economia do país e permitiu ao czar abafar com sucesso as críticas da oposição e os movimentos armados contrários ao regime. b) O lançamento do “Manifesto de Outubro” (1905), instau- rando a monarquia constitucional parlamentar, possibi- litou a criação dos sovietes (conselhos de trabalhadores) e significou uma tentativa de liberação do regime, que, entretanto, não foi consolidada. c) A divulgação das “Teses de Abril”, propostas pelos aristo- cratas, as quais pregavam a ampliação das atribuições do Parlamento, o fim dos sovietes e a cassação imediata dos deputados bolchevistas. Aula 13 7História 4B d) A vitória na Guerra Russo-Japonesa (1905), ampliou o apoio ao czar, que encerrou as manifestações revolucioná- rias com uma violenta repressão contra os mencheviques, conhecida como o “Domingo Sangrento”. e) O controle do Parlamento (Duma) pelos bolcheviques, após o assassinato do ministro Stolypin (1911), favoreceu a gradativa diminuição dos poderes políticos do czar e sua submissão aos deputados do povo até a Revolução de 1917. 13.12. (PUC – SP) – Leia o trecho a seguir: “O povo estava farto da guerra e havia perdido toda a confiança no Czar: (...) O próprio czar fora para o quar- tel general para proteger-se; e quando tentou voltar para Petrogrado os trabalhadores ferroviários detiveram seu trem. Todo mecanismo da monarquia havia parado; o czar havia tentado dissolver a Quarta Duma, tal como fizera com as anteriores, mas desta vez os parlamenta- res se recusaram a se dispersar, e formaram um Comitê Provisório, que nomeou o Governo Provisório.” Sobre as circunstâncias em que se desenvolveram os fatos descritos acima, é correto afirmar que a) a derrubada da monarquia, em março de 1917, na Rússia, foi conduzida pelos bolcheviques-parlamentares que contro- laram o poder na Duma; durante todo o Governo Provisório. b) a precipitação do processo revolucionário russo foi produzi- da pela manutenção desse país na Primeira Guerra Mundial, o que resultou em 4 milhões de baixas, aproximadamente. c) os sovietes – comitês locais de trabalhadores – funcio- naram, desde sua criação em 1906, sob liderança dos bolcheviques, que buscavam espaço de atuação no governo czarista. d) as movimentações sociais que resultaram na queda da monarquia russa, em 1905, tomaram-se conhecidas como “Ensaio Geral”, já que funcionaram como antecâmara da revolução socialista. e) o deputado Kerensky, representou, no governo provisório, em 1917, as posições mencheviques, que tinham como palavra de ordem “Todo Poder aos Sovietes”, indicavam maior participação popular nas decisões políticas. 13.13. (FGV – SP) – “Caros camaradas, soldados, mari- nheiros e trabalhadores, tenho o prazer de congratulá- -los pela vitória da revolução russa, saudá-los como a vanguarda do exército proletário internacional(...) A guerra do banditismo imperialista é o começo da guerra civil na Europa. (...). Na Alemanha, tudo já está fermentando! Não hoje, mas amanhã, qualquer dia, pode ocorrer o colapso geral do capitalismo europeu. A revolução russa que vocês realizaram deu o golpe inicial e inaugurou uma nova era. (...). Viva a Revolução Social Internacional!” Discurso de Lenin em 16 de abril de 1917, citado em Wilson, E., Rumo à estação Finlândia. São Paulo: Cia. Das Letras, 1986. p. 441 Assinale a alternativa que melhor apresenta a temática central do discurso de Lenin: a) O apelo à manutenção da ordem interna em meio ao processo revolucionário bolchevique. b) A defesa da união de russos e alemães contra os imperia- listas, na Primeira Guerra Mundial. c) A defesa da permanência russa na Primeira Guerra Mundial como fator necessário à desestabilização do capitalismo internacional. d) O triunfo da revolução menchevique na Rússia como o primeiro passo para a revolução socialista mundial. e) A comemoração por conta da derrocada do sistema capitalista internacional, com o fim da Primeira Guerra Mundial. 13.14. (PUCPR) – A Revolução Russa de 1917 foi uma série de conflitos que derrubou o regime czarista russo e levou ao poder o Partido Bolchevique, grupo liderado por Lênin, que logo após chegar ao poder em outubro de 1917 imple- mentou uma série de mudanças como: a) A tomada das propriedades privadas da Igreja Ortodoxa e da nobreza com o pagamento de indenizações. b) A estatização das grandes indústrias e latifúndios, man- tendo bancos e transportes sob iniciativa privada. c) O pedido de paz e saída da Primeira Guerra Mundial, concretizado através do Tratado de Brest-Litovski. d) O fim do regime de servidão que perdurara mesmo após as promessas do czar Nicolau II de sua extinção. e) A ocupação das terras a oeste da Rússia, antes conside- radas colônias, como a Lituânia e a Letônia. 13.15. (PUC – RS) – Em 1917, liderados por Lenin e Trotski, os bolcheviques ganharam popularidade com as “Teses de Abril”, enunciadas na plataforma “paz, terra e pão”, que propunha: a) a manutenção da Rússia na Primeira Guerra Mundial, a conquista da Manchúria e a formação dos soviets; b) a saída da Rússia da Primeira Guerra Mundial, a instauração de uma monarquia parlamentar e a formação da Guarda Vermelha; c) a entrada da Rússia na Primeira Guerra Mundial, a instala- ção da ditadura do proletariado e a adoção de uma nova política econômica (a NEP); d) a manutenção da Rússia na Primeira Guerra Mundial, o domínio dos estreitos de Bósforo e Dardanelos e a forma- ção de um parlamento (DUMA); e) a saída da Rússia da Primeira Guerra Mundial, a divisão das grandes propriedades entre os camponeses e a regularização do abastecimento interno. 8 Extensivo Terceirão 13.16. (UEL – PR) – Compreender o processo revolucionário socialista ocorrido na Rússia de 1917 implica discernir histo- ricamente os seus autores e as atitudes assumidas por eles. Desta forma, pode-se afirmar: a) O partido comunista russo, criado por Marx e Engels em pleno vigor da lei de exceção imposta pelo Czar Nicolau II, adotou táticas de guerrilha de elevada eficácia socio- política, vencendo assim a guerra revolucionária. b) O processo revolucionário leninista colocou um ponto final no período feudal soviético dos Petrogrados, unindo os comerciantes revolucionários das principais cidades e os camponeses como anteriormente havia ocorrido na Revolução francesa de 1789. c) O comandante do exército bolchevique, Stalin, assumiu o poder no processo revolucionário expulsando o Czar e nomeando como seu líder no congresso socialista, Trotski, organizador das barricadas sindicais na Praça Vermelha. d) Marx e Bakunin elaboraram os princípios revolucionários de uma sociedade socialista, no entanto, devido aos in- tensos debates entre eles sobre a forma como o processo deveria ocorrer, distanciaram-se, tornando-se adversários. e) Proudhon, exilado na Rússia, organizou os operários em sindicatos comunistas que, na revolução, se integraram ao exército vermelho chefiado por Kerensky, estabelecendo a estratégia da guerra total contra o exército branco. 13.17. (UFRJ) – “Decreto sobre terras da reunião dos sovie- tes de deputados operários e soldados. 26 de outubro (8 de novembro) de 1917 1. Fica abolida, pelo presente decreto, sem nenhuma indenização, a propriedade latifundiária. 