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1 O governo provisório de Vargas 6C HistóriaAula 21 Quais as primeiras atitudes do Novo Governo? Getúlio Vargas no Palácio do Catete após a vitória de 1930 Em 6 de novembro, uma Lei Orgânica conferiu plenos poderes ao Executivo, e o novo Ministro da Jus- tiça, Osvaldo Aranha, declarou dissolvidos o Congresso Nacional, as Assembleias Legislativas e as Câmaras Municipais de todo o país, alegando que a Revolução não reconhecia direitos adquiridos. Além de desarticular as estruturas burocráticas vinculadas ao velho esquema de poder, Vargas procu- rou agir rapidamente para conter a crise econômica. A dívida do país era de 234.173.476 libras e o volume geral das exportações havia caído 40%. A cafeicultura foi a mais atingida pela crise e o governo assumiu a proteção do produto, criando o Conselho Nacional do Café, além de aumentar os tributos sobre as áreas de plantio de café exportado e exigir que os plantadores entregassem ao governo, a preço de custo, uma parte do café colhido. Milhões de sacas de café foram quei- madas para reequilibrar a oferta, mas desta vez a conta não ficou apenas com o contribuinte. Getúlio e Osvaldo Aranha no Palácio do Catete Fu nd aç ão G et ul io V ar ga s, CP D O C Como foram compostas as bases de sustentação do novo governo? O governo instaurado pela “Revolução” tinha diante de si a tarefa de construir um Estado de Compromisso, visando a conciliar os interesses dos setores que partici- param na queda da oligarquia paulista. Isso não queria dizer que Getúlio tinha deixado de lado a cafeicultura, mas que não governaria mais para os cafeicultores. Ab ril S .A . C ul tu ra l 2 Extensivo Terceirão A estratégia de Getúlio no poder foi reconhecer as transformações que vinham se processando no país, com a emergência de novas forças sociais e a neces- sidade do atendimento rápido dessas demandas, como as dos operários e as dos empresários. Por isso Getúlio investiu na indústria, aumentando o poder da burguesia urbana, sem ceder, no entanto, o controle das decisões políticas. Concedeu direitos aos traba- lhadores, mas, ao mesmo tempo, criou mecanismos de controle e “domesticação” bastante eficientes. As principais composições do novo governo foram: • Com os tenentes: O presidente nomeou vários te- nentes como “interventores”. Juarez Távora, principal representante dos jovens militares, recebeu a incum- bência de administrar 12 estados, o que lhe valeu o apelido de “Vice-Rei do Norte”. Juarez Távora, 1930 Empolgados, os tenentes fundaram clubes políti- cos por todo o país – com destaque para o Clube 3 de Outubro – acreditando que estavam a um passo do controle total da nação. Paralelamente, porém, Vargas reforçava sua influên- cia junto aos militares históricos, legalistas e, amparado por estes – cujo destaque foi o militar Góis Monteiro – a partir de 1933, Getúlio pôde diminuir a dependência dos tenentes, até marginalizá-los por completo. • Com a burguesia industrial, investindo decisiva- mente no setor. Se era verdade que o país já havia vi- vido surtos industriais, foi apenas a partir de Getúlio que se evidenciou uma política de industrialização. • Com as oligarquias, a relação foi ambígua e bem deli- cada. Por um lado, para cooptar o movimento operário, Getúlio acenou com uma série de conquistas sociais. No entanto, não estendeu tais direitos aos trabalhadores rurais. Nos seus constantes discursos também não apareceram referências à reforma agrária, já então uma bandeira das esquerdas. Quanto ao café, como vimos, Getúlio buscou valorizá-lo frente à crise internacional, mas sem o paternalismo de antes. Outros produtos também passaram a ter o controle e a “proteção” do governo: cacau, mate, álcool, etc. Tudo isso diminuiu a tensão da oligarquia. Mas a promessa do governo de retomar o mais rápido possível o quadro de normali- dade “democrática” ficou no ar. Enquanto isso, Getúlio governava sem Congresso e sem Constituição. Enfim, a “Revolução” de 30 foi realizada sem que uma classe aparecesse como substituta da estrutura de poder da oligarquia paulista. Por causa disso, o Estado passou a exercer essa função de “gerente” da política e das relações sociais. O Governo Provisório – uma espécie de ditadura que vigorou de 1930 a 1934 – expressou a nova esfera de poder que atenderia a todas estas vertentes: mineiros, gaúchos, militares, nordestinos e até membros do governo deposto. Não havia trabalhadores no governo, mas Getúlio criou um Ministério do Trabalho, com o objetivo de interferir diretamente nas questões sociais. Getúlio Vargas O que foi o Movimento Constitucionalista de 1932? Como vimos, os acontecimentos de 1930 isolaram politicamente a oligarquia paulista até mesmo em seu es- tado: Getúlio nomeou um interventor militar – o tenente pernambucano João Alberto – para governar São Paulo. M an ch et e Pr es s M us eu d a Re pú bl ic a, R io d e Ja ne iro Aula 21 3História 6C Os partidos paulistas, o Republicano e o Democrático, uniram-se frente à “afronta” de Getúlio, e lançaram um ultimatum ao governo: exigiam um interventor civil e paulista e ainda a imediata reconstitucionalização do país. A população se entusiasmou com a conclamação pela união do “povo” paulista. Os estudantes fizeram passeatas e provocaram os tenentes e seus clubes políti- cos por apoiarem o governo Vargas. Sentindo a pressão, o pragmático Getúlio cedeu: nomeou Pedro de Toledo, o interventor civil e paulista reivindicado por São Paulo. Quanto à reconstituciona- lização, outra ação visando a apaziguar os ânimos: em 24 de fevereiro de 1932, Getúlio mandou publicar o novo Código Eleitoral, além de um anteprojeto de Cons- tituição, determinando para maio de 1933 a eleição de uma Assembleia Nacional Constituinte. Fu nd aç ão G et ul io V ar ga s, CP D O C As medidas não agradaram definitivamente a ninguém. Os tenentes reclamaram. Os paulistas não acreditaram. A rede de sustentação do presidente ameaçou se romper. Em maio de 32, a exaltação contra o Governo Provisório chegou ao auge. Estudantes universi- tários, comerciários e profissionais liberais saíram em passeata, reclamando a reconstitucionalização do Brasil. Os oradores atacavam violentamente os tenentes e os interventores nomeados pela Revo- lução. Na noite de 23, os manifestantes assaltaram uma casa de armas; depois foram atacar as reda- ções dos jornais tenentistas e seu clube político, a Legião Revolucionária. Houve reação. Resultado: mortos os estudantes Miragaia, Martins, Dráu- sio, Camargo e mais o escriturário Alvarenga. As iniciais de seus nomes foram então aproveitadas para dar título a um clube cívico: o MMDC. SANTOS. Joel Rufino dos. História do Brasil, FTD. p. 191. Cartão Postal do MMDC, 1932 Fu nd aç ão G et ul io V ar ga s, CP D O C Em 09 de julho de 1932, teve início o Movimento re- belde em São Paulo. O líder militar foi o velho general Isi- doro Dias Lopes, apoiado pelo general Bertoldo Klinger, que veio do Mato Grosso com um pequeno contingente. Na preparação do levante, os governadores de Minas e do Rio Grande do Sul – aliados de Getúlio, porém ressentidos com o controle do poder nas mãos dele – prometeram apoio aos paulistas. Mas, na hora do “vamos ver”, não cumpriram a promessa. Comício na praça do Patriarca, São Paulo, maio de 1932 Apesar da exaltação dos paulistas, a derrota foi inevitável, devido à inferioridade bélica e numérica dos rebeldes. As tropas federais isolaram os paulistas na capital e o sacrifício de centenas de jovens e da indústria paulista foi em vão. Três meses depois, o movimento findou. 633 paulistas morreram. As se m bl ei a Le gi sla tiv a do E st ad o de S ão P au lo , S ão P au lo 4 Extensivo Terceirão Voluntários paulistas que combateram as forças de Getúlio Var- gas na Revolução Constitucionalista de 1932. O estadista Getúlio não desejava estimular os rancores e os desejos devingança: ao assinarem, em Cruzeiro, a convenção militar que colocou um fim às hostilidades, iniciou-se a obra de reconstrução e reconciliação. Vargas procurou seguir uma política de conciliação em relação a São Paulo. Chegou a resgatar, por intermédio do Banco do Brasil, os bô- nus de guerra emitidos pelos bancos desse estado e, em meados de 1933, devolveu-lhe o direito de governar-se, deixando de nomear interventores da corrente tenentista para o governo estadual. PEREIRA, Marco Aurélio, A Revolução Constitucionalista. São Paulo: Ed. do Brasil, 1989, p. 39. Como foi a volta do país à normalidade constitucional? A Constituição, promulgada em 16 de julho de 1934, refletiu as divergências mal resolvidas entre os diversos interesses reinantes no país. De um lado, Getúlio conse- guiu inserir no texto o dispositivo que tornava indireta a primeira eleição para presidente, evitando assim o desgaste das ruas. Por outro lado, porém, o texto cons- titucional trazia um dispositivo que proibia a reeleição, limitando os planos continuístas do presidente. Entre outras características importantes incluíam-se: • manutenção do Federalismo; • extinção do cargo de vice, cabendo a sucessão ao presidente da Câmara; • criação da “representação classista”: a Câmara conta- va com deputados eleitos pelos sindicatos – patro- nais e de empregados – cujo número não excedia de um quinto do total; • criação dos Tribunais Eleitoral, Militar e do Trabalho; • introdução do Capítulo sobre a Ordem Social. Influenciado pela Constituição alemã de Weimar, trouxe a ideia da social democracia para o país. Entre as principais conquistas asseguradas, estavam a limitação da jornada de trabalho, o repouso semanal remunerado, as férias anuais, a indenização para a demissão sem justa causa, a pluralidade sindical e a assistência médica. Getúlio, como era de se esperar, foi eleito pelo con- gresso para um mandato de 4 anos. Deveria governar até 1938, sem direito a “esticar” o seu governo. Pelo menos era o que mandava a Constituição. Mas, sem ela, tudo poderia ser diferente. © W ik im ed ia C om m on s/ M us eu M un ic ip al d e Ig ua pe Testes Assimilação 21.01. (PUC – RS) – Em março de 1931, o decreto número 19.770 criava, no Brasil, o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Considerando-se o contexto histórico, pode-se afirmar que esse ato do Poder Executivo tinha como um de seus objetivos: a) promover a expansão do setor primário; b) desregulamentar o sistema de contratação e de impostos; c) concentrar a renda nacional nas camadas médias urbanas; d) acabar com a organização autônoma do movimento operário; e) intervir nas relações de trabalho no campo. 