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MATERIAL DIDÁTICO FUNDAMENTOS DA ENFERMAGEM EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA U N I V E R S I DA D E CANDIDO MENDES CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 Impressão e Editoração 0800 283 8380 www.ucamprominas.com.br Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas SUMÁRIO UNIDADE 2 – ENFERMAGEM: HISTÓRIAS, TEORIAS E FUNDAMENTOS........ 05 2.1 Histórias ............................................................................................................ 05 2.2 Teorias .............................................................................................................. 07 2.3 Os fundamentos filosóficos da Enfermagem ..................................................... 17 2.4 Os fundamentos teóricos da Sociopoética ........................................................ 19 UNIDADE 3 – A ARTE DE CUIDAR ....................................................................... 21 3.1 Atendendo necessidades e desejos .................................................................. 24 UNIDADE 4 – ÉTICA, BIOÉTICA E HUMANIZAÇÃO ............................................ 29 UNIDADE 5 – O ESTRESSE DO PROFISSIONAL ................................................ 37 5.1 Sintomas do estresse ........................................................................................ 40 UNIDADE 6 – SISTEMATIZAÇÃO E OPERACIONALIZAÇÃO DO PROCESSO DE ENFERMAGEM ........................................................................... 43 6.1 A sistematização da enfermagem ..................................................................... 43 6.2 O registro de enfermagem ................................................................................. 46 6.3 Classificações NANDA, NIC e NOC .................................................................. 47 UNIDADE 7 - O COFEN E A COMISSÃO DE ÉTICA ............................................ 56 7.1 Conselho Federal de Enfermagem .................................................................... 56 7.2 Comissão de ética de Enfermagem .................................................................. 58 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 62 3 Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO A Enfermagem é uma profissão de amplas atividades e abordagens, não podendo ser entendida apenas pela virtude da técnica, mas sim da prática científica, social, política, econômica, ética e estética que culmina, segundo Figueiredo et al. (2003), no ato de cuidar! Na enfermagem, a assistência humanizada visa ao ser humano em sua integralidade, ocupando-se tanto dos componentes adoecidos quanto dos sadios do ser, tais como o senso crítico e a espiritualidade. Para Watson (1979 apud DAL PAI e LAUTERT, 2005), a ciência do cuidado enfoca predominantemente a promoção da saúde e, para tanto, necessita expandir a visão de mundo e a habilidade de pensamento crítico. E, para Waldow (1998), o cuidado deve conjugar expressões de interesse, consideração, respeito e sensibilidade, demonstradas por palavras, tom de voz, postura, gestos e toques. Essa é a verdadeira expressão da arte e da ciência do cuidado: a conjugação do conhecimento, das habilidades manuais, da intuição, da experiência e da expressão da sensibilidade. Essencialmente, o Enfermeiro é um ser que se constrói no tempo, no espaço e nas relações cotidianas, isso quer dizer ser sensível, perceber situações que muitas vezes estão nas entrelinhas quando se relaciona com outro sujeito, o que o leva a ser um profissional que faz a diferença no cuidar. A palavra cuidar tem origem no verbo latino cogitare, que significa “imaginar, pensar, tratar, dar atenção”. Daí o sentido de “ter cuidado com a saúde de alguém”, que deu origem à palavra cuidado como ação. Para Figueiredo, Machado e Porto (1995), cuidado de enfermagem é uma ação incondicional do trabalho de enfermagem que envolve movimentos corporais, impulsos de amor, ódio, alegria, tristeza, prazer, esperança e desespero, energia que emana dos corpos, e disposição espiritual para agir, pensar e sentir todos os sentidos. É um ato libertador, que representa a essência de enfermagem porque é Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 4 ação humana, transcendente a práticas e emoções; é um ato político, que pode revolucionar o ambiente e o sujeito do cuidado. No setor de urgência e emergência, o papel do Enfermeiro é tão importante quanto nas demais áreas de atuação e talvez com uma atribuição mais complexa, pois além do cuidado terapêutico, a situação muitas vezes requer agilidade e muita concentração, pois vidas estão em risco. Acreditamos que esta breve introdução mostra os caminhos que vamos perseguir nesta apostila, ou seja, história e fundamentação da prática de enfermagem com foco na urgência e emergência. Todos nós possuímos uma história de vida e com as profissões não é diferente. Por isso acreditamos que conhecer a origem da sua especialidade é um bom começo de conversa. Deste modo, vamos tomar como ponto de partida o surgimento da enfermagem moderna com Florence Nightingale, o florescimento das teorias no campo da enfermagem e as tendências atuais. Esperamos que apreciem o material e busquem nas referências anotadas ao final da apostila subsídios para sanar possíveis lacunas que venha surgir ao longo dos estudos. Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas opiniões pessoais. Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo, podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos estudos. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 5 UNIDADE 2 – ENFERMAGEM: HISTÓRIAS, TEORIAS E FUNDAMENTOS 2.1 Histórias Foi no início do século XIX que o paradigma cientificista ganhou espaço tentando superar a concepção mágico-religiosa1 vigente até então. É nesse período que o nome de Nightingale ganha importância na área da enfermagem a partir da sistematização de um campo de conhecimentos, instituindo-se “uma nova arte e uma nova ciência”, para a qual é preciso educação formal, organizada sobre bases científicas (DAHER, SANTO; ESCUDEIRO, 2002 apud OLIVEIRA; PAULA; FREITAS, 2007). O trabalho da enfermeira britânica FloresceNightingale constituiu um marco para a história da enfermagem moderna. Atuou como enfermeira civil e voluntária na Guerra da Criméia (1854-1856), e, antes de sua chegada à região do conflito, os soldados encontravam-se no maior abandono. Poucos detinham os conhecimentos básicos para agir diante das emergências impostas, tanto que, durante essa guerra, a mortalidade entre os soldados chegou a 40%. Florence não conhecia o conceito de contato por microrganismos, uma vez que este ainda não tinha sido descoberto, porém já acreditava em um meticuloso cuidado quanto à limpeza do ambiente e pessoal, ar fresco e boa iluminação, calor adequado, boa nutrição e repouso, com manutenção do vigor do paciente para a cura. Ao longo de toda a Guerra da Criméia, Florence conseguiu reduzir as taxas de mortalidade entre os soldados britânicos, através de seus esforços como enfermeira e, provando a eficiência das enfermeiras treinadas para a recuperação da saúde. Até o momento, só homens e mulheres religiosos podiam cuidar dos soldados no exército. 1 Nesse modelo, os sacerdotes ou xamãs expulsavam os espíritos que causavam doenças. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 6 Ficou conhecida na história pelo apelido de “A dama da lâmpada”, pelo fato de servir-se deste instrumento para auxiliar na iluminação ao auxiliar os feridos durante a noite. Foi pioneira na utilização do Modelo biomédico, baseando-se na medicina praticada pelos médicos. Também contribuiu no campo da Estatística, sendo pioneira na utilização de métodos de representação visual de informações. As concepções teórico-filosóficas de enfermagem desenvolvidas por Nightingale tiveram como base observações sistematizadas e registros estatísticos extraídos de sua experiência prática no atendimento diário a doentes. Dessa vivência, foram obtidos quatro conceitos fundamentais: ser humano, meio ambiente, saúde e enfermagem. Esses conceitos, considerados revolucionários para sua época, foram revistos e, ainda hoje, se identificam com as bases humanísticas da enfermagem, tendo sido revigorados pela teoria holística (OLIVEIRA, PAULA, FREITAS, 2007). Segundo Oguisso (2005), as condições sanitárias do hospital de Scutari na Turquia, eram as piores possíveis, com excesso de feridos, muitos deitados no chão, poucos sanitários, falta de suprimentos para alimentação ou higiene e escassez de roupas, o que obrigava os pacientes a continuar com seus uniformes sujos de sangue e terra. Oguisso ressalta ainda que, em dois meses, Nightingale colocou ordem no hospital de campanha, o que lhe valeu a reputação de administradora e reformadora de hospitais; em seis meses, ela havia reduzido a mortalidade entre os feridos a 2%. No Brasil, encontramos em Edith de Magalhães Fraenkel, a organizadora e primeira diretora da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. Nascida no Rio de Janeiro (1889), neta de Benjamim Constant, e filha de cônsul, estudou na Alemanha, Suécia e Uruguai, dominando vários idiomas. Devido sua trajetória trazer muitos benefícios para o Brasil e para a classe, vamos falar um pouco sobre ela. Durante a primeira guerra, em 1918, fez o curso de Samaritana na Cruz Vermelha. Em 1920, fez o curso de visitadora na Inspetoria de Tuberculose do Departamento Nacional de Saúde Pública onde foi nomeada enfermeira-chefe. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 7 Edith Fraenkel candidatou-se e foi aceita, em 1922, na Escola de Enfermagem do “Philadelphia General Hospital” pela qual se diplomou em outubro de 1925. De volta ao Brasil, passou a lecionar na Escola Ana Néri onde permaneceu de 1925 a 1927 como instrutora e coordenadora do ensino. Em 1926, influiu na criação da Associação Nacional de Enfermeiras Diplomadas Brasileiras, hoje Associação Brasileira de Enfermagem (ABEN), da qual foi a primeira presidente de 1927 a 1938. Em 1927, foi nomeada enfermeira chefe do Departamento Nacional de Saúde Pública e no ano seguinte diretora da Divisão de Enfermeiras de Saúde Pública desse mesmo departamento. Em 1936 fundou no Rio de Janeiro a primeira Escola de Serviço Social a funcionar no Brasil. No ano de 1939 foi convidada pela Fundação Rockefeller para organizar e dirigir a Escola de Enfermagem a ser criada em São Paulo. Sua sábia e eficiente direção levou a Escola de Enfermagem de São Paulo a atingir, em poucos anos, padrão de ensino comparável ao das melhores instituições congêneres dos EUA. 2.2 Teorias Segundo Cianciarullo (2001), a enfermagem sempre se fundamentou em princípios, crenças, valores e normas tradicionalmente aceitas. A evolução da ciência, que possibilitou a compreensão da importância de pesquisar para constituir o saber, levou os enfermeiros a questionar esses preceitos tradicionais. No período de 1950, esse questionamento aumentou, fazendo surgir a necessidade de se desenvolver um corpo de conhecimento específico, o que seria possível somente pela elaboração de teorias próprias. Rolim, Pagliuca e Cardoso (2005 apud OLIVEIRA, PAULA E FREITAS, 2007) afirmam que a teoria no campo da enfermagem foi fundamentada na prática profissional. Elas constituem um modo sistemático de olhar o mundo para descrevê- lo, explicá-lo, prevê-lo ou controlá-lo. Dessa forma que a teoria de enfermagem é definida como uma conceitualização articulada e comunicada da realidade, Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 8 inventada ou descoberta, com a finalidade de descrever, explicar, prever ou prescrever o cuidado de enfermagem. Chinn e Kramer, Hickman, Carraro (s.d apud CARVALHO; DAMASCENO, 2003) defendem que as teorias de enfermagem promovem a identidade profissional, pois constituem a base na qual o profissional de enfermagem se apoia para explicar seu trabalho. Igualmente para Almeida, Lopes e Damasceno (2005), o uso de teorias na Enfermagem reflete um movimento da profissão em busca da autonomia e da delimitação de suas ações. Torna-se, portanto, de extrema relevância que as teorias possam ser analisadas quanto à sua aplicabilidade na prática. Para Cianciarullo (2001), as reflexões e a observação da prática conduziram à conclusão de que, no universo da enfermagem, os fenômenos e os conceitos centrais eram os seres humanos, o ambiente, a saúde e a própria enfermagem, ou seja, a ação profissional. Todos os modelos conceituais ou teorias foram construídos pelo relacionamento desses conceitos, e sua publicação data, majoritariamente, das décadas de 1960 e 1970. De modo geral, as teóricas de enfermagem têm utilizado teorias lançadas fora do âmbito da enfermagem como base de sustentação para o desenvolvimento de suas próprias teorias. Entre as que foram elaboradas fora da enfermagem e que têm sido aplicadas a esse campo, a fim de oferecer explicações para as relações entre homem, ambiente, saúde e enfermagem e guiar o processo de enfermagem, estão: a teoria de sistemas, da tensão e adaptação, do crescimento e desenvolvimento e do ritmo. No que tange à Teoria das Relações Interpessoais de Peplau, pode-se dizer que seus fundamentos são as do crescimento e desenvolvimento, como os estudos de Erick Fromm e, sobretudo, a Teoria Interpessoal de Harry Stack Sullivan (GEORGE, 2000). De forma geral, essas teorias adotam como pressuposto básicoque o crescimento e o desenvolvimento humano ocorrem de forma gradual até a realização do seu potencial máximo. O crescimento é entendido como um aumento relacionado ao tamanho e formas físicas, ordenado e com tendências regulares em Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 9 seu direcionamento, mas que acontece para cada pessoa em um padrão único influenciado por fatores intrínsecos e extrínsecos. O desenvolvimento, por outro lado, refere-se a mudanças funcionais no indivíduo, mais de caráter qualitativo, e que também recebem influências internas e externas (LEDDY; PEPPER, 1989 apud ALMEIDA, LOPES, DAMASCENO, 2005). A importância dessa teoria reside no fato de que o profissional passa pelas fases de orientação, identificação, exploração e resolução do problema na qual a enfermagem desenvolve diferentes papéis para auxiliar o paciente no desenvolvimento de suas necessidades, até que esse esteja pronto a assumir uma atuação independente da enfermagem (ALMEIDA, LOPES, DAMASCENO, 2005). A teoria de enfermagem do déficit de autocuidado (teoria geral de enfermagem de Dorothea Orem) é composta de três teorias inter-relacionadas ou seja, a do autocuidado, do déficit de autocuidado e do sistemas de enfermagem. Incorporados a essas três teorias, Orem preconiza seis conceitos centrais e um periférico. Os seis conceitos centrais, conforme Diógenes e Pagliuca (2003), são: autocuidado, ação de autocuidado, déficit de autocuidado, demanda terapêutica de autocuidado, serviço de enfermagem e sistema de enfermagem. O conceito periférico, a autora denominou de fatores condicionantes básicos, que é relevante para a compreensão de sua teoria geral de enfermagem (GEORGE, 2000). a) A Teoria do autocuidado: Para se entender a teoria do autocuidado, é necessário definir os conceitos relacionados, como os de autocuidado, ação de autocuidado, fatores condicionantes básicos e demanda terapêutica de autocuidado. Autocuidado é a atividade que os indivíduos praticam em seu benefício para manter a vida, a saúde e o bem-estar. Ação de autocuidado é a capacidade de o homem engajar-se no autocuidado. Fatores condicionantes básicos seriam a idade, o sexo, o estado de desenvolvimento, o estado de saúde, a orientação sociocultural e os fatores do sistema de atendimento de saúde. Na teoria do autocuidado incorpora-se o conceito dos requisitos de autocuidado: universais, desenvolvimentais e desvio de saúde. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 10 Os requisitos universais são comuns aos seres humanos, auxiliando-os em seu funcionamento, estão associados com os processos da vida e com a manutenção da integridade da estrutura e do funcionamento humano. Os requisitos desenvolvimentais ocorrem quando há a necessidade de adaptação às mudanças que surjam na vida do indivíduo. Os requisitos por desvio de saúde acontecem quando o indivíduo em estado patológico necessita adaptar-se a tal situação. Os requisitos para o autocuidado por desvio de saúde são: busca e garantia de assistência médica adequada; conscientização e atenção aos efeitos e resultados de condições e estados patológicos; execução de medidas prescritas pelo médico e conscientização de efeitos desagradáveis dessas medidas; modificação do autoconceito (e da autoimagem) na aceitação de si como estando num estado especial de saúde; aprendizado da vida associado aos efeitos de condições e estados patológicos, bem como de efeitos de medidas de diagnósticos e tratamentos médicos, num estilo de vida que promova o desenvolvimento contínuo do indivíduo. Os requisitos de autocuidado são: manutenção e ingesta suficiente de ar, água e alimento; a provisão de cuidados com eliminação e excreção; manutenção de um equilíbrio entre atividade e descanso, entre solidão e interação social; a prevenção de riscos à vida, ao funcionamento e ao bem-estar humano; a promoção do funcionamento e desenvolvimento humano, em grupos sociais, conforme o potencial humano, limitações humanas conhecidas e o desejo de ser normal (GEORGE, 2000). b) A teoria do déficit do autocuidado: O déficit de autocuidado ocorre quando o ser humano se acha limitado para prover autocuidado sistemático, necessitando de ajuda de enfermagem. Constitui a essência da teoria geral de enfermagem de Orem, pois possibilita apontar a necessidade de enfermagem. Justifica-se quando o indivíduo acha-se incapacitado ou limitado para prover autocuidado contínuo e eficaz. Orem identifica cinco métodos de ajuda, no déficit de autocuidado: agir ou fazer para o outro, guiar o outro, apoiar o outro (física ou psicologicamente), proporcionar um ambiente que promova o desenvolvimento pessoal, quanto a se tornar capaz de satisfazer demandas futuras ou atuais de ação, ensinar o outro. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 11 c) A teoria de sistemas de enfermagem: A teoria de sistemas de enfermagem é dividida em sistema totalmente compensatório, quando o ser humano está incapaz de cuidar de si mesmo, e a enfermagem o assiste, substituindo-o, sendo suficiente para ele. Sistema parcialmente compensatório, quando a enfermagem e o indivíduo participam na realização de ações terapêuticas de autocuidado. d) O sistema de apoio-educação é quando o indivíduo necessita de assistência na forma de apoio, orientação e ensinamento (GEORGE, 2000). O enfermeiro é um profissional treinado e experiente que pode proporcionar cuidados de enfermagem para pessoas que necessitam de cuidados especiais beneficiando-as. Os quatro principais conceitos dessa teoria são: ser humano, saúde, sociedade e enfermagem em seu trabalho. O ser humano se diferencia dos outros seres vivos porque tem a capacidade de refletir sobre si mesmo e o ambiente que o cerca (DIÓGENES, PAGLIUCA, 2003). Quanto ao conceito de saúde, sustenta a definição da Organização Mundial de Saúde, “como estado mental e social e não apenas a ausência de doença ou da enfermidade” (FOSTER, BENETT, OREM, 2000, p. 89). A saúde tem por base a prevenção da saúde incluindo a promoção e manutenção da saúde, o tratamento da doença e prevenção de complicações, ou seja, a prevenção primária, a secundária e terciária, respectivamente. Em se tratando de sociedade, atualmente acredita-se que as pessoas adultas sejam responsáveis por si e pelo bem-estar de seus dependentes (GEORGE, 2000). No processo de trabalho da enfermagem, o enfermeiro é o profissional que poderá ajudar o indivíduo, promovendo interação mútua através da consulta de enfermagem, abordagem com a família envolvendo-a no tratamento, reuniões de grupos, orientando-os e levando-os a aprenderem como realizar práticas de autocuidado. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 12 A teoria geral de Orem proporciona a visão do fenômeno da enfermagem permitindo que o enfermeiro juntamente com o indivíduo implementem ações de autocuidado adaptadas de acordo com as suas necessidades de maneira que a relação de ajuda se expresse no diálogo aberto e promova o exercício do autocuidado. A Teoria de Martha Rogers é uma teoria dedutiva, que parte do geral para o particular, substantiva,usa modelos de abrangência universal, e predicativa, descreve, especifica e prediz o fenômeno. Utiliza linguagem geral, científica e simbólica e o homem é visto como um todo – ser biológico, psicológico, sociocultural e espiritual. Embora não apresente procedimentos ou o processo de enfermagem, utiliza como instrumentos e valores, a imaginação e a criatividade. Para Rogers, a enfermagem é uma ciência e uma arte, tendo como objetivo o cuidar das pessoas para que atinjam seu potencial máximo de saúde, e busca o preenchimento das necessidades humanas. O(a) enfermeiro(a) é um agente de mudanças; sendo que esse profissional de amanhã será diferente dos de hoje, o de hoje é diferente dos passados. A Teoria do Cuidado Transcultural citada por Leininger (1985 apud BRAGA, 1997) enfatiza que há diversidades no cuidado humano, com características que são identificáveis e que podem explicar e justificar a necessidade do cuidado transcultural de enfermagem, de forma que este se ajuste às crenças, valores e modos das culturas, para que um cuidado benéfico e significativo possa ser oferecido. Os atos do cuidado cultural que são congruentes com as crenças e valores do cliente são considerados como sendo o conceito mais significativo, unificador e dominante para se conhecer, compreender e prever o cuidado terapêutico popular. O cuidado baseado culturalmente é o fator principal e significativo na afirmação da Enfermagem como curso e como profissão, e no fornecimento e manutenção da qualidade do cuidado de enfermagem prestado aos indivíduos, às famílias e aos grupos comunitários. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 13 Leininger (1983 apud BRAGA, 1997) declara o cuidado como centro, único e dominante, foco característico da Enfermagem. O cuidado cultural, ainda referendando a autora, significa avaliação consciente e um esforço deliberado para usar valores culturais, crenças, modo de vida de um indivíduo, família ou grupo comunitário, para fornecer auxílio significativo para estas necessidades de cuidado nos serviços de saúde. Leininger (1984, p. 42 apud BRAGA, 1997), refere que culturalmente as ações de cuidado de enfermagem e intervenções são previsíveis para manter a saúde do cliente, fornecer satisfação e ajudá-lo a se recuperar de doenças ou incapacidades. O cuidado culturalmente congruente pode também ajudar clientes face à morte de modo significativo e pacífico. Dessa forma, a Enfermagem tem como foco, segundo Leininger (1984 apud GUALDA; HOGA, 1992), o estudo da análise comparativa de diferentes culturas ou subculturas no que diz respeito ao comportamento relativo ao cuidado em geral, ao cuidado de enfermagem, assim como aos valores, crenças e padrões de comportamento relacionados à saúde e doença. Essa autora afirma ainda que o objetivo da enfermagem transcultural vai além da apreciação de culturas diferentes, mas de tornar o conhecimento e a prática profissional culturalmente embasada, conceituada, planejada e operacionalizada. Se aqueles que praticam a enfermagem não considerarem os aspectos culturais da necessidade humana, suas ações poderão ser ineficazes e trazer consequências desfavoráveis para os assistidos. Os pressupostos básicos da Enfermagem Transcultural e que desafiam a Enfermagem a descobrir em profundidade o fenômeno do cuidado, são: o cuidado humano é um fenômeno universal, mas a expressão, o processo e o modelo variam entre as culturas; Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 14 cada situação de cuidado de enfermagem tem comportamento no cuidado transcultural, necessidades e implicações; o ato e processo de cuidar são essenciais para o desenvolvimento humano, crescimento e sobrevivência; o cuidado poderá ser considerado a essência e unificação intelectual e dimensão prática do profissional de enfermagem; o cuidado tem dimensões biofísicas, psicológicas, culturais, sociais e ambientais, as quais puderam ser estudadas, praticadas no sentido a prover cuidado holítisco para as pessoas; o comportamento de cuidado transcultural, formas e processos tem ainda que ser verificado em diversas culturas, quando este corpo de conhecimento é obtido, tendo potencial para revolucionar a prática diária da enfermagem; para fornecer cuidado de enfermagem terapêutico, a enfermeira poderá ter conhecimento de valores culturais, crenças e práticas dos clientes; os comportamentos de cuidados e funções variam de acordo com características da estrutura social de determinada cultura; a identificação de comportamento universal e não universal, cuidado popular e cuidado profissional, crenças e práticas, serão importantes para o avanço do corpo de conhecimentos de Enfermagem; há diferenças entre a essência e as características essenciais de cuidado e comportamentos de cura e processos; não existe cura sem cuidado, mas pode existir cuidado sem cura (BRAGA, 1997). Desde que escreveu seu primeiro livro, em 1979, a enfermeira Jean Watson, passou a ser considerada pioneira no estudo da enfermagem como uma disciplina científica que une a racionalidade e a sensibilidade. A teoria sobre o Cuidado Transpessoal faz de Jean Watson, a mãe de um novo paradigma em cuidados de saúde, pois conforme ela explica: Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 15 Em vez de um enfermeiro ministrar analiticamente um tratamento a um doente, quer-se que o técnico de saúde saiba comunicar, interagir, conhecer para então depois proporcionar o cuidado necessário. O objetivo é a cura global do paciente e a satisfação do prestador de ajuda (BASTOS, 2009). No fundo, o que se perspectiva neste novo paradigma, segundo ela “é saber responder às necessidades de cada doente, é ter de recorrer a um complexo altamente criativo para encontrar as melhores soluções”. Soluções que tem levado departamentos e mesmo hospitais a adotarem novos comportamentos por parte do seu corpo de enfermeiros(as). Há preocupação com uma mudança de valores, unindo racionalidade e