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1 Renascimento cultural I Aula 21 6A História O Renascimento consistiu em um importante mo- vimento de renovação cultural, originado na Península Itálica, no final do século XIV, e que teve desdobramentos em outros países da Europa nos séculos XV e XVI. Trata- -se de um processo de transformações na mentalidade e no comportamento humanos, cuja origem se encontra nas raízes da antiga cultura clássica (greco-romana). Daí a utilização do termo renascimento ou renascença, indicando um retorno ao passado, um resgate dos valores culturais da Antiguidade, que serviram como fonte de inspiração para o surgimento de uma nova forma de entendimento do mundo e da humanidade e que tiveram reflexos nas artes, na literatura e na ciência daquela época. Todo esse movimento de intensa produção artística e científica da Idade Moderna teve seu início na Penín- sula Itálica, região que possuía as melhores condições para que uma verdadeira revolução cultural ocorresse. A região foi pioneira do Renascimento, entre outros motivos, porque era o berço da cultura romana, local que abrigava grande parte da produção cultural da An- tiguidade Clássica. Contexto histórico Depois da crise do século XIV, a Europa viveu nos séculos XV e XVI uma grande ex- pansão comercial que resultou nas “desco- bertas” ma rítimas e num afluxo enorme de pro dutos orientais e do Novo Mundo. © W ik im ed ia C om m on s/ M us eu d o Lo uv re , P ar is DA VINCI, Leonardo. A virgem do Rochedo. 1480. 1 óleo sobre tela: color.; 199 cm x 122 cm. Museu do Louvre, Paris. Em termos políticos, ocorria a centralização política com a formação dos Estados Nacionais Modernos. Havia exceções: a Itália, por exem plo, continuava fragmentada em pequenos ducados, principados, ci dades-estados e territórios pontifícios (controlados pela Igreja Católica). No plano religioso, proliferavam as heresias, os protestos e as desobediências à Igreja Católica, os quais acabaram desembocando na Reforma Protestante. Re- nascimento cultural e Reforma foram, portanto, dois dos principais processos históricos ocorridos na Europa no início da Idade Moderna responsáveis por significativas mudanças na forma de a humanidade pensar e enten- der o mundo, sem os quais talvez não tivessem ocorrido outros importantes fatos paralelos, como as Grandes Navegações e a colonização da América. Quanto à sociedade, mesmo com as variações regio- nais, observava-se a ascensão da burguesia, apesar de a nobreza permanecer a classe dominante. Na Itália, a situação dos camponeses era lastimável. É bom esclare- cer que, com o Renas cimento, iniciou-se um processo de separação entre cultura erudita e cultura popular. A ralé, portanto, não participou da cultura restrita à elite e não teve acesso a ela. Os humanistas (eruditos, intelectuais) do período exaltavam a cultura clássica, isto é, a cultura greco- -romana. Para eles, o perío do que foi do século V (queda do Império Romano do Ocidente) até a época em que viviam tinha sido “uma longa e tenebrosa noite de mil anos”, um período que mediou, ou seja, uma “Idade Média”. A palavra Renascença vem de renas cer. Renascer uma vida nova nas artes e no cotidiano, mas sobre tudo renascer dos valores antigos dos gregos e romanos. Não como cópia, mas como alicerce, como fonte de inspira- ção, ou seja, passou a ser feita uma releitura das criações dos clássicos, produ zindo-se obras até superiores. Em síntese, podemos afirmar que o Renascimento foi um mo vimento intelectual – artístico, filosófico, literário e científico – que assinalou a transição da cultura medie- val para a cultu ra moderna. 2 Extensivo Terceirão Fatores Graças ao desenvolvimento do comércio e das cidades, havia con dições materiais para se investir em construções, patrocinar literatura e incentivar as artes plásticas. Nas universidades, havia um maior incentivo às pesquisas e à discussão. Os humanistas procu raram reformular os métodos de ensino, incentivaram os estu- dos do grego e do latim e desenvolve ram um criticismo consequente, questionando as verdades esta belecidas. O mecenato foi largamente difundido. Príncipes, pa- pas, car deais, bispos, nobres e burgueses encomenda- vam trabalhos, patro cinavam construções e protegiam artistas. As irmandades, as guil das e fiéis agradecidos por graças recebidas financiavam a produção de afres- cos em igrejas, quadros de santos e madonas, além de esculturas e peças sacras. A invenção da imprensa con tribuiu para o baratea- mento dos livros e para a expansão do saber. As obras de humanistas, dos clássicos antigos e as Sagradas Escrituras tornaram-se acessíveis a um número maior de pessoas. Características Humanismo – a valorização do ser humano e o inte- resse pela An tiguidade Clássica. Não se tratava, porém, de copiar as realizações de gregos e romanos, mas, sim, de renová-las no âmbito do movimento renascentista. O Humanismo enriqueceu os estudos do grego e do latim, modificou os métodos de ensino e contribuiu para a crítica na investi gação científica. Individualismo – a burguesia procurava abandonar o espírito corporativo que predominara na Idade Média. Os artistas passaram a assinar suas obras, e os nobres, bem como burgueses, passaram a mandar fazer um retrato ou uma estátua de si mesmos. Racionalismo – foi um traço marcante do Renasci- mento. Isso não quer dizer que os renascen tistas fossem ateus e pagãos. Na verdade, a temática religiosa era a dominante. Hedonismo – a busca da autossatisfação e da rea- lização espiri tual. Não era a busca de prazeres vulgares como a gula e luxúria, por exemplo. Naturalismo – a integração do homem à natureza e a des coberta da íntima ligação com o Universo marcam o movimento renascentista. Procura-se colocar de lado o fantástico e o sobre natural. Antropocentrismo – em oposi ção ao teocentrismo medieval, o Renascimento apresenta o homem como centro do Universo; o homem é a medida de todas as coisas. Renascimento italiano A Itália possuía uma tradição clássica, pela qual foram conservadas as lembranças do período glorioso do Império Romano. A civilização romana e suas glórias perduram na lembrança dos italianos, por ter sido a Itália, mais que qualquer outra região do Ocidente, que sofreu a pressão direta das civilizações bizantina e muçulmana; a primeira por meio de sábios que se retiraram de Constantinopla ameaçada pelos turcos; a segunda por intermédio do intenso comércio que Veneza, Gênova e outras cidades peninsula res praticavam com o Oriente. Devido a essa série de fatores, a Itália foi o berço do Renascimento. Já no século XIII viveram poetas como Dante e Pe- trarca, contistas como Boccaccio, que lançaram as bases da moderna língua italiana. Trecento ou Pré-Renascimento É costume dos historiadores dividirem a história cultural italiana dos séculos XIV, XV e XVI, em Trecento, Quattrocento e Cinque cento, respectivamente. No Trecento, também chamado de Pré-Renasci- mento, destacaram-se Cimabue (1240-1302), Duccio di Buoninsegna (1255-1318) e Giotto (1266-1337). DI BONDONE, Giotto. Majestade. 1306-1310. 1 têmpera sobre madeira: color.; 325 cm x 204 cm. Galeria Uffizi, Florença. Ga le ria U ffi zi , F lo re nç a Aula 21 3História 6A Giotto rompeu com o hieratis mo e a rigidez dos íco- nes bizanti nos, dando a ilusão de mobilidade por meio do domínio da perspectiva intuitiva. Giotto procurou colorir as cenas e dar expressão aos rostos. Quattrocento No chamado Quattrocento, o grande centro cultural foi a cidade de Florença, onde se destacou na prática do mecenato a figura de Lorenzo di Medici. Na pintura, ocorreram três ino vações importantes: a perspectiva científica, a técnica da pintura a óleo, oriun- da de Flandres, e o uso da tela. Paulatinamente, a arte se transformou em mercadoria. Um grande artista foi Masaccio (1401-1428) que concebeu a pintura como imitação do real. Exerceu grande influência sobrea pintura de Quattrocento. Fra Angélico (1387-1455), buscou em suas obras conciliar o terreno e o sobrenatural. Já Sandro Botticelli (1445-1510) procurou conciliar o paganismo clássico com o cristianismo. “O Nascimento de Vênus” é sua obra mais famosa. Outros pintores se destacaram, como, por exemplo, Paollo Ucello, Piero della Francesca e Filippo Lippi. Os arquitetos renascentistas re valorizaram a arquite- tura clássica, buscando uma ordem e uma dis ciplina que superasse os exageros da arquitetura gótica. Filippo Brunelleschi (1377-1446) projetou o Hospital dos Inocentes, a Capela Pazzi e a cúpula da catedral florentina de Santa Maria das Flores. Já Bartolomeo di Michellozo (1396-1472) criou o tipo equilibrado de palácio com forte referência às construções antigas. Ainda merecem destaque Leon Battista Alberti (1404-1462), que além de arquiteto teorizou sobre a arquitetura. Os estudos da perspectiva, o naturalismo, o culto da Antigui dade e a preocupação com a anatomia humana são características importantes da escultura renascentis ta. Lorenzo Ghiberti (1378-1455) esculpiu em bronze a porta do batistério de Florença, obra de grande valor estético. Donato di Niccolò, chamado Donatello (1386-1466), usou o mármore, o bronze e foi um dos pioneiros da perspectiva científica. Leonardo da Vinci (1452-1519) foi um personagem que representou a síntese do Renascimento. Urbanista (projetou ruas, praças, jardins, rede de canais, sistema de abastecimento de água, etc.), também dissecou cor pos, fez estudos de óptica e de perspectiva. Foi escultor, pin- tor, arquiteto e deixou anotações nas quais se obser vam saber enciclopédico e desenhos visionários. Principais obras: Última Ceia, Mona Lisa, A Virgem e o Menino e A Virgem do Rochedo. DA VINCI, Leonardo. A última ceia. 1495-1498. 