21.02. (UFPE) – A Constituição promulgada em 16 de julho de 1934 resultou de intensos debates que se prolongaram por oito meses. Entre suas principais inovações não se inclui: a) A legislação trabalhista, a nacionalização das minas e quedas-d’água. b) O salário mínimo para os trabalhadores, os deputados classistas e o direito da União em monopolizar determi- nadas atividades econômicas. c) A criação das justiças Eleitoral e do Trabalho. d) A inviolabilidade dos direitos à liberdade, à segurança e à propriedade dos cidadãos como também a liberdade de consciência e de crença. e) O cerceamento de todas as garantias individuais e a proibição do direito de voto das mulheres. Aula 21 5História 6C 21.03. A Revolução Constitucionalista de 1932 representou, no contexto da Era Vargas, a) o descontentamento dos tenentes com a repressão desencadeada sobre eles após o movimento de 1930. b) a revolta popular contra as determinações autoritárias impostas após a decretação do Estado Novo. c) a reação dos paulistas frente à perda da hegemonia na política nacional após a Revolução de 1930. d) a tentativa golpista da tomada do poder e instalação do socialismo, liderada por Luiz Carlos Prestes. e) a articulação da alta cúpula das Forças Armadas contra a ampliação das liberdades políticas. 21.04. (MACK – SP) – O governo instalado com a Revolução de 1930 distinguiu-se do Estado Oligárquico por promover: a) o modelo liberal defendido pelo Partido Democrático, porta-voz da classe média paulista. b) uma economia exclusivamente agroexportadora e a descentralização das decisões econômico-financeiras. c) as reformas preconizadas pelos Tenentes, sobretudo a partir de 1932. d) a industrialização, tendo como suporte o aparelho do Estado, as forças armadas e a aliança entre burguesia e setores do operariado. e) o declínio do projeto de industrialização, devido aos con- flitos entre capital e trabalho não mediados pelo governo. Aperfeiçoamento 21.05. (UERJ) – Na década de 30, para combater o governo estabelecido por Getúlio Vargas, os paulistas pegaram em armas. Os cartazes acima fazem parte da sua propaganda, pedindo a colabo- ração da população no esforço de guerra. A Revolução de 1932 ocorre na seguinte conjuntura política nacional: a) aprovação do novo Código Eleitoral sem o voto secreto; b) perda da hegemonia política pela oligarquia paulista em nível federal; c) intervenção do poder federal no governo de São Paulo por meio da política dos governadores; d) aliança entre o Partido Popular Progressista e produtores rurais intermediada por militares tenentistas. 21.06. (PUCCAMP – SP) – A Revolução de 1930 marcou o fim da República Velha e inaugurou uma nova forma de atuação do Estado frente às transformações da sociedade brasileira, como exemplifica o: a) atendimento de demandas de diferentes setores sociais como operários e empresário; b) afastamento do Estado de gestão da economia; c) abandono dos setores produtores agrícolas tradicionais; d) controle da alta hierarquia militar sobre os principais órgãos estatais; e) apoio às oligarquias dominantes nos Estados. 21.07. (FATEC – SP) – A Revolução de 1930, ponto de partida de uma nova fase da História brasileira, atingiu principal- mente São Paulo, que perdeu sua tradicional hegemonia política realizada pela “política do café com leite”. O sistema de interventorias, posto em prática pelo governo provisório, em nada melhorou o relacionamento deste com São Paulo. Como consequência disso, ocorreu: a) a revolução constitucionalista a favor da imediata cons- titucionalização do país, o que abriria possibilidades de retorno dos paulistas ao poder. b) a Intentona Comunista, liberada pela extrema-esquerda cujo lema era “Deus, Pátria, Família”. c) a Intentona Integralista, que chegou a ocupar o palácio presidencial, tendo controlado o poder por quatro dias. d) convocação imediata da Assembleia Constituinte que colocaria em prática a Constituição de 1935. e) o movimento tenentista, cujos revoltosos de Minas Gerais exigiam a formação de um governo provisório, a eleição de uma Constituinte e a adoção do voto secreto. 21.08. (FGV – SP) – O general Góis Monteiro, Ministro da Guerra de Getúlio Vargas, afirmava em uma carta dirigida ao presidente, em 1934: “O desenvolvimento das ideias sociais preponderantemente nacionalistas e o combate ao estadua- lismo (provincialismo, regionalismo, nativismo) exagerado não devem ser desprezados, assim como a organização racional e sindical do trabalho e da produção, o desenvolvimento das comunicações, a formação das reservas territoriais e milícias cívicas, etc., para conseguir-se a disciplina intelectual dese- jada e fazer desaparecer a luta de classes, pela unidade de vistas e a convergência de forças para a cooperação geral, a fim de alcançar o ideal comum à nacionalidade”. No trecho dessa carta estão expressos pontos centrais do regime instalado após a Revolução de 1930, entre elas: a) organização de milícias estaduais, regulamentação das relações trabalhistas e educação. b) estímulo à autonomia dos Estados, organização de milícias estaduais e nacionalismo. c) organização de milícias estaduais, centralização política e educação. d) centralização política, regulamentação das relaçõestra- balhistas e nacionalismo. e) estímulo à autonomia dos Estados, regulamentação das relações trabalhistas e educação. 6 Extensivo Terceirão 21.09. (UEFS – BA) – O Estado que nasceu com a Revolu- ção de 1930 no Brasil distinguiu-se do Estado da Primeira República (1889-1930) a) pela suspensão dos impostos sobre as atividades industriais e pelo abandono da política de proteção à economia cafeeira. b) pela moralização dos processos eleitorais previstos pela primeira Constituição republicana e pela concessão de voto aos analfabetos. c) pelo fortalecimento do poder central e pela tendência a conceder algum tipo de proteção aos trabalhadores urbanos. d) pela aplicação dos princípios da política dos governadores e pelo projeto econômico-financeiro do Encilhamento. e) pelo esforço de organização de uma comunidade de pa- íses latino-americanos e pela oposição à hegemonia dos Estados Unidos na América. 21.10. (PUCCAMP – SP) – Observe a caricatura. A caricatura revela um momento da chamada “era de Vargas”, quando Getúlio preparava-se para a) assumir a presidência da República, após a sua eleição indireta pela Assembleia Constituinte. b) liderar um golpe militar, instaurando um período histórico conhecido por Estado Novo. c) disputar as eleições diretas para a presidência da Repúbli- ca, no contexto da redemocratização do país. d) executar os princípios do Plano Cohen, visando impedir o avanço dos comunistas e dos integralistas ao poder. e) comandar uma revolução constitucionalista, contra a oligarquia do setor agroexportador. Aprofundamento 21.11. (FUVEST – SP) – O Estado de compromisso, ex- pressão do reajuste nas relações internas das classes dominantes, corresponde, por outro lado, a uma nova forma do Estado, que se caracteriza pela maior cen- tralização, o intervencionismo ampliado e não restrito apenas à área do café, o estabelecimento de uma certa racionalização no uso de algumas fontes fundamentais de riqueza pelo capitalismo internacional (...). Boris Fausto. A revolução de 1930. Historiografia e história. São Paulo: Brasiliense, 1987, p. 109-110. Segundo o texto, o Estado de compromisso correspondeu, no Brasil do período posterior a 1930, a) à retomada do comando político pela elite cafeicultora do sudeste brasileiro. b) ao primeiro momento de intervenção governamental na economia brasileira. c) à reorientação da política econômica, com maior presença do Estado na economia. d) ao esforço de eliminar os problemas sociais internos gerados pelo capitalismo internacional. e) à ampla democratização nas relações políticas, trabalhis- tas e sociais. 21.12. (FPP – PR) – A tabela abaixo sintetiza dados sobre a produção cafeeira no Brasil, no Mundo (em milhares de sacas) e a participação relativa do país em relação à produção mundial. PERÍODO MUNDO BRASIL PARTICIPAÇÃO (%) 1900 115.100 12.069 80 1910 14.350 10.653 74 1920 20.290 17.116 84 1930 25.230 17.652 70 1940 26.500 15.797 60 1950 31.300 16.754 54 (A tabela apresenta os dados para as décadas de 1900, 1910, 1920, 1930, 1940 e 1950 no mundo e no Bra- sil. A participação relativa do Brasil em cada período é, respectivamente, 80%, 74%, 84%, 70%, 60% e 54%). Disponível em: <http://revistacafeicultura.com. br/?mat=3640>. Acesso em: 20.06.2017. Sobre a importância do café na economia brasileira da primeira metade do século XX, é INCORRETO afirmar que a) pela importância que tinha na produção mundial, as safras de café brasileiro impactavam diretamente no preço do produto no mercado internacional, fazendo com que políticas ativas de manutenção de preço fossem empre- endidas desde o Império. b) a diminuição da participação relativa do Brasil no mer- cado mundial de café derivou tanto do estabelecimento de novos polos produtores mundiais (como o Sudeste asiático), como da diversificação da pauta de exportações brasileiras, que incorporou novos produtos como minérios e bens industriais. c) a importância do café na economia brasileira traduziu-se na hegemonia política das elites dos estados produtores durante a segunda metade do Império e na República Velha. d) a política de queima dos estoques de café, realizada prin- cipalmente pelo primeiro governo Vargas (1930-1945), visava a diminuição da dependência que o Brasil tinha Aula 21 7História 6C desse produto, pois a diminuição de sua oferta possibilitou uma maior participação de outros bens e produtos na balança comercial nacional. e) a industrialização pioneira da cidade de São Paulo e re- gião, no início do século XX, tem relação com a riqueza acumulada pela produção e pela exportação cafeeira no interior do estado. 