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S		T		E		L		L		A			G		R		A		Y
	
	
	
	
	
Destinada
ao	Capo
Série	Submundo
VOLUME	01
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
São	Paulo,	2017.
	
	
	
©	2016	by	Stella	Gray.
	
Todos	os	direitos	reservados	e	protegidos	pela	Lei.	9.610	de	19/02/1998.
	
Nenhuma	parte	deste	livro,	sem	autorização	prévia	por	escrito	da	autora,	poderá	ser	reproduzida	ou
transmitida	sejam	quais	forem	os	meios	empregados:	eletrônicos,	mecânicos,	fotográficos,	gravação	ou
quaisquer	outros.
	
Gray,	Stella.
	
Destinada	ao	Capo	(Série	Submundo)	/	Stella	Gray.
	
1.	Literatura	nacional
2.	Literatura	erótica
3.	Romance
4.	Ficção
	
Capa:	Magic	Editorial
	
Revisão:	Elisabeth	Ferreira
	
Diagramação:	April	Kroes
	
Registro:	1901069539311		
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
Os	personagens,	eventos	e	alguns	lugares	retratados	neste	livro	são	fictícios	e	puramente	invenções	da
imaginação	fértil	da	autora.	Qualquer	semelhança	com	pessoas	reais,	vivas	ou
mortas,	é	mera	coincidência	e	não	pretendia	pela	autora.
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
Introdução
	
	
Amélia	McAdams	é	uma	jovem	jornalista	que	não	mede	esforços	para
entrevistar	o	mafioso	mais	temido	das	últimas	décadas.	Seu	altruísmo	em
poder	expor	os	podres	da	Família	italiana	cega	completamente	a	jornalista,
mas	sua	autoconfiança	e	determinação	se	dissolvem	quando	está	cara	a	cara
com,	Demétrio	Gratteri	em	carne	e	osso.	Ele	é	grosseiro,	desafiante	e
arrogante,	mas	que	é	capaz	de	ter	sentimentos	bondosos.	Para	Demétrio,
mentirosos	não	tem	segunda	chance.	Duas	personalidades	diferentes	só
poderão	sair	faíscas,	juntas.	Um	romance	envolvente,	perigoso,	estimulante,
excitante	e	eletrizante	nasce.	E	serão	nesse	momento	em	que	tudo	será
mudado,	medos,	segredos,	traições	e	mentiras.	Até	que	ponto	o	amor	pode
mudar	vidas?
	
	
	
	
CAPÍTULO
1
INFORMAÇÕES
	
	
A	 chuva	 caía	 fortemente	 quando	 entrei	 na	 Biblioteca	 Nacional	 de
Nevada.	Era	um	saco	ter	que	usar	os	computadores	públicos.	Meu	notebook
resolveu	ir	para	um	mundo	melhor	justamente	em	um	domingo,	e	próximo	ao
dia	que	 tenho	que	 levar	 tudo	ao	 jornal	que	 trabalho.	Corri	 rapidamente	para
dentro	do	prédio	com	as	minhas	anotações	e	fechei	o	guarda-chuva.
	
A	biblioteca	estava	vazia,	só	havia	o	barulho	dos	poucos	computadores
que	 tinha	 ali,	 a	 bibliotecária	 de	meia	 idade	 atrás	 do	 balcão,	 desinteressada,
nem	sequer	me	olhou.	Andei	para	o	fundo	do	ambiente	e	passei	pelo	corredor
indo	 ao	 lado	 direito.	 Tirei	 o	 meu,	 sobretudo,	 que	 ia	 até	 os	 joelhos,	 da	 cor
caramelo	e	me	sentei	na	primeira	cadeira	de	frente	ao	computador.
Abri	minhas	anotações	na	mesa	e	li	toda	a	minha	pesquisa:
	
“Demétrio	 Gratteri	 -	 The	 Rich	 Mobster*	 Gratteri	 e	 seus	 irmãos
cresceram	 na	 pobreza	 e,	 entraram	 para	 a	 vida	 do	 crime	 muito	 cedo.
Operando	 a	 partir	 do	 bairro	 de	 Santa	 Croce	 na	 Veneza,	 Gratteri
rapidamente	 ganhou	 destaque	 tornando-se	 um	 dos	 maiores
“arrecadadores”	 da	 Família	 Gambino,	 sendo	 protegido	 pelo	 subchefe
Anastácio	Carapello.
	
Depois	 que	 o	 FBI	 indiciou	 membros	 da	 “gangue”	 de	 Demétrio
Gratteri	pela	venda	de	narcóticos,	este	passou	a	temer	que	ele	e	seus	homens
fossem	mortos	pelo	chefe	da	Família	Gambino	-	Paul	Ciardella,	por	 tráfico
de	 drogas.	 Gratteri,	 então,	 aproveitou	 a	 dissidência	 crescente	 sobre	 a
liderança	 da	 Família	 e	 organizou	 o	 assassinato	 do	 chefão	 Ciardella	 em
dezembro	de	1997,	assumindo	como	o	 líder	de	uma	das	 famílias	criminosas
mais	poderosas	da	América.	A	partir	daí,	fez	centenas	de	milhões	de	dólares
por	ano	a	partir	de	 licitações	 fraudulentas,	sequestros,	agiotagem,	casas	de
jogos	 de	 azar,	 extorsão,	 prostituição,	 tráfico	 humano,	 de	 armas	 e	 de
narcóticos	e	outras	muitas	atividades	criminosas.
	
Gratteri	tem	sido	um	dos	chefes	do	crime	organizado	mais	poderosos
da	 sua	 geração	 e	 se	 tornou	 amplamente	 conhecido	 por	 sua	 personalidade
franca,	 pela	 frieza	 e	 seu	 estilo	 extravagante,	 que	 ganhou	 a	 simpatia	 de
grande	 parte	 do	 público	 em	 geral.	 Enquanto	 os	 outros	 chefões	 evitavam
chamar	a	atenção,	principalmente	da	mídia,	Gratteri	ficou	conhecido	como	o
“The	Rich	Mobster”	*	por	suas	roupas	caras	e	por	sua	personalidade	forte
em	frente	às	câmeras	dos	noticiários.
	
Mais	 tarde,	 foi	 lhe	dado	o	apelido	de	“Man	Go	Unpunished”*,	após
três	 julgamentos	de	grande	visibilidade	na	década	de	90	que	resultarão	em
sua	absolvição,	ainda	que,	mais	tarde,	fosse	revelado	que	os	veredictos	foram
resultado	da	adulteração	do	júri,	má	conduta	dos	jurados	e	intimidação	das
testemunhas.	 No	 entanto,	 as	 autoridades	 policiais	 não	 ficaram
impressionadas	 com	o	 seu	 estilo	 ou	 sua	 reputação,	 e	 continuaram	a	 juntar
provas	contra	Gratteri,	que,	posteriormente,	não	resultou	em	nada,	deixando
o	Capo	a	solta.
	
Gratteri	 é	 atualmente	 o	Capo	 da	Cosa	Nostra	 e	 vive	 em	Las	Vegas.
Aos	 trinta	 e	 sete	 anos,	 é	 o	 Capo	mais	 jovem	 da	 história,	 e	 o	 homem	mais
temido	do	mundo	mafioso,	pela	sua	frieza	e	rosto	sem	emoções.	Gratteri	e	a
Família	 de	 Las	 Vegas	 é	 a	 mais	 bem	 preparada,	 e	 já	 comanda	 mais	 três
Famílias,	 além	 da	 própria	 Gambino,	 que	 já	 foi	 Chefe	 em	 Nova	 York,
Bonanno,	e	Lucchese	que	também	tem	proteção	total	ao	Capo	Gratteri”.
	
Wow!	Ele	realmente	era	um	cara	“fodão”.	Por	curiosidade,	cliquei	em
uma	 foto	 sua,	 e	 os	 meus	 olhos	 se	 arregalaram:	 Demétrio	 Gratteri	 era	 sem
dúvidas	 um	 homem	 gostosíssimo.	Tinha	 cabelos	 castanhos	 avermelhados	 e
um	penteado	muito	elegante,	pele	branca,	alto	demais,	musculoso	na	medida	e
um	olhar	azul	frio	e	atento.	Ele	realmente	era	um	Capo.	Fiquei	lá	babando	na
sua	foto,	mas	um	barulho	na	biblioteca	me	fez	sair	daquele	transe.	Pigarreei
algumas	 vezes	 e	 comecei	 a	 pegar	 os	 pontos	 importantes	 que	 minha	 mente
encontrou	na	pesquisa.
	
Enfim,	 após	 três	 meses	 e	 meio	 infernizando	 o	 seu	 Consigliere
Vicentino	 Cavallaro,	 tinha	 conseguido	 uma	 entrevista	 exclusiva	 na	 mansão
Gratteri.	Mas	 não	 foi	 fácil,	 pois	 durante	 essas	 minhas	 perseguições	 ao	 seu
braço	direito	fui	ameaçada	quatro	vezes	por	eu	ser…	Como	ele	disse	mesmo?
Ah	 sim!	Por	 eu	 ser	 uma	porra	 de	 uma	garota	 insopportabile	 e	 fastidioso*.
Isso	me	rendeu	até	ficar	imprensada	contra	a	parede	do	restaurante	e	um	olhar
assassino.
	
Não	 desisti	 e	 ele	 acabou	 indo	 falar	 com	o	 Senhor	Gratteri	 que	 disse
sim	depois	de	uma	semana!	Mas	valeu	a	pena,	ninguém	da	redação	acreditava
que	eu	conseguiria	uma	matéria	tão	boa	quanto	às	outras	que	já	haviam	sido
feitas	 por	 outros	 jornalistas.	 As	 pessoas	 já	 estavam	 cansadas	 de	 ler	 sobre
roubos	 nos	 cassinos,	 turistas	 bêbados	 e	 pelados	 nadando	 nas	 fontes,	 brigas
pelas	prostitutas	e	idiotas	com	maconha	no	cérebro	indo	se	casar	nas	igrejas
com	 Elvis	 Presley	 sendo	 o	 pastor.	 Eles	 gostariam	 de	 saber	 mais	 sobre	 a
personalidade	 do	 Capo	 e	 eu	 daria	 isso.	 Minha	 chefe,	 Cinthia,	 ficou	 feliz
quando	 eu	 lhe	 disse	 que	 tinha	 conseguido	 a	 entrevista,	mas	 ela	 queria	 algo
inesperado	 do	 chefão,	 queria	 outros	 tipos	 de	 perguntas	 e	 respostas	 para
passarmos	na	frente	da	nossa	concorrente,	New	Vegas.
	
Confesso	 que	 eu	 tentei	 entrar	 lá	 quando	 acabei	 minha	 faculdade,
porque	 enfim,	 eles	 dão	 horas	 extras	 em	 dinheiro.	 No	 jornal	 Nevada	News,
onde	 trabalho,	 eles	 pagam	 os	 extras	 com	 entradas	 de	 cinemas	 ou	 uma
hospedagem	de	três	dias	no	Plaza	Hotel.	Ninguém	quer	isso!	Principalmente
eu.	Infelizmente	eu	ainda	não	estava	nos	padrões	da	New	Vegas	e	optei	pela
segunda	opção.
	
Mas	com	essa	entrevista	eu	sentia	que	algo	mudaria	na	minha	vida.	O
meu	sonho	era	me	tornar	a	supervisora	chefe	da	redação,	eu	estava	cobiçando
por	essa	promoção	há	meses!	Algo	que	todos	ali	estavam	à	procura.	Mas,	eu
era	a	que	mal	era	percebida	dentro	daquele	lugar	imenso	com	várias	mesinhas
e	pessoas	correndo	e	gritando,	ou	ao	telefone	em	busca	de	uma	nova	notícia.
Ou	quase	nova.	Mas	eu	estavapronta	para	novas	conquistas.	E	ia	conseguir	a
partir	dessa	entrevista.	Finalmente	tinha	chegado	a	minha	hora!
	
Imprimi	 as	 minhas	 dez	 perguntas	 e	 revisei	 novamente.	 Elas	 eram
poucas,	 pois	 o	 Senhor	 Gratteri	 não	 queria	 mais	 que	 isso,	 eu	 ainda	 tentei
aumentar	para	vinte,	mas	o	seu	subchefe	quase	teve	um	troço	e	disse:	“apenas
dez	sua	enxerida”.	Eu	não	era	enxerida,	nem	um	pouco.	Bem,	 talvez	só	um
pouquinho.	Olhei	para	a	tela	do	computador	novamente	e	observei	a	foto	de
Demétrio,	 e	 a	 ansiedade	 atravessou	 meu	 corpo.	 Eu	 nunca	 tinha	 feito	 uma
entrevista	pessoal,	e	logo	na	primeira	vez	ia	ser	com	o	Capo	da	Cosa	Nostra!
	
Terminei	 de	 guardar	minhas	 coisas	 e	 sai	 da	 biblioteca,	 sem	 ser	 vista
novamente	 pela	 bibliotecária;	 finalmente	 a	 chuva	 tinha	 cessado	 e	 andei
tranquilamente	até	meu	carro.	Entrei	dentro	do	veículo	jogando	minha	bolsa	e
minhas	anotações	e	fui	direto	ao	mercado.
	
*****
Eu	ainda	estava	chateada,	pelas	poucas	perguntas	que	faria.	Eu	queria
saber	mais	dele,	na	verdade,	queria	saber	até	qual	era	a	sua	cor	 favorita	e	o
que	 ele	 mais	 gosta	 de	 comer.	 Mas	 eu	 não	 poderia	 desperdiçar	 minhas
perguntas,	 tinha	 pesquisado	 tanto	 sobre	 ele	 que	 rotulei	 as	 melhores	 que	 eu
poderia	fazer	ao	Senhor	Gratteri.
	
Peguei	meu	copo	de	vinho	da	mesinha	e	beberiquei	um	pouco	mais	a
bebida,	já	se	passava	das	22h	e	eu	ainda	estava	sentada	na	sala	assistindo	TV.
Peguei	 meu	 celular	 e	 abri	 meus	 e-mails.	 Abri	 a	 mensagem	 de	 Vicentino
Cavallaro:
	
De:	Vicentino	Cavallaro
Assunto:	Entrevista	com	o	Capo.
Data:	18/09/2010	as:	07h35min
Para:	Amélia	McAdams
“Bom	 dia	 Srta.	 McAdams.	 Estou	 lhe	 informando	 que	 sua	 tão	 esperada	 entrevista	 será	 na
segunda-feira	 (18),	 às	 14h30min.	 Por	 favor,	 sem	 atrasos,	 meu	 Capo	 tem	 coisas	 mais
importantes	para	fazer	do	que	responder	ao	seu	interrogatório	pernóstico*.	Até	lá!”
	
	
	
Sim,	 ele	 era	 um	 grosso,	 e	 nas	 últimas	 vezes	 que	 o	 vi	 ele	me	 olhava
como	 se	 eu	 fosse	 apenas	 um	pedaço	 de	 carne.	A	Família	 de	Las	Vegas	 era
conhecida	por	homens	brutos	 e	 ruins	 a	 suas	mulheres,	 alguns	deles	 usavam
até	 o	 estupro	 como	 busca	 de	 informações	 da	 vítima.	 Era	 realmente	 de	 dar
nojo!	Em	uma	das	muitas	entrevistas	do	Senhor	Gratteri,	quando	perguntado
do	 porque	 ele	 não	 poderia	 proibir	 aos	 seus	 homens	 de	 cometer	 violência
sexual	contra	mulheres.	Ele	apenas	disse	“Que	nem	sempre	tínhamos	que	pôr
uma	arma	na	cabeça	do	seu	oponente”.		
	