2. Todas as propriedades dos latifundiários bem como as dos conventos e da igreja, acompanhadas de seus inventários, construções e demais acessó- rios ficarão a disposição dos comitês de terras e dos Sovietes de Deputados Camponeses, até a convoca- ção da Assembleia Constituinte. 3. Quaisquer danos causados aos bens confiscados, que pertencem, daqui por diante, ao povo, é crime punido pelo tribunal revolucionário. Presidente do Soviete de Comissários do Povo – Vladimir Ulia- nov – Lenin”. ln: NENAROKOV, A. P. 1917: “a Revolução mês a mês”. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1967. p. 169. A edição deste decreto pelo novo governo revolucionário russo imediatamente após a tomada do poder exprime a necessidade de: a) explicitar o caráter camponês da Revolução Russa. b) dar a burguesia russa uma garantia de que seus bens e propriedades permaneceriam intocados. c) enfraquecer o poder dos antigos latifundiários e ganhar a imensa massa camponesa russa para a causa da Re- volução, garantindo seu acesso à terra a partir de uma reforma agrária. d) permitir aos antigos proprietários das terras, a nobreza expropriada pela Revolução de fevereiro de 1917, a reto- mada de seus direitos. e) garantir a propriedade privada da terra para os novos detentores do poder, os Sovietes de Deputados e Cam- poneses. 13.18. (PUC – RJ) – historiaporimagem.blogspot.com.br. Charge de Viktor Denisov (1920) Tradução: “Camarada Lênin limpa a Terra do mal” A Revolução Russa foi um dos mais importantes eventos do século XX, e os historiadores apresentaram, ao longo do tempo, diversas interpretações sobre os acontecimentos iniciados em 1917. A história do socialismo na Rússia foi movida por uma série de contradições e conflitos, internos e externos, que levaram o país a um determinado modelo de socialismo. A charge acima mostra Lênin, líder do grupo bolchevique, varrendo do planeta Terra aqueles que seriam os adversários do socialismo. Considerando a imagem, a) Identifique dois “inimigos” do socialismo representados entre aqueles que estavam sendo “varridos” por Lênin. Aula 13 9História 4B b) Explique uma consequência da vitória dos socialistas para a sociedade russa. Desafio 13.19. (UFSC) – A Revolução Russa, ocorrida em 1917, foi resultado de diferentes movimentos de insatisfação que culminaram com o fim do czarismo e a criação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). A liderança do operariado russo no processo revolucionário do país ganhou visibilidade internacional e contribuiu para o crescimento das lutas trabalhistas pelo mundo. Sobre o contexto dessa revolução e sobre lutas trabalhistas ao longo do século XX, é correto afirmar que: 01) na revolução de fevereiro de 1917, as principais lide- ranças socialistas operárias russas, Alexander Kerensky e Vladimir Lenin, comandaram a queda do czarismo, retiraram a Rússia da Primeira Guerra Mundial e implan- taram um governo inspirado no marxismo. 02) no Brasil, em 1917, um movimento operário inspirado em ideais anarquistas liderou uma grande greve que envolveu várias categorias profissionais. 04) a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), documento que reúne as leis trabalhistas brasileiras, foi resultado do diálogo estabelecido entre o movimento operário brasileiro e o governo militar durante os anos 1970. 08) criado e implantado no governo de João Goulart, em 1963, o Estatuto do Trabalhador Rural Brasileiro foi re- sultado da articulação entre a bancada ruralista e os movimentos sociais rurais do país. 16) entre as medidas tomadaspelo “governo provisório” de Getúlio Vargas (1930-1934), está a criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, por meio do qual o Estado passava a intervir nas relações entre patrões e empregados. 32) no início do século XX, para se organizarem e lutarem por melhorias, os trabalhadores russos criaram os so- vietes, conselhos formados por representantes de ope- rários, camponeses e soldados. 13.01. a 13.02. e 13.03. e 13.04. e 13.05. e 13.06. d 13.07. c 13.08. b 13.09. b 13.10. b 13.11. b 13.12. b 13.13. b 13.14. c 13.15. e 13.16. d Gabarito 13.17. c 13.18. a) A imagem apresenta, pelo menos, quatro inimigos do socialismo russo: a monarquia russa, a aristocracia (tanto russa quanto de outras monarquias inimigas da revolução), a igreja católica orto- doxa russa e a burguesia russa. b) A principal consequência foi a queda do czarismo russo e a ado- ção de um regime republicano comunista. 13.19. 50 (02 + 16 + 32) 10 Extensivo Terceirão 4B URSS: de Lenin a Stalin Aula 14 História Socialismo real Karl Marx e Friedrich Engels profetizaram que as revoluções socialistas ocorreriam nos países avançados do Ocidente, especialmente na França, Inglaterra e Alemanha. Não foi o que aconteceu, pois a revolução triunfou na Rússia, que era um país atrasado. Lenin, por um certo tempo, acreditou na possibilida- de de revoluções no Ocidente, mas suas esperanças não se concretizaram. O socialismo deveria ser construído na Rússia com as suas próprias forças. Era uma experiência nova, daí os erros e as dificuldades. Armas da República Socialista Federativa Soviética da Rússia Nova política econômica Em 1921, a situação da Rússia soviética era desespe- radora. Fome, burocratização do regime e uma grande apatia tomavam conta de muitos. A economia ia mal. As mudanças eram necessárias. “Um passo atrás para dar dois à frente”, foi como Lenin definiu, em 1921, a Nova Política Econômica. Com o objetivo de reativar a produção que estava em queda, restaurou-se parcialmente a economia de mer- cado. Foram restabelecidos a distinção de salários e o comércio exterior, suprimida a requisição compulsória de produtos agrícolas, autorizada a constituição de empresas privadas e a inversão de capitais estrangeiros. Assim, ao lado do setor estatal, ressurgiu o setor privado da economia, de cunho marcadamente capitalista. A nova política econômica prolongar-se-ia até 1928, quando deu origem aos planos quinquenais. Formação da URSS Com o Tratado de Brest-Litovsk, a nova Rússia per- deu 700 000 km2 em relação ao Império dos czares. A Polônia tornou-se independente, e se formaram outros Estados que, até então, haviam feito parte do Império Russo: Lituânia, Letônia, Estônia e Finlândia. A Romênia anexou a Bessarábia. Em dezembro de 1922, durante um congresso dos sovietes, nasceu a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, compreendendo quatro repúblicas: Rússia, Ucrânia, Bielo-Rússia e Transcaucásia. Mais tarde, outras repúblicas passaram a integrá-la: Uzbequistão e Turco- menistão (1924) e Tadjiquistão (1929). Luta pelo poder Com a morte de Lenin, em 1924, desencadeou-se a luta pelo poder. De um lado, Trotski, comissário do povo para a guerra; do outro, Stalin, secretário-geral do partido. Essa luta representou o confronto de duas con- cepções revolucionárias: Trotski defendia a necessidade de estender a revolução a todos os países; Stalin defen- dia a tese da consolidação do socialismo na URSS. Em 1925, Trotski foi destituído do cargo de comissário para a guerra; em 1927, foi expulso do partido e, em 1929, foi exilado da URSS. Stalin permaneceu no poder até sua morte em 1953. Trotski foi assassinado no México, em 1940, por um agente da NKVD (comissariado do povo para assuntos internos). Bi bl io te ca d o Co ng re ss o do s E st ad os U ni do s Stalin Trotski Os historiadores têm procurado compreender como Stalin chegou ao poder supremo. Norman Lowe fez a seguinte síntese: ©W ikim edia Comm ons/Government of the Russian Soviet Federative Socialist Republic/Painter Н.