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1 Mundo em crise Aula 07 4B História Primeira Guerra Mundial Choques entre as potências imperia- listas As disputas pelos mercados mundiais eram grandes entre as na- ções industrializadas. Esses países precisavam garantir matérias-pri- mas baratas e países consumidores para seus produtos manufaturados. A guerra de 1914-1918 tinha por objetivo a redistribuição do mundo entre os grupos imperialistas princi- pais, sendo seu motivo fundamental o antagonismo anglo-germânico. Conflitos balcânicos Em 1908, a Áustria anexou ao seu território as províncias da Bósnia- -Herzegovina, povoadas por eslavos. Como a Rússia e a Sérvia tiveram seus planos balcânicos contrariados, protestaram com muita energia. O nacionalismo sérvio estava relacionado com o chamado pan- -eslavismo (todos os eslavos da região Oriental da Europa forma- vam uma grande família, da qual a Rússia era guia e protetora). Nacionalismos Os movimentos nacionalistas eram extremamente fortes dentro da Europa e fora dela. O naciona- lismo sérvio relacionava-se com o pan-eslavismo, que consistia na luta dos eslavos contra os alemães, austría- cos e húngaros, aos quais estavam subordinados. O pangermanismo consistia na luta dos alemães para incorporar todos os povos da Europa Central. Além das ambições políticas, o pangermanismo passou a estruturar esquemas ideológicos, segundo os quais a raça alemã era superior às demais raças, daí o seu destino de controlar o mundo. Política das alianças Diante da instabilidade política, formaram-se alianças políticas e militares. A Tríplice Entente era formada por Inglaterra, França e Rússia, enquanto a Tríplice Aliança contava com Alemanha, Áustria-Hungria e Itália. A Tríplice Entente se transformou nos Aliados, contando ainda com a participação de vários outros países, como Romênia, Sérvia, Japão, China, Estados Unidos, Itália, etc. Os italianos, em função de promessas territoriais, romperam com a Trípli- ce Aliança e lutaram, a partir de 1915, ao lado dos Aliados. A Tríplice Aliança se transformou nas Potências Centrais: Alemanha, Áustria-Hungria, Império Otomano e Bulgária. Europa: divisão política em 1914 e Grande Guerra Lu ci an o D an ie l T u lio 2 Semiextensivo Militarismo A política armamentista obrigava as nações a gastarem somas fabulosas em materiais bélicos. O que existia era a chamada “paz armada”, porém o clima era de tensão e qualquer incidente poderia ser o estopim para a deflagração do conflito. Atentado de Sarajevo Nacionalistas sérvios criaram várias sociedades secre- tas para agir contra a Áustria-Hungria. A Mão Negra era a mais atuante dessas sociedades. Na Bósnia, anexada pelos austríacos, havia uma ramificação da Mão Negra, chamada de Jovem Bósnia, de caráter ultranacionalista. No dia 28 de junho de 1914, o herdeiro do trono austro- -húngaro, o arquiduque Francisco Ferdinando, visitava Sarajevo, a capital da Bósnia, ferindo os sentimentos nacionalistas dos eslavos de uma forma geral. Um militante da Jovem Bósnia, Gravilo Princip, assassinou Francisco Ferdinando e sua esposa Sofia. Estava aceso o estopim da Primeira Guerra Mundial. Preparativos Após o atentado de Sarajevo, a Áustria enviou um ultimato à Sérvia, exigindo a apuração dos fatos por uma comissão, da qual participariam altos funcionários austríacos. Diante da negativa Sérvia, no dia 28 de julho de 1914, a Áustria declarou guerra à Sérvia, levando ao confronto os países da Tríplice Aliança e Tríplice Entente, com exceção da Itália, que permaneceu neutra até 1915. A Alemanha, colocando-se ao lado da Áustria, decla- rou guerra à Rússia, que prometera apoiar a Sérvia. Mais tarde, declarou guerra à França. Os planos de guerra dos alemães foram traçados pelo general Alfred von Schlieffen. Ele achava que a Alemanha seria obrigada a lutar em duas frentes: contra a Rússia e contra a França. Para Schlieffen, era preciso aniquilar a França, antes que a Rússia tivesse tempo de concentrar suas tropas na fronteira. Schlieffen acreditava numa guerra vitoriosa, no prazo de três meses. Conflito Os alemães invadiram a Bélgica com certa facilidade. Depois de vencer o exército francês, na fronteira franco- -belga, os alemães marcharam em direção a Paris. Os franceses recuavam em todas as frentes; a situação era desesperadora. Para a sorte dos franceses, a ofensiva russa obrigou Von Moltke a retirar parte de suas tropas para lançá-las contra a Rússia. Diante do enfraqueci- mento alemão, as tropas anglo-francesas passaram à contraofensiva, vencendo os germânicos na Batalha do Marne. O resultado dessa batalha obrigou os alemães a recuarem, estabelecendo uma linha de “trincheiras” ainda em território francês. Após uma fulminante guerra de movimentos, o que predominou na Primeira Guerra foi a chamada “guerra de trincheiras”. As trincheiras eram longas valas cavadas na terra e protegidas por arames far- pados e toras de madeira. A lama, o frio, os piolhos e as doenças infestavam estes buracos mortíferos. Pouco a pouco, outros países foram entrando na guerra. A Turquia (1914) e a Bulgária (1915) entraram na guerra ao lado das Potências Centrais. A Turquia visava a manter o domínio das regiões estratégicas, que eram ambicionadas pela Rússia, enquanto a Bulgária desejava incorporar territórios pertencentes à Sérvia, à Romênia e à Grécia. Em 1914, o Japão declarou guerra à Alemanha. A Itá- lia, ambicionando territórios austríacos, entrou ao lado dos Aliados. Em 1916, a Grécia e a Romênia também passaram para o lado dos Aliados. Na frente oriental, as Potências Centrais obtiveram vitórias significativas. Os alemães responderam à ofen- siva russa com uma fulminante contraofensiva. Já em 1915, grande parte do território russo estava ocupado. Os desastres militares e a situação interna levaram a Rússia a duas revoluções (assunto que será estudado adiante). Em 1918, o governo socialista, atendendo aos reclamos populares, concluiu a paz em separado com a Alemanha, pelo Tratado de Brest-Litovsk. Italianos e austríacos se digladiavam na frente sul. Em 1917, os italianos foram derrotados na Batalha de Caporetto. A partir de então, a Itália desempenhou um papel secundário no conflito. © W ik im ed ia C o m m o n s/ Fr an k H u rl ey Infantaria australiana Aula 07 3História 4B Guerra naval Após o início da guerra, a Inglaterra estabeleceu um ordenado bloqueio naval contra a Alemanha. Com o obje- tivo de romper esse bloqueio, a esquadra alemã atacou a esquadra inglesa, na costa da Jutlândia, no mar do Norte. Nessa célebre Batalha da Jutlândia, as perdas foram enor- mes para os dois lados, porém o desastre maior coube à Alemanha, que fracassou ao tentar quebrar o bloqueio naval inglês. Paralelamente, visando a sufocar a economia inglesa, submarinos alemães passaram a afundar navios britânicos. O afundamento de navios norte-americanos apressou a entrada dos Estados Unidos na guerra, ao lado dos Aliados. Entrada dos Estados Unidos Os Estados Unidos permaneceram neutros até 1917. Lucravam bastante com a guerra, pois penetravam nos mercados latino-americanos e desenvolviam um intenso comércio com as nações aliadas. A França e a Inglaterra possuíam enormes débitos em relação aos Estados Unidos, portanto uma vitória das potências centrais seria desastrosa para os norte-americanos. A guerra submarina desencadeada pela Alemanha, que prejudicava o comércio norte-americano, e as probabi- lidades de uma vitória das Potências Centrais arrastaram os Estados Unidos para o conflito. Em abril de 1917, após o afundamento do navio norte-americano Vigilentia, o Congresso dos Estados Unidos autorizou o presidente Wilson a declarar guerra à Alemanha. A utilização de tanques, de aviões e, principalmente, a intervenção dos Estados Unidos, com tropas descansadas, fartos equipamentos bélicos e gêneros alimentícios, mudaram totalmente o panorama da guerra, levando as Potências Centrais a serem derrotadas. © W ikim ed ia C o m m o n s/ B ib lio te ca d o C o n g re ss o d o s Es ta d o s U n id o s Woodrow Thomas Wilson tentou estabe- lecer uma ordem internacional mais justa. Seus 14 pontos defendiam dentre outras coisas o direito à autodeterminação dos povos e a criação de uma associação de nações que teria por objetivo garantir a paz mundial. Tratado de Versalhes Chamado pelos alemães de Diktat, impôs as seguin- tes condições: • proibição de produzir armas e munições; • extinção da força aérea; • redução significativa da marinha; • desmilitarização do Reno; • divisão das colônias entre as potências; • perda de territórios fronteiriços; • cessão do porto de Danzig e do corredor para a Polônia; • perda da Alsácia-Lorena para a França; • obrigação de pagar uma dívida de 33 bilhões de dólares como indenização. A humilhação alemã em Versalhes alimentou a sede revanchista dos nacionalistas alemães. Hitler soube capitalizar esse sentimento de frustração de amplos setores da sociedade alemã. Consequências • Morreram aproximadamente 10 milhões de pessoas. • Enormes perdas materiais: o comércio e a indústria sofreram abalos violentos. • A inflação disparou em diversos países. • Os Estados Unidos tornaram-se a maior potência econômica e política. • Ascensão do Japão. • Uma epidemia, chamada de “gripe espanhola”, matou mais de 25 milhões de pessoas, atingindo também o Brasil. • As mulheres ganharam força política. • Foi criada a Liga das Nações, com o objetivo de manter a paz mundial. Fraca – os Estados Unidos não participavam – , não conseguiu seu objetivo. • Mais de um milhão de armênios foram massacrados pelos turcos. • No Brasil, houve um surto de industrialização. • Em síntese, os tratados humilhantes, o cerceamento de certas aspirações nacionais, a situação desastrosa dos vencidos e as contradições dos vencedores de- sencadearam um processo que acabou culminando na Segunda Guerra Mundial. Estados Unidos Década da prosperidade De 1922 a 1929, os Estados Unidos experimentaram um período de extrema fartura e prosperidade, esta estimulada pelos altos preços da fase da guerra. No entanto, os pontos de apoio da economia eram frágeis. 