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FRoNt_SENAD_MJSP_Modulo_5

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Prévia do material em texto

MÓDULO 5
TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO 
AO NARCOTRÁFICO E AO 
CRIME ORGANIZADO
EXPEDIENTE
Baixe o aplicativo Zappar no seu celular ou tablet
REALIDADE AUMENTADA (RA) 
Nas páginas deste material encontram-se códigos como este ao lado 
que dão acesso a conteúdos extras. Para visualizá-los, baixe o aplicativo 
Zappar no seu celular ou tablet e enquadre os códigos no aplicativo (você 
precisa ter conexão à internet).
Todo o conteúdo do Curso FRoNt - Fundamentos para Repressão ao Narcotráfico 
e ao Crime Organizado, da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD), 
Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) do Governo Federal - 2021, está 
licenciado sob a Licença Pública Creative Commons Atribuição - Não Comercial- 
Sem Derivações 4.0 Internacional. 
Para visualizar uma cópia desta licença, acesse:
https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt_BR
BY NC ND
GOVERNO FEDERAL 
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA 
SECRETARIA NACIONAL DE POLÍTICAS SOBRE DROGAS 
 
SECRETÁRIO NACIONAL 
Luiz Roberto Beggiora 
 
DIRETOR DE POLÍTICAS PÚBLICAS 
E ARTICULAÇÃO INSTITUCIONAL 
Gustavo Camilo Baptista 
 
COORDENADOR-GERAL DE PESQUISA E FORMAÇÃO
Carlos Timo Brito
 
CONTEUDISTAS 
George Felipe Lima Dantas
Isângelo Senna da Costa 
 
REVISÃO DE CONTEÚDO 
Carlos Timo Brito
Fernanda Flavia Rios dos Santos 
 
APOIO 
Ana Carolina Pastorino Magalhães
Daphne Sarah Gomes Jacob
Eurides Branquinho da Silva
Maria Aparecida Alves Dias
Maria de Fatima Pinheiro de Moura Barros
Tatiana Almeida Santos
https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt_BR
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (SEAD)
SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Luciano Patrício Souza de Castro
labSEAD
COORDENAÇÃO GERAL
Luciano Patrício Souza de Castro
FINANCEIRO
Fernando Machado Wolf
CONSULTORIA TÉCNICA EAD
Giovana Schuelter 
COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO
Francielli Schuelter 
COORDENAÇÃO DE AVEA
Andreia Mara Fiala 
SECRETARIA
Caroline da Rosa 
Gabriela Cassiano Abdalla
DESIGN INSTRUCIONAL
Supervisão: Milene Silva de Castro
Gabriel de Melo Cardoso
Márcia Melo Bortolato
Marielly Agatha Machado
DESIGN GRÁFICO
Supervisão: Sharlene Melanie Martins de Araújo
Heliziane Barbosa
Juliana Jacinto Teixeira
Luana Pillmann de Barros
Vinicius Alves Jacob Simões
REVISÃO TEXTUAL
Cleusa Iracema Pereira Raimundo
PROGRAMAÇÃO
Supervisão: Alexandre Dal Fabbro
Cleberton de Souza Oliveira
Thiago Assi
AUDIOVISUAL
Supervisão: Rafael Poletto Dutra
Fabíola de Andrade
Luiz Felipe Moreira Silva Oliveira
Renata Gordo Corrêa
TÉCNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
Dalmo Tsuyoshi Venturieri
Wilton Jose Pimentel Filho
SUMÁRIO
Unidade 1 | aTIVIdade POLICIaL: 
COMPOnenTeS da PRÁTICa, 
enVOLVIMenTO eM PROCeSSOS 
JUdICIaIS e aTIVIdade PRISIOnaL
Unidade 2 | eMPReGO da 
InTeLIGÊnCIa PaRa RePReSSÃO 
aO naRCOTRÁFICO e aO CRIMe 
ORGanIZadO
1.1 Componentes da prática: técnica, tática e 
estratégia policial 
2.1 Doutrina Nacional de Inteligência de 
Segurança Pública (DNISP)
1.2 Envolvimento em processos judiciais: meios de 
prova e meios de obtenção de prova
2.2 Atividade de investigação e atividade de 
Inteligência de Segurança Pública
7
7
25
25
aPReSenTaÇÃO 6
14
27
2.3 Técnicas Operacionais de Inteligência de 
Segurança Pública
30
1.3 Atividade prisional 20
Unidade 4 | COnVenÇÕeS e 
enTIdadeS InTeRnaCIOnaIS de 
COnTROLe de dROGaS e RePReSSÃO 
dO naRCOTRÁFICO
4.1 Convenções das Nações Unidas sobre Drogas 
(1961, 1971 e 1988)
4.2 Convenção de Palermo
52
52
61
ReFeRÊnCIaS 74
Unidade 3 | nOÇÕeS BÁSICaS de 
anÁLISe CRIMInaL anTIdROGaS
3.1 Breve histórico da Análise Criminal 36
36
423.2 Fundamentos da Análise Criminal 
Investigativa
4.3 Entidades internacionais 1: CND e UNODC 
(ONU); Comissão Europeia; CICAD (OEA)
4.4 Entidades internacionais 2: INTERPOL, 
EUROPOL e AMERIPOL
64
68
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 6
aPReSenTaÇÃO
Olá, cursista!
Neste módulo, apresentaremos os instrumentos e procedimentos 
que possibilitam ao Estado brasileiro, em articulação com outras 
nações e organizações internacionais, reprimir o narcotráfico e o 
crime organizado e promover a segurança pública. Para tanto, iremos 
explorar a atividade policial em termos de seus componentes práticos 
e seu envolvimento em processos judiciais e, em especial, conhe-
ceremos o importante papel dessa atividade no âmbito prisional. 
Também conheceremos as diversas possibilidades de atuação policial 
e identificaremos a importância da área de Inteligência de Segurança 
Pública para promover estratégias efetivas de repressão ao narco-
tráfico. Estudaremos, ainda, as principais atividades e técnicas de 
inteligência policial. 
Em seguida, examinaremos a Análise Criminal, desde sua origem e 
desenvolvimento até seu estado atual e as competências essenciais 
de um analista criminal, especialmente aqueles responsáveis pela 
gestão. Por fim, identificaremos as principais convenções e entidades 
internacionais de controle de drogas e repressão do narcotráfico. 
Esperamos que as competências desenvolvidas neste módulo possam 
qualificar ainda mais os agentes que estão, direta ou indiretamente, 
envolvidos com a repressão ao narcotráfico.
OBJeTiVOS dO MódULO
 � Descrever os aspectos relevantes das atividades policial e 
prisional com vistas à previsão, prevenção, neutralização e 
repressão do narcotráfico e do crime organizado.
 � Examinar as bases doutrinárias, os conceitos e as técnicas de 
Inteligência de Segurança Pública relacionados à temática 
deste módulo.
 � Identificar as noções básicas de Análise Criminal voltadas ao 
enfrentamento do narcotráfico e do crime organizado.
 � Identificar as principais convenções e entidades relacionadas 
à repressão ao narcotráfico e ao crime organizado em 
âmbito internacional.
Enquadre no seu celular 
ou tablet o código de 
REALIDADE AUMENTADA 
do aplicativo Zappar 
para assistir ao vídeo de 
apresentação do módulo.
RA
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 7
Unidade 1
aTIVIdade POLICIaL: 
COMPOnenTeS da PRÁTICa, 
enVOLVIMenTO eM PROCeSSOS 
JUdICIaIS e aTIVIdade PRISIOnaL
COnTexTUaLiZandO
De acordo com Greene (2007), em sua obra “Enciclopédia de Ciência 
Policial”, a ciência policial é composta de um amplo conjunto de 
atividades que incluem desde a prática de policiamento, no âmbito 
individual, até interconexões de policiamento de âmbito coletivo, 
que podem abranger o mundo todo. 
A ciência policial é multidisciplinar e se intersecciona, principal-
mente, com o campo do direito e das ciências físicas (no caso da 
ciência forense, por exemplo). Essa ciência também se serve da 
psicologia, da sociologia, das políticas públicas, da história, da eco-
nomia, da geografia e de métodos de avaliação e análise estatística, 
bem como da criminologia e da administração da justiça. O exercício 
da atividade policial, incluindo seus métodos e procedimentos, é, 
portanto, informado por variados domínios do conhecimento. 
Assim, nesta unidade, apresentaremos alguns métodos e proce-
dimentos policiais que demandam conhecimentos e habilidades 
técnicas específicas e também multidisciplinares para sua aplicação. 
Por meio desta apresentação, objetivamos aumentar seu grau de 
clareza acerca do emprego de métodos e procedimentos policiais 
em diferentes âmbitos (civis ou militares, individuais ou coletivos, 
externos ou em presídios etc.), os quais, quando corretamente uti-
lizados, podem contribuir para uma repressão eficaz ao narcotráfico 
e ao crime organizado.
1.1 COMPOnenTeS da PRÁTiCa: TéCniCa, 
TÁTiCa e eSTRaTéGia POLiCiaL
A atividade policial é composta especialmente por três importantes 
elementos: a técnica, a tática e a estratégia policial. Vamos examinar 
cada um desses conceitos a seguir. 
De acordo com o “Caderno Doutrinário 2: Tática Policial, Abordagem 
a Pessoas e Tratamento às Vítimas”, publicado pela Polícia Militar 
de Minas Gerais (PMMG), em 2013:Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 8
Entende-se por técnica policial o conjunto dos métodos e 
procedimentos utilizados na execução da atividade policial. 
O estabelecimento de técnicas visa alcançar os princípios da 
eficiência, segurança e legalidade.
(POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE MINAS GERAIS,
 2013, p. 21)
A técnica é um dos componentes mais importantes da prática poli-
cial. Para cada recurso utilizado no serviço policial, seja humano ou 
material, existem técnicas preestabelecidas.
É importante distinguir entre técnica policial e tática policial. Ainda 
de acordo com o caderno doutrinário da PMMG, a expressão técnica 
policial está relacionada ao “como fazer”. Já a expressão tática poli-
cial está relacionada à forma de se empregar, com eficácia, recursos 
técnicos que se tenham à disposição em dada situação. Portanto, 
a tática define quais técnicas precisam ser utilizadas para maximizar 
a obtenção de sucesso em cada caso.