А.Андреев (N.A.Andreev) Aula 14 11História 4B • O brilhantismo de Trotski gerava inveja e ressentimento entre outros membros do Politburo. A sua arrogância não era apre- ciada e muitos não gostavam do fato de que ele tinha se juntado aos bolcheviques pouco antes da Revolução de Outubro. • Os membros do Politburo subes- timaram Stalin. Eles o considera- vam apenas um administrador competente. • Stalin usou sua posição de forma inteligente. Como secretário- -geral procurava nomear seus apoiadores como secretários das organizações locais do Partido Comunista, de tal maneira que, em 1928, todos os órgãos e congressos estavam repletos de stalinistas. • Stalin soube usar as divergências em vantagem própria. Apoiou Bukharin contra Kamenev e Zinoviev. Em 1929 se voltou contra Bukharin, que apoiara a Nova Política Econômica. A maioria dos membros do Partido apoiou Stalin, pois a NEP estava começando a falhar e os kulats estavam bloqueando o progres- so e enriquecendo. Era Stalin De 1924 até 1953, o georgiano (nascido na Geórgia) Stalin governou com mãos de ferro a URSS. É inegável que, sob a sua direção, o país saiu do arado de madeira aos reatores nu- cleares, mas é verdade também que a repressão foi a tônica do regime. A democracia proletária cedeu lugar a uma crescente burocratização do regime. Muitos expurgos foram reali- zados. Antigos revolucionários, como Bukharin, Zinoviev e Kamenev, foram executados. Na luta pelo poder valia tudo, e a revolução perdeu as suas características originais. A partir de 1929, entrou em vigor o Primeiro Plano Quinquenal, que objetivava a coletivização das terras (missão dos kolkhozes – cooperativas agrícolas – e dos sovkhozes – fazendas estatais) e a industrialização. Os kulaks, camponeses que haviam enriquecido com a NEP, reagiram ao processo de coletivização, matando animais e destruindo benfeitorias em suas propriedades. Comissários enviados pelo governo foram mortos. A rea- ção do poder soviético foi dura. O processo de “deskulakização” foi marcado pela repressão. Após a morte de Stalin (1953), Nikita Kruschev procurou revelar os erros da chamada “Era Stalin”. Dados sobre presos políticos e pessoas executadas foram inflados. Com a abertura dos arquivos da antiga União Soviética, pesquisadores comprometidos em buscar a verdade, sem intenções ideológicas, têm revelado que houve repressão, porém numa escala muito menor do que se imaginava. Nos anos de 1932-33, ocorreu uma grande fome e um gigantesco morticí- nio em regiões da URSS, especialmente na Ucrânia. Para o historiador Thomas Wood, o “Holodomor Ucraniano” foi uma política deliberada e genocida levada a cabo por Stalin. Já para a historiadora Annie Lacroix-Riz houve fome e mortes, porém, as causas foram diversas: seca; epidemia do tifo; requisições forçadas; sabotagens dos contrarrevolucionários; equívocos na política de coletivização e descaso das autoridades com as necessidades das camponesas. Por outro lado, a “Era Stalin” foi marcada por um notável progresso mate- rial, social e educacional, como revela o imparcial Norman Lowe. “Uma das grandes conquistas do regime stalinista foi a expansão da educação gratuita em massa. Em 1917, menos da metade da população poderia ser descrita como alfabetizada. Em janeiro de 1930, o governo anunciou que, até o final do verão russo, todas as crianças entre 8 e 11 anos deveriam estar matriculadas nas escolas. Entre 1929 e 1931, o número de alunos aumentou de 14 milhões para cerca de 20 milhões. Foi nas áreas rurais, onde a educação tinha sido irregular, que ocorreu a maior parte desse aumento. Em 1940, havia 199 000 escolas, e mes- mo nas áreas mais remotas da URSS elas eram proporcionadas. Muitas novas faculdades foram estabelecidas para formar a nova geração de professores. Segundo o censo de 1939, entre as pessoas de 9 a 49 anos, 94% nas cidades e 86% nas áreasrurais, estavam alfabetizadas. Em 1959, esses percentuais subiram para 99 e 98% respectivamente.” LOWE, Norman. História do Mundo Contemporâneo. Porto Alegre: Penso, 2011, 393. Nas artes, predominou o chamado “realismo socialista” (arte a serviço da ideologia, por meio de temas facilmente apreensíveis pelas massas, as quais teriam de constituir exemplos edificantes da construção do socialismo). Na ilustração, observa-se a mensagem de um Stalin popular. © W ik im ed ia C om m on s 12 Extensivo Terceirão Testes Assimilação 14.01. (UEG – GO) – Leia o texto a seguir. A revolução permanente é uma utopia: a guerra per- manente é uma realidade. 1914-1985: Primeira Guer- ra Mundial, Guerra do Rif, Guerra Civil Espanhola, Segunda Guerra Mundial, guerras da Indochina, da Coréia, do Vietnã, da Argélia, a chamada “Guerra Fria”. VICENT, G; PROST, A. História da Vida Privada. São Paulo: Cia. das Letras, 1992. p. 201. v. 5. Após a morte de Lênin houve um racha entre os líderes da Revolução Russa. Como contraposição à tese da “revolução em um só país”, a concepção de Revolução Permanente, uma proposta que pretendia transformar o processo revolucioná- rio em ação incessante e global, foi defendida por a) Stalin, sucessor de Lênin. b) Trotsky, líder do exército vermelho. c) Nicolau II, último czar da Rússia. d) Gorbatchov, criador da Perestroika. e) Marx, principal teórico do comunismo. 14.02. (ESPM – SP) – Em 1915, enquanto a dinastia Ro- manov comemorava seu tricentenário, a Rússia vivia um desastre militar. Com os combates da Primeira Guerra Mundial os alemães conquistaram boa parte do território russo, mais de um milhão e meio de soldados foram mortos. No início de 1917 a Rússia estava aniquilada militarmente e desorganizada eco- nomicamente, ocorriam desabastecimento, escassez e distúrbios populares. Em fevereiro e março irrompeu a revolução contra o czar Nicolau II. A burguesia russa rapidamente instalou um Governo Provisório e uma Duma (Parlamento). Paulo Visentini e Analúcia Pereira. História do Mundo Contemporâneo. Deflagrada a Revolução Russa, em fevereiro e março de 1917, o Governo Provisório: a) firmou um acordo de paz, imediatamente, com os ale- mães; b) aboliu a servidão e eliminou as dívidas dos mujiques (servos) para aplacar a revolta popular; c) decidiu manter Rússia na Primeira Guerra Mundial, o que desgastou o novo governo; d) decidiu instaurar planos quinquenais para planificar a economia; e) instituiu a Nova Política Econômica (NEP), que combinava princípios socialistas e capitalistas. 14.03. (UPF – RS) – A Revolução Russa, iniciada em 1917 e que derrubou o regime absolutista czarista e implantou pela primeira vez o socialismo em um país. Em relação às medidas adotadas pelo então novo governo socialista, é correto afirmar que a) com a livre abdicação do Czar Nicolau II, foi possível a formação de uma aliança política entre os líderes do antigo regime czarista e os dirigentes do novo governo provisório. b) Lênin, grande líder socialista, prisioneiro político exilado na Sibéria, acabou ficando excluído do processo revolu- cionário, bem como do governo que se instalou na Rússia. c) o início do processo revolucionário caracterizou-se pela mudança nas leis dos direitos civis, pela anulação dos títulos de nobreza, pela separação entre Igreja e Estado, pela reforma agrária e pelo fim da propriedade privada. d) o governo socialista implantou imediatamente o projeto de reconstrução da economia, a chamada Nova Política Econômica (NEP), que eliminou por completo a proprie- dade privada no país. e) no nível político, o governo revolucionário promulgou, no mesmo ano de 1917, uma nova constituição, que legitimou a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), em decorrência da imediata expansão revolucio- nária para fora da Rússia. 