4 Semiextensivo Muitos agricultores compraram áreas de terra, na esperança talvez da es- tabilidade dos preços, o que não ocorreu. Abriram-se muito mais minas de carvão e indústrias do que as exigidas pela procura. Com os lucros da guerra, volumosos capitais foram acumulados e aplicados no exterior. Em meio a essa prosperidade, o moralismo, o racismo e a xenofobia avançavam. Aprovada em 1917, entrou em vigor em 1920 a chamada “Lei Seca”, que proibia a fabricação e venda de bebidas alcoólicas. Apesar da lei, surgiram diversas destilarias controladas por mafiosos. Multiplicaram-se as quadrilhas de gângsteres das quais Al Capone tornou-se célebre. A Ku Klux Klan voltou a atuar intensamente nos estados do sul, proibiu-se o ensino da Teoria da Evolução de Darwin nas escolas e os japoneses foram proibidos de entrar nos Estados Unidos. Em 1924, foi decretado o Johnson-Reed Act (Lei de Imigração), que es- tabelecia uma cota para imigração: só poderiam entrar nos Estados Unidos, por ano, 2% do total de imigrantes de cada nacionalidade que já tivesse resi- dentes no país em 1890. O objetivo era diminuir a entrada de judeus vindos da Europa Oriental, católicos do sul da Europa, eslavos e asiáticos. Crise de 1929 A década de 20 foi para os Estados Unidos uma boa época. A produção e o emprego eram elevados. Os salários subiam e os preços eram estáveis. A classe mé- dia estadunidense tinha a certeza de que em poucos anos estaria rica. A especulação imobiliária ocorri- da na Flórida em 1925 era uma prova de que muitas pessoas começaram a construir um mundo de faz de conta especulativo. O boom no mercado de ações animava os investidores. Em 1927 os preços das ações subiram para valer. O clima era de otimismo. Didaticamente podemos arrolar as seguintes causas que contribuí- ram para que ocorresse a crise: • superprodução agrícola e indus- trial; • queda das exportações devido à recuperação e ao desenvolvi- mento da economia europeia; • saturação do consumo interno; • especulação financeira; • baixa capacidade aquisitiva das massas; • declínio da taxa de lucro do capitalista, que reduziu o inves- timento e dispensou a mão de obra. Em setembro de 1929, começou a venda de títulos na Bolsa de Nova Iorque. No dia 24 de outubro, as vendas foram desenfreadas. Fali- ram bancos, fecharam-se inúmeras indústrias. Quatro anos após, 17 milhões de operários estavam desempregados. Havia nos Estados Unidos um estado liberal, ou seja, um estado que procurava não intervir nas ati- vidades econômicas. O presidente Herbert Hoover esperava que a crise se dissipasse dentro de uma economia de mercado. Isso não ocorreu e Hoover foi derrotado nas eleições de 1932 pelo democrata Franklin Delano Roosevelt. M ar ilu d e So u za Europa: divisão política após a Primeira Guerra Mundial (1921) A intolerância era tão evidente que havia até leis proibindo as escolas de ensinar a Teoria da Evolução, de Charles Darwin. Para se ter noção mais pre- cisa do problema, um professor de Biologia que insistiu em manter o ensino da referida teoria chegou a ser preso e processado na cidade de Dayton, no Tennessee. Os Estados Unidos viviam no período com uma sociedade contradi- tória, na qual conviviam a superprodução e a pobreza e disseminava-se a ideia de superioridade étnica. Aula 07 5História 4B Roosevelt revogou a Lei Seca e estabeleceu uma nova diretriz econômica, que ficou conhecida como “New Deal” (Novo Acordo), por meio da qual o Estado passou a intervir na economia. B ib lio te ca d o C o n g re ss o d o s Es ta d o s U n id o s Franklin Delano Roosevelt N at io n al P o rt ra it G al le ry L o n d o n O economista britânico John Maynard Keynes (1883-1946) era um crítico do liberalismo. Defendia maciços investimen- tos estatais para vencer a crise. Forneceu as bases teóricas ao “New Deal”. eletrificação rural, usinas geradoras de energia, escolas e hospitais. O problema do desemprego precisava ser resolvido. Os fundos para a execução de muitos projetos citados anteriormente foram estabelecidos, em 1933, pelo “National Industrial Recovery Act”(NIRA) – lei de recuperação industrial. A lei instituía a “National Reco- very Administration” (NRA), cujo objetivo principal era impedir a superprodução e a concorrência excessiva. Com relação à agricultura, foi criado o “Agricultural Adjustment Act”(AAA). Um dos seus objetivos foi reduzir as áreas cultivadas com gêneros de primeira necessidade e conceder créditos aos agricultores. O “New Deal” não liquidou totalmente a Grande Depressão, manteve apenas a estabilidade. A segunda Grande Guerra viria restabelecer a prosperidade. Consequências da crise na América Latina Para a América Latina, o crash nos Estados Unidos simplesmente fechou as portas de seu principal merca- do consumidor de matérias-primas, além de estancar o fluxo de investimentos e produtos estrangeiros. As ex- portações do continente caíram quase 40% em apenas um ano. No Chile, mais de cem mil dos 140 mil mineiros perderam o emprego. No Brasil a crise acelerou a queda da República Velha. Vários projetos foram executados, como refloresta- mento, combate à erosão do solo, estradas de rodagem, Testes Assimilação 07.01. (PUCPR) – A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) significou o fim da preponderância europeia no mundo e o início da hegemonia dos Estados Unidos. Assinale a alternativa correta: a) O Brasil, então com economia agropecuária, não partici- pou do conflito, quer direta ou indiretamente. b) Tendo em vista as limitações da tecnologia, aviões e sub- marinos não foram empregados na grande luta. c) A luta teve início com a invasão alemã na Rússia, em busca de espaço vital. d) Uma das consequênciasda guerra foi a proclamação da forma monárquica de governo na Rússia e Áustria- -Hungria. e) Uma consequência política da guerra foi o surgimento do totalitarismo de direita na Europa (nazifascismo). 07.02. (PUCPR) – Assinale a alternativa que preenche as lacunas corretamente: “A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) teve início com o ataque dos , através de bombardeio naval à cidade de , então capital do Rei- no da Sérvia. Seguiu-se a invasão alemã ao Reino da . O grande avanço terrestre alemão sobre a França foi detido na Batalha do . O maior poderio naval, em marinha de superfície, durante todo o conflito, era detido pela .” a) alemães, Bucareste, Bélgica, Marne, França; b) russos, Belgrado, Holanda, Ypres, Inglaterra; c) austríacos, Viena, Holanda, Yser, Inglaterra; d) austríacos, Belgrado, Bélgica, Marne, Inglaterra; e) franceses, Belgrado, Bélgica, Marne, Alemanha. 07.03. (UNIOESTE – PR) – Entre 1914 e 1918, ocorreu a Pri- meira Guerra Mundial. Sobre esse conflito é CORRETO afirmar: a) Trata-se de uma guerra deflagrada devido à invasão da Polônia pelas tropas de Hitler. b) Trata-se de um conflito cuja causa única foi o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, em 1914. c) Trata-se de um conflito que deve ser compreendido levando-se em consideração, entre outros fatores, os movimentos nacionalistas e as disputas econômicas entre as potências europeias. 6 Semiextensivo d) Foi um conflito entre países que faziam parte do Eixo, formado por Alemanha, Japão e Itália, e países da Tríplice Aliança, formada pela Inglaterra, EUA e França. e) Foi um conflito que resultou em milhares de mortos e no fortalecimento do Império Austro-Húngaro. 07.04. (ACAFE – SC) – O início da Primeira Guerra (1914-1918) completou seu centenário em 2014. Conflito de grandes proporções, ela foi o resultado de disputas econômicas, impe- rialistas e nacionalistas numa Europa industrializada. Sobre a Primeira Guerra e seu contexto, todas as alternativas estão corretas, exceto a: a) A questão balcânica evidencia as disputas entre Ale- manha e Hungria pelo controle do mar Adriático e coloca em choque os movimentos nacionalistas: pan- -eslavismo, liderado pela Sérvia, e o pan-germanismo, liderado pelos alemães. b) Apesar de ter começado a guerra como aliada da Tríplice Aliança, a Itália passou para o lado da Tríplice Entente por ter recebido uma proposta de compen- sações territoriais. c) A Rússia não permaneceu na guerra até o seu término. Por conta da Revolução socialista, foi assinado um tratado com os alemães e os russos se retiraram da guerra. d) Quando a guerra iniciou, multidões saíram às ruas nos países envolvidos para comemorar o conflito: a lealdade e o patriotismo eram palavras de ordem. 07.05. No atentado de Sarajevo, em 28 de junho de 1914, morreu o herdeiro do trono austríaco, o arquiduque Fran- cisco Ferdinand, que desejava unir todos os territórios da península balcânica sob o domínio do Império Habsbur- go. Na realidade não foi uma crise política pontual, antes acabou se tornando o estopim da Grande Guerra, devido a uma série de acordos e alianças que comprometiam vários países. Apesar de alguns esforços diplomáticos, um mês depois, a Áustria, apoiada pela Alemanha, declarou guerra à Sérvia, levando ao confronto a Tríplice Aliança e a Tríplice Entente. Em setembro de 1918, os alemães foram derrotados e em junho do ano seguinte foi assinado o tratado de Versalhes, que definiu que: a) a Alemanha foi responsabilizada pela guerra e, como tal, condenada a pagar aos membros da Tríplice Entente pesa- das indenizações em dinheiro, máquinas e equipamentos, além de minérios e produtos químicos. b) o exército alemão não foi reduzido, mas a fronteira franco- -germânica foi totalmente desmilitarizada. c) os aliados pediram, mas não obtiveram concessões de privilégios aduaneiros. d) a França recebeu de volta a região de Alsácia-Lorena, mas não adquiriu direitos de exploração das minas de carvão do Sarre, conforme sua pretensão. e) a Alemanha manteve domínio sobre a Alsácia-Lorena e sobre a Polônia. 