sensibilidade e tornando a enfermagem um processo interativo entre quem cuida e quem é cuidado. Jean Watson afirma que não se pode dissociar a prática da enfermagem sem outras áreas de conhecimento como a filosofia, a teologia, a educação, a psicologia ou a antropologia. A perspectiva humanística do cuidado quer abandonar o modelo do diagnóstico da doença e buscar a humanidade da cura, equacionando-se as suas dimensões psicológicas, espirituais e socioculturais. Encontrar o equilíbrio, “o centro”, como diz, entre corpo e mente deverá ser a meta de qualquer intervenção em saúde. Nesta importante profissão de cuidar-curar, a enfermagem assume um papel ainda mais importante: a enfermagem detém a única profissão em que acaba por ser o elo de ligação entre o hospital, os médicos e a família. É preciso interromper o atual padrão de funcionamento da enfermagem. É preciso encontrar novas formas de cuidar. É preciso criar um novo ambiente de cura. Para Watson (1988 apud RIBEIRO, 2005), o cuidar é visto como um ideal moral da enfermagem. É, sobretudo, a essência da enfermagem, sendo característica fundamental a preservação da dignidade humana. Reflete também, que o cuidado manifesta-se no encontro das pessoas que estão envolvidas no ato de cuidar, ou seja, na reciprocidadeentre a equipe de enfermagem e a pessoa cuidada. Assim, o cuidado está relacionado com a interação entre seres humanos através da intersubjetividade, permitindo um encontro real e autêntico entre quem Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 16 cuida e é cuidado, transcendendo o mundo meramente físico e material, fazendo contato com o mundo emocional e subjetivo da pessoa. Chistóforo et cols. (2006, p. 59 apud BASTOS, 2009) complementam que a relação de cuidado em enfermagem é uma relação humana, o que consequentemente implica a conjugação de dois seres humanos totalmente diferentes, uma vez que cada pessoa representa um universo inimaginável e irrepetível, que se rege por sentimentos, percepções, pensamentos, emoções e necessidades. Segundo Jean Watson, os fatores importantes no cuidar são: praticar o amor; a amabilidade; a coerência dentro de um contexto de cuidado consciente; ser autêntico; estar presente; ser capaz de praticar e manter um sistema profundo de crenças e um mundo subjetivo de sua vida e do ser cuidado; cultivar suas próprias práticas espirituais e transpessoais de ser, mas além de seu próprio ego, aberto a outros com sensibilidade e compaixão; desenvolver e manter uma autêntica relação de cuidado, de ajuda e confiança; estar presente e dar apoio na expressão de sentimentos positivos e negativos, como uma conexão profunda com o espírito do ser e do ser que cuida do outro; uso criativo do ser, de todas as formas de conhecimento, como parte do processo de cuidado para comprometer-se artisticamente com as práticas de cuidado e proteção; comprometer-se de maneira genuína em uma experiência de prática de ensino e aprendizagem; Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 17 criar um ambiente protetor em todos os níveis, onde se está consciente do todo, da beleza, do conforto, da dignidade e da paz; assistir as necessidades humanas conscientemente, administrando um cuidado humano essencial, o qual potencializa a aliança mente corpo, espírito; estar aberto e atento à espiritualidade e à dimensão existencial de sua própria vida. Com esta breve explanação de algumas teorias, só nos resta discorrer sobre alguns fundamentos da prática de enfermagem, mas lembrando que existem muitas outras teorias e que estas, expostas até o momento, merecem aprofundamento, portanto, consultem as referências ao final da apostila e boas leituras. 2.3 Os fundamentos filosóficos da Enfermagem Considerar o cuidado como a essência da profissão enfermagem conduz à reflexão sobre o compromisso dos profissionais de saúde com a orientação dos seus clientes centrada no autocuidado, o que pode se caracterizar como seu principal alvo no cotidiano de trabalho (GAUTHIER; HIRATA, 2001). Assim, considera-se também que pensar em saúde e em enfermagem é pensar em promoção da vida, com qualidade para vivê-la. Entende-se, dessa maneira, o saber/fazer que condiciona as ações e intervenções do profissional dessa área do conhecimento. A questão da implementação do processo de trabalho do(a) enfermeiro(a) volta-se, então, para a identificação de diagnósticos que lhe permite estabelecer um sistema de classificação de cuidados, demonstrando a necessidade de intervenções de enfermagem para o atendimento aos clientes. Defendemos, concordando com Santos et al. (2010), que a orientação principal para cuidar de pessoas considera a sua própria possibilidade de se tornar independente dos cuidados profissionais de baixa complexidade. Refere-se à responsabilidade pessoal de cada um na promoção de sua saúde, ou seja, no seu direito de bem viver a vida. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 18 A teoria de Nola Pender sobre o deslocamento do modelo assistencialista de saúde para uma perspectiva de comprometimento do cliente quanto ao seu bem- estar no decorrer de sua vida cabe muito bem neste momento. Portanto, a orientação de enfermagem para o autocuidado institui o exercício da cidadania para o profissional e promoção da independência do cliente (SANTOS et al., 2010). A exigência para esse comprometimento leva à reflexão de que é imprescindível à enfermagem reconstruir o seu modo de cuidar específico e, principalmente, desvinculado de um modelo que privilegia a cura de doenças que afetam as pessoas. Fazer enfermagem aplicando seu conhecimento específico ressalta o exercício da autonomia de saber dos(as) enfermeiros(as), bem como fortalece sua identidade profissional. Filosoficamente podemos conjecturar que na enfermagem, a prática é um saber tanto teórico como prático. A aplicação dos sentidos humanos, a intuição e a experiência no trato com a imprevisibilidade dos seres humanos ressaltam a cientificidade dos enfermeiros, ou seja, o reconhecimento de que suas habilidades contribuem para a construção de um novo paradigma científico (SANTOS, 1997). A arte de cuidar consolida-se na parceria profissional/cliente, pois cuidando com intenções e ações a partir do compartilhamento de saberes entre enfermeiro e cliente descaracteriza um cuidar vendo as pessoas apenas como objeto de trabalho (SANTOS et al., 2006). Cuidar em enfermagem é busca de integração, espaço institucional e liberdade, desafiando o medo do desconhecido e enfrentando riscos inerentes ao crescimento. Os desafios do cuidar assumindo o verdadeiro papel profissional conduzem o enfermeiro e o cliente à sua autonomia (TAVARES, 1998). Além dessas concepções, considera-se que, para implementar uma perspectiva que torne viável a parceria cliente/profissional na promoção de suas vidas com bem-estar, é necessário pensar em outras concepções aplicáveis a uma ciência que, ao se reconstruir a cada dia, acrescenta mais sensibilidade ao seu desenvolvimento. Desse modo, reflete-se sobre a enfermagem no sentido de que sua cientificidade pode ser estabelecida através dessa sensibilidade impregnada no seu saber/fazer e em produzir conhecimentos. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 19 Assim, encontramos na sociopoética uma abordagem no conhecimento do homem como ser político e social, que tem como princípios filosóficos: a importância do corpo como fonte de conhecimento; a importância das culturas dominadas e de resistência e dos conceitos que elas produzem; o papel dos sujeitos de investigação como corresponsáveis pelo conhecimento produzido; o papel da criatividade no aprender, no conhecer e no investigar; a importância do sentido espiritual, humano, das formas e conteúdos do processo da construção do conhecimento (SANTOS et al., 2005). 