Buscar

FUNDAMENTOS DA ENFERMAGEM EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 68 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 68 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 68 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

MATERIAL DIDÁTICO 
 
 
FUNDAMENTOS DA ENFERMAGEM 
EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
U N I V E R S I DA D E
CANDIDO MENDES
 
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA 
PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 
 
Impressão 
e 
Editoração 
 
0800 283 8380 
 
www.ucamprominas.com.br 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
 
SUMÁRIO 
 
 
UNIDADE 2 – ENFERMAGEM: HISTÓRIAS, TEORIAS E FUNDAMENTOS........ 05 
2.1 Histórias ............................................................................................................ 05 
2.2 Teorias .............................................................................................................. 07 
2.3 Os fundamentos filosóficos da Enfermagem ..................................................... 17 
2.4 Os fundamentos teóricos da Sociopoética ........................................................ 19 
 
UNIDADE 3 – A ARTE DE CUIDAR ....................................................................... 21 
3.1 Atendendo necessidades e desejos .................................................................. 24 
 
UNIDADE 4 – ÉTICA, BIOÉTICA E HUMANIZAÇÃO ............................................ 29 
 
UNIDADE 5 – O ESTRESSE DO PROFISSIONAL ................................................ 37 
5.1 Sintomas do estresse ........................................................................................ 40 
 
UNIDADE 6 – SISTEMATIZAÇÃO E OPERACIONALIZAÇÃO DO 
PROCESSO DE ENFERMAGEM ........................................................................... 43 
6.1 A sistematização da enfermagem ..................................................................... 43 
6.2 O registro de enfermagem ................................................................................. 46 
6.3 Classificações NANDA, NIC e NOC .................................................................. 47 
 
UNIDADE 7 - O COFEN E A COMISSÃO DE ÉTICA ............................................ 56 
7.1 Conselho Federal de Enfermagem .................................................................... 56 
7.2 Comissão de ética de Enfermagem .................................................................. 58 
 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 62 
 3 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO 
 
A Enfermagem é uma profissão de amplas atividades e abordagens, não 
podendo ser entendida apenas pela virtude da técnica, mas sim da prática científica, 
social, política, econômica, ética e estética que culmina, segundo Figueiredo et al. 
(2003), no ato de cuidar! 
Na enfermagem, a assistência humanizada visa ao ser humano em sua 
integralidade, ocupando-se tanto dos componentes adoecidos quanto dos sadios do 
ser, tais como o senso crítico e a espiritualidade. 
Para Watson (1979 apud DAL PAI e LAUTERT, 2005), a ciência do cuidado 
enfoca predominantemente a promoção da saúde e, para tanto, necessita expandir a 
visão de mundo e a habilidade de pensamento crítico. E, para Waldow (1998), o 
cuidado deve conjugar expressões de interesse, consideração, respeito e 
sensibilidade, demonstradas por palavras, tom de voz, postura, gestos e toques. 
Essa é a verdadeira expressão da arte e da ciência do cuidado: a conjugação do 
conhecimento, das habilidades manuais, da intuição, da experiência e da expressão 
da sensibilidade. 
Essencialmente, o Enfermeiro é um ser que se constrói no tempo, no espaço 
e nas relações cotidianas, isso quer dizer ser sensível, perceber situações que 
muitas vezes estão nas entrelinhas quando se relaciona com outro sujeito, o que o 
leva a ser um profissional que faz a diferença no cuidar. 
A palavra cuidar tem origem no verbo latino cogitare, que significa “imaginar, 
pensar, tratar, dar atenção”. Daí o sentido de “ter cuidado com a saúde de alguém”, 
que deu origem à palavra cuidado como ação. 
Para Figueiredo, Machado e Porto (1995), cuidado de enfermagem é uma 
ação incondicional do trabalho de enfermagem que envolve movimentos corporais, 
impulsos de amor, ódio, alegria, tristeza, prazer, esperança e desespero, energia 
que emana dos corpos, e disposição espiritual para agir, pensar e sentir todos os 
sentidos. É um ato libertador, que representa a essência de enfermagem porque é 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
4 
 
ação humana, transcendente a práticas e emoções; é um ato político, que pode 
revolucionar o ambiente e o sujeito do cuidado. 
No setor de urgência e emergência, o papel do Enfermeiro é tão importante 
quanto nas demais áreas de atuação e talvez com uma atribuição mais complexa, 
pois além do cuidado terapêutico, a situação muitas vezes requer agilidade e muita 
concentração, pois vidas estão em risco. 
Acreditamos que esta breve introdução mostra os caminhos que vamos 
perseguir nesta apostila, ou seja, história e fundamentação da prática de 
enfermagem com foco na urgência e emergência. 
Todos nós possuímos uma história de vida e com as profissões não é 
diferente. Por isso acreditamos que conhecer a origem da sua especialidade é um 
bom começo de conversa. Deste modo, vamos tomar como ponto de partida o 
surgimento da enfermagem moderna com Florence Nightingale, o florescimento das 
teorias no campo da enfermagem e as tendências atuais. 
Esperamos que apreciem o material e busquem nas referências anotadas ao 
final da apostila subsídios para sanar possíveis lacunas que venha surgir ao longo 
dos estudos. 
Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como 
premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um 
pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados 
cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, 
deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, 
incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma 
redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas 
opiniões pessoais. 
Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se 
outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo, 
podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos 
estudos. 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
5 
 
UNIDADE 2 – ENFERMAGEM: HISTÓRIAS, TEORIAS E 
FUNDAMENTOS 
 
2.1 Histórias 
Foi no início do século XIX que o paradigma cientificista ganhou espaço 
tentando superar a concepção mágico-religiosa1 vigente até então. É nesse período 
que o nome de Nightingale ganha importância na área da enfermagem a partir da 
sistematização de um campo de conhecimentos, instituindo-se “uma nova arte e 
uma nova ciência”, para a qual é preciso educação formal, organizada sobre bases 
científicas (DAHER, SANTO; ESCUDEIRO, 2002 apud OLIVEIRA; PAULA; 
FREITAS, 2007). 
O trabalho da enfermeira britânica FloresceNightingale constituiu um marco 
para a história da enfermagem moderna. Atuou como enfermeira civil e voluntária na 
Guerra da Criméia (1854-1856), e, antes de sua chegada à região do conflito, os 
soldados encontravam-se no maior abandono. Poucos detinham os conhecimentos 
básicos para agir diante das emergências impostas, tanto que, durante essa guerra, 
a mortalidade entre os soldados chegou a 40%. 
Florence não conhecia o conceito de contato por microrganismos, uma vez 
que este ainda não tinha sido descoberto, porém já acreditava em um meticuloso 
cuidado quanto à limpeza do ambiente e pessoal, ar fresco e boa iluminação, calor 
adequado, boa nutrição e repouso, com manutenção do vigor do paciente para a 
cura. 
Ao longo de toda a Guerra da Criméia, Florence conseguiu reduzir as taxas 
de mortalidade entre os soldados britânicos, através de seus esforços como 
enfermeira e, provando a eficiência das enfermeiras treinadas para a recuperação 
da saúde. Até o momento, só homens e mulheres religiosos podiam cuidar dos 
soldados no exército. 
 
1
 Nesse modelo, os sacerdotes ou xamãs expulsavam os espíritos que causavam doenças. 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
6 
 
Ficou conhecida na história pelo apelido de “A dama da lâmpada”, pelo fato 
de servir-se deste instrumento para auxiliar na iluminação ao auxiliar os feridos 
durante a noite. Foi pioneira na utilização do Modelo biomédico, baseando-se na 
medicina praticada pelos médicos. Também contribuiu no campo da Estatística, 
sendo pioneira na utilização de métodos de representação visual de informações. 
As concepções teórico-filosóficas de enfermagem desenvolvidas por 
Nightingale tiveram como base observações sistematizadas e registros estatísticos 
extraídos de sua experiência prática no atendimento diário a doentes. Dessa 
vivência, foram obtidos quatro conceitos fundamentais: ser humano, meio ambiente, 
saúde e enfermagem. Esses conceitos, considerados revolucionários para sua 
época, foram revistos e, ainda hoje, se identificam com as bases humanísticas da 
enfermagem, tendo sido revigorados pela teoria holística (OLIVEIRA, PAULA, 
FREITAS, 2007). 
Segundo Oguisso (2005), as condições sanitárias do hospital de Scutari na 
Turquia, eram as piores possíveis, com excesso de feridos, muitos deitados no chão, 
poucos sanitários, falta de suprimentos para alimentação ou higiene e escassez de 
roupas, o que obrigava os pacientes a continuar com seus uniformes sujos de 
sangue e terra. Oguisso ressalta ainda que, em dois meses, Nightingale colocou 
ordem no hospital de campanha, o que lhe valeu a reputação de administradora e 
reformadora de hospitais; em seis meses, ela havia reduzido a mortalidade entre os 
feridos a 2%. 
No Brasil, encontramos em Edith de Magalhães Fraenkel, a organizadora e 
primeira diretora da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. Nascida 
no Rio de Janeiro (1889), neta de Benjamim Constant, e filha de cônsul, estudou na 
Alemanha, Suécia e Uruguai, dominando vários idiomas. Devido sua trajetória trazer 
muitos benefícios para o Brasil e para a classe, vamos falar um pouco sobre ela. 
Durante a primeira guerra, em 1918, fez o curso de Samaritana na Cruz 
Vermelha. Em 1920, fez o curso de visitadora na Inspetoria de Tuberculose do 
Departamento Nacional de Saúde Pública onde foi nomeada enfermeira-chefe. 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
7 
 
