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J. S. RUSSO - L'AMORE LÁ MAFIA - AMOR AO CAPÔ

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Capítulo 1
Anne
Sinto os primeiros raios de sol, meus olhos fraquejam ao tentar abrir... bom, ninguém me
mandou dormir na sacada do meu quarto, e ainda por cima em uma espreguiçadeira de madeira!
Mas, a saudade era tanta deste lugar, não queria perder por nada o nascer do sol, e quando dei
por conta tinha caído em um sono profundo.
Fiquei por três anos fora. Três longos anos em um internato para meninas, pois quando completei
meus 15 anos papá sentiu que não estava me educando corretamente, e devido a problemas na
família, pensou que o melhor era eu estar longe até que conseguisse resolver tudo... não fiquei
feliz com a ideia de me ver longe da minha vida, dos meus amigos e até mesmo dos seguranças
que ficavam na minha cola. Meu pai é um cara super protetor, ainda mais depois que minha mãe
se foi devido a um câncer, quando eu tinha apenas 6 anos. Ela sim, era a mulher mais linda e
incrível que eu já conheci.
Nunca vou me esquecer as palavras dela:
 
-Quando sentir os primeiros raios de sol pela manhã, serei eu te abraçando minha pequena
Anne. Para sempre.
 
Voltei ontem para casa, e aquelas palavras se intensificaram na minha mente. A saudade veio
com tudo e eu precisava sentir tanto aquele abraço... por isso quis tanto sentir o calor dos
primeiros raios de sol. 
Meu pai chega hoje de viagem, negócios e mais negócios, isso é sempre o que mais o ocupa. Ele
é o capo da máfia alemã. Fardo pesado. Mas porque chamar de papá então? Minha mãe era
italiana, e foi um acordo entre famílias, apesar de ser negócios vantajosos para ambos os lados
meus pais se amavam, e meu pai sempre me deixou ser livre, bom, livre não mas comparado a
minha prima digamos que pude ter amigas fora da família, e isso era raro.
 
Meu pai não me falava sobre os negócios... isso perante os mafiosos não é assunto de mulher,
mas antes de ir embora para o internato consegui umas informações com o soldado Hans, que era
um dos meus guarda-costas. Ele me disse que a Cosa Nostra está atacando a máfia russa, e que
meu papá estava sendo pressionado pelos italianos a fazer parte devido ao seu casamento. Porém,
com minha mãe morta, alguns capôs interviram falando que não existia mais acordo...
 
Em meio a tantas coisas que já passei estava feliz por ter voltado, e não via a hora de
encontrar meu pai.
 
Precisava de um banho para acordar. Entrar no meu quarto me fazia lembrar as boas épocas
que passei aqui, apesar de ser enorme ele para mim era tão aconchegante. A cama era com
dorsal, parecia de época (eu e meus fascínios por objetos antigos). Fui até ela e larguei o cobertor
que tinha pego quando fui para a varanda. Que vontade de me deitar mais um pouquinho... mas
passo direto, não posso me dar ao luxo de deitar de novo, preciso rever o pessoal da casa.
Estranhei Gaia não ter vindo ainda me abraçar, era ela quem colocava a ordem por aqui, mesmo
com seus 60 anos e cabelos grisalhos, a energia daquela mulher contagiava.
Vou ao closet e separo um vestido rosa bem clarinho, com caimento na cintura até as minhas
coxas, e uma bota preta. Também separo o meu sobretudo do mesmo tom escuro, e vou para o
banheiro. Preciso causar uma boa impressão para o papá, pois antes dele me enviar para o
internato meu estilo era calça, tênis e moletom, tudo o que fosse confortável. Não que eu tenha
parado de usar, mas agora até que me sinto bem usando vestido.
 
Mesmo olhando para a banheira tentadora... opto por um banho de chuveiro, pois estou muito
ansiosa para descer. Uso meu shampoo favorito de erva doce. 
Depois de me enxugar, visto minha roupa, e dou a última encarada no espelho, com meus
grandes 1,65cm de altura, olhos verdes e cabelos loiros pela cintura não me sinto tão baixinha
com minhas botas de salto alto.
Desço as escadas e a primeira pessoa que vejo é a minha querida Gaia.
 
-Gaia, que saudades. 
Logo sou recebida por um abraço caloroso.
 
-Anne você está tão linda minha menina, ou melhor dizendo, está uma moça... nem parece
aquele menino que andava pela casa.
 
Ela sorriu. Gaia não mudou nada, ela sempre foi muito sincera nos termos dela. Italiana nata,
veio para cá junto com minha mãe, ela cuidou dela desde que nasceu, e hoje cuida de mim. Para
ela, as meninas tinham que brincar de boneca e fazer aula de ballet.
Mas eu era o oposto, colocava um fone de ouvido e ia treinar. Amava kickboxing e Muay Thai.
Ao invés de andar maquiada pela casa, os joelhos viviam ralados. E com os seguranças em casa
eu arrumava sempre uma desculpa para treinar, dizia para o meu pai: 
-E se eles não estiverem por perto pra me defender? 
O argumento era válido, e ele não tinha como negar. Antony, que era o chefe da segurança de
casa, me deu as melhores aulas, não tinha pena se fosse me machucar ele sempre me disse "o
inimigo não espera o ataque" e quando eu ia pensar em me defender ele já tinha me atacado.
Acho que foi por isso que aos meus 15 anos papá me mandou conviver com as meninas no
internato, pois viu o caminho que a princesinha dele estava tomando...
 
-Gaia, onde está meu pai? Estou com tantas saudades.
 
Ela me olhou mais uma vez sorrindo...
 
- O senhor Miller Lansky está no escritório, acabou de chegar. Antony foi falar sobre a
segurança, agora que você chegou, sabe como seu pai é exigente 
sobre seu bem estar querida.
 
Ouvir isso não me surpreendeu, mas ao mesmo tempo é irritante. Já fazia três anos que eu
tinha esquecido o que era andar com uma sombra.
 
-Papai não muda mesmo.
 
Gaia me encarou e logo disse:
 
-Ele só quer o seu bem mocinha, agora vá avisar ele que o café está sendo posto na mesa.
 
Me encaminho até o escritório, tinha me esquecido de como essa casa era enorme.
A porta estava aberta, quando papai me viu abriu um sorriso, fazendo Antony também se virar
para ver o que se passava.
 
-Minha filha você está linda, senti tanto a sua falta... como você cresceu.
 
-Obrigada pai você também não vai nada mal.
Miller Lansky era um cara bonito, não porque era meu pai. Mas hoje senti que ele estava um
pouco abatido, não quis comentar para não ser grossa, mas depois vou querer saber o que está se
passando com ele.
 
Me virei para Antony e o cumprimentei. Ele sim não mudou nada. Moreno, forte com seus 2
metros de altura, era de intimidar qualquer um.
 
-Antony, já você não mudou nada.
 
-Obrigado Anne. Lansky vou me retirar e providenciar o esquema de segurança.
 
Antes que Antony pudesse ir embora me adiantei.
 
-Pai, vocês acham que realmente precisa de tudo isso? Não sou mais uma menina, posso me
virar sozinha. Queria poder sair sem ninguém... minhas amigas não ficam muito à vontade com
os seguranças.
 
Ele me olhou por um instante e achei que fosse ceder.
 
-Não posso permitir que você fique sem proteção, Anne. Não iria me perdoar se algo
acontecesse com você.
 
Não podia perder a chance e fechar a boca, tinha que ser agora, e como eu sabia usar bem as
palavras, respondi...
 
-Um, apenas um segurança, é o que te peço. 
Fiz beicinho e uma carinha de súplica para ver se adiantava.
 
-Tudo bem, mas que este "um" seja Antony.
 
Senti meu olhar brilhar. Me sentia bem com Antony por perto, porque por mais que ele fosse
o segurança da casa ele era meu amigo acima de tudo.
 
-Obrigada papá, isso significa muito para mim. 
E o abracei em agradecimento.
 
Ele tirou as mãos de mim e disse:
 
-Agora vamos, Gaia já deve ter posto o café na mesa.
 
E assim saímos dali para os nossos lugares. O café estava uma delícia, e aquele bolo de
cenoura de todas as manhãs que sentia tanta falta, estava divino. Conversei com meu pai por
mais umas duas horas. Eram tantas novidades, as meninas que conheci, as amizades que foram
feitas... contei a ele até mesmo de uma menina insuportável que gostava de humilhar os outros, e
que no fim coloquei ela no seu devido lugar.
 
-Por falar em amizades, já ligou para Ester? 
Ele me olhou sondando.
 
-Não, ainda não avisei para ela que estava voltando, quero fazer uma surpresa. Vou pedir
para Antony me levar direto para a casa dela em seguida.
 
Por fim, me despedi dele e fui para o meu quarto,pegar minha bolsa e dar a última olhada no
visual. Gosto da mulher que estou me tornando.
Passei por Gaia e a abracei mais uma vez, dizendo para não me esperar para o almoço. Afinal era
muita conversa para colocar em dia com Ester... quero saber tudo o que ela fez na minha
ausência. Ela era a irmã que eu nunca tive, e mesmo quando estava longe nos comunicávamos
toda a semana. Senti muito a falta dela.
 
Capítulo 2
Anne
Estava ansiosa para chegar. 
Enquanto Antony dirigia, eu olhava a paisagem, mas só pensava em uma coisa... saber as
novidades que minha amiga iria me contar.
Antony estacionou o carro em frente a uma casa amarela... uma casa a qual eu conhecia muito
bem. Era lá o meu refúgio.
Paro em frente a porta e toco a campainha. Antigamente eu entrava direto, mas não quero parecer
mal-educada. Com todos esses anos longe, não sei qual seria a reação da Senhora Michaela e do
Senhor John. Apesar de eles me tratarem como uma filha. 
John era consigliere do meu pai, então nossas famílias já se conheciam há muitos anos. Minha
mãe era a melhor amiga de Michaela desde o colegial.
 
Assim que a porta abre eu quase fico surda com o berro que Ester dá.
-Meu deus, Anne! 
Ela me deu um abraço tão apertado! Mas era bom... como era bom me sentir em casa. 
Ela para e me encara.
 
-Quando que você chegou? Não acredito que você não me contou que estava vindo... teria
preparado balões e fogos. 
Ester era bem-humorada, e as vezes sarcástica.
 
-É bom ver você também Ester. 
Ela estava linda com seus cabelos avermelhados. A última vez que à vi estava morena, mas ela é
linda de qualquer jeito... é uma beleza exótica.
 
-Vamos entrar! Ah... Olá Antony, Maria está lá nos fundos limpando a piscina, se você quiser
ajudar tenho certeza que suas mãos vão ser muito úteis para ela. 
Só eu acho que percebi o duplo sentindo que Ester usou. 
Maria era uma espanhola muito bonita que trabalhava na família dela há alguns anos, e desde
que Antony a viu pela primeira vez, nunca mais deixou de visitá-la.
 
-Claro vou ir ajuda-la. 
Ele se encaminhou pela lateral da casa.
 
-Você não mudou nada, sempre direta. Censurei ela.
 