21.13. (UFES) – “Foi a ascensão das classes sociais urba- nas, com a deposição do governo Washington Luís, em 1930, que criou novas condições sociais e políticas para a conversão do Estado Oligárquico em Estado Burguês. Esse foi o contexto em que o Governo Getúlio Vargas, nos anos 1930 - 1945, passou a pôr em prática novas diretrizes políticas quanto às relações entre assalariados e empregadores”. IANNI, Octávio. Estado e Planejamento Econômico no Brasil (1930 - 1970). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1977, p. 34. Conforme o texto, novas diretrizes políticas passaram a nortear o governo Vargas que intensificou a regulamentação das relações entre as classes patronais e os trabalhadores, no processo de industrialização vivido pelo Brasil no período posterior a 1930. O espírito dessa intervenção estatal se expressa na: a) negação de práticas valorizadas pelo fascismo, como o corporativismo e a máquina de propaganda. b) tentativa de aproximar a política trabalhista, cada vez mais, dos integralistas, com vistas a aliciar Plínio Salgado para a chefia do PTB. c) busca da harmonia social caracterizada pelo fortaleci- mento do Estado, que passa a tutelar as divergências e conflitos baseados em interesses particularistas. d) valorização exclusiva dos trabalhadores nacionais, ob- jetivando dar-lhes oportunidade de alcançar o poder e assim fazer prevalecer sua ideologia, conforme legislação que previa expulsão dos judeus e outros estrangeiros, residentes no Brasil. e) concessão do direito de greve aos trabalhadores e do de “lockout” aos empresários, com o fim de dirimir conflitos trabalhistas. 21.14. (FGV – SP) – Em muitos aspectos, a Era Vargas (1930-1945) implementou mudanças no país em relação à Primeira República (1889-1930), pois a) promoveu as bases da industrialização, ao empreender uma política econômica intervencionista e protecionista, além de orientar sua política externa na busca de recursos para implantar empresas nacionais. b) passou a tratar a questão social como “caso de polícia”, reprimindo as organizações da classe operária com o fechamento de jornais, associações e sindicatos, embora permitisse sua representação no Congresso. c) estabeleceu um Estado federativo, conferindo aos es- tados bastante autonomia ao permitir que contraíssem empréstimos no exterior e estabelecessem impostos, sem necessidade de consulta ao governo federal. d) desenvolveu uma nova política de valorização do café, por meio da compra e estocagem dos excedentes pelos governos estaduais e por constantes desvalorizações cambiais para favorecer os exportadores. e) autorizou a pluralidade sindical, porém os sindicatos ficaram atrelados ao Ministério do Trabalho, graças ao imposto de seus associados, e reuniam patrões e empre- gados, à semelhança do corporativismo fascista. 21.15. (UFSC) – Disponível em: <http://www.brasilcultura.com.br/historia/ 9-de-julho-revolucao-constitucionalista>. Acesso em: 6 set. 2012. Dois anos após Getúlio Vargas assumir a liderança do país, pondo um ponto final na Primeira República, já enfrentava a oposição numa guerra que tinha como bandeira o retorno à normalidade constitucional. RODRIGUES, João Paulo. Uma multidão sai às ruas. Revista de História da Biblioteca Nacional, n. 82, ano 7, p. 30, jul. 2012. Sobre a RevoluçãoConstitucionalista de 1932 e a Era Vargas, assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S). 01) Durante o governo provisório de Getúlio Vargas (1930- -1934), as relações entre o governo federal e os políticos paulistas foram marcadas por grande tensão e instabili- dade. Os paulistas, além de resistirem aos interventores, ainda suportavam a perda de controle sobre as deci- sões referentes à política econômica. 02) Apesar da derrota militar do movimento constitucio- nalista de 1932 para as tropas federais, Vargas acabou atendendo à principal reivindicação dos paulistas e convocou eleições para a formação de uma Assembleia Nacional Constituinte. Em 1934, foi promulgada a nova constituição do país. 8 Extensivo Terceirão 04) Entre as principais disposições contidas na Constituição de 1934, destacavam-se as questões eleitorais, as leis trabalhistas e as ações nacionalistas. 08) A política trabalhista de Vargas contribuiu para sua aproximação com os ideais comunistas e para a implan- tação da ditadura do Estado Novo (1937-1945), com o grande apoio da Aliança Nacional Libertadora. 16) Após a Constituição de 1934, e com a positiva repercus- são de suas ações no governo provisório, Getúlio Vargas foi eleito presidente pelo voto direto com expressiva votação e apoio popular. 21.16. (UFPR) – Com base na figura abaixo, publicada em 1932, considere as seguintes afirmativas: 1. A figura refere-se à Revolução Constitucionalista, em que os paulistas exigiram do governo Vargas a implan- tação de uma Constituição democrática. 2. No contexto de 1932, a imagem do bandeirante servia de propaganda para mostrar que os paulistas eram aves- sos à submissão a um tirano, tal como os bandeirantes teriam sido avessos à tirania da Coroa portuguesa. 3. A chamada Revolução de 1932 culminou na derrota dos paulistas pelas forças de Vargas e com a continuação do Estado Novo. 4. Apesar da derrota dos paulistas, uma das principais con- sequências do movimento de 1932 foi a promulgação da Constituição de 1934. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras. b) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras. c) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras. d) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras. e) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras. 21.17. (PUC – SP) – “A revolução não se fez para assu- mir a tutela da Nação senão para entregar à Nação o governo de si mesma. Se a Nação entender, pelo voto de seus genuínos representantes, organizar-se antes de um modo do que de outro, devemos nos inclinar diante de sua soberania. Podemos e devemos instruir o povo, convertendo-o às ideias que nos parecem mais acerta- das; mas não é lícito impor-lhe o nosso pensamento e vontade. Seria o despotismo. O Partido Democrático não pode desviar-se desta linha. No frontispício de seu programa, como a doirar a cúpula dos compromissos assumidos, figura a bela tricotomia americana do go- verno do povo, pelo povo e para o povo.” Declaração do Partido Democrático de São Paulo, 13 de janeiro de 1932, in Déa Ribeiro Fenelon (org.). 50 textos de história do Brasil. São Paulo: Hucitec, 1986, p. 152-153. O documento acima pode ser compreendido como uma demonstração a) da insatisfação paulista com a política varguista de pro- teção à produção e exportação de café, que incluía um rigoroso controle de preços e tarifas aduaneiras. b) do projeto de implantação do socialismo no Brasil, de- fendido pelo Partido Democrático e por outros setores da esquerda nos primeiros anos do governo Vargas. c) da divisão entre antigos aliados no movimento de 1930, que, dois anos depois, entravam em conflito por causa de seus interesses políticos e econômicos distintos. d) do amplo apoio popular que o Partido Democrático recebeu desde sua fundação, em 1926, e que o fez opor- -se tanto aos governos da Primeira República, quanto ao governo de Vargas. e) da defesa, pelo Partido Democrático, da proposta de separação de São Paulo do restante do Brasil, apoiada majoritariamente pelos participantes da revolução cons- titucionalista de 1932. 21.18. (UFRJ) – “Foi em 1930 que à frente da Revolução Getúlio Vargas assumiu a Presidência do Brasil. Era um tempo novo que se abria o desenvolvimento industrial as leis trabalhistas ele cria é a Previdência Social Eram anos de conquista e de grande agitação pelo poder de 32 a 37, aquele estadista reprimiu os paulistas comunistas e integralistas. Mas não há quem esconda seu valor de idealista, basta falar em Volta Redonda, (...) “ (Gomes, Dias e Gullar, Ferreira. Dr. Getúlio: sua vida e sua glória. São Paulo, Civilização Brasileira, 1968. pp. 10 e 11) Comente duas características do governo provisório de Getúlio Vargas Aula 21 9História 6C Desafio 21.19. (UEL – PR) – Leia a charge e o texto da revista “O Malho”, a seguir, quanto às polêmicas que antecedem o sufrágio feminino no Brasil. [Zé Povo] – Aqui tem, seu Maurício, um quadro do futuro que nos espera, se passar o seu projeto, dan- do o direito de voto às mulheres... em pouco tempo elas que são mais sabidas que nós, aproveitarão a mo- leza dos homens e dominarão tudo! E teremos então esta beleza: o avô fazendo crochê, a avó fumando ca- chimbo, o marido amamentando o filho, enquanto a mãe vai para a Câmara dos deputados deitar o verbo pela salvação da pátria! Tudo transtornado! Tudo in- vertido! [Maurício de Lacerda] – Mas que tem isso? A Constituição é clara: as mulheres podem ser eleitoras! [Zé] – Pois, então viva a Constituição e o voto fe- minino! Talvez, com as mulheres em cena, nós seja- mos mais homens... aceitando o pedido do Ministério da Agricultura e indo plantar batatas! Adaptado de “O Malho”, RJ, 23 de junho de 1917. Acervo Biblioteca digital.al.sp.gov.br. A partir da charge e do texto sobre as polêmicas que antece- deram o voto feminino no Brasil, responda aos itens a seguir. a) Situe e caracterize o momento histórico em que se efeti- vou o direito ao voto feminino no Brasil. b) Em relação às lutas feministas compare a época em que a charge e o texto foram produzidos com a atualidade. Em seguida, discorra sobre as ideias que até o momento permanecem as mesmas e as que mudaram. Gabarito 21.01. d 21.02. e 21.03. c 21.04. d 21.05. b 21.06. a 21.07. a 21.08. d 21.09. c 21.10. a 21.11. c 21.12. d 21.13. c 21.14. a 21.15. 