Edith Fraenkel candidatou-se e foi aceita, em 1922, na Escola de 
Enfermagem do “Philadelphia General Hospital” pela qual se diplomou em outubro 
de 1925. 
De volta ao Brasil, passou a lecionar na Escola Ana Néri onde permaneceu 
de 1925 a 1927 como instrutora e coordenadora do ensino. Em 1926, influiu na 
criação da Associação Nacional de Enfermeiras Diplomadas Brasileiras, hoje 
Associação Brasileira de Enfermagem (ABEN), da qual foi a primeira presidente de 
1927 a 1938. Em 1927, foi nomeada enfermeira chefe do Departamento Nacional de 
Saúde Pública e no ano seguinte diretora da Divisão de Enfermeiras de Saúde 
Pública desse mesmo departamento. 
Em 1936 fundou no Rio de Janeiro a primeira Escola de Serviço Social a 
funcionar no Brasil. No ano de 1939 foi convidada pela Fundação Rockefeller para 
organizar e dirigir a Escola de Enfermagem a ser criada em São Paulo. 
Sua sábia e eficiente direção levou a Escola de Enfermagem de São Paulo a 
atingir, em poucos anos, padrão de ensino comparável ao das melhores instituições 
congêneres dos EUA. 
 
2.2 Teorias 
Segundo Cianciarullo (2001), a enfermagem sempre se fundamentou em 
princípios, crenças, valores e normas tradicionalmente aceitas. A evolução da 
ciência, que possibilitou a compreensão da importância de pesquisar para constituir 
o saber, levou os enfermeiros a questionar esses preceitos tradicionais. No período 
de 1950, esse questionamento aumentou, fazendo surgir a necessidade de se 
desenvolver um corpo de conhecimento específico, o que seria possível somente 
pela elaboração de teorias próprias. 
Rolim, Pagliuca e Cardoso (2005 apud OLIVEIRA, PAULA E FREITAS, 
2007) afirmam que a teoria no campo da enfermagem foi fundamentada na prática 
profissional. Elas constituem um modo sistemático de olhar o mundo para descrevê-
lo, explicá-lo, prevê-lo ou controlá-lo. Dessa forma que a teoria de enfermagem é 
definida como uma conceitualização articulada e comunicada da realidade, 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
8 
 
inventada ou descoberta, com a finalidade de descrever, explicar, prever ou 
prescrever o cuidado de enfermagem. 
Chinn e Kramer, Hickman, Carraro (s.d apud CARVALHO; DAMASCENO, 
2003) defendem que as teorias de enfermagem promovem a identidade profissional, 
pois constituem a base na qual o profissional de enfermagem se apoia para explicar 
seu trabalho. 
Igualmente para Almeida, Lopes e Damasceno (2005), o uso de teorias na 
Enfermagem reflete um movimento da profissão em busca da autonomia e da 
delimitação de suas ações. Torna-se, portanto, de extrema relevância que as teorias 
possam ser analisadas quanto à sua aplicabilidade na prática. 
Para Cianciarullo (2001), as reflexões e a observação da prática conduziram 
à conclusão de que, no universo da enfermagem, os fenômenos e os conceitos 
centrais eram os seres humanos, o ambiente, a saúde e a própria enfermagem, ou 
seja, a ação profissional. Todos os modelos conceituais ou teorias foram construídos 
pelo relacionamento desses conceitos, e sua publicação data, majoritariamente, das 
décadas de 1960 e 1970. 
De modo geral, as teóricas de enfermagem têm utilizado teorias lançadas 
fora do âmbito da enfermagem como base de sustentação para o desenvolvimento 
de suas próprias teorias. Entre as que foram elaboradas fora da enfermagem e que 
têm sido aplicadas a esse campo, a fim de oferecer explicações para as relações 
entre homem, ambiente, saúde e enfermagem e guiar o processo de enfermagem, 
estão: a teoria de sistemas, da tensão e adaptação, do crescimento e 
desenvolvimento e do ritmo. 
No que tange à Teoria das Relações Interpessoais de Peplau, pode-se dizer 
que seus fundamentos são as do crescimento e desenvolvimento, como os estudos 
de Erick Fromm e, sobretudo, a Teoria Interpessoal de Harry Stack Sullivan 
(GEORGE, 2000). 
De forma geral, essas teorias adotam como pressuposto básicoque o 
crescimento e o desenvolvimento humano ocorrem de forma gradual até a 
realização do seu potencial máximo. O crescimento é entendido como um aumento 
relacionado ao tamanho e formas físicas, ordenado e com tendências regulares em 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
9 
 
seu direcionamento, mas que acontece para cada pessoa em um padrão único 
influenciado por fatores intrínsecos e extrínsecos. O desenvolvimento, por outro 
lado, refere-se a mudanças funcionais no indivíduo, mais de caráter qualitativo, e 
que também recebem influências internas e externas (LEDDY; PEPPER, 1989 apud 
ALMEIDA, LOPES, DAMASCENO, 2005). 
A importância dessa teoria reside no fato de que o profissional passa pelas 
fases de orientação, identificação, exploração e resolução do problema na qual a 
enfermagem desenvolve diferentes papéis para auxiliar o paciente no 
desenvolvimento de suas necessidades, até que esse esteja pronto a assumir uma 
atuação independente da enfermagem (ALMEIDA, LOPES, DAMASCENO, 2005). 
A teoria de enfermagem do déficit de autocuidado (teoria geral de 
enfermagem de Dorothea Orem) é composta de três teorias inter-relacionadas ou 
seja, a do autocuidado, do déficit de autocuidado e do sistemas de enfermagem. 
Incorporados a essas três teorias, Orem preconiza seis conceitos centrais e um 
periférico. Os seis conceitos centrais, conforme Diógenes e Pagliuca (2003), são: 
autocuidado, ação de autocuidado, déficit de autocuidado, demanda terapêutica de 
autocuidado, serviço de enfermagem e sistema de enfermagem. 
O conceito periférico, a autora denominou de fatores condicionantes básicos, 
que é relevante para a compreensão de sua teoria geral de enfermagem (GEORGE, 
2000). 
a) A Teoria do autocuidado: 
Para se entender a teoria do autocuidado, é necessário definir os conceitos 
relacionados, como os de autocuidado, ação de autocuidado, fatores condicionantes 
básicos e demanda terapêutica de autocuidado. Autocuidado é a atividade que os 
indivíduos praticam em seu benefício para manter a vida, a saúde e o bem-estar. 
Ação de autocuidado é a capacidade de o homem engajar-se no autocuidado. 
Fatores condicionantes básicos seriam a idade, o sexo, o estado de 
desenvolvimento, o estado de saúde, a orientação sociocultural e os fatores do 
sistema de atendimento de saúde. 
Na teoria do autocuidado incorpora-se o conceito dos requisitos de 
autocuidado: universais, desenvolvimentais e desvio de saúde. 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
10 
 
Os requisitos universais são comuns aos seres humanos, auxiliando-os em 
seu funcionamento, estão associados com os processos da vida e com a 
manutenção da integridade da estrutura e do funcionamento humano. Os requisitos 
desenvolvimentais ocorrem quando há a necessidade de adaptação às mudanças 
que surjam na vida do indivíduo. Os requisitos por desvio de saúde acontecem 
quando o indivíduo em estado patológico necessita adaptar-se a tal situação. 
Os requisitos para o autocuidado por desvio de saúde são: busca e garantia 
de assistência médica adequada; conscientização e atenção aos efeitos e resultados 
de condições e estados patológicos; execução de medidas prescritas pelo médico e 
conscientização de efeitos desagradáveis dessas medidas; modificação do 
autoconceito (e da autoimagem) na aceitação de si como estando num estado 
especial de saúde; aprendizado da vida associado aos efeitos de condições e 
estados patológicos, bem como de efeitos de medidas de diagnósticos e tratamentos 
médicos, num estilo de vida que promova o desenvolvimento contínuo do indivíduo. 
Os requisitos de autocuidado são: manutenção e ingesta suficiente de ar, 
água e alimento; a provisão de cuidados com eliminação e excreção; manutenção 
de um equilíbrio entre atividade e descanso, entre solidão e interação social; a 
prevenção de riscos à vida, ao funcionamento e ao bem-estar humano; a promoção 
do funcionamento e desenvolvimento humano, em grupos sociais, conforme o 
potencial humano, limitações humanas conhecidas e o desejo de ser normal 
(GEORGE, 2000). 
b) A teoria do déficit do autocuidado: 
O déficit de autocuidado ocorre quando o ser humano se acha limitado para 
prover autocuidado sistemático, necessitando de ajuda de enfermagem. Constitui a 
essência da teoria geral de enfermagem de Orem, pois possibilita apontar a 
necessidade de enfermagem. Justifica-se quando o indivíduo acha-se incapacitado 
ou limitado para prover autocuidado contínuo e eficaz. 
Orem identifica cinco métodos de ajuda, no déficit de autocuidado: agir ou 
fazer para o outro, guiar o outro, apoiar o outro (física ou psicologicamente), 
proporcionar um ambiente que promova o desenvolvimento pessoal, quanto a se 
tornar capaz de satisfazer demandas futuras ou atuais de ação, ensinar o outro. 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
11 
 