1 têmpera sobre gesso. Convento de Santa Maria delle Grazie, Milão. © W ik im ed ia C om m on s/ Co nv en to d e Sa nt a M ar ia d el le G ra zi e, M ilã o 4 Extensivo Terceirão Testes Assimilação 21.01. (IFCE) – No decorrer do século XIV, a sociedade me- dieval estava em crise e a Europa atravessava um período de grandes transformações culturais, econômicas e políti- cas. Nesse contexto, teve origem nas cidades italianas um movimento que ficou conhecido como Renascimento. Dele participavam artistas e pensadores que, buscando inspiração nos valores da Antiguidade Clássica, passavam a exaltar as capacidades humanas e a valorizar a liberdade individual. São valores do movimento cultural renascentista a) antropocentrismo, naturalismo, hedonismo e raciona- lismo. b) apenas o antropocentrismo e racionalismo. c) somente o racionalismo. d) desejos pelo pós-modernismo e pelo teocentrismo. e) teocentrismo, hedonismo e racionalismo. 21.02. (UPE – PE) – Quais características do Renascimento estão presentes na obra? “Hércules e Atlas”, (Herkules und Atlas, posterior a 1537). óleo sobre madeira do pintor alemão Lucas Cranach, o Velho. Herzog Anton Ultich-Museum. a) A filosofia Escolástica e a Patrística b) A exaltação a Deus e o Teocentrismo c) A misoginia e a exaltação do masculino d) O Orientalismo e as influências chinesas e) O Humanismo e a retomada de temas clássicos 21.03. (UECE) – “Houve um tempo em que a imagem re- ligiosa era da ordem da relação com o sagrado. Depois, a partir da Renascença, ela entrou no campo da arte. Ao mesmo tempo, a laicização crescente insinuava-se em todos os domínios. A partir da revolução científica do século XVII, uma constatação progressivamente se impôs: o céu e a terra pertencem ao mesmo universo e estão sujeitos às mesmas leis.” DELUMEAU, J. O que sobrou do paraíso?. São Paulo: Companhia das Letras, 2003, p. 507. Sobre a Renascença, é correto afirmar-se que foi um(a) a) período em que ocorreu a intensificação das produções artísticas e científicas na Europa. b) época em que se privilegiava a razão como modo de melhorar o conhecimento e a sociedade. c) movimento cultural em que se privilegiava o romantismo e a emoção em detrimento da razão. d) fase em que se estudavam cientificamente temas como a magia, o ocultismo e a religião. 21.04. (UNESP – SP) – Ainda hoje a palavra Renascimen- to evoca a ideia de uma época dourada e de homens libertos dos constrangimentos sociais, religiosos e políticos do período precedente. Nessa “época dou- rada”, o individualismo, o paganismo e os valores da Antiguidade Clássica seriam cultuados, dando margem ao florescimento das artes e à instalação do homem como centro do universo. (Tereza Aline Pereira de Queiroz. O Renascimento, 1995. Adaptado.) O texto refere-se a uma concepção acerca do Renascimento cultural dos séculos XV e XVI que a) projeta uma visão negativa da Idade Média e identifica o Renascimento como a origem de valores ainda hoje presentes. b) estabelece a emergência do teocentrismo e reafirma o poder tutelar da Igreja Católica Romana. c) caracteriza a história da arte e do pensamento como desprovida de rupturas e marcada pela continuidade nas propostas estéticas. d) valoriza a produção artística anterior a esse período e identifica o Renascimento como um momento de declínio da criatividade humana. e) afirma o vínculo direto das invenções e inovações tecnológicas do período com o pensamento mítico da Antiguidade. Aula 21 5História 6A Aperfeiçoamento 21.05. (UNICAMP – SP) – Leia o texto a seguir e observe a figura do Homem Vitruviano. Ao longo da vida, cada vez mais, Leonardo da Vinci passou a perceber que a matemática era a chave para transformar suas observações em teorias. Não existe certeza na ciência em que a matemática não possa ser aplicada, declarou. (Adaptado de Walter Isaacson, Leonardo da Vinci. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2017, p. 52.) “O Homem Vitruviano, Leonardo Da Vinci, 1940. Assinale a alternativa que expressa adequadamente a corre- lação entre o texto e a imagem. a) Figura emblemática do Renascimento, Leonardo da Vinci destaca-se pela sua obra pictórica e por seu desenho do Homem Vitruviano. Para ele, arte e ciência se baseavam nas relações análogas entre homem e natureza preconi- zadas pela alquimia. b) O Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci condensa uma série de estudos do artista, e mesmo a leitura de uma cópia manuscrita da obra de Vitrúvio. O desenho sintetiza uma relação harmônica entre homem e mundo pautada pela analogia geométrica. c) Na linhagem dos artistas-arquitetos-engenheiros renas- centistas, Leonardo da Vinci dedicou-se ao estudo da perspectiva e especialmente da aritmética, buscando harmonizar as relações entre o homem e Deus no Homem Vitruviano. d) Leitor assíduo da física newtoniana, Leonardo da Vinci reconhecia que tanto a aritmética quanto a geometria poderiam ser usadas na arte, arquitetura e engenharia. Na elaboração do desenho do Homem Vitruviano, ele comprovou esta hipótese. 21.06. (PUC – RS) – A cidade, na época do Renascimento, é um ser de razão. Não é só vivida como também é pensada. (...) A cidade não deve ser apenas prática. É conveniente que seja também bela. (DELUMEAU, Jean. A Civilização do Renascimento. Lisboa: Editorial Estampa, 1994, p. 258-261). Com base na citação acima, que aponta para o novo contexto político, social, econômico e cultural da Europa nos séculos XVI e XVII, analise as afirmativas a seguir, preenchendo os parênteses com V (verdadeiro) ou F (falso). ( ) Os arquitetos projetaram tanto a forma urbana, a partir de formas geométricas belas ideais, quanto construí- ram, para a comodidade dos habitantes, os palácios, as praças, as fontes e os monumentos. ( ) A centralização do Estado e a ampliação da máquina burocrática para a administração dos negócios públi- cos, o comércio, a aplicação da justiça e a cobrança dos impostos exigiram que a nobreza se abrisse para o exercício de novas profissões. ( ) Foram criadas editoras, academias e bibliotecas, que permitiram a expansão da culturaletrada e a circulação de novas ideias nas principais cidades europeias. ( ) A laicização da cultura urbana provocou o abandono de práticas religiosas na vida cotidiana e a perda de im- portância da Igreja Católica na política. O correto preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) V – F – V – F c) F – F – V – V b) V – V – F – F d) F – V – F – V 21.07. (PUC – RJ) – Os humanistas e artistas do Renas- cimento italiano apregoavam a “volta aos Antigos” como fundamento de suas ações no presente. Assinale a alternativa que expressa o que era entendido por “volta aos Antigos”. a) Dar continuidade ao pensamento medieval, em particular aos preceitos da Escolástica que apregoava a conciliação da fé cristã com a razão fundada na tradição grega de Platão e Aristóteles. b) Tomar como fundamento exclusivamente as Escrituras Sagradas – o Antigo e o Novo Testamento – na medida em que as formas culturais deveriam estar a serviço da religião. c) Inspirar-se na arte e na cultura da civilização greco- -romana que teria sido desvalorizada pelo pensamento medieval, o qual limitava a liberdade do indivíduo. d) Imitar fielmente as atitudes dos homens da antiguidade, em seu modo de escrever, falar, esculpir, pintar, construir, se vestir, entre outras. Assim, sentiam-se alcançando as glórias do passado. e) Reagir ao movimento que defendia a autoridade do presente em relação ao Antigo e exigia uma ruptura total com o passado. 6 Extensivo Terceirão 21.08. (PUCCAMP – SP) – Para ser admitido na universidade [segundo os estatutos da Universidade de Yale, datado de 1745] era necessário ter capacidade de ler e interpretar Virgílio e trechos em grego da Bíblia, escrever em latim, saber aritmética e levar uma vida ‘inofensiva’. O candidato a pupilo deveria ser piedoso e seguir as regras do Verbo de Deus, lendo assiduamente as Sagradas Escrituras, a fonte da luz e da verdade, atendendo, constantemente, a todos os deveres da religião tanto em público como em segredo’. (KARNAL, Leandro. (et al). História dos Estados Unidos, das origens ao século XXI. São Paulo: Contexto, 2011. p. 48) Durante o Renascimento, uma concepção de conhecimento, distinta dessa sugerida pelos estatutos da Universidade de Yale, se desenvolveu dentro de novas instituições de ensino. Tal concepção, denominada a) escolástica, baseava-se no uso da argumentação racional para comprovar a autoridade de textos religiosos como a Bíblia e a Torá. b) epicurismo, pregava que o verdadeiro conhecimento era empírico e advinha das experiências corpóreas, devendo o homem buscar a sabedoria através da curiosidade e do prazer. c) enciclopedismo, defendia que todo o conhecimento humano deveria ser científico e democratizado por meio de livros fartamente ilustrados, acessíveis aos pobres e analfabetos. d) humanismo, valorizava a lógica dedutiva e a reflexão intelectual livre, ainda que não negasse a existência de Deus ou dos valores cristãos. e) paganismo, propunha que o homem se libertasse da fé em Deus e do conhecimento imposto pelas religiões, assumindo o racionalismo de Descartes como orientação fundamental. 21.09. (UNICAMP – SP) – De uma forma inteiramente iné- dita, os humanistas, entre os séculos XV e XVI, criaram uma nova forma de entender a realidade. Magia e ciên- cia, poesia e filosofia misturavam-se e auxiliavam-se, numa sociedade atravessada por inquietações religiosas e por exigências práticas de todo gênero. Adaptado de Eugenio Garin, Ciência e vida civil no Renascimento italiano. São Paulo: Ed. Unesp, 1994, p. 11. Sobre o tema, é correto afirmar: a) O pensamento humanista implicava a total recusa da existência de Deus nas artes e na ciência, o que libertava o homem para conhecer a natureza e a sociedade. b) A mistura de conhecimentos das mais diferentes origens – como a magia e a ciência – levou a uma instabilidade imprevisível, que lançou a Europa numa onda de obscu- rantismo que apenas o Iluminismo pôde reverter. c) As transformações artísticas e políticas do Renascimento incluíram a inspiração nos ideais da Antiguidade Clássica na pintura, na arquitetura e na escultura. d) As inquietações religiosas vividas principalmente ao longo do século XVI culminaram nas Reformas Calvinista, Lutera- na, Anglicana e finalmente no movimento da Contrarrefor- ma, que defendeu a fé protestante contra seus inimigos. 