07.06. (ACAFE – SC) – Em 2014, completa um século do início da Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918). Esse evento provocou profundas transformações políticas, econômicas e militares na Europa. O resplendor da “Belle époque” con- trastava com o horror da destruição e de milhões de mortes. Considere o contexto que gerou e deflagrou a “Grande Guerra” e os anos que se seguiram ao conflito e analise as informações a seguir. I. As políticas nacionalistas dos países europeus contribuíam para acelerar os antagonismos. O pan-eslavismo foi decisivo no posicionamento russo pró Sérvia na questão balcânica que resultou na morte do arquiduque Francisco Ferdinando. II. Na fase inicial da guerra, embora se mantendo neutros, os Estados Unidos da América (EUA) forneciam alimentos e armas para países da Entente. III. A guerra de trincheiras teve como palco principal o ter- ritório alemão. Na Batalha do Marne, a cidade de Berlim chegou a ser sitiada pelas tropas francesas. Chegava ao fim o “mito” da invencibilidade alemã. IV. Com a ascensão de um governo socialista, a Rússia alia-se ao Império Austro-Húngaro na formação da Frente Orien- tal e com o Exército Vermelho tem decisiva participação nas últimas batalhas da Primeira Guerra. V. Nesta guerra, a Alemanha contou com a participação decisiva da Itália ao seu lado, até o fim do conflito (1918). Um fator determinante para a derrota alemã foi a alian- ça que o Império Turco-Otomano fez com os belgas, obrigando o exército alemão a lutar em duas frentes (Ocidental e Oriental). Assinale a alternativa correta. a) Todas as afirmações estão corretas. b) Apenas as afirmações I e II estão corretas. c) Apenas as afirmações IV e V estão corretas. d) Apenas a afirmação IV está correta. 07.07. (UFPR) – Com base nos estudos sobre as con- sequências da Primeira Guerra Mundial para a Europa, é correto afirmar: a) Apesar de grande parte do território europeu ter sido devastado com a Guerra, o mapa geopolítico do conti- nente permaneceu o mesmo, demonstrando a força das monarquias nacionais. b) A Primeira Guerra Mundial levou ao fim o Império Austro- -Húngaro e Otomano, que se dividiram em diversos países independentes e adotaram o socialismo soviético, conforme acordado no Tratado de Brest-Litovski. c) Essa guerra marcou o final dos Impérios Autro-Húngaro e Otomano, a implantação do modelo democrático-liberal em vários países europeus, a afirmação do princípio de au- todeterminação dos povos em bases étnicas e culturais e a grande penalização da Alemanha pelo Tratado de Versalhes. d) A Alemanha e a Itália foram as grandes derrotadas nessa guerra, perdendo parte de seus territórios, que se declara- ram independentes pelo princípio de autodeterminação do presidente Woodrow Wilson. Aula 07 7História 4B e) Além do final do Império Otomano, essa guerra trouxe o fim dos impérios coloniais de França e Alemanha, sem contar o fim do recém-implantado socialismo soviético, por conta do Tratado de Versalhes. 07.08. (UDESC) – Sobre a Primeira Guerra Mundial, é correto afirmar: a) A Liga das Nações foi criada apenas depois da Segunda Guerra. b) O movimento Jovem Bósnia foi um dos grandes suportes do império Austro-Húngaro contra os sérvios. c) A instável situação na Península Balcânica, aliada às políticas expansionistas dos países europeus, levou a efeito a guerra. d) No Tratado de Versalhes, a Alemanha foi muito prestigiada. e) As políticas nazista e fascista não se relacionam com o final da Primeira Guerra. 07.09. (UFMG) – Considerando-se a crise econômica mun- dial iniciada, em 1929, com a quebra da Bolsa de Nova Iorque, é CORRETO afirmar que a) a Alemanha sofreu impacto imediato e violento desse evento, em razão dos laços econômicos estreitos que vinha mantendo com os Estados Unidos. b) a escassez de matérias-primas e de crédito, entre outras causas do crash norte-americano,muito contribuiu, na época, para alimentar a espiral inflacionária. c) a URSS foi um dos países atingidos por esse evento, pois a recessão no mundo capitalista prejudicou as exportações de petróleo do país. d) os países da América do Sul sentiram os efeitos desse evento, devido à repatriação do capital estrangeiro ante- riormente investido nessa região. 07.10. (UFRGS) – Em 1932, Franklin Delano Roosevelt foi eleito presidente dos Estados Unidos, em meio à maior crise econômica experimentada por aquele país até então. Considere as seguintes afirmações a respeito de seu governo. I. A implementação do chamado New Deal consistia em um conjunto de medidas governamentais destinadas a sanar os problemas econômicos do país, como, por exemplo, a realização de diversas obras públicas e a criação do seguro desemprego para os trabalhadores sem ocupação. II. Os Estados Unidos mantiveram-se em uma posição de neutralidade até dezembro de 1941, quando o ataque japonês a Pearl Harbour forçou-os a entrar no conflito, ao lado dos Aliados, contra as forças do Eixo. III. A “Lei Seca”, que proibia a venda e o consumo de álcool em todo o território norte-americano, foi anulada pelo Congresso. Quais estão corretas? a) Apenas I. c) Apenas I e IlI. e) I, II e III. b) Apenas lI. d) Apenas II e III. 07.11. (PUCRJ) – Com relação à crise econômica iniciada com a quebra da Bolsa de Valores americana em 1929, é CORRETO afirmar que a) a crise econômica foi restrita aos países industrializa- dos, tendo pouco efeito entre os países produtores de matérias-primas, como, por exemplo, o Brasil. b) a crise econômica, em escala mundial, levou os partidos de extrema-esquerda a liderar revoluções comunistas em diversos países, como, por exemplo, a Rússia. c) a crise econômica foi o fim da economia liberal, e a saída encontrada pelos governos nacionais foi o reforço de uma política internacional de livre-cambismo. d) a crise econômica se manifestou através de uma forte desvalorização do capital das empresas levando milhões de pessoas ao desemprego. e) a crise econômica foi também uma crise política e teve como resultado a ascensão de regimes totalitários fascis- tas em todos os continentes. 07.12. (UEL – PR) – Sobre a Primeira Guerra Mundial, con- sidere as seguintes afirmativas: I. As principais potências europeias (Inglaterra, Alemanha, França, Rússia) disputavam entre si mercados, áreas de influência e colônias pelo mundo, o que provocou uma feroz corrida armamentista e a criação de um complexo sistema de alianças diplomáticas. II. Em 1914, estimulados por ideologias chauvinistas, milhões de cidadãos de vários países europeus se apresentaram voluntariamente para os centros de recrutamento militar, assim que irrompeu a Primeira Guerra Mundial. III. Ao final da Primeira Guerra Mundial, Grã-Bretanha e Fran- ça submeteram economicamente o Oriente Médio, frag- mentando a estrutura política unificada dos países árabes, que durara quatro séculos, sob o Império Otomano. IV. A Sociedade das Nações e o Tratado de Versalhes garan- tiram a reconstrução política europeia após a Primeira Guerra Mundial, extinguindo rivalidades e instaurando uma paz duradoura. Assinale a alternativa correta: a) Apenas as afirmativas I, II e III são verdadeiras. b) Apenas as afirmativas II, III e IV são verdadeiras. c) Apenas as afirmativas I, II e IV são verdadeiras. d) Apenas as afirmativas I e IV são verdadeiras. e) Apenas as afirmativas II e III são verdadeiras. Aprofundamento 07.13. (PUCCAMP – SP) – Em relação às causas da Primeira Guerra Mundial, é correto afirmar que a) a incapacidade dos Estados liberais em solucionar a crise econômica do século XIX colocou em xeque toda a estrutura do sistema capitalista. A instabilidade política e social das nações europeias impulsionou as disputas colonialistas e o conflito entre as potências. 8 Semiextensivo b) a desigualdade de desenvolvimento das nações capi- talistas europeias acentuou a rivalidade imperialista. A disputa colonial marcada por um nacionalismo agressivo e pela corrida armamentista expandiu os pontos de atrito entre as potências. c) o sucesso da política de apaziguamento e do sistema de aliança equilibrou o sistema de forças entre as nações europeias, acirrando as lutas de conquista das colônias da África e da Ásia. d) o expansionismo na Áustria, a invasão da Polônia pelas tropas alemãs assustaram a Inglaterra e a França, que reagiram contra a agressão declarando guerra ao inimigo. e) o desequilíbrio entre a produção e o consumo incentivou a conquista de novos mercados produtores de matérias-primas e consumidores de bens de produção reativando as rivali- dades entre os países europeus e os da América do Norte. 07.14. (FGV – SP) – Quando se processaram as eleições de novembro de 1932, o país estava numa situação pior do que nunca. Todas as “curas” do Sr. Hoover não consegui- ram dar vigor ao paciente moribundo. Os trabalhadores eram assolados pelo desemprego; os lavradores eram arrasados pela crise da agricultura; a classe média tinha perdido suas economias nas falências dos bancos e temia pela sua segurança econômica. Em 8 de novembro de 1932 o povo americano elegeu Franklin D. Roosevelt para presidente dos Estados Unidos. O “New Deal” do Sr. Roosevelt foi chamado de revolução. Era e não era. Era uma revolução quanto às ideias, mas não na sua parte econômica. [Leo Huberman, História da riqueza dos EUA (Nós, o povo)] Não era uma revolução econômica, pois: a) o volume de recursos destinados à recuperação eco- nômica era pequeno e beneficiou apenas as regiões industrializadas. b) não ocorreu qualquer alteração no direito à propriedade privada, assim como foi mantida a mesma estrutura de classe. c) os operários e produtores rurais não tiveram nenhum ganho importante, uma vez que os benefícios atingiram exclusivamente as classes médias. d) os principais causadores da crise – os grandes conglo- merados oligopolistas – foram os que mais recursos receberam do governo americano. e) privilegiaram-se os investimentos diretos em agentes econômicos tradicionais, como as grandes casas bancárias e as principais corporações. 