14.04. (UNISINOS – RS) – Em 2017, completa 100 anos. Sobre a Revolução Socialista Russa, é correto afirmar que I. foi um dos acontecimentos mais significativos do século XX, pois a proposta dos revolucionários colocava em xe- que a ordem socioeconômica capitalista e forjava outra sociedade, com a promessa de distribuição de terras para os camponeses, de fábricas para os operários, de paz para os povos e de liberdade religiosa. II. fundamentou-se em princípios marxistas de abolição da propriedade burguesa e privada, do fim das classes sociais e do Estado, e o caminho intermediário para alcançar tais propósitos seria a ditadura do proletariado. III. fundamentou-se em princípios liberais da livre concor- rência e da livre iniciativa, de incentivo à acumulação privada de capital industrial e financeiro, da defesa do imperialismo. Sobre as proposições acima, pode-se afirmar que a) apenas I e II estão corretas. b) apenas II está correta. c) apenas III está correta. d) apenas II e III estão corretas. e) I, II, III estão corretas. Aula 14 13História 4B Aperfeiçoamento 14.05. (FEEVALE – RS) – Disponível em: <http://acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,ha-100-anos- mulheres-impulsionavam-revoluacao-russa,12711,0.htm>. Acesso em: 09 abr. 2017. Em 2017, relembramos os 100 anos da Revolução Russa. Depois de longo tempo de reivindicações, greves e crise, em outubro de 1917, um dos vários grupos revolucionários acabaria chegando ao poder. Sobre esse tema, fazem-se as seguintes afirmações. I. O governo da Rússia, naquele período, era uma monar- quia. O Imperador era chamado de Czar, detinha poderes absolutos e também era o líder da Igreja Ortodoxa Russa. II. Os dois principais grupos de oposição ao Czar eram os mencheviques, que defendiam a implantação de me- didas radicais, e os bolcheviques, que representavam o menor grupo e o mais conservador entre os socialistas. III. O Império Russo vivia um longo período de crise, que foi re- alimentado pela participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial, o que desencadeou uma séria crise econômica, além de greves e passeatas, em função da fome, miséria e incapacidade do governo de resolver os problemas. Com base nas afirmações, assinale a alternativa correta. a) Apenas a afirmação I está correta. b) Apenas as afirmações I e II estão corretas. c) Apenas as afirmações I e III estão corretas. d) Apenas as afirmações II e III estão corretas. e) Todas as afirmações estão corretas. 14.06. (UFRGS) – Considere as afirmações sobre a Revolução Russa de 1917 e seus desdobramentos. I. Após a chamada “Revolução de Fevereiro”, de 1917, e a abdicação do czar Nicolau II, foi instaurado um regime parlamentar liberal, mais tarde removido pela Revolução Bolchevique de outubro do mesmo ano. II. Durante a guerra civil que se seguiu à Revolução, os Esta- dos Unidos e as principais potências europeias apoiaram a luta dos bolcheviques contra os chamados “brancos” contrarrevolucionários. III. Nos grandes expurgos da década de 1930, muitos dos “velhos bolcheviques”, antigos revolucionários aliados de Lênin, foram removidos do poder e executados a mando de Josef Stalin. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e III. e) I, II e III. 14.07. (FGV – SP) – Controle público absolutamente indispensável. (...) Corrupção inevitável (...) A prática do socialismo exige uma completa subversão no espírito das massas (...). Instintos sociais em lugar dos instintos egoístas (...). Mas ele [Lênin] se engana completamente no emprego dos meios. Decreto, poder ditatorial dos inspetores de fábrica, sanções draconianas, terror (...). A única via que leva a um renascimento é a própria escola da vida pública, uma democracia mais ampla (...). É justamente o terror que desmoraliza. Rosa Luxemburgo. A Revolução Russa (1918), apud Marc Ferro. A Revolução Russa de 1917, 1974. Adaptado. A partir do fragmento, é correto afirmar que a) o processo de criação do Estado socialista na Rússia, a partir de 1917, faz-se com métodos violentos, defendidos pela autora: esvaziamento do poderdos sovietes, fortale- cimento da polícia secreta, burocracia e implantação de uma ditadura para realizar as mudanças econômicas tão importantes naquele momento de crise. b) o texto da militante comunista é uma crítica à forma como a Revolução de 1917, liderada por Lênin, organi- zou o Estado de forma centralizadora, burocrática, sem tolerar a oposição, impunha a requisição de grãos, a estatização com o comunismo de guerra, afastando-se da democracia. c) a militante anarquista russa critica a forma como a lide- rança menchevique usa meios violentos para implantar o socialismo, baseado na reforma agrária, no controle dos bancos, dos transportes e das riquezas do subsolo, na tentativa de diminuir as distâncias sociais e aumentar o poder dos sovietes. d) a autora considera que a Revolução Russa de 1917 havia avançado no seu projeto de construção do Estado socia- lista e no êxito de suas realizações econômicas: controle da máquina administrativa para evitar a corrupção, a organização do Estado de forma democrática e o esta- belecimento da propriedade coletiva. e) a militante comunista alemã, a partir de uma crítica contundente, aponta erros na rota planejada por Lênin para o Estado socialista russo e sugere caminhos como: o controle público da economia, o terror com a polícia secreta, sanções contra a corrupção administrativa e, por fim, a ditadura para garantir os princípios socialistas. 14 Extensivo Terceirão 14.08. (PUCCAMP – SP) – Regimes que se dizem cristãos e que derivam sua autoridade de um determinado corpo de textos já variaram do reino feudal de Jerusalém aos shakers, do império dos tsares russos à República Ho- landesa, da Genebra de Calvino à Inglaterra georgiana. Em épocas distintas, a teologia cristã absorveu Aristóte- les e Marx. Todos afirmavam provir dos ensinamentos de Cristo – embora em geral desagradando a outros cristãos igualmente convencidos de sua cristandade. HOBSBAWM, Eric. Como mudar o mundo. Marx e o marxismo (1840-2011). São Paulo: Companhia das Letras, 2011. p. 312. Sobre o império dos tsares russos a que o texto se refere, pode-se afirmar que, na década de 1860, o czar Alexandre II, através de empréstimos franceses, inicia a) uma intensa reforma social e política como a abolição da escravidão, da prisão por dívida, reformas educacionais e restabelecimento de liberdade de culto e uma ampla reforma agrária com confisco das terras dos nobres emigrados. b) um forte desenvolvimento industrial e militar na Rússia provocando algumas mudanças socioeconômicas, como o do controle operário sobre a produção e a distribuição igualitária do que for produzido pelos membros da sociedade. c) uma crescente intervenção do Estado russo sobre a economia provocando muitas mudanças, como a deca- dência dos dogmas do liberalismo, a falência do pequeno proprietário de terra e a emissão de moedas para conter a inflação. d) um acentuado período de planejamento econômico na Rússia, por meio de medidas como o financiamento das obras públicas, com o intuito de minimizar o desemprego, estimular o consumo, aumentar o salário do trabalhador. e) uma concentrada industrialização na Rússia provocando diversas modificações sociais como o surgimento de um vigoroso movimento operário e o início da disputa política entre a jovem burguesia e a nobreza russa. 