-Espero que tenha mudado só no aspecto, estou fazendo uns tratamentos estéticos para o
bumbum.
Disse ela rindo.
 
-É realmente não mudou nada! E seus pais onde estão?
 
-Ah, papai saiu cedo para o trabalho sempre com assuntos importantíssimos para resolver,
você sabe! E mamãe está lá em cima se arrumando para ir às compras... ela disse que em breve
teremos uma grande festa!
 
-Legal quero ser convidada, estou precisando mesmo de umas "festas"! E as novidades?
Quero saber de tudo.
 
-Não seja por isso, já tenho algumas para irmos! Novidades... tenho algumas, conheci um
homem lindo Anne, acho que estou apaixonada ele é tão sedutor e quente, sério você tem de
conhecê-lo.
 
-Sim, você se apaixona com a mesma facilidade com que tem ao trocar de roupa né. Mas
você sabe que não podemos nos envolver com ninguém que não seja da máfia, Ester...
 
-É sério dessa vez não estou blefando! E só para constar ele é sim da máfia, mas não da
nossa, e sim da máfia italiana! 
Ela me olha e faz beicinho.
 
-Ok, vou acreditar dessa vez..., mas como você conheceu alguém da máfia italiana?
 
-Ah foi meio rápido Anne, faz uns dois dias... eu e meus pais tínhamos ido ao clube pela
manhã, quando paramos para pedir um drink ele veio cumprimentar meu pai. Parece que ele é
consigliere da família Cosa Nostra... Anne, ele é tão quente, quando foi me cumprimentar deu
um beijo em minha mão e disse bela ragatza! Sabe que sempre sou eu que importuno os caras,
mas com ele não consegui nem dizer oi, fiquei hipnotizada. E já não vejo a hora de poder vê-lo
novamente.
 
-Foi uma paixão BEM rápida, digamos. 
Segurei o riso. 
-Sabe, depois do internato me sinto até como uma freira... lá só tinha meninas, acho que não sei
nem flertar mais... 
Ela me olhou, e nós duas caímos na gargalhada.
 
-Anne, querida, agora você forçou a barra... tudo bem que você sempre foi a "boa
samaritana", mas lembra do Klaus? Ele está mais velho, e muito mais gato agora!
 
-Ah, mas com ele foi só uns beijinhos... e eu tinha 15 anos, Ester! Eu quero um homem de
verdade.
Olhei para ela com a mão na cintura.
 
-Mas também esse não é o assunto que eu quero falar agora... estou achando meu pai muito
estranho, ele anda abatido e na maior parte do tempo ele não está em casa, pelo que soube desde
a minha chegada.
 
Ester foi andando pelo corredor se esquivando e eu fui seguindo ela...
 
-Ester você me ouviu?!
 
Ela parou e se virou para mim com um olhar estranho.
-Fala, eu te conheço, agora você está me assustando.
Estava ficando apavorada, Ester nunca foi de me esconder as coisas
 
-Não é nada Anne, sério... é só que meu pai tem saído com muita frequência para reuniões de
urgência com o seu pai, eu pergunto para ele, mas ele sempre diz que estão fechando um grande
negócio, e só. Prometo que vou tentar descobrir!
Pelo olhar dela não tive uma sensação boa.
 
-Está bem, eu vou tentar perguntar algo para Gaia, e ver o que ela me diz.
 
-Sim, Gaia pode saber de algo e nos avisar... agora vamos, temos que ir as compras também,
hoje já temos uma festa para ir!
 
-Mas já?! Achei que iriamos marcar durante a semana, não assim tão depressa!
 
-Ah Anne vamos lá, é uma boate nova que abriu e o capitão Franz está no comando dela,
meu pai não deixaria eu ir se não fosse segura, e quem sabe Klaus pode estar lá... como ele é
subchefe da família agora ele está tendo que manter tudo em ordem.
 
-Ó querida por favor, eu te digo que quero viver um grande amor e você me oferece o Klaus,
antigamente você dizia que figurinha repetida não completava o álbum Ester!
Ela parou e me olhou com cara de poucos amigos.
 
-Estava só tentando ajudar e convencer você a ir, mas agora nós iremos de qualquer maneira
ou não me chamo Ester Becker!
Quando ela colocava algo na cabeça não tinha cristo que tirava.
 
-Dio Mio! Vamos às compras então, preciso de um vestido novo, afinal não é sempre que
reencontramos velhos amigos e quero estar na minha melhor forma!
 
Peguei minha bolsa e fomos chamar Antony para nos levar ao Shopping.
 
Comprei um vestido lindo todo preto com um decote que mostrava toda a minha costa, e
altura nas coxas, mas a frente era mais comportada e a Ester optou por uma saia de paetê e um
cropped azul Royal, lindo.
 
-Então combinado Anne te espero as dez hoje e não se atrasa... espero que tenha perdido essa
mania!
 
-Ok, combinado, as dez estarei aqui!
 
Antony estacionou na frente da casa dela e foi no porta malas pegar suas compras, enquanto
isso notei que o carro de John estava estacionado na frente.
 
-Ester seu pai está em casa, e recém são 16:00 da tarde?! 
Ela olhou para trás para conferir.
 
-Hm... A reunião deles deve ter terminado e espero que tenha ocorrido tudo bem! Porque a
tensão entre meus pais está grande por conta disso!
 
-Mas o que a sua mãe tem a ver com o assunto?
 
-Eu já disse que não sei Anne, estou tentando descobrir se você souber de algo antes de mim
me envia uma mensagem. Até mais tarde amore!
Com isso ela me enviou beijos no ar e saiu.
 
A caminho de casa fui pensando no assunto que Ester me falou sobre nossos pais e essas
reuniões, ah, mas eu vou descobrir o que está acontecendo entre eles, Gaia deve saber sobre algo
e tenho também que achar Hans ele é os ouvidos daquela casa sempre sabe de tudo.
 
Capítulo 3
Anne
Antes que Antony entrasse na garagem percebi que o carro do meu pai também já estava em
casa. Que situação, que agonia estranha que estou tendo, parece um aviso... foco Anne acho que
estou dando muita importância onde pode não ter nada de errado.
 
-Isso foco na festa para não chegar atrasada!
Pensei em voz alta e fui seguindo no corredor até meu quarto.
 
-Aí pai que susto, desde quando o senhor estava aí parado?! 
Senti meu coração disparar com o susto que levei.
 
-Anne eu ouvi você falando que vai em uma festa, é isso?
 
-É, mais ou menos isso, uma festa sim, mas é uma festa do pijama a Ester quercomemorar a
minha chegada! Na verdade vim só buscar o meu pijama é isso, apenas o meu querido e
confortável pijama.
Abri um sorriso disfarçado. É sério isso? Eu só posso estar de brincadeira, porque eu estou
mentindo sobre sair com a minha amiga?
A cara que ele fez também foi de poucos amigos.
 
-Hm, é justamente isso que eu gostaria de lhe falar... se pudesse ficar em casa hoje eu
apreciaria muito, minha querida. Amanhã preciso lhe falar algo importante. 
Bom, realmente não é o meu dia. Esse meu sexto sentido às vezes mais me prejudica do que me
ajuda, mas só de ficar pensando em Ester dizendo que eu dei para trás, ah não.
 
-Mas é só uma festa do pijama papá! Não vou sair de casa, prometo. Só quero ficar perto da
Ester, ela está com saudades minhas também, vai ter filmes, chocolates e pipocas.
Dei um sorriso carinhoso.
 
-A menina, não me desaponte, confio em você! Agora vá, não queremos deixar Ester
esperando.
Ele me deu um sorriso e foi se retirando.
-Papá o que seria de tão importante para me falar? Se você quiser podemos conversar um pouco
agora.
 
-Não, amanhã nos falamos com calma, querida.
 
Dei um aceno com a cabeça para ele e entrei no meu quarto. Eu só gostaria de saber o porquê
disso tudo, eu sei que há algo que ele quer me falar, mas para que tanto mistério? 
Fui no banheiro e peguei minha escova de dente e outros pertences pessoais, bom pelo menos
não vou me atrasar para festa, já que vou ter que me arrumar na casa da Ester, uma última
conferida na minha mala improvisada e tudo certo.
 
Chamei um dos seguranças da casa para me levar, depois eu dava uma desculpa que não
consegui localizar Antony, não posso me atrasar, e com ele na minha cola não ia ter festa hoje...
ainda mais que meu pai deve ter especificado direitinho para eu não sair da casa de Ester.
 
Só não consigo ver mal nenhum nisso tudo, é só uma festa! Essa mania de proteção me deixa
sufocada ás vezes, está na hora de começar a viver fora das asas de todos.
É sério, estou começando a ficar orgulhosa de mim.
 
Chegando na casa da Ester, bati na porta e ela ficou surpresa em me ver.
 
-Falei pra você não chegar atrasada mas não era pra tanto.
Ela falou sorrindo.
 
-Mudanças de planos, meu pai não quer que eu saia e tive que inventar uma desculpa que iria
dormir aqui hoje porque você quis fazer uma festa do pijama.
 
-Ó Anne ele caiu nessa mesmo? Por favor, ele acha que ainda temos doze anos. Em todo o
caso, fica tranquila vou avisar para meus pais não falarem nada sobre isso.
 
-Obrigada Ester, quero muito sair, preciso disso, esfriar a cabeça... se não, vou surtar.
 
Passamos pela cozinha e a Sra. Michaela estava lá, sentada em uma bancada lendo uma
revista.
 
-Sra. Michaela, como você está linda, o tempo só lhe fez melhor. 
Ela veio logo me abraçar.
 
-Ó querida você já está uma mulher, muito graciosa por sinal, como é bom te rever.
 
-Eu te disse mãe, a Anne está linda não? Se tornou uma bela mulher, pena que ainda a tratam
como se fosse uma criança.
 
Fiz cara de braba para ela.
 
-Também não exagera, ele só quer me proteger. Mas, não sei o que há de errado com o meu
papá, ele disse que quer ter uma conversa muito importante comigo amanhã, tentei ver se ele me
adiantava algo, mas não quis falar.
 
A Sra. Michaela me deu um olhar triste, e suspirou.
 
-Anne eu só quero que você nunca esqueça que eu e Ester vamos estar sempre do seu lado,
para o que der e vier, seu pai só quer fazer o que é melhor para você, para todos nós. 
Olhei para ela sem entender nada.
 
-Então vocês já sabem do que se trata essa tal conversa?
 
-Eu sim, mas não conversei com a Ester ainda, só depois que o seu pai lhe falar, para evitar
algum conflito. Sabe como funciona as coisas por aqui, não é mesmo?
 
Agora quem estava com cara de poucos amigos era, a minha querida amiga.
 
-Como assim mãe? Pode falar agora para nós tudo o que está havendo, se o assunto é tão
sério assim e diz respeito a Anne não tem o porquê você não falar algo para ela.
 
-Eu amo vocês meninas, mas não está em minhas mãos o poder para poder falar, só quero
que você saiba Anne, que estaremos sempre aqui por você.
 