Que	horror!
	
Depois	disso	houve	um	protesto	de	mulheres	nas	 ruas	dizendo	que	a
máfia	não	era	bem-vinda,	a	organizadora	desapareceu	misteriosamente	depois
de	alguns	dias.	Claro	que	eu	não	perguntaria	isso	a	ele,	se	quisesse	que	seus
homens	fossem	animais	brutais	não	poderia	fazer	nada,	nem	mesmo	com	as
mulheres	 que	 se	 metiam	 com	 eles.	 Eu	 jamais	 entraria	 no	 caminho	 desses
caras,	apenas	 faria	minha	entrevista,	apresentaria	a	minha	chefe,	cruzaria	os
dedos	 para	 conseguir	 aquela	 promoção	 e	 fim.	 Nada	 de	 envolvimentos,
obrigada!
	
Soltei	 um	 bocejo	 longo	 e	 limpei	 as	 lágrimas	 de	 sono.	 Decidi	 ir	 me
deitar.	Desliguei	a	TV	e	bebi	todo	meu	vinho,	caminhei	preguiçosamente	pelo
apartamento	 e	 abri	 a	 porta	 do	meu	 quarto,	meu	 cachorro	November	 estava
dormindo	 preguiçosamente	 na	 minha	 cama.	 Ele	 tinha	 esse	 nome,	 pois	 foi
nesse	 mês	 que	 tinha	 encontrado	 ele	 ainda	 filhotinho	 perto	 do	 campus	 da
faculdade,	ele	estava	muito	magro	e	com	suas	orelhinhas	machucadas.	Depois
que	 o	 peguei	 para	 mim,	 seus	 pêlos	 amarelos	 cresceram	 e	 ele	 se	 tornou	 o
labrador	mais	lindo	do	mundo.	Meu	November!
Deitei-me	 ao	 seu	 lado	 e	 puxei	 as	 cobertas,	 fiquei	 alguns	 segundos
olhando	para	o	teto	escuro	e	me	sentindo	animada	pelo	grande	e	maravilhoso
dia	de	 amanhã	 e	pelas	 coisas	boas	que	me	esperam.	Pensando	nisso,	 fechei
meus	olhos	e	adormeci.
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
CAPÍTULO
2
ENTREVISTA
	
	
Meu	coração	estava	frenético	naquela	manhã.	Escolhi	o	melhor	vestido
que	 eu	 tinha,	 era	 de	 um	verde	 escuro	 com	alças	 grossas	 e	 iam	até	 os	meus
joelhos.	Ele	era	bem	justo	e	colado	nas	minhas	curvas,	mas,	porque	eu	queria
que	minhas	curvas	ficassem	destacadas?	Argh!	Passei	uma	leve	maquiagem	e
vesti	meu	salto	preto.	Peguei	meu	casaco,	bolsa	e	 saí	de	casa,	porque	ainda
precisava	passar	na	redação	para	mostrar	a	Cinthia	minhas	“dez”	perguntas.
	
******
—	 É	 uma	 grande	 pena	 ser	 somente	 poucas	 perguntas,	 mas	 elas	 são
boas.	—	disse	Cinthia	com	um	sorriso.
	
Eu	estava	na	sala	dela	há	mais	de	três	horas	e	estava	tão	nervosa,	pois,
logo	daria	a	hora	de	ir	à	mansão	Gratteri.
	
—	 Obrigada,	 Cinthia.	 —	 Disse	 a	 ela.	 Cinthia	 se	 levantou	 de	 sua
cadeira	 e	 me	 entregou	 o	 papel.	 Guardei	 rapidamente	 dentro	 da	 minha
caderneta.	Cinthia	soltou	um	suspiro	e	pegou	um	gravador	da	sua	estante.	Eu
quase	ri.
	
—	Algum	problema?	—	Perguntou	ainda	sorrindo.
	
—	É	que	o	gravador	não	é	necessário,	os	smartphones	dão	conta	hoje
em	dia.	—	Dei	de	ombros.
	
Cinthia	deu	uma	risada	e	assentiu	colocando	o	gravador	de	volta	ao	seu
lugar.
	
—	Bem,	é	melhor	deixar	você	ir.	Não	se	esqueça	de	nada.	—	Assenti
para	ela	com	um	grande	alívio.
	
—	Está	 tudo	aqui.	Até	mais	 tarde.	—	Sai	de	 lá	às	pressas	e	nem	dei
importância	 para	 os	 idiotas	 que	me	 olhavam	 de	 cara	 feia.	 Hoje	 finalmente
tinha	chegado	o	grande	dia.
	
*******
Parei	 com	 meu	 carro	 na	 frente	 da	 mansão,	 eu	 não	 sabia	 se	 estava
autorizada	 a	 entrar,	 pois	 os	 grandes	 portões	 altos	 estavam	abertos,	 do	 outro
lado	da	 rua	havia	um	homem	de	 terno	escuro	sentado	no	capô	do	seu	carro
caro	e	lendo	um	jornal.	Abaixei	a	janela	e	chamei	por	ele.
	
—	Olá!	Eu	sou	Amélia	McAdams	e	tenho	uma	entrevista	marcada	para
agora	com	o	Senhor	Gratteri.	—	O	homem	levantou	sua	cabeça	e	havia	uma
cicatriz	acima	do	seu	olho	esquerdo.	Aposto	que	é	um	dos	soldados	da	máfia.
	
—	Pode	 entrar,	mas	 deixe	 o	 carro	 aqui	 na	 rua.	—	Disse	 seriamente.
Acenei	para	ele	e	desliguei	meu	carro,	peguei	minha	bolsa	e	minha	caderneta
e	saí.	Andei	pelo	jardim	da	maravilhosa	casa,	ela	era	de	cor	escura	por	fora	e
com	janelas	intermináveis.
	
A	 porta	 de	 entrada	 era	 preta	 com	 um	 objeto	 dourado	 no	meio.	 Bati
duas	vezes,	mas	Vicentino	já	estava	a	abrindo,	ele	me	olhou	de	cima	a	baixo	e
fez	uma	careta.
	
—	Atrasada	 cinco	minutos.	O	 que	 eu	 disse	 sobre	 não	 se	 atrasar?	—
Perguntou	seriamente,	com	seu	sotaque	italiano.	Ele	abriu	mais	a	porta	e	me
surpreendi	em	ver	que	a	casa	era	bem	clara	por	dentro.	Era	a	casa	mais	linda
que	 eu	 já	 vi	 na	 vida.	 Olhei	 para	 Vicentino	 que	 encarava	 minha	 bunda!
Pigarreei	para	ele	que	não	deu	à	mínima	e	continuava	a	olhar.
	
—	Desculpe	Senhor	Cavallaro,	minha	chefa	queria	falar	comigo	antes.
—	Seus	olhos	castanhos	se	voltaram	para	mim.
	
—	Pouco	me	importo.	Enfim,	meu	chefe	está	esperando	no	escritório.
Sem	gracinhas!	—	Ele	apontou	a	minha	direita	com	sua	cabeça	e	sumiu	pela
casa.
Engoli	em	seco	e	respirei	fundo,	caminhei	até	a	porta	e	bati	na	mesma,
escutei	alguém	autorizar	e	entrei.
	
No	momento	em	que	entrei	em	uma	espécie	de	escritório	que	deveria
ser	 do	 Senhor	 Gratteri,	 fiquei	 pasma.	 Era	 incrivelmente	 luxuoso	 e	 de	 dar
inveja,	móveis	claros,	piso	polido	e	janelas	brancas	grandes.	E	lá	estava	ele,
vestido	elegantemente	com	seu	terno,	sob	medida,	caro,	de	alfaiataria.	Como
eu	suspeitava,	ele	era	alto.	O	Senhor	Gratteri	estava	com	as	mãos	dentro	dos
bolsos	de	sua	calça	cinza	social	e	observava	o	jardim.	Olhando	assim	para	ele
ninguém	 iria	 ter	 noção	 de	 que	 o	mesmo	 é	 o	Capo	 da	máfia	 italiana,	 e	 sim
iriam	pensar	que	ele	era	um	político	ou	algo	parecido.
	
No	 momento	 em	 que	 Demétrio	 sentiu	 minha	 presença,	 se	 virou.
Naquela	hora	eu	queria	sair	correndo	como	louca	de	dentro	da	mansão	pelo
seu	olhar	frio	e	calculista,	mas	eu	precisava	disso,	eu	tinha	que	entrevistá-lo
para	as	pessoas	da	cidade	saberem	que	a	máfianão	era	coisa	de	filmes.	Engoli
em	 seco	 quando	 ele	 caminhou	 lentamente	 até	mim,	me	 senti	 um	 coelhinho
dentro	da	armadilha	que	o	urso	estava	vindo	pegar.	Demétrio	parou	na	minha
frente	sem	dizer	nada	e	seus	olhos	azuis	estudavam	meu	rosto.
Pisquei	 algumas	 vezes	 envergonhada,	 ele	 era	 tão	 bonito	 e	 elegante.
Agora	o	vendo	pessoalmente	sei	o	porquê	do	seu	apelido.	The	Rich	Mobster.
Sua	mão	pegou	a	minha	e	ele	se	curvou	sem	tirar	seus	olhos	do	meu	rosto	e
então	depositou	um	beijo	na	minha	mão.	Meu	coração	saltou	com	o	contato
de	 seus	 lábios.	Ele	 soltou	 de	mim	 rapidamente	 e	 seus	 olhos	 de	 águia	 ainda
eram	frios	e	sérios.
	
—	 Boa	 tarde,	 Srta.	McAdams.	 Sou	 Demétrio	 Gratteri.	—	 Só	 de	 ter
escutado	 aquela	 voz	 de	 chefão	 com	 o	 forte	 sotaque	 italiano,	 tive	 quase	 um
desmaio.
	
—	S-senhor	Gratteri	 chame-me	de	Amélia.	—	Ele	 assentiu	 e	 fez	um
sinal	para	eu	me	sentar	em	uma	poltrona	de	frente	a	grande	janela.	Demétrio
se	sentou	em	outra	na	minha	 lateral	esquerda,	abriu	o	botão	de	seu	paletó	e
cruzou	as	pernas.
	
—	Como	 sabe	Srta.	McAdams	eu	não	 tenho	muito	 tempo,	 terei	 uma
reunião	 daqui	 à	 uma	 hora	 e	 a	 senhorita	 já	 perdeu	 dez	 minutos	 de	 sua
entrevista.	—	Disse	em	voz	baixa.	Assenti	para	ele	rapidamente	e	comecei	a
abrir	meu	 caderno,	 deixei	 a	 caneta	 e	 a	 folha	 cair	 no	 chão	 e	 pedi	 desculpas,
peguei-as	 rapidamente	 de	 perto	 do	 seu	 pé	 e	 coloquei	 em	 meu	 colo,
demonstrando	todo	o	meu	nervosismo.
	
Depois	liguei	o	gravador	do	meu	celular	e	perguntei:
	
—	Podemos?	—	Demétrio	deu	um	balançar	de	cabeça	e	respirei	fundo
e	iniciei.	—	Antes	de	tudo	a	Nevada	News	agradece	pelo	senhor	ter	tido	um
tempo	para	nos	atender.	Então,	Senhor	Gratteri,	gostaríamos	de	saber	o	que	o
fez	 querer	 seguir	 os	 passos	 da	 máfia?	 Vingança	 ou	 alguma	 outra	 questão
moral?	 —	 Demétrio	 deu	 um	 pequeno	 sorriso	 e	 passou	 seu	 dedo	 nos	 seus
lábios,	fazendo	meus	olhos	seguirem	o	movimento.
Ah	meu	Deus!	Que	homem	sexy!
	
—	Meus	 irmãos	 e	 eu	não	 tínhamos	o	que	 comer,	 assim	como,	nossa
mãe	estava	com	câncer	e	sentindo	dores,	e	não	tínhamos	como	comprar	seus
remédios	caros.	Por	isso,	começamos	a	roubar	e	matar	em	troca	de	dinheiro.
	
—	 E	 você	 queria	 isso?	 Matar	 inocentes?	 —	 Perguntei	 incrédula,
reconheço	que	eu	não	deveria	ter	feito	essa	pergunta.	Mas	eu	estava	agoniada
em	 saber.	 Demétrio	 me	 olhou	 com	 seus	 olhos	 azuis	 sem	 emoção	 e	 sorriu
friamente.
	
—	Inocentes?	Eu	particularmente	matava	os	milionários	que	gostavam
de	 humilhar	 a	 população	 pobre	 italiana.	Acredite	 em	mim,	 Srta.	McAdams
não	 houve	 “nenhum”	 inocente	 que	 passou	 na	minha	 frente.	—	Mordi	 meu
lábio	inferior	e	assenti.
Respirando	fundo,	eu	fiz	a	segunda	pergunta.
	
—	 Nos	 últimos	 anos	 o	 senhor	 foi	 nomeado	 como	 o	 homem	 de	 Las
Vegas	por	ser	tão	jovem	e	tão	bem	sucedido	nos	negócios,	mas,	depois	de	ser
acusado	de	tráfico	internacional	acabou	perdendo	esse	pódio,	pois	as	pessoas
descobriram	 sua	 ligação	 com	 negócios	 obscuros.	 Como	 se	 sente	 agora
sabendo	que	a	população	não	aceita	sua	máfia	aqui?
	
—	Não	sinto.	Eles	sabem	que	devem	manter	suas	bocas	fechadas	e	se
contentar	 comigo	 por	 aqui.	 Nunca	 me	 importei	 com	 essa	 bobagem	 de	 ser
rotulado	 como	 um	 homem	 de	 Las	 Vegas,	 essas	 pessoas	 que	 criam	 esses
rótulos,	para	os	ricos	da	cidade	e	idiotas,	os	que	criaram	são	mais	conhecidos
como	“puxas	 sacos”.	Assim	 como	 o	 seu	 trabalho.	—	Disse	 friamente.	Não
gostei	 daquilo,	 levantei	 minha	 sobrancelha	 direita	 e	 aquilo	 chamou	 sua
atenção.
	
—	Desculpe	 por	 isso	Senhor	Gratteri,	mas	 esse	 é	 o	 trabalho	 de	 uma
redação	 de	 jornal,	 sinto	muito	 se	mostramos	 os	 “podres”	de	 sua	máfia.	—
Disse	 sarcasticamente,	 mas	 em	 seguida	 bati	 a	 mão	 na	minha	 boca.	Droga,
droga,	droga!	Eu	nunca	conseguia	segurar	minha	 língua.	Demétrio	 levantou
suas	sobrancelhas	grossas.	—	M-me	perdoe	Senhor	Gratteri,	isso	foi	horrível
de	dizer.	—	Murmurei	gaguejando.
	
—	Próxima	pergunta,	Srta.	McAdams.	—	Disse	Demétrio	seriamente	e
já	impaciente.
Abaixei	minha	cabeça	e	pigarreei	envergonhada,	mas	continuei.
	
—	 Várias	 pessoas	 de	 seu	 ciclo	 questionam	 o	 senhor	 por	 não	 está
casado,	 eles	 acham	que	na	 sua	posição	você	precisa	de	um	herdeiro,	pois	o
senhor	já	tem	37	anos.	O	que	acha	a	respeito	disso?	—	Demétrio	se	levantou
de	 sua	 poltrona	 e	 se	 serviu	 com	 um	 copo	 de	 uísque	 sem	 perguntar	 se	 eu
queria.	Ele	se	sentou	novamente	em	seu	lugar	e	deu	um	gole	em	sua	bebida.
Esperei	pacientemente	até	ele	terminar	a	bebida.
	
