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CAPÍTULO 4 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS PROF. REGINALDO ALVES NOGUEIRA. A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Analisar os processos da organização com visão holística integrada. Compreender de forma sistêmica as interações dos principais processos da cadeia de valor das empresas que competem no mercado. Realizar a reengenharia contínua dos processos para sustentabilidade da vantagem competitiva e alavancagem de resultados. Fazer a aplicação de conhecimentos integrados de negócios na moderna gestão empresarial. 136 FUNDAMENTOS DE GESTÃO DE PROCESSOS E DA QUALIDADE 137 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 CONTEXTUALIZAÇÃO A globalização, fenômeno que fez girar o mundo das organizações numa velocidade vertiginosa, como nunca antes, forjou uma nova postura para as empresas. Uma realidade que precisa ser tratada com as novas ferramentas disponíveis para quem deseja continuar sua existência no mundo corporativo atualmente. Por conta disso, neste capítulo trataremos de questões voltadas para a melhoria dos processos das organizações. Abordaremos conceitos da Gestão e Qualidade dos Processos, com tratativas sobre ferramentas de medição dos processos. Também será vista a questão da Cadeia de Valor em Processos, buscando entender o que realmente é importante nas várias perspectivas dos que têm interesse na empresa. Em seguida, abordagens sobre a Reengenharia de Processos, para que se tenha uma noção da entrada das tecnologias da informação na vida dos processos organizacionais. A Gestão de Processos de Negócios vem logo depois, e vai tratar dos aspectos de atuação empresarial. E, por último, o Gerenciando Processos com BSC nos permitirá um vislumbre dessa ferramenta promissora. Então vamos lá!! GESTÃO E QUALIDADE DOS PROCESSOS Vimos anteriormente que a gestão de processos está relacionada ao desenvolvimento de ações sistemáticas, com base em métodos, técnicas e ferramentas para analisar, mapear, modelar e controlar. O objetivo central de tudo isso está em manter estáveis a rotina e a implantação de melhorias na qualidade dos processos. Agora vamos adentrar um pouco neste tema da qualidade que é muito importante para mensurar os processos. Acompanhe e bons estudos!! Na atualidade, a temática qualidade é um termo rotineiro e é parte integrante “do jargão das organizações, independentemente do ramo de atividade e da abrangência de atuação, pública ou privada. A principal diferença entre a abordagem do início do século XX e a atual é que a qualidade, agora, está relacionada às necessidades e aos anseios dos clientes” (MARSHALL JUNIOR et al., 2012, p. 416-418). 138 FUNDAMENTOS DE GESTÃO DE PROCESSOS E DA QUALIDADE a) Medir para qualifi car Inicialmente, reproduzo aqui algumas questões básicas a você, que é gerente de uma operação ou processo: Quantas medidas há no seu processo? Quantos indicadores de performance você possui para gerenciar o processo? Qual o principal indicador de performance que você deve gerenciar? Quantas vezes por ano você verifi ca junto aos seus clientes o grau de satisfação com a sua operação? Que indicadores você usa para controlar a qualidade das saídas do processo? (DA SILVA, 2015, p. 671-674). Essas questões, para quem está desejoso de aperfeiçoar-se na área de gestão de processos, ou então promover ações de melhorias, são um exercício mental muito valioso. Afi nal, se não temos um parâmetro de medição, também não teremos como gerenciar, e menos ainda imaginar melhorias para os processos. Na Figura 34, temos considerações resumidas sobre a questão da medição de um processo. Figura 34 - Melhoria de Processos Como tudo o mais na vida, para que haja um bom rendimento ou retorno de qualquer coisa - evento/período -, se faz necessário o uso de parâmetros. 139 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 Com os processos se dá a mesma lógica - não podem, nem devem ser vistos com conceitos de achismos, por atributos vindos do mundo das ideias. Eles devem ser mensurados. Processos devem ser medidos, para que assim se possa gerenciá-los. A máxima de que só se gerencia o que se mede é a mais pura realidade. A prática do gerenciamento comprova que somente indicadores de performance mostram de fato o grau de efi ciência da gestão. Ao pensar em melhorias, principalmente sem ter medidas de referência anteriores, como será possível afi rmar ou auferir que houve melhora após alguma ação ou mudança no processo? É simples a resposta: não há como. (DA SILVA, 2015, p. 681-685). A necessidade de se estabelecer parâmetros de medição se mostra cada vez maior para que haja uma boa gestão de processos. b) A conformidade Um outro fato, na