21.10. (UNITAU – SP) – Sobre o Renascimento, leia com atenção as afirmações abaixo: I. As características do homem no Renascimento são o racionalismo, o individualismo, o naturalismo e o teocen- trismo, em oposição aos valores medievais, baseados no antropocentrismo. II. O Renascimento não foi um processo homogêneo. Seu desenvolvimento foi muito desigual, e as suas manifes- tações mais expressivas se deram nos campos das artes e das ciências. No campo artístico, a literatura e as artes plásticas ocuparam lugar de destaque. III. O Renascimento não pode ser considerado apenas como um mero retorno à cultura greco-romana, pois nenhuma cultura renasce fora de seu tempo. IV. O Renascimento foi marcado pela ação dos mecenas – homens ricos que estimularam e patrocinaram o trabalho de artistas renascentistas. Entre os grandes mecenas encontravam-se banqueiros, monarcas e papas. V. O movimento intelectual e cultural que caracterizou a transição da mentalidade antiga para a mentalidade medieval ficou conhecido como Renascimento. Assinale a alternativa que indica apenas as afirmativas CORRETAS. a) I, II e III. b) II, III e IV. c) III, IV e V. d) I, III e IV. e) II, III e V. Aprofundamento 21.11. (UFPR) – A seguinte passagem do Discurso sobre a dignidade do homem, de Picco della Mirandola (1463-1494), expressa o credo humanista disseminado pelos principais centros culturais da Europa nos séculos XIV e XV: “Eu te coloquei [diz o Criador a Adão] no meio do mundo para que possas mais facilmente ver e con- templar tudo o que nele existe. Criei-te como um ser nem terreno, nem celestial, nem mortal, nem imortal, para que possas ser livre, dar-te forma e superar a ti mesmo. (...) Só a ti é dado o poder de crescer e se desenvolver dependendo da tua própria vontade. Em ti levas os germes da vida universal.” Picco della Mirandola, apud BURCKHARDT, Jacob. A cultura do Renascimento na Itália. Brasília: Editora UnB, 1991. p. 215. Sobre os valores e as ideias do movimento humanista, é correto afirmar: a) Trata-se de uma reação cultural originada nas univer- sidades e estimulada pela Igreja, com o objetivo de resgatar os primeiros textos produzidos pela tradição patrística. b) Profundamente religiosos, os humanistas condenavam a vida desregrada e as formas de expressão popular como o carnaval, defendendo um estilo de vida ascético. Aula 21 7História 6A c) Apesar de uma atitude crescentemente empírica na investigação da Natureza, os humanistas não negavam seu caráter divino, procurando conciliar o conhecimento com a fé cristã. d) As ideias religiosas dos humanistas foram expressas através da arquitetura gótica, celebração do poder divino, pelas mãos dos arquitetos. e) Apesar de defenderem a dignidade humana, os huma- nistas foram detratores do sexo feminino, por julgarem que as mulheres eram licenciosas e corruptoras dos bons costumes. 21.12. (UEL – PR) – O Renascimento, amplo movimento artístico, literário e científico, expandiu-se da Península Itálica por quase toda a Europa, provocando transformações na sociedade. Sobre o tema, é correto afirmar: a) O racionalismo renascentista reforçou o princípio da autoridade da ciência teológica e da tradição medieval. b) Houve o resgate, pelos intelectuais renascentistas, dos ideais medievais ligados aos dogmas do catolicismo, sobretudo da concepção teocêntrica de mundo. c) Nesse período, reafirmou-se a ideia de homem cidadão, que terminou por enfraquecer os sentimentos de iden- tidade nacional e cultural, os quais contribuíram para o fim das monarquias absolutas. d) O humanismo pregoua determinação das ações humanas pelo divino e negou que o homem tivesse a capacidade de agir sobre o mundo, transformando-o de acordo com sua vontade e interesse. e) Os estudiosos do período buscaram apoio na observação, no método experimental e na reflexão racional, valorizan- do a natureza e o ser humano. 21.13. (UEPG – PR) – Movimento marcado por grandes mudanças culturais ocorrido na Europa Ocidental entre os séculos XIV e XVI, o Renascimento se caracteriza pela retomada de valores da cultura greco-romana. A respeito de Leonardo da Vinci, um dos expoentes do Renascimento, assinale o que for correto. 01) “Monalisa” e “A Última Ceia” figuram entre os principais quadros pintados por da Vinci. 02) Como cientista e inventor, da Vinci foi um dos primeiros a projetar uma máquina voadora e um paraquedas. 04) Florença, na Itália, foi a cidade em que mais Leonardo da Vinci realizou seus trabalhos. 08) Crítico do humanismo, da Vinci evitou ao máximo o uso de temas humanos em suas telas, optando, predomi- nantemente, pela exposição e valorização de figuras celestiais. 16) O talento de Leonardo da Vinci foi reconhecido apenas no século XX. Em vida, nunca gozou de prestígio e re- conhecimento por parte de artistas e intelectuais. 21.14. (UEM – PR) – Acerca do movimento intelectual e ar- tístico denominado Renascimento, assinale o que for correto. 01) Com a renovação no campo artístico ocorrida no Re- nascimento, a riqueza e o poder tornaram-se intima- mente ligados com a arte, que atraíra a atenção da bur- guesia, interessada em reconhecimento social. 02) Durante o Renascimento, de cultura essencialmente urbana, o trabalho do arquiteto transcende o edifício e passa a planejar o espaço da cidade, desenhando as praças, os monumentos e as circulações. 04) Durante o Renascimento, o corpo humano, que havia deixado de ser objeto de atenção dos artistas medie- vais, volta a ser cultuado, por meio de obras que exi- biam a nudez feminina e a masculina. 08) O Renascimento recebeu essa denominação somente na época em que o estilo Neoclássico vicejou e quando os historiadores reconheceram a retomada das artes e das ciências desaparecidas durante a Idade Média. 16) O movimento cultural e artístico renascentista teve sua origem na região da Alemanha, com a invenção da im- prensa por Gutemberg, e disseminou-se para as demais regiões da Europa. 21.15. (UEM – PR) – Sobre o movimento cultural, intelectual e científico que ocorreu na Europa do século XIV ao século XVI, e que ficou conhecido como Renascimento, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). 01) A sociedade europeia, durante esse período, experi- mentou um pequeno crescimento urbano e as poucas cidades que existiam não possuíam relevância comer- cial, uma vez que o comércio estava em declínio e a burguesia enfraquecida economicamente. 02) A mentalidade dos intelectuais ligados ao Renascimen- to baseou-se na formulação de princípios pautados pelo humanismo ou antropocentrismo, segundo o qual o homem “era a medida de todas as coisas”; pelo racio- nalismo, que sustentava que a razão era fundamental para a explicação do mundo; e pelo individualismo, que reconhecia, valorizava e respeitava as diferenças individuais dos homens livres. 04) Dentre os expoentes renascentistas, destacaram-se James Watt, criador da Teoria da Relatividade; Isaac Newton, criador da Teoria Heliocêntrica; e Albert Eins- tein, considerado o pai da Física, o que lhe garantiu destaque e reconhecimento sociais. 08) Durante essa época, homens ricos conhecidos como mecenas patrocinavam o trabalho de artistas e de inte- lectuais renascentistas. Entre as pessoas que se desta- cavam como mecenas estavam banqueiros, monarcas e papas. 16) O hedonismo, forma de pensamento renascentista, caracterizava-se pela crítica à valorização dos prazeres terrenos, o que incluía a valorização do corpo, da beleza e da perfeição. 8 Extensivo Terceirão 21.16. (UEPG – PR) – Movimento de natureza cultural, o Renascimento marcou o momento da transição dos valores, pensamentos e tradições do mundo medieval em direção ao que os historiadores convencionaram chamar de Idade Moderna. Inspirado nos valores da cultura greco-romana, o Renascimento se expandiu pela Europa atingindo os países europeus de forma diferente. A respeito desse tema, assinale o que for correto. 01) O processo de centralização política, a solidificação de uma economia de âmbito urbano-mercantil e o apare- cimento de um mecenato (pessoas que patrocinavam artistas e intelectuais) foram elementos determinantes para a ocorrência do Renascimento. 02) Um dos principais nomes do Renascimento, Leonardo da Vinci ficou conhecido por ter pintado a Monalisa. Po- rém, além de artista, da Vinci possuía conhecimentos em diversas áreas – como a mecânica e a anatomia – e produziu inúmeros projetos científicos. 04) Florença, cidade italiana da região da Toscana, foi um dos núcleos iniciais do movimento renascentista na- quele país. No entanto, em outras cidades italianas como Roma, Milão e Siena, o Renascimento pratica- mente não deixou marcas. 08) Boa parte das pinturas e das esculturas renascentistas tem o homem como objeto principal. Porém, tal pers- pectiva artística não foi suficientemente forte para que as sociedades modernas incorporassem uma noção humanista e abandonassem os princípios teocentristas medievais. 16) Entre os princípios combatidos pelos intelectuais re- nascentistas estava o hedonismo, isto é, a valorização dos prazeres sensoriais e materiais. Nesse sentido, o Re- nascimento se aproximava do pensamento medieval que defendia a resignação e o sofrimento como formas de aprimoramento humano. 21.17. (UFSC) – Sobre o Renascimento, é CORRETO afirmar que: 01) uma das características mais importantes do Renasci- mento foi a ruptura com a Antiguidade Clássica. 02) os estudos astronômicos desenvolvidos por Nicolau Copérnico durante o Renascimento permitiram a con- clusão de que os planetas giravam em torno da Terra. 