07 (01 + 02 + 04). 21.16. c 21.17. c 21.18. Dentre duas características do Governo Var- gas, podemos destacar a centralização do poder; a elaboração da constituição de 1934 (onde são incorporados os direitos trabalhis- tas e o voto feminino); a promoção do de- senvolvimento industrial. 21.19. a) O voto feminino no Brasil foi conquistado em 1932, no governo provisório de Getúlio Vargas e foi incorporado à Constituição de 1934 como facultativo ou acrescentando as lutas de mulheres como Nísia Floresta (começo do século XIX), Bertha Lutz, Celi- na Guimarães Fonseca, entre outras. b) A charge e o texto da revista sugerem uma inversão do que seria o papel fe- minino no começo do século passado. Mas a revista critica esta ideia de inver- são e defende que o voto feminino deve ser contemplado na Constituição. Hoje há ainda esta ideia de que o feminismo quer subverter a ordem da realidade, mas as lutas são outras: igualdade de salário, combate à violência doméstica, questio- namento dos padrões machistas impos- tos, descriminalização do aborto, etc. 10 Extensivo Terceirão História 6CAula 22 Governo constitucionalista de Vargas (1934-1937) Radicalização ideológica Logo após a Primeira Guerra (1914-1918), a política europeia sofreu modificações significativas. As democracias liberais entraram em crise, em face das dificuldades econômicas e da própria perplexidade gerada pela guerra. Em contrapartida, os partidos autoritários conseguiram alcançar uma enorme popularidade. Na Itália, em 1922, o líder fascista Benito Mussolini tornou-se primeiro ministro. Em 1933, Adolf Hitler promoveu a ascensão dofas- cismo alemão – o nazismo – ao poder. Outros países europeus seguiram o mesmo caminho, como foram os casos da Espanha e de Portugal. E, da Europa, as ideias fascistas espalharam-se para a América. O Brasil foi particularmente marcado por essas ideias radicais. Hitler e Mussolini No mesmo ano da Revolução, 1930, surgiu no país o Partido Fascista Brasileiro. Outros o seguiram, como a Legião Cearense do Trabalho, o Partido Nacional Sindicalista, o Partido Nacionalista de São Paulo, etc. O mais importante deles foi, no entanto, a Ação Integralista Brasileira, a AIB. O que caracterizou a AIB? Fundada em 1932 pelo paulista Plínio Salgado, sob o lema “Deus, Pátria e Família”, o movimento logo se di- fundiu, chegando a ter centenas de milhares de filiados e simpatizantes. Do ponto de vista ideológico, o integralismo: • era contra o comunismo, por um lado, e contra o Estado liberal, por outro; • defendia o nacionalismo e a maciça intervenção Estatal; • defendia a existência de um só partido e de um só chefe; • era tradicionalista, religioso e moralista. Plínio Salgado Ac er vo d o Ar qu iv o Pú bl ic o e H ist ór ic o do M un ic íp io d e Ri o Cl ar o Não foi difícil perceber que o fascismo de Plínio Sal- gado copiou os elementos dos movimentos fascistas europeus, particularmente o italiano. Além das ideias, o fascismo brasileiro adaptou também os gestos, os símbolos, os uniformes, a formação das tropas de choque, os desfiles aparatosos, etc. Assim, a saudação com o braço erguido era seguida pelo grito “Anauê”; nos uniformes predominava a cor verde e o principal símbolo da AIB era a letra grega sigma. Th eo C or de iro . 2 00 8. D ig ita l. Aula 22 11História 6C A Ação Integralista Brasileira O crescimento do movimento fascista no Brasil cau- sou grande apreensão nos setores liberais e de esquerda que, em face disso, uniram suas forças e, no começo de 1935, criaram a Aliança Nacional Libertadora, a ANL. Entre as principais reivindicações da ANL, podemos citar: • formação de um governo popular; • condenação do latifúndio e apelo à reforma agrária; • nacionalização das empresas estrangeiras e crítica à ação imperialista; • suspensão do pagamento da dívida externa; • convocação de uma Constituinte. A ANL era um “verdadeiro mosaico”, aglutinando comunistas, tenentistas, democratas e socialistas. A classe média urbana era sua base social, formada principalmente por militares, profissionais liberais e estudantes. Luís Carlos Prestes, ex-líder da Coluna Prestes e principal chefe do comunismo brasileiro, foi escolhido presidente de honra da entidade. A Aliança obteve grande acolhida junto à população. O conflito com os integralistas foi inevitável. O país ficou em pé de guerra. Getúlio Vargas e a radicalização ideológica Em julho de 1935, a ANL já contava com cerca de 400 mil filiados, causando incômodo para os setores conservadores do governo, a começar pelo próprio Getúlio. Pouco antes, em abril, o Presidente já havia decretado uma lei de Segurança Nacional. No dia 11 de julho, Vargas tomou uma atitude mais explícita: determinou o fechamento da ANL! A sede do movimento foi invadida, documentos apreendidos, filiados e simpatizantes reprimidos. Diante dessa severa repressão, os comunistas vinculados à ANL, capitaneados por Luís Carlos Prestes, organizaram um levante, acreditando que o povo apoia- ria uma ação contra o governo Vargas. Tal movimento, conhecido como Intentona Comu- nista, teve início em Natal, em 23 de novembro de 1935. No dia seguinte, eclodiu em Recife e, nos dias 26 e 27, no Rio de Janeiro. Na Capital Federal, a ação revoltosa se concentrou na Escola de Aviação e no III Regimento de Infantaria. A reação do governo foi firme e incisiva. Rapidamente o movimento foi sufocado. Jornal Amanhã, 27/11/1935 D iá rio s A ss oc ia do s, Sã o Pa ul o Th eo C or de iro . 2 00 8. D ig ita l. Th eo C or de iro . 2 00 8. D ig ita l. 12 Extensivo Terceirão Vargas e o golpe Vargas aproveitou-se da situação de duas maneiras: pri- meiro realizou uma verdadeira caça aos comunistas, procu- rando desbaratar o movimento. Prestes e sua esposa, Olga Benário, foram presos em janeiro de 1936. Vários outros comunistas foram mortos pela ação da polícia varguista. Olga Benário, que era alemã, judia e comunista, foi entregue pela polícia de Vargas à Gestapo, a polícia política alemã. Grávida de 7 meses, a esposa de Pres- tes embarcou à força para a Alemanha, onde morreu, num campo de concentração. Sua filha Leocádia con- seguiu sobreviver e foi trazida para o Brasil, graças aos esforços da avó e do advogado Sobral Pinto. Por outro lado, a instabilidade política reinante favore- ceu os planos continuístas de Vargas, que passaram a ser justificados pela necessidade de impedir a subversão e a Guerra Civil. Havia, no entanto, uma eleição marcada pela Constituição. E existiam candidatos. As elites tradicionais dividiram-se entre o paulista Armando Sales de Oliveira e o nordestino José Américo de Almeida que, por seu discurso nacionalista, contava também com o apoio dos tenentes. Plínio Salgado também saiu candidato. José Américo de Almeida em campanha, 1937 – eleições Ac er vo Ic on og ra ph ia Getúlio deu à opinião pública a impressão de levar a eleição a sério. Visando a encobrir seus propósitos conti- nuístas, passou a apoiar, mesmo que de forma discreta, as pretensões de José Américo. Paralelamente, porém, e com grande habilidade, Getúlio tratou de limpar o terreno político e militar para garantir o sucesso de seu intento. Apoiado na fidelidade de dois generais, Góis Monteiro e Eurico Gaspar Dutra, Vargas conseguiu o apoio do Exérci- to. Ao mesmo tempo, o presidente realizava uma política de intervenções estaduais com o objetivo de desembaraçar- -se de possíveis focos de resistência aos seus propósitos, principalmente no Rio Grande do Sul e na Bahia. Negrão de Lima, político próximo do presidente, realizou uma viagem aos estados, garantindo o apoio dos governadores situacio- nistas. Nos bastidores, o jurista mineiro Francisco Campos elaborava uma nova Constituição. Preparado o “terreno”, o Presidente e seus aliados deram a “cartada final”. Amigos de Vargas forjaram um documento, supostamente comunista, que visava ao assassinato de personalidades importantes e também objetivava a tomada do poder. Era o Plano Cohen. Esse documento foi “descoberto” e entregue a Góis Monteiro, que se encarregou de sua divulgação por toda a impren- sa. Novo pânico. Era a volta da “Ameaça Vermelha”, do perigo comunista. Só uma medida de força, garantindo a possibilidade de ação ágil e eficiente, poderia conter essa “temerida- de”. O cenário estava pronto para o golpe. Em 9 de novembro de 1937, Getúlio nomeou Fran- cisco Campos para o Ministério da Justiça. Nesse mesmo dia, Armando Sales de Oliveira discursou, apelando às Forças Armadas para que impedissem o golpe. No entanto, era tarde. Góis Monteiro D iá rio s A ss oc ia do s, Sã o Pa ul o No dia 10, Vargas decretou o fechamento do Congresso e anunciou a nova Constituição. Em 2 de dezembro, os partidos foram dissolvidos, inclusive a AIB. Começava o Estado Novo, a ditadura Vargas. Fu nd aç ão G et úl io V ar ga s/ Bi bl io te ca C en tr al Aula 22 13História 6C Testes Assimilação 22.01. (UEL – PR) – O fascismo brasileiro, criado em 1932, foi um movimento social de extrema direita. Assinale a alter- nativa que indica a denominação que lhe foi dada no Brasil: a) Nazismo. c) Populismo. e) Totalitarismo. b) Integralismo. d) Autoritarismo. 22.02. (PUCPR) – Frente criada na década de 30, reunindo setores da esquerda, da classe média e liberais afastados do poder, que defendia: – suspensão definitiva do pagamento das dívidas do Brasil. – nacionalização das empresas imperialistas. – proteção ao pequeno e médio proprietário rural e entrega de terrados grandes proprietários aos trabalhadores do campo. – instauração de um governo popular. A descrição corresponde: a) ao Movimento Sem Terra. b) ao Manifesto dos Mineiros. c) à Ação Integralista Brasileira. d) à Aliança Nacional Libertadora. e) ao Movimento Tenentista. 