O policial, em seu turno de serviço, principalmente em situações de 
emergência, por vezes precisa tomar decisões em frações de segundo. 
O mesmo ocorre com outras categorias profissionais, a exemplo dos 
bombeiros e dos médicos. Isso exige desses profissionais a apresen-
tação de habilidades de inteligência muscular e de técnicas específicas. 
Para desenvolver habilidades de inteligência muscular, o policial, 
em particular, precisa ser submetido a treinamentos baseados em 
repetições, de modo que o possibilitem usar o seu próprio corpo com 
grande precisão quando necessário ou oportuno. Um dos benefícios 
desses tipos de treinamento é o desenvolvimento da capacidade de 
decidir o que fazer em dada situação e executar ações correspondentes 
a essa decisão em menor tempo. 
Imagine, como exemplo, um policial realizando um patrulhamento 
noturno, em uma rua mal iluminada, que se depara com uma potencial 
ameaça. Quase que de forma instantânea, o policial precisa distinguir 
se está diante de uma pessoa comum ou diante de um criminoso que 
está a ponto de tirar-lhe a vida, precisa decidir efetuar ou não um 
disparo. Caso decida realizar o disparo, necessita sacar sua arma, 
identificar pontos que neutralizem unicamente a ação do agressor e 
efetuar um disparo correto. Nesse contexto, um treinamento ante-
rior, baseado em repetições, poderá possibilitar ao policial efetuar o 
disparo mantendo os olhos no alvo a todo instante, sem olhar para 
a arma e no menor tempo possível, talvez, salvando-lhe a vida. 
Enquadre no seu celular 
ou tablet o código de 
REALIDADE AUMENTADA 
do aplicativo Zappar para 
assistir ao vídeo animado 
sobre Técnica Policial.
RA
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 9
Como ilustrado pelo exemplo anterior, tanto a vida dos cidadãos 
comuns quanto a vida dos policiais podem ser preservadas, caso não 
haja falha técnica ou execução de atitudes precipitadas e equivocadas 
no uso de armas por policiais, ou caso não haja falhas no julgamento 
ou no tempo de reação. Portanto, um desenvolvimento técnico de 
qualidade é essencial para o trabalho eficaz de um policial.
A técnica policial pode variar a depender do âmbito de atuação do 
policial. Um policial que faça parte de uma unidade de operações espe-
ciais, como o Batalhão de Operações Especiais (BOPE) de uma Polícia 
Militar ou o Comando de Operações Táticas (COT) da Polícia Federal, 
por exemplo, precisa dominar técnicas que raramente são exigidas 
dos demais policiais. Como exemplo dessas técnicas podemos citar:
O manuseio 
de material 
explosivo.
A forma de 
adentramento/
penetração em 
regiões dominadas 
pelo narcotráfico, 
em que há conflitos 
armados de baixa 
intensidade.
Se as técnicas de uso de explosivos e adentramento serão empre-
gadas ou cederão lugar a outras alternativas no cumprimento de um 
mandado de prisão contra um traficante de alta periculosidade, isso 
é questão de escolha tática.
Sobre o contexto da técnica de adentramento/penetração mencio-
nada acima, é importante explicarmos o que é um conflito de baixa 
intensidade. Via de regra, é um conflito que possui natureza políti-
co-militar e vai da propaganda e da subversão ao uso real de forças 
militares. Esse tipo de conflito pode ocorrer entre Estados ou entre 
grupos rivais (grupos subnacionais), abaixo dos níveis de uma guerra 
convencional e acima dos níveis quotidianos e ordinários de disputas 
em tempos de paz. O termo conflito de baixa intensidade vem sendo 
cada vez mais empregado para caracterizar as confrontações entre 
grupos criminosos ligados ao narcotráfico na América Latina ou 
entre esses e a polícia.
Apesar de as técnicas poderem variar a depender das características 
do âmbito de atuação, às vezes, mesmo que este seja diferente, as téc-
nicas podem ser as mesmas. É o caso, por exemplo, quando membros 
de forças de Segurança Pública necessitam executar técnicas típicas 
do contexto militar, assim como aqueles que operam em situações 
de violência urbana como nos morros cariocas.
Enquadre no seu celular 
ou tablet o código de 
REALIDADE AUMENTADA 
do aplicativo Zappar para 
assistir ao vídeo que trata 
dos desafios da atividade 
policial.
RA
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 10
CÂMERA 
CORPORAL
ESPARGiDOR - SPRAY
DE PiMENTA
ARMA DE iNCAPACiTAÇÃO 
NEUROMUSCULAR
CASSETETE
REVÓLVER PiSTOLA
Policiais uniformizados costumam portar mais equipamentos do que 
policiais que atuam à paisana em investigações. Por sua vez, inte-
grantes de forças especiais e de controle de distúrbio civil costumam 
trazer consigo ainda mais equipamentos.
Os equipamentos e armamentos, entretanto, não se limitam àqueles 
que o policial traz junto ao próprio corpo. Outros equipamentos 
também o cercam no veículo policial (viatura) e em outros diversos 
contextos de trabalho. A própria pilotagem de viaturas, sobretudo as 
ostensivas, exige o domínio de técnicas específicas. Do mesmo modo, 
quem opera equipamentos de escuta ambiental ou de interceptação 
telefônica no contexto de forças-tarefas contra o crime organizado 
e crimes conexos, como corrupção e lavagem de dinheiro, também 
precisa dominar algumas técnicas.
Em que pese a relevância do domínio técnico de ferramentas utilizadas 
no contexto da atividade de polícia, é preciso que você saiba que a 
técnica policial não se limita ao manuseio eficaz de armamentos e 
equipamentos. Policiais que atuam de forma ostensiva no policia-
mento preventivo ou na execução de mandados de prisão, busca e 
apreensão, por exemplo, também precisam ser hábeis em técnicas 
de imobilização/contenção de pessoas e de defesa pessoal. 
Agora que temos maior clareza acerca da distinção entre técnica e 
tática policial, convém ressaltar que, independentemente da natureza 
do trabalho realizado pelos integrantes das organizações policiais, 
eles podem carregar consigo uma grande variedade de equipamentos. 
Em todos os casos, para operar tais equipamentos, o policial precisa 
ser dotado de técnicas policiais apuradas. Alguns dos equipamentos 
mais comuns utilizados por policiais são:
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 11
Nessas mesmas situações, igualmente se espera que os policiais sejam 
hábeis em técnicas tipicamente militares, como a busca de abrigos 
e coberturas em situações de confronto armado. Já em cenários em 
que há reféns ou criminosos encurralados que resistem a se render, 
esperam-se habilidades mínimas em relação a técnicas de mediação 
e negociação. Essas, por sua vez, envolvem conhecimentos em áreas 
como Direito e Psicologia.
Em relação à Psicologia, essa área pode contribuir significativa-
mente com a atividade policial. Vejamos, a seguir, alguns exem-
plos de técnicas oriundas da psicologia que podem ser úteis para o 
trabalho policial:
TÉCNiCAS
AMBiENTAiS
O estudo da interação das pessoas 
com seus ambientes pode auxiliarna identificação de fatores no 
espaço urbano que favorecem 
comportamentos antissociais 
como o consumo de drogas.
TÉCNiCAS
INVESTiGATiVAS
TÉCNiCAS
INTERROGATÓRiAS
O emprego de técnicas 
psicológicas investigativas pode 
auxiliar os policiais no processo 
de prisão e apresentação de 
criminosos à Justiça.
O emprego de técnicas 
interrogatórias da Psicologia 
pode auxiliar na elucidação de 
crimes por meio de entrevistas 
com vítimas ou acusados.
Os conhecimentos oriundos da Psicologia são também especialmente 
úteis para o desenvolvimento de técnicas de persuasão e tomada de 
decisão. Além disso, também auxiliam na caracterização dos perfis 
das vítimas e criminais.
Em 2017, em um esforço para unir a ciência à atividade 
policial e aprimorar a técnica dos negociadores policiais, 
a Polícia Militar do Distrito Federal inovou o módulo 
de Psicologia do Curso de Negociadores do Batalhão 
de Operações Especiais (BOPE). A instituição contou 
com conhecimentos e experiências de pesquisadores 
do Grupo Influência da Universidade de Brasília (UnB). 
Para entender como foram os 45 dias de curso, acesse a 
matéria “Formatura do V Curso de Negociador Policial”, 
disponível em: http://www.pmdf.df.gov.br/index.php/
institucionais/15557-formatura-do-v-curso-de-
negociador-policial. 
Saiba MaiS
http://www.pmdf.df.gov.br/index.php/institucionais/15557-formatura-do-v-curso-de-negociador-policial
http://www.pmdf.df.gov.br/index.php/institucionais/15557-formatura-do-v-curso-de-negociador-policial
http://www.pmdf.df.gov.br/index.php/institucionais/15557-formatura-do-v-curso-de-negociador-policial
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 12
Para a efetividade da atividade policial, também há necessidade de 
que existam policiais hábeis no emprego de técnicas de inteligência. 
Trata-se de algo ainda mais significativo no contexto do enfren-
tamento do narcotráfico e do crime organizado intra e transnacio-
nalmente localizados. 
Isso tanto é verdade que a Agência das Nações Unidas sobre Drogas 
e Crime (UNODC), em um módulo instrucional intitulado “Ferra-
menta para aplicadores da lei e cooperação”, em uma capacitação 
sobre crime organizado, em 2018, pontuou especificamente o tópico 
“Técnicas de investigação e de reunião de inteligência”, com a citação 
de técnicas de vigilância eletrônica e operações veladas. O Departa-
mento Federal de Investigação, unidade de polícia do Departamento 
de Justiça dos Estados Unidos (FBI), se manifesta da mesma forma, 
em sua página na internet, quando explicita a importância de técnicas 
como vigilância eletrônica, operações veladas, uso de informantes 
e entrevistas com vítimas para levantamento de informações que 
sirvam às ações de inteligência policial. 