—	Acho	que	eles	estão	certos,	eu	nunca	me	casei	por	sempre	colocar	a
honra	da	família	na	frente	de	tudo.	Mas	já	fui	apresentado	às	filhas	de	outros
mafiosos	para	manter	a	aliança,	seria	um	casamento	arranjado	pelo	meu	pai	e
minha	madrasta	por	questões	políticas.	Mas	não	estou	interessado	em	ter	uma
mulher	 que	 não	 desejo	 e	 nunca	 vi	 na	minha	 vida.	 Por	 enquanto	 estou	 bem
sozinho.
	
Assenti	para	ele	e	suspirei.
	
—	 Talvez	 alguma	 mulher	 fora	 do	 ciclo	 chamasse	 sua	 atenção?	 —
Perguntei.
	
Demétrio	deu	um	meio	sorriso	sem	mostrar	os	dentes.
	
—	Mesmo	 se	 eu	 quisesse	 uma	mulher	 de	 fora,	 não	 poderia.	Apenas
garotas	da	máfia.	—	Acenei	para	 ele	 e	vi	que	 seus	olhos	vagaram	por	 todo
meu	 corpo.	 —	 Você	 é	 casada	 ou	 algo	 do	 tipo?	 —	 Sua	 pergunta	 me
surpreendeu.	Mordi	meu	lábio	e	dei	uma	risada	nervosa	para	ele.
	
—	Nunca	pensei	em	casamento,	estou	mais	focada	no	meu	trabalho.	—
Demétrio	 assentiu	 e	 olhou	 minhas	 pernas	 novamente.	—	 Voltando.	 Houve
rumores	 de	 que	 seu	 último	 Consigliere	 desapareceu	 depois	 que	 ele	 foi
acusado	 pela	Cosa	Nostra	 de	 roubar	 o	 dinheiro	 da	 família.	 Vocês	 sumiram
com	ele?	—	Seus	olhos	azuis	voaram	para	janela	e	ele	deu	de	ombros.
	
—	 A	 única	 resposta	 que	 posso	 lhe	 dar	 é	 que	 é	 assim	 que	 a	 máfia
trabalha,	simplesmente	tiramos	os	ratos	do	nosso	meio.
	
Engoli	 em	seco	e	assenti	mais	uma	vez.	 Isso	queria	dizer	que	ele	ou
então	alguém	matou	Donatello	Matarazzo.	Claro!
	
—	Se	o	senhor	não	fosse	Capo	da	maior	Família	mafiosa,	o	que	seria?
	
—	Qualquer	coisa	relacionada	à	máfia,	não	me	vejo	em	outro	lugar.
	
—	Bem,	eu	vejo.	—	Murmurei	enquanto	riscava	a	pergunta	feita.	Olhei
para	Demétrio	e	suas	sobrancelhas	estavam	arqueadas.
	
—	E	o	que	você	vê?	—	Perguntou,	curiosamente.
	
—	 Um	 político	 de	 destaque	 ou	 algo	 do	 tipo,	 o	 senhor	 tem	 algo	 de
poderoso	em	si	mesmo.
	
—	 Porque	 eu	 tenho	 que	 ter,	 senão	 eu	 não	 seria	 um	Capo.	—	Disse
finalmente.	 Apertei	 os	 meus	 lábios	 e	 assenti.	 —	 Estou	 cansado	 dessas
perguntas,	por	que	não	faz	as	que	você	gostaria	de	saber?	—	Abri	a	boca	para
respondê-lo	e	fechei	novamente.
	
Eu	 tinha	 tantas	 perguntas.	Mas	 acabei	 perguntando	 a	mais	 idiota	 de
todas!
	
—	Qual	sua	banda	favorita?	—	Demétrio	ficou	surpreso	e	sorriu.
	
—	AC/DC.	—	Aquilo	foi	uma	novidade	e	eu	gostei.
	
—	Adoro	AC/DC.	—	Respondi	sorrindo.
	
Demétrio	 cruzou	 suas	 pernas	 novamente	 e	 disse-me.	 —	 Próxima
pergunta.
	
Argh,	Que	grosso!
	
Fiz	 as	 perguntas	 restantes	 a	 Demétrio	 e	 ele	 as	 respondia	 rápidas	 e
eficientemente.	Ele	às	vezes	parecia	ser	um	cara	legal,	mas	então	do	nada	sua
frieza	 voltava.	 Em	 todo	 momento	 em	 que	 eu	 estava	 lendo	 a	 pergunta,	 ou
quando	levantava	meu	rosto	para	ele,	via	que	o	mesmo	estava	olhando	todo
meu	corpo.	Mas	eu	não	fiquei	nervosa,	Vicentino	dava	o	mesmo	olhar.	Nem
fodendo	que	eu	seria	um	novo	brinquedinho	de	algum	deles.	Sim,	Demétrio
era	lindo	de	morrer,	mas	tinha	caras	“decentes”	que	eram	mais	bonito	que	ele.
	
—	Acho	que	é	tudo	Sr	Gratteri.	—	Murmurei	enquanto	escrevia	sobre
como	Demétrio	era.
	
—	Você	 veio	 andando?	Posso	 pedir	 para	 algum	 soldado	meu	 levá-la
em	casa.	—	Mais	uma	vez	fiquei	surpresa	com	o	que	ele	me	disse.	Dei	uma
risada	e	balancei	minha	mão.
	
—	 Obrigada,	 mas	 eu	 vim	 de	 carro,	 ainda	 tenho	 que	 ir	 a	 redação
entregar	 a	 entrevistapara	minha	 chefa.	—	Demétrio	 assentiu	 e	 se	 levantou,
peguei	 minhas	 coisas	 e	 enfiei	 tudo	 na	 bolsa,	 quando	 iria	 me	 levantar,	 me
desequilibrei	 e	 quase	 caí	 de	 bunda	 no	 braço	 da	 poltrona,	mas	Demétrio	 foi
mais	rápido	e	me	segurou	pela	cintura	me	puxando	para	ele.	Olhei	de	olhos
arregalados	 para	 cima	 e	 gaguejei:	—	O-obrigada.	—	 Sussurrei.	 Seus	 olhos
eram	mais	lindos	de	perto.	Um	azul	claro	com	pintinhas	verdes	dentro	deles.
	
Demétrio	 acenou	 uma	 vez	 e	 se	 afastou	 de	 mim.	 Endireitei-me	 e
caminhei	 até	 a	 porta	 com	 ele	 e	 vi	 que	 Vicentino	 não	 estava	 lá	 como
imaginara.	 Quando	 estava	 parada	 perto	 da	 porta	 no	 lado	 de	 fora,	 estendi
minha	 mão	 e	 Demétrio	 a	 segurou	 e	 se	 curvou	 novamente	 para	 beijar,	 sua
barba	arranhou	minha	pele	de	um	jeito	muito	erótico.
	
Como	é?!
	
—	Espero	que	tenha	a	ajudado,	Srta.	McAdams.	—	Murmurou.
	
—	Ajudará	e	muito.	É	melhor	eu	ir,	muito	obrigada	novamente,	Senhor
Gratteri.	—	Disse	quando	me	afastava.	Demétrio	enfiou	suas	mãos	nos	bolsos
da	calça.
	
—	Não	há	de	quê,	Amélia.	—	Parei	de	andar	e	me	virei	para	olhá-lo,
mas	ele	não	estava	mais	lá.
	
	
******
Cheguei	à	redação	como	a	verdadeira	Mulher	Maravilha!	Eu	estava	só
sorriso	para	os	babacas	que	me	lançavam	olhares	raivosos,	entrei	na	sala	de
Cinthia	sem	bater	e	coloquei	meu	celular	e	o	papel	na	sua	mesa.	Ela	estava
mexendo	no	seu	computador,	mas	parou	rapidamente	quando	me	viu.
	
—	 Las	 Vegas	 está	 preparada	 psicologicamente	 para	 a	 verdadeira
máfia?	—	Perguntei	rindo.
	
Cinthia	escutou	tudo	e	quando	ouvi	sobre	as	perguntas	que	não	estava
no	papel	me	olhava	com	um	sorrisinho,	quando	terminou	de	escutar	ela	bateu
suas	mãos	dizendo-me.
	
—	Sim,	 minha	 maravilhosa	 amiga	 Amélia,	 Las	 Vegas	 e	 o	 “mundo”
estão	preparados	para	a	Cosa	Nostra.
	
CAPÍTULO
3
PRIMEIRA	PÁGINA
	
	
Eu	 estava	 segurando	 o	 jornal	 tão	 perto	 do	 meu	 rosto	 que	 as	 letras
começaram	a	se	embaralhar.	Ainda	não	estava	acreditando,	minha	entrevista
parou	 na	 primeira	 página!	Ontem	 quando	 a	 levei	 para	 Cinthia,	 ela	 estava
saltitando	 de	 alegria.	 Finalmente	 meu	 trabalho	 foi	 reconhecido,	 meu	 nome
estava	 na	 primeira	 página.	 Tudo	 graças	 ao	 Capo!	 Peguei	 o	 meu	 celular	 e
mandei	um	e-mail	para	Vicentino.
	
De:	Amélia	McAdams
Assunto:	Entrevista	com	o	Capo.
Data:	19/09/2010	as:	09h02min
Para:	Vicentino	Cavallaro
“Olá	 Senhor	 Cavallaro!	 Só	 gostaria	 de	 lhe	 agradecer	 por	 ter	 me	 dado	 à	 oportunidade	 de
entrevistar	 o	 Senhor	 Gratteri,	 estou	 imensamente	 feliz.	 O	 senhor	 leu	 o	 jornal	 essa	 manhã?
Espero	que	sim,	e	o	Senhor	Gratteri	também!	Obrigada	novamente!”
	
	
Eu	 não	 esperava	 por	 uma	 resposta,	 claro!	 Vicentino	 era	 um	 homem
rabugento	 e	parecia	que	não	apreciava	mulheres	que	 eram	mais	 inteligentes
do	 que	 ele.	 Haha!	Mas	 para	 minha	 surpresa,	 meu	 celular	 apitou	 com	 uma
nova	mensagem.
	
De:	Vicentino	Cavallaro
Assunto:	Entrevista	com	o	Capo.
Data:	19/09/2010	as:	09h04min
Para:	Amélia	McAdams
“Bom	 dia	 Srta.	 McAdams!	 Sim	 eu	 e	 meu	 Capo	 e	 toda	 a	 Cosa	 Nostra	 lemos	 sua	 pequena
entrevista.	Mas	sinto	em	lhe	dizer	que	Demétrio	ficou	um	pouco,	digamos,	taciturno	ao	ler	suas
mentiras	 escritas	 no	 jornal!	 E	 quando	meu	Capo	 fica	 calado	 com	 algo,	 isso	 quer	 dizer	 que
alguém	o	irritou.	Espero	que	vocês	dois	tenham	um	encontro	por	‘acaso’.	Até	mais”.
	
	
O	que?!
	
Mentira!	Mas	 eu	 não	 inventei	 nada!	 Abri	 na	 página	 da	 entrevista	 e
comecei	a	ler,	quando	já	estava	na	quinta	pergunta,	me	assustei.	Eu	não	tinha
perguntado	 nada	 sobre	 contrabandos	 e	 cassinos	 ilegais.	 Minha	 respiração
ficou	difícil	de	sair	quando	li	aquilo,	o	que	fizeram	na	minha	entrevista?!	Eles
colocaram	coisas	que	não	perguntei	e	nem	sequer	passou	pela	minha	cabeça.
A	sétima	pergunta	era	a	pior	de	todas,	estava	escrito	sobre	como	as	mulheres
eram	vistas	aos	olhos	do	círculo	dele.
	
“Apenas	para	dar	prazer	e	nada	mais”.
	
Não,	não!	Eu	não	perguntei	 isso	e	ele	não	respondeu	isso!	Eu	apenas
perguntei	 se	 tinha	mulheres	que	 comandam	alguma	Família	 e	 ele	 disse	 que
não,	 mas	 que	 já	 houve	 sim	 há	 muito	 tempo	 atrás,	 pois	 agora	 as	 regras
mudaram	e	somente	os	homens	eram	vistos	como	fortes.	Apenas	isso!	Droga,
droga!	Peguei	o	celular	com	as	mãos	trêmulas	e	enviei	a	Vicentino:
	
De:	Amélia	McAdams
Assunto:	Entrevista	com	o	Capo.
Data	19/09/2010	as:	09h05min
Para:	Vicentino	Cavallaro
“Eu	não	escrevi	nada	daquilo!	As	primeiras	quatro	perguntas	realmente	são	minhas,	mas	as
seguintes	eu	não	fiz!	Você	tem	que	acreditar	em	mim	Senhor	Cavallaro	eu	jamais	faria	isso!	O
pessoal	 da	 redação	 que	 revisa	 deve	 ter	 mudado	 com	 a	 ordem	 do	 diretor!	 Diga	 ao	 Senhor
Gratteri	que	não	fiz	aquilo,	por	favor!”
	
	
Respirei	fundo	quando	sua	rápida	resposta	chegou.	Meu	coração	gelou
quando	li:
	
De:	Vicentino	Cavallaro
Assunto:	Entrevista	com	o	Capo.
Data:	19/09/2010	as:	09h07min
Para:	Amélia	McAdams
“Espero	que	já	tenha	conquistado	tudo	que	sempre	quis	para	sua	curta	vida”.
	
	
******
Cheguei	ao	trabalho	como	um	furacão	em	erupção,	entrando	na	sala	de
Cinthia	sem	bater.
	
—	Cinthia	que	perguntas	sãos	aquelas?	Eu	não	fiz	aquilo!	—	Disse	em
voz	alta.	Cinthia	correu	até	a	porta,	onde	curiosos	olhavam	e	a	fechou.
	
—	 Me	 desculpa	 Amélia,	 eu	 também	 fiquei	 apavorada	 e	 mais
apavorada	ainda	quando	 recebi	um	e-mail	do	Consigliere	 da	máfia.	 Jackson
que	 mudou	 as	 perguntas,	 pois	 ele	 achou	 que	 a	 entrevista	 estava	 tediosa
demais.	—	Vicentino	ameaçou	Cinthia	também?	Ah	Deus,	aquilo	não	poderia
ficar	pior?!
	
Passei	minha	mão	no	rosto	para	me	acalmar.
	
—	Vicentino	disse	 que	Demétrio	 está	 calmo	e	quando	 ele	 fica	 assim
vira	um	assassino!	Eu	estou	morrendo	de	medo	agora	e	tudo	isso	é	culpa	de
Jackson.	—	 No	 momento	 em	 que	 eu	 disse	 seu	 nome	 a	 porta	 se	 abriu	 e	 o
próprio	 Jackson	 entrou	 no	 seu	 terno	 barato,	 cabelo	meio	 grisalho	 e	 cara	 de
cachorro	buldogue.	Quando	me	viu	deu	um	largo	sorriso.
	
—	Que	bom	que	está	aqui	Amélia,	assim	poderei	dar	a	notícia	de	uma
vez.	—	Cinthia	caiu	na	sua	cadeira	e	o	encarou	seriamente.
	