Eu concordei com ela, era bom saber que tenho elas sempre comigo, apesar de não saber o
que eu terei que enfrentar. Me conforta saber que sou amada por pessoas que sempre foram boas
comigo.
 
Ester já estava torcendo a boca em frustração, ela era muito curiosa.
 
-Te entendo mãe, então você terá que nos fazer um favor em troca, hoje eu tenho aquela festa
para ir que comentei com você, lembra?! Então, o Sr. Miller pediu para a Anne não sair hoje, por
isso teremos que ir escondidas, te pedimos não falar nada a ninguém. Combinado?
 
-Tudo bem acho justo, mas nem seu pai pode saber, hoje John tem uma janta com o Sr.
Miller e eu irei junto então não haverá problemas para saírem, peça para um dos soldados levar
vocês e diga que eu autorizei. 
Ela sorriu e nos deu um abraço.
 
-Obrigada, tomaremos todo o cuidado. Disse Ester sorrindo animada.
 
-Só se comportem meninas, confio em vocês.
 
-Claro mãe desde quando eu não sei me comportar.
Ester sorriu diabolicamente.
 
-Ás vezes eu me pergunto se fui eu mesmo que criei você mocinha.
 
Nós três nos olhamos e caímos na gargalhada.
 
Capítulo 4
Anne
-Seus pais já saíram, agora só falta a gente se arrumar.
 
Estávamos rindo muito, pois nós com cabelos e maquiagens feitas, ainda dentro de pijamas
de bolinhas não era nada deslumbrante.
 
-Ah para, olha como estou, vou arrasar melhor do que o conjunto que iria usar. 
Ester disse rindo enquanto entrava no banheiro.
 
-Sim um arraso! Comecei a tirar o pijama e colocar meu vestido.
 
Estava me olhando no espelho quando ela apareceu pronta.
 
-Uau amiga está uma gata! Vê se deixa um para mim lá. 
Ela me disse num tom sarcástico.
 
-Ei você não estava apaixonada?
Olhei pra ela incrédula.
 
-Isso já passou, ás vezes sou impulsiva, bem, você me conhece. 
Saiu ela rindo, eu que sei, tinha quase certeza que ela estava blefando, naquele dia que me
contou, ela enjoa até da roupa que usa quem dirá dos caras com quem sai.
 
-Ei você não achou o meu vestido muito curto? Aquele dia na loja estava melhor.
 
-Não, está ótimo. Agora vamos antes que seu pai mande Antony aqui só para ter certeza que
estamos em casa.
 
-Isso vamos de uma vez, não quero arriscar.
 
Paramos em frente à boate, a fila estava enorme, porém passamos direto pelo segurança,
apenas nos identificando e ele prontamente nos deixou passar.
O som estava alto nos guiamos pela luz que vinha lá de dentro, a boate estava lotada fui seguindo
Ester segurando em sua mão enquanto tentávamos atravessar a pista de dança para chegar ao bar.
 
-Esse é o objetivo amiga bebermos essa noite até não aguentarmos. 
Ela estava muito feliz dava pra ver que aquela era a praia dela.
 
-Ah sim, e aquele papo de nos comportarmos?
Ela me olhou com ar de deboche.
- Ei não me olha com essa cara, é brincadeirinha. Vamos curtir, hoje é a noite das garotas, nada
de preocupação!
Falei sorrindo.
 
Quando virei para trás, percebi vindo em nossa direção um homem loiro, meio forte... ele
estava sorrindo para Ester.
 
-Eai gata, achei que não iria mais vir. Ele abraçou ela e deu um beijo no seu rosto.
 
-Eu não perderia isso por nada Aidan, quero esfregar na cara da sociedade o quanto estou
gata. 
Bom o que dizer, essa era minha amiga.
 
-Sim você está muito linda Ester. E a sua amiga não vai apresentar?
Ele me olhou dando um sorriso de canto.
 
-Ó vai dizer que você não reconheceu a Anne?
Como assim não me reconheceu? Eu conheço ele então, pensei para mim.
 
-Olá prazer. Eu o cumprimentei.
 
-Anne, a mesma Anne filha do Capo Lansky? Ele me olhou.
 
-Sim ela mesmo querido, só peço um favor Aidan ninguém pode saber que você nos viu aqui,
capiche? Só queremos dançar um pouco e em seguida já estamos indo embora. 
Ela disse.
 
-Da mesma forma digo eu, se algum soldado me ver falando com vocês e avisar ao Capitão
Franz ou ao Subchefe Klaus que eu não disse nada a eles, eles me cortam a língua para nuncamais falar mesmo. 
Aidan fez uma cara de apavorado.
 
-Então ninguém viu ninguém para todos os efeitos soldado, será o nosso segredinho. 
Eu falei pra eles.
 
Saímos em direção ao bar novamente, dei uma última olhada para trás, mas Aidan já havia
sumido. Ester chamou o Barman.
 
-Queremos duas tequilas para cada só para calibrar. 
Disse ela com um sorriso largo no rosto.
 
-Uma. Uma pra mim já está ótimo.
Eu disse ao Barman sem graça.
 
-Ah para, a noite é uma criança Anne! Vê duas tequilas e depois queremos algo que contenha
vodca querido. 
Ester me deu uma piscadinha.
 
Acho que estes anos fora me tornaram um pouco careta, bom agora não é hora para isso. É
hora de viver o momento e relaxar.
 
Coloquei um pouco de sal na mão e virei meu segundo copo seguido com a tequila, aquele
líquido queimou minha garganta, mas o limão que estava na outra mão fez amenizar. Eu já
estava animada reencontrei umas amigas, a música estava boa... eu estava distraída conversando
quando notei Klaus, não sei se foi o álcool, mas nossa como ele estava lindo. A coragem veio e
logo fui dar um "oi" para ele. Nessa altura Ester já devia estar com algum carinha por aí, então
não quis ir atrás dela.
 
-Klaus!
Chamei ele alto por causa do som, ou seria por conta da bebida, merda não era nem para eu ter
chamado ele.
 
-Anne, como você veio parar aqui? Disse surpreso.
 
-Vim com a Ester, cheguei ontem de viagem, ela queria comemorar.
 
-E seu pai sabe que você está aqui? mesmo com tudo que está acontecendo.
Ele me olhou com semblante sério.
 
Klaus sempre foi legal, mas agora ele parecia mudado. Quando éramos mais jovens ele era
tão gentil, agora ele estava com uma expressão mais sombria.
 
-Digamos que eu falei em partes sobre a festa pra ele. 
Falei sorrindo.
 
-Anne isso aqui não é brincadeira, estamos em guerra! Além dos Russos agora eu tenho que
me preocupar com aqueles malditos italianos, e você sendo filha do Capo era para estar com pelo
menos cinco soldados junto com você! Ele fez cara de poucos amigos e começou a me puxar.
 
-Espera Klaus, eu estou com a Ester, foi o nosso soldado que nos trouxe, deixa eu chamar ela
e nós vamos embora agora mesmo. 
Já estava um pouco tonta devido a bebida, mas estava me concentrando para achar a minha
amiga.
 
Achei ela. Ester estava no bar conversando com o soldado Aidan quando me avistou também,
mas depois que ela viu Klaus junto comigo o sorriso do seu rosto desapareceu.
 
-Ester vamos agora. Puxei ela rápido.
 
-Ei Anne, espera aí, não precisa me puxar desta maneira.
 
-Soldado, acompanhe elas até o carro para que seus seguranças as levem para casa. 
Klaus mandou.
 
Aidan confirmou com a cabeça e foi seguindo na frente. Dei um leve aceno com a cabeça
para Klaus e segui em direção a saída junto com Ester.
 
Seguimos em direção ao nosso carro onde tinha dois soldado nos esperando, quando ouvimos
um tiro de longe. Quando fui correr vi que um dos soldados já estava morto no chão, com um
tiro bem no meio da testa.
 
Fiquei apavorada.
 
-Entrem no carro! 
Aidan gritou. 
Ele estava atirando contra os caras que estavam nos alvejando, e começou uma gritaria no lado
de fora da boate.
 
Ester abriu a porta do carro correndo e eu entrei atrás dela fechando com força. O carro era
blindado para a nossa sorte. O nosso motorista entrou no carro e arrancou a toda velocidade.
 
-Estão nos seguindo Ester, vamos para a minha casa meu papá já deve estar lá e os soldados
vão reconhecer o nosso carro não precisaremos parar, Antony vai nos ajudar, vamos ficar bem. 
Falei atropelando as palavras nervosa.
 
-Meu Deus quem será que nos atacou? 
Ester estava em estado de choque.
 
-Foi a máfia Rússia senhora, eu vi quando eles chegaram mas já era tarde demais para avisar.
Chegaram atirando. 
Ele estava com os olhos fixos na rua enquanto dirigia rápido.
 
Olhei pra trás e vi que o carro continuava atrás em alta velocidade.
 
-Vamos Ester se acalme, nós vamos conseguir, estamos quase chegando em casa. 
Tentei acalma-la mas eu mesma estava com as pernas tremendo, nunca havia sido atacada e
perseguida antes.
 
-Anne eu não quero morrer. 
Disse ela chorando.
 
-Nós não vamos morrer, já estamos chegando! 
Consegui avistar os soldados que estavam fazendo a ronda na entrada da casa. O motorista de
longe já deu dois sinais de luz que era o código quando alguém estava em perigo.
 
Prontamente as cancelas da minha casa foram abertas e já avistei dois homens em cima da
guarita com metralhadoras em mãos, começaram a atirar no carro atrás de nós, olhei pelo
retrovisor e vi eles dando fuga novamente.
 
O carro de John estava estacionado na frente junto com outros três carros que eu não
reconheci.
 
-Acho que eles já sabem o que aconteceu, seus pais estão aqui e tem outros carros também
que eu não conheço Ester. Fui descer do carro e quase cai, não sabia que estava tão tremula,
peguei minha amiga pela mão e a puxei junto comigo para entrar em casa.
 
Antes que eu pudesse abrir a porta meu pai já estava nela com o olhar furioso, e Ester não
parava de chorar nos meus braços. Gaia passou pelo meu pai para nos acudir, me senti mais
segura quando avistei ela.
 
-Você me mentiu e colocou sua vida em risco! 
Meu pai gritou, eu nunca tinha visto ele daquela maneira na minha vida.
 
-Por favor Sr. Miller deixa eu levar as meninas para a cozinha para acalma-las elas quase
foram mortas essa noite. Gaia suplicou para ele.
 
-Tire elas da minha frente vou tentar contornar a situação que se instalou na minha sala, e
logo irei te chamar Anne, e não quero nenhum escândalo, estamos entendidos?
Ele me fuzilou com o olhar.
 
-Sim papa, só vou tomar um pouco d'agua estou muito nervosa. 
Meus olhos estavam ardendo, mas não quis chorar na sua frente, precisava acalmar Ester e tentar
contornar a situação que estava acontecendo.
 
Gaia foi nos guiando pela lateral da casa.
 
-Gaia porque não entramos pela frente?
 
-Não Anne, vamos ligeiro não quero que aquele homem te veja agora.
 
-Que homem Gaia? Do que você está falando?
Arregalei os olhos para ela.
 