07.15. (UEPG – PR) – Sobre a “crise de 1929”, assinale o que for correto. 01) Iniciou nos Estados Unidos e se alastrou por todo o mundo devido à interdependência entre a economia americana e a de numerosos outros países, principal- mente aqueles que recebiam empréstimos americanos. 02) Apesar da queda da Bolsa de Nova York, o capital finan- ceiro não foi atingido pela crise. A venda de ações foi mantida, impedindo a falência de investidores e bancos. 04) Apesar de seu afastamento da economia capitalista, a União Soviética também foi afetada pela crise de 1929. 08) Foi provocada sobretudo pela insistência norte- -americana em manter o ritmo de produção da época da guerra, quando abastecia os países em luta com alimentos, manufaturas e combustível. Finda a guerra, os europeus recuperaram sua capacidade de produção e o mercado norte-americano ficou saturado. 16) O Partido Republicano perdeu as eleições para os democratas, que elegeram, como presidente, Franklin Roosevelt, que propôs o New Deal para recuperar a economia do país. 07.16. (UNESP – SP) – “A Ku Klux Klan foi organizada para segurança própria ... o povo do Sul se sentia muito inseguro. Havia muitos nortistas vindos para cá (Sul), formando ligas por todo o país. Os negros estavam se tornando muito insolentes e o povo branco sulista de todo o estado de Tennessee estava bastante alarmado.” (Entrevista de Nathan Bedford Forrest ao Jornal de Cincinnati, Ohio, 1868.) A leitura deste depoimento, feito por um membro da Ku Klux Klan, permite entender que esta organização tinha por objetivo: a) assegurar os direitos políticos da população branca, pelo voto censitário, eliminando as possibilidades de partici- pação dos negros nas eleições. b) impedir a formação de ligas entre nortistase negros, que propunham a reforma agrária nas terras do Sul dos Estados Unidos. c) unir os brancos para manter seus privilégios e evitar que os negros, com apoio dos nortistas, tivessem direitos garantidos pelo governo. d) proteger os brancos das ameaças e massacres dos ne- gros, que criavam empecilhos para o desenvolvimento econômico dos estados sulistas. e) evitar confrontos com os nortistas, que protegiam os negros quando estes atacavam propriedades rurais dos sulistas brancos. 07.17. (UFSC) – O campo de batalha é terrível. Há um cheiro de azedo, pesado e penetrante de cadáveres. Homens que foram mortos no último outubro estão meio afundados no pântano e nos campos de nabos em crescimento. As pernas de um soldado inglês, ainda envoltas em polainas, irrompem de um trincheira, o corpo está empilhado com outros; um soldado apoia o seu rifle sobre eles. Um pequeno veio de água corre através da trincheira, e todo mundo usa água para beber e se lavar; é a única água disponível. Ninguém se importa com o inglês pálido que apodrece alguns passos adiante. BINDING, Rudolf Georg. Um fatalista na guerra. In: MARQUES, Adhemar et alii. Histó- ria contemporânea através de textos. 11 ed. São Paulo: Contexto, 2005. p. 119. Aula 07 9História 4B Sobre a Primeira Guerra Mundial e seu contexto, é CORRETO afirmar que 01) a Primeira Guerra Mundial tem suas motivações vinculadas às disputas nacionalistas e imperialistas articuladas à política de alianças das grandes potên- cias da época. 02) a entrada da Rússia na guerra, logo após a Revolução Bol- chevique de 1917, foi decisiva para o desfecho favorável aos países vinculados à Tríplice Aliança. 04) não houve participação brasileira na Primeira Guerra, pois a organização do país como República, imprescindível para a formação de tropas militares, ainda era muito recente. 08) a Revolução Científico-Tecnológica do século XIX in- fluenciou diretamente o conflito, tanto pelas disputas imperialistas como pelo uso, nas batalhas, de recursos como granadas, tanques, aviões e armas químicas. 16) a gripe espanhola ocorreu durante a Primeira Guerra Mundial e foi vista como ameaça para as nações em conflito; porém, com o desenvolvimento dos antibióticos no início do século XX, a doença foi controlada sem gerar maiores consequências. 32) com a ida de um número expressivo de homens aos cam- pos de batalha, muitas mulheres ficaram responsáveis por tarefas até então consideradas predominantemente masculinas. 07.18. (UEM – PR) – Sobre a Primeira Guerra Mundial (1914- -1918), assinale a(s) alternativa(s) correta(s): 01) Pelo acordo firmado na Tríplice Aliança, o Império Alemão contava com o apoio do Império Austro-Húngaro e do Reino da Itália. 02) Devido ao capitalismo industrial incipiente e ao atraso tecnológico, os Estados Unidos da América não partici- pam da Primeira Guerra Mundial. 04) O Brasil e outros países latino-americanos entraram na guerra em apoio à Tríplice Aliança. 08) Numa tentativa de ampliar seus mercados para a Europa, a China e o Japão foram os principais países asiáticos aliados das forças militares da Tríplice Aliança. 16) A Tríplice Entente foi uma aliança pela cooperação militar formada pelo Império Russo, pela França e Inglaterra. Discursivos 07.19. (UFPR) – No final do século XIX e início do século XX, por detrás de uma aparente tranquilidade do cenário político europeu, escondia-se um clima de instabilidade e tensão que acabaria por mergulhar a Europa na Primeira Grande Guerra. Destaque e comente dois dos fatores que contribuíram para essa instabilidade. 07. 20. (UFPR) – Ao analisar a crise de 2008, o prêmio Nobel de economia, Paul Krugman, refere-se à explosão da “bolha ha- bitacional” norte-americana, que teria provocado um colapso no sistema bancário e nas empresas em quase todo o mundo. Com base nessa afirmativa, que comparações podem ser feitas entre a crise de 1929 e a de 2008? 10 Semiextensivo Gabarito 07.01. e 07.02. d 07.03. c 07.04. a 07.05. a 07.06. b 07.07. c 07.08. c 07.09. a 07.10. e 07.11. d 07.12. a 07.13. b 07.14. b 07.15. 25 (01, 08, 16) 07.16. c 07.17. 41 (01, 08, 32) 07.18. 17 (01, 16) 07.19. O aluno deve comentar a respeito da política de alianças e a consequente for- mação de blocos militares antagônicos (Tríplice Aliança e Entente), e disputa colonialista que acirrou os ânimos e conduziu à guerra. 07.20. A crise de 1929 e a de 2008 têm seme- lhanças e diferenças. Na década de 20 houve uma intensa especulação imobiliária na Flórida, bem como em Wall Street, o centro financeiro dos Estados Unidos. Já em 2004 o FBI advertiu o governo sobre “uma epide- mia de fraude hipotecária”. Em 2008 a irresponsabilidade creditícia levou ban- cos e seguradoras à falência. Em Wall Street, esquemas próprios de mafiosos das finanças vieram à tona. Investidores tiveram enormes prejuízos. Na década de 20, o otimismo era enor- me, todos acreditavam que podiam ficar ricos; na década de 90 – não na mesma proporção – parecia que os “anos doura- dos” estavam voltando. Em 1929 o Governo nada fez para conter o caos econômico, social e financeiro. Já o governo de Bush sabia o que fazer para ter evitado a crise, só que não fez. O interessante é que Herbert Hoover e George W. Bush foram presidentes eleitos pelo Partido Republicano, cujos líderes quase sempre se opuseram ao intervencionismo estatal na economia. É claro que as crises têm muitas dife- renças. Eis algumas: – Em 1929 o papel do Estado na Eco- nomia era quase nulo; atualmente existem mecanismos diversos de in- tervenções. – As consequências da crise de 1929 fo- ram bem mais traumáticas, tanto nos Estados Unidos, como no restante do mundo capitalista. Em 1930, a econo- mia brasileira sofreu um forte abalo. Já em 2008/2009 a crise foi apenas “uma marolinha”. – Em 1929 os Estados Unidos eram uma potência em expansão; atual- mente, apesar de continuar sendo a maior economia do mundo, o país perdeu força e vitalidade. – Os remédios para os efeitos da crise de 1929 só começaram a ser minis- trados em 1933, com o “New Deal”; para a de 2008, a intervenção estatal foi imediata. 11História 4B Revoluções russas Aula 08 4B História Introdução No século XIX, a Rússia era um dos países mais atrasados da Europa. Sua economia era essencialmente agrária; a sociedade, rural e hierarquizada; o czar (título dos imperadores russos), um déspota. A miséria dos camponeses completava o quadro. A modernização começou em 1861, quando Alexandre II aboliu o regime de servidão. O êxodo rural liberou grandes contingentes de mão de obra que poderiam ser utilizados a baixos preços na indústria. A Rússia fez sua Revolução Industrial em fins do século XIX. Eis alguns fatores que propiciaram essa transformação histórica: intervenção do Estado na economia, mão de obra barata e investimen- tos estrangeiros, notadamente franceses. Com a indus- trialização, a classe operária, que surgiu como decorrência do processo, começou a se organizar. Já em 1885, houve uma grande greve em Orékhovo-Zuévo. Na classe operária russa, as ideias de Marx e Engels eram difundidas por inte- lectuais da classe média. No final do século XIX, foi criado o Partido Social Democrata, cujos líderes (Plekhanov, Lenin, Trotski e Martov) se encontravam no exílio. B ib lio te ca d o C o n g re ss o d o s Es ta d o s U n id o s Miséria nos campos da Rússia antes da Revolução Em 1903, houve a cisão do partido. De um lado, o grupo liderado por Martov, que entendia poder o proletariado melhorar a sua situação por meio de luta grevista. Deveria limitar-se a luta aos seus interesses econômicos. Do outro lado, o grupo liderado por Lenin (Vladimir Ilyich Ulianov), que considerava a revolução socialista e o estabelecimento da ditadura do prole- tariado os objetivos básicos. Os partidários de Lenin conquistaram a maioria, tendo sidocognominados, a partir de