14.09. (PUC – RJ) – A Revolução Socialista na Rússia, em 1917, foi um dos acontecimentos mais significativos do sécu- lo XX, uma vez que derrubou o regime tzarista e estabeleceu o socialismo no país. Sobre o contexto sociopolítico anterior à Revolução, analise as afirmativas a seguir: I. A maior parte da população estava no campo, submetida a condições de trabalho muito precárias devido a um sistema fundiário concentrado. II. A indústria e o setor financeiro se desenvolveram muito ao longo do século XIX e se tornaram a base de uma forte burguesia nacional. III. A igreja ortodoxa mantinha forte influência sobre a elite aristocrática e era um dos pilares ideológicos do regime monárquico. IV. No decorrer do século XIX, o operariado russo tornou-se a principal oposição ao regime monárquico através de uma sólida rede de sindicatos e partidos. Estão corretas SOMENTE as afirmativas: a) I e II. b) II e III. c) I e III. d) I e IV. e) III e IV. 14.10. (FAMERP – SP) – Seja como for, o comunismo não se limitava à Rússia. [...] Uma das minhas primeiras experiências políticas, quando me tornei membro do partido [comunista] na época em que ainda estudava em Berlim, foi uma discussão com o companheiro responsável por meu recrutamento. Ele ficou descon- certado quando lhe disse: “Bem, todo mundo sabe que a Rússia é um país atrasado, por isso podemos esperar que o comunismo tenha suas derrotas por lá.” (Eric J. Hobsbawm. O novo século, 2000.) A afirmação do estudante de Berlim e futuro historiador inglês baseava-se na ideia de que a) as revoluções operárias vitoriosas ocorreram ao longo da história nos países mais industrializados. b) as rupturas sociais radicais, inauguradas pela Revolução Francesa, deram origem a regimes totalitários. c) o sucesso revolucionário seria possível somente no caso da propagação da revolução para países dominados pelos europeus. d) a vitória dos comunistas na Rússia foi liderada por partidos oriundos dos movimentos camponeses. e) a revolução bolchevista deveria enfrentar a questão do desenvolvimento econômico do país. Aprofundamento 14.11. (UNIOESTE – PR) – Para muitos, ela foi (e continua sendo) reconhecida como a maior revolução ocorrida desde o século XX; outros, porém, associam-na a um regime extre- mista que pregou o medo e a repressão; e, para outros tantos (talvez a maioria), as marcas de sua existência (caso explícito do “comunismo”) ainda rondam a memória individual e coletiva de homens e mulheres por todo o planeta, inde- pendentemente de suas colorações políticas e ideológicas. Neste ano de 2017, lembramos dos cem anos da chamada “Revolução Russa” ou “Revolução Bolchevique” (outubro de 1917), um dos eventos históricos mais importantes do século XX – cujos debates ainda são acalorados – na medida em que, durante várias décadas, passou a disputar a hegemonia mundial com o capitalismo. Sobre a Revolução Russa e seus desdobramentos históricos, é CORRETO afirmar. a) A participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) foi um dos grandes elementos desencade- adores de uma série de greves e revoltas populares pelo País que culminaram com a derrubada do regime czarista de Nicolau II. Aula 14 15História 4B b) Uma das memórias mais vivas em nosso tempo presente acerca da chamada “Revolução Russa” – conhecida pela in- ternet e em livros didáticos – e a imagem de Leon Trotsky discursando para os trabalhadores na Praça Vermelha em maio de 1919. c) A consolidação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), em 1922, depois de uma guerra civil de quase cinco anos, teve como seu grande líder Josef Stálin, um liberal democrata que defendia a necessidade de implantar uma reforma socialista. d) Na Rússia do século XXI, em pleno ano do centenário da “Revolução Russa”, o governo de Vladimir Putin decidiu construir uma estátua em homenagem a Josef Stálin, o grande líder daquele evento histórico. e) Os bolcheviques, liderados por Plekhanov e Tolstói e que representavam a ala mais conservadora dos revolucio- nários russos, foram derrotados pelos mencheviques nas jornadas de outubro de 1917. 14.12. (PUCCAMP – SP) – Não deixa de ser surpreendente que o lirismo delicado de Cecília Meireles tenha se mostrado, entre nós, um dos mais permeáveis aos acontecimentos da Segunda Guerra Mundial. De algum modo, aquele “costume de sofrer pelo mundo inteiro” reflete-se em diversas passagens entre 1939-1945, tal como nestes versos do poema “Pistoia, cemitério militar brasileiro”: São como um grupo de meninos num dormitório sossegado, com lençóis de nuvens imensas, e um longo sonosem suspiros, de profundíssimo cansaço. MOURA, Murilo Marcondes de. O mundo sitiado. São Paulo, Editora 34, 2016, p. 254-255. Durante a Segunda Guerra Mundial, a URSS encontrava-se em plena “era stalinista”. Essa era a) decaiu em termos de poder político ao serem denuncia- dos, pelos Estados Unidos, os “crimes de Stalin”, em 1956, revelando as atrocidades decorrentes da coletivização forçada, numa operação denominada Cortina de Ferro, que tinha por objetivo conter o avanço comunista. b) sobreviveu à Guerra Fria, consolidando um modelo de socialismo e culto à personalidade que se disseminou por diversos países por meio do Pacto de Varsóvia e desgastou-se somente no fim dos anos 1990, com a adoção da Perestroika. c) manteve-se com grande base de apoio popular até os anos 1980, por ter levado a URSS a um salto de crescimen- to econômico por meio da indústria de bens de consumo duráveis, que transformou esse país na segunda potência socialista mundial, atrás somente da China. d) perdurou até a morte do líder Joseph Stalin, em 1953, sendo caracterizada por um governo marcado por forte autoritarismo, rígido planejamento econômico e centra- lização do poder pelo Partido Comunista. e) esfacelou-se com a desintegração da URSS, após sua derrota na Guerra da Coréia, momento em que os países do Leste Europeu dominados por Stalin passaram a reivin- dicar novamente sua condição de repúblicas autônomas e democráticas. 14.13. (MACK – SP) – Rosa Luxemburgo, destacada intelec- tual marxista, escreveu, em 1918, a obra A Revolução Russa. Leia com atenção o trecho a seguir: “A liberdade é sempre a liberdade de quem pensa de maneira diferente (...). A ditadura do proletariado deve ser obra da classe e não de uma pequena minoria dirigente em nome da classe (...). Sem eleições gerais, sem liberdade irrestrita de imprensa, de reunião e dis- cussão (...), algumas dezenas de dirigentes do Partido (...) comandam e governam (...). Entre eles, a direção, na verdade, está nas mãos de uma dúzia de homens, e uma elite, escolhida na classe operária, é de tem- pos em tempos convocada a aplaudir os discursos dos chefes e votar por unanimidade as resoluções que lhe são apreendidas”. Rosa Luxemburgo. A Revolução Russa. Citado em: Antoine Prost. Gérard Vincent (orgs). História da Vida Privada: Da Primeira Guerra aos nossos dias. v. 5. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, pp. 419-420. É correto afirmar que, para a autora, o processo revolucio- nário russo a) contribuiu para a imposição das leis proletárias para o restante da União Soviética. Segunda essa visão, aos soviéticos, por serem a elite socialista, caberia a liderança sobre o restante dos países marxistas. b) resultou na criação de uma ditadura por parte dos diri- gentes do partido, e não do proletariado. Em sua visão, a ditadura do proletariado deveria partir da classe e não de um grupo de dirigentes que fala em seu nome. c) criou uma elite burocrática semelhante aos demais paí- ses capitalistas. Por isso, o governo stalinista deveria ser substituído pela ditadura do proletariado, com ampla participação do operariado urbano na condução do país. d) resultou de uma coalizão de forças entre o campesinato e o operariado urbano. Daí a necessidade, apontada no texto, de estabelecer um governo centralizador, que fosse capaz de congregar interesses diversos. e) estabeleceu o comando proletário sobre os dirigentes do partido, razão pela qual o governo se encontrava sem credibilidade. A solução, segundo o texto, seria atentar para os múltiplos interesses envolvidos, e conciliá-los no governo. 16 Extensivo Terceirão 14.14. (FATEC – RS) – Em fevereiro de 1917, revoltas po- pulares derrubaram o Czar Nicolau II e instauraram uma república; em outubro do mesmo ano, foi implantado o governo socialista soviético. Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, o ce- nário político e econômico dos primeiros anos do governo socialista (1917–1924). a) Leon Trotsky coordenou o programa de flexibilização das leis trabalhistas, o Partido Bolchevique aprovou o envio de mais soldados para o fronte da Primeira Guerra Mundial e a Igreja Ortodoxa se responsabilizou pelo programa de educação popular. b) Gorbachev rompeu as relações comerciais com os Estados Unidos, dando início à Guerra Fria, pequenos proprietários foram expulsos de suas terras, que foram privatizadas e entregues ao controle de empresas estrangeiras. c) Sob a liderança de Lênin, a Rússia viveu uma guerra civil, durante a qual foi estabelecido o comunismo de guerra, um programa de educação obrigatória para as crianças de até 16 anos e a Nova Política Econômica. d) Após a proclamação da República Russa, Nikita Kruschev foi eleito presidente e restabeleceu as relações diplomá- ticas com a França, o Japão e a Inglaterra, normalizando o comércio internacional. e) Com o apoio de setores da burguesia e da nobreza cza- rista, Joseph Stálin promoveu a conciliação de classes, apoiada no crescimento industrial acelerado e na pro- moção do Estado de Bem-Estar Social. 14.15. (UFPR) – Considere o seguinte texto: [...] as reuniões de Trotsky no Circo Moderno repre- sentam apenas uma das múltiplas faces da massa. Há uma foto perturbadora do 1o. de Maio em Moscou, na futura Praça Vermelha, em frente ao Kremlin. Numa espécie de cruzamento cronológico, a multidão revo- lucionária – uma mistura de tropas, soldados a cavalo, passeatas operárias – adquire um perfil familiar, o da coreografia tradicional do socialismo real. Somente a ausência de tanques, de uma tribuna de apparatchiks [o alto escalão do PC] e de grandes retratos de Lenin e Stalin pendurados nas fachadas dos edifícios nos lembra que tudo isso ainda está por vir. O czarismo celebrou sua glória nesse mesmo lugar. A revolução apropria-se dele, muda seu significado, mas a geome- tria das passeatas que o permeiam revela de súbito a imagem do futuro e, ao mesmo tempo, a força de um atavismo histórico que inegavelmente insere o ano de 1917, contra a sua vontade, num longo período [...]. (LÖWY, Michel. Revoluções. São Paulo: Boitempo, 2009, p. 158.) Com relação à Revolução Russa de 1917 e seus desdobra- mentos políticos na construção da URSS e em outras nações, identifique como verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes afirmativas: ( ) A recepção do acontecimento da Revolução Russa no Brasil foi amplamente favorável. Vários periódicos bra- sileiros de grande circulação lançaram notas em apoio à Revolução Bolchevique, criando assim uma prolífica imprensa engajada. ( ) O ano de 1917 dá início a um processo que transfor- mou o mundo, sendo chamado por um importante analista de “utopia concreta”. Entretanto, os períodos que se seguem na construção do socialismo histórico apresentaram um universo militarizado e autoritário, que, por fim, revelou uma longa e trágica história de abusos e violências. ( ) Embora o fim da URSS tenha ocorrido após os eventos que vão de 1989, com a queda do muro de Berlim, até dezembro de 1991, com o golpe de estado que derrubou Gorbatchev, a URSS teve outro momento de grande abalo por volta de 1956, quando vieram a pú- blico os crimes de estado do período de Stalin. ( ) O período em que Stalin esteve no controle da URSS foi de abertura política, graças à intercessão de Trotsky, que estabeleceu uma rede de contatos em todo o mundo, incluindo figuras como o muralista Diego Ri- vera e a pintora Frida Kahlo. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo. a) V – F – F – V. b) F – V – V – F. c) F – F – V – V. d) V – V – F – V. e) F – F – V – F. 14.16. (UEM – PR) – Sobre a história da Rússia pós-1917, assinale o que for correto. 01) A Nova Política Econômica (NEP) instituiu um planeja- mento estatal sobre a economia, mas também estimu- lou a pequena manufatura privada, o pequeno comér- cio e a venda livre de produtos nos mercados locais, por camponeses. 02) A Perestroika e a Glasnost forampolíticas adotadas pelo presidente russo Vladimir Putin para combater a corrupção e o tráfico de drogas. 04) A partir de 1928, com a adoção dos planos quinquenais, foi realizada a coletivização agrícola, com a implanta- ção de dois tipos de estabelecimentos rurais: as fazen- das estatais (sovkhozes) e as cooperativas (kolkhozes). 08) Os chamados “processos de Moscou” foram ações de julgamentos, condenações, expulsões e fuzilamentos adotadas por Stalin contra líderes políticos e cidadãos russos que ousaram discordar de sua política centrali- zadora. 16) A Primavera de Praga é o nome do acordo assinado entre a União Soviética e os países do leste europeu, em 1968, visando democratizar os países socialistas e acabar com a economia planejada. Aula 14 17História 4B 14.17. (UEM – PR) – A eclosão da Re- volução, em outubro de 1917, abalou e transformou as estruturas econômicas e políticas internas da Rússia. Sobre a situação da Rússia no contexto da Re- volução de outubro de 1917, assinale o que for correto. 01) Durante o processo revolucioná- rio, os rebeldes contaram com o apoio de exércitos estrangeiros, principalmente da Inglaterra e dos Estados Unidos da América. 02) Enquanto os mencheviques (mi- noria) defendiam uma aliança política entre trabalhadores e burguesia para conquistar o po- der, os bolcheviques (maioria) defendiam a conquista do poder pelos trabalhadores por meio da luta revolucionária. 