atualidade, tem posto o estabelecimento de regras na gestão de processos em evidência: se tornou um requisito de reconhecimento de qualidade nas organizações. Os sistemas de gestão organizacional exigem esse tipo de comportamento como condição para participar do seleto grupo das empresas qualifi cadas. Como exemplo dessa prática, podemos mencionar: o Prêmio Nacional de Qualidade (PNQ/FNQ); e, das Normas da Série ISO 9000. Qualidade é um conceito subjetivo, é o modo de ser, é a propriedade de qualifi car os mais diversos serviços, objetos, indivíduos etc. Do latim qualitate. Qualidade está relacionada às percepções de cada indivíduo e diversos fatores, como cultura, produto ou serviço prestado. Necessidades e expectativas infl uenciam diretamente nesta defi nição. Qualidade pode ser qualidade de vida das pessoas de um país, qualidade da água que se bebe ou do ar que se respira, qualidade do serviço prestado por uma determinada empresa, ou ainda qualidade de um produto no geral. Como o termo tem diversas utilizações, o seu signifi cado nem sempre é de defi nição clara e objetiva. 140 FUNDAMENTOS DE GESTÃO DE PROCESSOS E DA QUALIDADE A conformidade está relacionada ao tipo de modelo de qualidade existente em relação aos seus requisitos. Qualidade em relação a produtos e/ou serviços: há várias defi nições para qualidade, como o produto estar em conformidade com as exigências dos clientes, ter valor agregado, algo que produtos similares não possuem, relação custo/benefício etc. Existe também o controle da qualidade, garantia da qualidade e gestão da qualidade: são conceitos relacionados com o de qualidade na indústria e serviços. Os conceitos são usados em várias áreas, através de indicadores de qualidade e normas, como a ISO 9001, ISO 14000 e outras. Fonte: Disponível em: <https://www.signifi cados.com.br/ qualidade/>. Acesso em: 16 maio 2017. Esses dois critérios (PNQ e ISO) utilizam os conceitos de qualidade como sua base de sustentação. Sabemos que o termo qualidade é amplo e diversifi cado, e por isso se faz necessária uma breve defi nição para podermos prosseguir em nossos estudos. Para a Norma Internacional de Organização, ou a International Standards Organization (ISO), qualidade signifi ca que está adequado ao uso e está conforme as especifi cações. De acordo com Lobos (1991), qualidade se refere, precipuamente, ao processo pelo qual os produtos ou serviços se tornam concretos, materializados. Caso esse procedimento seja bem realizado, teremos, como consequência natural, um bom produto/serviço ao fi nal de sua concretização. A qualidade envolve tudo que se faz e em tudo o que se faz. A conformidade está relacionada ao tipo de modelo de qualidade existente em relação aos seus requisitos. Não se preocupe, vamos entender melhor! 141 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 Signifi cado de conformidade: s.f. Qualidade do que é conforme ou de quem se conforma. / Estado de duas ou de várias coisas iguais entre si; analogia, semelhança: a conformidade de dois objetos. / — Loc. adv. Em conformidadecom, de acordo com, segundo a conveniência de. Fonte: Disponível em: <https://www.signifi cados.com. br/?s=conformidade>. Acesso em: 16 maio 2017. Conceito de modelo de qualidade: A qualidade, por sua vez, é uma característica inerente das coisas, que permite a comparação entre estas e outras da mesma espécie. Trata-se de uma apreciação subjetiva que, relativamente a um utilizador, implica satisfazer as suas necessidades e os seus desejos (sendo bem-sucedido, é de boa qualidade). Um modelo de qualidade é, por conseguinte, um conjunto de práticas ligadas aos processos de gestão e ao desenvolvimento de projetos. Este modelo constitui uma planifi cação para alcançar um impacto estratégico, obedecendo aos objetivos fi xados em termos de qualidade do produto ou serviço. Ao implementar um modelo de qualidade, uma empresa procura desenvolver sistematicamente produtos e serviços que cumpram com os requerimentos e as exigências dos clientes. É importante que os elementos que formam o conjunto do modelo de qualidade estejam estruturados de forma que seja possível realizar um controle e seguimento dos processos. O modelo deve reunir as atividades e as funções relacionadas com a qualidade para que possam ser executadas de um modo sistemático e formal. Fonte: Disponível em: <http://conceito.de/modelo-de- qualidade#ixzz4hQ6ZrNvZ>. Acesso em: 16 maio 2017. O alvo quando se estabelece um padrão normativo é que se faça exatamente o que foi planejado para o processo - que ele seja executado tal como está no plano. Posto assim, parece simples, mas a prática nas organizações é bastante complexa. A seguir podemos visualizar uma modelagem de um processo de vendas, que deve ser executado conforme especifi cado, pois foi mapeado e aprovado neste formato. 