04) os mecenas foram personagens importantes no Renas- cimento, pois sua oposição aos artistas fez com que es- tes exercessem com mais afinco sua criatividade. 08) Leonardo da Vinci, artista de grande versatilidade e inú- meros interesses, é um representante do Humanismo. 16) o período renascentista se beneficiou da preservação de textos antigos pelos monges e da criação de uni- versidades. 32) as cruzadas, que incrementaram o intercâmbio entre muçulmanos e cristãos, bem como o domínio mouro na Península Ibérica, contribuíram para o Renascimento. 21.18. (UFSC) – A imagem acima, conhecida como o Homem vitruviano (1492), foi desenhada por Leonardo da Vinci (1452-1519) e é acompanhada por diversas notas sobre anatomia. A obra pertence aos estudos de da Vinci dedicados à representação do corpo humano, uma preocupação essencial dos artistas do Renascimento. As mudanças resultantes do movimento renascentista cau- saram impactos em diversas áreas da sociedade europeia e mundial. As artes, a literatura, as ciências e a medicina foram amplamente afetadas pelas mudanças conceituais proporcionadas pelos rumos do Renascimento. Muitos artistas e estudiosos do período, como Leonardo da Vinci, eram italianos e desenvolveram suas obras e pesquisas nas cidades italianas. a) Por que a Península Itálica é reconhecida como o “Berço do Renascimento”? Apresente duas razões e justifique-as. Aula 21 9História 6A b) No centro dos ideais renascentistas estavam alguns conceitos considerados fundamentais, dois dos quais são citados abaixo. Defina-os: 1. Antropocentrismo: 2. Racionalismo: Desafio 21.19. (UEM – PR) – Leia o fragmento a seguir e assinale o que for correto sobre a arte renascentista. “A palavra renascença significa nascer de novo ou ressurgir, e a ideia de tal renascimento ganhava ter- reno na Itália desde a época de Giotto. Quando as pessoas desse período queriam elogiar um poeta ou um artista, diziam que sua obra era tãoboa quanto a dos antigos. Giotto fora assim exaltado como um mes- tre que liderara um verdadeiro ressurgimento da arte; as pessoas queriam significar com isso que a arte de Giotto era tão boa quanto a daqueles famosos mestres cujas obras eram louvadas pelos antigos da Grécia e de Roma.” (GOMBRICH, E. H. A conquista da realidade: Início do século XV. In: A história da arte. Rio de Janeiro: 2008, p. 223). 01) O desenvolvimento mercantil e as transformações so- ciais nas cidades italianas foram fatores que contribuí- ram para o renascimento cultural naquele período. 02) O século XV marcou a decadência da arte gótica e o início da arte românica inspirada em pintores da Grécia e da Roma clássicas. 04) Ao se oporem a uma cultura de inspiração teocêntri- ca e aos valores cristãos, os artistas do Renascimento passaram a valorizar o realismo na criação do homem ocidental. 08) Detentores de grandes senhorios, os senhores feudais foram os principais patrocinadores do desenvolvimen- to da arte renascentista. 16) Abordando temáticas religiosas, Giotto figura como um dos principais artistas do humanismo renascentista. 21.20. (UNESP – SP) – [...] tudo que os renascentistas pretendiam era assumir a condição humana até seus limites, até as últimas consequências. Nem Deus e nem o demônio; todo o desafio consistia em ser absoluta- mente, radicalmente humano, apenas humano. (Nicolau Sevcenko. O Renascimento, 1985.) Explique a caracterização que o texto faz do Renascimento e dê exemplo de uma obra artística em que tal intenção se manifeste. Gabarito 21.01. a 21.02. e 21.03. a 21.04. a 21.05. b 21.06. a 21.07. c 21.08. d 21.09. c 21.10. b 21.11. c 21.12. e 21.13. 07 (01 + 02 + 04) 21.14. 07 (01 + 02 + 04) 21.15. 10 (02 + 08) 21.16. 03 (01 + 02) 21.17. 56 (08 + 16 + 32) 21.18. a) Podemos citar a prática do mecenato, o chamado patrocínio artístico, muito praticado na Península e de grande incentivo às artes e o constante intercâmbio com o Oriente, em especial promovido por genoveses e venezianos, que proporcionou en- riquecimento cultural. b) 1. defesa da capacidade do ser humano de possuir habilidades múltiplas, inclusive para compreender os fenômenos até en- tão explicados apenas pela religião; 2. defesa do uso da razão, e não da fé, para explicar todos os fenômenos da vida terrena e humana. 21.19. 17 (01 + 16) 21.20. O texto alude a principal característica do Renascimento, qual seja a valorização do ser humano pelos renascentistas – aspecto que pode ser denominado “humanismo” ou “antropocentrismo”, considerando- -se neste último o homem como principal obra de Deus. Exemplo: “A Criação do Homem”, afresco de Miguel Ângelo na capela sistina, no qual o próprio Deus aparece revestido de humanidade, tanto na representação formal como na simbolização da divindade. 10 Extensivo Terceirão Renascimento cultural II 6AAula 22 História Renascimento italiano (continuação) Cinquecento No final do século XV, Florença atravessou graves problemas políti cos. Em 1494, a família Medici foi apeada do poder. Girolamo Savonarola impôs um regime puritano, combatendo os vícios dos florentinos. Obras de arte foram queimadas, jogos de azar e canções carnavalescas foram proibidos. Entretanto, em conflito com o Papa Alexandre VI, o religioso dominicano acabou queimado em 1498. Ainda no século XV, vários papas procuraram fazer de Roma uma cidade digna de ser a sede da cris tandade. Mas foi no Cinquecento (século XVI) que a “cidade eter- na” atingiu o apogeu. M us eu d e Ar te d e Sã o Pa ul o, S ão P au lo SANZIO, Rafael. Ressurreição de Cristo. 1499-1502. 1 óleo sobre madeira: color.; 52 cm × 44 cm. Museu de Arte de São Paulo, São Paulo. Na pintura, o grande nome foi Rafael Sanzio (1483-1520), que revolu cionou a arte de retrato. Equi- líbrio, simetria, harmonia e regularidade de formas e de cores caracterizaram as obras desse grande artista. Michelangelo Buonarroti (1475-1564) foi pintor, escultor, arquite to e poeta. Trabalhou em Florença para os Medici e depois em Roma para vários papas. Contratado pelo Papa Júlio II para trabalhar como escultor, Michelangelo acabou entre 1508 e 1512 pin- tando a abóbada da Capela Sistina no Vaticano. Mais tarde pintou, na parede do altar, o Juízo Final, obra dramática, de uma força e emotividade inigualáveis. BUONARROTI, Michelangelo. Criação de Adão. 1510. 1 afresco, color. Capela Sistina, Vaticano. Como escultor, deixou obras magníficas como “Pietá”, “Davi”, “Moisés”, “O Crepúsculo e a Aurora”, etc. Em 1547, Michelangelo foi nomeado arquiteto da nova basílica de São Pedro. Sua contribuição mais sig nificativa foi o gigan tesco domo. Antes já havia projetado em Florença a biblioteca Laurenziana. Um outro grande arquiteto do período foi Donato Bramante (1444-1514), que projetou a Basílica de São Pedro, o Palazzo Caprini e o “tem pieto” de São Pedro em Montorio. Ca pe la S ist in a, V at ic an o. “A desigualdade entre os sexos começava no nascimen to, pois a maioria das crianças abando- nadas eram meninas. Subordinada ao pai, depois ao marido, a mulher durante a Renascença devia ser submis sa, pura, silenciosa, paciente e, sobre- tudo, boa mãe, pois ser mãe era seu ideal e pro- fissão. É verdade que nesse período foi dada à mulher, pelo menos no escalão superior da socie dade, uma participação mais intensa na vida social. Poucas, 11História 6A porém, conquistaram o poder político ou se desta- caram no mecenatismo. Catarina de Médici, Marga- rida d’Augoulême, Vittoria Colonna e Isabella d’Este constituíram exceções. As mulheres estavam en volvidas em quase todos os tipos de trabalho. Além dos afazeres domésticos, empre gavam-se como operárias nas manufaturas têx- teis, como la vadeiras, parteiras, lojistas, cartomantes, atrizes, prostitu tas, religiosas, etc. Algumas (pouquís- simas) se destacaram como escritoras ou artistas. Junto à elite o casamento era um negócio. A mu- lher tinha di reito a um dote e o pagamento do dote liberava o pai da noiva de obrigações posteriores em relação à filha. Em síntese, o casamento era um mecanis mo de produção, conservação e transmis- são da propriedade. Nas classes baixas a possibi- lidade de um casamento por afeição mútua era bem maior do que junto às elites.” MOCELLIN, Renato. História para o ensino médio: curso completo. São Paulo: IBEP, 2006, p. 194. Aula 22 Na região de Vêneto, destacou-se Andrea Palladio (1508-1580), que projetou obras funcionais e belas. Tinha o gosto pela teatralidade, em cenários. Não se repetia. Suas vilas fascinavam os ricos de então. Na rica cidade de Veneza, havia um próspero mer- cado para obras de arte. Na pintura, destacaram-se os irmãos Giovani e Gentile Bellini, Giorgione, Tintoretto, Ticiano e Veronese. As obras desses artistas caracteri- zam-se pelos jogos de luzes e sombras, opulência das formas, riqueza dos detalhes e pela variedade de cores. Filosofia A filosofia renascentista caracterizou-se pelo an- tropocentrismo e pela valorização do conhecimento, deixando de ser serva da teologia. Questionou-se Aristóteles e valorizou-se Platão, tanto que em Florença foi criada a Escola Platônica, que teve em Marsílio Ficino e Pico della Mirandola seus mais expressivos representantes. Por seu temperamento crítico e especulativo, de- vemos destacar Giordano Bruno, um dominicano que por onde passou criou proble mas. Acusado de heresia, foi julgado, condenado e queimado vivo pela Inquisição romana no ano de 1600. Afirmava que o “Universo é infi- nito, imenso e povoado por uma infinidade de mundos semelhantes ao nosso, cheios de seres como nós”. Não acreditava que o nosso mundo estives se no centro do Universo. Acreditava na transmigração das almas de um corpo para o outro, na magia natural e na superação da oposição entre matéria e espírito, por meio da afirmação da divina unidade da natureza. Já Tommaso Campanella é considerado um