04) A servidão existiu no País até a segunda metade do século XIX, quando foi oficialmente aboli- da. No entanto os trabalhadores camponeses continuaram a viver na precariedade. 08) A Rússia já era um dos países eu- ropeus mais desenvolvidos mili- tarmente e, mesmo assim, bus- cou expandir sua indústria bélica anexando territórios dos países vizinhos. 16) Ainda que a industrialização te- nha começado no século XX, a burguesia industrial russa tinha pouco peso na economia do País, pois o capital advinha da Inglater- ra e da França. 14.18. (UEM – PR) – Sobre a Revolu- ção Russa e a história da União Sovié- tica, assinale o que for correto. 01) Em 1921, o governo bolchevique instituiu a Nova Política Econô- mica (NEP). Sob rígido controle político do Estado, a NEP se carac- terizou por ser um planejamento estatal sobre a economia que combinava princípios socialistas com elementos capitalistas. 02) Durante o governo de Joseph Stálin, vários de seus opositores políticos foram eliminados. Esse foi o caso de Trotski, exilado em 1929, e assassinado em 1940, no México. 04) Quando Nikita Kruschev assumiu o poder, em 1953, implementou-se uma polí- tica de aproximação com o Ocidente, a chamada coexistência pacífica. Entre os aliados do bloco comunista se estabeleceram relações político-ideológicas mais flexíveis como no reconhecimento do governo de Tito da Iugoslávia. Contudo, essa postura mais flexível não foi seguida em todos os momentos, uma vez que as tropas soviéticas sufocaram uma rebelião popular na Hungria em 1956. 08) Mikhail Gorbatchev enrijeceu as relações políticas com o Ocidente e inten- sificou a corrida armamentista existente entre os Estados Unidos e a União Soviética. Além disso, fortaleceu o poder do Partido Comunista e proibiu as manifestações de forças políticas alternativas. 16) Em 1991, as declarações unilaterais de independência das repúblicas bálticas, a saber, Estônia, Lituânia e Letônia, foram rechaçadas pelo governo de Mikhail Gorbatchev. Desafio 14.19. (PUCCAMP – SP) – Importa questionar como estabelecer critérios de valor estético e de definição do belo em tempos sombrios, no século XX. Em Crítica Cultural e Sociedade, Theodor Adorno expôs que “escrever um poema após Auschwitz é um ato bárbaro” (Adorno, 1998, p. 28). A afirmação se refere ao estatuto da produção poética em um contexto que não abarca mais condições viáveis para o estado contemplativo, intrinsecamente associado à poesia lírica em vários autores, fundamentais para a produção do gênero. Na era dos extremos, há necessidade de um estado de permanente alerta, em que as condições de integração ao relacionamento social foram abaladas e, em muitos casos, aniquiladas pela guerra, pela mercantilização e pelo aumento das intervenções violentas dos Estados na vida social. Permitir-se a contemplação passiva após Auschwitz significa, em certa medida, natu- ralizar o horror vivido, esquecê-lo ou trivializá-lo. A banalização dos atos desumanos praticados nos campos de concentração, associada à política de esquecimento exercida em diversos segmentos da educação e da produção cultural, é a legitimação necessária para que eles se repitam constantemente. GINZBURG, Jaime. Crítica em tempos de violência. São Paulo: Edusp/FAPESP, 2012, p. 460. Após a Revolução Russa, com a instauração do regime socialista, foram empregadas muitas medidas governamentais que representavam intervenções violentas do Es- tado na sociedade, a fim de que o Partido Comunista, no poder, pudesse ter grande controle sobre todas as atividades praticadas. Um exemplo dessas medidas foi a a) execução da NEP, Nova Política Econômica, cujo objetivo era o de planificar a economia, centralizar o controle da mesma pelo Estado, que passava a organizar todas as etapas dos processos de produção e exportação, nos mais diversos setores. b) criação da Proletkult, entidade do Partido Comunista formada por escritores cuja função era fiscalizar e censurar as obras artísticas e literárias, cobrando dos intelectuais que direcionassem suas criações para o proletariado. c) fundação da Internacional Comunista, instância superior ao Partido Comunista Soviético, que regulamentava a política externa e os acordos bilaterais firmados pela URSS, contando com o apoio e a participação das diretorias dos partidos comunistas de outras nações. d) prática dos “expurgos”, empregados por meio de julgamentos públicos coorde- nados pelos Tribunais Revolucionários, diante dos quais aqueles considerados traidores da Revolução ou acusados de ações opositivas ao governo eram punidos, em muitos casos, com o banimento e a execução. e) instituição da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, que substituiu for- malmente o Império Russo e determinou que cada província fosse governada pelo Partido Comunista eleito localmente, de forma descentralizada, porém preservando o modelo autoritário e as milícias anteriores. 18 Extensivo Terceirão 14.01. b 14.02. c 14.03. c 14.04. a 14.05. c 14.06. d 14.07. b 14.08. e 14.09. c 14.10. e 14.11. a 14.12. d 14.13. b 14.14. c 14.15. b 14.16. 13 (01 + 04 + 08) 14.17. 22 (02 + 04 + 16) 14.18. 07 (01 + 02 + 04) 14.19. d 14.20. a) Avanço da arte cinematográfica e adoção do realismo para exaltar o Re- gime Socialista. b) Os poemas criticam o modo de vida burguês, pautado em privilégios, e propõem a busca pela igualdade social. Gabarito 14.20. (FUVEST – SP) – Come ananás, mastiga perdiz. Teu dia está prestes, burguês. Vladimir Maiakóvski. Come ananás, 1917. Cidadão fiscal de rendas! Desculpe a liberdade. Obrigado... Não se incomode... Estou à vontade. A matéria que me traz é algo extraordinária: O lugar do poeta da sociedade proletária. Ao lado dos donos de terras e de vendas estou também citado por débitos fiscais. Você me exige 500 rublos por 6 meses e mais (...) Cidadão fiscal de rendas, eu encerro. Pago os 5 e risco todos os zeros. Tudo o que quero é um palmo de terra ao lado dos mais pobres camponeses e obreiros. Porém se vocês pensam que se trata apenas de copiar palavras a esmo, eis aqui, camaradas, minha pena, podem escrever vocês mesmos! Vladimir Maiakóvski. Conversa sobre poesia com o fiscal de rendas, 1926. a) Indique duas características da produção cultural na Rússia, nos anos posteriores à Revolução de 1917. b) Identifique e comente uma crítica e uma proposta de mudança presentes nos dois poemas. 