-Felipo Cosa Nostra está em uma reunião com os pais de vocês na sala menina, e é muito
grave. 
Agora era Gaia quem estava em pânico.
 
Meu deus, eu não estava entendendo mais nada, me sentei na bancada da cozinha junto com
Ester que por hora havia se acalmado e estava prestando atenção no assunto. Gaia limpou as
lágrimas e trouxe água.
 
-Anne, você não entende... Filippo Cosa Nostra, o capo dos capos de todo o Estados Unidos e
Itália está aqui na sua casa, é porque o negócio é muito sério. Ester falou.
 
-Por isso meu pai estava tão furioso... de certo ele achou que envergonhei ele, mas ele tem
que entender fomos atacadas não tivemos culpa de nada, quando ele nos chamar vamos pedir
desculpas e tentar sair o mais depressa daquela sala! 
Disse com firmeza.
 
Capítulo 5
Anne
Fiz uma prece mentalmente pedindo forças para o que estava por vir. Sabia que a situação era
grave, o soldado Hans estava na cozinha conosco e ele comentou que a nossa Máfia Alemã
estava fazendo negócios com a Máfia Mexicana e atrapalhando alguns negócios na fronteira dos
Estados Unidos. Ele disse que a Cosa Nostra ia vir para nos aniquilar, porém o tratado entre
nossas famílias antes de minha mãe morrer foi mais forte... meu tio Francesco Barletta irmão da
minha mãe é um dos capo de Filippo na Itália, e um dos mais ricos. Eu não via ele desde que
minha mãe morreu, parece que meu pai pediu para ele interceder. Porém havia sempre
consequências e as que estavam por vir me dava calafrios só de pensar.
 
Hans disse que estava os outros dois irmãos de Filippo, um era seu consigliere Henrico Cosa
Nostra e o outro era o Capo Benito Cosa Nostra, que comandava toda Califórnia, e a costa sul
dos Eua que fazia fronteira com o México. 
Então é por isso que vieram pessoalmente falar com meu pai, já que meu pai estava tendo
contato com a Máfia Mexicana.
 
-Vamos Anne não desanime, seu pai vai arrumar a situação, não é atoa que ele é o nosso
Capo... meu pai sempre disse que o SrMiller era o melhor nos negócios da família. 
Ester estava tentando me confortar.
 
Ouvimos barulho de um copo quebrando vindo da sala e saímos correndo em direção da
mesma.
 
-Eu quero a cabeça desse incompetente que não sabe vigiar uma menina de 18 anos Lansky.
A voz autoritária dava medo, todos na sala estavam quietos, parecia que a respiração de cada um
soava pesada demais nesse momento.
 
Quando parei na porta com Ester atrás de mim, ela não percebeu e esbarrou nas minhas
costas, fazendo eu dar um passo a mais pra frente do que eu gostaria... e chamando a atenção de
todos.
 
Seus olhos eram escuros, em um terno elegante e com as mãos no bolso ele me olhou dos pés
a cabeça, voltando os olhos para o meu vestido que parava nas minhas coxas (droga eu sabia que
esse vestido estava curto, mas não precisava ser tão descarado), novamente ele me olhou nos
olhos me encarando. Eu só via raiva na expressão dele parecia que ia me atacar ali na frente de
todos.
 
-Anne esse é Filippo Cosa Nostra e esses são Benito e Henrico Cosa Nostra. 
Meu pai falou chamando a minha atenção. 
Eu fiquei sem jeito, não conseguia falar nada, até Ester me cutucar por trás, e eu voltar a
realidade. Estavam todos me olhando, e vou dizer que pelo semblante de todos parecia que eu
havia cometido um assassinato.
 
-Ah hmm, olá, Prazer Anne Lansky senhores. 
Baixei o olhar para não encarar ele novamente.
 
Filippo me olhou e não disse nada. Já o outro veio até mim, pegou minha mão e beijou me
cumprimentando.
 
-Prazer, Henrico Cosa Nostra. 
Ele veio se apresentar a mim apesar de ter o mesmo jeito frio do irmão, mas ele parecia mais
simpático que ambos, e seus olhos azuis eram quentes... 
Dei um sorriso para ele mas logo já desapareceu quando vi a testa enrugada de Filippo.
 
O outro irmão não dirigiu a mim a palavra, mas acenou com a cabeça. Dava para ver as
tatuagens nas mãos, ele estava segurando uma arma em uma delas na qual eu percebi só agora.
Benito olhou para Filippo e disse:
 
-Bella donna fratello (Linda mulher irmão).
 
-Vá com Ester para o seu quarto mais tarde iremos conversar. 
Meu pai disse com urgência na voz.
 
-Non, ela fica! Deve saber as consequências de seus próprios atos. Filippo disse mandando
em meu pai.
 
-Já conversamos, Antony vai pagar com a vida mas ela não precisa ver, Anne nunca viu
sangue nesta casa, Cosa Nostra, mulheres não ficam a parte dos negócios. 
Meu sangue gelou, comecei a tremer.
 
-Antony? Mas o que ele tem a ver papa? Fui a única responsável por hoje a noite, queria te
pedir desculpas... nunca mais vai acontecer, não foi culpa dele eu juro! Chamei um dos soldados
para me levar porque sabia justamente que Antony nunca compactuaria com a nossa saída, ele
não tem que pagar pelos meus erros! 
Supliquei a ele.
 
-Já chega! Filippo gritou.
 
-A filha fala mais que o Capo. 
Benito gesticulou com a arma sorrindo.
 
-Mais respeito na minha casa! 
Meu pai exigiu.
 
-Senhores eu sei que estamos todos alterados por conta do imprevisto desta noite, mas vamos
acabar logo com isso, capitão Franz chame Antony até a frente da casa. 
John disse calmamente chamando a atenção de todos.
 
Agora que notei Franz e Klaus na lateral da sala, Klaus estava com uma arma na mão
também. Franz fez que sim com a cabeça e se retirou.
 
-Papa por favor não faça isso a Antony, ele cuida de mim desde pequena. 
Disse com lágrimas nos olhos.
 
-Não tenho argumentos Anne. 
Meu pai disse olhando para Filippo.
 
Avistei Klaus que não parava de encarar Benito os dois pareciam que iam trocar tiros a
qualquer momento.
 
Fui até Klaus e pedi chorando:
 
-Por favor Klaus faça alguma coisa não deixe matarem Antony você sabe que ele é um dos
melhores, por favor. 
Klaus me olhou ele via a dor que eu estava sentindo.
 
-Por mim era outro que poderia ser morto esta noite. 
Ele voltou o olhar com raiva para os irmãos Cosa Nostra.
 
-Cuidado com a língua soldado se quiser voltar a falar um dia. 
Filippo se meteu.
Dava pra ver que isso não era uma simples ameaça, olhei para ele assustada com tudo o que
estava acontecendo.
 
Filippo me olhou com uma expressão vazia, eu conseguia sentir a respiração de Klaus atrás
de mim como se fosse um urso querendo proteger um filhote indefeso. Benito começou a rir
sarcasticamente de novo.
 
-Irmão, irmão... na sua frente e você não matou esse filho da puta ainda, se estivesse na Itália
só por ele ter dirigido o olhar a sua ragatza já estaria cego.
 
Papai me puxou novamente para perto dele. Avistei Ester, ela estava quieta perto de John,
não precisava palavras para saber como estávamos nos sentindo.
 
Capitão Franz entrou na sala dizendo que Antony estava já no aguardo, fazendo com que
todos que estavam na sala acompanhassem. 
Filippo foi o primeiro a se encaminhar mas vi que Benito lhe entregou a arma.
 
Gaia e Sra Michaela vieram nos buscar para voltar para a cozinha eu neste momento já estava
em prantos, mas antes que pudéssemos sair, Filippo parou e me olhou.
 
-Eu disse que haveria consequências você vem junto a outra pode seguir. Ele se virou e
continuou andando.
 
Ester me abraçou.
 
-Vá Ester não precisa nós duas ver isso. Agarrei no braço do meu pai para não cair.
 
Antony estava de joelhos e a mão na cabeça, os soldados estavam olhando a cena. Soltei do
meu pai e sai correndo não conseguia deixar Antony pagar por algo que não era culpa dele ainda
mais com a vida.
 
Fiquei em pé na frente dele e abri os braços tentando impedir.
 
Filippo me olhou com a mesma expressão vazia, não consegui ver nenhuma compaixão em
seu rosto. Ele continuou apontando a arma para a cabeça de Antony e eu pedia por favor para ele
não fazer isso. Antes que ele atirasse, Henrico me pegou pela cintura me tirando da frente.
Comecei a me debater tentando lutar com todas a forças para o impedir de fazer tal covardia à
pessoa que me deu tantas lembranças boas quando eu era pequena, meu pai sempre estava
ausente, e era Antony que estava lá por mim.
 
O tiro saiu seco Antony já estava no chão com um tiro bem no meio da testa, certeiro, sem
chances, meu coração estava quebrado... eu parei de me debater e Henrico me soltou, cai de
joelhos no chão.
 
Filippo olhou para o meu pai como se nada tivesse acontecido.
 
-Daqui a uma semana é o casamento, o acordo está feito!
 
Meu coração parou, eu estava adormecida ainda perante ao choque que levei... mas essa foi a
cereja do bolo, as palavras que ele acabou de pronunciar não saiam da minha mente. Gaia veio
correndo de dentro da casa para me levar, eu não sentia meu corpo, minha mente vagava, eu não
queria mais voltar para a realidade, senti braços me puxarem e vi que era Klaus me pegando no
colo e Ester e Gaia guiando ele até meu quarto. Quando senti me deitarem na cama eu fechei os
olhos e pedi, chorei, rezei que tudo fosse apenas um sonho. Ouvi uma voz la do fundo, era Gaia:
 
- Descanse minha menina, tudo vai melhorar eu prometo, apenas descanse.
 
Capítulo 6
Anne
"O acordo está feito."
 
A noite foi um inferno, cansei de limpar as lágrimas que caíam sem parar, até que peguei no
sono. Mas aquelas malditas palavras não me deixava em paz. Estava acordada mas a coragem
para abrir os olhos eu não tinha... só de pensar em descer e não ver Antony andando pelo
corredor, só de pensar na minha estupidez de ter saído ontem, só de pensar que vou carregar essa
culpa em minhas costas pelo resto da vida. Não, eu não consigo suportar a ideia de não ter mais
Antony em nossas vidas. E depois de ter perdido alguém que eu amava, ouvir daquele monstro
que o casamento seria daqui a uma semana... era melhor ele mirar novamente aquela arma,
porque só dentro de um caixão que eu casaria com aquele infeliz.
 
-Vamos Anne, eu sei que você está acordada. Eu trouxe o café hoje na cama para você. 
Gaia disse, mas eu podia notar na voz dela a tristeza que essa casa sentia.
 
-Não quero comer. 
Continuei com os olhos fechados.
 
-Anne, por favor, tome o suco pelo menos menina. Ester está la embaixo com seus pais,
chegaram cedo, é melhor você ir participarda conversa.
 
Com isso dei um pulo da cama.
 