então, de bolcheviques (isto é, majoritários), enquanto os adversários de Lenin passaram a ser cha- mados mencheviques (isto é, minoritários). A oposição era reprimida pela polícia secreta chama- da okrana. Os judeus eram vítimas de pogrom. Guerra Russo-Japonesa A Guerra Russo-Japonesa de 1904 - 1905 mostrou toda a fragilidade do Império Russo. Essa guerra decorreu das ambições russas e japonesas sobre a Manchúria e a Coreia. Os japoneses tomaram Porto Artur e derrotaram os russos em Mukden e na Batalha Naval de Toushina. Pelo Tratado de Portsmouth (mediado pelo presi- dente Theodore Roosevelt, dos Estados Unidos), o Japão obteve a parte sul da ilha Sacalina, Porto Artur, as con- cessões ferroviárias, na Manchúria, além do protetorado sobre a Coreia. A derrota russa debilitou enormemente o regime czarista. “Ensaio Geral” de 1905 Em 9 de janeiro (22 de janeiro, de acordo com o calendário gregoriano, pois os russos ainda adotavam o calendário juliano), uma multidão de 200 mil pessoas, liderada pelo padre Gapone, dirigiu-se ao Palácio de Inverno, em São Petersburgo, para entregar uma petição ao czar Nicolau II. Nesta petição, era feita uma série de reivindicações, tais como: jornada de trabalho de 8 horas, salário mínimo, eleição de uma Constituinte por sufrágio universal, direto e secreto. A manifestação foi reprimida de forma violenta. Esse episódio ficou conhecido como Domingo Sangrento e desencadeou uma série de gre- ves nas cidades, além de reações violentas no campo. No mar Negro, os marinheiros do encouraçado Potemkin se rebelaram, porém tiveram de bater em retirada. O czar cedeu, permitindo a eleição da Duma (Parla- mento), mas assim que pôde procurou dominá-la. Em relação aos trabalhadores, o grande avanço foi a criação dos sovietes, conselhos de operários que surgiram em 1905, em várias cidades da Rússia, durante as primeiras lutas contra a autocracia czarista. Mais tarde, em 1917, os sovietes vão desempenhar um papel fundamental na tomada do poder pelos bolcheviques, 12 Semiextensivo tornando-se um grupo de pressão extremamente influente, competindo com o governo provisório e considerados como instrumentos de insurreição. Nicolau II foi obrigado a fazer concessões (o Mani- festo de Outubro), contudo não cumpriu a promessa: melhoria das condições de vida dos operários; liberdade de imprensa e de uma democracia verdadeira. Fatores que contribuíram para a eclosão da Revolução Autoritarismo do czar O czar Nicolau II governava o país despoticamente, sem se preocupar com as necessidades básicas da popu- lação. A grande ambição do czar era estender os domínios do Império Russo à custa do decadente Império Turco. A autocracia russa tinha seu poder respaldado na aristocracia e na Igreja Ortodoxa. Os camponeses (imen- sa maioria da população), os operários e a burguesia estavam à margem do poder político. Os primeiros dez anos do reinado de Nicolau são em grande parte a história de uma tendência à fuga dos trabalhos do cérebro de um homem... que era desesperadamente incapacitado para compreender e controlar a Rússia. Alan Moorehead Pi xt al Czar Nicolau II Escândalos da família imperial A esposa de Nicolau II, a czarina Alexandra, deixou- -se influenciar demasiadamente pelo “monge” siberiano Rasputin, ao qual ela recorreu para salvar o pequeno Alex, príncipe herdeiro que sofria de hemofilia. Rasputin começou a influir na política, fazendo inclusive com que alguns políticos, seus inimigos, perdessem os cargos que ocupavam. A sua vida dissoluta e imoral fez com que muitos se revoltassem contra ele. Muitas pessoas dentro da família imperial não suportavam mais Raspu- tin, até que ele acabou sendo assassinado por um grupo liderado pelo príncipe Félix Yussupoff. © W ik im ed ia C o m m o n s/ K ar l B u lla Rasputin Fracassos na Primeira Guerra Mundial A Rússia entrou na Primeira Guerra Mundial ao lado dos Aliados contra as Potências Centrais. Sem estradas e comu- nicações, com um exército aguerrido, porém sem o mínimo preparo, os soldados morriam de fome e de frio. As derrotas se sucediam, mas o governo permanecia insensível ao reclamo dos soldados, que queriam apenas pão e paz. Politização da burguesia e do proletariado A burguesia russa não tinha ainda o mesmo peso da francesa ou inglesa, mas já estava se consolidando. O que essa burguesia almejava era uma República bur- guesa do estilo da França ou, na pior das hipóteses, uma monarquia parlamentarista à moda inglesa. O sofrido operariado russo encontrava-se, na época da Revolução, bastante politizado, daí o sucesso dos bolcheviques na Revolução de Outubro de 1917. Desigualdades sociais Enquanto a aristocracia e os setores da burguesia viviam no luxo e na ostentação, preocupados com caça- das e com a moda parisiense, a grande maioria do povo russo, operários e camponeses, vivia na mais completa Aula 08 13História 4B miséria. Operários, premidos pela fome, exigiam pão. A insatisfação popular aprofundava a crise econômica, que se tornava incontrolável em virtude das despesas de guerra. Revolução Burguesa No início de 1917, a situação da Rússia era insus- tentável. As derrotas externas, a crise econômica e social e a insatisfação de amplos setores da sociedade chegaram ao ponto máximo. Segundo o historiador inglês Christopher Hill, os salários nominais davam para comprar menos de 45% dos gêneros adquiridos em 1913. No front, o número de desertores chegou a um milhão e quinhentos mil. Os alimentos passaram a ser racionados. A abdicação do czar era inevitável, o que, de fato, ocorreu no começo de março. A Rússia tornou-se uma República parlamentarista. O príncipe Gueorgui Lvov formou um gabinete que tinha Kerenski como Ministro da Guerra. O Partido Cadete (Partido Constitucional Democrata), representando os liberais moderados, estava no poder. O novo governo libertou os presos políticos, concedeu liberdade de im- prensa, prometeu realizar eleições para uma Assembleia Constituinte, mas não retirou a Rússia da guerra. Em abril de 1917, Lenin voltou do exílio, lançando as Teses de Abril. Neste programa, propunha que a Rússia deveria sair imediatamente da guerra, que fosse formada uma República de sovietes e que os bancos e propriedades privadas fossem nacionalizados. Revolução Socialista O Partido Bolchevique crescia rapidamente, apesar das perseguições. Em abril de 1917, nas suas fileiras, já havia 80 mil pessoas e, em julho, 240 mil. Os bolcheviques propunham o fim imediato da participação da Rússia na Primeira Guerra, a imediata nacionalização de todas as propriedades e a coletivização de toda a Rússia. Em 7 de outubro, percebendo que o momento adequado havia chegado, Lenin voltou secretamente a Petrogrado. Por proposta de Lenin, a insurreição começou em 24 de outubro (isto é, 6 de novembro, de acordo com o calendário gregoriano). Depois de tomarem os pontos estratégicos, começou a espetacular invasão do Palácio de Inverno. Na noite de 25 de outubro, quando ainda continuava o assalto ao Palácio de Inverno, começou o II Congresso dos Sovietes de toda a Rússia. O telégrafo transmitiu por todo o país o apelo do Congresso “aos operários, soldados e camponeses!”. Esse apelo, redigido por Lenin, dizia: Apoiando-se na vontade da imensa maioria dos operários e da guarnição que se realizou em Petrogrado, o Congresso tomou o poder nas suas mãos. O Congresso decreta: toda a autoridade local passa para os sovietes de deputados dos operários, soldados e camponeses, que devem assegurar uma verdadeira ordem revolucionária. Com os bolcheviques no poder, foi eleita uma Assem- bleia Nacional Constituinte. Com menos de 30% dos votos, num golpe de força, os bolcheviques dissolveram a Assembleia. A ditadura ia se consolidando, e a paz era fundamental para que o novo regime não sucumbisse, daí as negociações para retirar a Rússia da guerra. Discurso de Lenin. Fragmento do quadrode V. Serov A Revolução consolida-se Os alemães impuseram aos russos o humilhante Tra- tado de Brest-Litovski, pelo qual os russos abriram mão da Lituânia, Estônia, Letônia, parte da Polônia, Finlândia e possessões turcas. Porém Lenin sabia que só com a paz interna ele consolidaria as conquistas revolucionárias. As tentativas contrarrevolucionárias eram enormes. Alema- nha, França, Inglaterra e Estados Unidos queriam sufocar a revolução. Internamente os brancos, alcunha dada aos contrarrevolucionários, cercavam os bolcheviques em Petrogrado e Moscou. A ofensiva vermelha reiniciou a luta. Sob a liderança de Trotski, foi criada a Tcheca, polícia secreta, que muito contribuiu para a consolidação do re- gime. O governo tentou estabelecer um comportamento econômico, baseado no “comunismo de guerra”: todas as terras foram nacionalizadas; os artigos de primeira necessidade foram racionados; proibiu-se o lucro; e os bens da Igreja Ortodoxa foram confiscados. 