c) A teoria de sistemas de enfermagem: 
A teoria de sistemas de enfermagem é dividida em sistema totalmente 
compensatório, quando o ser humano está incapaz de cuidar de si mesmo, e a 
enfermagem o assiste, substituindo-o, sendo suficiente para ele. Sistema 
parcialmente compensatório, quando a enfermagem e o indivíduo participam na 
realização de ações terapêuticas de autocuidado. 
d) O sistema de apoio-educação é quando o indivíduo necessita de 
assistência na forma de apoio, orientação e ensinamento (GEORGE, 2000). 
O enfermeiro é um profissional treinado e experiente que pode proporcionar 
cuidados de enfermagem para pessoas que necessitam de cuidados especiais 
beneficiando-as. 
Os quatro principais conceitos dessa teoria são: ser humano, saúde, 
sociedade e enfermagem em seu trabalho. O ser humano se diferencia dos outros 
seres vivos porque tem a capacidade de refletir sobre si mesmo e o ambiente que o 
cerca (DIÓGENES, PAGLIUCA, 2003). 
Quanto ao conceito de saúde, sustenta a definição da Organização Mundial 
de Saúde, “como estado mental e social e não apenas a ausência de doença ou da 
enfermidade” (FOSTER, BENETT, OREM, 2000, p. 89). A saúde tem por base a 
prevenção da saúde incluindo a promoção e manutenção da saúde, o tratamento da 
doença e prevenção de complicações, ou seja, a prevenção primária, a secundária e 
terciária, respectivamente. 
Em se tratando de sociedade, atualmente acredita-se que as pessoas 
adultas sejam responsáveis por si e pelo bem-estar de seus dependentes 
(GEORGE, 2000). 
No processo de trabalho da enfermagem, o enfermeiro é o profissional que 
poderá ajudar o indivíduo, promovendo interação mútua através da consulta de 
enfermagem, abordagem com a família envolvendo-a no tratamento, reuniões de 
grupos, orientando-os e levando-os a aprenderem como realizar práticas de 
autocuidado. 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
12 
 
A teoria geral de Orem proporciona a visão do fenômeno da enfermagem 
permitindo que o enfermeiro juntamente com o indivíduo implementem ações de 
autocuidado adaptadas de acordo com as suas necessidades de maneira que a 
relação de ajuda se expresse no diálogo aberto e promova o exercício do 
autocuidado. 
A Teoria de Martha Rogers é uma teoria dedutiva, que parte do geral para o 
particular, substantiva,usa modelos de abrangência universal, e predicativa, 
descreve, especifica e prediz o fenômeno. 
Utiliza linguagem geral, científica e simbólica e o homem é visto como um 
todo – ser biológico, psicológico, sociocultural e espiritual. Embora não apresente 
procedimentos ou o processo de enfermagem, utiliza como instrumentos e valores, a 
imaginação e a criatividade. 
Para Rogers, a enfermagem é uma ciência e uma arte, tendo como objetivo 
o cuidar das pessoas para que atinjam seu potencial máximo de saúde, e busca o 
preenchimento das necessidades humanas. O(a) enfermeiro(a) é um agente de 
mudanças; sendo que esse profissional de amanhã será diferente dos de hoje, o de 
hoje é diferente dos passados. 
A Teoria do Cuidado Transcultural citada por Leininger (1985 apud BRAGA, 
1997) enfatiza que há diversidades no cuidado humano, com características que são 
identificáveis e que podem explicar e justificar a necessidade do cuidado 
transcultural de enfermagem, de forma que este se ajuste às crenças, valores e 
modos das culturas, para que um cuidado benéfico e significativo possa ser 
oferecido. 
Os atos do cuidado cultural que são congruentes com as crenças e valores 
do cliente são considerados como sendo o conceito mais significativo, unificador e 
dominante para se conhecer, compreender e prever o cuidado terapêutico popular. 
O cuidado baseado culturalmente é o fator principal e significativo na 
afirmação da Enfermagem como curso e como profissão, e no fornecimento e 
manutenção da qualidade do cuidado de enfermagem prestado aos indivíduos, às 
famílias e aos grupos comunitários. 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
13 
 
Leininger (1983 apud BRAGA, 1997) declara o cuidado como centro, único e 
dominante, foco característico da Enfermagem. 
O cuidado cultural, ainda referendando a autora, significa avaliação 
consciente e um esforço deliberado para usar valores culturais, crenças, modo de 
vida de um indivíduo, família ou grupo comunitário, para fornecer auxílio significativo 
para estas necessidades de cuidado nos serviços de saúde. 
Leininger (1984, p. 42 apud BRAGA, 1997), refere que 
 
culturalmente as ações de cuidado de enfermagem e intervenções são 
previsíveis para manter a saúde do cliente, fornecer satisfação e ajudá-lo a 
se recuperar de doenças ou incapacidades. O cuidado culturalmente 
congruente pode também ajudar clientes face à morte de modo significativo 
e pacífico. 
 
Dessa forma, a Enfermagem tem como foco, segundo Leininger (1984 apud 
GUALDA; HOGA, 1992), 
 
o estudo da análise comparativa de diferentes culturas ou subculturas no 
que diz respeito ao comportamento relativo ao cuidado em geral, ao cuidado 
de enfermagem, assim como aos valores, crenças e padrões de 
comportamento relacionados à saúde e doença. 
 
Essa autora afirma ainda que o objetivo da enfermagem transcultural vai além da 
apreciação de culturas diferentes, mas de tornar o conhecimento e a prática 
profissional culturalmente embasada, conceituada, planejada e operacionalizada. Se 
aqueles que praticam a enfermagem não considerarem os aspectos culturais da 
necessidade humana, suas ações poderão ser ineficazes e trazer consequências 
desfavoráveis para os assistidos. 
Os pressupostos básicos da Enfermagem Transcultural e que desafiam a 
Enfermagem a descobrir em profundidade o fenômeno do cuidado, são: 
 o cuidado humano é um fenômeno universal, mas a expressão, o processo e 
o modelo variam entre as culturas; 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
14 
 
 cada situação de cuidado de enfermagem tem comportamento no cuidado 
transcultural, necessidades e implicações; 
 o ato e processo de cuidar são essenciais para o desenvolvimento humano, 
crescimento e sobrevivência; 
 o cuidado poderá ser considerado a essência e unificação intelectual e 
dimensão prática do profissional de enfermagem; 
 o cuidado tem dimensões biofísicas, psicológicas, culturais, sociais e 
ambientais, as quais puderam ser estudadas, praticadas no sentido a prover 
cuidado holítisco para as pessoas; 
 o comportamento de cuidado transcultural, formas e processos tem ainda que 
ser verificado em diversas culturas, quando este corpo de conhecimento é 
obtido, tendo potencial para revolucionar a prática diária da enfermagem; 
 para fornecer cuidado de enfermagem terapêutico, a enfermeira poderá ter 
conhecimento de valores culturais, crenças e práticas dos clientes; 
 os comportamentos de cuidados e funções variam de acordo com 
características da estrutura social de determinada cultura; 
 a identificação de comportamento universal e não universal, cuidado popular 
e cuidado profissional, crenças e práticas, serão importantes para o avanço 
do corpo de conhecimentos de Enfermagem; 
 há diferenças entre a essência e as características essenciais de cuidado e 
comportamentos de cura e processos; 
 não existe cura sem cuidado, mas pode existir cuidado sem cura (BRAGA, 
1997). 
 
Desde que escreveu seu primeiro livro, em 1979, a enfermeira Jean Watson, 
passou a ser considerada pioneira no estudo da enfermagem como uma disciplina 
científica que une a racionalidade e a sensibilidade. A teoria sobre o Cuidado 
Transpessoal faz de Jean Watson, a mãe de um novo paradigma em cuidados de 
saúde, pois conforme ela explica: 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
15 
 
 
Em vez de um enfermeiro ministrar analiticamente um tratamento a um 
doente, quer-se que o técnico de saúde saiba comunicar, interagir, 
conhecer para então depois proporcionar o cuidado necessário. O objetivo é 
a cura global do paciente e a satisfação do prestador de ajuda (BASTOS, 
2009). 
 