Além das técnicas e táticas, outro importante conceito relacionado 
à atividade policial é o de estratégia, que se refere ao planejamento 
e às decisões policiais em um âmbito macro, geralmente organiza-
cional, de médio e longo prazo.
Com base em Bergue (2013), a estratégia organizacional 
pode ser compreendida como um conjunto de ações gerenciais 
orientadas para o posicionamento eficiente, eficaz e efetivo de 
uma organização e, consequentemente, de seus membros, 
em um cenário futuro específico. Desse modo, a estratégia envolve 
coordenar ações de diferentes partes da organização de maneira 
integrada, a fim de atingir um ou mais objetivos em comum, 
a partir das diretrizes estabelecidas por gestores.
A noção de estratégia policial possui uma relação direta com a for-
mulação de políticas públicas. A decisão de investir mais recursos 
em equipamentos e no aprimoramento técnico e tático policial para 
a repressão ao narcotráfico, por exemplo, é de nível estratégico e 
compõe a formulação de políticas públicas sobre combate ao tráfico 
de drogas. Vejamos, a seguir, o caso de uma viatura da Polícia Rodo-
viária Federal alvejada em troca de tiros com criminosos:
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 13
prfoficial
36.000 curtidas
prfoficial Na última terça-feira (01), em uma 
ação conjunta com a @pmpro�cial, após troca 
de tiros com um veículo envolvido no assalto 
ao banco da cidade de Floraí (PR), nossa viatura 
foi alvejada com vários disparos. Devido à 
blindagem, os policiais saíram sem ferimentos.
Fonte: Instagram da Polícia Rodoviária Federal – 
Unidade de Floraí, Paraná. 
Neste caso, foi apenas devido ao investimento estratégico na blin-
dagem da viatura que a vida dos policiais foi salva. Assim, ainda que 
as decisões estratégicas sejam geralmente tomadas em mesas de 
reuniões, aparentemente distantes da prática em campo, elas afetam 
diretamente as ações cotidianas dos policiais.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) é uma instituição bastante 
estratégica no combate ao narcotráfico e ao crime organizado no 
Brasil. Isso fica ainda mais evidente quando nos lembramos de 
que boa parte da produção de derivados de cocaína e da folha de 
maconha sai de nossos países vizinhos (Colômbia, Bolívia, Peru e 
Paraguai) e é escoada pelas rodovias federais brasileiras. Portanto, 
tal qual deve ser para as demais forças policiais, com a PRF não pode 
ser diferente: seus integrantes precisam ser altamente treinados 
nas mais variadas técnicas policiais.
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 14
Nesse sentido, em 2019, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) formou a 
maior turma de novos ingressantes de sua história. O Curso de For-
mação Profissional da PRF (CFP/2019) formou mais de 1000 novos 
agentes. No trecho abaixo, note a ênfase dada ao enfrentamento do 
tráfico de drogas e os temas da capacitação técnica que os alunos 
receberam para torná-lo mais eficaz:
 � Enfrentamento ao Tráfico de Drogas
 � Armas e Munições
 � Enfrentamento a Fraudes Veiculares
 � Direitos Humanos e Cidadania
 � Técnicas de Abordagem Policial
 � Prática de Tiro
 � Condução Veicular Policia
 � Técnicas de Defesa Policial
 � Uso Diferenciado da Força
 � Fiscalização de Trânsito
 � Aspectos Legais dos Procedimentos Policiais
 � Atendimento de Primeiros Socorros
 � Ética e Atividade Policial
 � Relações Humanas, entre outros.
| algUNS TEMaS DE caPaciTaçãO TécNica Da PRF:
Enquadre no seu celular 
ou tablet o código de 
REALIDADE AUMENTADA 
do aplicativo Zappar para 
assistir ao vídeo sobre a 
PRF e o investimento em 
recursos humanos.
RA
Por fim, é preciso ressaltar que a falha no emprego de uma técnica 
policial pode levar a consequências graves e, por vezes, duradouras 
e irreversíveis, tanto para vítimas quanto para acusados, policiais e 
instituições. Nesse sentido, é essencial planejar e coordenar ações, 
a fim de aperfeiçoar, continuamente, as técnicas, táticas e estra-
tégias policiais, evitando, por exemplo, processos judiciais por 
abuso de autoridade, em decorrência de violência arbitrária ou do 
uso indevido da força.
1.2 enVOLViMenTO eM PROCeSSOS 
JUdiCiaiS: MeiOS de PROVa e MeiOS 
de OBTenÇÃO de PROVa
Além da técnica, da tática e da estratégia, também são essenciais os 
meios de prova e de obtenção de prova para dar suporte aos processos 
judiciais, de modo que seja possível, em conformidade aos direitos e 
garantias constitucionais, condenar criminosos e possibilitar o des-
mantelamento ou o enfraquecimento de suas organizações e redes. 
Tudo isso tendo policiais, promotores e o próprio Judiciário atuando 
de forma articulada e harmônica com base em evidências.
A atividade policial, nessa direção, envolve principalmente a utilização 
de meios de prova, para a contestação e convencimento dos juízes, 
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 15
e dos meios de obtenção de prova, como o próprio nome indica, 
para obter provas. A seguir, vamos examinar alguns conceitos do 
campo do Direito para melhor compreendermos o envolvimento de 
atividades policiais nos processos judiciais.Primeiramente, precisamos desenvolver uma noção básica de como 
funciona um processo judicial. Podemos representar um processo 
judicial, de maneira simplificada, da seguinte maneira:
Ou seja, um processo judicial envolve um juiz, que recebe elementos 
probatórios (provas) das partes envolvidas e possibilita a cada parte 
contestar (contraditar) o que foi apresentado pela outra. Por partes 
envolvidas, podemos citar aqueles que executam a acusação e aqueles 
que executam a defesa. Usualmente, do lado da acusação está um 
representante do Ministério Público, por exemplo, um promotor de 
justiça, e, do outro lado, um advogado ou defensor público defen-
dendo o réu (acusado). 
É justamente a partir desse triângulo processual que, no final do 
processo, o magistrado (juiz) emite uma sentença baseada em sua 
livre convicção acerca da verdade dos fatos que emergem das provas 
produzidas em juízo, ou seja, durante o processo judicial. 
De acordo com o artigo 155 do Código de Processo Penal brasileiro, 
alterado pela Lei nº 11.690, de 9 de julho de 2008:
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 16
Código de Processo Penal 
Art. 155. 
O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida 
em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão 
exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, 
ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. 
Ou seja, em termos mais simples, além de outros aspectos legais, 
para alguém ser condenado por algum crime no Brasil, existe a ne-
cessidade de se apresentarem provas produzidas ao longo de um 
processo judicial. 
Mas o que exatamente é considerada uma prova em um processo 
judicial? Apesar de não fazer parte da legislação penal, o Código de 
Processo Civil brasileiro, em seu artigo 369, define uma prova em 
um processo judicial como:
Código de Processo Penal 
Art. 369. 
[...] todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, 
ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos 
fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na 
convicção do juiz.
É importante ressaltar que esses meios legais podem ser empregados 
por ambas as partes envolvidas num processo judicial, ou seja, tanto 
pela acusação quanto pela defesa.
Para entender mais sobre o princípio da verdade real e 
sobre os tipos de verdade que vigoram no processo penal 
e no processo civil, acesse o texto “Princípio da Verdade 
Real”, disponível em: https://sites.google.com/site/
zeitoneglobal/processo-penal-i/2-06-principio-da-
verdade-real.
Saiba MaiS
https://sites.google.com/site/zeitoneglobal/processo-penal-i/2-06-principio-da-verdade-real
https://sites.google.com/site/zeitoneglobal/processo-penal-i/2-06-principio-da-verdade-real
https://sites.google.com/site/zeitoneglobal/processo-penal-i/2-06-principio-da-verdade-real
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 17
Desse modo, a fim de convencer o juiz a chegar a um veredito num 
processo judicial, são necessárias provas e meios de apresentá-las. 
Isto nos leva a dois importantes conceitos que precisam ser devi-
damente caracterizados e distinguidos: os “meios de obtenção de 
provas” e os “meios de prova”.
Meios de obtenção de prova Meios de prova
Dizem respeito às formas e recursos 
empregados para se obterem os elementos 
probatórios de um processo, tais como 
laudos periciais, gravações de conversas 
entre acusados, versões de testemunhas 
reduzidas a termo em depoimentos etc. 
Nessa categoria, estão escutas telefônicas 
e ações de busca e apreensão de pessoas e 
objetos ligados ao crime.
São os meios utilizados pelos envolvidos no 
processo judicial para convencerem o juiz, 
ou seja, dizem respeito à apresentação e à 
forma de apresentação de provas obtidas.
Assim, os meios de obtenção de prova são típicos da fase pré-proces-
sual, em contexto de flagrante de delito, das investigações conduzidas 
no âmbito do inquérito policial, ou de investigações complementares 
que ocorrem mediante requisição do Ministério Público. Já os os 
meios de provas, em regra, estão circunscritos à fase processual 
da persecução criminal.
É importante ressaltar que, em todos os casos, os meios de obtenção 
de provas empregados na fase pré-processual agridem, mesmo que 
legitimamente e em menor grau, direitos fundamentais, como os de 
privacidade, propriedade e liberdade, por exemplo; portanto, precisam 
de autorização de um juiz para serem levados a efeito. São exemplos 
de tais meios de obtenção de provas as interceptações telefônicas e 
o confisco de bens de pessoas que ainda sequer foram condenadas.
Não obstante, tome nota que, mesmo não sendo a regra, também 
Enquadre no seu celular 
ou tablet o código de 
REALIDADE AUMENTADA 
do aplicativo Zappar para 
assistir ao vídeo sobre o uso 
de cães farejadores como 
meio de obtenção de provas 
contra o narcotráfico.
RA
pode haver o emprego de meios de obtenção de prova durante a fase 
processual. Esse é o caso da colaboração premiada. 