—	 Que	 notícia,	 Jackson?	 —	 Perguntei	 de	 um	 modo	 pacóvio.	 Ele
pareceu	 não	 perceber,	 pois	 deu	 um	 sorriso	 amarelo	 e	 chegou	 mais	 perto
ficando	ao	meu	lado.	Eu	queria	enfiar	uma	caneta	no	seu	olho.
	
—	 Acontece	 que	 a	 entrevista	 de	 Amélia	 foi	 à	 primeira	 na	 nossa
redação	 depois	 de	 quatro	 anos	 a	 ser	 a	mais	 destacada;	 na	 internet,	 o	 jornal
online	 está	 uma	 loucura	 de	 tão	 empolgadas	 que	 as	 pessoas	 estão!	 Fora	 que
passamos	na	frente	da	Vegas.	Isso	quer	dizer	que	um	dos	melhores	parceiros
da	Nevada	irá	fazer	uma	maravilhosa	comemoração.	Nesta	sexta-feira	haverá
uma	festa	no	Plaza	e	lá	irão	homenagear	nossa	garota	prodígio!
	
Fiquei	de	boca	aberta	ao	ouvir	aquilo,	eles	iriam	fazer	uma	festa!	Não
acredito,	e	ainda	eu	ganharia	uma	homenagem!	Ah	meu	Deus!	Dei	um	largo
sorriso	para	Jackson	e	disse-lhe:
	
—	 Tá	 de	 brincadeira	 né?	 Isso…	 Isso	 é	 fantástico!	 —	 Disse
fervorosamente.
	
—	 Amélia.	 —	 chamou	 minha	 atenção	 Cinthia.	 —	 E	 como	 ficam
aquelas	 perguntas?	 É	 perigoso	 para	 você!	 —	 Disse	 preocupada.	 Balancei
minha	mão	mal	me	importando	com	aquilo	agora.
	
—	 Vicentino	 disse	 da	 boca	 para	 fora,	 como	 se	 outro	 entrevistador
nunca	tenha	inventado	palavras	não	ditas.	E	aquilo	é	uma	verdade	Cinthia,	a
América	precisa	saber.
	
—	É	disso	que	eu	gosto,	sabe,	estou	pensando	aqui:	se	tudo	correr	bem
nessa	 festa,	 considere-se	 a	 nova	 supervisora	 chefe!	—	Piscou	 Jackson	 para
mim	 e	 indo	 até	 a	 porta.	 Minha	 boca	 se	 escancarou	 e	 dei	 um	 gritinho	 de
alegria.	Haha!
	
Quando	 Jackson	 se	 foi	 para	 dizer	 a	 todos	 sobre	 a	 festa	me	 sentei	 na
cadeira	de	frente	a	mesa	de	Cinthia	que	me	olhava	de	testa	franzida.
	
—	O	 que	 foi	 Cinthia?	 Pelo	 amor	 de	Deus,	 nada	 vai	me	 acontecer	 e
muito	 menos	 a	 você.	 Bom,	 comvocê	 eu	 tenho	 certeza,	 mas	 eles	 não	 são
idiotas	 de	 fazer	 nada	 comigo	 agora,	 a	 polícia	 saberia	 que	 eles	 seriam	 os
culpados	 pelo	 meu	 desaparecimento.	 —	 Cinthia	 apertou	 seus	 lábios
vermelhos	e	balançou	sua	cabeça	loira	avermelhada.
	
—	 Eu	 já	 disse	 o	 que	 tinha	 a	 dizer	 Amélia,	 só	 tome	 cuidado,	 esses
homens	jogam	muito	sujo.	—	Revirei	meus	olhos	e	me	levantei	sorrindo.
	
—	Vou	trabalhar!	Logo,	logo,	a	garotona	aqui	será	a	supervisora	chefe
e	se	tornará	uma	mulher	adulta.	—	Cinthia	assentiu	e	me	despedi	dela.
	
Quando	voltei	para	minha	mesa	eu	sorria	como	uma	abóbada,	alguns
dos	meus	 “colegas”	 de	 trabalho	me	 encaravam	 com	 raiva.	Óbvio!	 Logo	 eu
mandaria	naqueles	invejosos	egocêntricos.
	
******
Quando	cheguei	 a	minha	casa	um	buquê	de	 tulipas	vermelhas	estava
na	 porta	 do	 meu	 apartamento,	 me	 abaixei	 para	 pegar	 e	 havia	 um	 pequeno
cartão	dobrado	no	meio	com	uma	caligrafia	elegante	escrito	meu	nome.	Abri
o	cartão	e	lá	estava	escrito:
	
“Não	me	provoque,	tenho	armas	escondidas.	Não	me	engane,	posso
não	resistir.	Não	grite,	tenho	péssimo	hábito	de	revidar.”	(Clarice	Lispector).
	
Ok!	Isto	foi	perturbador	e	aterrorizante,	e	eu	nem	precisava	descobrir	o
remetente,	 mas	 tinha	 dúvidas	 de	 qual	 dos	 dois	 seriam:	 Demétrio	 ou
Vicentino?	Abri	a	porta,	e	rapidamente	joguei	o	buquê	com	o	cartão	no	lixo.
Tranquei	minha	porta	e	fui	beijar	a	cabeça	de	November.
	
Aquela	ameaça	me	deixou	amedrontada,	ele	queria	dizer	que	faria	algo
comigo?	Deus,	onde	fui	que	me	meti?	Alguns	dias	atrás	eu	achava	a	melhor
coisa	 que	 tinha	 feito	 na	 vida	 era	 conseguir	 essa	 entrevista,	 agora	 eu	 estava
começando	a	achar	que	aquilo	foi	uma	péssima	e	terrível	ideia	me	meter	com
um	mafioso.	Soltei	um	suspiro	alto	na	minha	cozinha	e	me	curvei	no	balcão
da	ilha.
	
Tarde	demais	Amélia!
	
	
	
CAPÍTULO
4
PROMOÇÃO	E	LUTO
	
	
Dois	 dias	 se	 passaram	 desde	 a	 fatídica	 entrevista,	 e	 a	 festa	 no	 Plaza
Hotel	 acontecerá	 amanhã,	 eu	 estava	 mais	 que	 ansiosa,	 tinha	 comprado	 um
vestido	maravilhoso	para	aquela	noite	especial.	Vicentino	não	entrou	mais	em
contato	o	que	foi	um	imenso	alívio.
	
Durante	a	tarde	enquanto	eu	fazia	uma	matéria	sobre	a	crise	nos	países
conhecidos,	Cinthia	me	enviou	um	e-mail	pedindo	minha	solicitação	na	 sua
sala.
Bloqueei	a	tela	do	computador	e	rapidamente	corri	para	atender	ao	seu
chamado.	Quando	entrei	na	sua	sala,	além	de	Cinthia,	Jackson	também	estava
lá.
	
Ah	droga.	O	que	foi	agora?
	
—	 Me	 chamou	 Cinthia?	 —	 Perguntei	 desconfiada.	 Cinthia	 deu	 um
pequeno	sorriso.
	
—	Sim,	Jackson	quer	lhe	dizer	uma	coisa.	—	Olhei	para	ele	que	sorria
como	sempre.	Sentei-me	na	cadeira	enquanto	os	dois	estavam	de	pé,	perto	de
mim.	Aquilo	estava	me	incomodando,	eu	não	gostava	de	surpresas,	por	 isso
escolhi	trabalhar	com	jornalismo!	Aqui	não	tinha	nada	disso,	era	tudo	dito	e
feito	na	hora.
	
Jackson	se	sentou	na	borda	da	mesa	e	suspirou.	—	Amélia,	há	algo	em
que	eu,	Cinthia	e	os	demais	acharam	melhor	em	fazer.	—	Ah	não!	Eles	iam
me	demitir,	eu	tinha	conseguido	deixar	o	jornal	mais	reconhecido	e	agora	eles
me	 colocariam	 na	 rua.	 Assenti	 para	 ele	 incapaz	 de	 pronunciar	 nenhuma
palavra.
	
—	Bem,	acontece	que	nos	dois	anos	em	que	você	trabalha	na	Nevada,
Cinthia	 sempre	 passa	 um	 ótimo	 feedback	 referente	 a	 você.	 Agora	 você
mostrou	 que	 é	 uma	 verdadeira	 jornalista	 depois	 da	 incrível	 entrevista	 com
Demétrio	 Gratteri.	 —	 Jackson	 e	 Cinthia	 deram	 largos	 sorrisos	 quando	 ele
finalmente	disse:
	
—	Parabéns	Amélia,	o	cargo	de	supervisora	chefe	é	seu.
	
******
Minha	 alegria	 estava	 incontrolável,	 eu	 fiquei	 minutos	 agarrada	 a
Cinthia	 enquanto	 ria	 sem	 parar.	 Eu	 tinha	 realmente	 conseguido	 aquela
promoção!
	
—	Cinthia,	eu	estou	me	sentindo	tão	feliz!	—	Disse	a	ela	quando	me
afastei.	Cinthia	deu	uma	risada	e	segurou	meus	ombros	para	me	fazer	parar	de
pular.
	
—	Eu	sabia	que	conseguiria	Amélia,	está	a	tanto	tempo	querendo	esse
cargo.	Você	merece!	—	Disse-me	com	um	sorriso	doce.	Sei	que	é	egoísmo	da
minha	parte,	mas	eu	merecia	mesmo.
	
Sentei-me	na	poltrona	quando	ela	disse:
—	O	bom	é	 que	 agora	 você	 terá	 sua	 própria	 sala	 de	 escritório,	 duas
horas	 de	 almoço	 e	 sairá	 uma	 hora	 mais	 cedo.	 Sem	 contar	 no	 aumento	 de
porcentagem	 sobre	 seu	 salário.	 Não	 é	 maravilhoso?	 —	 Perguntou
animadamente.
	
—	 É	 perfeito!	 Estou	 tão	 feliz	 que	 acho	 que	 vou	 ter	 uma	 parada
cardíaca.	—	Ofeguei	com	a	mão	no	coração.	Cinthia	deu	uma	gargalhada	e
revirou	seus	olhos	teatralmente.
	
—	Nem	 pense	 nisso!	 Você	 tem	 uma	 equipe	 para	 comandar	 amanhã
supervisora	McAdams.	—	Rimos	juntas	e	olhei	para	as	janelas.	Finalmente	eu
consegui	o	que	buscava.
	
Naquele	dia	 fui	ver	a	minha	própria	 sala,	 era	perfeita	com	uma	vista
linda	da	cidade.	Ah!	Como	minha	vida	estava	maravilhosa!
	
******
Joguei-me	na	cama	e	observei	o	teto	do	meu	quarto.	O	que	não	poderia
ser	 melhor?	 Essa	 semana	 estava	 maravilhosamente	 perfeita.	 Se	 meus	 pais
estivessem	nos	Estados	Unidos	eu	correria	agora	até	eles,	mas	infelizmente	a
Inglaterra	 é	 melhor	 que	 eu.	 Eles	 não	 são	 o	 tipo	 de	 pais	 interessados.
November	 se	 jogou	 em	 cima	 de	 mim	 e	 fiquei	 acariciando	 ele	 quando	 um
barulho	dentro	da	minha	casa	chamou	minha	atenção.
	
Sentei-me	 rapidamente	 e	 fiquei	 parada	para	 ouvir	melhor.	November
começou	a	rosnar	e	correu	para	fora	do	quarto.
	
—	November.	—	Sibilei	em	um	sussurro.
	
Fiquei	ainda	parada	ali,	eu	estava	com	medo	de	que	fosse	algum	rato
novamente.	 Eu	 tenho	 nojo	 só	 de	 pensar.	 Levantei-me	 da	 cama	 e	 saí	 pelo
corredor	andando	na	ponta	dos	pés.
	
—	 November.	 —	 Sussurrei.	 Escutei	 um	 rosnado	 baixo	 do	 meu
cachorro	 quando	 então	 ele	 soltou	 um	 gemido	 com	 choro	 alto.	 Corri
desesperadamente	até	a	sala.
Meu	coração	batia	fortemente	e	não	o	encontrei	lá.	Outro	barulho	alto
se	 fez	 e	 olhei	 a	 porta	 da	 cozinha.	 Corri	 lá	 e	 paralisei	 quando	 uma	 figura
vestida	toda	de	preto	saia	pela	janela	e	quando	me	viu	correu	pelas	escadas	de
incêndio.	Ah	Deus!	Quando	iria	chegar	até	a	janela	para	trancá-la	algo	melado
estava	no	chão	e	escorreguei	caindo	de	lado.	Olhei	para	o	chão	e	um	líquido
meio	grosso	da	cor	escarlate	estava	escorrendo	no	chão	de	madeira.
	
Eu	estava	ofegando	 tão	 alto	que	quando	olhei	 para	o	meu	 lado,	meu
mundo	 caiu.	 Dei	 um	 grito	 apavorado	 vendo	 November	 com	 o	 pescoço
rasgado.
	
—	 NOVEMBER!	—	 gritei	 chorando	 e	 me	 ajoelhando.	 Peguei	 meu
cachorro	 e	 coloquei-o	 no	 colo,	 sua	 cabeça	 estava	 quase	 fora	 do	 corpo.	—
MEU	DEUS!	NOVEMBER	NÃO!	NÃO!	—	Gritei	 chorando	 e	 balançando
meu	único	amorzinho.
	
Meu	bebê	que	me	protegeu	desde	meus	dezoito	anos.	Meu	amorzinho
que	dormia	ao	meu	lado.	Meu	cachorro!	Meu	cachorro!
	
—	 NÃO!	 	 —	 Eu	 gritava	 sem	 parar	 quando	 ouvi	 a	 porta	 do	 meu
apartamento	 abri	 em	 um	 baque	 forte.	 Minha	 vizinha	 Susan,	 seu	 marido
Chester	 e	 sua	 filha	 Bianca	 estavam	 ali	 com	 olhares	 assustados.	 Susan
ascendeu	à	luz	e	gritou	assustada.
	
—	OH	MEU	DEUS!
	
—	Vou	chamar	a	polícia.	—	Disse	Chester.
Olhei	November	e	era	pior	na	luz.	Seus	olhinhos	estavam	desfocados	e
a	 língua	 caída	 para	 fora.	 Gritei	 com	 o	 mais	 puro	 ódio	 e	 me	 balançava
descontroladamente,	minha	camisa	branca	estava	cheia	de	sangue.	O	sangue
do	meu	cachorro,	Susan	e	Bianca	correram	até	mim	e	tentaram	me	afastar	de
November.
	
—	NÃO,	NÃO!	EU	QUERO	FICAR	AQUI!	—	Gritei	me	debatendo.
	
—	Mãe,	nós	não	podemos	deixá-la	assim.	—	Disse	Bianca	assustada.
	
Depois	 de	 poucos	 minutos,	 ouvimos	 vários	 passos	 que	 vinham	 em
direção	à	cozinha,	mas	nem	olhei,	eu	queria	November.	Por	que	eu	o	deixei
sair	do	quarto?	Por	quê?	Várias	vozes	começaram	a	me	chamar	e	perguntar
como	 isso	 aconteceu,	 mas	 eu	 não	 ouvi.	 Quem	 fez	 isso	 com	 um	 animal
indefeso?	Um	animal!	O	que	ele	 faz	de	mal?!	Apertei	o	 corpo	 sem	vida	de
November	e	deitei	minha	cabeça	na	sua.—	 Eu	 te	 amo	 meu	 bebê,	 a	 mamãe	 te	 ama	 muito!	 Nunca	 vou	 te
esquecer.	—	E	não	iria	mesmo.	Eu	tinha	November	há	cinco	anos	em	minha
vida,	 as	 fotos	 dele	 sozinho	 ou	 junto	 comigo	 estavam	 espalhadas	 pela	 casa.
Seus	 cobertores	 e	 brinquedos	 bagunçados	 na	 sala.	 Quem	 fez	 isso	 com	 ele
sabia	que	eu	era	apegada	ao	meu	cachorro,	sabia	que	meu	amor	era	forte.
	