No fundo, o que se perspectiva neste novo paradigma, segundo ela “é saber 
responder às necessidades de cada doente, é ter de recorrer a um complexo 
altamente criativo para encontrar as melhores soluções”. Soluções que tem levado 
departamentos e mesmo hospitais a adotarem novos comportamentos por parte do 
seu corpo de enfermeiros(as). Há preocupação com uma mudança de valores, 
unindo racionalidade e sensibilidade e tornando a enfermagem um processo 
interativo entre quem cuida e quem é cuidado. Jean Watson afirma que não se pode 
dissociar a prática da enfermagem sem outras áreas de conhecimento como a 
filosofia, a teologia, a educação, a psicologia ou a antropologia. 
A perspectiva humanística do cuidado quer abandonar o modelo do 
diagnóstico da doença e buscar a humanidade da cura, equacionando-se as suas 
dimensões psicológicas, espirituais e socioculturais. Encontrar o equilíbrio, “o 
centro”, como diz, entre corpo e mente deverá ser a meta de qualquer intervenção 
em saúde. Nesta importante profissão de cuidar-curar, a enfermagem assume um 
papel ainda mais importante: a enfermagem detém a única profissão em que acaba 
por ser o elo de ligação entre o hospital, os médicos e a família. É preciso 
interromper o atual padrão de funcionamento da enfermagem. É preciso encontrar 
novas formas de cuidar. É preciso criar um novo ambiente de cura. 
Para Watson (1988 apud RIBEIRO, 2005), o cuidar é visto como um ideal 
moral da enfermagem. É, sobretudo, a essência da enfermagem, sendo 
característica fundamental a preservação da dignidade humana. Reflete também, 
que o cuidado manifesta-se no encontro das pessoas que estão envolvidas no ato 
de cuidar, ou seja, na reciprocidadeentre a equipe de enfermagem e a pessoa 
cuidada. Assim, o cuidado está relacionado com a interação entre seres humanos 
através da intersubjetividade, permitindo um encontro real e autêntico entre quem 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
16 
 
cuida e é cuidado, transcendendo o mundo meramente físico e material, fazendo 
contato com o mundo emocional e subjetivo da pessoa. 
Chistóforo et cols. (2006, p. 59 apud BASTOS, 2009) complementam que a 
relação de cuidado em enfermagem é uma relação humana, o que 
consequentemente implica a conjugação de dois seres humanos totalmente 
diferentes, uma vez que cada pessoa representa um universo inimaginável e 
irrepetível, que se rege por sentimentos, percepções, pensamentos, emoções e 
necessidades. 
Segundo Jean Watson, os fatores importantes no cuidar são: 
 praticar o amor; 
 a amabilidade; 
 a coerência dentro de um contexto de cuidado consciente; 
 ser autêntico; 
 estar presente; 
 ser capaz de praticar e manter um sistema profundo de crenças e um mundo 
subjetivo de sua vida e do ser cuidado; 
 cultivar suas próprias práticas espirituais e transpessoais de ser, mas além de 
seu próprio ego, aberto a outros com sensibilidade e compaixão; 
 desenvolver e manter uma autêntica relação de cuidado, de ajuda e 
confiança; 
 estar presente e dar apoio na expressão de sentimentos positivos e 
negativos, como uma conexão profunda com o espírito do ser e do ser que 
cuida do outro; 
 uso criativo do ser, de todas as formas de conhecimento, como parte do 
processo de cuidado para comprometer-se artisticamente com as práticas de 
cuidado e proteção; 
 comprometer-se de maneira genuína em uma experiência de prática de 
ensino e aprendizagem; 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
17 
 
 criar um ambiente protetor em todos os níveis, onde se está consciente do 
todo, da beleza, do conforto, da dignidade e da paz; 
 assistir as necessidades humanas conscientemente, administrando um 
cuidado humano essencial, o qual potencializa a aliança mente corpo, 
espírito; 
 estar aberto e atento à espiritualidade e à dimensão existencial de sua própria 
vida. 
Com esta breve explanação de algumas teorias, só nos resta discorrer sobre 
alguns fundamentos da prática de enfermagem, mas lembrando que existem muitas 
outras teorias e que estas, expostas até o momento, merecem aprofundamento, 
portanto, consultem as referências ao final da apostila e boas leituras. 
 
2.3 Os fundamentos filosóficos da Enfermagem 
Considerar o cuidado como a essência da profissão enfermagem conduz à 
reflexão sobre o compromisso dos profissionais de saúde com a orientação dos seus 
clientes centrada no autocuidado, o que pode se caracterizar como seu principal 
alvo no cotidiano de trabalho (GAUTHIER; HIRATA, 2001). 
Assim, considera-se também que pensar em saúde e em enfermagem é 
pensar em promoção da vida, com qualidade para vivê-la. Entende-se, dessa 
maneira, o saber/fazer que condiciona as ações e intervenções do profissional dessa 
área do conhecimento. A questão da implementação do processo de trabalho do(a) 
enfermeiro(a) volta-se, então, para a identificação de diagnósticos que lhe permite 
estabelecer um sistema de classificação de cuidados, demonstrando a necessidade 
de intervenções de enfermagem para o atendimento aos clientes. 
Defendemos, concordando com Santos et al. (2010), que a orientação 
principal para cuidar de pessoas considera a sua própria possibilidade de se tornar 
independente dos cuidados profissionais de baixa complexidade. Refere-se à 
responsabilidade pessoal de cada um na promoção de sua saúde, ou seja, no seu 
direito de bem viver a vida. 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
18 
 
A teoria de Nola Pender sobre o deslocamento do modelo assistencialista de 
saúde para uma perspectiva de comprometimento do cliente quanto ao seu bem-
estar no decorrer de sua vida cabe muito bem neste momento. Portanto, a 
orientação de enfermagem para o autocuidado institui o exercício da cidadania para 
o profissional e promoção da independência do cliente (SANTOS et al., 2010). 
A exigência para esse comprometimento leva à reflexão de que é 
imprescindível à enfermagem reconstruir o seu modo de cuidar específico e, 
principalmente, desvinculado de um modelo que privilegia a cura de doenças que 
afetam as pessoas. Fazer enfermagem aplicando seu conhecimento específico 
ressalta o exercício da autonomia de saber dos(as) enfermeiros(as), bem como 
fortalece sua identidade profissional. 
Filosoficamente podemos conjecturar que na enfermagem, a prática é um 
saber tanto teórico como prático. A aplicação dos sentidos humanos, a intuição e a 
experiência no trato com a imprevisibilidade dos seres humanos ressaltam a 
cientificidade dos enfermeiros, ou seja, o reconhecimento de que suas habilidades 
contribuem para a construção de um novo paradigma científico (SANTOS, 1997). 
A arte de cuidar consolida-se na parceria profissional/cliente, pois cuidando 
com intenções e ações a partir do compartilhamento de saberes entre enfermeiro e 
cliente descaracteriza um cuidar vendo as pessoas apenas como objeto de trabalho 
(SANTOS et al., 2006). 
Cuidar em enfermagem é busca de integração, espaço institucional e 
liberdade, desafiando o medo do desconhecido e enfrentando riscos inerentes ao 
crescimento. Os desafios do cuidar assumindo o verdadeiro papel profissional 
conduzem o enfermeiro e o cliente à sua autonomia (TAVARES, 1998). 
Além dessas concepções, considera-se que, para implementar uma 
perspectiva que torne viável a parceria cliente/profissional na promoção de suas 
vidas com bem-estar, é necessário pensar em outras concepções aplicáveis a uma 
ciência que, ao se reconstruir a cada dia, acrescenta mais sensibilidade ao seu 
desenvolvimento. Desse modo, reflete-se sobre a enfermagem no sentido de que 
sua cientificidade pode ser estabelecida através dessa sensibilidade impregnada no 
seu saber/fazer e em produzir conhecimentos. 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
19 
 
Assim, encontramos na sociopoética uma abordagem no conhecimento do 
homem como ser político e social, que tem como princípios filosóficos: a importância 
do corpo como fonte de conhecimento; a importância das culturas dominadas e de 
resistência e dos conceitos que elas produzem; o papel dos sujeitos de investigação 
como corresponsáveis pelo conhecimento produzido; o papel da criatividade no 
aprender, no conhecer e no investigar; a importância do sentido espiritual, humano, 
das formas e conteúdos do processo da construção do conhecimento (SANTOS et 
al., 2005). 
 