precur- sor do socialismo utópico,na sua obra “A cidade do sol”, em que concebeu uma sociedade ideal. E o povo? O Renascimento foi para uma elite. O povo foi excluí- do. A cultura popular foi desprezada. Na Itália a situação dos camponeses piorou. Na verdade foram as classes dominadas que pagaram a conta. Política Durante a Renascença, a Itália estava fragmentada. O florentino Nicolau Maquiavel (1469 -1527), em sua obra “O Príncipe” escrita em 1513 e publicada depois da morte do autor, defendeu um Esta do forte, em que o monarca deveria lançar mão de todos os meios para se manter no poder. Por separar política de religião e da moral, Maquiavel é considerado um dos grandes nomes da ciência política moderna. Mudanças Com o deslocamento do eixo econômico do mar Mediterrâneo para o oceano Atlântico, em função das grandes navegações, as cidades italianas entraram em declínio econômico. Isso teve repercussões nas artes, com a diminui ção das construções e das encomendas. Os problemas políticos, as guerras e as invasões estran- geiras agravaram ainda mais a situação. Após a Reforma Luterana, o século XVI foi marcado por guerras religiosas. A Igreja Cató lica da Contrar- reforma já não incentivava mais produções no estilo renascentista, pois para muitos religiosos era uma arte paganizada, travestida de arte cristã. Isso não quer dizer que houve uma estagnação ou declínio, mas, sim, a busca de novos ideais estéticos, mais adequados à época em que se vivia. No período de transição entre o Renas cimento e o Barroco, os críticos do século XX viram um movimento artístico refinado, atormentado e afetado, ao qual cha- maram de maneirismo. 12 Extensivo Terceirão Expansão do Renascimento O Renascimento teve sua origem na Península Itálica, mas não foi somen- te naquela região que importantes artistas retrataram em suas obras uma nova visão de mundo. Da mesma forma, não podemos limitar nossa análise do Renascimento Cultural apenas a um movimento de renovação artística. As artes plásticas tiveram destaque na produção artística italiana renascentista, mas o Renascimento consistiu em um movimento mais amplo de renovação cultural. Ou seja, não somente as artes, mas a literatura, a música e as ciências também expressaram os novos valores que estavam se consolidando no início da Idade Moderna. Da Península Itálica, o Renascimento foi se expandindo para outras regiões da Europa e consagrou artistas, intelectuais e cientistas também de outras nacionalidades. Entretanto, cabe ressaltar que o Renascimento não atingiu no resto da Europa o mesmo grau de desenvolvimento alcançado na Itália, pois na maioria dos países era baixo o grau de de senvolvimento das forças produtivas. Com isso, não havia recursos para serem investidos em atividades culturais, sem contar as guerras religiosas e o clima de intolerância que grassavam em certos países, tolhendo a criatividade artística. Fora da Itália, foi na região de Flandres que o Renascimento foi mais marcante, devido ao desen volvimento de uma próspera economia mercantil e a um acelerado processo de urbanização. No Renascimento Filosófico, devemos destacar Erasmo de Rotterdam com o Elogio da Loucura, crítica refinada ao formalismo vazio, à ignorância do clero, à corrupção e à imoralidade. Foram os artistas flamengos que introduziram a tinta a óleo e iniciaram as pesquisas sobre a pers pectiva linear. Desenvolveram os efeitos de cor, luz e brilho com grande talento. Devemos destacar Jan van Eyck, Rogier van der Weyden e Hieronymus Bosch. Na Alemanha, destacaram-se os pintores Hans Holbein e Albrecht Dürer. DÜRER, Albrecht. Adoração dos Magos. 1504. 1 óleo sobre madeira. 99 cm x 113 cm. Galleria degli Uffizi, Florença VAN EYCK, Jan. O último julgamento. 1430. 1 óleo sobre madeira. 56,5 cm x 19,5 cm. Museu Metropolitano de Arte de Nova Iorque, Nova Iorque. Na França, Luís XI (1461-1483) e Francisco I (1515-1547) atuaram como mecenas. Pierre Lescot e Philibert Delarme se destacaram como arquitetos. Palácios, como os de Fontainebleau, Chambord, Blois e o Louvre são desse período. Jean Goujon e Michel Colombe (escultores), Jean Fouquet e o genial François Rabelais, autor de Gargântua e Pantagruel, são desse período. Na Filosofia, desta cou-se Michel de Montaigne, que escreveu Ensaios, obra crítica e de grande valor. Ga lle ria d eg li Uf fiz i, Fl or en ça M us eu M et ro po lit an o de A rt e de N ov a Io rq ue , N ov a Io rq ue Aula 22 13História 6A Um pouco mais tardio que o Renascimento italia no, o Renascimento na Inglaterra ocorreu durante a dinastia Tudor (1485-1603), época de consoli dação do Estado Nacional e de grande progresso material. Foi um Renascimento predominantemente literário e filosófico. O inglês Thomas Morus, resgatando a filosofia grega, inspirou-se em Platão (A República) para descrever, em sua obra Utopia, uma sociedade justa e ideal. Francis Bacon defendeu o valor da experiência e valorizou o método indutivo. William Shakespeare foi o autor mais representativo do teatro elisabetano. Suas principais obras: Hamlet, Macbeth, Rei Lear, O Merca- dor de Veneza e Romeu e Julieta. O Renascimento espanhol foi prejudicado pela atua- ção da Inquisição. Mesmo assim, algumas figuras se des- tacaram. Na Literatura, Miguel de Cervantes escreveu Dom Quixote, sátira devastadora dos valores medievais. Na Pintura, destacou-se Domeniko Theotokopoulos – nascido em Creta – chamado El Greco. O Renascimento português desenvolveu-se graças ao absolutismo da dinastia Avis, que também promoveu a expansão ultramarina. Luís Vaz de Camões, com sua epopeia Os Lusíadas, foi o nome mais expressivo. Independentemente dos autores e de suas respecti- vas nacionalidades, toda essa produção literária expres- sava novos valores e uma nova concepção do mundo e do homem, típicos do Renascimento cultural. Ou seja, a literatura e a arte produzidas entre os séculos XV e XVI retrataram as transformações ideológicas e culturais que marcaram o contexto histórico em que ocorreu o movimento renascentista. Renascimento científico Além do processo de renovação artística e da importante produção literária que difundiu os novos valores renascentistas, todo o conhecimento científico produzido naquela época foi fundamental para a afir- mação do racionalismo e, consequentemente, de uma nova visão de mundo que superou as velhas concepções medievais, marcadas pela superstição e pelo fanatismo religioso. Ou seja, foi na época do Renascimento que o homem pro curou estudar e explicar a natureza de forma racional, sepultando velhos mitos. O polonês Nicolau Copérnico (1473-1543), na obra “De Revo lutionibus Orbium Coelestium”, sugeriu que a Terra era um planeta como outro qualquer, que girava em torno do Sol (heliocentrismo). Johannes Kepler (1571-1630) e Ga lileu Galilei (1564-1642) difundiram as teses de Copérnico, tendo de enfrentar os defensores do geocentrismo (Terra como o centro do Universo), muito influentes dentro da Igreja Católica, que endossava essa tese. As obras “Epitome astronomiae copernicanae” (Compêndio da astronomia copernicana), de Kepler, e “Dialogus de systemate mundi” (Diálogo sobre os dois sistemas do mundo), de Galileu, modificaram a maneira de os homens conceberem o Universo e, por essa razão, foram listadas pela Igreja Católica no Index, o índice de livros proibidos, relação de obras consideradas ofensivas pela Igreja, cuja leitura foi censurada durante o movi- mento da Contrarreforma. Com Galileu, surgiu o método científico baseado na observação, na experimentação e na busca de leis matemáticas que explicavam o que era observado e experimentado. Na Medicina, destaque a André Vesálio, William Harvey e Miguel Servet. Foi nessa época que nasceu a anatomia moderna, graças às dissecações de cadá- veres. É bom destacar que o Renascimento forneceu as bases para a revolução científica ocorrida no século XVII, na qual se destacou IsaacNewton, que demons trou ma- tematicamente que as leis aplicadas na Terra também se aplicavam a todo o Universo. Testes Assimilação 22.01. (ESPM – SP) – Compostos nas melhores tradições da prosa satírica, conta as aventuras de um cavalheiro que ficou meio desequilibrado em virtude da leitura constante de romances de cavalaria. Com a mente cheia de todas as espécies de aventuras fantásticas, aos 50 anos parte finalmente pelo caminho incerto das aven- turas cavaleirosas. Imagina que moinhos de vento são gigantes enfurecidos e rebanhos de ovelhas, exércitos de infiéis, cabendo-lhe o dever de desbaratá-los com a espada. Em sua imaginação enferma toma estalagens por castelos e as criadas por damas galantes perdidas de amor por ele. Os galanteios que elas não tinham a in- tenção de fazer, ele os repelia muito polidamente a fim de provar a devoção que consagrava a sua Dulcineia. (Edward Mcnall Burns. História da Civilização Ocidental) O texto em questão deve ser relacionado a importante autor renascentista e à obra considerada a maior sátira já produzida em todos os tempos. A alternativa correta é: a) Miguel de Cervantes – Dom Quixote; b) Lope de Veja – O Cavaleiro de Olmedo; c) Tirso de Molina – Dom Juan; d) Rabelais – Gargântua e Pantagruel; e) Molière – O Tartufo. 14 Extensivo Terceirão As telas apresentadas, do pintor alemão Hans Holbein, são: a) exemplares da pintura românica e expressam estilização e severidade, grande esquematismo e distância da rea- lidade natural; b) exemplares da pintura gótica e se caracterizam pelo natu- ralismo, dramatismo na representação da figura humana; c) obras do estilo barroco de pintura em que sobressai o contraste do claro-escuro como recurso que intensifica a noção de profundidade; d) trabalhos de um dos mais famosos pintores do Renas- cimento, que retratou pensadores e políticos europeus de sua época; e) trabalhos do Neoclassicismo em que a temática política e historicista foram marcantes, bem como a naturalidade na representação. 