22.03. (UPF – RS) – “As confabulações dos políticos estão desfibrando o caráter do povo brasileiro. Civis e militares giram em torno de pessoas, por falta de nitidez de pro- gramas. Todos os seus programas são os mesmos e esses homens estão separados por motivos de interesses pesso- ais e de grupos. Por isso, uns tramam contra os outros. E, enquanto isso, o comunismo trama contra todos. Nós pre- gamos a franqueza e a coragem mental. Somos pelo Brasil Unido, pela Família, pela Propriedade, pela organização e representação legítima das classes; pela moral religiosa; pela participação direta dos intelectuais no governo da República; pela abolição dos Estados dentro do Estado; por uma política benéfica do Brasil na América do Sul; por uma campanha nacionalista contra a influência dos países Imperialistas, e, sem tréguas, contra o comunismo russo. Nós somos a Revolução em marcha. Mas a revolução com ideias. Por isso, franca, leal e corajosa”. (Trecho do Manifesto 7 de Outubro de 1932 ) O trecho acima faz parte do documento fundador do pri- meiro partido político brasileiro com implantação nacional e ampla inserção entre setores da classe média urbana, o qual tinha como lema “Deus, Pátria e Família”. Qual foi esse partido? a) Partido Comunista Brasileiro (PCB). b) Ação Renovadora Nacional (ARENA). c) Partido Social Liberal (PSL). d) Ação Integralista Brasileira (AIB). e) Movimento Democrático Brasileiro (MDB). 22.04. (UFSCAR – SP) – Os anos trinta do século XX foram marcados por disputas ideológicas, por propostas revolu- cionárias e pela emergência de regimes centralizadores e autoritários. No Brasil, a polarização ideológica intensificou-se em 1935, opondo, a) a Ação Integralista Brasileira, partido político simpatizante do fascismo, à Ação Nacional Libertadora, que lutava pela instalação de um governo popular revolucionário. b) os anarcossindicalistas, líderes do movimento operário em toda a Primeira República, ao Partido Comunista do Brasil, de tendência revolucionária bolchevista. c) os católicos ultramontanos do Centro Dom Vital, situado no Rio de Janeiro, aos partidários do fascismo italiano e, sobretudo, do nazismo hitlerista. d) a social-democracia, representada pelo Partido Democrá- tico de São Paulo, às tendências políticas autoritárias do movimento tenentista. e) os constitucionalistas paulistas, que haviam combatido na Revolução de 1932, ao Estado Novo, dominado pelo presidente Getúlio Vargas. Aperfeiçoamento 22.05. (CEFET – MG) – Observe a imagem abaixo. Talão de Greves, Dossiê Fábrica Calfat, 2233, DEOOPS/ SP. Arquivo do Estado de São Paulo. 14 Extensivo Terceirão A imagem refere-se a um “talão de greves”, emitido pelo Departamento Estadual de Ordem Política e Social (DEOPS), que traz informações de um movimento ocorrido na fábrica Calfat & Cia Fiações e Tecelagem, como: • Número de operários: 700 aprox. Mulheres: 400 • Início da greve: 11/10/1935 Término: 14/10/1935 • Motivo: Aumento salarial • Agitadores da fábrica: [nomes] • Agitadores estranhos: [nomes] • Solução: de acordo A análise desse documento permite constatar que, durante o primeiro governo constitucional de Getúlio Vargas (1934- 1937), o movimento operário era a) controlado por meio de uma polícia política oficial. b) formado por trabalhadores de origem estrangeira. c) apoiado pelo presidente por meio de ações grevistas. d) liderado por sindicatos organizados pelos anarquistas. 22.06. (UECE) – Atente ao seguinte excerto sobre o evento denominado pejorativamente, pelo Governo Vargas, de Intentona Comunista: “Luiz Moreira, militar excluído das Forças Armadas por participar da Intentona Comunista em novembro de 1935, teve reconhecido o direito de ser reintegrado ao Exército brasileiro. A decisão da 5ª. Turma do Tribunal Regional Federal da 2ª. Região estabeleceu que ele será enquadrado como 2º. tenente, graduação que teria alcan- çado se tivesse permanecido em serviço até sua reforma”. ANISTIA REMOTA. Militar que participou da Intentona Comunista é reincorporado. Revista Consultor Jurídico, online, 11 de julho de 2005. Sobre esse evento, é correto afirmar que a) tendo sido organizado pela Aliança Nacional Libertadora (ANL), que era liderada por Luís Carlos Prestes, esse levante realizado por militares rebeldes insatisfeitos com o gover- no constitucional de Vargas amotinou quartéis em Natal, Recife e Rio de Janeiro. b) foi arquitetado e executado por membros da Ação Inte- gralista Brasileira (AIB) que pretendiam derrubar o Go- verno democrático de Getúlio Vargas e impor um estado totalitário de orientação fascista no Brasil. c) teve sua origem no movimento das Ligas Camponesas, de orientação Comunista, que, a partir das ações no campo passaram a apoiar movimentos grevistas de trabalhadores urbanos, com o intuito de derrubar o Estado Novo insti- tuído por Getúlio Vargas. d) foi uma artimanha de Vargas, que utilizou este evento falso como justificativa, perante a opinião pública, para instituir um governo totalitário de características fascistas, chamado Estado Novo, em 1937. 22.07. (FGV – SP) – “Em plena Avenida Rio Branco, nas tardes de sábado, pegávamos à força alguns atrevidos integralis- tas que se apresentavam fantasiados de camisa verde e os despojávamos das calças, largando-os depois, em plena via pública, apenas em fraldas de camisas. Não queriam eles andar de camisas verdes? Nós lhe fazíamos a vontade...” Agildo Barata A cena anterior descrita refere-se aos: a) enfrentamentos durante os comícios entre os integrantes da frente tenentista com a militância da Aliança Nacional Libertadora (ANL); b) confrontos de rua entre os integralistas e os tenentistas; c) enfrentamentos públicos entre os integrantes da Aliança Nacional Libertadora (ANL) e os integralistas; d) enfrentamos entre os militantes da Aliança Libertadora Nacional (ALN), dirigida por Agildo Barata, e os integra- listas de Plínio Salgado; e) confrontos públicos entre militares tenentistas e os comu- nistas da Aliança Libertadora Nacional (ALN). 22.08. (UFG – GO) – Em março de 1934, Luís Carlos Prestes fundou uma frente popular, a Aliança Nacional Libertadora, que objetivava atrair setores democráticos e antifascistas da sociedade para um programa de reformas políticas e sociais. O governo de Vargas perseguiu Prestes devido à: a) emergência de regimes autoritários na Europa influen- ciando a organização partidária no Brasil. b) cooptação dos sindicatos pelo Estado, com suas sedes tornando- se locais da propaganda oficial. c) proposta política de estabelecer um governo revolucio- nário no Brasil alinhado com a União Soviética. d) organização da Ação Integralista Brasileira, que defendia um projeto de Estado autoritário para o país. e) rivalidade entre integralistas e aliancistas, os quais mobi- lizaram o país, ampliando o clima de confrontos. 22.09. (FUVEST – SP) – Em 10 de novembro de 1937, para justificar o golpe que instaurava o Estado Novo, Getúlio Vargas discursava: “Colocada entre as ameaças caudilhescas e o peri- go das formações partidárias sistematicamente agres- sivas, a Nação, embora tenha por si o patriotismo da maioria absoluta dos brasileiros e o amparo decisivo e vigilante das forças armadas não dispõe de meios de- fensivos eficazes dentro dos quadros legais, vendo-se obrigada a lançar mão das medidas excepcionais que caracterizam o estado de risco iminente da soberania nacional e da agressão externa.” Baseando-se no texto anterior, pode-se entender que: a) Vargas fala em nome da Nação, considerando-se o intér- prete de seus anseios e necessidades; b) a defesa da Nação está exclusivamente nas mãos do Exército e do patriotismo dos brasileiros; c) Vargas delegaàs forças armadas o poder de lançar mão de medidas excepcionais; d) as medidas excepcionais tomadas estão na relação direta da falta de formações políticas atuantes; e) Vargas estabelece uma oposição entre o patriotismo dos brasileiros e a ação da forças armadas. Aula 22 15História 6C 22.10. (UNESP – SP) – Decretada a extinção da Aliança Nacional Libertadora em 1935, seus membros, os não moderados, organizaram a insurreição comunista que foi abafada pelo Governo Vargas. Assinale a alternativa que apresenta a ação política subsequente e relacionada com a referida insurreição. a) A proposta anti-imperialista e antilatifundiária, contida no programa da ANL, foi completamente abandonada. b) Vargas, em proveito de seus planos ditatoriais, explorou o temor que havia ao comunismo. c) Dois meses após a Intentona, todos os presos políticos que aguardavam julgamento, foram colocados em liberdade. d) A campanha anticomunista das classes dominantes contribuiu para que Vargas abandonasse seus planos continuístas. e) Os revoltosos só se renderam depois de proclamada a suspensão definitiva do pagamento da dívida externa. Aprofundamento 22.11. (MACK – SP) – Em 1935, Luiz Carlos Prestes, líder da Aliança Nacional Libertadora (ANL), publica o manifesto abaixo. “A todo povo do Brasil! Aos aliancistas de todo o Brasil! 