142 FUNDAMENTOS DE GESTÃO DE PROCESSOS E DA QUALIDADE Figura 35 - Exemplo de Modelagem de um Processo de Vendas Fonte: Campos (2014, p. 71). Nessa fi gura, temos uma situação bem comum no ambiente organizacional, até conhecido fora dele também, e mostra um processo comum. Exemplifi ca um processo dentro dos requisitos e modelagens de BPMN, ferramenta vista no capítulo anterior. c) Referencial de conformidade A padronização conceitual, usada para vários segmentos das indústrias, é tirado de um modelo de referência de processo. É um entendimento teórico das entidades e das relações envolvidas em um tema, uma atividade, e realiza esboços para o desenvolvimento dos modelos mais tangíveis, com a capacidade de serem aplicados no mundo real, chegando mesmo à sua implementação na organização. Essa prática permite fazer até comparação de semelhanças ou diferenças entre os modelos. A título de exemplifi cação, vamos comentar alguns modelos de referência ou referenciais de confor midade. REFERENCIAL: ISO 9000 A história da ISO começou em 1946, quando delegados de 25 países se reuniram no Instituto de Engenheiros Civis, em Londres, e decidiram criar uma nova organização internacional para facilitar a coordenação internacional e unifi cação dos padrões industriais. A nova organização começou ofi cialmente suas operações em 23 de fevereiro de 1947. 143 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 Desde então, já houve publicação sobre 21.631 padrões internacionais que cobrem quase todos os aspectos da tecnologia e da manufatura. Atualmente a organização possui membros em 163 países, e 780 órgãos técnicos para cuidar do desenvolvimento de padrões. Mais de 135 pessoas trabalham em tempo integral para o Secretariado Central da ISO em Genebra, na Suíça. Certos de que a Organização Internacional de Normalização teria diferentes acrônimos em diferentes línguas (IOS em inglês, OIN em francês para a Organization Internationale de Normalization), os seus fundadores decidiram dar-lhe a forma abreviada ISO - que é derivação da palavra grega isos, e signifi ca igual. Portanto, seja qual for o país, seja qual for a língua, será sempre ISO. Já nos anos 80, mais especifi camente em 1987, a ISO lançou manuais de avaliação do sistema de qualidade que se constituíram em Normas ISO Série 9000 de Padrões Internacionais, e reuniam as diversas normas regulamentadoras que já existiam entre fornecedores e compradores. Fonte: Disponível em: <https://www.iso.org/fr/members.html; https:// www.iso.org/home.html>. Acesso em: 15 maio 2017). Para conhecer as empresas certifi cadas pela ISO no Brasil e outras informações, veja a lista neste sítio: <http://certifi q.inmetro.gov.br/>. Diante de assunto tão importante, o Brasil também é representado nessa organização através da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), importante instrumento para quem é estudante, pesquisador! Há diversos instrumentos de verifi cação da padronização e normatização para aqueles que estão interessados em melhorar seus procedimentos industriais. 144 FUNDAMENTOS DE GESTÃO DE PROCESSOS E DA QUALIDADE REFERENCIAL: ANS E ANVISA A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) são órgãos atuantes na área de qualidade. Possuem modelos de referência em diversos segmentos, no Brasil. A Anvisa é uma autarquia sob regime especial, presente em todo o território nacional por meio das coordenações de portos, aeroportos, fronteiras e recintos alfandegados. A ANS é uma agência reguladora vinculada ao Ministério da Saúde responsável pelo setor de planos de saúde no Brasil. A regulação pode ser entendida como um conjunto de medidas e ações do governo que envolvem a criação de normas, o controle e a fi scalização de segmentos de mercado explorados por empresas para assegurar o interesse público. Fonte: Disponíveis em: <http://portal.anvisa.gov.br/> e <http:// www.ans.gov.br/>. Acesso em: 15 maio 2017. Em síntese, estes órgãos possuem grande relevância para as demais organizações empresariais, pois atuam no benefício direto ou indireto para o alcance de objetivo estratégico global, tendo em vista que trabalham com foco primordial na proteção e controle da saúde da população em geral. É o caso da ANVISA, que possui atuação principal no controle sanitário da produção, consumo de produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária, fazendo parte deste leque: processos, ambientes, insumos e das tecnologias correlacionadas. Entre outras abrangências, temos a supervisão dos portos, aeroportos, recintos alfandegados e das fronteiras. Já a ANS atua na normatização e fi scalização de empresas relacionadas a planos de saúde, onde