2.4 Os fundamentos teóricos da Sociopoética 
O criador da sociopoética, Jacques Gauthier, esclarece que essa abordagem 
é, também, um desenvolvimento da Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire (2006), 
caracterizando um amadurecimento da filosofia dialógica desse grande educador 
brasileiro ao enfatizar que não devemos dizer ou impor ao povo nossa visão de 
mundo, mas sim, adotar uma postura de respeito mútuo e intercâmbio entre 
conhecimentos intelectuais e populares. Observando-se como acontece a interação 
entre cliente e profissional, indispensávelao cuidar, reflete-se que, ideologicamente, 
na enfermagem existe concordância com essa postura dialógica. 
Por ser a enfermagem uma profissão privilegiada devido à proximidade dos 
profissionais com as pessoas nos seus momentos de sofrimento e/ou prazer, pode-
se parodiar a assertiva de Augusto Boal: o cuidar em enfermagem é a arte de nos 
vermos humanos nos seres humanos; é a arte de aprender a viver, vivendo com a 
nossa humanidade (SANTOS et al., 2010). 
A Escuta Sensível, teorizada por René Barbier, é outra prática, vem sendo 
adotada como uma tecnologia de apoio para Sistematização da Assistência de 
Enfermagem (SAE), proporcionando resultados caracterizados em diagnósticos de 
impossível obtenção quando se emprega apenas tecnologias leves - duras, através 
de equipamentos e aparelhos (CORRÊA, SANTOS, ALBUQUERQUE, 2008). 
Portanto, a proposta de Barbier facilita a expressão de subjetividade que 
ajuda na reconstituição do equilíbrio físico, mental e espiritual do cliente, sendo 
assim reconhecida na enfermagem como Escuta Terapêutica. Definindo-se como a 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
20 
 
capacidade de sentir o universo afetivo, imaginário e cognitivo do outro, 
possibilitando-lhe a compreensão do que se expressa a partir do mais profundo e 
interior do ser humano, as atitudes e os comportamentos, o sistema de ideias, de 
valores, de símbolos e de mitos (BARBIER, 2002). Enfim, essa modalidade de 
escuta torna-se uma tecnologia a ser empregada na ciência do sensível que é a 
enfermagem, quando desenvolvida num paradigma estético, passando a orientar os 
princípios filosóficos que simultaneamente os sociopoetas seguem. 
A utilização dessa tecnologia no cuidar recorda uma humanidade refletida e 
assumida, pois, segundo o autor da escuta sensível, uma pessoa só existe pela 
presença de um corpo, de uma imaginação, de uma razão, de uma afetividade em 
permanente interação. Daí que os sentidos corporais humanos são desenvolvidos 
na pesquisa sociopoética quando se aplica a escuta sensível. Tais sentidos, junto às 
emoções, sensibilidade, sentimentos, intuição e razão, corroboram um dos cinco 
princípios sociopoéticos que devem permear o universo do enfermeiro (SANTOS et 
al., 2010). 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
21 
 
UNIDADE 3 – A ARTE DE CUIDAR 
 
Embora tenhamos discorrido exaustivamente sobre o cuidado na perspectiva 
de diversas teorias, vamos refletir um pouco mais sobre a arte de cuidar, tamanha 
sua dimensão e importância para o binômio cliente-paciente. 
Pois bem, a palavra cuidar é derivada do latim cogitare, que tem como 
significado pensar, julgar, tomar conta, e cuidado deriva de cogitatus, que traduz 
preocupação, carinho, diligência e atuação. Dessa forma, para cuidar de pessoas é 
preciso dispensar atenção e interesse sobre as necessidades dela, refletir sobre 
todos os elementos relacionados ao ambiente de cuidado e então agir a favor do 
indivíduo (SOUZA, 2000). 
Segundo Paes (2009), o cuidado de enfermagem tem sido compreendido 
comumente como técnicas e procedimentos realizados pelos profissionais, uma vez 
que a Enfermagem é uma área perfilada por seu aspecto prático. No entanto, ao se 
deparar com o ser cuidado, o profissional de enfermagem reconhece que é 
impossível cuidar sem abarcar os diferentes aspectos de sua natureza física, social, 
psicológica e espiritual. Para isso, sua relação com o ambiente necessita ser 
considerada para que resulte em condições propícias para que o cuidado ocorra de 
forma interativa entre os elementos: cuidador – ambiente – ser cuidado (WALDOW, 
2005). 
O cuidado ultrapassa a compreensão comum e vai além da atenção à saúde 
desenvolvida por procedimentos técnicos. Reporta-se a ações de integralidade com 
significados e sentidos voltados para a promoção da saúde, como o direito do ser 
humano, expresso pelo respeito, acolhimento, atendendo ao indivíduo no momento 
de fragilidade social e/ou de sofrimento, em que a interação entre pessoas se torna 
característica desse contexto (PINHEIRO; MATOS, 2004). 
Para que a interação se efetive, há necessidade de compreender que ela se 
faz pela troca de experiências e não unidirecionalmente (STEFANELLI, 2005 apud 
PAES, 2009). No modelo biomédico hegemônico existem poucos espaços para a 
escuta dos pacientes e de seus anseios, tensões e sofrimentos. Esses sentimentos 
estão presentes de modo intenso e contínuo no processo de adoecimento, 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
22 
 
principalmente nos casos em que os pacientes se deparam com a ausência de 
prognóstico de cura. 
Destarte, o cuidado profissional auxilia o indivíduo no enfrentamento de 
situações relativas à doença, na redução do impacto e sofrimento causados por ela, 
bem como dá oportunidade às pessoas de expressar e compartilhar seus 
sentimentos (LACERDA; VALLA, 2005). 
O cuidado se traduz no ato de reciprocidade prestado a nós mesmos e que 
nos torna capazes e autônomos para prestá-lo a outros que apresentam definitiva ou 
temporariamente necessidade de ajuda (COLLIÈRE, 1999 apud PAES, 2009). A 
natureza do cuidado se torna imprescindível à Enfermagem como disciplina e 
profissão, pois o cuidado não se desenvolve no vazio, mas no contexto em que está 
inserido, levando em conta as experiências humanas, a subjetividade, a consciência 
e a vida, sentindo primeiramente em si próprio, para então buscá-las no outro 
(SILVA, 2000 apud PAES, 2009). 
O cuidado é o resultado do processo de cuidar, que se distingue pelo 
encontro entre o ser cuidado e o cuidador em ambiente propício, envolto por 
comportamentos e atitudes que se destacam pelo respeito, gentileza, 
responsabilidade, interesse, segurança e oferta de apoio, confiança, conforto e 
solidariedade. Entretanto, é importante destacar que esses fatores só são efetivados 
em ambiente interacional e comunicacional, uma vez que ao faltarem interação e 
comunicação o cuidado se torna simples procedimento técnico (WALDOW, 2005). 
Os profissionais de enfermagem ao assumir seus papéis com 
responsabilidade tendem a sentir-se integrados ao seu meio e, assim, aprimorar sua 
percepção. Nesse sentido, passa a existir a oportunidade de experimentar 
sentimentos de motivação com elevação da autoestima ao se perceber como 
profissional competente, capaz de contribuir com a sociedade ao cuidar do outro em 
suas necessidades básicas humanas (BISON, 2003). 
Entretanto, de forma geral, a academia tem discutido pouco sobre o cuidado 
com foco na integralidade do ser humano, o que acaba resultando no despreparo 
dos profissionais de saúde para lidar com as situações que se apresentam no 
cotidiano da prática profissional (LACERDA; VALLA, 2005). 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
23 
 
A preocupação de ser reconhecido como profissional com atribuições e 
competências para o cuidado não se deve centrar unicamente em aplicação de 
técnicas e procedimentos. A percepção do cuidado deve ser ampliada ao levar em 
consideração igualmente a percepção daquele que recebe o cuidado por intermédio 
dos processos comunicacional e interacional (WALDOW, 2007). 
O cuidado humano de enfermagem é imbuído de sentimentose valores que 
podem fortalecer ou enfraquecer as oportunidades de criar vínculo e interação entre 
o cuidador e o ser cuidado. Para isso, as pessoas que estão envolvidas nesse 
cuidado necessitam perceber o outro e suas necessidades, o ambiente e os fatores 
a eles relacionados e, não menos importante, a percepção de si mesmas (BISON, 
2003). 
A percepção é entendida como processo interativo do indivíduo com o meio 
ambiente, em que se adquire conhecimento por meio dos sentidos. Seu conceito, de 
modo mais amplo, é caracterizado pelo processo de cognição em que os 
procedimentos mentais se realizam mediante o interesse ou a necessidade de 
estruturar nossa interface com a realidade e o mundo e selecionar as informações 
percebidas, armazenando-as e conferindo-lhes significado. Ela pode ser 
considerada um dos principais comportamentos recorrentes, através dos quais 
construímos nossa realidade (OLIVEIRA; DEL RIO, 1999). 
O termo percepção designa o ato que nos proporciona condições para 
conhecermos um objeto do meio exterior. A maior parte de nossas percepções 
conscientes provém do meio externo, pois as sensações dos órgãos internos não 
são conscientes na maioria das vezes e desempenham papel limitado na elaboração 
do conhecimento do mundo. Trata-se a percepção como uma situação subjetiva 
baseada em sensações, acompanhada de avaliação e frequentemente de juízos. 
Assim, é possível perceber o ambiente de várias maneiras, em que 
indivíduos diferentes percebem um mesmo espaço de forma distinta (OLIVEIRA; 
DEL RIO, 1999). 
A percepção das ações de enfermagem se torna referência para se ter 
consciência dos elementos que norteiam e fortalecem a relação entre o profissional 
de enfermagem e a pessoa cuidada no ambiente e no instante do cuidado. 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
24 
 
Confirma-se que a percepção é subjetiva e importante para nutrir a essência 
do momento do cuidado, dignificando a condição de ser humano, dando-lhe 
oportunidade de fortalecer sua autonomia (RIVERA ÁLVAREZ; TRIANA, 2007 apud 
PAES, 2009). 
 