-Ah mas eu vou falar sim pode deixar, e não quero nada, só vou me trocar.
 
Fui no banheiro, e o espelho não precisava nem mostrar, que eu já sabia, minha cara estava
inchada ainda e com olheiras profundas. 
Coloquei uma calça e um casaco de moletom, e desci.
 
Ester estava sentada junto com Jhon, e Michaela que me olhava com tristeza. Ao lado da
mesa estava Klaus, capitão Franz, e outros dois que pelo visto também eram subordinados de
meu pai. E lá estava ele na ponta da mesa, eu olhei para ele e quase gritei.
 
-Eu não vou me casar, nem que esse desgraçado me mate hoje mesmo se for preciso!
 
Todos me olharam, eu não cedi e não iria me sentar. O lugar de Antony estava vazio como se
ele não existisse, como se fosse apenas uma conversa entre conhecidos, como se não tivéssemos
vivenciado aquela desgraça ontem a noite.
 
-Isso quem decide sou eu. 
Meu pai disse autoritário.
 
-Pode haver alguma saída, ela não é obrigada a se casar. 
Ester se interpôs no meio da conversa.
 
-Não precisamos nos aliar com aqueles italianos, eu não confio neles. 
Klaus disse.
 
Jhon se meteu na conversa como consigliere:
 
-E como você pensa em negar o acordo Klaus? Matando Filippo? Sendo o chefe de todos os
capos da mafia italiana e EUA juntos... antes que você se deitasse eles já teriam matado a todos,
e se não fosse Barletta intervir provavelmente já estaríamos com formigas na boca.
 
Nunca o tinha visto falar daquela maneira, ele estava muito nervoso. Michaela não dizia nada
apenas acompanhava a conversa.
 
-E porquê eu? 
A pergunta saiu rápida.
 
Meu pai suspirou então disse:
 
-Anne, tivemos sorte de Filippo aceitar esse acordo, a única coisa com que Cosa Nostra se
importa é a máfia. Ela vem em primeiro lugar antes do que qualquer coisa, não é atoa que ele
manda em todos.
 
-E você agora vai vangloriar o homem que matou seu melhor soldado ontem a noite sem
chance de defesa?! 
O interrompi.
 
-Não o estou vangloriando, mas por causa da sua mentira ele poderia ter nos matado ontem
mesmo e nem ter aceitado mais este acordo, isso não envolve você, mas sim a todos... é a vida de
todos nós que corre perigo, se não fosse o pacto que tive com sua mãe e seu tio... Deus sabe
como o convenci a nos dar uma segunda chance, você não teria nem tido tempo de fazer esta
cena. Você pode negar se casar, mas vai carregar a vida de todos, pois provavelmente ele irá
matar um por um na sua frente.
 
Depois do que meu pai disse eu cai no sofá, estava cercada por todos os lados, não havia
maneira de me livrar deste monstro sem que as vidas de outras pessoas pagassem junto.
 
-E como ele vai se beneficiar com esse casamento? 
Capitão Franz perguntou.
 
-A máfia Alemã voltará a obedecer a Cosa Nostra e o comando será total de Filippo,
continuarei sendo o capo mas ele quem dará a última ordem como faz com todos. E eles querem
montar um arsenal aqui para combater os Russos, ficando de olho neles, Filippo terá controle do
roubo das cargas que está tendo. E Benitto sendo capo da fronteira terá controle na Máfia
Mexicana também, como vê é algo que beneficiará a todos.
 
-Ou somente eles!
Eu disse.
 
-Anne, estou fazendo o que é melhor para todos. Eu amo você, mas negar à sua mão a ele é
destruir a todos.
 
-Papa você estará me lançando a morte para aquele homem. 
Tentei argumentar.
 
-Já falei com seu tio Barletta, ele estará de olho em você sempre que precisar. Sua mãe era
muito querida por todos Anne, ela pertencia a uma das famílias mais ricas da Itália. Filippo não é
estúpido o bastante para não casar com alguém de nome... você se casará na Sicília, iremos um
dia antes do casamento para assinar os contratos.
 
Concordei com a cabeça, mas por dentro a vontade era de gritar, sai dali não aguentava mais,
me sentia sufocada. Ester veio atrás de mim.
 
Fui pra sacada no meu quarto e sentei na cadeira olhando o sol, sentindo o vento levantar
meus cabelos, assistindo meus últimos momentos livre. A vontade era de voltar para o internato
e não sair nunca mais de lá. A sensação era de estar sendo condenada por algo.
 
-Anne sinto muito, se eu pudesse fazer algo...
Ela disse olhando pro nada.
 
-Não Ester, não tem o que fazer. Você ouviu ele falar, se não me casar todos nós
morreremos, é assim que é na máfia não? Amor à Máfia em primeiro lugar sempre... eles e essas
regras estúpidas que acabam com a vida de todos ao redor, quem não obedece não tem vez, olha
Antony pagou por um erro estúpido, um erro MEU.
 
-Para Anne, a culpa foi toda minha, se eu não tivesse insistido naquele festa, a vida de
Antony poderia ter sido poupada.
 
-Mas o casamento não, você ouviu bem Ester, eles já estavam fazendo o acordo, era só
questão de tempo do meu pai me falar, o que aconteceu ontem só acelerou o processo.
 
-Desculpa. Me desculpa mesmo.
Ela disse com os olhos marejados.
 
-Ester não precisa disso, eu amo você e se vou me submeter a isso é por vocês, e isso me dá
forças pelo que está por vir. 
Eu a abracei.
 
-Aquele italiano filho da puta se eu soubesse que ele era irmão daquele crápula teria
arrancado a mão dele quando ele pegou na minha. 
Ester disse furiosa.
 
-Quem?
 
-Henrico Cosa Nostra o consigliere e irmão de Filippo que te falei, quando fui ao clube foi
ele quem me cumprimentou, mas eu não tinha ideia que ele era cúmplice dele.
 
-Não se culpe eu te entendo, quando ele me cumprimentou e olhou com aqueles olhos azuis
quentes pensei a mesma coisa.
Falei pra ela.
 
-É, até Filippo te olhar parecendo que iria te espancar ali na frente de todos.
 
-Nem me lembre Ester, me deu calafrio, mas se ele acha que vou facilitar as coisas para ele
está muito enganado, posso ter sangue alemão mas o sangue italiano da minha mãe corre em
minhas veias e você pode ter certeza que se ele quer uma cadela adestrada ele não terá.
 
-Isso aí amiga e se ele fizer algo para você falo com Klaus, ele também é contra isso tudo e
sei que não te abandonaria se precisar.
 
Olhei pra ela pensativa, acho que neste momento toda ajuda era bem-vinda.
 
Capítulo 7
Anne
A semana passou voando. Foi basicamente Ester e a Sra Michaela me levando para comprar
vestidos de verão, faz muito calor esta época do ano na Itália. E o grande e sonhado vestido de
casamento (que pra mim foi como se tivesse selando a minha sentença).
 
Foi usado o avião particular da máfia, já que os Russos estavam em cima de nós, agora com a
novidade da aliança nossos inimigos não estavam dando trégua. Meu pai e os pais de Ester
estavam sentados nas poltronas da frente, e Ester estava ao meu lado. Klaus sendo o subchefe do
meu pai teve que ficar em seu lugar para comandar os soldados, eu não conseguia mais falar a
essa altura estava me sentindo um robô no automático. Antony veio em minha mente de novo...
 
-Anne? Anne, estou falando com você faz um tempão. 
Ester estava irritada.
 
-Hmm, fala. 
Continuei olhando pela janela segurando uma taça de vinho na mão pra ver se esquecia de tudo.
 
-Maria está gravida de dois meses, ela estava desconfiada mas não chegou a falar para
Antony pois não tinha certeza.
 
-O QUE?! 
Dei um berro.
 
-Shhhh, ela só contou para mim. 
Ela pediu silêncio.
 
-Sério isso? Eu nem sei o que dizer, se estou feliz por ele deixar um pedacinho dele aqui ou
me sinto mal por uma criança nascer sem ter a chance de conhecer o pai. 
Falei encarando meu copo.
 
-Fique feliz então. Maria disse que é a jóia dele que deixou para ela, ela está se consolando
com isso, e nós iremos dar força para ela. 
Ester disse solidária.
 
-Claro, Maria merece o melhor vamos ajudá-la no que precisar com esse bebê sempre, essa é
a minha divida que preciso pagar de alguma maneira por um erro irreparável.
 
Os carros pretos já estavam em fileira nos esperando. Henrico Cosa Nostra estava junto de
uns soldados para nos escoltar até a casa dos Cosa Nostra, onde seria a cerimônia.
 
Meu pai o cumprimentou e seguiu para um dos carros. Logo ele se dirigiu a mim e a Ester
(que o fuzilou com os olhos).
 
-Se non le donne piùbelle di tutta Italia (Se não são as mulheres mais lindas de toda a Itália)
 
-Olá Henrico. 
Disse seca com cara de poucos amigos.
 
Ester olhou para ele com raiva e não disse nada.
 
-Ó vamos lá não me culpe pelo meu irmão, agora você será da famiglia e os bons costumes
dizem que precisamos nos unir.
 
-Se você quer dizer que para me unir com vocês preciso sacrificar uma vida da minha, opto
por ficar com a minha.
 
-Ele acha que puxando o saco vai reverter algo. 
Ester disse.
 
-Não me entendam mal mas aquele dia não tinha nada que podia fazer... Filippo quando
coloca algo na cabeça nem eu sendo seu consigliere consigo para-lo, com o tempo você vai
perceber, e entender, Anne.
 
Ele me olhou com dó, mas o olhei com indiferença. Ester já estava bufando e passou na
frente dele abrindo a porta do carro.
 
-Ela é sempre assim?
Ele perguntou.
 
-Na verdade só com quem ela não gosta ou já gostou. 
Larguei no ar e entrei atrás de Ester.
 
-Quero arrancar aqueles olhos dele e largar em um pote de vidro.
 
-Se acalme, nem chegamos na casa ainda e você já quer comprar briga, não estamos no nosso
território por enquanto temos que aparentar. 
Disse a ela.
 
-Sim mas eu não consigo ter sangue de barata.
 
-E você acha que eu tenho?! Por mim eu estava com uma arma na mão atirando na cabeça do
meu querido futuro marido. 
Disse sarcástica.
 
Ficamos quietas assim que Henrico entrou no carro.
 
Depois de uma hora, passamos por portões enormes de ferro, havia soldados por onde quer
que olhássemos. De longe você já avistava uma casa enorme que parecia mais um castelo. No
meio tinha um chafariz onde os carros contornavam para estacionar, na lateral tinha um imenso
jardim onde estava sendo instalado tendas brancas, provavelmente para o casamento de amanhã.
 
Fomos recebidos pela mãe dos Cosa Nostra a Sra. Sandra Cosa Nostra. O Sr. Antonio Cosa
Nostra já havia morrido há três anos, fazendo com que Filippo assumisse tudo.
 
-Olá Senhores, Michaela. 
Ela acenou com a cabeça.
 