22.06. (UFRGS) – Sobre o desenvolvimento do pensamento moderno no Ocidente, entre os séculos XIV e XVIII, é correto afirmar que a) os estudos empíricos sobre a natureza, realizados no Renascimento, contribuíram para o desenvolvimento da ciência europeia. b) o abandono do dogma cristão pelo pensamento huma- nista motivou a criação dos tribunais do Santo Ofício para combater as heresias. c) a filosofia foi marcada por uma completa ruptura em rela- ção à visão de mundo, elaborada durante a Antiguidade. d) a Reforma Protestante caracterizou-se pela reafirmação dos valores institucionais da Igreja e pela defesa do papado. e) a rígida separação social entre a elite letrada e a popula- ção camponesa impedia o desenvolvimento de práticas culturais populares. 22.07. (UNESP – SP) – Deveis saber, portanto, que existem duas formas de se combater: uma, pelas leis, outra, pela força. A primeira é própria do homem; a segunda, dos animais. Como, porém, muitas vezes a primeira não seja suficiente, é preciso recorrer à segunda. Ao príncipe torna-se necessário, porém, saber empregar convenien- temente o animal e o homem. [...] Nas ações de todos os homens, máxime dos príncipes, onde não há tribunal para que recorrer, o que importa é o êxito bom ou mau. Procure, pois, um príncipe, vencer e conservar o Estado. Nicolau Maquiavel. O príncipe, 1983. O texto, escrito por volta de 1513, em pleno período do Renascimento italiano, orienta o governante a a) defender a fé e honrar os valores morais e sagrados. b) valorizar e priorizar as ações armadas em detrimento do respeito às leis. c) basear suas decisões na razão e nos princípios éticos. d) comportar-se e tomar suas decisões conforme a circuns- tância política. e) agir de forma a sempre proteger e beneficiar os gover- nados. 22.02. (UDESC) – Sobre o Renascimento, assinale a alter- nativa correta: a) As chamadas Grandes Navegações não mantinham rela- ção com o mundo renascentista. b) Foi um movimento que coincidiu com a falência do Estado Absolutista. c) Houve o envolvimento de todas as camadas, principal- mente dos segmentos mais populares. d) A fé era a medida de todas as coisas. e) Inspirados nos valores greco-romanos, os artistas criaram uma arte inovadora. 22.03. (ESPCEX – SP) – No período do Renascimento, ocor- reram mudanças significativas na produção cultural europeia. Considerando: I. o desenvolvimento da Teoria do Heliocentrismo II. o desenvolvimento da imprensa III. a estratificação da sociedade IV. a ação dos mecenas Assinale abaixo o item que apresenta os aspectos que in- fluenciaram o aumento da produção cultural renascentista, assim como da sua qualidade. a) I e II d) II e IV b) I e III e) III e IV c) II e III 22.04. (UEL – PR) – O Humanismo renascentista que se destacou pelas suas inovações nas expressões artísticas e literárias representou: a) O movimento cultural que valorizou o homem ativo e criativo. b) O desenvolvimento técnico voltado para o mecenato na cultura renascentista. c) A defesa das virtudes do homem contra os vícios intrín- secos à mulher. d) O homem contemplativo, centro do universo, sujeito às leis divinas. e) O movimento social com vistas à conquista de direitos. Aperfeiçoamento 22.05. (ESPM – SP) – Aula 22 15História 6A 22.08. (UNESP – SP) – A pintura representa no martírio de Cristo os seguintes princípios culturais do Renascimento italiano: (Andrea Mantegna. Lamentação sobre o Cristo morto. 1480. Pinacoteca de Brera, Milão) a) a imitação das formas artísticas medievais e a ênfase na natureza espiritual de Cristo. b) a preocupação intensa com a forma artística e a ausência de significado religioso do quadro. c) a disposição da figura de Cristo em perspectiva geomé- trica e o conteúdo realista da composição. d) a gama variada de cores luminosas e a concepção otimista de uma humanidade sem pecado. e) a idealização do corpo do Salvador e a noção de uma divindade desvinculada dos dramas humanos. 22.09. (PUC – RS) – As teorias políticas e religiosas, bem como a nova mentalidade da Europa Moderna, podem ser melhor compreendidas através da leitura de algumas obras clássicas escritas entre os séculos XIV e XVII. Considerando essa premissa, relacione as obras e seus autores (coluna 1) à respectiva resenha (coluna 2). Coluna 1 1. O Príncipe, de Nicolau Maquiavel, 2. Decameron, de Giovanni Bocaccio, 3. A vida de Gargântua e Pantagruel, de François Rabelais, 4. 95 Teses, de Martinho Lutero, 5. O Elogio da Loucura, de Erasmo de Roterdã, Coluna 2 ( ) aborda o abalo causado pela Peste Negra no compor- tamento e nos valores sociais embasados na moral me- dieval, bem como o advento do humanismo na Itália da passagem da Idade Média para a Idade Moderna. ( ) defende uma política desligada da moral religiosa, apresentando orientações sobre como se conduzir nos negócios políticos internos e externos, com o objetivo de conquistar o poder e nele se manter. ( ) faz uma crítica à filosofia escolástica medieval, à autori- dade dos frades, ao Papado, aos reis, aos magistrados e à justiça, através de uma sátira no estilo grotesco, que dialoga com a cultura popular e carnavalesca da virada da Idade Média para a Moderna. ( ) é um texto que critica as práticas abusivas de alguns clérigos que realizavam a venda de indulgências e os desvios morais de certos membros do clero da Igreja Católica. ( ) é um livro inspirado em obras clássicas e no exercício da retórica que, com um texto satírico e sombrio, critica práticas corruptas da Igreja Romana. O correto preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) 1 – 3 – 5 – 4 – 2 b) 1 – 2 – 3 – 5 – 4 c) 2 – 1 – 3 – 4 – 5 d) 2 – 4 – 1 – 3 – 5 e) 5 – 1 – 2 – 3 – 4 22.10. (UFPR) – Considere o excerto abaixo sobre o livro Utopia, do escritor inglês Thomas Morus (1478-1535), lan- çado entre 1516 e 1518: [...] Em sua obra Utopia, Morus descreve a vida numa ilha em formatode lua crescente, na qual tudo é dividido de maneira equânime entre as pessoas, onde não existe injustiça e violência e se vive confor- tavelmente. [...] na ilha de Utopia, o problema da ex- clusão social, tema candente de seu tempo, [...] seria resolvido de uma vez por todas. E de que maneira? Pela aplicação de todos ao trabalho [...]”. (LOPES, M. A. Uma História da ideia de utopia: o real e o imaginário no pensamento político de Thomas Morus. História: Questões & Debates, Curitiba, n. 40, 2004, p. 141-142.) A partir do trecho acima e dos conhecimentos sobre o início da Idade Moderna (1453-1789), é correto afirmar que a obra de Morus pertenceu ao: a) Iluminismo europeu e foi publicada no contexto do absolutismo inglês, em que o clero católico possuía pri- vilégios, terras e metais preciosos, ao contrário da maioria da população. b) Renascimento europeu e foi publicada no contexto do republicanismo inglês, em que os parlamentares possu- íam terras, títulos de nobreza e isenção de impostos, ao contrário da maioria da população. c) Arcadismo europeu e foi publicada no contexto do pro- tecionismo inglês, em que o clero protestante possuía terras, privilégios e perdão de dívidas, ao contrário da maioria da população. d) Humanismo europeu e foi publicada no contexto do ab- solutismo inglês, em que a aristocracia possuía privilégios, terras e rendas, ao contrário da maioria da população. e) Romantismo europeu e foi publicada no contexto de expansionismo inglês, em que a monarquia possuía manu- faturas, terras e ouro, ao contrário da maioria da população. 16 Extensivo Terceirão Aprofundamento 22.11. (UNICAMP – SP) – Antes de Copérnico, Kepler e Galileu, os cosmólogos elaboravam sistemas que repre- sentavam os corpos celestes por meio de esferas encai- xadas umas nas outras, propostas e desenvolvidas por Eudoxo e Aristóteles, de modo a distinguir os mundos celeste e terrestre. É nesse contexto, caracterizado pela tese de que o cosmo é composto de dois mundos dis- tintos (céu e Terra), e pelo axioma platônico, que deve ser entendido o conteúdo da carta de Kepler (1604). Ele apresenta uma etapa do processo de rompimento com essa distinção e com o axioma platônico. Na carta, Kepler apresenta os procedimentos para obter as duas primeiras leis dos movimentos planetários. A importân- cia disso é tão grande que a segunda lei aparece antes da primeira, e a lei das áreas só se torna operante numa órbita elíptica, não podendo ser aplicada às órbitas circulares sem produzir discrepâncias com relação aos dados observacionais de Tycho Brahe. (Adaptado de Claudemir Roque Tossato, Os primórdios da primeira lei dos movimentos planetários na carta de 14 de dezembro de 1604 de Kepler a Mästlin. Scientiae Studia, São Paulo, v. 1, n. 2, p. 199-201, jun. 2003.) Considerando o contexto histórico descrito e as leis físicas apresentadas por Kepler, assinale a alternativa correta. a) Copérnico, Kepler e Galileu fazem parte da chamada Revo- lução Científica que rompe com leituras especulativas do Universo, baseadas em premissas aristotélicas e tomistas, e propõe análises empiristas do mundo natural. O conceito de órbitas circulares para o movimento dos planetas em torno do Sol, em que a distância entre o planeta e o Sol permanece constante durante o movimento, foi aban- donado por Kepler. b) A Revolução Científica da época Moderna propõe a ruptura com o ideal divino, sendo, por isso, combatida pela Igreja Católica, que defendia a orquestração divina sobre o mundo humano e natural. O conceito de órbitas circulares para o movimento dos planetas em torno do Sol, em que a distância entre o planeta e o Sol é variável durante o movimento, foi abandonado por Kepler. c) Copérnico, Kepler e Galileu foram perseguidos pela Igreja Católica do período Moderno, por representarem o ques- tionamento dos ideais medievais sobre a organização do céu e da Terra e sobre a onipresença divina. O conceito de órbitas circulares para o movimento dos planetas em torno do Sol, para as quais a distância entre o planeta e o Sol é variável durante o movimento, foi abandonado por Kepler. d) A Revolução Científica da época Moderna, incentivada pela Igreja Católica, propõe a manutenção do antropocen- trismo medieval, associado aos conhecimentos empíricos para a leitura e representação do mundo natural. O con- ceito de órbitas circulares para o movimento dos planetas em torno do Sol, para as quais a distância entre o planeta e o Sol permanece constante durante o movimento, foi abandonado por Kepler. 