3.1 Atendendo necessidades e desejos 
Temos visto até o momento a questão do cuidado com o paciente, com seus 
familiares, com o profissional da enfermagem. Alguns destes autores, como 
Figueiredo et al. (2003), vem algum tempo se propondo a ampliar esse 
entendimento da enfermagem para além desse cuidado, partindo do discurso 
ecológico, ou seja, todos nós vivemos em um grande sistema aberto, em que faz 
trocas ao se relacionar com os outros, ao procriar seus filhos, ao estudar, ao ensinar 
e ao trabalhar. 
Esse entendimento se fundamenta num registro de Guattari (1995), 
chamado de Ecosofia – uma filosofia ecológica –, que exige uma compreensão 
sobre o ambiente em que tudo acontece, sobre as relações pessoais (ninguém vive 
sem se relacionar com o outro de modo concreto) e sobre a subjetividade humana 
(tudo aquilo que envolve o subjetivo, nosso modo de ser e de pensar, nem sempre 
expressado de forma clara). 
Assim, o ambiente do cuidado pode estar no hospital, no posto de saúde, 
nas instituições sociais e religiosas, nas ruas, nas praças, nos clubes, nas saunas, 
nos presídios, nos espaços de prostituição. Isso significa que é preciso pensar um 
macro ambiente (o próprio mundo) e um microambiente (um pedaço do todo: 
hospital, nossa casa, nosso trabalho). Nada é isolado do todo, o todo não é isolado 
de sua parte. 
Os mesmos autores nos cobram estar atentos a tudo que acontece ao nosso 
redor, principalmente no ambiente de trabalho, pois de alguma maneira somos nós 
quem fazemos a ponte entre os demais profissionais, o cliente/paciente, sua família, 
que buscamos equilibrar o sistema institucional de saúde. 
Pois bem, os cuidados envolvem a circulação do ar não somente de forma 
adequada, mas para deixar o ambiente sadio e agradável; envolvem uma iluminação 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
25 
 
que não incomode o cliente; manter os ruídos num nível suavizado; manter 
igualmente limpos os ambientes, o leito, os sanitários, os materiais usados pelo 
cliente de maneira higiênica e esterilizada, até mesmo móveis em boa aparência. 
Evidente que deveria partir da administração a atenção para esses cuidados, 
provendo com recursos e mobiliários, utensílios necessários, mas o cuidar deles, o 
zelo, pode partir de nós mesmos no cotidiano. 
Uma vez que vivemos em um ambiente amplo, a partir do momento que 
necessitamos ficar “presos” a uma cama de hospital, a vida nos mostra aquela 
pequena parcela que muitas vezes é, digamos, ‘feia’ e podemos perder um tanto da 
autoestima, somando-se a ela, sentimentos de tristeza, de desprezo podem 
contribuir de maneira negativa e ao contrário de nos fortalecermos, podemos 
somatizar e arrastar o estado de ‘doente’. 
Então, é chegado o momento de amenizar esses sentimentos e buscar 
atender para além das necessidades básicas, irmos de encontro aos desejos dos 
nossos clientes. 
Criar um ambiente agradável exige uma investigação detalhada sobre os 
hábitos e estilos do cliente. Por exemplo, onde mora, como é sua residência e o que 
há dentro dela, se gosta de música e que tipo gosta de ouvir, se gosta de ler e que 
leitura faz, se gosta de ver TV e qual é o programa de sua preferência, que religião 
pratica, a que horas se alimenta, como faz sua higiene corporal, qual é o seu lazer 
preferido. Isso é o mínimo que deveríamos saber sobre aqueles de quem cuidamos 
e com quem passamos parte do nosso tempo. 
Conhecendo esses fatos, poderemos fazer um diagnóstico de suas 
necessidades e de seus desejos, que ultrapassam as suas dimensões biológicas. 
Sabemos que as pessoas, com ou sem saúde, têm necessidades humanas 
básicas a serem atendidas. A maioria são de ordem biológica, mais concretas e 
ligadas à sobrevivência humana. 
A teoria das necessidades humanas básicas de Maslow (1968) e sua 
apropriação por Horta (1995) – autores que ainda hoje são atuais para apoio teórico 
no cuidado – , classifica essas necessidades da seguinte maneira: 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
26 
 
1. Necessidade de oxigenação – respirar, viver. 
2. Necessidade de eliminação – tudo que entra no organismo e não é 
absorvido, além dos resíduos provenientes da nutrição e das trocas químicas 
celulares, devem ser eliminados. 
3. Necessidade de alimentação – não é possível viver sem se alimentar. 
Essas três primeiras são fundamentais para a manutenção da vida. O não-
atendimento delas provoca doenças e até a morte. 
4. Necessidade de pertencer – todo ser humano deve ter uma ligação com 
alguém, geralmente sua família. 
5. Necessidade de segurança – fundamental para manter o equilíbrio na 
vida, no trabalho, na doença. 
6. Necessidade de amor – todos precisamos ser amados e isso envolve 
vários tipos de amor, inclusive o da enfermagem pelo ser humano. 
 
Elementos que compõem desejos e necessidades humanas 
 
 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
27 
 
Em qualquer que seja a situação, todo ser humano tem necessidades 
(clientes, equipe de saúde, funcionários técnicos, família etc.), e todas elas devem 
ser consideradas. 
As necessidades básicas não são as únicasresponsáveis pela vida e pela 
alegria de viver. O desejo é fundamental como dimensão subjetiva que move o 
corpo a desejar, querer, sonhar, imaginar, lutar, ser livre, criar, escolher. Embora 
essa palavra esteja marcada por um processo histórico e religioso no qual sempre 
esteve ligada à carne e ao ato sexual, com um forte sentido erótico, a nossa visão 
teórica apoia-se em outros autores que falam sobre o desejo (FIGUEIREDO et al., 
2003). 
Teixeira e Figueiredo (2001) publicaram um livro em que os autores, entre 
várias conclusões, afirmam que a enfermagem tradicional, apoiada na pedagogia de 
um sujeito passivo (cliente), entende a necessidade do sujeito como sobrevivência, 
alguém que precisa de nós para ser educado e cuidado, uma vez que somos 
técnicos de saúde que detêm o saber e o poder sobre os seus corpos, descritos pela 
cultura biomédica. Portanto, necessidade é sobrevivência biológica: os órgãos e 
sistemas do corpo precisam respirar, alimentar, eliminar, amar (sobrevivência 
objetiva). 
O desejo, por sua vez, é motivado por impulsos que estimulam o sujeito para 
vida, para superar problemas, adquirir coisas; é de ordem subjetiva. Hoje 
entendemos que é necessário considerar essas duas dimensões no cuidado. 
No entanto, a necessidade não é apenas aquela da concepção humana de 
Maslow, nem o desejo é apenas demanda psicológica com origem na necessidade. 
O desejo tem autonomia: quando o sujeito tem sede, ele necessita de água, mas 
pode desejar beber água com gás, na garrafa, na lata, etc. 
Assim, o homem desejante de quem a enfermagem cuida é um sujeito 
singular, único (não existe outro igual a ele), e deve receber um ambiente em que 
possa viver os dias de internação sem muito sofrimento. Podem existir doenças 
iguais (diabetes, por exemplo), mas as pessoas são outras, com outras origens, 
outros estilos, outras histórias, outras vivências e experiências, inclusive a de ser 
diabético. 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
28 
 
Enfim, o cliente é um ser único que quer se realizar, que não pode ser 
generalizado e que tem dimensão inconsciente. 
Quando a enfermagem focaliza as necessidades para cuidar, ela está 
usando uma base instrumental-funcional como profissional do saber-fazer. Porém, 
quando inclui o desejo no cuidado, ela utiliza uma base sensível como profissional 
que aparentemente sabe e pode, porque essa base sugere uma estética da vida. Se 
cuidarmos tendo em conta essas duas bases, estaremos criando uma ruptura com 
aquilo que fizemos e ensinamos ao longo de nossas vidas de enfermeiros e 
docentes de enfermagem. Estaremos incluindo mudanças e transformações, quem 
sabe até criando outras necessidades e desejos não só para os clientes, mas 
também para a enfermagem. 
Por fim, ao adoecer e internar-se, o sujeito muda de seu habitat natural (sua 
casa) para um outro hábitat (o hospital). Uma vez internado, a enfermagem deve 
criar condições para que o cliente mantenha suas necessidades e desejos aguçados 
e assim mantenha a vontade e o impulso de voltar para o fluxo da vida. 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
29 
 