Mãos	 me	 levantaram	 do	meio	 do	 sangue	 de	 November,	 meus	 olhos
estavam	inchados,	meus	ouvidos	zumbiam,	minha	maquiagem	estava	borrada.
E	 o	 cheiro	 de	 sangue	 incrustado	 na	 minha	 roupa	 e	 pele.	 Dei	 uma	 última
olhada	a	November	ali	morto.	Uma	vida	indefesa,	uma	parte	da	minha	vida.
	
******
—	 Srta.	 McAdams,	 seus	 vizinhos	 disseram	 para	 dormir	 no
apartamento	deles.	—	Disse	o	detetive	Stewart,	 já	na	delegacia.	Depois	que
prestei	 depoimento,	 e	 de	 ser	 interrogada	por	mais	 de	duas	horas	 e	meia,	 eu
pude	 finalmente	 acalmar	 minha	 mente.	 Eles	 perguntaram	 tudo	 até	 mesmo
chegaram	a	achar	que	eu	que	matei	meu	cachorro.
	
Meus	olhos	estavam	observando	para	o	nada,	eu	queria	apenas	dormir.
	
—	 Srta.	 McAdams?	—	 Olhei	 para	 ele	 e	 balancei	 minha	 cabeça	 em
negativa.	Eu	não	dormiria	na	casa	de	ninguém,	mas	também	não	queria	voltar
ao	meu	apartamento.
	
—	 Eu	 vou	 para	 algum	 hotel.	 —	 Murmurei.	 O	 detetive	 juntou	 suas
sobrancelhas	escuras.
	
—	Tem	certeza	disso?	—	Perguntou	preocupado.	Apenas	assenti	para
ele.	—	 Tudo	 bem,	 eu	 vou	 levá-la	 ao	 seu	 apartamento	 para	 pegar	 algumas
roupas	 limpas.	—	Me	 levantei	 da	 cadeira	 junto	 com	 ele	 até	 ir	 para	 fora	 da
delegacia,	entramos	no	seu	carro	e	encostei	minha	testa	no	vidro	do	carro.
	
******
Escolhi	 um	 hotel	 perto	 do	 trabalho.	 Tomei	 um	 banho	 de	meia	 hora,
chorando	 incontrolavelmente.	 Eu	 não	 tinha	 ideia	 de	 quem	 invadiu	 a	minha
casa,	não	 tinha	 ideia	do	porque	 fizeram	aquilo.	A	polícia	 concluiu	que	pelo
meu	 trabalho	 eu	 conseguiria	 muitos	 inimigos.	 Mas	 que	 inimigos?	 As
prostitutas	que	são	vistas	a	tapas	quando	algum	cara	rico	aparece?	Os	bêbados
que	não	pagam	as	fichas	de	pôquer?
	
Pelo	amor	de	Deus!
	
Essas	 pessoas	 mal	 sabem	 da	 minha	 existência,	 com	 exceção	 dos
mafiosos	 que	ofendi	 com	a	 entrevista	 deturpada	do	Capo	 ao	 jornal.	 Pisquei
algumas	vezes	ainda	sentada	na	cama	olhando	para	o	nada	depois	do	banho.
Será	que	 foram	eles?	Com	 raiva	da	 entrevista	meio	 falsa	no	 jornal?	Depois
que	entrevistei	Demétrio	algumas	pessoas	se	tornaram	fãs	enlouquecedores	da
Cosa	Nostra	e	principalmente	do	Capo.	Já	outras	se	sentiram	ameaçadas	com
a	presença	deles.
	
Com	certeza	isso	deixaria	um	homem	assassino	e	poderoso	muito	puto.
De	repente	uma	raiva	entrou	no	meu	corpo.
	
Peguei	 o	 meu	 celular	 e	 enviei	 uma	 mensagem	 antes	 de	 desconectar
minha	localização.
	
De:	Amélia	McAdams
Assunto:	Morte	de	November.
Data:	21/09/2010	as:	01h34min
Para:	Vicentino	Cavallaro
“Espero	que	estejam	rindo	do	que	fizeram	seus	fodidos	de	MERDA!	Eu
sei	 que	 mataram	meu	 cachorro	 e	 farei	 de	 tudo	 para	 a	 polícia	 bater	 na
porta	de	vocês,	só	que	dessa	vez	todos	irão	para	o	xadrez!”
	
	
Não	 foi	 o	 certo	 a	 se	 fazer!	Ameaças	 a	 um	mafioso	 era	 praticamente
cavar	sua	própria	sepultura.	Mas	pelo	November	valeria	a	pena!	No	momento
em	 que	 meu	 celular	 apitou	 indicando	 uma	 nova	 mensagem	 meu	 coração
pulou.	Abri	a	mensagem	de	Vicentino.
	
De:	Vicentino	Cavallaro
Assunto:	Morte	do	vira-lata.
Data:	21/09/2010	as:	01h42min
Para:	Amélia	McAdams
“Ah	 Srta.	 McAdams	 acho	 que	 a	 senhorita	 não	 conhece	 MEU
temperamento	 referente	 às	 mulheres,	 principalmente	 a	 mulheres	 que
acham	que	podem	me	ameaçar.	Se	eu	fosse	você	teria	mais	cuidado	com
o	que	fala,	seu	cachorro	vira-lata	não	foi	nada!”
	
	
Foi	ele!	Acabou	de	se	entregar	o	desgraçado!	Joguei	meu	celular	longe
com	um	grito	e	comecei	a	chorar,	o	que	November	teve	haver	com	isso?!	Eu
estava	quase	indo	na	mansão	do	fodido	do	Gratteri	e	matá-lo	com	uma	sacola
na	sua	cara.	Mas	me	contive.	Vicentino	me	ameaçou	e	aquilo	seria	ótimo	para
a	polícia.	Mas	para	o	juiz	não,	aposto.
	
Soltei	um	suspiro	trêmulo	e	me	deitei	na	cama.
Eu	deveria	deixar	isso	para	lá.	Sou	apenas	uma	mulher	sozinha	nessa
cidade,	 sem	amigos	 e	 familiares.	Então	 seria	melhor	 eu	manter	minha	boca
fechada	dessa	vez,	deixaria	November	descansar	em	paz.
	
Enfiei	meu	rosto	no	travesseiro	e	chorei	mais,	eu	tinha	ódio	daqueles
homens,	 tinha	ódio	por	eles	existirem.	E	 tudo	 isso	 foi	culpa	de	Jackson	por
deixar	a	entrevista	mais	emocionante!	Agora	 foi	meu	cachorro	que	pagou	o
preço.	Respirei	profundamente	 e	 apaguei	 a	 luz	do	quarto,	me	encolhi	 como
uma	bola	no	meio	da	imensa	cama	do	hotel	e	chorando	baixinho.
	
Sozinha.
Sem	ninguém.
Sem	November.
Estou	sozinha	em	uma	cidade	grande!
	
	
	
CAPÍTULO
5
COMEMORAÇÃO
	
O	dia	que	eu	tanto	esperava	acabou	se	transformando	em	uma	merda.
Eu	não	queria	 conversar	 com	ninguém,	não	queria	 sorri	 como	uma	boboca,
apenas	queria	entrar	na	segurança	da	minha	nova	sala	e	fazer	meu	trabalho	em
paz.	Cinthia	e	todos	souberam	do	ocorrido	e	tentaram	me	consolar	falsamente.
Bem,	 tirando	Cinthia,	 ela	 era	 sincera.	Mas	 o	 que	 eu	mais	 queria	 era	 poder
ficar	em	paz,	hoje	eu	fingiria	que	estava	bem	e	que	estava	superando	a	morte
do	meu	cachorro.
Meus	 olhos	 encheram-se	 de	 lágrimas	 quando	 peguei	 dois	 retratos	 na
minha	 bolsa.	 Uma	 de	 November	 filhotinho	 deitado	 no	meu	 travesseiro	 e	 a
outra	 nós	 dois	 abraçados	 quando	 ele	 já	 estava	 grande.	 Soltei	 um	 suspiro
trêmulo	e	me	sentei.
Tinha	que	fazer	alguma	coisa	para	me	esquecer	da	dor.	O	trabalho	era
um	ótimo	remédio.
	
*****
Cinthia	apareceu	na	minha	sala	somente	duas	vezes,	mas	em	nenhum
momento	perguntou	como	eu	estava.	Na	última	vez	ela	disse	que	meu	horário
de	trabalho	já	tinha	mudado	e	eu	poderia	ir	me	arrumar	para	a	festa.	Aceitei
de	mau	humor	e	sai	da	redação	rapidamente,	entrei	no	meu	carro	e	fechei	os
olhos.	Hoje	eu	 teria	que	colocar	uma	máscara	de	 felicidade,	 teria	que	 fingir
que	estava	animada	com	a	noite	que	estava	prestes	a	chegar.	Respirei	fundo,
liguei	o	carro	e	dei	partida.
	
******
Tinha	 passado	 no	 hotel	 para	 pegar	 minhas	 coisas	 e	 voltar	 ao	 meu
apartamento,	 eu	 não	 poderia	 deixar	 minha	 vida	 de	 lado	 e	 fingir	 que	 nada
aconteceu.	 Eu	 estava	 colocando	 o	 meu	 vestido	 longo	 vermelho	 com	 um
decote	em	V	que	 ia	até	a	metade	de	minha	barriga,	 ele	 ficou	 lindo!	Fiz	um
coque	 frouxo	 e	 deixei	 algumas	 mechas	 caírem	 no	 meu	 rosto,	 fiz	 uma
maquiagem	forte	e	coloquei	meus	saltos	cor	nude.	Já	estava	pronta,	olhei	para
a	 cozinha	 enquanto	 me	 observava	 no	 espelho	 da	 sala	 e	 uma	 inundação	 de
tristeza	me	invadiu.	Soltei	um	suspiro	baixo	e	peguei	minha	bolsa	e	chaves	do
carro.
	
******
O	salão	do	Plaza	Hotel	estava	incrivelmente	lindo	com	cores	douradas
e	 pratas,	 uma	 banda	 tocando	 no	 palco,	 mesas	 espalhadas	 e	 várias	 pessoas
importantes.
	
Avistei	Cinthia	conversando	com	dois	homens	quando	ela	me	chamou
com	 um	 largo	 sorriso,	 ela	 estava	 linda,	 em	 seu	 vestido	 longo	 de	 cor	 verde
musgo	de	uma	alça	só.	Quando	me	aproximei,	Cinthia	me	deu	um	abraço	e
me	apresentou	aos	homens.
	
—	Senhores,	eu	quero	que	conheçam	Amélia	McAdams.	Amélia,	esse
é	 Davis	 Parker,	 e	 esse	 é	 Jonas	Mills.	—	 Apertei	 a	 mão	 dos	 dois	 com	 um
sorriso	 falso	 na	 cara.	—	Eles	 são	 empresários	 e	 adoraram	 a	 sua	 audácia	 na
entrevista.	—	 Jonas,	 que	 era	 o	mais	 alto	 e	 tinha	 cabelos	 loiros	me	 deu	 um
sorriso.
	
—	 Você	 é	 ótima	 Amélia!	 Ampliou	 o	 mundo	 mafioso	 junto	 com	 o
nosso.	 —	 Eu	 agradeci	 a	 ele	 e	 começamos	 todos	 a	 conversar.	 Bem,	 eles
estavam	falando	sem	parar,	eu	apenas	sorria	e	assentia.	A	noite	foi	toda	assim.
Risadas	 falsas,	pessoas	 fingindo	que	nada	 tinha	acontecido	comigo	na	noite
passada,	 parabenizando	 uma	 entrevista	 mentirosa,	 desejando	 sucesso	 para
mim	dentre	outras.
	
Quando	 Jackson	 subiu	 ao	 palcopara	 fazer	 uma	 homenagem	 ao	meu
trabalho,	pensei	que	ele	falaria	gracinhas	como	sempre.	Mas,	apenas	disse	que
sempre	 fui	 uma	 jornalista	 ótima,	 às	 vezes	 altruísta	 (fazendo	 todos	 rirem)	 e
outras	palavras	que	não	dei	ouvidos,	quando	ele	me	pediu	para	subir	o	meu
coração	bateu	forte.	Droga!
	
Agradeci	 a	 ele	 e	 fiquei	 parada	 de	 frente	 ao	 microfone	 e	 olhando
aquelas	pessoas.
	
—	Quero	agradecer	a	todos	por	estarem	aqui	nesta	noite,	isso	significa
muito	para	mim.	Quero	agradecer	também	a	Nevada	News	por	me	acolher	e
principalmente	 a	 Cinthia	 Taylor	 e	 Jackson	 Gilbert.	 Vocês	 são	 os	 melhores
chefes	que	alguém	poderia	ter.		—	Dei	um	sorriso	somente	a	Cinthia,	pois	ela
era	 uma	 ótima	 chefa.	—	E	 também	 a	 uma	 pessoa	 importante	 que	 fez	meu
sonho	se	 realizar,	Demétrio	Gratteri.	Obrigada	por	 fazer	os	meus	desejos	 se
tornarem	 realidade.	E	 obrigada	mais	 uma	 vez	 a	 todos	 vocês.	Boa	 noite!	—
Aplausos	e	assobios	soaram	no	salão	quando	desci	as	escadas.
	
Em	vez	de	eu	voltar	à	mesa,	andei	até	as	portas	duplas.	Eu	precisava	de
ar	naquele	momento.
A	brisa	da	noite	 fria	me	 recebeu	calorosamente,	 fechei	meus	olhos	 e
respirei	fundo	o	ar	de	Las	Vegas.	O	jardim	do	hotel	era	muito	receptivo.
	
—	Belo	 discurso	Srta.	McAdams.	—	Abri	meus	 olhos	 e	 congelei	 ao
ouvir	 aquela	 voz.	 Olhei	 para	 trás	 rapidamente	 onde	 Vicentino	 estava
caminhando	 até	mim	 vestido	 num	 smoking	 preto	 e	 segurando	 uma	 taça	 de
champanhe.	Ele	parou	de	frente	para	mim	e	me	olhou	de	cima	a	baixo,	seus
olhos	 demoraram	 no	 meu	 decote	 longo.	 —	 A	 propósito,	 você	 está
incrivelmente	 linda	neste	vestido.	—	Engoli	 em	 seco,	 e	 cruzei	meus	braços
em	cima	do	meu	busto.
	
—	Senhor	Cavallaro,	que	surpresa	agradável.	Não	sabia	que	iria	vir.	—
Me	assustei	em	ouvir	minha	voz	calma	e	controlada.	Vicentino	deu	um	meio
sorriso	e	passou	a	mão	no	seu	cabelo	castanho.
	
—	Foi	de	última	hora.	Meu	Capo	não	poderia	vir	e	então	pediu	que	eu
viesse	em	seu	lugar.	—	Murmurou,	me	encarando	atentamente.
	
Demétrio	iria	vir?
	
Por	que	ninguém	me	disse	que	a	máfia	estaria	presente?	Pelo	amor	de
Deus!	Eu	sou	praticamente	a	estrela	dessa	noite,	isso	não	conta?!
	