2.4 Os fundamentos teóricos da Sociopoética O criador da sociopoética, Jacques Gauthier, esclarece que essa abordagem é, também, um desenvolvimento da Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire (2006), caracterizando um amadurecimento da filosofia dialógica desse grande educador brasileiro ao enfatizar que não devemos dizer ou impor ao povo nossa visão de mundo, mas sim, adotar uma postura de respeito mútuo e intercâmbio entre conhecimentos intelectuais e populares. Observando-se como acontece a interação entre cliente e profissional, indispensávelao cuidar, reflete-se que, ideologicamente, na enfermagem existe concordância com essa postura dialógica. Por ser a enfermagem uma profissão privilegiada devido à proximidade dos profissionais com as pessoas nos seus momentos de sofrimento e/ou prazer, pode- se parodiar a assertiva de Augusto Boal: o cuidar em enfermagem é a arte de nos vermos humanos nos seres humanos; é a arte de aprender a viver, vivendo com a nossa humanidade (SANTOS et al., 2010). A Escuta Sensível, teorizada por René Barbier, é outra prática, vem sendo adotada como uma tecnologia de apoio para Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), proporcionando resultados caracterizados em diagnósticos de impossível obtenção quando se emprega apenas tecnologias leves - duras, através de equipamentos e aparelhos (CORRÊA, SANTOS, ALBUQUERQUE, 2008). Portanto, a proposta de Barbier facilita a expressão de subjetividade que ajuda na reconstituição do equilíbrio físico, mental e espiritual do cliente, sendo assim reconhecida na enfermagem como Escuta Terapêutica. Definindo-se como a Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 20 capacidade de sentir o universo afetivo, imaginário e cognitivo do outro, possibilitando-lhe a compreensão do que se expressa a partir do mais profundo e interior do ser humano, as atitudes e os comportamentos, o sistema de ideias, de valores, de símbolos e de mitos (BARBIER, 2002). Enfim, essa modalidade de escuta torna-se uma tecnologia a ser empregada na ciência do sensível que é a enfermagem, quando desenvolvida num paradigma estético, passando a orientar os princípios filosóficos que simultaneamente os sociopoetas seguem. A utilização dessa tecnologia no cuidar recorda uma humanidade refletida e assumida, pois, segundo o autor da escuta sensível, uma pessoa só existe pela presença de um corpo, de uma imaginação, de uma razão, de uma afetividade em permanente interação. Daí que os sentidos corporais humanos são desenvolvidos na pesquisa sociopoética quando se aplica a escuta sensível. Tais sentidos, junto às emoções, sensibilidade, sentimentos, intuição e razão, corroboram um dos cinco princípios sociopoéticos que devem permear o universo do enfermeiro (SANTOS et al., 2010). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 21 UNIDADE 3 – A ARTE DE CUIDAR Embora tenhamos discorrido exaustivamente sobre o cuidado na perspectiva de diversas teorias, vamos refletir um pouco mais sobre a arte de cuidar, tamanha sua dimensão e importância para o binômio cliente-paciente. Pois bem, a palavra cuidar é derivada do latim cogitare, que tem como significado pensar, julgar, tomar conta, e cuidado deriva de cogitatus, que traduz preocupação, carinho, diligência e atuação. Dessa forma, para cuidar de pessoas é preciso dispensar atenção e interesse sobre as necessidades dela, refletir sobre todos os elementos relacionados ao ambiente de cuidado e então agir a favor do indivíduo (SOUZA, 2000). Segundo Paes (2009), o cuidado de enfermagem tem sido compreendido comumente como técnicas e procedimentos realizados pelos profissionais, uma vez que a Enfermagem é uma área perfilada por seu aspecto prático. No entanto, ao se deparar com o ser cuidado, o profissional de enfermagem reconhece que é impossível cuidar sem abarcar os diferentes aspectos de sua natureza física, social, psicológica e espiritual. Para isso, sua relação com o ambiente necessita ser considerada para que resulte em condições propícias para que o cuidado ocorra de forma interativa entre os elementos: cuidador – ambiente – ser cuidado (WALDOW, 2005). O cuidado ultrapassa a compreensão comum e vai além da atenção à saúde desenvolvida por procedimentos técnicos. Reporta-se a ações de integralidade com significados e sentidos voltados para a promoção da saúde, como o direito do ser humano, expresso pelo respeito, acolhimento, atendendo ao indivíduo no momento de fragilidade social e/ou de sofrimento, em que a interação entre pessoas se torna característica desse contexto (PINHEIRO; MATOS, 2004). Para que a interação se efetive, há necessidade de compreender que ela se faz pela troca de experiências e não unidirecionalmente (STEFANELLI, 2005 apud PAES, 2009). No modelo biomédico hegemônico existem poucos espaços para a escuta dos pacientes e de seus anseios, tensões e sofrimentos. Esses sentimentos estão presentes de modo intenso e contínuo no processo de adoecimento, Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 22 principalmente nos casos em que os pacientes se deparam com a ausência de prognóstico de cura. Destarte, o cuidado profissional auxilia o indivíduo no enfrentamento de situações relativas à doença, na redução do impacto e sofrimento causados por ela, bem como dá oportunidade às pessoas de expressar e compartilhar seus sentimentos (LACERDA; VALLA, 2005). O cuidado se traduz no ato de reciprocidade prestado a nós mesmos e que nos torna capazes e autônomos para prestá-lo a outros que apresentam definitiva ou temporariamente necessidade de ajuda (COLLIÈRE, 1999 apud PAES, 2009). A natureza do cuidado se torna imprescindível à Enfermagem como disciplina e profissão, pois o cuidado não se desenvolve no vazio, mas no contexto em que está inserido, levando em conta as experiências humanas, a subjetividade, a consciência e a vida, sentindo primeiramente em si próprio, para então buscá-las no outro (SILVA, 2000 apud PAES, 2009). O cuidado é o resultado do processo de cuidar, que se distingue pelo encontro entre o ser cuidado e o cuidador em ambiente propício, envolto por comportamentos e atitudes que se destacam pelo respeito, gentileza, responsabilidade, interesse, segurança e oferta de apoio, confiança, conforto e solidariedade. Entretanto, é importante destacar que esses fatores só são efetivados em ambiente interacional e comunicacional, uma vez que ao faltarem interação e comunicação o cuidado se torna simples procedimento técnico (WALDOW, 2005). Os profissionais de enfermagem ao assumir seus papéis com responsabilidade tendem a sentir-se integrados ao seu meio e, assim, aprimorar sua percepção. Nesse sentido, passa a existir a oportunidade de experimentar sentimentos de motivação com elevação da autoestima ao se perceber como profissional competente, capaz de contribuir com a sociedade ao cuidar do outro em suas necessidades básicas humanas (BISON, 2003). Entretanto, de forma geral, a academia tem discutido pouco sobre o cuidado com foco na integralidade do ser humano, o que acaba resultando no despreparo dos profissionais de saúde para lidar com as situações que se apresentam no cotidiano da prática profissional (LACERDA; VALLA, 2005). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 23 A preocupação de ser reconhecido como profissional com atribuições e competências para o cuidado não se deve centrar unicamente em aplicação de técnicas e procedimentos. A percepção do cuidado deve ser ampliada ao levar em consideração igualmente a percepção daquele que recebe o cuidado por intermédio dos processos comunicacional e interacional (WALDOW, 2007). O cuidado humano de enfermagem é imbuído de sentimentose valores que podem fortalecer ou enfraquecer as oportunidades de criar vínculo e interação entre o cuidador e o ser cuidado. Para isso, as pessoas que estão envolvidas nesse cuidado necessitam perceber o outro e suas necessidades, o ambiente e os fatores a eles relacionados e, não menos importante, a percepção de si mesmas (BISON, 2003). A percepção é entendida como processo interativo do indivíduo com o meio ambiente, em que se adquire conhecimento por meio dos sentidos. Seu conceito, de modo mais amplo, é caracterizado pelo processo de cognição em que os procedimentos mentais se realizam mediante o interesse ou a necessidade de estruturar nossa interface com a realidade e o mundo e selecionar as informações percebidas, armazenando-as e conferindo-lhes significado. Ela pode ser considerada um dos principais comportamentos recorrentes, através dos quais construímos nossa realidade (OLIVEIRA; DEL RIO, 1999). O termo percepção designa o ato que nos proporciona condições para conhecermos um objeto do meio exterior. A maior parte de nossas percepções conscientes provém do meio externo, pois as sensações dos órgãos internos não são conscientes na maioria das vezes e desempenham papel limitado na elaboração do conhecimento do mundo. Trata-se a percepção como uma situação subjetiva baseada em sensações, acompanhada de avaliação e frequentemente de juízos. Assim, é possível perceber o ambiente de várias maneiras, em que indivíduos diferentes percebem um mesmo espaço de forma distinta (OLIVEIRA; DEL RIO, 1999). A percepção das ações de enfermagem se torna referência para se ter consciência dos elementos que norteiam e fortalecem a relação entre o profissional de enfermagem e a pessoa cuidada no ambiente e no instante do cuidado. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 24 Confirma-se que a percepção é subjetiva e importante para nutrir a essência do momento do cuidado, dignificando a condição de ser humano, dando-lhe oportunidade de fortalecer sua autonomia (RIVERA ÁLVAREZ; TRIANA, 2007 apud PAES, 2009). 