22.12. (UFJF – MG) – Leia atentamente os documentos abaixo: Documento 1 A última ceia de Leonardo Da Vinci, em seu esquema gráfico indicador do ponto de fuga e linhas do horizonte. Disponível em: <https://goo.gl/2kvRg7>. Documento 2 Fotografia de Sebastião Salgado,no Projeto Outras Américas ( 1977-1983). Documento 3 “Foi no Renascimento que se sistematizou uma forma de representar o espaço real e tridimensional (realida- de) partindo de uma abstração matemática que ficou conhecida como perspectiva. Na Renascença, quase toda pintura obedecia a esse método de representa- ção. A perspectiva era um expediente geométrico que produzia a ilusão da realidade, mostrando os objetos no espaço em suas posições e tamanhos corretos. A perspectiva capta os fatos visuais e os estabiliza, trans- formando o ponto fixo de um observador para o qual o mundo todo converge.” Disponível em https://goo.gl/814GFE Ao comparar os três documentos apresentados, é CORRETO afirmar que: a) Os pintores do Renascimento desconheciam as correla- ções possíveis entre a Geometria e a produção artística. Aula 22 17História 6A b) A busca da tridimensionalidade realista foi a tônica da arte usada na construção de Igrejas durante a Idade Média, aspecto perpetuado pela Renascença. c) A técnica da perspectiva inventada no Renascimento encontra-se ainda presente em recursos atuais de produção de imagens, tais como a fotografia e o cinema. d) Durante a Renascença, a fotografia era uma técnica disseminada enquanto recurso voltado à representação de lugares, pessoas e paisagens. e) As técnicas utilizadas na pintura de tipo renascentista originaram-se na América e expandiram-se para a Itália e França após o século XIV. 22.13. (UFRGS) – Considere as imagens abaixo, em que é representada, de formas distintas, a crucificação de Cristo. A crucificação (Giotto, c. 1330). Trindade (Masaccio, c. 1427). A comparação entre as duas pinturas mostra uma transformação fundamental na história da arte do Ocidente, que teve no chamado Renascimento italiano do século XV um de seus momentos principais. Assinale a alternativa que apresenta a principal característica do Renascimento italiano. a) O desaparecimento das representações de anjos, indicando o advento do racionalismo filosófico e o abandono da metafísica religiosa. b) O aprimoramento do realismo estético na representação humana, afirmando o predomínio do humanismo em detrimento do antropocentrismo. c) O desenvolvimento da teoria da perspectiva geométrica, marcada pelo princípio do “ponto de fuga”, que favorecia a representação em profundidade dos espaços. d) A representação de colunas jônicas, mostrando que o interesse em relação à Antiguidade grega ocorreu apenas a partir do Quattrocento. e) A interiorização da cena representada, assinalando o desinteresse da arte renascentista pelas paisagens da natureza. 22.14. (FUVEST – SP) – Em uma significativa passagem da tragédia Macbeth, de Shakespeare, seu personagem principal declara: “Ouso tudo o que é próprio de um homem; quem ousa fazer mais do que isso não o é”. De acordo com muitos intérpretes, essa postura revela, com extraordinária clareza, toda a audácia da experiência renascentista. Com relação à cultura humanista, é correto afirmar que a) o mecenato de príncipes, de instituições e de famílias ricas e poderosas evitou os constrangimentos, prisão e torturade artistas e de cientistas. b) a presença majoritária de temáticas religiosas nas artes plásticas demonstrava as dificuldades de assimilar as conquistas científicas produzidas naquele momento. c) a observação da natureza, os ex- perimentos e a pesquisa empírica contribuíram para o rompimento de alguns dos dogmas fundamen- tais da Igreja. d) a reflexão dedutiva e o cálculo ma- temático limitaram-se à pesquisa teórica e somente seriam aplicados na chamada Revolução Científica do século XVII. e) a avidez de conhecimento e de poder favoreceu a renovação das universidades e a valorização dos saberes transmitidos pela cultura letrada. 22.15. (UEPG – PR) – Movimento que se originou na Itália por volta do século XIV, o Renascimento Cultural se estendeu pelo continente europeu e projetou o trabalho de escritores, pen- sadores e artistas que expressaram novas concepções sobre a humanida- de, sobre o mundo e sobre a cultura. A respeito desse tema, assinale o que for correto. 01) Mecenas é a denominação dada às pessoas que financiaram o desenvolvimento das artes plás- ticas, da literatura, da arquitetura e outras manifestações renas- centistas. 02) O hedonismo (defesa do prazer individual), o naturalismo (prin- cípio do retorno à natureza) e o neoplatonismo (ideia da aproxi- mação com Deus por meio de uma interiorização) foram carac- terísticas do movimento renas- centista. 04) Cinquecento foi uma fase na qual Roma se configurou como um dos principais centros da arte renascentista. A basílica de São Pedro, no Vaticano, foi cons- truída nesse período. 08) Pietá, Moisés e Davi são escultu- ras referenciais de Michelangelo, um dos artistas mais representa- tivos do Renascimento Cultural. 16) Escrita por Boccaccio, a obra De- cameron narra em linguagem alegórica a trajetória de seu au- tor do inferno ao paraíso, pas- sando pelo purgatório. 18 Extensivo Terceirão 22.16. (UEM – PR) – Entre o final da Época Medieval e o início da Época Moderna, a Itália e, posteriormente, outras regiões da Europa, viveram um movimento cultural conhe- cido como Renascimento. Sobre o Renascimento, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). 01) Na literatura, Miguel de Cervantes procurou resgatar os valores da cavalaria medieval, enaltecendo a cora- gem e a lealdade, personificados no nobre cavaleiro Dom Quixote de la Mancha, que enfrentou grandes perigos para salvar a dama amada. 02) Nas artes, uma das características do Renascimento foi a preocupação com a valorização da figura humana. A busca da perfeição ao retratar o homem influenciou, entre outros, os estudos de Anatomia, de técnicas de cores e de perspectiva. 04) O antropocentrismo e o teocentrismo, o hedonismo, o ascetismo, o misticismo, o racionalismo e, principal- mente, o apego à tradição foram traços característicos do Renascimento. 08) Embora tenha buscado inspiração e tenha valorizado a Antiguidade greco-romana, o Renascimento, ain- da que estivesse aparentemente ligado ao passado, apontava para o futuro. 16) O Renascimento relacionou-se a transformações so- cioeconômicas da Europa, tais como: o crescimento urbano e comercial e a ascensão dos burgueses, prin- cipalmente nas cidades italianas. 22.17. (UEPG – PR) – Acontecimento histórico que teve início na Itália e, posteriormente, difundiu-se pela Eu- ropa entre os séculos XV e XVI, o Renascimento cultural caracterizou-se pelas críticas aos princípios medievais e pela retomada dos valores da Antiguidade Clássica. A respeito do Renascimento, assinale o que for correto. 01) Rafael Sanzio, Sandro Botticelli e Michelangelo são, figuramente, os principais artistas do Renascimento italiano. 02) A “Mona Lisa”, obra prima de Leonardo da Vinci, pode ser compreendida como uma manifestação de con- trariedade desse importante pintor italiano ao ideário renascentista. 04) A visão teocentrista de mundo está presente em boa parte da produção cultural renascentista. A valoriza- ção divina em contraposição ao elemento humano foi, sem dúvida, a principal contribuição artística dei- xada pelo Renascimento. 08) O conhecimento, a inteligência, a capacidade criativa e o dom artístico passaram a ser qualidades altamen- te valorizadas no período do Renascimento. 16) A figura do mecenas (patrocinador/financiador), exer- cida principalmente pelos burgueses, foi fundamental para que os artistas pudessem produzir seus trabalhos durante o Renascimento. 22.18. (UFSC) – O sorriso enigmático de Mona Lisa faz por merecer a multidão de turistas e a enxurrada de flashes que a registram todos os dias no Museu do Lou- vre, em Paris. Criada por Leonardo da Vinci no início do século XVI, a Gioconda é resultado da utilização de técnicas apuradíssimas e proporções corporais exatas, sem falar no famoso meio sorriso e no olhar enviesado. Mais do que uma revolução artística, porém, o que aquela criação testemunha é um período de transfor- mações culturais e sociais que varreriam a Europa e dariam luz ao homem moderno. ASSIS, A. F. A razão brilha para todos. Revista de História, ano 9, n. 98, p. 18, nov. 2013. Sobre a Europa, no período conhecido como modernidade, é correto afirmar que: 01) no campo das artes visuais, a preocupação em obser- var o mundo natural contribuía para que se buscasse representá-lo de forma mais realista. Para isso, contava- -se com as transformações de outros campos do co- nhecimento como a matemática e a biologia. 02) a expansão da circulação de ideias com o advento da im- prensa – graças à invenção dos tipos móveis de Gutenberg – tornou-se um poderoso fator de transformação social. 04) para o movimento humanista, o homem era a mais perfeita das criaturas e, por sua capacidade racional, se- ria o criador, o aventureiro, o sonhador, o dominador da natureza, mas tudo isso deveria estar subordinado à fé. 08) para a expansão dos seus negócios, a burguesia emer- gente necessitava que fossem desbancados alguns dos princípios religiosos que normatizavam a sociedade. Por isso, entre outras ações, ela incentivava e financiava muitos estudos de investigação científica. 