—	Ah	sim,	claro!	—	Foi	tudo	o	que	consegui	dizer.	Aliás,	por	que	ele
está	aqui?	Depois	daquela	entrevista	expondo	a	máfia?
	
Vicentino	me	 olhou	 por	 um	 tempo	 e	 chegou	mais	 perto	 de	mim,	 eu
quase	saí	correndo,	mas	me	segurei.
	
—	Você	pode	parar	de	fingir	Amélia,	eu	sei	que	está	na	dúvida	entre
me	 socar	 ou	 fugir	 daqui.	Posso	ver	 em	 seus	olhos.	—	Sussurrou	 as	 últimas
palavras.	Lambi	meus	 lábios	e	continuei	parada	olhando	Vicentino.	Eu	 teria
que	me	manter	calma,	não	poderia	demonstrar	medo	a	esse	idiota.
	
—	 Desculpe	 Senhor	 Cavallaro,	 mas	 não	 faço	 ideia	 do	 que	 está
dizendo.	 Eu	 quero	 aproveitar	 essa	 situação	 e	me	 desculpar	 pela	mensagem
ofensiva	que	lhe	enviei.	Eu	só	estava	em	choque.
	
Vicentino	 arqueou	 suas	 sobrancelhas	 e	 então	 seus	 dedos	 acariciaram
meu	queixo	e	pescoço.	Fiquei	parada	como	pedra.
	
—	Você	sabe	que	não	me	engana	Amélia,	eu	não	sou	nenhum	idiota!
Eu	sei	quando	as	pessoas	mentem,	e	fique	tranquila	que	quem	mandou	matar
seu	 cachorrinho	 não	 foi	 eu	 e	 sim	Demétrio.	 Ele	 sabe	 ser	muito	 frio,	 então
dirija	 esse	 ódio	 a	 ele.	—	 Vicentino	 deu	 uma	 risada	 e	 se	 afastou.	—	 Você
realmente	o	 irritou,	 e	piorou	ainda	mais	quando	ele	 leu	a	 sua	mensagem	de
ameaça.	Tome	cuidado	por	onde	anda.	Boa	noite,	Srta.	McAdams.	—	Esperei
Vicentino	 desaparecer	 até	 que	 desmoronei	me	 encostando	 a	 uma	 estátua	 de
anjo	e	chorei.	Oh	Deus!	Eu	estava	ferrada.
Eles	iriam	me	machucar,	 iriam	acabar	comigo	e	depois	me	matariam.
Eu	 tinha	que	dizer	a	alguém,	 teria	que	 ir	a	polícia,	porque	eles	acreditariam
em	mim,	não	é?	Limpei	meu	rosto	com	as	mãos	e	dei	um	suspiro	trêmulo.	Sei
que	a	situação	só	iria	piorar,	mas	eu	poderia	pedir	proteção	à	polícia	de	Las
Vegas.
	
Como	se	isso	fosse	impedir	os	MAFIOSOS	a	te	matarem!
	
Seria	um	banho	de	sangue.	Pessoas	inocentes	(policiais)	e	pessoas	não
inocentes	(mafiosos)	morreriam	por	uma	simples	neura	minha.	Que	se	dane!
Eu	iria	a	polícia,	não	ficaria	me	escondendo	de	ninguém.
	
Olhei	para	o	salão	e	vi	que	todos	estavam	risonhos	por	causa	da	bebida
e	distraídos.	Era	a	minha	deixa.
	
*****
—	Srta.	McAdams	 essas	 acusações	 são	 verdadeiras?	—	 perguntou	 o
policial.
	
—	Por	que	eu	as	inventaria?	Só	porque	fiz	uma	entrevista	que	acabou
com	 a	 minha	 vida?	 São	 verdadeiras,	 eles	 me	 ameaçaram	 e	 mataram	 meu
cachorro.
	
—	Tudo	bem,	vamos	seguir	com	isso.
	
*****
Cheguei	a	minha	casa	com	uma	dor	de	cabeça	horrível.	Tudo	o	que	eu
queria	 nesse	 exato	 minuto	 era	 poder	 abraçar	 November	 e	 fazer	 seus	 pêlos
macios	me	esquentar	até	eu	poder	dormir.	Tirei	meu	vestido	cuidadosamente,
a	calcinha,	e	fui	até	o	banheiro,	liguei	o	chuveiro	no	jato	mais	quente	que	meu
corpo	 aguentaria.	 Eu	 tinha	 feito	 à	 coisa	 certa	 em	 denunciar	 Demétrio	 e
Vicentino	 sobre	 as	 ameaças	 que	 sofri	 e	 assassinato	 ao	 meu	 cachorro?	 Não
pense	demais!	É	verdade,	o	que	está	feito,	está	feito	eu	não	poderia	ficar	me
lamentando	por	 isso,	 se	 algo	 acontecesse	 comigo	eu	 tenho	certeza	de	que	 a
polícia	saberia	que	foram	os	mafiosos.
	
O	bom	disso	 tudo	é	que	uma	viatura	estava	parada	na	 frente	do	meu
prédio	 e	 aquilo	me	 deixou	 um	 pouco	mais	 segura.	 Vesti	 minha	 camisola	 e
sequei	rapidamente	meus	cabelos	quando	meu	celular	apitou.	Ah	droga!	Era
Vicentino	 eu	 tinha	 certeza,	 ele	 tinha	 descoberto	 que	 fui	 à	 polícia.	 Peguei	 o
celular	 um	 pouco	 nervosa,	 mas	 em	 questões	 de	 segundos	me	 acalmei.	 Era
Cinthia.
	
	
DE:	Cinthia.
AS:	22h12min
	
“Amélia	porquê	você	foi	embora	sem	avisar?	Fiquei	preocupada	com	você	e,
aliás,	algumas	pessoas	importantes	queriam	te	conhecer.	O	bom	disso	tudo	é
que	eles	passarão	amanhã	na	redação!	Te	vejo	amanhã?	Boa	noite	gatinha”.
	
Joguei-me	na	cama	extremamente	aliviada	e	mandei	uma	mensagem	a
minha	chefe/amiga:
	
PARA:	Cinthia.
AS:	22h13min
	
“Desculpe	 Cinthia,	 eu	 não	 estava	 me	 sentindo	 muito	 bem	 e	 resolvi	 voltar
para	casa.	Agora	estou	bem	e	sabia	que	você	daria	conta!	Você	é	a	melhor!
Te	vejo	amanhã,	boa	noite.”
	
Confesso	que	algumas	coisas	estavam	sendo	ótimas	para	mim,	tirando
a	loucura	toda	da	máfia,	estava	indo	do	jeito	que	sempre	quis.	Meus	desejos
estavam	 realizados	 mesmo	 algumas	 coisas	 ruins	 terem	 acontecido.	 Fiquei
olhando	 para	 o	 teto	 quando	 lágrimas	 inesperadas	 começaram	 a	 surgir,	 eu
estava	me	 sentindo	 tão	 sozinha	nessa	 casa.	Consideravelmente	 eu	não	 tinha
ninguém	 nessa	 cidade,	 meus	 pais	 mal	 prestam	 atenção	 em	 mim	 e	 eu	 não
gostaria	de	estar	junto	a	eles	de	qualquer	jeito.
	
Eu	queria	 poder	 perguntar	 a	Demétrio	 o	 por	 quê?	Por	 que	matar	 um
animalzinho?	 Para	 me	 ferir?	 Parabéns!	 Ele	 tinha	 conseguido	 e	 agora	 estou
uma	merda,	eu	queria	na	verdade	dar	um	chute	na	cara	daquele	desgraçado	e
dizer	as	palavras	mais	feias	que	eu	já	ouvi	em	toda	minha	vida.	De	repente	o
medo	e	arrependimento	se	romperam	dentro	de	mim.	Se	Demétrio	queria	me
fazer	 algo,	 pois	 bem,	 que	 ele	 faça!	 Eu	 não	 ficaria	 me	 encolhendo	 e	 me
escondendo	por	causa	daquele	fodido	de	merda.
Ah!	Mais	não	mesmo!	Eu	 sou	uma	mulher	 adulta	 e	 independente!	E
que	se	foda	se	tenho	alguém	comigo	ou	não.
	
Passei	minhas	mãos	 geladas	 no	meu	 rosto	 e	 apaguei	 a	 luz,	 puxei	 os
cobertores	por	cima	do	meu	corpo	e	fechei	meus	olhos.
	
	
CAPÍTULO
6
ENCONTRANDO	O	CAPO	NOVAMENTE
	
Acordei	atrasada	pela	primeira	vez	na	vida!	Eu	estava	sem	maquiagem
alguma	 e	 minha	 saia	 lápis	 e	 camisa,	 pretas,	 estavam	 amarrotadas.	 Droga!
Entrei	correndo	na	redação	recebendo	vários	Bom	dia	Srta.	McAdams!	De	um
jeito	muito	animado	e	educado.	Algo	estava	estranho.	Quando	me	sentei	na
cadeira	alguém	bateu	na	porta,	disse	para	entrar.	Cinthia	entrou	na	sala	no	seu
vestido	azul	céu	e	com	dois	copos	de	café.
	
—	O	relógio	te	sacaneou?—	Perguntou	rindo.
	
Revirei	meus	olhos	e	ri.
	
—	Sim,	essa	é	a	primeira	vez	que	acontece.
	
—	 Primeira	 vez	 que	 acontece.	 Você	 está	 em	 outro	 mundo?	 —
Perguntou	colocando	o	café	ao	meu	lado	e	se	sentando	a	minha	frente.
	
—	 Cinthia	 eu	 estou	 com	 a	 cabeça	 a	 mil!	 Desde	 aquela	 ameaça	 de
Vicentino	Cavallaro	e	a	morte	de	November	a	minha	mente	está	um	turbilhão.
—	Cinthia	assentiu	calada	e	suspirou.
	
—	 Nem	 imagino	 como	 você	 deve	 estar	 se	 sentindo	 Amélia,	 mas
infelizmente	tenho	que	dizer	que	você	não	pode	se	desfocar	do	trabalho,	você
sempre	 quis	 isso	 desde	 que	 entrou	 aqui.	 Agora	 que	 alcançou	 agarre	 essa
chance,	respire	fundo	e	deixe	os	problemas	de	lado	por	um	tempo,	pense	em
você	e	no	seu	futuro,	por	enquanto,	e	depois	ache	uma	solução	para	resolver
os	 problemas.	 Sei	 que	 é	 capaz	 disso!	—	Cinthia	 se	 levantou	 e	 piscou	 para
mim	quando	foi	embora.	Soltei	um	suspiro	alto	e	encostei-me	à	cadeira.	Ela
estava	certa	em	todos	os	pontos.	Eu	tinha	que	ter	uma	mente	muito	madura!
	
Soltei	 mais	 um	 suspiro	 alto	 e	 arregacei	 as	 mangas.	 Era	 hora	 de
trabalhar	e	aí	só	depois	eu	pensaria	a	respeito	dos	meus	problemas.
Problemas.	Argh!
	
******
Por	 ter	 chegado	quase	uma	hora	 atrasada	hoje,	 eu	 tive	que	 sair	mais
tarde	 do	 trabalho,	 e	 deixei	 a	 redação	 completamente	 vazia.	 Caminhei	 até	 o
meu	carro	no	estacionamento,	quando	uma	voz	grossa	e	fria	chamou	pelo	meu
nome.	Paralisei	na	hora	perto	da	porta	do	carro.
	
—	Srta.	McAdams.	—	disse.
	
Virei-me	engolindo	em	seco	e	dei	um	sorriso	fraco.
	
—	S-senhor	Gratteri.	—	Sussurrei.
	
Demétrio	estava	vestido	numa	jaqueta	caramelo,	camisa	branca	e	uma
calça	 mais	 escura	 que	 a	 jaqueta.	 Incrivelmente	 delicioso.	 Ele	 caminhou
lentamente	até	parar	na	minha	frente.
	
—	 Como	 está	 Srta.	 McAdams?	—	 Perguntou	 em	 voz	 baixa.	 Muito
educado	quando	quer.
	
Olhei	para	cima	pra	poder	observar	seus	olhos	azuis	atentos.
	
—	Melhor	do	que	aparento	senhor.	—	Murmurei.
	
Demétrio	assentiu	e	olhou	para	os	lados	como	se	estivesse	procurando
testemunhas	pelo	o	que	ele	iria	fazer.	Seus	olhos	se	voltaram	para	mim	e	uma
de	suas	mãos	pousou	em	cima	do	teto	do	carro	perto	da	minha	cabeça,	dei	um
passo	para	 trás	e	encostei-me	ao	carro	assustada,	Demétrio	arqueou	uma	de
suas	sobrancelhas	e	sorriu	rapidamente,	tão	rápido	que	não	tive	certeza	se	ele
realmente	sorriu.
	
—	Assustada,	Srta.	McAdams?
	
Sim!	Estou	me	borrando	de	medo	com	você	aqui	nesse	estacionamento
vazio!
	
—	 Ah	 não,	 Senhor	 Gratteri.	 —	 balancei	 minha	 mão,	 rindo
nervosamente.	—	Estou	apenas	 exausta	por	 causa	do	 trabalho.	—	Demétrio
assentiu	e	continuou	a	me	olhar.
	
—	Aliás!	—	disse	curiosa.	—	O	que	o	senhor	faz	aqui?	—	Demétrio	se
afastou	de	mim.
	
—	Eu	estava	procurando	por	Cinthia.
	
—	Cinthia?	A	minha	 chefa	Cinthia?	—	Ele	 assentiu	devagar	 e	 ainda
me	observando	com	seus	olhos	de	 águia.	—	Mas	o	que	o	 senhor	quer	 com
ela?	—	Perguntei,	desconfiada.
	
Demétrio	olhou	em	volta	do	estacionamento	vazio	mais	uma	vez	e	me
encarou.
	
—	 Eu	 a	 convidei	 nesta	 manhã	 para	 um	 jantar,	 só	 que	 ela	 não	 me
respondeu	 e	 então	 vim	 até	 aqui.	 —	 Como	 é?!	 Cinthia	 foi	 convidada	 por
Demétrio	para	um	jantar	e	ela	não	me	contou?	Talvez	porque	seja	de	sua	vida
pessoal,	mas	eu	pensei	que	éramos	amigas	acima	de	tudo.	E	porque	Demétrio
quer	 jantar	 com	 a	 Cinthia?	 Deus!	 Aquilo	me	 deixou	morta	 de	 curiosidade,
amanhã	eu	teria	que	perguntar	a	Cinthia.
	
Demétrio	 deve	 ter	 percebido	 minha	 inquietação,	 pois	 se	 aproximou
rápido	de	mim	e	eu	afastei	me	batendo	no	carro.
	
—	Você	não	consegue	mesmo	não	se	meter	na	vida	dos	outros	não	é
garotinha?	—	Murmurou	de	um	jeito	ameaçador.
	
—	E-eu	não	disse	nada.	—	Sussurrei	de	olhos	arregalados.	Demétrio
deu	um	sorriso	de	tubarão	e	se	curvou	até	deixar	seu	rosto	perto	do	meu.	Perto
demais.
	
—	Nem	precisa	dizer	Amélia,	seu	rostinho	diz	tudo.	Se	eu	fosse	você
deixaria	esse	assunto	de	 lado,	Cinthia	 ficaria	chateada	com	sua	 intromissão.
—	Apertei	meus	lábios	e	olhei	para	ele	com	raiva.
	