3.1 Atendendo necessidades e desejos Temos visto até o momento a questão do cuidado com o paciente, com seus familiares, com o profissional da enfermagem. Alguns destes autores, como Figueiredo et al. (2003), vem algum tempo se propondo a ampliar esse entendimento da enfermagem para além desse cuidado, partindo do discurso ecológico, ou seja, todos nós vivemos em um grande sistema aberto, em que faz trocas ao se relacionar com os outros, ao procriar seus filhos, ao estudar, ao ensinar e ao trabalhar. Esse entendimento se fundamenta num registro de Guattari (1995), chamado de Ecosofia – uma filosofia ecológica –, que exige uma compreensão sobre o ambiente em que tudo acontece, sobre as relações pessoais (ninguém vive sem se relacionar com o outro de modo concreto) e sobre a subjetividade humana (tudo aquilo que envolve o subjetivo, nosso modo de ser e de pensar, nem sempre expressado de forma clara). Assim, o ambiente do cuidado pode estar no hospital, no posto de saúde, nas instituições sociais e religiosas, nas ruas, nas praças, nos clubes, nas saunas, nos presídios, nos espaços de prostituição. Isso significa que é preciso pensar um macro ambiente (o próprio mundo) e um microambiente (um pedaço do todo: hospital, nossa casa, nosso trabalho). Nada é isolado do todo, o todo não é isolado de sua parte. Os mesmos autores nos cobram estar atentos a tudo que acontece ao nosso redor, principalmente no ambiente de trabalho, pois de alguma maneira somos nós quem fazemos a ponte entre os demais profissionais, o cliente/paciente, sua família, que buscamos equilibrar o sistema institucional de saúde. Pois bem, os cuidados envolvem a circulação do ar não somente de forma adequada, mas para deixar o ambiente sadio e agradável; envolvem uma iluminação Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 25 que não incomode o cliente; manter os ruídos num nível suavizado; manter igualmente limpos os ambientes, o leito, os sanitários, os materiais usados pelo cliente de maneira higiênica e esterilizada, até mesmo móveis em boa aparência. Evidente que deveria partir da administração a atenção para esses cuidados, provendo com recursos e mobiliários, utensílios necessários, mas o cuidar deles, o zelo, pode partir de nós mesmos no cotidiano. Uma vez que vivemos em um ambiente amplo, a partir do momento que necessitamos ficar “presos” a uma cama de hospital, a vida nos mostra aquela pequena parcela que muitas vezes é, digamos, ‘feia’ e podemos perder um tanto da autoestima, somando-se a ela, sentimentos de tristeza, de desprezo podem contribuir de maneira negativa e ao contrário de nos fortalecermos, podemos somatizar e arrastar o estado de ‘doente’. Então, é chegado o momento de amenizar esses sentimentos e buscar atender para além das necessidades básicas, irmos de encontro aos desejos dos nossos clientes. Criar um ambiente agradável exige uma investigação detalhada sobre os hábitos e estilos do cliente. Por exemplo, onde mora, como é sua residência e o que há dentro dela, se gosta de música e que tipo gosta de ouvir, se gosta de ler e que leitura faz, se gosta de ver TV e qual é o programa de sua preferência, que religião pratica, a que horas se alimenta, como faz sua higiene corporal, qual é o seu lazer preferido. Isso é o mínimo que deveríamos saber sobre aqueles de quem cuidamos e com quem passamos parte do nosso tempo. Conhecendo esses fatos, poderemos fazer um diagnóstico de suas necessidades e de seus desejos, que ultrapassam as suas dimensões biológicas. Sabemos que as pessoas, com ou sem saúde, têm necessidades humanas básicas a serem atendidas. A maioria são de ordem biológica, mais concretas e ligadas à sobrevivência humana. A teoria das necessidades humanas básicas de Maslow (1968) e sua apropriação por Horta (1995) – autores que ainda hoje são atuais para apoio teórico no cuidado – , classifica essas necessidades da seguinte maneira: Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 26 1. Necessidade de oxigenação – respirar, viver. 2. Necessidade de eliminação – tudo que entra no organismo e não é absorvido, além dos resíduos provenientes da nutrição e das trocas químicas celulares, devem ser eliminados. 3. Necessidade de alimentação – não é possível viver sem se alimentar. Essas três primeiras são fundamentais para a manutenção da vida. O não- atendimento delas provoca doenças e até a morte. 4. Necessidade de pertencer – todo ser humano deve ter uma ligação com alguém, geralmente sua família. 5. Necessidade de segurança – fundamental para manter o equilíbrio na vida, no trabalho, na doença. 6. Necessidade de amor – todos precisamos ser amados e isso envolve vários tipos de amor, inclusive o da enfermagem pelo ser humano. Elementos que compõem desejos e necessidades humanas Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 27 Em qualquer que seja a situação, todo ser humano tem necessidades (clientes, equipe de saúde, funcionários técnicos, família etc.), e todas elas devem ser consideradas. As necessidades básicas não são as únicasresponsáveis pela vida e pela alegria de viver. O desejo é fundamental como dimensão subjetiva que move o corpo a desejar, querer, sonhar, imaginar, lutar, ser livre, criar, escolher. Embora essa palavra esteja marcada por um processo histórico e religioso no qual sempre esteve ligada à carne e ao ato sexual, com um forte sentido erótico, a nossa visão teórica apoia-se em outros autores que falam sobre o desejo (FIGUEIREDO et al., 2003). Teixeira e Figueiredo (2001) publicaram um livro em que os autores, entre várias conclusões, afirmam que a enfermagem tradicional, apoiada na pedagogia de um sujeito passivo (cliente), entende a necessidade do sujeito como sobrevivência, alguém que precisa de nós para ser educado e cuidado, uma vez que somos técnicos de saúde que detêm o saber e o poder sobre os seus corpos, descritos pela cultura biomédica. Portanto, necessidade é sobrevivência biológica: os órgãos e sistemas do corpo precisam respirar, alimentar, eliminar, amar (sobrevivência objetiva). O desejo, por sua vez, é motivado por impulsos que estimulam o sujeito para vida, para superar problemas, adquirir coisas; é de ordem subjetiva. Hoje entendemos que é necessário considerar essas duas dimensões no cuidado. No entanto, a necessidade não é apenas aquela da concepção humana de Maslow, nem o desejo é apenas demanda psicológica com origem na necessidade. O desejo tem autonomia: quando o sujeito tem sede, ele necessita de água, mas pode desejar beber água com gás, na garrafa, na lata, etc. Assim, o homem desejante de quem a enfermagem cuida é um sujeito singular, único (não existe outro igual a ele), e deve receber um ambiente em que possa viver os dias de internação sem muito sofrimento. Podem existir doenças iguais (diabetes, por exemplo), mas as pessoas são outras, com outras origens, outros estilos, outras histórias, outras vivências e experiências, inclusive a de ser diabético. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 28 Enfim, o cliente é um ser único que quer se realizar, que não pode ser generalizado e que tem dimensão inconsciente. Quando a enfermagem focaliza as necessidades para cuidar, ela está usando uma base instrumental-funcional como profissional do saber-fazer. Porém, quando inclui o desejo no cuidado, ela utiliza uma base sensível como profissional que aparentemente sabe e pode, porque essa base sugere uma estética da vida. Se cuidarmos tendo em conta essas duas bases, estaremos criando uma ruptura com aquilo que fizemos e ensinamos ao longo de nossas vidas de enfermeiros e docentes de enfermagem. Estaremos incluindo mudanças e transformações, quem sabe até criando outras necessidades e desejos não só para os clientes, mas também para a enfermagem. Por fim, ao adoecer e internar-se, o sujeito muda de seu habitat natural (sua casa) para um outro hábitat (o hospital). Uma vez internado, a enfermagem deve criar condições para que o cliente mantenha suas necessidades e desejos aguçados e assim mantenha a vontade e o impulso de voltar para o fluxo da vida. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 29 UNIDADE 4 – ÉTICA, BIOÉTICA E HUMANIZAÇÃO Apesar de toda a evolução do conhecimento e da tecnologia na área da saúde, o instrumental mais importante para cuidar do ser humano continua sendo o cuidado. Paralelamente, o simples fato da disponibilidade de um determinado conhecimento ou tecnologia não é argumento válido o bastante para aplicá-lo em toda e qualquer situação da prática profissional. Sempre será necessário analisar os aspectos positivos e negativos de qualquer ação, tendo por referência os valores que dão origem à mesma, seja para a pessoa assistida, seja para grupos da população. O estudo e análise desses aspectos, ou seja, do valor de uma ação, é o que se denomina, no seu sentido amplo, ética (TOCANTINS; SILVA; PASSOS, 2003). A ética pode ser entendida como o “estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de visto do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto”. (FERREIRA, 2004). Nesse sentido, a ética sempre irá referir-se ao valor da ação humana, à ação de um ser consciente, racional e com liberdade para optar por este ou aquele valor para fundamentar o seu agir em determinadas situações da vida. A pessoa, o ser humano, é o valor central de tudo quanto nos rodeia. Contudo, mesmo com essa liberdade de agir de cada ser humano, o valor deste agir é constituído concretamente mediante relações com outros seres humanos. Assim, os orientadores da validade dos valores do agir de cada ser humano são o convívio e o aprendizado das regras e valores de diferentes grupos humanos. Falar em ética nos reporta quase que automaticamente para a moral! Esta palavra moral tem sua origem no latim (more) e remete aos usos e costumes. O conjunto de regras de conduta consideradas como válidas, quer de modo absoluto, para qualquer tempo ou lugar, quer para grupos ou pessoa determinada, é denominado moral. Como conjunto de normas e costumes, ao mesmo tempo em Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 30 que tende a regulamentar o agir das pessoas, a moral oportuniza refletir sobre o valor do agir humano. Com esse entendimento, a ética é o estudo, a análise, a discussão da moral do agir humano em determinada realidade. Enquanto a regra moral é ideal e se fundamenta no respeito a essas regras a partir de convicções próprias de cada ser humano, a regra legal é uma norma prática, de aplicação compulsória e faz agir por obrigação externa, por conformidade à lei. Nesse sentido, o questionamento quanto à eticidade de determinada ação ocorre quando existem dúvidas quanto à adequação moral de cada escolha, quando a escolha envolve proposições opostas ou uma situação com apenas duas possibilidades de ação difíceis ou penosas, ou seja, um dilema ético (TOCANTINS; SILVA; PASSOS, 2003). A ética, de forma geral, ocupa-se da análise do que é bom (ou correto) e do que é mau (ou incorreto) no agir humano. A ética aplicada, nessa mesma linha de pensamento, trata de questões relevantes à pessoa e à humanidade. A partir de 1960, a preocupação mundial com as questões morais em diferentes setores da sociedade fez emergir, segundo Clotet (1997), entre outras: ética dos negócios, em que a questão da corrupção e abusos econômico- financeiros passaram a ser objeto de discussão; ética ambiental, envolvendo principalmente os valores a fundamentar a defesa da preservação e proteção do meio ambiente; bioética, cujo objeto de estudo ético tem como realidade a vida dos seres humanos em geral, significando um diálogo para formular, articular e resolver dilemas que emergem das propostas de pesquisa e intervenção sobre a vida, a saúde, o meio ambiente. Ao focalizar a reflexão ética no fenômeno da vida, e considerando o dinamismo dos eventos vitais, as temáticas tratadas pela Bioética podem ser subdivididas em: aquelas que emergem dos conflitos entre o progresso das ciências e os direitos humanos, como a fecundação artificial, a clonagem; e aquelas presentes no cotidiano das pessoas, como a eutanásia, o aborto, a violência. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31)3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 31 A Bioética é o estudo sistemático das dimensões morais – incluindo visão moral, decisões, condutas e políticas – das ciências da vida e atenção à saúde, utilizando uma variedade de metodologias éticas em um cenário interdisciplinar. (REICH, 1995 apud TOCANTINS; SILVA; PASSOS, 2003). Com esse entendimento, a Bioética envolve o estudo sistemático da conduta humana na área das ciências da vida e da atenção à saúde, conduta esta examinada à luz dos valores e princípios morais (GONÇALVES, 1994). No que se refere aos cuidados e à atenção à saúde, e tendo por base a sua diretriz central, os valores que fundamentam o agir no setor saúde podem ser agrupados em: orientados por recursos – na situação em que a diretriz central são os recursos, predomina o valor do custo-benefício, isto é, a relação entre o custo de investimentos em recursos financeiros, materiais e recursos humanos e o benefício de alcançar o máximo de saúde; orientados por doenças – quando a diretriz central é a doença, o valor presente é de que qualquer problema de saúde pode ser eliminado pela aplicação de tecnologias médicas e de saúde. Nesse contexto, ela é entendida como a ausência de qualquer doença, entendida por sua vez como apresentando um fundamento fisio-biológico particular, passível de ser diagnosticado pelo profissional de saúde. Assim, o valor positivo da assistência de saúde é o adequado tratamento dos indivíduos que apresentam uma doença, contribuindo para a eliminação de sinais e sintomas fisio-biológicos, caracterizados como situação de anormalidade; orientados por decisões políticas – o agrupamento das ações que envolvem decisões políticas trazem em destaque os valores e interesses das lideranças políticas, que em princípio expressam os problemas de saúde da população de uma região ou país, envolvendo implicitamente a questão do direito como cidadão, a saúde e equidade no acesso a serviços; orientados por valores de clientes e familiares – o agir no setor saúde, que tem como diretriz central os clientes e seus familiares, apresenta como valor central os valores daqueles que se beneficiam da assistência à saúde. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 32 Nessa situação, as necessidades concretas de assistência de saúde da pessoa ou de grupos da população são concebidas não como uma concepção abstrata, mas, tendo por referência problemas vivenciados, como a única forma possível de garantir o preenchimento do seu direito à saúde e ao bem-estar. Os valores da atenção à saúde podem ser refletidos e analisados, no sentido ético, tendo por fundamento princípios morais. Os princípios que orientam a análise de dilemas éticos, tanto aqueles que emergem da vida em geral quanto aqueles que envolvem o setor saúde (como os valores da prática profissional), são o respeito à autonomia, à beneficência, à não-maleficência e à justiça (BEAUCHAMP; CHILDRESS, 1994 apud TOCANTINS; SILVA; PASSOS, 2003). A concepção central que fundamenta o princípio da autonomia é a autogovernabilidade, a de que cada pessoa é soberana para decidir tudo o que se refere ao seu corpo, ao seu pensar e ao seu agir. Está implícita a perspectiva social de respeito a outro ser humano, ou seja, o respeito à autonomia de modo recíproco. O princípio do respeito à autonomia tem como valor fundamental que cada ser humano é capaz de decidir sobre o que é melhor para si mesmo e para seu grupo. Assim, não considerar essa capacidade, seja negando a liberdade pessoal e social de agir, seja omitindo informações disponíveis que subsidiam o julgamento do seu agir, significa faltar com respeito a essa autonomia. Alguns trechos do Juramento Profissional do Enfermeiro - “respeitando a dignidade e os direitos da pessoa humana, exercendo a enfermagem com consciência e fidelidade”; “respeitar o ser humano desde a concepção até depois da morte” – focaliza como valor central o respeito pela autonomia daquele que é assistido e a responsabilidade pelo seu agir profissional. Paralelamente, faz-se importante destacar que o reconhecimento, total ou parcial, da capacidade de julgamento e decisão de uma pessoa, pode variar de acordo com a cultura do grupo ou sociedade que integra. Dessa forma, aqueles que na nossa sociedade são considerados legalmente imaturos (menores de idade), aqueles considerados incompetentes para fazerem julgamentos ou se autogovernarem (doentes mentais) ou aqueles institucionalmente impedidos de exercerem a sua liberdade de ação (presidiários) requerem proteção da sua Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 33 autonomia para, em última instância, não serem desrespeitados como seres humanos. O princípio da beneficência tem o bem como fundamento básico de toda e qualquer ação profissional de saúde, isto é, o valor moral de agir em benefício de outros. Com esse entendimento, a assistência à saúde visa sempre os interesses do cliente, da família e da comunidade. A beneficência distingue-se da benevolência; enquanto a primeira refere-se à característica da ação que visa o bem, a segunda caracteriza a atitude de boa vontade de uma pessoa em relação a outra. O bem visado pela ação do enfermeiro – e explicitamente detalhada no seu juramento profissional – é a vida, tanto na dimensão individual como coletiva (“respeitar o ser humano desde a concepção até depois da morte”; “atuar junto à equipe de saúde para o alcance da melhoria do nível de vida da população”) (TOCANTINS; SILVA; PASSOS, 2003). O princípio da não-maleficência tem como valor máximo que qualquer ação deve, em primeira instância, não infligir dano intencional (primum non nocere). Esse