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Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB Adaptações maternas à Gravidez Obstetrícia Sistema circulatório Adaptações hematológicas O aumento do volume sanguíneo (30 – 50% maiores que os níveis pré-gestacionais) e suas alterações constitucionais são as primeiras adaptações circulatórias observada na gestante = Hipervolemia* *associada ao aumento das necessidades de suprimento sanguíneo nos órgãos genitais, principalmente útero; função protetora para a gestante e feto em relação à redução do retorno venoso, comprometido com as posições supina e ereta e, também, às perdas sanguíneas esperadas no momento de parto; - Eritrócitos Apesar da hemodiluição fisiológica, há aumento do número de eritrócitos; Há aumento da produção de hemácias, por conta do aumento dos níveis plasmáticos de EPO; Hematócrito chega a nível fisiológico de 32% durante a gravidez (normal em não gestantes = 38 – 42%). - Hemoglobina Sua concentração está reduzida durante a gravidez, resultado da hemodiluição; Gestantes com Hb < 11 mg/dL no 1ºT e <10,5 mg/dL no 3º T são consideradas anêmicas. - Leucócitos Leucocitose pode estar presente na gravidez normal, com valores totais até 14.000/mm³; Durante o parto e puerpério imediato, a leucocitose pode chegar a 29.000/mm³; Proteínas inflamatórias da fase aguda apresentam aumento em todo período gestacional; VHS aumenta por conta do aumento de fibrinogênio e globulinas no sangue. - Plaquetas e sistema de coagulação Os níveis plaquetários estão discretamente reduzidos na gravidez normal (< 100.000/ mm³); Há aumento na produção de TxA2 – aumenta agregação plaquetária e reduz ainda mais sua contagem; A contagem de plaquetas volta a aumentar logo após o parto e continua subindo até a normalização por volta de 3 – 4 semanas; Todos os fatores de coagulação estão aumentados, exceto XI e XIII; Fibrinogênio e D dímero estão aumentados. - Metabolismo de Ferro Há aumento significativo das necessidades de consumo de ferro durante a gravidez, causando, não raramente, a deficiência de ferro; Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB Fatores que contribuem para o estado de deficiência de ferro: consumo pela unidade fetoplacentária, utilização para síntese de Hb e mioglobina para aumento da massa eritrocitária e da musculatura uterina, depleção por perdas sanguíneas e pelo aleitamento; A demanda por ferro é maior na segunda metade da gravidez, chegando a uma necessidade de 6 – 7 mg/dia no 3ºT. Adaptações cardiovasculares Aumento da Fc (15 – 20 bpm) + elevação do volume plasmático = aumento do DC em até 2x; O predomínio da posição supina a partir da 20° semana reduz Dc de 25 – 30% por conta da compressão da VCI reduzir o retorno venoso. Isso melhora com decúbito lateral; Aumento da produção de prostaciclina em relação aos tromboxanos = aumento da vasodilatação sistêmicas + redução da PA = o normal é a gestante apresentar leve hipotensão; O diafragma se eleva por conta do aumento do volume abdominal; Sopro cardíaco é comum, assim como extrassístoles ventriculares e taquicardia paroxística; O coração é desviado para cima e para baixo, além de rodar para a face anterior do tórax. Sistema Endócrino Aumento de prolactina, GH, ACTH, MSH, Ocitocina (aumento no parto); TSH está reduzido no primeiro trimestre, normalizando no segundo e no terceiro trimestre; FSH e LH estão reduzidos. ADH tem seus níveis mantidos, mas com menor limiar para liberação. T3 e T4 total aumentados, T4L tem discreto aumento no primeiro trimestre, normalizando no segundo e terceiro; PTH redução no 1 tri, platô e aumento discreto no 3 tri; Calcitonina tem aumento; Cortisol, aldosterona tem aumento; Andrógenos: redução de DHEA-s e auemnto de androstediona e TTT; Aumento de progesterona, estrógenos; Aumento de relaxina: atua sobre as fibras colágenas no miométrio e atua sobre as articulações permitindo expansão do quadril. Metabolismo hídrico Aumento do volume de h2o; Aumento da ativação do SRAA; Redução de Hb, albumina, hematócrito; Aumento do Dc; Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB Elevação do fluxo plasmático renal; Edema periférico. Sistema metabólico Efeito diabetogenico - para manter a disponibilização de glicose ao feto, há aumento da resistência insulínica materna, criando um ambiente de hiperglicemia pós-prandial; Fase anabólica = concepção até 24 - 26 semanas = lipogênese materna, aumentando seu depósito de gordura; Fase catabólica = de 30 semanas até o parto = lipólise materna para compensar o jejum materno e disponibilizar glicose e AA ao feto; Aporte calórico adicional é estimado em = 85 kcal (1), 285 (2) e 475 (3); Na gravidez há aumento dos níveis de colesterol total e suas frações, além de triglicérides. Modificações