A colaboração premiada alcançou notoriedade ao ser usada pelo ma-
gistrado italiano Giovanni Falcone para impor severas perdas à famosa 
organização mafiosa italiana Cosa Nostra. Um artigo publicado na 
plataforma JusBrasil, intitulado “Investigação e dos meios de obtenção 
da prova”, se refere à colaboração premiada da seguinte forma:
glossáRio
A colaboração premiada é um meio 
de obtenção de prova que se baseia na 
oferta de benefícios àquele que confessar 
e prestar informações que sirvam ao 
esclarecimento de crimes cometidos.
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 18
A colaboração premiada é uma modalidade de meio de 
obtenção de prova disponibilizada às partes envolvidas 
na persecução criminal, tanto em sua fase investigativa 
quanto em sua fase processual, possibilitando a 
negociação entre os agentes públicos encarregados da 
atividade de persecução e os integrantes de organização 
criminosa, com vistas ao fornecimento de informações 
que se prestem ao desmantelamento da organização, 
a identificação de seus integrantes e a repressão e punição 
das atividades ilícitas por ela desenvolvidas. 
(INVESTIGAÇÃO..., 2016)
Apesar de já possuir alguns de seus elementos na Lei nº 8.072, de 25 
de julho de 1990 (Lei dos Crimes Hediondos), a delação premiada, 
ou colaboração premiada, ganhou melhores contornos no Brasil 
com a aprovação da Lei nº 12.850, de 2 de agosto de 2013, que de-
fine organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, 
os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o pro-
cedimento criminal. Porém, foi com o chamado Pacote Anticrime 
(Lei nº 13.964, de 24 de dezembro de 2019) que o instituto ganhou 
ainda mais força no país. 
Onde está, então, a relação da atividade policial com os processos 
judiciais? Essa relação está, principalmente, na utilização de meios 
de obtenção de provas pelos policiais, seja na fase pré-processual, 
como usualmente ocorre, seja na fase processual, como nos casos 
em que ocorre a colaboração premiada.
Foto: © [Björn Wylezich] / Adobe Stock.
Em 2012, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime 
(UNODC) publicou um documento baseado em estudos de caso 
com lições aprendidas sobre o combate ao crime organizado, 
denominado “Digest of organized crime cases: A compilation of 
cases with commentaries and lessons learned”, ou “Resumo de casos 
de crime organizado: uma compilação de casos com comentários e 
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 19
lições aprendidas”. Uma das assertivas trazidas pelo UNODC neste 
documento é a necessidade de haver uma abordagem proativa e 
altamente especializada por parte de policiais e promotores de 
justiça para combater o crime organizado. Nesse sentido, há dois 
elementos de particular importância emuma abordagem proativa. 
Vejamos, a seguir, quais são eles.
O primeiro desses elementos é a própria natureza das 
investigações sobre as organizações criminosas. 
Recolher e analisar informações sobre a história, a composição, 
os meios empregados, os objetivos e modus operandi de grupos 
criminosos, bem como das redes e mercados ilícitos, 
são componentes essenciais de qualquer investigação e 
geralmente também são importantes fatores desencadeantes de 
outras frentes investigativas e de obtenção de meios de prova.
1
O segundo elemento, que tem sido exemplo de boas práticas, 
consiste em ampliar a investigação e abranger toda a estrutura 
e conduta de grupos ou redes criminosas, independentemente 
de quão pequeno era o caso no início, com o objetivo final de 
prevenir crimes futuros.
2
Há necessidade de se investigar mesmo os pequenos eventos crimi-
nosos, pois esses podem ser a ponta do novelo de toda uma sequência 
de fatos que podem descortinar uma organização criminosa. A Ope-
ração Lava Jato, maior do tipo no desbaratamento de organizações 
criminosas na história do Brasil, é um exemplo disso.
Segundo a Polícia Federal, o Posto da Torre, situado a 3 km do 
Congresso Nacional, funcionava como uma espécie de “caixa 
eletrônico da propina” na capital federal. Em um escritório situado 
no local, teriam sido gerenciadas contas que movimentaram pelo 
menos R$ 10,8 milhões entre 2007 e 2014. 
As informações do fluxo financeiro do Posto da Torre foram 
extraídas de um CD apreendido pela Polícia Federal nas 
dependências do estabelecimento, cujo proprietário era o doleiro 
Carlos Habib Chater.
Em conclusão, verifica-se a importância da investigação, recolhi-
mento e análise de informações, por parte dos policiais, mesmo em 
crimes de menor magnitude, a fim de obterem provas que possam 
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 20
subsidiar novas investigações, condenações e o desmantelamento 
de organizações e redes criminosas.
1.3 aTiVidade PRiSiOnaL
Agora que temos maior clareza acerca da importância da técnica 
policial e de como a atividade policial pode contribuir para processos 
judiciais e para a prevenção de crimes e promoção da justiça, vamos, 
a seguir, compreender alguns aspectos importantes da atividade 
policial no sistema prisional.
Para desenvolver uma noção básica do Sistema Prisional Federal, 
chamamos sua atenção às palavras da Ministra Maria Thereza de 
Assis Moura, do Superior Tribunal de Justiça, pronunciadas durante 
o X Workshop sobre o Sistema Penitenciário Federal (2020) e repro-
duzidas nos anais desse mesmo evento:
O Sistema Prisional Federal é o nome dado ao conjunto 
de unidades federais de execução penal, cuja previsão 
está expressa na Lei de Execução Penal e na Lei de Crimes 
Hediondos, anunciado em 2003 e implantado em 2006 
com a unidade de Catanduvas, no Paraná. Atualmente, 
o Sistema conta com outras quatro unidades: Porto Velho, 
Mossoró, Campo Grande e Brasília. Cada penitenciária 
federal tem capacidade para 208 presos e obedece ao 
mesmo projeto arquitetônico, que foi inspirado no modelo 
da SuperMax do sistema americano, o qual é realizado por 
regramento específico, baseando-se em rígidas exigências 
de inclusão e manutenção de presos.
(MOURA, 2020 apud WORKSHOP SOBRE O SISTEMA 
PENITENCIÁRIO FEDERAL, 2020, p. 14)
O sistema prisional possui papel fundamental no combate ao crime 
organizado e ao narcotráfico. Uma das maiores contribuições do sis-
tema prisional para esse combate é o isolamento e o monitoramento 
de líderes de organizações criminosas. 
Contudo, é também dentro do âmbito prisional que, por vezes, 
se formam organizações criminosas que, por meio da utilização de 
mecanismos dos mais diversos, dispõem de significativa influência 
sobre a ocorrência de crimes na sociedade.
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 21
Foto: © [poco_bw] / Adobe Stock.
Essa foi uma das razões que levaram o Estado brasileiro à criação 
de penitenciárias federais, nas quais há o chamado regimento penal 
diferenciado de tratamento para líderes de facções. Esse é o caso do 
líder do PCC, Marcos Camacho (Marcola), preso na Penitenciária 
Federal em Brasília. 
O regime penal diferenciado impôs às organizações criminosas a 
necessidade de buscar alternativas para restabelecer a comunicação 
entre seus líderes presos e soltos. Uma das alternativas encontradas 
é a cooptação de advogados, que desviam as prerrogativas da classe, 
previstas no Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil, para o fo-
mento da atividade criminosa. 
Veja um exemplo dessa questão da cooptação de 
advogados. O Grupo de Atuação Especial de Combate 
ao Crime Organizado (GAECO), do Ministério Público do 
Estado de São Paulo (MPSP), deflagrou operação para 
desarticular a célula jurídica da organização criminosa que 
atua no estado, a chamada Primeiro Comando da Capital 
(PCC). A Operação Fast Track, com o apoio da Polícia 
Militar, cumpriu 13 mandados de prisão e 23 mandados 
de busca e apreensão. Leia mais sobre o acontecimento 
na matéria: “Gaeco prende 8 advogados e líder nacional 
de célula jurídica do PCC”, disponível em: http://www.
mpsp.mp.br/portal/page/portal/noticias/noticia?id_
noticia=23663938&id_grupo=118. 
Saiba MaiS
Da mesma forma, não foi por acaso que, logo após o assassinato de 
Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, símbolos da luta contra a máfia e 
o crime organizado na Itália, uma das principais medidas adotadas pelo 
sistema penal italiano foi o recrudescimento do regime para o cumpri-
mento de penas: o chamado sistema penal bipolar, ou duplo binário.
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/noticias/noticia?id_noticia=23663938&id_grupo=118
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/noticias/noticia?id_noticia=23663938&id_grupo=118
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/noticias/noticia?id_noticia=23663938&id_grupo=118
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 22
O sistema duplo binário garantia tratamento diferenciado para os 
criminosos integrantes de organizações mafiosas. Estes podiam 
ser, simultaneamente, submetidos a pena e a medida de segurança. 
Diferentemente do sistema vicariante, no qual, após a condenação 
ser estabelecida pelo juiz e o criminoso cumprir a pena privativa de 
liberdade, o juiz analisa novamente o caso, podendo ou não decidir 
por implementar uma medida de segurança.
Já vimos, neste curso, que a mistura de presos comuns e presos políticos 
no presídio da Ilha Grande no Rio de Janeiro é considerada uma das 
principais causas do surgimento do Comando Vermelho (CV). Também 
já estudamos que o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da 
Capital (PCC), a exemplo das organizações Barrio 18 e Mara Salvatrucha 
(MS-13) da América Central e do Norte, são consideradas organizações 
criminosas penitenciárias (ou gangues penitenciárias) por sua forte in-
fluência nas prisões e coordenação de operações externas a partir destas.
Assim sendo, a atividade prisional apresenta alta complexidade tanto 
por seus desafios intra quanto extramuros. Por um lado, existe a tensão 
constante com a possibilidade de rebeliões em prisões superlotadas; 
por outro, tem-se a constrangedora participação de presos em ações 
fora das penitenciárias. Desse modo, por um lado, o policial penal 
precisa, por exemplo, coibir o tráfico de drogas dentro do presídio; 
por outro, precisa evitar que presos articulem as ações do tráfico nas 
ruas e morros a partir das unidades prisionais.
Foto: © [SecondSide] / Adobe Stock.