princípio também está explícito no juramento profissional do enfermeiro – “não praticar atos que coloquem em risco a integridade física ou psíquica do ser humano”. Muitos autores entendem que o valor desta ação profissional “não causar dano” é complementar ao valor do princípio da beneficência, especificando que uma ação benéfica deve priorizar em primeiro lugar “não colocar em risco a saúde e a vida” e em segundo lugar “maximizar os benefícios”. Essa priorização, denominada “dever prima facie”, justifica-se pelo fato de, ao prevenir um dano intencional, o profissional está concretamente tendo em vista um bem. A distribuição justa, equitativa, apropriada e universal no que se refere aos benefícios dos serviços e das ações dos agentes de saúde é o valor que compõe o princípio da justiça aplicado ao setor da saúde e à prática profissional, também chamado Justiça Distributiva. É um dos valores implícitos no juramento do profissional enfermeiro: “atuar junto à equipe de saúde para o alcance da melhoria do nível de vida da população”. O Princípio da Justiça Distributiva inclui o entendimento de que o Estado, nos seus diferentes níveis, tem como dever promover o direito à saúde universal, Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 34 isto é, o bem-estar coletivo. Apesar de todos os valores sociais deverem ser distribuídos igualmente – critério da equidade –, uma distribuição desigual tem valor moral positivo desde que redunde em vantagem para todos, especialmente os mais necessitados. Nesse contexto, é importante não confundir os termos justiçae direito; a justiça refere-se a um critério moral, enquanto o direito é concretizado no convívio em sociedade. Uma das áreas na qual a Ética sempre ocupou um lugar de destaque é a da saúde, particularmente em questões que envolvem vida e morte. Com a evolução e a diversificação das práticas no setor saúde, emerge a particularidade de diferentes ações profissionais, entre as quais, os de Enfermagem, que por sua vez fundamenta-se em valores distintos. O conteúdo nuclear da enfermagem pode ser descrito por meio de três conceitos centrais: ser humano – aquele que é assistido e recebe cuidados de enfermagem, podendo estar representado por uma pessoa, uma família, uma comunidade ou grupos da sociedade; meio ambiente – representado pelos arredores institucionais imediatos, a comunidade ou o entorno social, que se relaciona de modo direto e/ou indireto com o ser humano; saúde – expresso pelo bem-estar, individual e/ou coletivo, decidido mutuamente pelo ser humano assistido e o enfermeiro. A articulação da especificidade destes conceitos aponta para os valores e a direção de seus fatos e eventos, valores estes expressos no Código de Ética desses profissionais que veremos mais adiante. Não! Não nos esquecemos da questão da humanização! A humanização é um processo de construção gradual, realizada através do compartilhamento de conhecimentos e de sentimentos (BARAÚNA, 2007). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 35 As ações de humanização englobam muitas e diversificadas práticas profissionais que vêm sendo introduzidas no tratamento de pessoas hospitalizadas (a psicologia, a terapia ocupacional, a arteterapia, a contação de histórias, a arte do palhaço, as artes plásticas, o toque terapêutico, a massoterapia, etc.) (BARAÚNA, 2007). Nas ações da humanização, procura-se resgatar o respeito à vida humana, a nossa e a do paciente. Mais do que isso, humanizar é adotar uma prática na qual o enfermeiro, o profissional que cuida da saúde do próximo, enfim, toda a equipe multiprofissional do hospital, encontre a possibilidade de assumir uma posição ética de respeito ao outro, de acolhimento do desconhecido, do imprevisível, do incontrolável, do diferente e singular, reconhecendo os seus limites (CEMBRANELLI, 2007). Quando falamos, portanto, em “humanização do atendimento”, não falamos apenas em resgatar o mais bonito do humano ou o quanto somos “maravilhosos”, mas resgatar-nos de uma forma mais inteira, mais coerente em todas essas nossas dimensões da comunicação. Temos que ser capazes de não ficar imaginando que “em algum lugar do planeta” nos comunicaríamos muito bem, mas sim entendermos que a nossa habilidade de comunicação passa pela verdade de sermos capazes de nos relacionar com quem existe à nossa volta; que as pessoas que nos rodeiam são os nossos professores de comunicação, e que melhorar a nossa comunicação significa conquistar o melhor de nós mesmos, significa colocarmos a atenção em dimensões que, muitas vezes, não a pomos (SILVA, 2007). De acordo com Brasil (2004), a humanização em hospitais envolve essencialmente o trabalho conjunto de diferentes profissionais, de toda a equipe. O trabalho interdisciplinar pode favorecer a uma multiplicidade de enfoques e alternativas para a compreensão de aspectos que estão envolvidos no atendimento ao paciente. Isto tudo pode colaborar para o estabelecimento de uma nova cultura de respeito e valorização da vida humana no atendimento ao paciente. É necessário mudar a forma como os hospitais se posicionam frente ao seu principal objeto de trabalho – a vida, o sofrimento e a dor de um indivíduo fragilizado pela doença. De nada valerão os esforços para o aperfeiçoamento gerencial, Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 36 financeiro e tecnológico das organizações de saúde, pois a mais extraordinária tecnologia, sem ética, sem delicadeza, sem respeito, não produz bem-estar. Muitas vezes, desertifica o homem (BRASIL, 2004). Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 37 UNIDADE 5 – O ESTRESSE DO PROFISSIONAL Vários autores consideraram a Enfermagem como uma profissão estressante, devido a vivência direta e ininterrupta do processo de dor, morte, sofrimento, desespero, incompreensão, irritabilidade e tantos outros sentimentos e reações desencadeadas pelo processo doença (BATISTA; BIANCHI, 2006). Nas unidades de emergência é exigido do enfermeiro, aumento da carga de trabalho e maior especificidade nas suas ações na prestação de suas tarefas. Os maiores estressores citados nesta área são: número reduzido de funcionários; falta de respaldo institucional e profissional; carga de trabalho; necessidade de realização de tarefas em tempo reduzido; indefinição do papel do profissional; descontentamento com o trabalho; falta de experiência por parte dos supervisores; falta de comunicação e compreensão por parte da supervisão de serviço; relacionamento com os familiares; ambiente físico das unidades; tecnologia de equipamentos; assistência ao paciente e situação de alerta constante, devido a dinâmica do setor (BATISTA; BIANCHI, 2006). Ainda existe, mesmo que entrelinhas, a dupla jornada de trabalho, os profissionais da enfermagem se obrigam a trabalhar em mais de uma instituição para aumento da renda familiar, além disso, o trabalho em turnos é uma característica da enfermagem, uma vez que a assistência é prestada 24 horas. Site: www.ucamprominas.com.br e-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br Telefone: (0xx31) 3865-1400 Horários de Atendimento: manhã - 08:00 as 12:00 horas / tarde - 13:12 as 18:00 horas 38 A verdade é que todas essas condições obrigam que o profissional trabalhe a noite, nos fins de semana e feriados, limitando assim, sua vida social (PAFARO; MARTINO, 2004). Os profissionais que trabalham na área de saúde apresentam acentuado risco ocupacional, considerando o estresse, por conviver constantemente com situações de sofrimento, depressão, dor, tragédia, etc. A enfermagem vive uma realidade de trabalho cansativo e desgastante gerada pela diversidade, intensidade e simultaneidade de exposição a cargas físicas, químicas, mecânicas, fisiológicas e psíquicas. Este ambiente de trabalho turbulento e conflitante colabora para o aparecimento do estresse que geralmente o profissional demora em perceber seu adoecimento. Por vezes, envolvido pela rotina do setor, a qualidade do atendimento acaba por tornar-se insatisfatório pelo paciente (HARBS et al., 2008). O estresse caracteriza-se por uma resposta adaptativa do organismo frente a novas situações, especialmente àquelas entendidas como ameaçadoras. É considerado um processo individual, com variações sobre a percepção de tensão e manifestações psicopatológicas diversas. No âmbito laboral pode produzir uma diversidade de sintomas físicos, psíquicos e cognitivos, por requerer respostas adaptativas prolongadas, para tolerar, superar ou se adaptar a agentes estressores, as quais podem comprometer o indivíduo e as organizações (PASCHOALINI et al., 2008). De acordo com Stacciarini e Troccoli (2001), a palavra estresse tem sido muito recorrida, associada a sensações de desconforto, sendo cada vez maior o número de pessoas que se definem como
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