Ela era muito elegante com cabelos curtos pretos e olhos azuis, ai está, parecia a versão
feminina de Henrico e eu quase ri na hora, Ester chegou a piscar duas vezes.
 
-E você deve ser Anne, tão linda quanto nas fotos, parece que estou vendo Giovanna, Miller!
 
-Sim ela herdou os traços da mãe tão bela quanto, Sandra.
 
-Minha mãe, você a conheceu?! 
Não pude conter a curiosidade.
 
-Sim a conheci, encantadora. Eu a adorava, ela era um doce em pessoa. 
Disse sorrindo.
 
Pelo menos a mãe não aparentava ter o gênio dos filhos.
 
-Sim ela era.
Concordei sorrindo.
 
-Bom, Rita é a nossa governanta aqui, e qualquer coisa que precisarem ela levará até vocês.
Agora vocês provavelmente querem descansar por causa da viagem, e do que esta por vir... ela
vai lhes mostrar os quartos.
 
Concordamos e Rita nos guiou até as escadas, passamos pelos corredores e logo deparei com
um quadro enorme. Era um homem que aparentava ter uns 60 anos, de terno, os olhos sombrios...
sem sombra de dúvida que era o pai daquele desgraçado, o pé não cai tão longe do fruto.
Revirei os olhos e continuei seguindo.
 
-Meninas vocês vão ficar neste quarto! Sra. Michaela disse antes que Rita pudesse abrir a
boca.
-Provavelmente vocês vão querer se arrumar juntas para mais tarde.
 
Concordamos, era um quarto grande como tudo nesta casa mas nem dei bola, sentei na cama
tirando as sandálias que estavam me matando, estava toda suada por causa do calor.
 
-Ester eu vou ir tomar um banho, e depois vou dormir.
 
-Eu também Anne estou podre de cansada.
 
Quando acordei já era tarde. O jantar ia começar às 20:00 e o relógio do meu celular já
marcava 19:15, parece que tudo o que esses italianos fazem se resumi em comilança e bebidas,
"aparências" como meu papa disse.
 
-Vamos Ester, acorde se não vamos chegar atrasadas estando no próprio local da janta! 
Falei empurrando ela da cama.
 
-Grossa! Depois você fala de mim! 
Ela disse brava.
 
-Você ficará com saudades dessa grosseria aqui viu! 
Disse dando uma piscadinha.
 
-Se era para entrar no embalo ia dar o maior show da minha vida, eu conheço essas festas
particulares de magnata... é um mostruário de vaca babando pelo maior lance.
 
-Pelo que eu vi alguém acordou animada. 
Ela riu.
 
-Na verdade não, mas se eu parar pra pensar em tudo que está acontecendo eu vou
enlouquecer Ester, e se é showzinho de aparência que eles querem assim será feito.
 
Escolhi um vestido vermelho com uma fenda na lateral da perna que ia até a coxa, nas costas
era todo aberto fazendo um v no final, o cabelo deixei todo pro lado com brincos de brilhantes
que eram da minha mãe.
 
-Anne, ele vai te matar.
 
-Se ele fizer isso, não terá acordo, e como é o lema deles "L'amore la Mafia!"
Dei uma risada alta.
 
-É, realmente, que comece o show então ragatza! 
Ester fez aquela cara diabólica e rimos juntas.
 
Capítulo 8
Anne
A casa já estava movimentada. Mafiosos e mulheres troféus da máfia, alguns rostos
reconheci apesar dos anos.
 
Meu pai, Jhon, e os Cosa Nostra estavam reunidos com um escrivão, terminando o contrato
no escritório de Filippo, e redigindo o contrato de casamento antes da cerimônia. Hoje eu já
estaria com o sobrenome perante a lei civil, as aparências eram deixadas para amanhã, o que
importava realmente para a máfia era o bem e sucedido contrato que dava controle a Cosa Nostra
no território alemão.
 
-Malditos! 
Pensei comigo mesma.
 
Peguei outra taça do champanhe caro que o garçom carregava em uma bandeja, precisava de
algo mais forte para o que estava por vir.
 
-Anne querida. 
Sra Michaela chamou minha atenção vindo em minha direção com outras duas mulheres.
 
Olhei, mas não conseguia sorrir apesar de tentar forçar ao máximo.
 
-Sim?!
Respondi a ela, fazendo o melhor que podia.
 
-Essas são Antônia Cosa Nostra irmã mais nova de seu esposo, e esta é sua prima Linda
Barletta, filha de seu tio. Agora que você vai morar aqui na Itália, espero que se deem bem. 
Ela deu um sorriso caloroso me deixando sozinha com elas.
 
-Olá, Anne Lanski. 
Me apresentei a Antônia, ela era muito bonita, cabelos pretos compridos, magra e alta.
Me dirigi o olhar a Linda, era loira igual a mim eramos parecidas, provavelmente seguimos os
mesmos traços da família Barletta.
 
-Linda, prazer em rever você. 
Dei um sorriso a ela.
 
-Anne, como você está diferente, está tão bonita, nunca pensei em te rever numa situação
como esta... sinto muito.
 
Me dando um abraço, ela me deu um olhar solidário. Linda era sempre sincera, o mal da
nossa família era que as mulheres não sabiam onde parar com a língua.
 
Dei outro gole, pra ver se o álcool me ajudava a não abrir a boca.
 
Antônia me olhava de cima abaixo como se estivesse me avaliando.
 
-Linda não exagere, casar com Filippo é uma honra para qualquer mulher, e aposto que tem
muitas aqui que arrancariam o próprio dedo por um dos meus irmãos. 
Ela falou com desdém.
 
-Ah claro se for por Henrico concordo, mas o sádico do Benito, e a fama de Felippo tem que
ter muita coragem, e Anne não pediu por isso tudo, você sabe que há muitas vidas envolvidas já
te falei o que eu ouvi meu pai falar. 
Fiquei curiosa agora com o rumo da conversa.
 
-Hmm, soube que meu tio teve um papel muito importante nesta história toda, só não sei se o
agradeço ou o condeno por tudo isso...
 
Linda me olhou assustada.
 
-Anne ele fez isso pela nossa tia Giovanna, você é da família e ele ama você, a situação que a
mafia alemã estava não era nada boa, meu pai arriscou a vida e a reputação dele por todos vocês.
 
A encarei e cedi, minha prima não tinha culpa pelo erro de meu pai.
 
-Obrigada por vocês terem acreditado em nós. 
Fiz menção com o copo em agradecimento e virei o último gole que continha na taça.
 
Me despedi, dizendo que teria que ir ao toalete, a velha e boa desculpa pra poder despistar
alguém. Estava indo em direção quando sou parada por Benito.
 
-Vamos, estão esperando por você no escritório. 
Ele disse me encarando, não sei se olhava para o rosto dele ou para o pescoço quecontinha mais
uma tatuagem com a cabeça de um dragão saindo.
 
-Eu? achei que só era permitido a entrada de homens lá. 
Falei firme, ou o melhor que tentava, droga de champanhe achei que fosse fraco.
 
-Não preciso repetir, você não parecia uma loira burra depois da cena que fez com seu
amiguinho morto. 
Ele sorriu. 
Desgraçado, apertei a mão forte pra não deferir um tapa na cara dele. Virei as costas e segui em
frente, mas antes, em memória de Antony fui obrigada a falar:
 
-Covarde! Um homem de joelhos com as mãos na cabeça, sem nenhuma chance de defesa... é
fácil rir da situação. 
Ele deu mais uma risada.
 
-A boca continua a mesma, não sabe a hora de ficar quieta, Filippo vai adorar te domar. 
Ele passou por mim e eu o segui. Queria dar um chute no meio de suas bolas pra ver se ele iria
continuar sorrindo.
 
Benito abriu a porta, havia uma mesa de escritório bem a frente, Filippo estava sentado em
uma cadeira grande atrás dela, com um copo de uísque na mão e a outra segurava um charuto.
Em frente a ele estava meu pai e ao lado o escrivão. Na lateral esquerda Jhon e outro velho
estavam sentados em poltronas e na outra lateral estava Henrico, todos com seus copos. O cheiro
de charuto naquela sala me deu náuseas. Fiquei parada na porta a vontade era de me virar e sair
dali. Meu pai levantou da cadeira e estendeu a mão para que eu pudesse ir até ele. Filippo não
tirava os olhos de mim, me analisando.
 
-Venha Anne, você só precisa assinar estes contratos para o acordo ser selado. 
Meu pai disse.
 
Sentei na cadeira, não conseguia olhar para ninguém mais, estava perdida em pensamentos,
estava parecendo uma garotinha no meio de tubarões. Pensa, Anne seja firme! Levantei o olhar e
peguei a caneta que estava sobreposta em cima dos papéis, na frente de Filippo havia uma glock
bem ao lado da garrafa de uísque cara que ele estava tomando. Filho da puta, certo que queria me
intimidar caso eu negasse e o envergonhasse na frente de todos.
 
O clima já estava pesado.
 
-Assine aqui. 
Meu pai apontou com o dedo. 
Ele estava nervoso também, dava para ouvir sua voz ansiosa.
 
-Posso ler antes, pelo menos?!
O encarei.
 
-Claro minha filha, mas não acho necessário. 
Antes que ele tornasse a dizer algo comecei a ler... ali dizia que eu deveria ser intocada por
qualquer homem, firmando a certeza com os lençóis na noite de núpcias e conferida pelos
homens da família na manhã seguinte. Desgraçados eles acham que eu sou essas putas que eles
traem suas mulheres, fora a vergonha de exporem minha intimidade, que nojo, depois de
continuar lendo, à vontade de vomitar em cima daquilo só aumentava. 
Filippo teria total legado sobre mim, sobre a herança que minha mãe havia me deixado e que eu
pude apenas tomar conta agora com 18 anos, e para completar eu devia dar um filho a ele, e ele
quem decidiria o nome e a melhor forma de criação. Isso já estava indo longe de mais.
 
-Deve haver algum problema com esse contrato!
Todos estavam perplexos, parecia que tinha deferido um palavrão a alguém.
 
-E o que seria? 
Filippo me encarou sério.
 
-Além de me roubarem toda a herança que minha mãe me deixou, sou muito nova pare ter
um filho, e ainda por cima não posso nem poder fazer parte da decisão de seu nome. 
Falei o olhando duramente.
 
-Não tem nada de errado estes são os termos, você não precisa de controle neste casamento,
eu controlo, eu mando em tudo! A herança da sua mãe não significa nada comparado ao que eu
tenho menina, e se vou me casar é para ter herdeiros e seguir meus passos.
Ele disse me encarando e tomando o resto do uísque que estava no copo.
 
-Anne, assine aqui. 
Meu pai pediu mais uma vez.
Cerrei os olhos e assinei. A caneta quase atravessando o papel, colocava toda a minha força
naquilo pra não atirar algo longe naquela sala.
 
-Posso me retirar agora?!
Fiquei em pé e olhei com raiva para Filippo.
 
-Non, você fica, os outros podem se retirar. 
Ele ficou em pé também, os outros davam risadas e se abraçavam comemorando a aliança.
 