Por isso, da mesma maneira que o policial, seja ele militar, federal, civil 
ou rodoviário, e o guarda municipal precisam passar por capacitações 
constantes com vistas ao seu aperfeiçoamento técnico, o policial 
penal também precisa passar por constante aprimoramento de seus 
conhecimentos, habilidades e atitudes. É especialmente importante 
que o policial penal seja hábilpara, por exemplo, obter provas que 
subsidiem a autorização de juízes para a realização de ações que 
promovam o desmantelamento de organizações criminosas dentro 
das prisões ou articuladas a partir delas.
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 23
Talvez, você não esteja familiarizado com o termo “policial 
penal”. Até pouco tempo, os profissionais responsáveis por 
ações como custódia e escoltas de presos eram conhecidos 
apenas como agentes penitenciários, agentes carcerários, 
entre outras designações. Com a Emenda Constitucional 
nº 104, de 4 de dezembro de 2019, houve a alteração do 
inciso XIV do caput do art. 21 do § 4º do art. 32 e do art. 144 
da Constituição Federal, e assim foram criadas as polícias 
penais federal, estaduais e distrital. Leia mais sobre o 
assunto na “Emenda Constitucional, Nº 104”, disponível 
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
emendas/emc/emc104.htm e na matéria “Polícia Penal: 
afinal, o que é?”, disponível em: https://www.politize.
com.br/policia-penal/#:~:text=O%20policial%20
penal%2C%20anteriormente%20conhecido,dos%20
detentos%20nas%20casas%20penais.
Saiba MaiS
O policial penal é responsável por coibir o acesso dos detentos a apa-
relhos celulares. Essa é, contudo, apenas uma das medidas necessárias 
para que os criminosos presos não se comuniquem com os membros 
de suas organizações que ainda estão à solta. 
É justamente por esse tipo de comunicação que organizações como o 
PCC coordenam, por exemplo, atentados contra agentes públicos ou 
outras pessoas com as quais tenham desafetos. Essas comunicações 
entre criminosos presos e soltos também são responsáveis pelos 
conhecidos “salves”, os quais já foram tratados neste curso. 
Sobre a possibilidade de líderes de facções emitirem salves a partir 
dos presídios e a importância do regime penal diferenciado, veja o 
que diz o jurista e magistrado brasileiro Walter Nunes da Silva Júnior, 
Coordenador Geral do X Workshop do Sistema Penitenciário Federal, 
ocorrido em março de 2020, em Brasília:
O regime fechado, em presídio federal, é de isolamento 
e monitoramento. Enquanto estiver em presídio federal, 
embora sejam respeitados os direitos fundamentais, o preso 
não fará jus ao direito à visita íntima. Se assim não for, 
resta evidente que o encarcerado, ainda que recolhido a 
presídio federal, terá todas as possibilidades de continuar 
gerindo a empresa criminosa, mediante a emissão de salves 
por meio de cônjuge.
 
(SILVA JÚNIOR, 2020, p. 21)
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc104.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc104.htm
https://www.politize.com.br/policia-penal/#:~:text=O%20policial%20penal%2C%20anteriormente%20conhecido,dos%20detentos%20nas%20casas%20penais
https://www.politize.com.br/policia-penal/#:~:text=O%20policial%20penal%2C%20anteriormente%20conhecido,dos%20detentos%20nas%20casas%20penais
https://www.politize.com.br/policia-penal/#:~:text=O%20policial%20penal%2C%20anteriormente%20conhecido,dos%20detentos%20nas%20casas%20penais
https://www.politize.com.br/policia-penal/#:~:text=O%20policial%20penal%2C%20anteriormente%20conhecido,dos%20detentos%20nas%20casas%20penais
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 24
É preciso destacar que, assim como a coibição do acesso ao celular, 
a simples vedação do acesso de presos a visitas íntimas não é suficiente 
para interromper as comunicações das organizações criminosas a 
partir dos presídios. Para tanto, o emprego de técnicas de investigação 
e inteligência é imprescindível.
Você já pensou na relevante contribuição dos policiais 
penais para a vida em nossa sociedade? Você sabia que nos 
Estados Unidos esses policiais possuem até mesmo uma 
semana do ano em que são homenageados? 
 “Como os policiais prisionais trabalham atrás dos 
muros das prisões ou cadeias, muitas vezes deixamos 
de reconhecer o papel vital que eles desempenham 
na segurança pública. A Semana Nacional de Oficiais 
Correcionais (policiais prisionais), que ocorre de 3 a 9 de 
maio, é um momento para homenagear formalmente as 
dezenas de milhares destes funcionários que servem nosso 
país em instalações locais, estaduais e federais, incluindo 
os mais de 36.000 funcionários do Departamento Federal 
de Prisões”, indica Katharine T. Sullivan, Vice Procuradora 
Geral Adjunta Principal.
Fonte: https://www.ojp.gov/news/ojp-blogs/2020-ojp-
blogs/dedication-corrections-officers.
PodcAst TRaNScRiTO
Em síntese, o policial em atividade prisional enfrenta alguns desafios 
singulares e que demandam uma articulação integrada e coordenada 
entre estratégia, tática e técnica policial. Assim, o policial penal é 
especialmente responsável por monitorar e investigar a ação de 
criminosos presos, a fim de coibir articulações criminosas intra e 
extramuro, que ocorrem por diferentes meios, e obter provas que 
viabilizem a realização de ações para desmantelamento de organi-
zações e redes criminosas, de modo a combater e prevenir crimes.
https://www.ojp.gov/news/ojp-blogs/2020-ojp-blogs/dedication-corrections-officers
https://www.ojp.gov/news/ojp-blogs/2020-ojp-blogs/dedication-corrections-officers
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 25
Unidade 2
eMPReGO da InTeLIGÊnCIa PaRa 
RePReSSÃO aO naRCOTRÁFICO e 
aO CRIMe ORGanIZadO
COnTexTUaLiZandO
Nesta unidade, apresentaremos as bases doutrinárias nacionais 
de Inteligência em Segurança Pública, distinguiremos atividade 
de investigação e atividade de Inteligência de Segurança Pública, 
e conheceremos algumas Técnicas Operacionais de Inteligência e 
resultados esperados de seu uso. 
Por meio desta apresentação, objetivamos aumentar seu grau de 
competência para caracterizar o trabalho de Inteligência em Se-
gurança Pública de modo a aumentar a probabilidade de que você 
possa contribuir para uma repressão eficaz do narcotráfico e do 
crime organizado, por meio da participação ou cooperação com 
ações de inteligência.
Para tanto, usaremos como ponto de partida para nosso estudo a Dou-
trina Nacional de Inteligência de Segurança Pública (DNISP) em sua 
interface com a Doutrina de Inteligência em seu contexto mais amplo.
2.1 dOUTRina naCiOnaL de 
InTeLiGÊnCia de SeGURanÇa 
PúBLiCa (dnISP)
Para que possamos compreender a importância e as ações da Inteli-
gência de Segurança Pública (ISP), primeiramente, precisamos au-
mentar nosso grau de clareza acerca do que está sendo entendido como 
inteligência neste contexto. De acordo com Ferro Júnior (2008, p.12):
Inteligência é a atividade de produção de conhecimento 
para o assessoramento da tomada de decisão.
(FERRO JÚNIOR, 2008, p. 12)
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 26
Lei nº 9.883
de 7 de dezembro de 1999
Art. 1º
§ 2º Para os efeitos de aplicação desta Lei, entende-se como 
inteligência a atividade que objetiva a obtenção, análise e disseminação 
de conhecimentos dentro e fora do território nacional sobre fatos 
e situações de imediata ou potencial influência sobre o processo 
decisório e a ação governamental e sobre a salvaguarda e a segurança 
da sociedade e do Estado. 
Uma vez identificado o conceito de inteligência, vejamos, a seguir, 
como a lei define a Inteligência de Segurança Pública (ISP).
O conceito de inteligência também se encontra definido em termos 
legislativos, conforme veremos a seguir.
Decreto nº 3.695
de 21 de dezembro de 2000
Art. 1º
Fica criado, no âmbito do Sistema Brasileiro de Inteligência, instituído 
pela Lei nº 9.883, de 7 de dezembro de 1999, o Subsistema de 
Inteligência de Segurança Pública, com a finalidade de coordenar 
e integrar as atividades de inteligência de segurança pública em 
todo o País, bem como suprir os governos federal e estaduais de 
informações que subsidiem a tomada de decisões neste campo.
Nesse sentido, a ISP é um sistema deinteligência que obtém, produz, 
sistematiza, analisa e dissemina conhecimentos que subsidiem os 
governos na tomada de decisões no que tange à Segurança Pública. 
A definição da atividade da ISP também pode ser formalmente en-
contrada na Resolução nº 01/SENASP/2009, mais precisamente na 
alínea X do parágrafo 4º do art. 1º, a saber:
Resolução nº 01/SENASP/2009
Art. 1º
§ 4º, X A atividade da Inteligência de Segurança Pública é técnica 
especializada, permanentemente exercida e orientada para a produção 
e salvaguarda de conhecimentos de interesse da segurança pública 
que, por seu sentido velado e alcance estratégico, configurem segredos 
de interesse do Estado e das instituições, objetivando assessorar as 
respectivas chefias em qualquer nível hierárquico.
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 27
No âmbito do Governo Federal, integram o Subsistema de Inteligência 
de Segurança Pública:
Lei nº 9.883
de 7 de dezembro de 1999
Art. 2º
§ 2º Poderão ainda integrar o Subsistema de Inteligência de 
Segurança Pública os órgãos de Inteligência de Segurança Pública dos 
Estados e do Distrito Federal.
De acordo com o Decreto nº 3.695, § 3º, art. 2º, cabe aos integrantes 
da ISP, no âmbito de suas competências, identificar, acompanhar e 
avaliar ameaças reais ou potenciais de Segurança Pública e produzir 
conhecimentos e informações que subsidiem ações para neutralizar, 
coibir e reprimir atos criminosos de qualquer natureza.
2.2 aTiVidade de inVeSTiGaÇÃO 
e aTiVidade de InTeLiGÊnCia de 
SeGURanÇa PúBLiCa
Agora que caracterizamos a Inteligência de Segurança Pública, vamos 
entender melhor a distinção entre duas instâncias de atividades que 
resguardam semelhanças, mas que são, em seu cerne, distintas: 
a atividade de Inteligência de Segurança Pública e as atividades de 
investigação conduzidas pelas instituições de Segurança Pública. 