da pele Estrógenos estimulam a proliferção da vasculatura = angiogênese; Progesterona estimula vasodilatação periférica; Estrias = estiramento das fibras colágenas = ficam avermelhadas na gestação e brancacentas após o parto; Eritema palmar = vermelhidão difusa; Linha nigrans = pigmentação da linha média do abdome; Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB Melasma ou cloasma = manchas acastanhadas na pele; Angiomas = alterações vasculares cutâneas (elevações vermelhas na face, pescoço, tórax e braços); Vagina arroxeada. Sistema esquelético Articulações = sofrem relaxamento, com acúmulo de líquido por conta da embebição gravídica; Relaxina = promove maior mobilidade das articulações sacrilíacas; Hiperlordose e hiper cifose compensatórias = marcha anserina; Flexão cervical promovendo compressão das raízes cervicais = fadiga muscular, parestesia, dores cervicais e lombares. Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB Sistema gastrointestinal Aumento de fosfatase alcalina, saturação de colesterol e vascularização gengival Redução do peristaltismo, esvaziamento gástrico, tônus do EGE, contração da vesícula biliar; Repercussões = pirose, obstipação intestinal, aumento de litíase biliar, varizes hemorroidárias e sangramento gengival. Sistema respiratório Aumento da elevação do diafragma, consumo de o2 (20%), ventilação minuto em repouso, edema de mucosa nasal e edema faríngeo das VA; Diminuição da capacidade residual funcional (20 - 25%), capacidade respiratória total, PCO2 arterial, bicarbonato sérico para compensar a alcalose respiratória; Repercussões = hiperventilação, dispneia fisiológica, obstrução nasal, sangramento, rinite, alcalose respiratória compensada, dificuldade na intubação e alteração da gasometria. Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB Sistema urinário Alterações mecânicas, fisiológicas e anatômicas Aumento da TFG: redução da ureia e creatinina plasmáticas; Aumento de Na+; Útero comprime rins, ureteres e bexiga = hidronefrose fisiológica; Progesterona promove dilatação do trato urinário = estase; Diminuição do tônus vesical; Repercussões = glicosúria fisiológica, aumento da incidência de ITU, aumento da frequência urinária, incontinência e hidronefrose direita. Sistema nervoso Discretas alterações na memória e concentração; Sonolência causada pela progesterona, a qual é depressora do SNC que + hiperventilação = alcalose respiratória; Lentidão por alterações vasculares das ACM e ACP; Hiperêmese gravídica por ação do HCG; Alteração do padrão e qualidade de sono = fadiga; Quadros psíquicos, como o blues puerperal e depressão; Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB Aumento dos quadros de enxaquecas. Visão, olfato e audição Diminuição da acuidade visual = edema e opacificação da córnea; Alteração de retina da conformação vascular ao exame de fundo de olho - suspeitar de doença hipertensiva; Mucosa nasal edemaciada e hipervascularizada; Diminuição da acuidade auditiva, com melhora pós-parto; Zumbidos e vertigem.Sistema genital Útero Coloração passa a ser violácea, por aumento da vascularização e vasodilatação venosa + consistência amolecida; Sinal de Hegar: amolecimento e embebição do istmo do colo uterino. Ao toque combinado nota aumento da anteverso flexão uterina; Sinal de Noble-Budin: o útero ocupa os fórnices vaginais anteriores; Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB Sinal de Piscacek: assimetria uterina provocada pelo local de implantação do embrião - observada durante o parto se o útero for bicorno (formato de coração). Colo uterino Torna-se amolecido; Maior vascularização; Mácula rubra: eversão da mucosa endocervical; Posição posterior ao côncavo-sacro; Tampão mucoso: fechamento do canal cervical; Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB Encurtamento do colo = prenúncio do parto; Apagamento do colo devido às contrações. Vulva e vagina Estrogênio promove espessamento de epitélio vaginal; pH mais ácido, aumentando a proteção vaginal, mas favorece a candidíase; Vulva mais arroxeada : sinal de Jacquemier-Chadwick; Sinal de Kluge: aumento vascular local; Sinal de Isiander: percepção da pulsação das artérias vaginais dilatadas nos fórnices laterais. Mamas Aumento da temperatura mamária; Mastalgia e hipersensibilidade; Aumento do volume mamário; Rede de Haller = hipervascularização do tecido glandular tornando visível a rede venosa sobre a pele; Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB Aréola secundária ou sinal de Hunter = mamilos com cor acastanhada, e os limites imprecisos que circundam a aréola; Tubérculos de Montgomery = hipertrofia de glândulas sebáceas dos mamilos, que foram elevações visíveis.
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