14 Semiextensivo Os contrarrevolucionários, com o apoio das nações capitalistas, tudo fizeram para sufocar a revolução. Trotski, comandando o Exército Vermelho, liquidou os “exércitos brancos” em 1921, pondo fim à guerra civil. O “comunismo de guerra” produziu o colapso da economia russa, que regrediu a níveis inferiores aos de antes da Primeira Guerra. © W ik im ed ia C o m m o n s/ N at io n al L ib ra ry o f N o rw ay Vítimas da grande fome que atingiu a Rússia em 1921-1922 A resistência dos camponeses para entregar parte de suas colheitas ao Estado, a especulação levada a cabo pe- los camponeses ricos (chamados de kulaks), a ocupação desordenada das fábricas, a queda da produtividade e so- bretudo a fome geraram uma série de insurreições. A mais grave aconteceu na Base Naval de Kronstadt, em março de 1921. A insurreição foi reprimida pelos bolcheviques liderados por Trotski. A Revolução de Kronstadt objeti- vava a democratização do regime que para eles havia se transformado em uma ditadura de capitalismo de Estado. Além de reprimidos foram depois desmoralizados e difa- mados. Na Ucrânia, os anarquistas liderados por Nestor Makhno apoiaram os bolcheviques contra os “exércitos brancos” mas depois foram descartados e reprimidos. B ib lio te ca d o C o n g re ss o d o s Es ta d o s U n id o s No dia 17 de julho de 1918, em Ekaterinburgo, a família imperial foi executada. Os corpos foram mergulhados em ácido sulfúrico e enterrados. Por que os bolcheviques venceram? • Faltava aos exércitos dos brancos uma estrutura centralizada. • Os vermelhos tinham um maior número de soldados e controlavam as indústrias modernas. Daí estarem melhor armados. • A liderança qualificada de Trotski. • Grande parte dos camponeses apoiaram os verme- lhos, pois estes fizeram uma reforma agrária. Lenin tomou medidas decisivas, conhecidas como comunismo de guerra, para controlar os recursos econô- micos do Estado. Lenin conseguiu apresentar os bolcheviques como um governo nacionalista que lutava contra estrangeiros, e mesmo que o comunismo de guerra não tivesse popu- laridade entre os camponeses, os Brancos se tornaram ainda mais impopulares em função de suas conexões estrangeiras. Socialismo real Karl Marx e Friedrich Engels profetizaram que as revoluções socialistas ocorreriam nos países avançados do Ocidente, especialmente na França, Inglaterra e Alemanha. Não foi o que aconteceu, pois a revolução triunfou na Rússia, que era um país atrasado. Lenin, por um certo tempo, acreditou na possibilida- de de revoluções no Ocidente, mas suas esperanças não se concretizaram. O socialismo deveria ser construído na Rússia com as suas próprias forças. Era uma experiência nova, daí os erros e as dificuldades. Nova política econômica Em 1921, a situação da Rússia soviética era desespe- radora. Fome, burocratização do regime e uma grande apatia tomavam conta de muitos. A economia ia mal. As mudanças eram necessárias. “Um passo atrás para dar dois à frente”, foi como Lenin definiu, em 1921, a Nova Política Econômica. Com o objetivo de reativar a produção que estava em queda, restaurou-se parcialmente a economia de mer- cado. Foram restabelecidos a distinção de salários e o comércio exterior, suprimida a requisição compulsória de produtos agrícolas, autorizada a constituição de empresas privadas e a inversão de capitais estrangeiros. Assim, ao lado do setor estatal, ressurgiu o setor privado da economia, de cunho marcadamente capitalista. A nova política econômica prolongar-se-ia até 1928, quando deu origem aos planos quinquenais. Aula 08 15História 4B Formação da URSS Com o Tratado de Brest-Litovsk, a nova Rússia per- deu 700 000 km2 em relação ao Império dos czares. A Polônia tornou-se independente, e se formaram outros Estados que, até então, haviam feito parte do Império Russo: Lituânia, Letônia, Estônia e Finlândia. A Romênia anexou a Bessarábia. Em dezembro de 1922, durante um congresso dos sovietes, nasceu a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, compreendendo quatro repúblicas: Rússia, Ucrânia, Bielo-Rússia e Transcaucásia. Mais tarde, outras repúblicas passaram a integrá-la: Uzbequistão e Turco- menistão (1924) e Tadjiquistão (1929). Luta pelo poder Com a morte de Lenin, em 1924, desencadeou-se a luta pelo poder. De um lado, Trotski, comissário do povo para a guerra; do outro, Stalin, secretário-geral do partido. Essa luta representou o confronto de duas con- cepções revolucionárias: Trotski defendia a necessidade de estender a revolução a todos os países; Stalin defen- dia a tese da consolidação do socialismo na URSS. Em 1925, Trotski foi destituído do cargo de comissário para a guerra; em 1927, foi expulso do partido e, em 1929, foi exilado da URSS. Stalin permaneceu no poder até sua morte em 1953. Trotski foi assassinado no México, em 1940, por um agente da NKVD (comissariado do povo para assuntos internos). B ib lio te ca d o C o n g re ss o d o s Es ta d o s U n id o s Stalin Trotski Os historiadores têm procurado compreender como Stalin chegou ao poder supremo. Norman Lowe fez a seguinte síntese: • O brilhantismo de Trotski gerava inveja e ressen- timento entre outros membros do Politburo. A sua arrogância não era apreciada e muitos não gostavam do fato de que ele tinha se juntado aos bolcheviques pouco antes da Revolução de Outubro. • Os membros do Politburo subestimaram Stalin. Eles o consideravam apenas um administrador compe- tente. • Stalin usou sua posição de forma inteligente. Como secretário-geral procurava nomear seus apoiadores como secretários das organizações locais do Partido Comunista, de tal maneira que, em 1928, todos os órgãos e congressos estavam repletos de stalinistas. • Stalin soube usar as divergências em vantagem própria. Apoiou Bukharin contra Kamenev e Zinoviev. Em 1929 voltou-se contra Bukharin, que apoiara a Nova Política Econômica. A maioria dos membros do Partido apoiou Stalin, pois a NEP estava começando a falhar e os kulats estavam bloqueando o progresso e enriquecendo. Era Stalin De 1924 até 1953, o georgiano (nascido na Geórgia) Stalin governou com mãos de ferro a URSS. É inegável que, sob a sua direção, o país saiu do arado de madeira aos reatores nucleares, mas é verdade também que a re- pressão foi a tônica do regime. A democracia proletária cedeu lugar a uma crescente burocratização do regime. Muitos expurgos foram realizados. Antigos revolucio- nários, como Bukharin, Zinoviev e Kamenev, foram executados. Na luta pelo poder valia tudo, e a revolução perdeu as suas características originais. A partir de 1929, entrou em vigor o Primeiro Plano Quinquenal, que objetivava a coletivização das terras (missão dos kolkhozes – cooperativas agrícolas – e dos sovkhozes – fazendas estatais) e a industrialização. Os kulaks, camponeses que haviam enriquecido com a NEP, reagiram ao processo de coletivização, matando animais e destruindo benfeitoriasem suas propriedades. Comissários enviados pelo governo foram mortos. A reação do poder soviético foi dura. O processo de “deskulakização” foi marcado pela repressão. Após a morte de Stalin (1953), Nikita Kruschev procu- rou revelar os erros da chamada “Era Stalin”. Dados sobre presos políticos e pessoas executadas foram inflados. Com a Guerra Fria, pesquisadores ocidentais – no- tadamente Robert Conquest – através da manipulação de fontes, exageraram os números de prisioneiros e de mortos nos Gulags (Administração Geral dos Campos de Trabalho Correcional e Colônia). Com a abertura dos arquivos da antiga União Soviética, pesquisadores comprometidos em buscar a verdade, sem intenções ideológicas, têm revelado que houve repressão, porém numa escala muito menor do que se imaginava. 16 Semiextensivo “A grande fome que ocorreu na Ucrânia em 1932-1933, atribuída à política stalinista, de fato ocorreu, mas suas causas teriam sido diversas: uma epidemia de tifo, a luta de morte que a extre- ma-direita ucraniana dirigiu contra o socialismo, uma grande seca, a desordem provocada por uma reorganização da agricultura, a falta de experiên- cia, a improvisação e a confusão nas diretivas, e o radicalismo esquerdista de alguns funcionários. É inegável, contudo, que houve fome e repressão na Ucrânia durante a década de 1930.” MOCELLIN, Renato; CAMARGO, Rosiane. História em Debate. São Paulo: Editora do Brasil, 2013, 3 ed, v. 2, p.59. Por outro lado, a “Era Stalin” foi marcada por um notável progresso material, social e educacional, como revela o imparcial Norman Lowe. Nas artes, predominou o chamado “realismo socia- lista” (arte a serviço da ideologia, por meio de temas facilmente apreensíveis pelas massas, as quais teriam de constituir exemplos edificantes da construção do socialismo). Na ilustração, observa-se a mensagem de um Stalin popular.0 © W ik im ed ia C o m m o n s 1940, havia 199 000 escolas, e mesmo nas áreas mais remotas da URSS elas eram proporcionadas. Muitas novas faculdades foram estabelecidas para formar a nova geração de professores. Segundo o censo de 1939, entre as pessoas de 9 a 49 anos, 94% nas cidades e 86% nas áreas rurais, estavam alfabetizadas. Em 1959, esses percentuais subi- ram para 99 e 98% respectivamente.” LOWE, Norman. História do Mundo Contemporâneo. Porto Alegre: Penso, 2011, 393. “Uma das grandes conquistas do regime sta- linista foi a expansão da educação gratuita em massa. Em 1917, menos da metade da popula- ção poderia ser descrita como alfabetizada. Em janeiro de 1930, o governo anunciou que, até o final do verão russo, todas as crianças entre 8 e 11 anos deveriam estar matriculadas nas escolas. En- tre 1929 e 1931, o número de alunos aumentou de 14 milhões para cerca de 20 milhões. Foi nas áreas rurais, onde a educação tinha sido irregu- lar, que ocorreu a maior parte desse aumento. Em Testes Assimilação 08.01. (UEMS) – A Revolução Russa de 1917, num primeiro momento, constituiu-se num governo de coalizão burguês- -socialista, destoando da aspiração popular, o que provocou: a) o crescimento por toda parte do movimento popular, em que soldados e marinheiros desrespeitavam as ordens oficiais; os camponeses se adiantavam na Reforma Agrária sem a aprovação do primeiro Governo; as fábricas eram progressivamente ocupadas pelos comitês de fábrica que controlavam o emprego, o abastecimento e a produção. b) falta de aspiração do povo para a chegada dos bolche- viques ao poder, porque o primeiro governo constituído satisfazia as massas populares o suficiente para que não almejassem promover novas revoluções internas. c) mesmo com a chegada de Lenin ao poder, não houve mudanças significativas, a Rússia permaneceu nos mes- mos moldes do sistema czarista. d) acomodação das classes populares que se contentaram com o novo governo imposto frente à incapacidade de se mobilizarem e promoverem a tão esperada Revolução Socialista. e) nunca houve a chegada de fato dos comunistas ao poder, nem tampouco a centralização das decisões no Conselho dos Comissários do Povo, nem a instauração da chamada ditadura do proletariado propagada por Lenin. 