Ministério da Justiça e Segurança Pública
Ministério da Economia
Ministério da Defesa
Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República
A lei também faz menção ao Ministério da Integração Nacional, porém 
este foi extinto. O órgão central do Subsistema de Inteligência de Segu-
rança Pública é a Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP).
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 28
Obter clareza acerca desta distinção é especialmente importante, 
pois ela possibilita identificar aspectos singulares que caracterizam 
a atuação em duas áreas diferentes da polícia: a inteligência policial 
e a investigação policial.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública e Administração 
Penitenciária do Paraná:
A atividade de Inteligência Policial e a Investigação Policial 
lidam, invariavelmente, com os mesmos objetos: crime, 
criminosos, criminalidade e questões conexas. 
Entretanto, um dos aspectos diferenciadores e relevantes é 
que, enquanto a Investigação Policial está orientada pelo 
modelo de persecução penal previsto e regulamentado na 
norma processual própria objetivando a produção de provas 
(autoria e materialidade delitiva), a Inteligência Policial 
está orientada para a produção de conhecimentos com 
intuito de subsidiar a tomada de decisões nos níveis político, 
estratégico, tático e operacional. 
Ou seja, apenas, excepcionalmente, no nível operacional, 
é que atua com o objetivo de subsidiar a produção de provas 
em apoio às investigações policiais presididas pelas demais 
unidades de polícia judiciária.
(AGÊNCIA DE INTELIGÊNCIA DA POLÍCIA CIVIL, 2021)
Com base nessa explicação, é importante que você identifique que a 
atividade de investigação desenvolvida pelas instituições policiais, 
sobretudo por aquelas responsáveis por atuar como polícia judiciária 
(ex. Polícia Federal e Polícia Civil), está voltada principalmente para 
a obtenção de provas que irão garantir a repressão de crimes como 
o narcotráfico por meio do Sistema de Justiça Criminal.
Foto: © [DedMityay] / Adobe Stock.
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 29
Por sua vez, a atividade de Inteligência contribui de forma prepon-
derante para o processo de tomada de decisão nos níveis político, 
estratégico, tático e operacional em Segurança Pública.
Dessa forma, no contexto de tomada de decisão em nível político, 
estratégico e tático, a Inteligência de Segurança Pública (ISP) en-
contra-se mais afastada do universo das investigações policiais e da 
obtenção de provas. Entretanto, do “ponto de vista das decisões de 
nível operacional, portanto de natureza executiva, a ISP visa sancionar 
ou punir criminosos, ou instituir alguma política local” (FEITOZA, 
2011 apud FERRO JÚNIOR, 2016, p. 21). 
Não obstante a manutenção e a garantia da lei e da ordem, a interação 
com os cidadãos e o oferecimento de serviços sejam parte da atividade 
policial contemporânea, essas frentes de atuação representam apenas 
uma fração do que a polícia faz.
Em verdade, a atividade policial dedica-se menos a 
controlar o crime e mais a detectar e administrar seus 
riscos, transmitindo, sobretudo, conhecimento sobre esse 
risco para outras instituições da sociedade que necessitem 
de tal conhecimento.
(GIDDENS, 2005, p. 186)
Tomem-se, por exemplo, os riscos pessoais (ex.: morte e lesão corporal 
de policiais) e institucionais (ex.: tomada de instituição por organi-
zações mafiosas) relacionados ao enfrentamento do narcotráfico e 
do crime organizado. O conhecimento produzido pela Inteligência de 
Segurança Pública é um recurso essencial que pode ser usado para 
subsidiar ações para prever, prevenir e neutralizar tais riscos. 
A Secretaria da Segurança Pública e Administração Penitenciária do 
Estado do Paraná, perante os diversos campos de atuação da Segu-
rança Pública e das peculiaridades de cada instituição, cita, em seu 
site, como espécies de Inteligência de Segurança Pública:
A atividade de Inteligência Policial Judiciária é o exercício 
permanente e sistemático de ações especializadas para identificar, 
avaliar e acompanhar ameaças reais ou potenciais na esfera de 
Segurança Pública, orientadas para produção e salvaguarda de 
conhecimentos necessários para assessorar o processo decisório 
no planejamento, execução e acompanhamento de uma política 
de Segurança Pública; nas investigações policiais; e nas ações 
para prever, prevenir, neutralizar e reprimir atos criminosos de 
qualquer natureza que atentem à ordem pública e à incolumidade 
das pessoas e do patrimônio, sendo exercida pelas agências de 
inteligência (AIs) no âmbito das Polícias Civis e Federal.
InTeLiGÊnCia 
POLiCiaL JUdiCiÁRia
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 30
A atividade de Inteligência Policial Rodoviária Federal é o exercício 
permanente e sistemático de ações especializadas para identificar, 
avaliar e acompanhar ameaças reais ou potenciais na esfera da 
Segurança Pública e da Segurança Nacional, no âmbito das rodovias 
e estradas federais. Orientadas para a produção e salvaguarda de 
conhecimentos necessários para assessorar o processo decisório, 
para o planejamento, a execução e o acompanhamento de assuntos 
pertinentes à segurança da sociedade e do Estado, essas ações 
visam prevenir e neutralizar ilícitos e ameaças de qualquer 
natureza, buscando se antecipar aos fatos que possam afetar a 
ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio, 
e são exercidas pelas AIs da Polícia Rodoviária Federal.
InTeLiGÊnCia 
POLiCiaL ROdOViÁRia 
FedeRaL
A atividade de Inteligência Penitenciária é o exercício permanente 
e sistemático de ações especializadas para a identificação, 
acompanhamento e avaliação de ameaças reais ou potenciais 
na esfera do Sistema Penitenciário. Estas são basicamente 
orientadas para a produção e salvaguarda de conhecimentos 
necessários à decisão, ao planejamento e à execução de uma 
política penitenciária e, também, para prevenir, obstruir,detectar e 
neutralizar ações adversas de qualquer natureza dentro do Sistema 
Penitenciário e atentatórias à ordem pública.
InTeLiGÊnCia 
PeniTenCiÁRia 
A atividade de Inteligência Bombeiro Militar é o exercício 
permanente e sistemático de ações especializadas para identificar, 
avaliar e acompanhar ameaças reais ou potenciais na esfera de 
Segurança Pública, orientadas para produção e salvaguarda de 
conhecimentos necessários para subsidiar o processo decisório; 
para o planejamento, execução e acompanhamento de uma 
política de Segurança Pública e das ações para prever, prevenir 
e neutralizar riscos referentes a desastres naturais e de causa 
humana, calamidades, a ordem pública, a incolumidade das 
pessoas e do patrimônio; assuntos de interesse institucional e a 
proteção dos seus ativos corporativos, sendo exercida pelas AIs dos 
Corpos de Bombeiros Militares.
InTeLiGÊnCia 
BOMBeiRO MiLiTaR 
Enquadre no seu celular 
ou tablet o código de 
REALIDADE AUMENTADA 
do aplicativo Zappar para 
assistir ao vídeo sobre 
tecnologia, inteligência e 
apreensão de drogas nas 
rodovias federais.
RA
2.3 TéCniCaS OPeRaCiOnaiS de 
InTeLiGÊnCia de SeGURanÇa PúBLiCa
Uma vez tendo caracterizado a Inteligência de Segurança Pública e 
distinguido as atividades de investigação e inteligência policial, vamos, 
a seguir, focar nesta última, e examinar como a atividade de Inteli-
gência Policial pode contribuir para a promoção da segurança pública, 
em especial, para a repressão ao crime organizado e ao narcotráfico.
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 31
Ao longo de nosso curso, já citamos uma frase famosa atribuída ao 
ex-prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, a qual parafraseamos, 
a seguir, de acordo com a temática desta aula: 
Já é hora de a Segurança Pública gerir o conhecimento tanto 
quanto o crime organizado.
Esta é a função para a qual o Subsistema de Inteligência de Segu-
rança Pública foi criado, gerir o conhecimento, de modo que este 
se torne mais uma poderosa ferramenta para a repressão ao crime 
organizado e ao narcotráfico. 
A função deste subsistema é especialmente importante para fazer pa-
ridade ao crime organizado atual, uma vez que este já faz um uso, por 
vezes de caráter cirúrgico e tecnológico, do conhecimento a seu favor. 
Para o Delegado da Polícia Federal Rodrigo Carneiro Gomes (2009):
A gestão de conhecimento pelos criminosos é tolerada 
pelo Estado. A omissão e a ineficácia estatais, muitas vezes 
compradas, quando combinadas com a leniente legislação 
prisional, carente de regulamentação, permitem a perigosos 
criminosos o uso irrestrito de meios de comunicação, acesso à 
telefonia móvel celular, computadores, e-mail, livros, jornais, 
televisões, por meio dos quais a network da organização 
criminosa estabelece seus vínculos e se fortalece.
(GOMES, 2009, p. 108)
Para combater essa situação e gerir o conhecimento eficazmente de 
modo dar suporte às ações de previsão, prevenção, neutralização e 
repressão ao narcotráfico e ao crime organizado, é necessário, pri-
meiramente, produzir dados. Para produzir dados, existem dois tipos 
usuais de ações de inteligência policial:
A ação de
coleta de dados.
A ação de
busca de dados.
Embora no imaginário popular seja de costume associar a atividade de 
Inteligência Policial às operações espetaculares de agentes secretos 
como James Bond, as ações de coleta, por exemplo, estão relacionadas 
a todo e qualquer procedimento realizado com o objetivo de obter 
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 32
dados depositados em fontes abertas, em que esses se encontram 
publicamente disponíveis.
Uma simples visita às redes sociais de alguém envolvido com o nar-
cotráfico, a fim de confirmar suas relações pessoais com integrantes 
de um determinado grupo criminoso, por exemplo, já pode ser 
considerada uma ação de coleta de dados no âmbito da Inteligência 
de Segurança Pública.
Já as ações de busca podem envolver medidas como a interceptação 
de sinais e de dados, por exemplo, por meio de escutas telefônicas, 
infiltração em organizações criminosas ou adentramento em 
ambientes privados sem o conhecimento de seus proprietários.