5 de julho de 1922 e 5 de julho de 1924. Troam os canhões de Copacabana. Tombam os heróis companheiros de Si- queira Campos! Levantam-se, com Joaquim Távora, os soldados de São Paulo e, durante 20 dias é a cidade operária barbaramente bombardeada pelos generais a serviço de Bernardes! Depois… a retirada. A luta he- roica nos sertões do Paraná! Os levantes do Rio Gran- de do Sul! A marcha da coluna pelo interior de todo o país, despertando a população dos mais ínvios ser- tões, para a luta contra os tiranos, que vão vendendo o Brasil ao capital estrangeiro. Quanta energia! Quanta bravura! Mas as lutas continuam, porque a vitória ainda não foi alcançada e o lutador heroico é incapaz de ficar a meio do caminho, porque o objetivo a atingir é a liber- tação nacional do Brasil, a sua unificação nacional e o seu progresso e o bem-estar e a liberdade de seu povo e o lutador persistente e heroico é esse mesmo povo, que do Amazonas ao Rio Grande do Sul, que do litoral às fronteiras da Bolívia, está unificado mais pelo sofrimen- to, pela miséria e pela humilhação em que vegeta do que uma unidade nacional impossível nas condições semicoloniais e semifeudal de hoje! (...). Somos her- deiros das melhores tradições revolucionárias de nosso povo e é, recordando a memória de nossos heróis, que marchamos para a luta e para a vitória!” www.marxists.org/portugues/prestes/1935/07/05.htm – acessado em 11/04/2019 É correto afirmar que o manifesto acima a) está inserido nas lutas políticas dos anos de 1930, her- deiras dos movimentos tenentistas, de forte tendência comunista, como a Coluna Prestes e a Intentona Comu- nista de 1935, que tinha como objetivo a tomada violenta do poder. b) conclama o povo brasileiro a uma revolução de caráter socialista. Para isso recorre à história do movimento tenen- tista, do qual Luiz Carlos Prestes foi o maior expoente, e à evidente tradição revolucionária dos tenentes brasileiros. c) exalta os movimentos tenentistas dos anos de 1920 (Revolta do Forte de Copacabana, Revolução Paulista e Coluna Prestes-Miguel Costa) buscando um passado revolucionário para os movimentos que se opunham ao Estado Novo. d) foi um chamado à população brasileira para, junto a aliancistas, derrubarem o governo de Artur Bernardes e apoiarem, tal qual o movimento tenentista, uma trans- formação da política brasileira, que seria liderada por Getúlio Vargas. e) retoma os 3 grandes movimentos tenentistas (Revolta dos 18 do Forte, Revolta Paulista e Coluna Prestes), identificando-os como revolucionários e predecessores de um movimento ainda maior que estaria por vir, lide- rado pela ANL. 22.12. (IFPE) – Getúlio Vargas é um dos personagens mais complexos e polêmicos da história brasileira republicana. Sua biografia aponta para um indivíduo que tanto soube se amoldar aos tempos democráticos (entre 1945 e 1954) como soube se amoldar aos anos 1930, quando o fascismo se alastrava pelo mundo do Entreguerras. Sobre sua atuação política como presidente do Brasil entre 1930 e 1945, e sobre os grupos políticos do período, é correto afirmar que ele a) se aproximou excessivamente dos grupos comunistas, em especial do tenente Luiz Carlos Prestes, e implantou as leis trabalhistas, a chamada CLT (1943), prejudicando os industriais que contavam com ele para combater os grupos oligárquicos ainda poderosos, bem como o nas- cente movimento operário. b) agiu de maneira conciliatória com todos os grupos políticos (movimento operário Aliança Nacional Liber- tadora, Integralistas, movimento Feminista, Tenentes), incorporando no poder esses diversos segmentos, bem como conferindo direito de voto às mulheres em 1932. c) foi um político que eliminou as oligarquias rurais que haviam dominado política e economicamente o país durante a chamada “República do Café com Leite”, im- plantando reformas econômicas e políticas industriali- zantes e urbanas, prejudicando interesses rurais até então predominantes. d) se aproveitou de uma insurreição comunista malsucedida e de um documento falso no qual continha um plano comunista para tomar o poder (o “Plano Cohen”), e instau- rou uma Ditadura pela qual pôde nomear interventores nos Estados, governar sem partidos políticos, censurar e controlar as informações. e) implantou uma Ditadura no país, de inspiração fascista, nomeada de “Estado-Novo”, apesar das críticas dos grupos políticos de seu tempo, que o apoiaram, considerando que ele seria mais democrático e popular, e uniria o país em torno do Integralismo e das reformas de base. 16 Extensivo Terceirão 22.13. (UNITAU – SP) – Considere as seguintes proposições: I. A Constituição, de 25 de março de 1824, instituía a religião Católica Romana como sendo oficial do Estado brasileiro. II. A Carta Constitucional, de 24 de fevereiro de 1891, esta- belecia para o Brasil um Estado Federativo, um sistema de governo parlamentarista e o sufrágio universal. III. A Constituição, de 16 de julho de 1934, instituía uma única Câmara, subordinando ainda as suas decisões ao Poder Executivo. IV. A extinção da autonomia dos Estados e a hipertrofia do Poder Executivo caracterizavam a Constituição de 10 de novembro de 1937. A alternativa que contém afirmações corretas é: a) I e II c) III e IV e) I e III b) II e III d) I e IV 22.14. Em 2004, foi lançado o filme brasileiro “Olga”, de Jay- me Monjardim. O enredo retrata o relacionamento entre Luís Carlos Prestes e a militante comunista Olga Benário, tendo como “pano de fundo” a era Vargas, um período da História do Brasil recheado de contradições, e sobre o qual se afirma: I. As massas urbanas brasileiras encontravam-se ideolo- gicamente divididas entre o nacional-comunismo da ANL – Aliança Nacional Libertadora – e o fascismo da AIB – Ação Integralista Brasileira –, fato habilmente manipulado pelo Estado como sendo uma ameaça à integridade da nação. II. Assumiu características intervencionistas, paternalistas e nacionalistas, favorecendo a expansão da indústria. III. Instituiu a CLT – Consolidação das Leis do Trabalho – que refletiu a aproximação do Estado com os trabalhadores e o controle daquele sobre o movimento operário. IV. A extradição de Olga Prestes atendia aos interesses dos governos da Alemanha e do Brasil, preocupados com o avanço político de judeus e dos comunistas, o que se constituía uma séria ameaça aos regimes liberais exis- tentes nos dois países. São corretos os itens: a) I e III, somente b) II e IV, somente c) I, II e III d) I, III e IV e) III, somente 22.15. (UFSM – RS) – Sabe-se que Getúlio Vargas governou o Brasil de 1930 a 1945 e de 1951 a 1954. Nessa faseda formação sociopolítica brasileira, destaca-se: a) a personificação mítica de Getúlio, chamado de “pai dos pobres”, em função da defesa dos princípios socialistas de governo. b) a efetiva participação política das massas populares urbanas, as quais conquistaram ampla liberdade de organização sem a tutela do Estado. c) a prática política de Vargas que mesclava populismo e autoritarismo, estabelecendo a soberania do Estado sobre o conjunto da sociedade. d) um dinâmico processo de desenvolvimento industrial, o qual possibilitou a nacionalização total da economia e o apoio político unânime da sociedade ao governo Vargas. e) a consolidação da descentralização do governo, possibi- litando maior independência aos estados na condução dos processos administrativos, políticos e econômicos. 22.16. (UEL – PR) – Leia o poema a seguir. “Governo mais avacalhado O Gegê sempre sorrindo Por causa da nossa ‘Aliança’ Acabará caindo, acabará caindo. O Gegê tá de calças na mão Por causa da nossa revolução O povo todo já está cansado De ser explorado Por este ladrão! O Gegê entrou num botequim Bebeu cachaça e saiu assim... Levando um tamanho chute Foi tomar vermute Com amendoim”. VIANNA, Marly de Almeida Gomes. “Revolucionários de 35: sonho e realidade”. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. p. 561. Os versos transcritos foram cantados pelos “aliancistas”, nos primeiros anos da Era Vargas (1930-1945). Com base nos versos e nos conhecimentos sobre a Era Vargas, considere as afirmativas a seguir. I. Teve como um de seus aspectos marcantes a tendência à Democratização do Estado. II. A Aliança Nacional Libertadora (ANL) foi um movimento que congregou diversos atores sociais: partidos políticos, sindicatos, associações e entidades diversas, sendo suas principais forças políticas os Tenentes e os comunistas. III. O suposto Plano Cohen, imputado aos comunistas pelos oficiais do exército, auxiliou no recrudescimento da re- pressão anticomunista no país e foi uma das justificativas para a implantação do Estado Novo. IV. Com a aquiescência dos comunistas, o governo Vargas preparou os instrumentos de apoio à ANL, primeira tentativa de organização da sociedade civil no Brasil, aprovando a Lei de Segurança Nacional, visando ao combate dos crimes contra a ordem política e social. Estão corretas apenas as afirmativas: a) I e IV c) III e IV e) I, II e IV b) II e III d) I, II e III Aula 22 17História 6C 22.17. (UNESP – SP) – Getúlio Vargas, depois de promulgada a Constituição de 1934, ampliou sua política interven- cionista de modo a ter pleno controle sobre a sociedade e, assim, impor seu plano político. Discorra sobre três características importantes deste go- verno e indique como terminou. 22.18. (UFRJ) – A proclamação a seguir é do movimento que, em nome da Aliança Nacional Liberta- dora, os comunistas deflagraram ao final de 1935 contra o governo Ge- túlio Vagas (1930/45) e que trouxe consequências que marcaram as décadas seguintes da História do Brasil. O Rio Grande do Norte, desafrontado dos dias amargos em que viveu tiranizado por um governo forjado na prostituição dos princípios republicanos de outrora, hasteia-se soberbo, (...) abrindo caminho largo no solo abençoado da Pátria à entrada triunfal do Ca- valeiro da Esperança – Luís Carlos Prestes. (...) A Aliança Nacional Li- bertadora assegura garantias plenas a todos os cidadãos, sem distinção de credo político ou religioso (...). Proclamação dos revoltosos de Natal (RN) em 24 de novembro de 1935, apud: ALVES FILHO, I. “Brasil”, 500 anos em documentos. Rio de Janeiro: Mauad, 1999. 2. ed., p. 446. a) Explique o aparecimento do nome de Luís Carlos Prestes na proclama- ção dos revoltosos. b) Cite uma consequência do fracasso do levante de 1935 para a História brasileira dos anos 30. Desafio 22.19. (FUVEST – SP) – Observe com atenção as duas imagens, que remetem à propaganda política durante a Era Vargas (1930-1945), e responda ao que se pede. a) Aponte um elemento formal de mobilização comum aos dois cartazes. b) Identifique os dois movimentos políticos representados nas propagandas a que se referem as duas imagens. c) Mencione um traço convergente e outro divergente entre as plataformas destes projetos políticos. 