UNIDADE 4 – ÉTICA, BIOÉTICA E HUMANIZAÇÃO 
 
Apesar de toda a evolução do conhecimento e da tecnologia na área da 
saúde, o instrumental mais importante para cuidar do ser humano continua sendo o 
cuidado. 
Paralelamente, o simples fato da disponibilidade de um determinado 
conhecimento ou tecnologia não é argumento válido o bastante para aplicá-lo em 
toda e qualquer situação da prática profissional. Sempre será necessário analisar os 
aspectos positivos e negativos de qualquer ação, tendo por referência os valores 
que dão origem à mesma, seja para a pessoa assistida, seja para grupos da 
população. O estudo e análise desses aspectos, ou seja, do valor de uma ação, é o 
que se denomina, no seu sentido amplo, ética (TOCANTINS; SILVA; PASSOS, 
2003). 
A ética pode ser entendida como o “estudo dos juízos de apreciação 
referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de visto do bem e 
do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto”. 
(FERREIRA, 2004). Nesse sentido, a ética sempre irá referir-se ao valor da ação 
humana, à ação de um ser consciente, racional e com liberdade para optar por este 
ou aquele valor para fundamentar o seu agir em determinadas situações da vida. A 
pessoa, o ser humano, é o valor central de tudo quanto nos rodeia. 
Contudo, mesmo com essa liberdade de agir de cada ser humano, o valor 
deste agir é constituído concretamente mediante relações com outros seres 
humanos. Assim, os orientadores da validade dos valores do agir de cada ser 
humano são o convívio e o aprendizado das regras e valores de diferentes grupos 
humanos. 
Falar em ética nos reporta quase que automaticamente para a moral! Esta 
palavra moral tem sua origem no latim (more) e remete aos usos e costumes. O 
conjunto de regras de conduta consideradas como válidas, quer de modo absoluto, 
para qualquer tempo ou lugar, quer para grupos ou pessoa determinada, é 
denominado moral. Como conjunto de normas e costumes, ao mesmo tempo em 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
30 
 
que tende a regulamentar o agir das pessoas, a moral oportuniza refletir sobre o 
valor do agir humano. Com esse entendimento, a ética é o estudo, a análise, a 
discussão da moral do agir humano em determinada realidade. 
Enquanto a regra moral é ideal e se fundamenta no respeito a essas regras 
a partir de convicções próprias de cada ser humano, a regra legal é uma norma 
prática, de aplicação compulsória e faz agir por obrigação externa, por conformidade 
à lei. 
Nesse sentido, o questionamento quanto à eticidade de determinada ação 
ocorre quando existem dúvidas quanto à adequação moral de cada escolha, quando 
a escolha envolve proposições opostas ou uma situação com apenas duas 
possibilidades de ação difíceis ou penosas, ou seja, um dilema ético (TOCANTINS; 
SILVA; PASSOS, 2003). 
A ética, de forma geral, ocupa-se da análise do que é bom (ou correto) e do 
que é mau (ou incorreto) no agir humano. A ética aplicada, nessa mesma linha de 
pensamento, trata de questões relevantes à pessoa e à humanidade. 
A partir de 1960, a preocupação mundial com as questões morais em 
diferentes setores da sociedade fez emergir, segundo Clotet (1997), entre outras: 
 ética dos negócios, em que a questão da corrupção e abusos econômico-
financeiros passaram a ser objeto de discussão; 
 ética ambiental, envolvendo principalmente os valores a fundamentar a 
defesa da preservação e proteção do meio ambiente; 
 bioética, cujo objeto de estudo ético tem como realidade a vida dos seres 
humanos em geral, significando um diálogo para formular, articular e resolver 
dilemas que emergem das propostas de pesquisa e intervenção sobre a vida, 
a saúde, o meio ambiente. 
Ao focalizar a reflexão ética no fenômeno da vida, e considerando o 
dinamismo dos eventos vitais, as temáticas tratadas pela Bioética podem ser 
subdivididas em: aquelas que emergem dos conflitos entre o progresso das ciências 
e os direitos humanos, como a fecundação artificial, a clonagem; e aquelas 
presentes no cotidiano das pessoas, como a eutanásia, o aborto, a violência. 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31)3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
31 
 
A Bioética é o estudo sistemático das dimensões morais – incluindo visão 
moral, decisões, condutas e políticas – das ciências da vida e atenção à saúde, 
utilizando uma variedade de metodologias éticas em um cenário interdisciplinar. 
(REICH, 1995 apud TOCANTINS; SILVA; PASSOS, 2003). Com esse entendimento, 
a Bioética envolve o estudo sistemático da conduta humana na área das ciências da 
vida e da atenção à saúde, conduta esta examinada à luz dos valores e princípios 
morais (GONÇALVES, 1994). 
No que se refere aos cuidados e à atenção à saúde, e tendo por base a sua 
diretriz central, os valores que fundamentam o agir no setor saúde podem ser 
agrupados em: 
 orientados por recursos – na situação em que a diretriz central são os 
recursos, predomina o valor do custo-benefício, isto é, a relação entre o custo 
de investimentos em recursos financeiros, materiais e recursos humanos e o 
benefício de alcançar o máximo de saúde; 
 orientados por doenças – quando a diretriz central é a doença, o valor 
presente é de que qualquer problema de saúde pode ser eliminado pela 
aplicação de tecnologias médicas e de saúde. Nesse contexto, ela é 
entendida como a ausência de qualquer doença, entendida por sua vez como 
apresentando um fundamento fisio-biológico particular, passível de ser 
diagnosticado pelo profissional de saúde. Assim, o valor positivo da 
assistência de saúde é o adequado tratamento dos indivíduos que 
apresentam uma doença, contribuindo para a eliminação de sinais e sintomas 
fisio-biológicos, caracterizados como situação de anormalidade; 
 orientados por decisões políticas – o agrupamento das ações que envolvem 
decisões políticas trazem em destaque os valores e interesses das lideranças 
políticas, que em princípio expressam os problemas de saúde da população 
de uma região ou país, envolvendo implicitamente a questão do direito como 
cidadão, a saúde e equidade no acesso a serviços; 
 orientados por valores de clientes e familiares – o agir no setor saúde, que 
tem como diretriz central os clientes e seus familiares, apresenta como valor 
central os valores daqueles que se beneficiam da assistência à saúde. 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
32 
 
Nessa situação, as necessidades concretas de assistência de saúde da 
pessoa ou de grupos da população são concebidas não como uma concepção 
abstrata, mas, tendo por referência problemas vivenciados, como a única forma 
possível de garantir o preenchimento do seu direito à saúde e ao bem-estar. 
Os valores da atenção à saúde podem ser refletidos e analisados, no sentido 
ético, tendo por fundamento princípios morais. Os princípios que orientam a análise 
de dilemas éticos, tanto aqueles que emergem da vida em geral quanto aqueles que 
envolvem o setor saúde (como os valores da prática profissional), são o respeito à 
autonomia, à beneficência, à não-maleficência e à justiça (BEAUCHAMP; 
CHILDRESS, 1994 apud TOCANTINS; SILVA; PASSOS, 2003). 
A concepção central que fundamenta o princípio da autonomia é a 
autogovernabilidade, a de que cada pessoa é soberana para decidir tudo o que se 
refere ao seu corpo, ao seu pensar e ao seu agir. Está implícita a perspectiva social 
de respeito a outro ser humano, ou seja, o respeito à autonomia de modo recíproco. 
O princípio do respeito à autonomia tem como valor fundamental que cada 
ser humano é capaz de decidir sobre o que é melhor para si mesmo e para seu 
grupo. Assim, não considerar essa capacidade, seja negando a liberdade pessoal e 
social de agir, seja omitindo informações disponíveis que subsidiam o julgamento do 
seu agir, significa faltar com respeito a essa autonomia. Alguns trechos do 
Juramento Profissional do Enfermeiro - “respeitando a dignidade e os direitos da 
pessoa humana, exercendo a enfermagem com consciência e fidelidade”; “respeitar 
o ser humano desde a concepção até depois da morte” – focaliza como valor central 
o respeito pela autonomia daquele que é assistido e a responsabilidade pelo seu 
agir profissional. 
Paralelamente, faz-se importante destacar que o reconhecimento, total ou 
parcial, da capacidade de julgamento e decisão de uma pessoa, pode variar de 
acordo com a cultura do grupo ou sociedade que integra. Dessa forma, aqueles que 
na nossa sociedade são considerados legalmente imaturos (menores de idade), 
aqueles considerados incompetentes para fazerem julgamentos ou se 
autogovernarem (doentes mentais) ou aqueles institucionalmente impedidos de 
exercerem a sua liberdade de ação (presidiários) requerem proteção da sua 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
33 
 