08.02. (UFAL) – A Revolução Russa de 1917 é conside- rada um dos episódios mais importantes da história do século XX. Também reconhecida como Revolução Socialista Russa, ela exerceu considerável influência na vida de cente- nas de milhões de seres humanos. Sobre esse tema, analise as afirmações a seguir. 1) O cenário desolador composto na Rússia após sua desas- trosa participação na Primeira Guerra Mundial emoldurou o quadro da Revolução de 1917. Aula 08 17História 4B 2) A disputa entre russos e japoneses pela posse dos ter- ritórios da Coreia e da Manchúria constituiu uma das motivações imediatas para se deflagrar a Revolução. 3) Os partidos de esquerda que se encontravam na clandesti- nidade ressurgiram na conjuntura revolucionária, fazendo eco às exigências de derrubada da monarquia russa. 4) Os bolcheviques liderados por Lenin preferiam adotar estratégias de negociação, mas foram vencidos pelo bloco liderado por Trotski. 5) Os soldados russos encarregados de conter os movimentos grevistas aderiram a eles, desobedecendo às ordens dos generais czaristas. Estão corretas apenas: a) 1, 2 e 3 b) 1, 3 e 4 c) 1, 4 e 5 d) 1, 3 e 5 e) 2, 4 e 5 08.03. (UNESP – SP) – No final da primavera de 1921, um grande artigo de Lenin define o que será a NEP [Nova Política Econômica]: supressão das requisições, impostos em gêneros (para os camponeses); liber- dade de comércio; liberdade de produção artesanal; concessões aos capitalistas estrangeiros; liberdade de empresa – é verdade que restrita – para os cidadãos soviéticos. [...] Ao mesmo tempo, recusa qualquer liberdade política ao país: “Os mencheviques con- tinuarão presos”, e anuncia uma depuração do par- tido, dirigida contra os revolucionários oriundos de outros partidos, isto é, não imbuídos da mentalidade bolchevique. SERGE, Victor. Memórias de um revolucionário, 1987. O texto identifica duas características do processo de cons- tituição da União Soviética: a) A reconciliação entre as principais facções social- -democratas e a implantação de um sistema político que atribuía todo poder aos sovietes de soldados, operários e camponeses. b) O reconhecimento do fracasso político e social dos ideais comunistas e o restabelecimento do capitalismo liberal como modo de produção hegemônico no país. c) A estatização das empresas e dos capitais estrangeiros investidos no país e a nacionalização de todos os meios de produção, com a implantação do chamado comunismo de guerra. d) A aguda centralização do poder nas mãos do partido governante e o restabelecimento temporário de algumas práticas capitalistas, que visavam à aceleração do cresci- mento econômico do país. e) O fim da participação russa na Guerra Mundial, defendi- da pelas principais lideranças do Exército Vermelho, e a legalização de todos os partidos socialistas. 08.04. (FGV – SP) – Com a NEP (Nova Política Econô- mica) o comércio interno foi liberado, permitiu-se o funcionamento de pequenas e médias empresas pri- vadas, estimularam-se os investimentos estrangeiros, instituiu-se o pagamento de horas extras e de prêmios aos trabalhadores e criou-se o imposto sobre proprie- dades urbanas. SANDRONI, Paulo. Dicionário de economia, 1985. Durante a Revolução Russa, a NEP foi aplicada no contexto a) do fim da guerra civil (1918-1921), devido à destruição da economia nacional e às tensões pela aplicação do chamado comunismo de guerra. b) da tomada do poder pelos bolcheviques, em outubro de 1917, pois a economia russa crescia em função da Primeira Guerra. c) do fracasso dos planos quinquenais, que geraram a estag- nação da economia soviética a partir de 1930. d) da revolução de fevereiro de 1917, pois os mencheviques apostaram na reestruturação da economia russa por meio das grandes obras de infraestrutura.e) da morte de Lenin e da ascensão de Stalin, que estabeleceu um rígido e eficaz controle sobre as atividades produtivas. 08.05. (MACK – SP) – Com a morte de Lenin, em 1924, a luta pelo poder na Rússia culminou com a vitória de: a) Trotski, que apoiava a revolução mundial, ou seja, a des- truição do capitalismo nos demais países. b) Koltchak, líder dos russos brancos, que pretendia o retorno do capitalismo. c) Stalin, que pretendia concentrar-se na implantação do socialismo na Rússia e na posterior expansão do movi- mento pela Europa. d) Kerenski, que defendia a continuidade da participação russa na Primeira Guerra Mundial. e) Kamenev, um dos mais íntimos colaboradores de Lenin. Aperfeiçoamento 08.06. (UFT – TO) – Entre abril e outubro de 1917, os bolcheviques haviam julgado indissociáveis a revolução russa, o fim da guerra seguido por uma paz democrática e revolução proletária pela Europa, sendo que as três coisas fariam parte de um mesmo e único processo. O Decreto sobre a paz (26 de outubro de 1917) é, assim, o primeiro ato de política externa do governo dos soldados, operários e camponeses. SALAMONI, Antonella. Lenin e a Revolução Russa: século XX. São Paulo: Ática, 1997, p. 45. Com base no texto, é CORRETO afirmar que a) a paz, a terra e o controle operário revelam o interesse de soldados, operários e camponeses, mas não se pode entendê-los como parte de um mesmo processo. b) o Decreto sobre a paz sobrepunha os interesses dos soldados aos dos camponeses e operários. 18 Semiextensivo c) o processo revolucionário russo estava ancorado na indis- sociabilidade entre os interesses dos soldados, operários e camponeses. d) a paz democrática e a extensão da revolução russa pela Europa eram indissociáveis, mas prejudiciais aos cam- poneses. e) os interesses dos soldados, operários e camponeses não foram compreendidos pelos bolcheviques como parte de um único processo, apesar de a junção desses interesses ser essencial para a continuidade do processo revolucionário russo. 08.07. (FGV – SP) – Em abril de 1917, o líder bolchevique Lenin, exilado em Zurique (Suíça), voltou à Rússia lançando as Teses de Abril. Nesse programa político é incorreto afirmar que Lenin propunha a/o: a) formação de uma República de sovietes. b) concessão à defesa nacional, dando total apoio ao go- verno provisório. c) nacionalização dos bancos e das propriedades privadas. d) reconstituição da Internacional. e) controle da produção pelos operários. 08.08. (FM Petrópolis – RJ) – Em 1921 o país estava em ruínas. No inverno de 1921-1922, houve uma grande fome que, com as epidemias, matou cerca de cinco milhões de pessoas. As revoltas locais, as greves, a insurreição revolucionária do Kronstadt configuravam um quadro de descontentamento generalizado. REIS FILHO, Daniel Aarão. As revoluções russas e o socialismo soviético. São Paulo: Editora UNESP, 2003. p. 77. A situação socioeconômica da Rússia no início da década de 1920, resumida no texto, foi causada, dentre outros motivos, pelo a) fim das restrições ao comércio externo. b) isolamento internacional do país. c) aperfeiçoamento do regime czarista. d) conflito militar contra Hitler. e) extermínio dos kulaks. 08.09. (UNISC – RS) – O impacto da Revolução de Outubro de 1917 na Rússia foi largamente revisitado. Naquele contex- to, John Reed descreveu este acontecimento como “os dez dias que abalaram o mundo”, mas, mais do que isso, talvez, a instauração do Socialismo, com a Revolução Russa, serviu como inspiração para outras revoluções que se desenrola- ram ao longo do século XX, como a Revolução Chinesa e a Revolução Cubana – guardadas as devidas particularidades de cada uma naturalmente. Sobre esse contexto na Rússia, é correto afirmar que I. os mencheviques (minoria) eram membros de um partido político russo de tendências revolucionárias moderadas que se contrapunha aos bolcheviques; os bolcheviques (maioria) eram mais radicais do que os mencheviques e defendiam a revolução socialista, a instalação da ditadura do proletariado, com a aliança de operários e camponeses. II. o Narodnik foi um partido czarista que buscou um diálogo constante com os mencheviques e bolcheviques. III. os sovietes eram comitês que reuniam operários, cam- poneses e soldados. IV. a Revolução de 1905 é considerada um ensaio geral para a Revolução de Outubro de 1917. Assinale a alternativa correta: a) Somente as afirmativas I e II estão corretas. b) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas. c) Somente as afirmativas II, III e IV estão corretas. d) Somente as afirmativas I, III e IV estão corretas. e) Somente as afirmativas III e IV estão corretas. 08.10. (PUCPR) – Relacione as duas colunas: 1. Revolução Russa – 1905 2. Revolução Russa – março de 1917 3. Revolução Russa – novembro de 1917 ( ) Derrubou a monarquia. ( ) Foi resultado das derrotas russas frente ao Japão no auge da crise econômica. ( ) Convocação da Duma, legalização dos partidos políti- cos e ampliação do direito de voto. ( ) Governo Provisório integrado por elementos liberais da Duma. ( ) Foi grandemente decorrente da participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial. ( ) Levou ao poder os bolchevistas. A sequência correta é: a) 1 – 3 – 2 – 2 – 3 – 2 b) 2 – 1 – 1 – 2 – 2 – 3 c) 1 – 2 – 2 – 1 – 3 – 3 d) 3 – 1 – 1 – 2 – 3 – 1 e) 2 – 2 – 3 – 3 – 2 – 1 08.11. (UFPel – RS) – *Marechal Joseph Stalin “*JOSEPH STALIN, Marechal da União Soviética, por- tador da Ordem de Lenin, Comissário da Defesa do Povo, presidente do Conselho Supremo e Comandante em Chefe do Exército e da Marinha, é, talvez, o homem que enfeixa a maior soma de responsabilidade em todo o mundo. É o homem de quem a Rússia precisava no momento mais trágico e mais glorioso de sua história. É um dos “leaders” das Nações Unidas [...]