18 Extensivo Terceirão Gabarito 22.01. b 22.02. d 22.03. d 22.04. a 22.05. a 22.06. a 22.07. c 22.08. c 22.09. a 22.10. b 22.11. e 22.12. d 22.13. d 22.14. c 22.15. c 22.16. b 22.17. Período dito constitucional, legitimado pela eleição indireta de Getúlio Vargas e polarizado entre AIB e ANL. Teve seu desfecho em 1937, com um golpe de estado, após o suposto Plano Cohen. 22.18. a) A proclamação de Luís Carlos Pres- tes, se deve à sua liderança frente a Coluna Prestes, à presidência da ANL (Aliança Nacional Libertadora) e por ter sido um dos articuladores da In- tentona Comunista de 1935. b) O temor do comunismo foi utilizado por Getúlio Vargas. Em 1937, argu- mentando que os comunistas arti- culavam um golpe para a tomada de poder, Getúlio Vargas articulou um golpe de Estado e instituiu a ditadura do Estado Novo. 22.19. a) Ambos os cartazes fazem uma con- vocação direta e impositiva ao espec- tador. b) Imagem da esquerda: Revolução Constitucionalista de 1932. Imagem da direita: mobilização da Ação Inte- gralista Brasileira. c) Convergente: ambos os movimentos opunham-se a Vargas. Divergente: a Revolução de 1932 tinha caráter constitucional e a mobilização da AIB tinha caráter totalitário de poder. 19História 6C História 6CAula 23 O Estado Novo (1937-1945) O que caracteri- zou o Estado Novo (1937-1945)? A ditadura implantada por Vargas possibilitou a consolidação do seu projeto de substituição de importações, sem que se afetassem os interesses das elites latifundiárias. Permitiu também que se exercesse um maior controle sobre os traba- lhadores e seus sindicatos, por meio do Ministério do Trabalho, evitando qualquer “desperdício de energia” na tarefa da industrialização do país. Apesar de impor uma di- tadura “de fato”, Getúlio não descuidou da face “legalis- ta” de seus atos. Quando do golpe, em 10 de novembro, o Presidente outorgou uma nova Constituição, redigida por seu Ministro da Justiça, Francisco Campos. De cunho autoritário, baseada na Carta Polonesa do ditador Pilsudski, ficou, em face disso, conheci- da como “a polaca”. Getúlio impôs um rígido con- trole sobre a sociedade e justificou todas as ações em nome dos “inte- resses da Nação”. Todos aqueles que se opusessem aos seus projetos eram considerados inimigos, não só do governo mas de todo o “povo”. Além disso, eram características do período: • concentração do poder no Executivo que, por sua vez, era exercido por um líder e tinha como base de sustentação as Forças Armadas; • retorno da figura do “interventor” dos Estados, nomeados pelo presi- dente; os Estados, assim, perderam a autonomia, sendo-lhes, inclusive, negado o direito a hinos e bandeiras próprios; • extinção dos partidos; Sentindo-se traídos por Getúlio, os integralistas – cujo partido, a AIB, foi fechado em dezembro de 1937 – tentaram uma Intentona, chefiada por Belmiro Valverde e Severo Fournier. O movimento, que eclodiu em 11 de maio de 1938, consistiu em um atentado ao Palá- cio Guanabara e à Sede do Ministério da Marinha. O movimento foi sufocado e Plínio Salgado, mesmo negando qualquer envolvimento, partiu para o exílio. • restabelecimento da pena de morte; • prorrogação do mandato presidencial até a realização de um plebiscito, que nunca chegou a ser realizado. Mecanismos de ação e controle A Ju ve nt ud e no E st ad o N ov o, D IP, R io d e Ja ne iro 20 Extensivo Terceirão • Censura: para a garantia e funcio- namento do novo regime, o governo Vargas cercou-se de instrumentos de controle e repressão, especialmente o DIP, Departamento de Imprensa e Propaganda, que tinha a tarefa de controlar toda a imprensa e de- terminar oque podia ou não ser publicado. Programas nacionais e estrangeiros eram censurados. Telegramas, notícias de greves e até de catástrofes naturais, como enchentes, passavam pelo crivo dos censores desse órgão. Ao mesmo tempo, o DIP fazia propaganda do regime, um verdadeiro culto à personalidade. • Repressão: a repressão ideológica era feita pela Polícia Política, chefiada por Felinto Muller, que, tal como nos regimes totalitários europeus, especializou-se em prá- ticas de extrema violência, torturando e assassinando os indivíduos considerados nocivos à ordem instituída. • Trabalhadores: o novo regime procurou, de todas as formas, anular a influência política do operariado, utilizando-se do enquadramento dos trabalhadores pelos sindicatos oficiais. Assim, a autonomia sindical foi liquidada com a instituição do Imposto Sindical, recolhido pelo Ministério do Trabalho para pagar o pessoal que controlava os sindicatos. A conse- quência foi o surgimento dos “pelegos”, líderes sin- dicais que representavam os interesses do governo. Em primeiro de maio de 1943, Getúlio anunciou a Consolidação das Leis do Trabalho, a CLT. Baseada na Carta del Lavoro, de Benito Mussolini, a mais ampla legislação trabalhista já feita no Brasil proibia as gre- ves, e os sindicatos passaram a ter função recreativa. Apesar disso, a propaganda intensa do DIP legou ao futuro a ideia de um presidente intensamente preocupado com os trabalhadores, que editou a CLT, um documento avançado e democrático. • Economia e burocracia: no Estado Novo, Getúlio passou a intervir fortemente na atividade industrial, criando condições para o empresariado – incenti- vos fiscais e achatamento salarial – e investindo diretamente, como no caso da consolidação da indústria de base, com a criação da Companhia Siderúrgica Nacional, a CSN. Foi o que denomi- nou de “Modernização Conservadora”. Em pr es a Br as ile ira d e N ot íc ia s, Ri o de Ja ne iro Tamanho processo de interferência e centrali- zação exigia a formação de uma burocracia bem treinada. Para isso, Vargas criou o DASP – Departamento de Admi- nistração e Serviço Público – base da estrutura do funcionalismo nacional. Que fatores contribuíram para a crise do Estado Novo? O principal fator responsável pela crise política do Estado Novo foi a entrada do Brasil na Segunda Guerra. As ligações econômicas entre o Brasil e os EUA decidiram o destino brasileiro na Segunda Guerra, que havia eclodido em 1939. Apesar de ficar um bom tempo neutro e das pressões pró-Alemanha de importantes personagens do Governo, como Felinto Muller e Góis Monteiro, Getúlio acabou fazendo a opção americana e rompeu relações com o Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Pouco depois, o afundamento de navios brasileiros por submarinos ale- mães provocou uma reação popular gigantesca, levando o governo brasileiro a declarar guerra à Alemanha. Comandados pelo General Mascarenhas de Morais, os primeiros contingentes da FEB – Força Expedicio- nária Brasileira – desembarcaram em Nápoles, a 16 de julho de 1944. Apesar do reduzido número de soldados, além da participação da Força Aérea Brasileira e da Marinha, a atuação brasileira foi significativa. Observe no mapa da página seguinte os locais de confrontos e as principais vitórias obtidas pelos pracinhas brasileiros. O envolvimento do Brasil na guerra em defesa das democracias e contra os regimes fascistas despertou na sociedade civil uma reação muito coerente: a democra- cia pela qual nossos soldados arriscavam suas vidas de- veria ser reconstituída também no Brasil. Em face disso, as manifestações pelo fim do Estado Novo tornaram-se irresistíveis. Entre as diversas manifestações que colocaram o Governo Vargas contra a parede, podemos citar: • o manifesto dos mineiros, em 1943; • a declaração dos escritores, em 1945; • a entrevista do escritor José Américo de Almeida, divulgada no Correio da Manhã, em 1945; • o manifesto da Sociedade dos Amigos da América, também divulgado no Correio da Manhã, em 1945. Th eo C or de iro . 2 00 8. D ig ita l. Felinto Muller Th eo C or de iro . 2 00 8. D ig ita l. Aula 23 21História 6C Em pr es a Br as ile ira d e N ot íc ia s/ Ar qu iv o N ac io na l Movimento Queremista Ta lit a Ka th y Bo ra CAMPANHA DO BRASIL NA ITÁLIA Diante das pressões da opinião pública, Getúlio fez o que parecia impensável. Iniciou a redemocratização do próprio regime ditatorial que comandava. Entre as medidas tomadas pelo ditador, podemos destacar: • a anistia a presos políticos, após o fracasso da Intentona Comunista (inclusive do líder comunista Luís Carlos Pres- tes, encarcerado desde 1936). O curioso foi que, depois de nove anos na prisão do Estado Novo, Prestes organizou uma manifestação popular no Rio de Janeiro e expressou seu apoio ao governo de Getúlio; • a fixação de uma data – 2 de dezembro de 45 – para a realização de eleições para presidente e para um Congresso Constituinte; • a reorganização partidária: Vargas criou dois partidos “para si”, o PSD (Partido Social Democrático), que aglutinava os setores ligados à política e economicamente ao getulismo; e o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), criado para atrair as massas trabalhadoras dos grandes centros urbanos que viam no presidente a figura do “pai dos pobres”; • a legalização do PCB, que passou a apoiar Getúlio; • a adoção de medidas de caráter nacionalista, como a Lei Malaia, que coibia a ação dos trustes. Apesar das concessões, as pressões continuavam de forma insistente, batendo na tecla da redemocratização plena, com eleições e troca do chefe do Executivo. Mesmo assim, Getúlio articulou um movimento com o objetivo de ganhar tempo. Foi o queremismo, que consistiu na organização de grandes manifestações públicas – apoiadas pelos trabalhistas e comunistas – com o propósito de apoiar a tese de que o período de elaboração de uma nova Constituição deveria ocorrer com Getúlio no Governo. Só após a promulgação deveriam ocorrer eleições. A expressão “queremismo” advém do slogan “Quere- mos Getúlio!