19História 4B 1B História 4BAula 15 Itália e Alemanha na década de XX Fascismo na Itália A Itália, apesar de ter participadoda Primeira Guerra Mundial do lado vencedor, saiu dela bastante enfraque- cida. Suas pretensões territoriais não foram totalmente atendidas. Multiplicaram-se as greves, os choques entre a direita e a esquerda, bem como a crise econômico- -financeira. © W ik im ed ia C om m on s/ Fo tó gr af o de sc on he ci do Benito Mussolini A elite temia pela “bolchevização da Itália”, ou seja, que ocorresse na Itália uma revolução como ocorreu na Rússia. Foi do contexto de crise econômica e social, de governos fracos e de radicalização que Benito Mussolini se aproveitou. Em março de 1919, fundou em Milão uma organização paramilitar chamada Fascio di Combatti- mento (Esquadrão de Ação). Usando camisas negras e adotando como símbolo o fascio (feixe de varas), que na antiga República romana era conduzido pelos litores à frente das tropas, os seguidores de Mussolini emprega- vam métodos violentos contra os adversários políticos. A preparação militar e a conivência do exército, das elites e da Igreja Católica explicam em parte o sucesso dos fascistas. Em 1921, Mussolini fundou o Partido Nacional Fas- cista, cujas (principais) características eram as seguintes: rejeição da filosofia liberal, nacionalismo exacerbado, expansionismo, racismo (porém bem mais atenuado que o nazismo), submissão de todos ao Estado, uni- partidarismo, culto ao chefe (o Duce é infalível) e a hierarquização da sociedade. “... O fascismo é uma tendência que surge na fase imperialista do capitalismo, que procura se fortalecer nas condições de implantação do ca- pitalismo monopolista de Estado, exprimindo-se através de uma política favorável à crescente con- centração do capital; é um movimento político de conteúdo social conservador, que se disfarça sob uma máscara “modernizadora”, guiado por uma ideologia de um pragmatismo radical, servindo- -se de mitos irracionalistas e conciliando-os com procedimentos racionalistas formais de tipo ma- nipulatório. O fascismo é um movimento chauvi- nista, antiliberal, antidemocrático, antissocialista, antioperário. Seu crescimento num país pressu- põe condições históricas especiais, pressupõe uma preparação reacionária que tinha sido capaz de minar as bases das forças potencialmente anti- fascistas (enfraquecendo-lhes a influência junto à massa); e pressupõe também as condições da cha- mada sociedade de massas de consumo dirigido, bem como a existência nele de um certo nível de fusão do capital bancário com o capital industrial, isto é, a existência de capital financeiro.” KONDER, Leandro. Introdução ao fascismo. Rio de Janeiro: Graal, 1977, p. 21 Em outubro de 1922, os fascistas realizaram a Marcha sobre Roma. O rei Vítor Emanuel III nomeou Mussolini primeiro-ministro. O apoio discreto das Forças Armadas, de amplos setores da Igreja Católica, a fraqueza do rei e a conivência da polícia foram providenciais para a vitória fascista. Contra o totalitarismo fascista, levantou-se o deputado socialista Giacomo Matteotti, que acabou sendo assassinado. Em 1924, nas eleições parlamentares, Itá 20 Extensivo Terceirão os fascistas obtiveram 65% dos votos. Diante dos métodos utilizados, os resultados não poderiam ter sido diferentes. Gl ow Im ag es /A la m y/ Co la im ag es O Estado fascista procurou enquadrar a sociedade. Nem as crianças eram poupadas. Os sindicatos foram enquadrados; as greves, proibi- das; a Carta del Lavoro estabeleceu o corporativismo e a pena de morte foi restaurada. Em 1929, Mussolini assinou um acordo com a Igreja Católica pondo fim à “questão romana”. Pelo Tratado de Latrão, assinado com o papa Pio XI, criou-se o Estado do Vaticano. A Igreja Católica recebeu uma indenização pelos territórios pontifícios e a religião católica tornou- -se obrigatória nas escolas italianas. Durante a década de 30, a liberdade de imprensa foi sepultada, o Parlamento foi suprimido, os meios de co- municação, controlados, a educação passou a servir ao regime, o ensino crítico foi erradicado, o país militarizou- -se, a Albânia foi transformada em Protetorado (1925) e a Etiópia foi ocupada (1935). A Itália tornou-se um Estado totalitário. Devemos entender o totalitarismo como “sistema de governo segundo o qual um grupo político centraliza todos os poderes, não permitindo a existência de outros partidos e sobrepondo teoricamente os interesses coletivos aos individuais. Mesmo não sendo rigidamente necessário, requer consenso amplo”. Mussolini se aproximou de Hitler, assinando, em 1939, o “Pacto de Aço”. O mundo marchava para a Se- gunda Guerra Mundial. República de Weimar Com a derrota da Alemanha, na Primeira Guerra Mundial, o kaiser Guilherme II abdicou, a República Alemã passou a ser chefiada pelo social-democrata Friedrich Ebert. Em fevereiro de 1919, a Assembleia Nacional passou a se reunir, na pequena cidade de Weimar, daí República de Weimar. A situação era crítica. Os comunistas estavam cada vez mais fortes. O governo provisório foi dominado pelos socialistas moderados. Estes últimos recusaram-se a uma transfor- mação radical da sociedade: eles queriam pôr em prática um sistema democrático e pluralista. A extrema-esquerda do Partido Socialista recusou-se a participar do governo. Foi criado o Partido Comunista, que objetivava transfor- mar a Alemanha numa República de sovietes. A radicalização da Revolução Alemã fracassou. Os comunistas foram reprimidos. © W ik im ed ia C om m on s/ Fo tó gr af o de sc on he ci do Rosa Luxemburgo, teórica marxista e revolucionária, era uma das líderes da Liga Espartaquista. Acabou as- sassinada em 1919. Em agosto de 1919, a Alemanha ganhou uma nova Constituição que assegurava o pluripartidarismo, o voto da mulher, a liberdade de imprensa e vários direitos sociais. Em 1923, a Alemanha mergulhou na hiperinflação. Em março de 1923, 1 dólar valia 22 000 marcos e no fim de abril eram necessários 40 000 marcos para comprar 1 dólar. Em agosto, 1 milhão. Em 1o. de novembro de 1923, 1 dólar valia 1 bilhão de marcos! Visando salvar a Alemanha do caos econômico e social, foi aplicado o Plano Dawes (comitê dirigido por Charles G. Dawes), formado por representantes dos Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Bélgica e Itália. O objetivo principal era estabilizar a economia e a moeda, além da evacuação da região do Ruhr pelas forças aliadas. A situação da Alemanha melhorou significativamente. Aula 15 21História 4B “Em 1923 - 24, a Alemanha conseguiu uma espectacular recuperação financeira. O marco foi imediatamen- te substituído por uma nova moeda, o rentenmark, garantido pelo conjunto da produção nacional. O Estado aplicou depois uma política de estrito equilíbrio orçamental (liquidou a sua dívida interna, decidindo que os empréstimos emitidos antes da depreciação da moeda apenas seriam reembolsados na proporção de 2,5 a 10%). Finalmente, em 1924, Schacht, director do Reichsbank, criou o reichsmark, definido com referência ao padrão- -ouro. A nova moeda era sólida e os preços estáveis. A partir de 1924, o país entrou num período de crescimento muito intenso, o que permitiu o afluxo dos capitais americanos (colocados nos bancos alemães, que os investiam na indústria), a raridade dos conflitos de trabalho, a cada vez mais poderosa concentração das empresas e a adoção dos métodos americanos (trabalho em cadeia). A pro- dução industrial passou do índice 69 em 1924 ao índice 100 em 1928. Nesta data, a Alemanha surgiu à cabeça da produção mundial para o ramo químico, das indústrias elétricas e da óptica. A prosperidade, real, não era contu- do geral. A taxa de desemprego continuava elevada e os rendimentos dos agricultores baixaram, apesar da ajuda do Estado (protecionismo, subvenções, etc.). Finalmente, a Alemanha encontrou o seu lugar no concerto das nações. A partir de 1922, ela assinou o tratado de Rapallo com a Rússia e, em 1925, os acordos de Locarno; em 1926, entrou para a SDN (Sociedade das Nações) e, em 1928, aderiu ao pacto
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