autonomia para, em última instância, não serem desrespeitados como seres 
humanos. 
O princípio da beneficência tem o bem como fundamento básico de toda e 
qualquer ação profissional de saúde, isto é, o valor moral de agir em benefício de 
outros. Com esse entendimento, a assistência à saúde visa sempre os interesses do 
cliente, da família e da comunidade. 
A beneficência distingue-se da benevolência; enquanto a primeira refere-se 
à característica da ação que visa o bem, a segunda caracteriza a atitude de boa 
vontade de uma pessoa em relação a outra. O bem visado pela ação do enfermeiro 
– e explicitamente detalhada no seu juramento profissional – é a vida, tanto na 
dimensão individual como coletiva (“respeitar o ser humano desde a concepção até 
depois da morte”; “atuar junto à equipe de saúde para o alcance da melhoria do nível 
de vida da população”) (TOCANTINS; SILVA; PASSOS, 2003). 
O princípio da não-maleficência tem como valor máximo que qualquer ação 
deve, em primeira instância, não infligir dano intencional (primum non nocere). Esse 
princípio também está explícito no juramento profissional do enfermeiro – “não 
praticar atos que coloquem em risco a integridade física ou psíquica do ser humano”. 
Muitos autores entendem que o valor desta ação profissional “não causar 
dano” é complementar ao valor do princípio da beneficência, especificando que uma 
ação benéfica deve priorizar em primeiro lugar “não colocar em risco a saúde e a 
vida” e em segundo lugar “maximizar os benefícios”. Essa priorização, denominada 
“dever prima facie”, justifica-se pelo fato de, ao prevenir um dano intencional, o 
profissional está concretamente tendo em vista um bem. 
A distribuição justa, equitativa, apropriada e universal no que se refere aos 
benefícios dos serviços e das ações dos agentes de saúde é o valor que compõe o 
princípio da justiça aplicado ao setor da saúde e à prática profissional, também 
chamado Justiça Distributiva. É um dos valores implícitos no juramento do 
profissional enfermeiro: “atuar junto à equipe de saúde para o alcance da melhoria 
do nível de vida da população”. 
O Princípio da Justiça Distributiva inclui o entendimento de que o Estado, 
nos seus diferentes níveis, tem como dever promover o direito à saúde universal, 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
34 
 
isto é, o bem-estar coletivo. Apesar de todos os valores sociais deverem ser 
distribuídos igualmente – critério da equidade –, uma distribuição desigual tem valor 
moral positivo desde que redunde em vantagem para todos, especialmente os mais 
necessitados. 
Nesse contexto, é importante não confundir os termos justiçae direito; a 
justiça refere-se a um critério moral, enquanto o direito é concretizado no convívio 
em sociedade. 
Uma das áreas na qual a Ética sempre ocupou um lugar de destaque é a da 
saúde, particularmente em questões que envolvem vida e morte. Com a evolução e 
a diversificação das práticas no setor saúde, emerge a particularidade de diferentes 
ações profissionais, entre as quais, os de Enfermagem, que por sua vez 
fundamenta-se em valores distintos. 
O conteúdo nuclear da enfermagem pode ser descrito por meio de três 
conceitos centrais: 
 ser humano – aquele que é assistido e recebe cuidados de enfermagem, 
podendo estar representado por uma pessoa, uma família, uma comunidade 
ou grupos da sociedade; 
 meio ambiente – representado pelos arredores institucionais imediatos, a 
comunidade ou o entorno social, que se relaciona de modo direto e/ou 
indireto com o ser humano; 
 saúde – expresso pelo bem-estar, individual e/ou coletivo, decidido 
mutuamente pelo ser humano assistido e o enfermeiro. 
A articulação da especificidade destes conceitos aponta para os valores e a 
direção de seus fatos e eventos, valores estes expressos no Código de Ética desses 
profissionais que veremos mais adiante. 
Não! Não nos esquecemos da questão da humanização! 
A humanização é um processo de construção gradual, realizada através do 
compartilhamento de conhecimentos e de sentimentos (BARAÚNA, 2007). 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
35 
 
As ações de humanização englobam muitas e diversificadas práticas 
profissionais que vêm sendo introduzidas no tratamento de pessoas hospitalizadas 
(a psicologia, a terapia ocupacional, a arteterapia, a contação de histórias, a arte do 
palhaço, as artes plásticas, o toque terapêutico, a massoterapia, etc.) (BARAÚNA, 
2007). 
Nas ações da humanização, procura-se resgatar o respeito à vida humana, a 
nossa e a do paciente. Mais do que isso, humanizar é adotar uma prática na qual o 
enfermeiro, o profissional que cuida da saúde do próximo, enfim, toda a equipe 
multiprofissional do hospital, encontre a possibilidade de assumir uma posição ética 
de respeito ao outro, de acolhimento do desconhecido, do imprevisível, do 
incontrolável, do diferente e singular, reconhecendo os seus limites (CEMBRANELLI, 
2007). 
Quando falamos, portanto, em “humanização do atendimento”, não falamos 
apenas em resgatar o mais bonito do humano ou o quanto somos “maravilhosos”, 
mas resgatar-nos de uma forma mais inteira, mais coerente em todas essas nossas 
dimensões da comunicação. Temos que ser capazes de não ficar imaginando que 
“em algum lugar do planeta” nos comunicaríamos muito bem, mas sim entendermos 
que a nossa habilidade de comunicação passa pela verdade de sermos capazes de 
nos relacionar com quem existe à nossa volta; que as pessoas que nos rodeiam são 
os nossos professores de comunicação, e que melhorar a nossa comunicação 
significa conquistar o melhor de nós mesmos, significa colocarmos a atenção em 
dimensões que, muitas vezes, não a pomos (SILVA, 2007). 
De acordo com Brasil (2004), a humanização em hospitais envolve 
essencialmente o trabalho conjunto de diferentes profissionais, de toda a equipe. O 
trabalho interdisciplinar pode favorecer a uma multiplicidade de enfoques e 
alternativas para a compreensão de aspectos que estão envolvidos no atendimento 
ao paciente. Isto tudo pode colaborar para o estabelecimento de uma nova cultura 
de respeito e valorização da vida humana no atendimento ao paciente. 
É necessário mudar a forma como os hospitais se posicionam frente ao seu 
principal objeto de trabalho – a vida, o sofrimento e a dor de um indivíduo fragilizado 
pela doença. De nada valerão os esforços para o aperfeiçoamento gerencial, 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
36 
 
financeiro e tecnológico das organizações de saúde, pois a mais extraordinária 
tecnologia, sem ética, sem delicadeza, sem respeito, não produz bem-estar. Muitas 
vezes, desertifica o homem (BRASIL, 2004). 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
37 
 
UNIDADE 5 – O ESTRESSE DO PROFISSIONAL 
 
Vários autores consideraram a Enfermagem como uma profissão 
estressante, devido a vivência direta e ininterrupta do processo de dor, morte, 
sofrimento, desespero, incompreensão, irritabilidade e tantos outros sentimentos e 
reações desencadeadas pelo processo doença (BATISTA; BIANCHI, 2006). 
Nas unidades de emergência é exigido do enfermeiro, aumento da carga de 
trabalho e maior especificidade nas suas ações na prestação de suas tarefas. Os 
maiores estressores citados nesta área são: 
 número reduzido de funcionários; 
 falta de respaldo institucional e profissional; 
 carga de trabalho; 
 necessidade de realização de tarefas em tempo reduzido; 
 indefinição do papel do profissional; 
 descontentamento com o trabalho; 
 falta de experiência por parte dos supervisores; 
 falta de comunicação e compreensão por parte da supervisão de serviço; 
 relacionamento com os familiares; 
 ambiente físico das unidades; 
 tecnologia de equipamentos; 
 assistência ao paciente e situação de alerta constante, devido a dinâmica do 
setor (BATISTA; BIANCHI, 2006). 
Ainda existe, mesmo que entrelinhas, a dupla jornada de trabalho, os 
profissionais da enfermagem se obrigam a trabalhar em mais de uma instituição 
para aumento da renda familiar, além disso, o trabalho em turnos é uma 
característica da enfermagem, uma vez que a assistência é prestada 24 horas. 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 
38 
 
A verdade é que todas essas condições obrigam que o profissional trabalhe 
a noite, nos fins de semana e feriados, limitando assim, sua vida social (PAFARO; 
MARTINO, 2004). 
Os profissionais que trabalham na área de saúde apresentam acentuado 
risco ocupacional, considerando o estresse, por conviver constantemente com 
situações de sofrimento, depressão, dor, tragédia, etc. A enfermagem vive uma 
realidade de trabalho cansativo e desgastante gerada pela diversidade, intensidade 
e simultaneidade de exposição a cargas físicas, químicas, mecânicas, fisiológicas e 
psíquicas. Este ambiente de trabalho turbulento e conflitante colabora para o 
aparecimento do estresse que geralmente o profissional demora em perceber seu 
adoecimento. Por vezes, envolvido pela rotina do setor, a qualidade do atendimento 
acaba por tornar-se insatisfatório pelo paciente (HARBS et al., 2008). 
O estresse caracteriza-se por uma resposta adaptativa do organismo frente 
a novas situações, especialmente àquelas entendidas como ameaçadoras. É 
considerado um processo individual, com variações sobre a percepção de tensão e 
manifestações psicopatológicas diversas. No âmbito laboral pode produzir uma 
diversidade de sintomas físicos, psíquicos e cognitivos, por requerer respostas 
adaptativas prolongadas, para tolerar, superar ou se adaptar a agentes estressores, 
as quais podem comprometer o indivíduo e as organizações (PASCHOALINI et al., 
2008). 
De acordo com Stacciarini e Troccoli (2001), a palavra estresse tem sido 
muito recorrida, associada a sensações de desconforto, sendo cada vez maior o 
número de pessoas que se definem como

Continue navegando