As ações de busca, por vezes, constituem um desafio à parte para 
as instituições de Segurança Pública, por colidirem com direitos 
fundamentais da pessoa alvo da busca ou mesmo representar a vio-
lação de preceitos da lei penal. Isso ocorre, especialmente, quando, 
para a efetivação das ações de busca, são adotadas medidas como o 
reconhecimento, a vigilância, o recrutamento operacional, a infil-
tração, a desinformação, a provocação, a entrevista, a entrada e a 
interceptação de sinais e de dados. 
O promotor de justiça Evandro Ornelas Leal (2016, p. 19-20) explica 
cada um desses termos da seguinte forma:
 � Reconhecimento 
É a ação de busca realizada para obter dados sobre o ambiente 
operacional ou identificar visualmente uma pessoa. Normalmente é 
uma ação preparatória que subsidia o planejamento de uma Operação 
de Inteligência.
 � Vigilância
É a ação de busca que consiste em manter um ou mais alvos 
sob observação.
 � Recrutamento operacional
É a ação de busca realizada para convencer uma pessoa que não 
pertencente à atividade de Inteligência a trabalhar em benefício desta.
 � Infiltração
É a ação de busca que consiste em colocar uma pessoa junto ao alvo, 
a fim de captar todas as informações de interesse para o processo 
de conhecimento.
 � Desinformação
É a ação de busca realizada para, intencionalmente, confundir 
alvos, sejam estes pessoas ou organizações, a fim de induzir esses 
alvos a cometerem erros de apreciação, levando-os a executar um 
comportamento predeterminado.
PROCediMenTOS 
TíPiCOS de aÇÕeS
de BUSCa
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 33
 � Provocação
É a ação de busca, com alto nível de especialização, realizada para 
fazer com que uma pessoa/alvo modifique seus procedimentos e 
execute algo desejado pela agência de inteligência, sem que o alvo 
desconfie da ação.
 � Entrevista
É a ação de busca realizada para obter dados por meio de uma 
conversação, mantida com propósitos definidos, planejada e 
controlada pelo entrevistador.
 � Entrada 
É a ação de busca realizada para obter dados em locais de acesso restrito 
e sem que seus responsáveis tenham conhecimento da ação realizada.
 � Interceptação de sinais e dados
É a ação de busca realizada por meio de equipamentos adequados, 
operados por integrantes da inteligência eletrônica, os quais captam 
os dados de interesse no exato instante em que são transmitidos de 
uma fonte para outra.
Na intercepção de sinais e dados, a transmissão é feita sem produzir 
qualquer alteração nos dados e sem revelar que tais dados estão sendo 
captados, podendo ser citadas como exemplos a interceptação tele-
fônica, a interceptação telemática, a escuta ambiental.
Para serem efetivas, as medidas empregadas em ações de busca 
precisam ser realizadas em conjunto com Técnicas Operacionais de 
Inteligência (TOIs). Entre as principais TOIs presentes na Doutrina 
Nacional de Segurança Pública estão: a observação, memorização e 
descrição (OMD); a estória-cobertura; o disfarce; as comunicações 
sigilosas; a análise de veracidade; e a fotointerpretação. A seguir, 
veja o que significa cada uma delas:
Observação, memorização e descrição (OMD):
consiste em uma ação dividida em três etapas. Primeiro, 
o agente usa seus sentidos para captar o máximo de 
informações possíveis existentes no ambiente; segundo, 
o agente reconstitui o máximo de detalhes observados em 
sua mente; terceiro, o agente descreve verbalmente ou 
formalmente (ex.: por relatório) o máximo de detalhes e 
impressões captadas no ambiente.
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 34
Estória-cobertura: 
visa encobrir as reais identidades dosagentes de inteligência, 
a fim de facilitar a obtenção de dados, dissimulando os 
verdadeiros propósitos da atividade, e assegurar a segurança 
e o sigilo da operação.
Infiltração: 
consiste em colocar um profissional de inteligência de segurança 
pública junto ao alvo, com o propósito de obter o dado negado.
Comunicação sigilosa:
técnica operacional que visa viabilizar a comunicação de forma 
dissimulada, visando à sua não detecção.
Análise de veracidade:
é a TOI utilizada para analisar, por meio de recursos tecnológicos, 
se há veracidade no que uma pessoa esteja falando. 
Fotointerpretação, ou inteligência de imagem:
visa gerar subsídios para o planejamento de operações podendo 
envolver, por exemplo, fotografias aéreas, imagens de satélite, 
de drones e mesmo radares. 
O manejo das TOIs em articulação com as ações de coleta e de busca, 
em sede de inteligência aplicadas à atividade policial, em particular, 
e de Segurança Pública, em geral, gera informações de alta relevância 
para o enfrentamento e investigação de organizações criminosas, 
mormente considerando àquelas ligadas ao narcotráfico.
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 35
Assim, por meio dos recursos técnicos da Inteligência de Segurança 
Pública, é possível alcançar resultados como: 
Resultados de Operações 
de Inteligência Policial
Identificação de grupos criminosos, de seu modus operandi
e de sua divisão de tarefas. 
Individualização de seus integrantes e comandos hierárquicos. 
Plotagem da localidade ou região de atuação. 
Monitoramento e documentação da atuação criminosa e de 
eventuais informantes (interceptação telefônica combinada 
com ação controlada, com recurso de vigilância eletrônica, 
móvel ou fixa). 
Identificação do indivíduo criminoso mais propenso para 
cooperar com a investigação policial ou para ser oferecida
a delação premiada. 
Traçado de tendências criminosas. 
Prevenção de crimes.
Proteção de testemunhas.
É relevante comentar, ainda, do ponto de vista de inteligência aplicada 
aos serviços de polícia judiciária e de Segurança Pública em geral, 
que o Ministério da Justiça e Segurança Pública criou, sob a respon-
sabilidade da Secretaria de Operações Integradas (SEOPI), a Rede de 
Centros Integrados de Inteligência de Segurança Pública. Os centros 
são responsáveis por reunir dados de inteligência entre os órgãos 
estaduais, com o intuito de obter informações sobre integrantes 
das organizações criminosas, bem como antecipar investidas desses 
grupos de forma preventiva.
Em conclusão, vimos que uma das principais atividades da Inteligência 
Policial é a gestão do conhecimento e que, para gerir o conhecimento, 
fazendo oposição ao crime organizado, é comum a utilização das ações 
de coleta e busca de dados, efetivadas por um conjunto de medidas 
e técnicas operacionais. Em suma, com a Unidade 2, foi possível 
identificar que atuação policial é ampla e diversa, e encontra na sua 
frente de inteligência um de seus maiores expoentes para repressão 
ao crime organizado e ao narcotráfico, especialmente, por meio da 
gestão especializada, estratégica e inovativa do conhecimento.
Enquadre no seu celular 
ou tablet o código de 
REALIDADE AUMENTADA 
do aplicativo Zappar para 
assistir ao vídeo sobre a 
Secretaria de Operações 
Integradas (SEOPI) e seus 
resultados.
RA
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 36
Unidade 3
nOÇÕeS BÁSICaS de anÁLISe 
CRIMInaL anTIdROGaS
COnTexTUaLiZandO
Nesta unidade, apresentaremos um breve histórico da Análise Cri-
minal, a fim de que você possa conhecer um pouco sobre a origem 
e o desenvolvimento dessa área. Também abordaremos os funda-
mentos da Análise Criminal investigativa, seu estado atual com o 
uso intensivo de recursos tecnológicos, opções de fontes de dados 
para uso do analista criminal e as principais competências esperadas 
desse profissional. Identificaremos, ainda, o destaque que a área tem 
recebido e os esforços promovidos no âmbito do Ministério da Justiça 
e Segurança Pública para o fomento da Análise Criminal. 
Desse modo, objetivamos aumentar seu conhecimento acerca de 
importantes aspectos e recursos que possam contribuir em trabalhos 
conjuntos com a Inteligência de Segurança Pública para o enfrenta-
mento do narcotráfico e do crime organizado.
3.1 BReVe hiSTóRiCO da anÁLiSe 
CRiMinaL
Para começarmos a compreender mais sobre a Analise Criminal, 
vamos examinar um pouco da sua origem e seu desenvolvimento. 
Contudo, antes de começarmos a percorrer a história da Análise Cri-
minal, é necessário a conceituarmos. De acordo com a Enciclopédia 
de Ciência Policial:
A Análise Criminal é a coleta e o manejo de informações 
relacionadas ao crime e com dados para discernir padrões dentro 
desses mesmos dados, com o objetivo de prever, compreender, 
ou explicar empiricamente o crime e a criminalidade, para avaliar 
o desempenho de uma agência de justiça criminal do governo, 
ou para estabelecer o desdobramento tático e estratégico dos 
recursos humanos de tais agências. (LUM, 2007)
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 37
Este tipo de análise tem sido mais regularmente usado por agências 
policiais. Contudo, sua utilização também pode ser identificada 
em outras agências de justiça criminal, bem como no trabalho de 
cientistas sociais, particularmente no campo da Criminologia, que 
tem usado múltiplas abordagens analíticas do crime para auxiliar 
as agências policiais. 
A Análise Criminal não se restringe a nenhum conjunto específico 
de ferramentas analíticas, sistemas, tipo de informações ou fontes. 
Porém, é possível indicar alguns fatores que podem servir como parâ-
metros para decidir o modo como a análise será conduzida. Estes são, 
geralmente, o objetivo da análise, os tipos de dados, necessários ou 
oportunos, e disponíveis e acessíveis, para subsidiar o atingimento 
do objetivo da análise e as habilidades analíticas do responsável pela 
análise (LUM, 2007). Por isso, a capacitação de profissionais que atuam 
na área ou que com ela tangenciam suas atividades é algo bastante 
relevante. Você faz parte deste esforço coletivo!
3.1.1 OS PRiMóRDiOS Da aNÁliSE 
cRiMiNal NO REiNO UNiDO
De acordo com Bieck (1995), há duas versões para a origem da 
Análise Criminal (AC) que apontam para a cidade de Londres, 
na Inglaterra. Uma delas refere o londrino Henry Fielding, no ano 
de 1749, como criador da AC.