16) aos poucos, explicações sobrenaturais para as doenças, como espíritos malignos ou influência do demônio, eram substituídas por tratamentos racionais e científi- cos incentivados também pela Igreja. 32) muitos dos valores e manifestações culturais do mun- do medieval, sobretudo no início dos tempos moder- nos, continuaram presentes na sociedade, por isso a modernidade europeia não deve ser percebida como uma ruptura completa com o medievo. 64) impulsionada pelas novas formas de explicação do mun- do, a Igreja Católica redefiniu seus dogmas através de um grande movimento que ficou conhecido como Reforma. Desafio 22.19. (UNICAMP – SP) – Para as artes visuais florescerem no Renascimento era preciso um ambiente urbano. Nos séculos XV e XVI, as regiões mais altamente urbani- zadas da Europa Ocidental localizavam-se na Itália e nos Países Baixos, e essas foram as regiões de onde veio grande parte dos artistas. Adaptado de Peter Burke, O Renascimento Italiano. São Paulo: Nova Alexandria, 1999, p. 64. Aula 22 19História 6A a) Cite duas características do Renascimento: b) De que maneiras o ambiente urbano propiciou a emergência desse movimento artístico e cultural? c) Por que as regiões mencionadas no texto eram as mais urbanizadas da Europa nos séculos XV e XVI? Gabarito 22.01. a 22.02. e 22.03. d 22.04. a 22.05. d 22.06. a 22.07. d 22.08. c 22.09. c 22.10. d 22.11. a 22.12. c 22.13. c 22.14. c 22.15. 15 (01 + 02 + 04 + 08) 22.16. 26 (02 + 08 + 16) 22.17. 25 (01 + 08 + 16) 22.18. 43 (01 + 02 + 08 + 32) 22.19. a) Humanismo e racionalismo. b) As cidades facilitam a maior circulação de pessoas e ideias. Nos centros urbanos se concentram os setores sociais com maiores condições de acesso a formas variadas de conhecimento. Há também uma maior afluência de riqueza que favorece o finan- ciamento de atividades artísticas. c) Tanto aItália quanto os Países Baixos eram os centros dinâmicos do revigorado comércio europeu na Baixa Idade Média, fazendo a ligação entre o Mediterrâneo e o mar do Norte, especialmente para a distribuição dos artigos de luxo e especiarias do Oriente. Esse dinamismo comercial contribuía, por sua própria natureza, para o desenvolvimento urbano. 20 Extensivo Terceirão História 6AAula 23 Reforma Protestante Principais causas da reforma Políticas Muitos monarcas perceberam que poderiam usar a religião para se tornarem mais fortes politicamente. Foi o que fez, por exemplo, Henrique VIII da Inglaterra. Antecedentes Muitos membros da Igreja Católica pensavam em reformá-la. Na Inglaterra, por exemplo, John Wycliffe, um professor de Teologia, traduziu a Bíblia para o inglês e defendeu a criação de uma igreja nacional, despojada de riquezas. Ele e seus seguidores foram perseguidos. Na Boêmia (hoje República Tcheca), um outro professor de Teologia, Jan Huss, fez muitas críticas à Igreja. Acabou sendo queimado por ordem do Tribunal da Santa Inquisição, em 1415. Reforma na Alemanha: o luteranismo Politicamente, a Alemanha era um amontoado de pequenos Estados independentes que faziam parte do Sacro Império Romano-Germânico (este, de poder mais simbólico que real). O imperador, nessa época, era Carlos V de Habsburgo. A economia alemã era atrasada, agrária e semifeudal. A venda das indulgências (o “comércio da salvação”) precipitou a Reforma na Alemanha. Os papas da Renascença vulgarizaram a venda de indulgências como um caminho para obter a salvação da alma e a remissão dos pecados. Sobre as indulgências os pregadores afirmavam: “Toda vez que ouço o tilintar de uma moeda caindo no fundo da minha sacola vejo uma alma voando para o Paraí- so”. Ou ainda: “Assim que a moeda no cofre cai, a alma do purgatório sai”. Em 1517, Lutero afixou na porta da Catedral de Wittenberg as 95 teses. Príncipes, burgueses, camponeses, enfim, amplos setores da sociedade, por razões dife- rentes, apoiaram Lutero. O papa Leão X exigiu que Lutero se retratasse. Como isso não aconteceu, o monge alemão foi excomungado. Em 1521, o imperador Carlos V convocou a Dieta de Worms para efetuar o julgamento de Lutero. Ba- nido do Império, permaneceu na Alemanha, apoiado pelo Duque da Saxônia. Ku ns th al le H am bu rg , H am bu rg Martinho Lutero pregando no Castelo Wartburg. Quadro de Hugo Vogel. Econômicas Em vários países da Europa, a nobreza feudal almejava confiscar as propriedades da Igreja. A burgue- sia protestava contra a drenagem de capitais para a Itália. Alexandre VI preocupava-se demasiadamente com seus filhos, Júlio II preocupava- -se com a política italiana e Leão X, com as construções. Não devemos considerar a Reforma apenas como um fenômeno religioso, mas um aspecto da crise que assolava a Europa na segunda metade do sé- culo XVI, e um sintoma do mal-estar geral que a população sentia. Religiosas A Reforma pode ser entendida como a manifestação das inquieta- ções religiosas do término da Idade Média. Nesse período, em que o individualismo ganhava corpo, a religião também se individualizava para práticas mais pessoais. É preciso não esquecer, também, que com a invenção da imprensa multiplicaram-se as traduções da Bíblia em língua vulgar. Muitos passaram a desrespeitar a tradição católica e a fazer da Bíblia o único fundamento de suas crenças. Os humanistas não perma- neceram calados em relação aos assuntos religiosos. Erasmo de Rotterdam, por exemplo, combatia a ignorância, a superstição e o obscurantismo que caracterizavam boa parte do clero. Os abusos do clero eram muitos. Ter amantes, filhos e dilapidar os bens da Igreja era comum. O papa Alexandre VI foi um mau exemplo. Aula 23 21História 6A Anabatistas e a revolta dos camponeses Inspirado nas ideias de Lutero, o líder dos anabatis- tas, Thomas Münzer, liderou uma insurreição camponesa (1524-1525) contra os nobres e príncipes alemães. O anabatismo surgiu na região dos atuais territórios da Suíça e da Alemanha e seus adeptos, os anabatistas (os rebatizados), foram considerados reformadores radi- cais; defendiam a necessidade do batismo dos adultos para confirmar a conversão do fiel, a restauração do cris- tianismo primitivo e condenavam as práticas mundanas. Além disso, se insurgiram contra os senhores feudais e a a revolta camponesa logo se alastrou pelos campos e cidades da Alemanha. A nobreza e os príncipes alemães reagiram contraria- mente às revoltas camponesas, na medida em que elas questionavam a concentração de terras e a exploração senhorial. Em 1525 a insurreição foi impiedosamente esmagada num banho de sangue e seu principal líder, Thomas Münzer, acabou decapitado. Lutero ficou ao lado da nobreza, pois defendia que toda a autoridade vem de Deus e por isso deve ser respeitada. Os vencidos permaneceram subordinados ao poder dos senhores feudais e mantidos na condição de servos, reforçada pelo princípio luterano da passiva submissão à autoridade. Doutrina luterana Em 1534, Lutero traduziu a Bíblia do grego para o alemão. O latim foi substituído pelo alemão na liturgia, dando condições para que o povo pudesse participar dos ofícios religiosos. Entre as novidades introduzidas por Lutero, estão: • enquanto a Igreja Católica sustenta sete sacramen- tos, Lutero reduziu para apenas dois: o batismo e a eucaristia; • sacerdócio de todos os crentes; • justificação da salvação pela fé; • livre interpretação da Bíblia; • Bíblia como a única fonte da fé; • desconsiderou a autoridade do Papa; • aboliu o culto aos santos e a veneração das imagens. Paz de Augsburgo Na Dieta de Speyer (1529), o imperador Carlos V ten- tou reconciliar os príncipes católicos com os príncipes luteranos. As manobras do imperador desagradaram os luteranos, que “protestaram”, daí serem chamados de “protestantes”. Os conflitos se intensificaram. Para se oporem a Carlos V, os luteranos organizaram uma aliança político-militar-religiosa, a chamada Liga Smalkade. A paz só veio em 1555, quando, em Augs- burgo, católicos e protestantes ratificaram um acordo. Os príncipes teriam liberdade religiosa, já os súditos não, pois teriam de seguir a religião dos príncipes: era o princípio do cujus regio, ejus religio, ou seja, “tal príncipe, tal religião”. Da Alemanha o luteranismo acabou se expandindo para outros países da Europa, como a Dinamarca, a Suécia e a Noruega. Reforma na Suíça: o calvinismo Na Suíça, Ulrich Zwingli ultrapassou a doutrina de Lutero em seu conteúdo revolucionário. Conseguiu implantar o novo credo em quase todos os cantões do norte. Envolvido numa guerra civil que durou dois anos (1529-1531), Zwingli morreu e seus adeptos foram derrotados, mas a Reforma não se deteve: continuou progredindo e chegou a Genebra. Na França, o pensamento reformista também se propagava. Jean Calvino (1509-1564), que então se preparava para a carreira eclesiástica, aderiu ao movimento reformista. Em 1533, quando Francisco I começou a perseguir os reformistas, Calvino fugiu para Basileia, na Suíça. Lá redigiu uma síntese de sua doutrina, Instituição da Religião Cristã, publicada pela primeira vez em 1536. Chamado a Genebra após uma revolução, Calvino quis impor, de acordo com sua doutrina, um regime severo para os cidadãos. Isso provocou um conflito e Calvino foi expulso em 1538. Pouco mais tarde, porém, seus adeptos conseguiram que voltasse (1541). Calvino fixou-se definitivamente em Genebra e, desde então até sua morte, impôs à cidade uma rígida ditadura religiosa e política. 22 Extensivo Terceirão Doutrina calvinista Calvino ensinava que a vocação de cada pessoa está definida de antemão por Deus e, por isso, o homem, qualquer que seja sua profissão, deve mostrar por meio dos êxitos alcançados em seu ofício que é um eleito do senhor. Ensinava que as pessoas devem, por todos os meios, multiplicar as riquezas, já que estas lhes são
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