. Da inte- ligência e coragem desses líderes depende a completa vitória das forças aliadas contra os opressores da civi- lização e da paz do mundo.” O CRUZEIRO, 5 de fevereiro de 1944. Com base no documento acima, percebe-se a) que a expressão “contra os opressores da civilização e da paz” comprova que Getúlio Vargas e Stalin pautaram-se pelos princípios democráticos, mesmo antes da Batalha de Stalingrado. Aula 08 19História 4B b) como o governo de Getúlio Vargas, durante a Segunda Guerra Mundial, identificou-se com o comunismo e a democracia soviética, objetando qualquer aproximação com o nazismo. c) que, durante o “Estado Novo”, período ditatorial de Vargas, o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) liberou uma exaltação ao ditador Stalin enquanto perseguia os comunistas no Brasil. d) por que o Partido Comunista Brasileiro, liderado por Luís Carlos Prestes, recebeu apoio soviético e de Getúlio Vargas, na luta antifascista na Guerra Civil Espanhola. e) por que a Ação Integralista Brasileira e a Aliança Nacional Libertadora apoiaram Vargas em suas relações interna- cionais, durante a Grande Guerra – caracterizada pelo embate entre nações unicamente democráticas e nações ditatoriais. 08.12. (FM Petrópolis – RJ) – Caracterizou a composição político-ideológica da URSS (União Soviética), no período compreendido entre o stalinismo e a dissolução da própria URSS, a) o investimento maciço em propaganda externa. b) o culto à personalidade associado à centralização buro- crática. c) a representatividade das repúblicas socialistas, associadas no alto comando da URSS. d) a doutrina do isolamento e da autossuficiência, represen- tada pela expressão “Cortina de Ferro”. e) o pluripartidarismo como expressão das diferentes cor- rentes de interpretação do marxismo existentes. Aprofundamento 08.13. (FM Petrópolis – RJ) – Durante a Grande Depres- são, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) manteve-se relativamente a salvo dos efeitos mais intensos da recessão econômica. Enquanto diversos países capitalis- tas tiveram que rever suas políticas econômicas, o governosocialista liderado por Josef Stalin exibia pujança econômica e fornecia modelos de planejamento estatal que serviram de inspiração para economistas de todo o mundo. Que medida punitiva tomada por países capitalistas após a 1a. Guerra Mundial contribuiu para proteger a URSS dos efeitos da crise de 1929? a) Isolamento da Rússia por aliança de países limítrofes do país socialista. b) Financiamento a Trotski e seus seguidores para enfra- quecer Stalin. c) Adoção da Nova Política Econômica (NEP) pelo governo de Lenin. d) Expulsão da União Soviética da Liga das Nações. e) Invasão do território soviético por tropas alemãs. 08.14. (UFV – MG) – O “homem de aço”, Josef Vissarionovitch Djugatchvili – conhecido como Stalin – foi o dirigente má- ximo da União Soviética entre 1924 e 1953. A respeito de suas ideias, seu governo e o stalinismo, assinale (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) para as falsas. 01) ( ) Stalin socializou toda a economia soviética, abolindo a NEP (Nova Política Econômica) e instaurando os Planos Quinquenais, pelos quais tudo seria minu- ciosamente planejado e controlado pelo Estado soviético: investimentos, níveis de produção e pro- dutividade e crescimento da economia. 02) ( ) Segundo o ideal stalinista, vitorioso a partir da morte de Lenin, a revolução nunca se imporia se ficasse confinada na URSS, o que fez Stalin partir para uma política de anexação de territórios europeus e incen- tivos à implantação do socialismo nos países mais pobres, através da chamada Revolução Permanente. 03) ( ) Durante o governo de Stalin, houve uma supremacia da indústria de bens de consumo em detrimento da indústria pesada, a fim de diminuir a fome da po- pulação, através do plano denominado Comunismo de Guerra, uma vez que o bem-estar da família e do indivíduo na URSS era o princípio norteador de todas as ações governamentais. 04) ( ) Para que Stalin fosse reverenciado como o maior pensa- dor político do século XX, o governo estimulava o culto à sua personalidade por intermédio das escolas, jornais, espetáculos, cinemas e rádios, além de promover um clima de terror, perseguição e expurgo de membros do partido e dos chamados traidores da revolução. 05) ( ) A origem do stalinismo deve ser atribuída aos resul- tados da Associação Internacional dos Trabalhadores – a Primeira Internacional – realizada na Inglaterra, na qual, após a aliança com os anarquistas, foi vitoriosa a tese marxista-leninista da ditadura do proletariado em detrimento da centralização de poderes pela burocracia estatal. 08.15. (UEPG – PR) – A Rússia, no início do século XX, tinha uma população de 174 milhões de pessoas, das quais 85% viviam no campo. Nesta economia tipicamente agrária, com predominância das relações servis, a elite pro- prietária de terras, os boiardos, impunha ao campesinato uma vida miserável. Até 1917 o governo foi absolutista, nos moldes do Antigo Regime. Nas cidades populosas concentraram-se os investimentos industriais e formou- -se um operariado, vindo do campo, com salários baixos e excessiva jornada de trabalho. A oposição ao regime cresceu a partir do final do século XIX. Sobre este processo, assinale o que for correto. 01) Com a Revolução de 1917, os bolcheviques assumiram o poder na Rússia, governando o país através da Duma. 02) O Partido Bolchevique, liderado por Lenin, defendia a conquista do poder através da luta revolucionária. 20 Semiextensivo 04) Em 1905, o padre Gapone liderou um movimento de reivindicação junto ao czar. Este episódio ficou conhecido como Domingo Sangrento e provocou uma onda de protestos por toda a Rússia. 08) Em sua tentativa de pacificar a Rússia, o czar editou um decreto, conhecido como Manifesto de Outubro, que transformava o país em uma monarquia constitucional, ampliando os direitos do cidadão. 16) O Partido Operário Social Democrata, fundado em 1898, dividiu-se em duas facções em 1903: os mencheviques e os bolcheviques. 08.16. (UFRGS) – Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações, referentes à Revolução Russa. ( ) Exceto a Comuna de Paris (1871), ela resultou na for- mação do primeiro Estado socialista do mundo, pro- vocando uma ruptura no sistema capitalista mundial e influenciando os movimentos revolucionários no pós- -guerra. ( ) Ela foi fundamentada nas Teses de Abril, de Lenin, em que este defendia a aliança do proletariado com a bur- guesia e a formação de um governo de conciliação de classes como forma de derrotar os setores aristocráti- cos. ( ) Ela teve no Ensaio Geral, apesar da derrota, um impor- tante acúmulo de experiência revolucionária, particu- larmente com o surgimento dos primeiros sovietes. ( ) A intensa luta pelo poder entre Lenin e Trotski impediu a tomada do poder pelos bolcheviques, em fevereiro de 1917, postergando o avanço revolucionário até ou- tubro do mesmo ano. ( ) Os sovietes foram o núcleo propulsor da articulação das forças revolucionárias lideradas pelos bolchevi- ques. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) V – F – V – F – V b) F – F – F – V – F c) V – F – F – V – V d) F – V – V – F – V e) V – V – F – V – F 08.17. “Hoje ainda é moda (...) falar da Revolução bol- chevique como de uma ‘aventura’. Muito bem, se for uma aventura, trata-se de uma das mais maravilhosas em que já se empenhou a humanidade, aquela que abriu às massas laboriosas o campo da história,...” John Reed Sobre a Revolução Russa, assinale a alternativa correta. a) O Governo Provisório retirou a Rússia da Grande Guerra, fez a reforma agrária e aprovou leis favoráveis aos traba- lhadores, por isso tornou-se permanente, consolidando o poder dos bolcheviques. b) Os bolcheviques liderados por Lenin tomaram o po- der em outubro (novembro no calendário ocidental), instaurando um regime de partido único. Retiraram a Rússia da Grande Guerra, fizeram uma reforma agrária e procuraram atender os interesses da classe traba- lhadora. c) Trostki se opôs a Lenin durante a guerra civil, por isso foi afastado do comando do Exército Vermelho e enviado para um gulag na Sibéria. d) Os mencheviques tiveram um papel fundamental na ascensão de Stalin e na instauração de um regime democrático-parlamentar. e) Lenin estabeleceu uma aliança estratégica com a Ale- manha, contribuindo para adiar o fim da Primeira Guerra Mundial. 08.18. (UFRJ) – “Decreto sobre terras da reunião dos sovietes de deputados operários e soldados. 26 de outubro (8 de novembro) de 1917 1. Fica abolida, pelo presente decreto, sem nenhuma indenização, a propriedade latifundiária. 2. Todas as propriedades dos latifundiários bem como as dos conventos e da igreja, acompanhadas de seus inventários, construções e demais acessórios ficarão à disposição dos comitês de terras e dos sovietes de deputados camponeses, até a convoca- ção da Assembleia Constituinte. 3. Quaisquer danos causados aos bens confiscados, que pertencem, daqui por diante, ao povo, é crime punido pelo tribunal revolucionário. Presidente do Soviete de Comissários do Povo – Vla- dimir Ulianov – Lenin”. ln: NENAROKOV, A. P. 1917: “a Revolução mês a mês”. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1967. p. 169. A edição deste decreto pelo novo governo revolucionário russo imediatamente após a tomada do poder exprime a necessidade de: a) explicitar o caráter camponês da Revolução Russa. b) dar à burguesia russa uma garantia de que seus bens e propriedades permaneceriam intocados. c) enfraquecer o poder dos antigos latifundiários e ganhar a imensa massa camponesa russa para a causa da Re- volução, garantindo seu acesso à terra a partir de uma reforma agrária. d) permitir aos antigos proprietários das terras, a nobreza expropriada pela Revolução de fevereiro de 1917, a reto- mada de seus direitos. e) garantir a propriedade privada da terra para os novos detentores do poder, os sovietes de deputados e cam- poneses. Aula 08 21História 4B Discursivos
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