“, gritado nas ruas pelos grupos pró-Getúlio. No entanto, vários fatores inviabilizaram o governo getulista, apesar de toda a sua habilidade e “fôlego de gato”. O principal desses fatores foi a aproximação do presidente com as esquerdas, em um clima de Guerra Fria que se instaurava, o que fez com que os militares perdessem a confiança no velho ditador e resolvessem interceder para impedir a sua continuação no poder. 22 Extensivo Terceirão No dia 29 de outubro de 1945, os mesmos generais Eurico Gaspar Dutra e Góis Monteiro, que ajudaram a sustentar o regime político varguista por tanto tempo, impuseram a sua renúncia. Sem o apoio do exército, Getúlio soube articular golpes com precisão e maestria, aceitando a hora da derrota e da renúncia. O presidente do Supremo Tribunal Federal, José Linhares, assumiu o poder e, na data marcada – 2 de dezembro – , realizaram-se as eleições. Getúlio, no entanto, ainda não havia dado adeus, mas até logo... Testes Assimilação 23.01. (UERJ) – O artista Belmonte, por meio de seu personagem Juca Pato, retratou episódios importantes da história brasileira e inter- nacional entre as décadas de 1920 e 1940. A charge acima, por exemplo, tematiza de forma irônica a entrada do governo brasileiro em 1942 na Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A atitude de Juca Pato, ao decidir ir à guerra, está associada à seguinte conjuntura do governo varguista: a) crise militar. b) caráter ditatorial. c) pressão eleitoral. d) soberania diplomática. 23.02. (ESPCEX – SP) – O Estado Novo foi um período da chamada “Era Vargas”, em que o presidente tinha os mais amplos poderes. Das alternativas abaixo, aponte aquela que corresponde a um evento ocorrido durante o Estado Novo. a) A população paulista deflagrou a chamada Revolução Constitucionalista. b) Foi criado o Ministério da Educação e Saúde, em novem- brode 1930. c) Eclodiu a Intentona Comunista. d) O Governo aprovou a Lei de Sindicalização, que definia os sindicatos como órgãos consultivos. e) O Brasil participou da Segunda Guerra Mundial com a Força Expedicionária Brasileira. 23.03. (UEGO) – Leia o texto a seguir. Porém foi logo outorgada Nova Constituição: Uma carta diferente Sem ter tido eleição, O chamado “Estado Novo” Sem ter o voto do povo Na sua elaboração. [...] Agora os trabalhadores Pela lei nacional Tinham um salário mínimo Com descanso semanal, Férias e outros direitos, Embora não tão perfeitas Porém dando o essencial. SANTOS, Antônio Teodoro dos. Vida, tragédia e morte do presidente Getúlio Vargas. 1954. Folheto de cordel. O poema de cordel citado comenta a Constituição de 1937, redigida às pressas por Francisco Campos, com o objetivo de dar aparência de legitimidade ao governo de Getúlio Vargas após o golpe que impôs o Estado Novo. Esse texto constitucional ficou conhecido como a) Pai dos Pobres, por criar o salário mínimo e estabelecer diversas leis trabalhistas. b) Camisa Verde, por apoiar manifestações patrióticas do Movimento Integralista. c) Polaca, por ter sido inspirado nas constituições da Itália fascista e da Polônia. d) Carta Nova, por abandonar e tornar nulos os preceitos da Constituição de 1934. e) Querenista, por fomentar manifestações com o lema “queremos Getúlio”. 23.04. (IFCE) – No final dos anos 1920 e início dos anos 1930 o Brasil vivia uma crise generalizada com recessão econômica, retração das exportações e diminuição do capital estrangeiro. Com o desdobramento da crise, ocorreu uma ruptura na política brasileira levando Getúlio Vargas ao poder, no qual permaneceu de 1930 até 1945. Aula 23 23História 6C Sobre o período conhecido como Estado Novo (1937- 1945), ou Ditadura Varguista, no qual Vargas deu um golpe e conti- nuou no poder, é correto afirmar-se que a) Vargas adotou as seguintes medidas: suspensão dos direitos individuais, perda da autonomia dos estados, subordinação dos poderes Legislativo e Judiciário ao Executivo. b) apesar de ser uma ditadura, as pessoas não eram repri- midas. c) não havia radicalização política no período, pois as pesso- as eram satisfeitas com a qualidade de vida que tinham e não desejavam mudanças. d) não foram criados órgãos para aparelhamento de controle do Estado que vigiassem a sociedade. e) foi um período de democratização da sociedade bra- sileira promovida pelo Departamento de Imprensa e Propaganda. Aperfeiçoamento 23.05. (IFSUL) – Observe os trechos de músicas, referentes a dois momentos da música brasileira: A. O que será de mim? (Ismael Silva,1931) Se eu precisar algum dia De ir pro batente Não sei o que será Pois vivo na malandragem E vida melhor não há (...) Deixa quem quiser falar O trabalho não é bom Ninguém pode duvidar Oi, trabalhar só obrigado Por gosto ninguém vai lá B. O bonde São Januário (versão alterada/ Ataulfo Al- ves/Wilson Batista, 1941) Quem trabalha é que tem razão Eu digo e não tenho medo de errar O bonde São Januário Leva mais um operário Sou eu que vou trabalhar Antigamente eu não tinha juízo Mas resolvi garantir meu futuro Vejam vocês: Sou feliz, vivo muito bem A boemia não dá camisa a ninguém(...) Os trechos das músicas A e B retratam diferentes visões sobre o trabalho, expressadas em dois clássicos do samba. Observe as seguintes afirmativas referentes à mudança na visão sobre o trabalho, no intervalo de tempo que separa as duas composições. I. nos dois documentos, retrata o processo de amadure- cimento da classe trabalhadora brasileira com relação à importância do trabalho. II. nos dois documentos, exemplifica os efeitos da política cultural do primeiro governo Vargas, reforçada com a cria- ção do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), sendo parte do ideário do Estado Novo. III. nos dois documentos representa a crítica à Revolução Industrial e à exploração da classe trabalhadora, feitas pela ideologia socialista, que ocorria em todo o mundo e tinha desdobramentos no Brasil dos anos 30/40. Está (ão) correta (s) a (s) afirmativa (s): a) I, apenas. c) III, apenas. b) II, apenas. d) I, II, III. 23.06. (MACK – SP) – “A Segunda Guerra Mundial foi o divisor de águas nos rumos do Estado Novo: garantiu o protagonismo do projeto de modernização proposto pelo regime, ao mesmo tempo que revelou o esgota- mento da sua natureza autoritária.” (Schwarcz, Lilia M. e Sterling, Heloisa M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Cia das Letras, 2015, p. 383) A partir do trecho dado, analise as afirmações abaixo. I. O projeto de modernização está relacionado à entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, pois garantiu empréstimos que resultaram na criação da Cia Vale do rio Doce e na construção de uma usina siderúrgica em Volta Redonda. II. Associada à luta pela democracia, o fim da guerra revelava a contradição de combater o fascismo na Europa e manter um regime autoritário no país. Essa contradição será funda- mental para o questionamento da validez do Estado Novo. III. A queda do Estado Novo está ligada diretamente a uma pressão diplomática norte-americana e à ação dos ministros Dutra e Góis Monteiro, homens de confiança de Vargas, que se posicionaram pelos Aliados desde o início da guerra. São corretas as afirmações. a) I, apenas. c) I, II e III. e) II e III, apenas. b) I e II, apenas. d) II, apenas. 23.07. (MACK – SP) – “Quando terminar a guerra, em am- biente propício de paz e de ordem, com as garantias máximas à liberdade de opinião, reajustaremos a estrutura política da nação, faremos de forma ampla e segura as necessárias consultas ao povo brasileiro.” O trecho, parte do discurso proferido por Getúlio Vargas, pouco depois da entrada do Brasil no conflito da Segunda Guerra Mundial, significava que a) com o fim do conflito mundial, o presidente Vargas pode- ria aproveitar-se desse pretexto, extinguir o Estado Novo e implantar a democracia, vencendo as resistências que havia em alguns setores do seu governo. b) a entrada do Brasil na Segunda Grande Guerra a favor dos aliados e contra às forças expansionistas do Eixo favorecera o crescimento dos grupos políticos nacionais que lutavam pela liberalização e democratização do nosso país. 24 Extensivo Terceirão c) perante à eminente vitória dos Aliados, o presidente Var- gas pode antecipar a liberalização do regime, pois esse havia sido interrompido por causa de ameaças internas sofridas vindas de grupos integralistas. d) o presidente brasileiro pretendia manter-se no poder e planejava um golpe político para ampliar seu mandato, estipulado para acontecer assim que os nossos soldados voltassem para o país, após o final do conflito mundial. e) com o término da guerra e a vitória dos Aliados, foi ne- cessário aumentar o poder repressivo no país, a fim de controlar as manifestações populares que desejavam o fim do Estado Novo. 23.08. (EBMSP – BA) – O termo salazarismo provém de Antônio de Oliveira Salazar, chefe do governo por- tuguês de 1932 a 1968. Vale ressaltar, que o termo “Estado Novo” foi criado por uma justificativa ideo- lógica, como uma maneira de simbolizar o país em uma nova era, a partir da Revolução Nacional de 28 de Maio de 1926, encerrando o período de liberalismo em Portugal, vigente desde os tempos da monarquia constitucional e da Primeira República. O franquismo foi um regime de ditadores fascistas que surgiu na Espanha depois do término da guerra civil. O franquismo foi comandado pelo general Fran- cisco Franco, que teve seu nome associado a esse pe- ríodo, e atravessou décadas. Nos primeiros anos, esse regime firmou a repressão brutal contra adversários e praticou uma política econômica que tinha poder sobre si mesmo o que fez com que o desenvolvimento do país parasse. As bases do franquismo foram defini- das pelo catolicismo e pelo anticomunismo Disponível em: <http://salazarismoefranquismo.blogspot.
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