—	 Cinthia	 é	 minha	 amiga,	 e	 se	 eu	 quiser	 perguntar	 a	 ela	 eu	 irei
perguntar,	 pode	me	ameaçar.	A	polícia	 já	 sabe	o	que	vocês	 fizeram	ao	meu
November.
	
—	Ah	eu	sei	sim	o	que	você	fez.	Colocou	os	policiais	nisso	tudo	sendo
que	 pedi	 para	 não	 fazê-lo.	 Eu	 não	 sou	 nenhum	 babaca	 pra	 você	 brincar
comigo,	eu	já	matei	mulheres	como	você,	mas	não	perco	o	meu	tempo	com
animais	 e	 se	 eu	 fosse	 você	 deixaria	 isso	 tudo	 para	 lá.	Não	 brinque	 comigo
Srta.	McAdams.	—	Pisquei	com	força	para	as	lágrimas	não	saltarem	dos	meus
olhos.
	
Mais	uma	ameaça!
Eu	 estava	 cada	 vez	 mais	 entrando	 na	 floresta	 escura	 e	 deixando	 os
monstros	 me	 dominarem.	 Eu	 estava	 aterrorizada	 desde	 que	 mataram
November,	eu	não	aguentava	mais	aquilo.
Assenti	para	Demétrio	e	abaixei	minha	cabeça.
	
—	Como	quiser	Senhor	Gratteri.	—	Demétrio	se	afastou	novamente	de
mim	e	depois	tirou	um	cartão	do	bolso	da	sua	calça.
	
—	 Pegue.	 —	 Ordenou,	 fiquei	 hesitante	 por	 um	 momento	 e	 acabei
pegando	o	cartão.	—	É	o	meu	telefone.	Caso	precise	de	algo.
	
Hã?!
	
—	Desculpe,	 mas	 por	 que	 eu	 precisaria?	—	 Perguntei	 levantando	 o
cartão	 que	 só	 continha	 seu	 nome	 e	 telefone.	 Demétrio	 estava	 já	 andando
longe,	mas	parou	e	se	virou.
	
—	 Apenas	 fique	 com	 o	 cartão.	 Tenha	 uma	 boa	 noite,	 Amélia.	 —
Demétrio	parou	perto	de	um	SUV	preto	e	não	tinha	percebido	que	havia	dois
soldados	seu	ali	nos	observando.
Quando	 o	 carro	 deu	 partida	 saindo	 do	 estacionamento,	 joguei	minha
cabeça	 encostando-me	 ao	 carro	 e	 respirei	 fundo.	 Minhas	 pernas	 estavam
bambas	e	tremendo,	meu	coração	batia	frenético.	Dei	um	suspiro	alto	e	abri	a
porta	do	carro	ao	mesmo	tempo	amassando	o	cartão	e	jogando-o	longe,	entrei
e	 fiquei	 ainda	 parada	 para	 manter	 a	 droga	 da	 calma.	 Liguei	 o	 carro	 e	 dei
partida	com	medo	de	que	alguém	estivesse	me	seguindo.
	
******
No	dia	seguinte,	entrei	na	redação	e	já	corri	para	a	sala	de	Cinthia.	Eu
mal	dormi	na	noite	passada	ansiosa	para	conversar	com	ela.
	
—	 Que	 história	 é	 essa	 de	 que	 Demétrio	 Gratteri	 te	 convidou	 para
jantar?	—	Perguntei	 já	 fechando	 a	 porta	 e	 caminhando	 de	 braços	 cruzados.
Cinthia	estava	mexendo	em	seu	computador	e	parou	rapidamente	quando	citei
o	nome	do	Capo.	Ela	me	olhou	com	um	sorriso	e	deu	de	ombros.
	
—	Pois	é.	Mas	como	você	sabe?	—	Perguntou	curiosa.	Sentei-me	na
sua	frente	e	suspirei.
	
—	Ontem	ele	veio	te	procurar	e	acabamos	nos	encontrando.
	
—	Ele	me	chamou,	mas	não	dei	a	resposta.	Estou	pensando	a	respeito.
—	Murmurou	me	observando	como	se	estivesse	esperando	algum	julgamento
meu.	Mas	não	o	fiz.	A	vida	é	dela.	Acenei	para	Cinthia	com	um	meio	sorriso
nos	lábios.
	
—	Bom.	Só	fico	triste	por	você	não	ter	me	contado,	que	coisa	feia!	—
Fiz	um	biquinho	fingindo	incredulidade.	Cinthia	deu	uma	risadinha	e	revirou
os	olhos.
	
—	Eu	não	contei	porque	você	odeia	os	mafiosos!	Mas	fique	calma,	é
um	jantar	qualquer	para	mim.
	
Claro!
	
Cinthia	 estava	 mentindo	 descaradamente	 como	 se	 eu	 não	 tivesse
percebido.	Haha!	Eu	via	o	brilho	de	ansiedade	nos	seus	olhos	e	o	jeito	que	seu
corpo	 se	 movia	 enquanto	 falávamos	 no	 assunto	 e	 sobre	 quem	 estava	 na
conversa.	Quem	recusaria	um	jantar	com	um	homem	lindo	e	delicioso	como
Demétrio	Gratteri?	Fala	sério,	nem	o	Ashton	Kutcher	não	recusaria.
E	você	também	não.	Sua	safada	invejosa!
	
OK!	Talvez	eu	esteja	com	um	pouquinho	de	inveja	por	Demétrio	tê-la
convidado	 mesmo	 eu	 o	 odiando	 e	 morrendo	 de	 medo	 do	 cara.	Mas…	 Por
favor!	Ele	é	delicioso	demais.	Soltei	um	suspiro	chateado	e	sorri	rapidamente
para	Cinthia.	Levantei-me	da	cadeira	e	fui	até	a	porta.
	
—	 Preciso	 ir	 ao	 trabalho,	 tenho	 uma	 reunião	 a	 fazer.	 Vejo-te	 no
almoço?	—	Perguntei.
	
—	 Hoje	 não	 rola.	 Receberei	 uma	 ligação	 importante	 no	 horário	 de
almoço.	—	Disse	de	forma	desapontada	e	fingida.	Não	tão	amiga	assim.—	Mas	amanhã	somos	eu	e	você!	Combinado?
	
Assenti	com	um	sorriso	e	saí	de	lá	entrando	na	minha	sala	bufando.	E
eu	pensando	que	Cinthia	era	minha	amiga.	As	aparências	enganam	Amélia.	E
como	enganam!
	
	
CAPÍTULO
7
CONVITE	PARA	JANTAR
	
	
Finalmente	era	sábado	e	eu	teria	uma	folga	prolongada	até	terça-feira
pelo	meu	desempenho	trabalhista!	Eu	estava	ainda	deitada	na	cama	e	não	sei
se	estava	acordada	ou	dormindo,	pois	a	preguiça	me	dominou.	Eu	sentia	falta
de	 November,	 se	 ele	 estivesse	 aqui	 provavelmente	 estaríamos	 caminhando
pela	cidade.
	
Soltei	um	suspiro	e	me	levantei	da	cama,	de	calcinha	e	uma	regatinha
quase	 transparente.	 Quando	 cheguei	 até	 a	 sala	 à	 campainha	 tocou,	 fiquei
parada	toda	descabelada	e	imaginando	quem	seria.	Que	se	dane!
Eu	estava	com	sono	demais	para	pensar.	E	hoje	é	sábado!	Abri	a	porta
escancarando-a	 quando	 meus	 olhos	 arregalaram-se.	 Demétrio	 e	 mais	 outro
homem	que	estava	distante	me	olharam	surpresos.
	
—	Boa	tarde	Srta.	McAdams,	seu	despertador	parou	de	funcionar?	—
Perguntou	arrogantemente	no	seu	sotaque	forte	italiano.	Escondi-me	atrás	da
porta,	mas	Demétrio	já	estava	entrando.	—	Fique	vigiando	a	porta,	Rafaelle.
—	O	homem	assentiu	e	se	aproximou	quando	Demétrio	 fechou	a	porta.	Ele
parou	na	minha	frente	e	olhou	todo	meu	corpo,	cruzei	meus	braços	em	cima
dos	meus	seios	quase	expostos.
	
—	O	que	está	fazendo	aqui?	—	Perguntei	nervosa.	Demétrio	continuou
olhando	meu	corpo	enquanto	dizia:
	
—	Vim	chamá-la	para	jantar	comigo.
	
Engasguei-me	com	a	própria	saliva.
	
—	Você	tá	de…	brincadeira	né?	O	que	te	faz	pensar	que	vou	aceitar?
Seu	 assassino	 de	 cachorros!	 E	 eu	 não	 te	 convidei	 para	 entrar	 no	 meu
apartamento!	 —	 Protestei	 relutantemente	 em	 voz	 alta.	 Aquilo	 chamou	 a
atenção	dele,	Demétrio	levantou	seus	olhos	para	mim	e	deu	apenas	um	passo
até	ficar	frente	a	frente	comigo.	Bem,	frente	a	peito.	Ele	era	muito	alto.
	
—	Odeio	quando	falam	em	voz	alta	comigo,	não	sou	criança,	não	sou
assassino	de	animais,	se	bem	que	foi	você	que	procurou	isso.	E	se	eu	quiser
entro	aqui	a	qualquer	hora.
	
Como	é?!	Esse	babaca	tá	de	brincadeira	comigo?!
	
—	Você	acha	que	pode	falar	assim	comigo,	mas	não	pode!	E,	aliás,	eu
não	procurei	porra	nenhuma!	Estou	cansada	de	vocês,	mafiosos	de	merd…	—
Eu	mal	 tinha	 terminado	 a	 frase	 quando	Demétrio	 segurou	meus	 braços	me
empurrando	com	força	contra	a	parede.	Ele	me	levantou	até	poder	ficar	na	sua
altura	e	seus	olhos	azuis	frios	estavam	assassinos!
	
—	Por	favor,	 termine	sua	veneta*,	quero	ver	até	onde	essa	raiva	toda
irá.	—	Murmurou	calmamente.	Eu	estava	ofegante	pelos	meus	gritos	e	o	que
eu	 mais	 queria	 era	 poder	 achar	 algo	 pontiagudo	 para	 me	 defender	 de
Demétrio.
	
—	Por	favor,	me	solte	e	saia	da	minha	casa.	—	Disse	tranquilamente.
	
—	Se	não	o	quê?	Vai	chamar	a	polícia?	Eu	que	mando	na	droga	dessa
cidade,	Amélia	e	se	eu	fosse	você	pararia	de	me	provocar	 tanto!	Eu	não	sei
como	ainda	não	explodi	com	você.
	
—	Eu	não	tenho	medo	de	você!
	
Demétrio	deu	um	sorriso	de	tubarão	e	aproximou	ainda	mais	seu	rosto
do	meu.
	
—	Pois	deveria	ter.	—	Sussurrou.	Engoli	em	seco	e	continuei	olhando
seus	 olhos.	 Demétrio	me	 pôs	 no	 chão	 e	 caminhou	 até	 a	 porta	 e	 segurou	 a
maçaneta.	—	Pode	ficar	vestida	desse	jeito	no	jantar.	—	Com	isso	ele	abriu	a
porta	 e	 se	 foi.	 Soltei	minha	 respiração	 e	 encostei	minha	 cabeça	 na	 parede.
Mais.	Que.	Porra.	Porra.	Porra!!!
	
*****
Eu	 não	 liguei	 para	 Cinthia	 dizendo	 que	 Demétrio	 veio	 até	 aqui	 me
chamar	para	jantar.	Depois	que	vi	seu	jeito	diferente	comigo	acabei	perdendo
a	consideração	que	 tinha	com	ela.	Então	eu	estava	oficialmente	 sozinha	em
Las	Vegas.	Tinha	tomado	um	banho	e	coloquei	uma	camiseta	branca	de	gola
“V”	que	ia	até	a	metade	de	minhas	coxas,	um	pouco	acima	na	verdade.	Enchi
a	taça	de	vinho	e	me	joguei	no	sofá,	eu	não	deixaria	Demétrio	entrar	na	minha
casa,	se	aquele	fodido	de	merda	acha	que	tenho	medo	dele,	ele	está…
Completamente	certo!
	
Soltei	 um	grunhido	 e	 enchi	minha	 taça	 pela	 quarta	 vez,	 eu	 já	 estava
sentindo	a	embriaguez	dominar	meus	sentidos	e	meu	corpo.	Estava	assistindo
TV	 quando	 a	 campainha	 tocou.	 Olhei	 para	 a	 porta	 e	 voltei	 ao	 filme,
novamente	a	campainha	tocou	e	depois	o	balançar	da	maçaneta	da	porta.
	
—	AMÉLIA	EU	SEI	QUE	ESTÁ	AÍ.	ABRA	A	PORTA	SE	NÃO	EU
FAÇO.	—	Gritou	Demétrio.
Soltei	uma	risada	bêbada	e	fiz	uma	careta.
	
—	 Vá	 embora!	 E	 não	 há	 como	 abri-la	 seu	 idiota	 italiano.	 —
Resmunguei.
	
—	VOCÊ	QUE	PEDIU	AMÉLIA.	—	No	momento	em	que	ele	disse
isso	minha	porta	fez	um	estrondo	forte	se	batendo	na	parede.	Soltei	um	grito
quando	um	homem	alto	entrou	bruscamente	da	minha	sala.
	
Demétrio	entrou	com	um	olhar	de	louco	e	disse	algo	em	italiano	para	o
homem	que	acenou	e	saiu	fechando	a	porta.
	
—	Você	tem	esse	costume	de	invadir	a	casa	dos	outros?	—	Perguntei
dando	um	grande	gole	da	minha	bebida.
	
Demétrio	olhou	para	a	TV	e	arqueou	suas	sobrancelhas.
	
—	Meu	malvado	favorito?
	
—	Bem	clichê	né?	—	Ri	 jogando	a	cabeça	no	encosto.	—	Mas	você
não	 é	 favorito,	 que	 tal…	 Mafioso	 babaca	 NÃO	 favorito?	 —	 Demétrio	 se
sentou	ao	meu	lado	e	passou	a	mão	no	seu	cabelo	já	arrumado.
	
—	Não	 já	está	grandinha	demais	pra	assistir	desenhos?	—	Perguntou
seriamente.	Dei	de	ombros	e	enchi	a	 taça	bebendo	rapidamente	até	esvaziar.
Demétrio	olhou	a	garrafa	quase	vazia	e	depois	para	mim.	—	E	nova	demais
para	beber	tanto?	—	Soltei	um	resmungo	baixo	e	revirei	os	olhos.
	
—	Tenho	idade	suficiente	para	assistir	o	que	quero	e	beber	o	quanto	eu
quiser!	—	Olhei	para	ele	com	uma	careta.	—	E	o	que	faz	aqui	de	novo?	Não
te	quero	perto	de	mim.	—	Demétrio	cruzou	os	braços	fazendo	seus	músculos
tencionarem	no	tecido	da	sua	camisa	fina.
	
—	Jantar.	Esqueceu-se?
	
—	Não	me	esqueci,	porque	eu	não	combinei	nada	com	você,	agora	saia
da	minha	casa,	pois	estou	seminua	e	bêbada.	—	Demétrio	me	olhou	de	cima
abaixo	com	seus	olhos	azuis	gélidos,	eu	senti	meu	corpo	tremer	com	aquele
olhar.
	