-Não demore irmão estão todos ansiosos para dar os parabéns a vocês. 
Henrico disse e fechou a porta. 
Fiquei encarando a porta fechada enquanto eu ouvia os passos de Filippo chegando cada vez
mais perto de mim.
 
Senti a mão dele na minha costa nua, fiquei parada imóvel... ele foi trilhando o caminho até o
V aberto embaixo.
 
-Pelo que eu percebi você gosta de vestidos curtos...
Ele falou no meu ouvido me dando calafrio.
 
Me afastei dele, dando de encontro com a mesa atrás de mim, coloquei as mãos na mesa para
me equilibrar. Ele veio até mim como se fosse um leão e eu a lebre indefesa, tentei me firmar,
mas ele já estava perto de mais e novamente ele colocou sua mão em mim... agora na fenda do
vestido. Ele puxou toda a lateral, expondo toda a minha coxa, ele começou a acariciar e fazer
círculos com os dedos, em um impulso bati na mão dele assustada.
 
Ele riu me deixando mais nervosa.
Ele novamente pegou minha coxa, mas agora tão firme que chegava a doer e levantou na lateral
de sua perna, com a outra mão ele pegou meu rosto forte, fazendo com que minha boca fizesse
um biquinho, ele fitou minha boca por uns instantes, eu tentei me desvincilhar dele mas eu não
tinha chance, ele era muito forte, nem com saltos alto eu conseguia chegar perto de sua altura.
Tentei forçar mais uma vez, minha coxa provavelmente já estava com a marca de sua mão
devido a dor que já estava sentindo.
 
-Você não entendeu ainda, você é minha, tudo que é seu pertence a mim agora, o seu corpo, a
sua mente, o seu destino, eu decido o que fazer com você. Então, Anne, não me desafie porque a
única a sair perdendo nesta história vai ser você, e pelo pouco que viu pode ter certeza que eu
não admito desobediência de ninguém.
 
Com isso ele me soltou, foi em direção a porta, mas antes me olhou.
 
-Vamos, temos pessoas para cumprimentar, hoje é uma noite especial para ambos não? 
Ele me olhou com um semblante mais sereno.
Eu não conseguia entender, a pouco ele estava quase me esmagando, agora parece que não tinha
acontecido nada.
 
Me endireitei, passei a mão pelo vestido, minha perna que estava amostra estava com a
marca vermelha da mão dele. Engoli em seco e o fitei, era isso que ele queria mostrar... a esposa
troféu e obediente que ele tinha sem objeções perante ele. Mostrar para todos que eu pertencia a
ele e não mais a mim mesma começando pela marca que todos veriam.
 
Capítulo 9
Anne
Segui pelo corredor atrás de Filippo até a ampla sala, onde estavam todos esperando. Todos
já tinham taças de vinho em mãos para a comemoração... a superstição italiana era algo fora do
comum, um dia antes do casamento devíamos sentar à mesa num jantar farto e com muito vinho.
 
Antes que eu pudesse perceber, Filippo Cosa Nostra me pegou pelo pulso direito e elevou,
colocando um anel com uma pedra grande no meu dedo, oficializando em frente a todos o
noivado (ou melhor, o contrato).
Todos sorriram e gritaram "VIVA!".
 
Nos encaminhamos a uma grande mesa. Os garçons já andavam de um lado para o outro com
mais bandejas. Filippo sentou na ponta sendo o chefe, fui me desvincilhar para me sentar perto
de Ester, mas ele no mesmo instante me olhou e apontou com a cabeça para me sentar na sua
lateral. Em minha frente sentou a Sra. Sandra, junto ao seu lado estava Benito, e ao meu lado
sentou Henrico. A mesa era cumprida, havia nela só os membros mais próximo da famiglia,
Capôs e suas mulheres, e seus homens mais fiéis estavam sentados, para muitos era uma honra
compor aquele quadro. Em outra mesa estava Linda, Ester, Antonia e outras filhas da Máfia, por
serem "puras" ainda, em forma de respeito elas não podiam se sentar junto até a hora de estarem
casadas (ou em minha atual situação).
 
Terminamos o jantar. Os homens falando sobre assuntos desinteressantes em frente as
mulheres, e elas falando algo sobre viagens e jóias, preferi não abrir a boca e mal encostei na
comida.
 
-Eu gostaria de propôr um brinde. 
Ouvi alguém chamar a poucas cadeiras de nós, o reconheci no mesmo instante, e memórias boasquando criança vieram a minha mente... meu tio Francesco Barletta estava em pé com o seu copo
erguendo ao alto.
 
-Anne, estou feliz com a sua volta, ter você de volta a sua famiglia na Italia me deixa
orgulhoso! Giovana está sorrindo por saber que sua bella figlia se tornou tão linda quanto a mãe
era. Felicidades a esta união que está fortalecendo a Máfia. 
Eu estava sorrindo quando ele falava da minha mãe, mas no momento em que ele finalizou a
palavra máfia meu sorriso se desfez.
 
Todos os homens no mesmo instante levantaram os copos e gritaram juntos.
 
-L'amore lá Máfia!
 
Você sentia o corpo arrepiar, pareciam soldados com orgulho dispostos a morrer pela máfia a
qualquer momento.
 
Olhei para Filippo que estava me encarando. Tentei segurar o olhar o enfrentando, mas
aquele calafrio de novo veio, baixei o olhar.
 
-Assim está melhor, você vai aprender com o tempo a se portar como uma verdadeira mulher
de um Cosa Nostra. Ele me disse satisfeito.
 
Sandra me olhou e prensou os lábios como se dissesse para mim não responder a Filippo
naquele instante. Com isso ela sorriu e olhou para Benito perguntando-lhe que horas eram.
 
-23:30, madre!
 
-Dio mio! Vamos Anne já está na hora de você subir. A partir das 00:00 você e Fillipo não
podem mais se ver até a hora do casamento amanhã, pode trazer azar aos noivos. 
Com isso Sra. Michaela já estava atrás de mim me puxando e concordando com Sandra, as
mulheres casadas na mesa ficaram todas alvoriçadas, tive que revirar os olhos, eles e essas
superstições. Ester já estava ao lado da mãe para subir comigo ao quarto, os homens se retiravam
da mesa de jantar também para os assuntos particulares. Não olhei para trás, subi as escadas o
mais rápido que pude, mas óbvio que não foi por causa desse lance de azar mas sim porque eu
precisava ficar longe de todos aqueles olhos na minha volta esperando eu dar um passo em falso
para me julgar.
 
-Meninas não se esqueçam de irem dormir cedo, amanhã de manhã a equipe que foi
contratada para cuidar de Anne chegará junto ao sol. 
Bufei.
Não aguentava mais, abri a porta do quarto a minha frente com força.
 
-Qual o problema com esses lençóis pendurados?
Ester peguntou atrás de mim.
 
Michaela sorriu.
 
-Anne não pode se ver até estar vestida e pronta para o casamento, é o que a tradição
manda... 
Antes que ela pudesse terminar tive um surto e comecei a arrancar tudo e expondo todos os
espelhos de novo.
 
-Mais azar que eu possa ter? É impossível. 
Deferi todo meu ódio em palavras.
 
-Não faça isso Anne, por favor. 
Sra. Michaela pediu, tentando tapar os espelhos que estavam a amostra.
 
Ester não parava de rir, parecia histérica.
 
-Isso tudo aqui é uma piada só pode, tampar os espelhos mãe...
 
-Não é piada! Giovana fez tudo assim também. 
Michaela respondeu.
 
-Isso é jogo sujo tocar no nome dela assim. 
A cortei com raiva.
 
-Me desculpe querida, só quis argumentar para ver se você se sentia melhor. Sua mãe
também seguiu à risca, faça isso em memória dela, nós sempre comentávamos quando vocês
eram pequenas, pensávamos na hora do casamento de vocês, as tradições que vocês teriam que
seguir e sempre sorriamos orgulhosas... espere aqui, mas por favor não destampe os espelhos!
Ester fique de olho em Anne, vou ir no quarto buscar algo para ela.
 
Coloquei uma camisola enquanto ela não vinha, Ester já estava de pijama e se deitou olhando
para o teto perdida em seus pensamentos.
 
A porta se abriu e a Sra. Michaela veio com uma caixa de veludo em mãos.
 
-Aqui está, ela iria gostar de lhe ver usando isso, é passado de geração em geração. 
Peguei a caixa e abri ali continha um colar em prata antigo com uma pedra linda em formato de
uma gota.
 
-É lindo!
Passei os dedo nele para sentir, a pedra azul parecia tão mágica.
 
-Sua mãe usou no casamento dela, veja, a pedra é uma Safira, as mulheres da família usam
um objeto velho, que simboliza o passado, que jamais deve ser esquecido com a chegada da nova
vida. E o azul para mostrar a pureza da mulher. 
Enchi os olhos de lágrimas, nunca esqueceria a minha vida, nunca perderia a verdadeira Anne,
não iria baixar a cabeça perante aqueles que me criaram, Ester, Michaela, Gaia... minha mãe...
era por elas que estava ali.
 
-Obrigada isso significou muito pra mim. 
A abracei forte, Ester veio e nos abraçou por cima.
 
-Eu amo vocês. 
Ela disse chorosa.
 
-Eu também amo vocês meninas, agora vamos dormir teremos um longo dia amanhã.
 
Dormi com o colar em mãos, antes que pudesse levantar da cama a empregada já estava
trazendo uma bandeja com café para nós. A equipe já estava reunida e montando um pequeno
estúdio para nós no quarto.
Antônia veio cedo para nos fazer companhia, hoje ela estava mais simpática... ela e Ester se
deram muito bem na noite anterior, e então conseguimos descontrair fazendo com que eu
esquecesse qual era o verdadeiro propósito disso tudo. Depois de um banho relaxante na
banheira, uma massagem de uma hora, veio a parte que eu mais odiava: depilação.
Porque tinha que doer tanto?!
 
-Parem de rir vocês duas. 
Gritei com elas.
 
-Se você parar de gritar. 
Ester disse segurando o riso.
 
-Anne eu e minha mãe compramos algo para você usar já que um dos itens que você deve
usar seja um presente novo, vai ficar ótimo depois da depilação. Me deu uma piscadinha.
 
Terminei a depilação e ela trouxe uma caixa até mim. Ali continha um sutiã branco em renda
transparente, um corpete com detalhes em swarovski, um pedacinho de pano que suspeitei ser
uma calcinha (risos), e uma cinta-liga... eu já estava um pimentão, não sabendo onde enfiar a
cara.
 
-É amiga, o lema é: dar comida pro tubarão. 
Ester disse com desdém.
 
-Bom, ãh, obrigada. 
Disse meio sem jeito.
 
-Não precisa agradecer, meu irmão vai adorar. 
Ela sorriu. E eu revirei os olhos.
 
As meninas já estavam colocando seus vestidos. Ester estava com um vestido longo, azul,
com pedras na frente e um decote generoso. E Antônia usava um vestido rodado até os joelhos,
na cor nude, muito bonito também. 
Meu cabelo já estava preso em um coque estilo princesa com uns fios soltos, a maquiagem era
leve... tive que ter ajuda com o corpete que era todo entrelaçado nas costas. Terminei de vestir as
roupas intimas e fui para o vestido, ele era estilo princesa com uma calda linda toda em pedrarias
dando reflexo.
 