Henry Fielding. 
Foto: Citações.
Já a outra dirige seu olhar para a Polícia Metropolitana de Londres 
como iniciadora da AC. Ainda conforme Bieck (1995), uma terceira 
versão atribui indiretamente a criação da AC também aos britâ-
nicos. Para esta, a AC teria surgido nos EUA sob influência inglesa, 
por intermédio do lendário chefe de polícia da cidade de Berkeley, 
na Califórnia, August Vollmer. Vollmer também é considerado por 
muitos como o “pai” das polícias norte-americanas modernas.
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 38
August Vollmer.
 Fonte: Berkeleyside.
 3.1.2 HENRy FiElDiNg, a aNÁliSE cRiMiNal 
E SUa iNFlUêNcia Na cRiaçãO Da 
POlícia MODERNa
Henry Fielding (nascido em Sharpham, Inglaterra, 1707-1754) é uma 
figura histórica que transcende a Análise Criminal. Ele também é 
conhecido como um escritor de sátiras focadas na política e na arte.
Fielding também foi juiz do Tribunal de Westminster, Londres, Reino 
Unido. Em tal condição, estabeleceu, em 1749, uma espécie de grupo 
policial semiformal (pago com verbas do tribunal), alcunhado de 
“Bow Street Runners” (“Corredores da Rua Bow”, em uma alusão ao 
antigo endereço do tribunal). O grupo é considerado precursor do 
que depois viria a ser a Polícia Metropolitana de Londres, ou Scotland 
Yard, ou “Met”, como é popularmente chamada.
Os membros do grupo (originalmente oito deles) atuavam de forma 
bemsemelhante aos atuais oficiais de justiça brasileiros, cuidando 
da entrega de mandados judiciais, além de efetuar prisões. 
Fielding é referido na literatura da Polícia Metropolitana de Londres 
como o primeiro sistematizador de dados de registros criminais e 
respectiva análise. Fielding estimulava o público a fazer denúncias 
de crimes e descrições de seus perpetradores, informações que eram 
depois consolidadas por ele próprio em uma publicação chamada 
“The Covent Garden Journal” (1752).
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 39
Fonte: Mcleod (2012).
Tal publicação continha dados de descrições e análises, a exemplo 
de furtos, respectivos autores e bens subtraídos. A publicação passou 
depois a ser denominada “Police Gazette” (1828), e sua edição ficou 
sob a responsabilidade da Polícia Metropolitana de Londres (1883).
A Enciclopédia Britânica aponta a seguinte entrada para 
a “Police Gazette”: A “Police Gazette” é uma publicação 
diária da Polícia Metropolitana de Londres e que contém 
detalhes de bens subtraídos e pessoas procuradas por 
crimes cometidos. Ela é distribuída gratuitamente 
para forças policiais britânicas e para algumas forças 
policiais europeias. Leia mais sobre a Police Gazette na 
“Enciclopédia Britânica”, disponível em: https://www.
britannica.com/topic/The-Police-Gazette.
Saiba MaiS
A “Gazette” pode ser considerada a primeira “base de dados”, an-
cestral conceitual dos modernos sistemas automatizados de dados. 
Com a morte de Henry, em 1754, sua função passou a ser ocupada, 
até 1780, por seu irmão John Fielding. 
O grupo dos “Bow Street Runners”, em 1805, tornou-se uma patrulha 
a cavalo organizada por Richard Ford, sucessor de John Fielding. 
Por essa época, os membros da patrulha montada já trajavam a túnica 
azul, que caracteriza historicamente os membros da polícia londrina.
Foto: © [Denis Feldmann] / Adobe Stock.
https://www.britannica.com/topic/The-Police-Gazette
https://www.britannica.com/topic/The-Police-Gazette
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 40
Com esses antecedentes, em 1829, Robert Peel criou oficialmente a 
Polícia Metropolitana de Londres, tida como a instituição que inau-
gurou a polícia moderna.
A “Met” é considerada mundialmente uma instituição 
paradigmática da prestação de serviços policiais, 
precursora das organizações policiais ocidentais 
modernas, caso, por exemplo, do Departamento de Polícia 
da Cidade de Nova York (formalmente estabelecido como 
tal em 1844, 15 anos após a instituição formal da Polícia 
Metropolitana de Londres).
PodcAst TRaNScRiTO
A localização de antecedentes históricos da Análise Criminal no Reino 
Unido, especificamente na Inglaterra e em Londres, dá corpo e, se-
gundo alguns, autenticidade, à suposição de que a “Scotland Yard” 
tenha sido a origem da Análise Criminal. 
Reunir e sistematizar dados e informações sobre crime, criminosos 
e questões conexas é instrumental para o processo de descoberta de 
padrões, tendências, correlações e problemas de segurança pública, 
objetivo fundamental da Análise Criminal. É possível afirmar que os 
trabalhos de Henry Fielding, em Londres, caracterizam um empreen-
dimento pioneiro de reunir e sistematizar dados e informações sobre 
o fenômeno criminal, o que seria depois consolidado pela própria 
Polícia Metropolitana de Londres.
3.1.3 ESTaDOS UNiDOS cOMO POSSívEl 
lOcal DE ORigEM Da aNÁliSE cRiMiNal
Duas versões apontam a origem da Análise Criminal (AC) nos Estados 
Unidos da América (EUA). Uma delas refere-se a um indivíduo, August 
Vollmer, enquanto outra aponta o momento inicial da AC ocorrendo 
nos EUA por conta de uma instituição daquele país, o “Northwestern 
Traffic Institute” (Instituto de Trânsito do Noroeste). A referência 
à segunda origem permanece obscura na literatura correspondente 
(BIECK, 1995). 
August Vollmer (natural de New Orleans, Louisiana, EUA, 1876-1955) 
pode ser considerado como: “o pai da profissão policial moderna 
nos EUA” (MACNAMARA, 1995). Vollmer “dá o tom” da existência e 
desenvolvimento de uma Ciência Policial ainda no início do século XX.
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 41
Uma atitude intelectual crítica de Vollmer, e que certamente o 
vincula à disciplina de AC, é seu “olhar” voltado para a regularidade 
do fenômeno criminal. Ele teria referido, em seu próprio tempo 
de gestor policial nos idos de 1909, que determinadas ocorrências 
policiais podem, depois de tabuladas e analisadas, apontar locais 
de risco para vitimização, o que é hoje reafirmado nas modernas 
“Teorias da Prevenção Criminal Situacional” (TPCS).
Vollmer, sob a legitimidade do seu exercício de docência de Adminis-
tração Policial na Universidade da Califórnia, em Berkeley, entre 1932 
a 1937, cria uma tradição acadêmica para o ensino e a pesquisa em 
Segurança Pública/Justiça Criminal/Ciência Policial. Ao mesmo tempo, 
desenvolve os programas de graduação e mestrado em Criminologia 
daquela conhecida instituição de ensino superior norte-americana. 
A respeito do “olhar” de Vollmer voltado para a regularidade do 
fenômeno criminal, Frank Williams observa que:
[...] uma teoria criminológica, a das atividades de rotina, 
precipitou uma nova abordagem analítica para localização 
do crime nos chamados ‘pontos quentes’. 
(WILLIAMS, 1995, p. 181) 
Com terminologia genérica, era a isso que Vollmer já se referia há 
mais de um século. Ainda assim, a “linha” de uma Ciência Policial e 
dos supostos primórdios da AC nos EUA apenas se inicia com Vollmer. 
Orlando Winfield Wilson, ex-policial sob o comando de Vollmer em 
Berkeley, sucede seu mentor profissional na docência em Berkeley, 
seguindo depois para o Departamento de Polícia de Chicago. 
Em Chicago, a sucessão de “notáveis” da moderna Ciência Policial 
tem sua continuidade com Herman Goldstein, eventualmente as-
sessor da Wilson na polícia de Chicago. Goldstein fica celebrizado pela 
moderna doutrina de polícia comunitária e respectiva obra seminal, 
“Policiando uma Sociedade Livre” (traduzida para o português e 
publicada pela editora da Universidade de São Paulo). 
A ideia de buscar sentido em conjuntos de registros de ocorrências 
criminais com as técnicas da Análise Criminal é retomada por Wilson, 
nos seguintes termos:
Curso FRoNt
MÓDULO 5 - TÓPICOS ESPECIAIS EM REPRESSÃO AO NARCOTRÁFICO E AO CRIME ORGANIZADO 42
As divisões de análise criminal são responsáveis pelo exame 
sistemático de boletins diários de ocorrência de determinados 
crimes, de modo a determinar hora, local, características 
especiais, semelhanças com outras ocorrências e vários outros 
fatos significativos que podem contribuir para a identificação 
de um criminoso ou de um padrão de atividade criminal.
(WILSON apud DANTAS; SOUZA, 2004, p. 9)
A referência de Wilson às divisões de Análise Criminal remete à questão 
da finalidade dessa atividade. Ela pode ter conotação tática, estratégica 
ou administrativa, enquanto a Análise Criminal Investigativa é assim 
chamada em razão do seu objeto/objetivo de estudo e intervenções.
3.2 FUndaMenTOS da anÁLiSe 
CRiMinaL InVeSTiGaTiVa
Agora que conhecemos um pouco sobre a origem e desenvolvimento 
da Análise Criminal, vamos conhecer o estado atual da área que tem 
feito uso intensivo de recursos tecnológicos. Também conheceremos 
opções de fontes de dados para uso do Analista Criminal e as principais 
competências esperadas deste profissional.
3.2.1 a aNÁliSE cRiMiNal E aS 
TEcNOlOgiaS Da INFORMaçãO
Na Análise Criminal Investigativa, nos dias de hoje, tem-se feito 
uso cada vez mais frequente das Tecnologias da Informação (TI) em 
proveito da Segurança Pública (SP) e da Justiça Criminal (JC). Este uso 
se tornou viável com a universalização dos microcomputadores e dos 
dispositivos móveis (smartphones e tablets) e respectivos aplicativos. 
Alguns exemplos são:
Plataforma i2 e ferramentas de Business 
Intelligence

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