—	Eu	não	me	importo,	você	é	uma	ótima	visão	e	eu	não	vou	te	fazer
nada	 de	 mal,	 como	 te	 estuprar,	 só	 porque	 está	 bêbada.	—	 Dei	 um	 sorriso
frouxo	e	me	deitei	no	sofá	sem	me	importar	que	Demétrio	pudesse	ver	minha
calcinha.
	
—	Pensei	que	vocês	da	máfia	usavam	o	estupro	como	ameaças,	sabe.
—	Murmurei	de	olhos	fechados.
	
—	Humm…	Você	sabe	mesmo	tudo	sobre	nós.
	
—	Sei.	Esse	é	meu	trabalho.	—	Demétrio	soltou	uma	respiração	dura	e
abri	meus	olhos	para	observá-lo.	Ele	estava	olhando	meu	corpo	de	uma	forma
predatória	o	que	fez	meu	estômago	se	revirar.	Aquele	cara	sabia	como	deixar
uma	mulher	molhada	apenas	com	um	olhar.
	
—	Você	é	muito	bonita	Amélia.	—	Murmurou	calmamente.	Dei	uma
risadinha	boba	e	joguei	minhas	pernas	no	encosto	do	sofá,	Demétrio	as	seguiu
e	seus	olhos	brilhavam	de	algo	que	não	identifiquei.
	
—	E	você	não	vai	conseguir	transar	comigo,	você	está	fodendo	minha
chefe!	 Por	 favor!	 —	 Disse	 incrédula.	 Demétrio	 arqueou	 sua	 sobrancelha
esquerda	e	apertou	seus	olhos.
	
—	Nós	dois	somos	adultos	e	livres,	e	eu	não	tenho	nada	com	Cinthia.
	
—	 Então	 isso	 quer	 dizer	 que	 vocês	 transaram?	 —	 perguntei
curiosamente.	 Demétrio	 me	 olhou	 por	 um	 tempo	 sem	 demonstrar	 suas
emoções	e	assentiu.
	
—	Ontem	à	noite	e	na	quinta-feira	também.	—	Me	sentei	rapidamente.
Eu	 sabia!	Ela	 estava	mentindo	para	mim.	Confesso	que	aquilo	me	magoou,
realmente	não	existem	amigos	nesse	mundo.
	
Olhei	para	TV	onde	os	Minions	dançavam	alegremente	e	me	levantei
cambaleando.	Desliguei	 a	 televisão	e	peguei	 a	garrafa	de	vinho	bebendo	no
gargalo	sem	me	importar	com	a	taça.
	
—	 Você	 está	 bem?	 —	 Perguntou	 Demétrio	 sem	 emoção	 nenhuma.
Argh!
	
—	Você	transou	com	ela	nesses	últimos	dois	dias	e	agora	quer	transar
comigo?	 Desculpe-me	 mas	 eu	 sou	 virgem.	 —	 Demétrio	 levantou	 suas
sobrancelhas	e	riu	da	minha	cara.
	
—	Não,	você	não	é.	E	eu	não	estou	a	fim	de	transar	com	você,	gosto
das	receptivas.	Vim	apenas	pra	jantar.	—	No	momentoem	que	Demétrio	disse
isso	 a	 campainha	 tocou,	 ele	 se	 levantou	 e	 abriu	 a	 porta,	 onde	 estava	 seu
soldado	que	tinha	arrombado	minha	porta.	Sua	mão	estava	com	duas	sacolas
de	um	restaurante	italiano	caro.	Demétrio	agradeceu	e	fechou	a	porta,	ele	foi
direto	a	cozinha	e	segui	ele	me	segurando	nas	paredes	para	não	cair.
Demétrio	 estava	 colocando	 a	 comida	 nos	 pratos	 rapidamente	 e	 me
olhou	de	relance.	—	Coma	que	a	embriaguez	vai	passar.	—	Me	sentei	em	um
dos	bancos	altos	da	cozinha	e	fiz	uma	careta.
	
—	Eu	não	como	isso.
	
—	Sim,	você	come.	Agora.	Coma.	—	Ele	ordenou	e	empurrou	o	prato
na	minha	direção.
Soltei	 um	 suspiro	 chateado	 e	 comecei	 a	 comer	 rapidamente,	 era
delicioso.	Tinha	terminado	antes	de	Demétrio	e	me	levantei	ainda	tonta	e	fui
para	meu	 quarto.	—	Onde	 pensa	 que	 vai?	—	perguntou	Demétrio.	Não	 dei
atenção	 a	 ele,	 caminhei	 até	 o	 quarto	 e	 joguei-me	na	 cama.	O	quarto	 estava
uma	loucura	de	tanta	bagunça.
	
—	 Poderia	 agradecer	 a	 refeição	 pelo	 menos.	 —	 Olhei	 para	 a	 porta
onde	 Demétrio	 estava	 encostado	 no	 batente	 de	 braços	 cruzados.	 Levantei
meus	braços	acima	da	minha	cabeça	e	gargalhei.
	
—	 Obrigada	 Senhor	 Grarratier.	—	 Dei	 outra	 gargalhada.	—	 Senhor
Gratteri.
	
Demétrio	 ficou	 um	 tempo	 olhando	minhas	 coxas	 e	 depois	 entrou	 no
meu	quarto.
	
—	Quer	 fazer	 alguma	 coisa?	—	 perguntou	 parando	 no	 pé	 da	minha
cama.
	
Mordi	meu	lábio	ainda	sorrindo.
	
—	O	que	tem	em	mente?	—	perguntei	sedutoramente.	Demétrio	olhou
meu	rosto	e	caminhou	lentamente	até	o	lado	da	cama.
	
—	Tenho	muitas	coisas	na	minha	mente	que	adoraria	fazer	agora.
	
—	Por	que	não	me	mostra	uma	delas?	—	Virei	de	bruços	no	colchão	o
que	 fez	minha	 camisa	 subir	 mais.	 Demétrio	 olhou	minha	 bunda	 um	 pouco
exposta	e	se	curvou	colocando	suas	mãos	no	colchão.
	
—	 Você	 está	 bêbada	 e	 está	 me	 seduzindo.	 Não	 é	 uma	 combinação
muito	 boa	 para	 mim.	 —	 Murmurou.	 Fiz	 um	 biquinho	 como	 se	 estivesse
pensando	e	depois	ri.
	
—	E	por	que	não	é?	—	Perguntei	docemente.	—	Eu	não	estou	mais	tão
bêbada	assim.	A	comida	me	ajudou	a	melhorar.
	
—	 Porque	 eu	 não	 sou	 um	 homem	 bom,	 eu	 gosto	 de	 caçar.
Principalmente	 as	 minhas	 presas	 vulneráveis.	—	 Sussurrou	 olhando	 minha
boca.
	
Aquilo	me	deixou	excitada.	Era	doentio,	mas	deixou	e	muito!	Fiquei
de	 joelhos	na	cama	e	puxei	Demétrio	com	 força,	porém	ele	nem	se	moveu.
Bati	minha	boca	na	sua	e	nos	beijamos	com	força.
	
—	Eu	quero	ser	fodida	por	você.	—	Ofeguei.	Demétrio	deu	uma	risada
e	lambeu	minha	boca	me	fazendo	gemer.
	
—	E	eu	quero	muito	te	foder	de	todos	os	jeitos	possíveis	bella.	—	Me
afastei	 de	Demétrio	 e	 arranquei	minha	 camiseta	 ficando	 apenas	 com	minha
calcinha	 preta	 rendada.	 Deitei-me	 na	 cama	 e	 abri	 as	 pernas,	 os	 olhos	 de
Demétrio	corriam	por	todo	meu	corpo	seminu.
	
—	Por	que	não	tira	suas	roupas?	—	Sussurrei	mordendo	o	lábio.
	
—	Vou	tirar	para	você,	agora,	Amélia.
	
Demétrio	puxou	sua	camisa	azul	por	cima	da	sua	cabeça	revelando	seu
maravilhoso	 corpo	 musculoso,	 ele	 era	 fodidamente	 delicioso.	 Livrou-se	 de
seus	 sapatos	 e	meias	 e	 num	movimento	 rápido	 tirou	 sua	 calça	 junto	 com	 a
cueca.	 E	 oh	 caramba!	 Ele	 era	 grande	 e	 grosso	 até	 demais.	 Suas	 mãos
pousaram	em	cada	lado	de	minha	cintura	e	ele	tirou	minha	calcinha,	levantei
meu	quadril	e	depois	minhas	pernas	ajudando-o.
	
—	Vire-se.	—	Ordenou	Demétrio.	Virei-me	de	costas	para	ele	quando
senti	sua	mão	na	minha	bunda.	Ele	jogou	meu	cabelo	de	lado	e	chupou	meu
pescoço	 fazendo-me	 gemer.	 Meu	 núcleo	 já	 estava	 dolorido	 e	 se	 apertando
com	força,	eu	precisava	dele	dentro	de	mim!
—	Você	tem	uma	pele	linda	e	cheira	muito	bem	Amélia.	—	Sussurrou
Demétrio	 no	 meu	 ouvido.	 Soltei	 outro	 gemido,	 já	 completamente	 louca	 de
prazer.
	
—	 Demétrio,	 por	 favor,	 eu	 quero	 você	 dentro	 de	 mim.	—	 Suspirei
excitada.
	
—	 Você	 quer	 isso?	 —	 Perguntou	 acariciando	 minhas	 dobras
encharcadas	com	os	seus	dedos.	—	Ou	talvez	isso?	—	Sua	mão	abriu	minhas
pernas	quando	senti	a	ponta	de	seu	pau	 roçar	minha	vagina.	Arqueei	minha
bunda	na	sua	direção	e	gemi	alto.
	
—	Por	favor.	—	Choraminguei.
	
Demétrio	se	esfregou	na	minha	bunda	fazendo	seu	pau	bater	nela.
	
—	 Eu	 estou	maluco	 pra	 te	 foder	 desde	 que	 você	 foi	me	 entrevistar.
Quero	 te	 comer	 com	 força.	 —	 Rosnou	 no	 meu	 ouvido.	 Aquelas	 palavras
poderiam	me	assustar,	eu	poderia	me	afastar	e	dizer	para	ele	ir	embora,	mas
aquilo	 me	 deixou	 mais	 molhada	 do	 que	 antes.	 Empurrei	 minha	 bunda
novamente	quando	lhe	disse:
	
—	Então	 faça	 logo!	—	Ao	dizer	 isso	a	Demétrio	ele	entrou	 forte	em
mim	me	 fazendo	 gritar	 e	 gozar.	 Gozei	 violentamente	 quando	Demétrio	me
fodia	por	trás	sem	parar	um	segundo.
	
—	Você	gozou!	É	tão	molhada.	—	Sua	voz	era	áspera	por	trás	de	mim.
Demétrio	saiu	de	mim	e	protestei,	ele	levantou	meus	quadris	me	fazendo	ficar
de	quatro	para	ele	e	se	afundou	em	mim	só	que	dessa	vez	com	mais	força.	A
dor	 no	meu	 abdômen	 pelas	 estocadas	 fortes	 de	Demétrio	 só	me	 dava	mais
prazer,	 o	 único	 som	 que	 ele	 fazia	 era	 sua	 respiração	 dura	 e	meus	 gemidos
altos	 que	 invadiam	 o	 quarto.	 Demétrio	 empurrou	 num	 ponto	 que	 me	 fazia
miar	como	uma	gata,	e	às	vezes	ele	balançava	seu	pênis	dentro	de	mim.	Ele
sabia	mesmo	foder.
Tentei	 olhar	 para	 trás,	mas	Demétrio	 segurou	 a	 parte	 de	 trás	 do	meu
pescoço	com	força.
	
—	Não.	—	Rosnou	alto.	—	Quero	você	assim.
	
—	Eu	quero	te	olhar.	—	Gemi	com	suas	estocadas.
	
—	Sempre	curiosa,	não	é	mesmo?	—	Demétrio	bateu	com	mais	força
dentro	de	mim	e	joguei	minha	cabeça	para	trás.	Era	delicioso	fazer	sexo	bruto.
—	Está	 gostando?	—	 perguntou	Demétrio	 ofegante.	 Soltei	 outro	 dos	meus
gemidos	e	rebolei	no	seu	pau,	Demétrio	grunhiu	e	deu	um	forte	tapa	na	minha
bunda.
—	Eu	quero	ir	mais	fundo	Amélia,	mas	tenho	medo	de	machucá-la.	—
Como	 é?!	 O	 homem	 que	 mata	 qualquer	 um	 que	 ousar	 a	 passar	 pelo	 seu
caminho,	que	 tortura	pessoas,	está	com	medo	de	me	machucar,	segurei	uma
risada.
	
—	Achei	 que	 gostava	 de	machucar.	—	O	 provoquei	 e	 gemi	 quando
Demétrio	afundou	mais	dentro	de	mim.
	
—	E	eu	gosto,	acredite	você	não	tem	ideia	de	como	eu	quero,	te	foder
com	tanta	força	até	vê-la	implorando	para	parar.
	
—	Então	faça!	—	Disse	em	voz	alta.
Tentei	mais	uma	vez	olhar	para	Demétrio,	mas	sua	mão	segurou	meu
pescoço.
	
—	Hoje	não.	—	Disse-me.	Demétrio	segurou	meus	ombros	com	suas
mãos	e	foi	mais	rápido.	Eu	estava	ansiosa	para	saber	até	o	quão	forte	ele	ia.
Minha	 já	 quase	 passada	 embriaguez	 estava	 me	 deixando	 uma	 verdadeira
vadia.	As	estocadas	fortes	de	Demétrio	me	deixavam	mais	molhada,	quando
senti	aquele	estupor	delicioso	como	se	eu	estivesse	nas	nuvens.	Meu	núcleo
apertou	com	força	o	membro	de	Demétrio	quando	soltei	um	grito	com	gemido
e	gozei	pela	terceira	vez.
Demétrio	soltou	um	gemido	maravilhoso	pela	primeira	vez	quando	ele
segurou	minha	cintura	de	um	jeito	que	me	machucou,	mas	não	me	incomodei,
ainda	estava	curtindo	meu	orgasmo	quando	ele	bateu	fortemente	umas	quatro
vezes	e	saiu	de	mim	rapidamente	com	a	respiração	alta.
	
Olhei	para	trás	e	Demétrio	estava	com	os	olhos	fechados	com	força	e
se	masturbava	 freneticamente	quando	 enfim	gozou	na	 sua	própria	mão.	Ele
acariciou	minha	bunda	e	gemeu	baixinho.	Joguei-me	na	cama	ainda	de	costas
para	ele	quando	o	senti	se	deitar	em	cima	de	mim	cuidadosamente.	Eu	gostei
da	proximidade	do	seu	corpo,	gostei	como	ele	beijou	minhas	costas,	como	ele
acariciou	meus	cabelos	e	enviando	arrepios.	Eu	gostei	de	tudo	o	que	fiz	com
Demétrio	Gratteri.
	
Não	 estava	mais	 conseguindo	 segurar	meus	 olhos	 e	 adormeci	 com	o
afago	de	seus	longos	dedos	na	minha	cabeça.
	
	
	
	
	
	
	
	
	
CAPÍTULO
8
DECEPÇÃO
	
Acordei	com	uma	leve	dor	no	meio	das	minhas	coxas	e	com	a	coluna
dolorida.	Já	estava	de	dia	e	minha	cabeça	pulsava	pela	bebida	exagerada	de
ontem	à	noite.	Eu	estava	nua	na	minha	cama	com	o	lençol	até	a	minha	bunda.
Virei-me	de

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