-Uau Anne você está linda, parece uma princesa. 
Ester falou.
 
-Está linda mesmo, meu irmão soube escolher bem. 
Antônia falou presunçosa.
 
Ela não se cansa de babar no irmão, mas nem liguei, estava pensando somente em mim
naquele momento.
 
Sandra abriu a porta com um buque de rosas vermelhas.
 
-Vamos meninas, podem ir descendo. O Sr. Miller Lanski já está vindo para descer com
Anne.
 
Ela me alcançou o buquê.
 
-São tão bonitas. 
Agradeci.
 
-Foi Filippo quem mandou, é a tradição o noivo escolher o buquê querida, e aqui está...
escolhi brincos de safira para te emprestar, combina bem com o colar, Michaela me falou de
como esse colar é valioso, e já que os costumes mandam você usar algo emprestado também
achei que iria gostar. 
Ela me deu um beijo e me deixou só.
 
Coloquei os brincos e fiquei encarando as flores havia 10 rosas vermelhas e apenas uma rosa
branca ao meio. Fiquei pensando se aquilo era um aviso, uma flor branca no meio de flores cor
de sangue... (acho que estou ficando neurótica.)
 
Meu pai entrou e me virei para ele.
 
-Esta muito elegante Sr. Miller. 
Ele veio até mim e beijou minha testa.
 
-E você é a noiva mais linda que eu já vi em toda minha vida, filha. 
Não disse nada fiquei olhando pra ele pensando se ele estava sentindo a dor que eu estava.
 
-Aqui, eu comprei isso para você. 
Ele colocou um escapulário em prata no meu pulso.
 
-Obrigada, eu amo você.
O abracei forte.
 
-Eu te amo minha filha, se isso tudo envolvesse apenas nós eu daria a minha vida por você,
mas não estava só em minhas mãos. 
Ele disse argumentando.
 
-Que bom ouvir isso, achei que você não estivesse nem ai pra mim.
Falei sincera, tirando um pouco do peso de meus ombros.Ele sempre foi um bom pai para mim.
 
-Tudo o que eu fiz foi para proteger a todos, mesmo não conseguindo proteger você, eu juro
que tentei. Apenas seja forte para o que está por vir. 
Ele me abraçou mais uma vez, apertei o escapulário que caia na palma da minha mão com força.
 
-Vou ser, agora vamos. 
Eu disse.
 
-Sim vamos.
Ele me estendeu o braço, enganchei nele com uma mão, e com a outra peguei o buquê
novamente.
 
Preciso encarar a nova vida que está por vir.
Respirei fundo e seguimos para o casamento.
 
Capítulo 10
Anne
Estava pronta para a entrada, o violino tocava ao fundo anunciando a minha chegada. A área
era toda aberta devido a cerimônia ser na propriedade dos Cosa Nostra, as cadeiras estavam em
fileiras, todos estavam em pé em sinal de respeito.
 
A frente vi ele em seu terno escuro, o cabelo estava para trás, nada estava fora do lugar, eu
não podia negar, ele era lindo, mas dava pra ver o porque ele era o chefe de todos... o semblante,
o olhar sombrio... tudo nele exalava dominação.
 
Seguimos o extenso corredor de flores até o altar improvisado.
 
Meu pai deu mais um beijo em minha testa, virou para Filippo e disse:
 
-Cosa Nostra, cuide bem dela.
 
Filippo pegou minha mão e apenas acenou com a cabeça para meu pai.
 
Depois de quase uma hora escutando o padre falando em italiano, as palavras para chegar ao
fim vieram:
 
-Filippo Cosa Nostra si accetta Anne Barletta Lanski come la tua legittima moglie?
 
Filippo disse curto e seco:
 
-Acettatto. (*Aceito)
 
O padre me olhou.
 
-Anne Barletta Lanki si accetta Filippo Cosa Nostra come il suo legittimo marito?
 
Aquele momento na frente de todos era tarde de mais para pensar. Estava deixando meu
nome, minha vida junto com minha família na Alemanha para me tornar a partir de agora "Anne
Cosa Nostra."
 
-Sì (sim).
 
Filippo pegou minha mão esquerda e colocou a aliança de ouro, ele estendeu a mão dele para
fazer o mesmo com ele. Peguei a aliança com as mãos trêmulas e coloquei no dedo dele. O padre
disse:
 
-Puoi baciare la sposa (*pode beijar a noiva)
 
Eu olhei em seus olhos, com uma das mãos ele me puxou pela cintura até ele e me beijou.
Fiquei sem reação na hora, todos estavam em pé vibrando e aplaudindo, quebrando o contato do
beijo, mas ainda próximo a mim ele disse.
 
-Anne Cosa Nostra. 
Ele disse só para que eu pudesse ouvir, a maneira como ele pronunciou carregado de desejo, o
hálito de menta devido a boca dele ainda estar tão perto da minha, o perfume amadeirado, engoli
em seco e fechei os olhos por um minuto. Filippo me soltou, todos vinham nos cumprimentar,
teríamos que agradecer um por um vir nos dar os parabéns.
 
Já estava cansada de forçar um sorriso falso, toda vez que pensava em sair dali colocava a
mão no colar e pensava quantas gerações tiveram que estar ali na mesma posição que me
encontrava.
 
Quando o último convidado nos deu parabéns nos retiramos para o jantar. Eu apenas
observava, as pessoas ao nosso redor nos acompanhavam enquanto nos dirigíamos até a lateral
da mansão onde estavam as mesas postas para o jantar. Filippo não era um homem de muitas
palavras, pelo menos não que eu tenha visto, ele era muito observador como se lesse cada pessoa
que estava ali. 
Em todas as mesas continham nomes com seus devidos lugares, tudo muito organizado, o meio
tinha ficado todo aberto onde seria improvisada uma pista de dança após o jantar. Sentamos na
mesa onde havia um cartão escrito famiglia Cosa Nostra.
Os garçons começaram a trazer as entradas, não conseguia comer nada, mas a taça a qual estava
tomando já havia sido substituída.
 
-Coma. 
Ouvi Filippo falar ao meu lado.
-Não tenho fome. 
Respondi sem olhar pra ele. 
Não tinha a mínima vontade nem sequer de olhá-lo.
 
-Não foi uma pergunta e sim uma ordem.
 
-Não sou um de seus soldados para receber ordem! 
Respondi entre os dentes.
 
Seus olhos queimavam de fúria, a mãe e os irmãos na mesa nos olhavam sem piscar o
desenrolar da nossa conversa. Quando Filippo largou os talhares de volta ao prato com força,
Henrico falou alto descontraído:
 
-Vamos lá, de um desconto a Anne irmão, não é todo dia que se casa com o capô dos capôs. 
Ele disse tentando fazer o ar ficar mais leve.
 
-Não se meta. 
Ele o cortou. E voltou a olhar para mim.
 
-Filippo, por favor, estamos na janta de seu casamento. 
Sandra pediu com educação.
 
Antônia continuava comendo como se nada estivesse acontecendo.
 
-Dobre ela irmão, eu disse que ela não conseguiria manter a boca fechada sem te
desobedecer. 
Benito disse rindo com seu olhar sádico.
 
Eu já estava vermelha de raiva, antes que eu pudesse alcançar a minha taça novamente ele
pegou minha mão com força e apertou esmagando meus dedos.
-Se não vai comer, acabou as bebidas esta noite para você. 
Com isso me soltou abruptamente.
 
Depois da valsa a música começou a rolar, o pessoal já estava alto devido a bebida, os mais
velhos estavam reunidos com seus charutos e garrafas de Jack Daniel's vazias. Filippo estava
com Benito e Henrico em uma das mesas, com mais dois capôs e meu pai, falando
provavelmente dos negócios que iriam levar para o meu País. 
Ouvi que Benito foi escolhido como subchefe de Filippo devido a uma votação interna dos
homens, a família Cosa Nostra tinham todos a sua volta e em suas mãos.
 
Me virei para ir em um local mais reservado quando fui parada por uma mulher morena de
olhos verdes.
 
-Então você é a nova sortuda. 
Disse ela com deboche.
 
-E você quem é?
Arqueei a sobrancelha com cara de poucos amigos.
 
-Natasha Masseria, uma conhecida da família. Meu pai é capô de Filippo, sabe... era pra ser o
meu dia hoje mas aí seu tio foi lá e destruiu os planos de minha famiglia. 
Disse ela com raiva.
 
-E o que me interessa? 
Falei curta e grossa.
 
-Você não passa de uma pirralha, Filippo gosta de mulheres de verdade, duvido que você
consiga satisfaze-lo na cama como eu. 
Disse ela com um sorriso no rosto.
 
- Então você deve ter sido uma incompetente na cama com ele, se tivesse feito direitinho
talvez essa noite seria sua e não minha para o meu azar. 
Passei por ela esbarrando em seu ombro.
 
Já não bastava ter que passar por isso tenho que aguentar uma vagabunda vir falar sobre
transar com meu marido, precisava beber, estava entendendo agora o porque de mafiosos
andarem sempre com um copo de uísque na mão.
 
Entrei em uma das salas e avistei no canto as garrafas de uísque que estavam sendo levadas
para repor, peguei uma delas, abri e bebi no gargalo mesmo. O líquido desceu queimando. A
frente havia amplas portas de vidro que davam para a parte dos fundos da casa. Havia uma
piscina grande e cadeiras de banho de sol, uma do lado da outra, sentei em uma delas escorando
o corpo contra e colocando os pés pra cima, apesar da dificuldade do vestido consegui. Empinei
mais uma vez a garrafa, quando ouvi a voz de Henrico me chamar. Quase engasguei com o susto.
 
- Eu posso tentar te ajudar mas se você não colaborar não há mais nada que eu possa fazer
Anne. 
Ele disse amigável vindo em minha direção.
 
-Não preciso da ajuda de ninguém sei muito bem me virar sozinha. 
Ele se sentou na cadeira ao lado.
 
- Vamos lá ragazza não me condene, já não basta a ruiva não me deixar chegar mais perto
dela. 
 
-Quem, Ester? 
Perguntei levantando uma das sobrancelhas.
 
-Bingo, sua amiga tem um temperamento muito difícil digamos.
 
Soltei uma risada. 
-Sim ela tem. 
Falei pensativa, logo mais eu não a teria por perto e meu coração apertou, fui dar outro gole na
minha bebida.
 
-Dê uma chance a minha família, nós iremos te proteger, Filippo com o tempo pode melhorar
se você conquistar sua confiança poderá ter uma vida como tinha na Alemanha.
 
-Uma vida normal casada com o capô de todos da máfia italiana? Não me faça rir Henrico.
Tudo o que Filippo quer neste casamento é negócios, ele não está nem aí para o meu bem estar,
você viu na mesa ele falou comigo como se estivesse falando com um de seus soldados. 
Falei com desgosto.
 
-Você está certa, uma vida normal para nós da Máfia é algo incomum,

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