resguarda este direito ao seu público-alvo. REFERENCIAL: FNQ / PNQ Em 11 de outubro de 1991, um grupo formado por representantes de 39 organizações privadas e públicas instituíram, em São Paulo, a Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade (FPNQ). A entidade sem fi ns lucrativos foi criada para administrar o Prêmio Nacional da Qualidade® (PNQ) e as atividades decorrentes do processo de 145 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 premiação, em todo o território nacional. Tem início, assim, uma trajetória em busca das melhores práticas da gestão para o aumento da competitividade das organizações e do Brasil. Em 2005, a Fundação promove uma ampla reestruturação. Elege uma nova Governança na Assembleia Geral de Membros, reformula a sua logomarca e retira o nome prêmio da sigla, passando a se chamar Fundação Nacional da Qualidade (FNQ). Também redefi ne sua missão, visão e objetivos, e incorpora aos Critérios de Excelência novas práticas de gestão com tendências de organizações Classe Mundial, entre elas a sustentabilidade, a responsabilidade corporativa e a valorização das pessoas, da qualidade de vida e da diversidade. Em outubro de 2016, a Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) completou 25 anos de atuação. Trata-se de um marco no movimento pela excelência da gestão, que reúne milhares de pessoas em rede em prol da disseminação da causa e inserção das organizaçõese do Brasil na rota da competitividade mundial. O trabalho da FNQ é baseado no Modelo de Excelência da Gestão® (MEG), uma metodologia de avaliação, autoavaliação e reconhecimento das boas práticas de gestão. Estruturado em oito Fundamentos, o Modelo defi ne uma base teórica e prática para a busca da excelência, dentro dos modernos princípios da identidade empresarial e do atual cenário do mercado. Para a Fundação, as organizações são sistemas vivos integrantes de ecossistemas, que necessitam entender e exercitar os princípios da interdependência, do pensamento sistêmico e da sustentabilidade na gestão. Por isso mantém o compromisso de aperfeiçoar-se e renovar sua missão constantemente, de forma a acompanhar as mudanças globais e impulsionar o desenvolvimento das empresas e do país como um todo. Fonte: Disponível em: <http://www.fnq.org.br/sobre-a-fnq>. Acesso em: 15 maio 2017. 146 FUNDAMENTOS DE GESTÃO DE PROCESSOS E DA QUALIDADE Quer conhecer melhor a FNQ e outras informações importantes? Então acesse o sítio neste link: <http://www.fnq.org.br/>. Deste modo, vemos que a FNQ tem contribuído e muito para o aprimoramento constante das empresas, pelo fato de atuar próxima às organizações que querem manter-se atualizadas e sustentáveis no mercado com um padrão internacional de qualidade. Tem se consolidado em centro de estudos, debates, e também na geração e disseminação de conhecimentos com foco em gestão. E, a cada dia, a FNQ reafi rma esta missão de agente propulsor do desenvolvimento das organizações e consequentemente da nação. Atenção às novidades trazidas pelas publicações em e-book da FNQ: Novo Modelo de Excelência da Gestão® (MEG): Este e-book, de dez/2016, apresenta o novo Modelo de Excelência da Gestão® (MEG). O novo MEG se tornou um guia prático para as organizações que almejam ser cada vez efi cientes, além de aperfeiçoar e adequar a sua gestão aos principais temas e cenários da atualidade. Benchmarking – FNQ: Para estimular as organizações a buscar novas formas de aperfeiçoar produtos, processos operacionais e gerenciais, esta publicação tem como tema o benchmarking. O e-book apresenta um método de aprendizado que compara e adapta as melhores práticas e resultados à realidade das organizações. MEG: Cases de Sucesso – FNQ: Para estimular a melhoria da produtividade e da imagem das organizações, a publicação trabalha a importância do planejamento estratégico e da implementação dos Critérios e dos Fundamentos do Modelo de Excelência de Gestão® (MEG) nas atividades diárias das empresas. Além disso, o e-book também apresenta alguns casos de sucesso que demonstram como o investimento em excelência traz resultados a longo prazo para as organizações. Fonte: Disponível em: <http://www.fnq.org.br/informe-se/ publicacoes/e-books>. Acesso em: 15 maio 2017. 147 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 São temas cada vez mais ligados ao atendimento das necessidades e expectativas dos stakeholders (interessados) e dos clientes de uma organização! Com isso, surgiu uma ligação entre qualidade, conformidade e processos, ou seja, sem processos defi nidos, implantados e utilizados, não há conformidade, tampouco qualidade. E sem qualidade, os resultados, em todos os aspectos, são ínfi mos e comprometem a sustentabilidade fi nanceira, econômica e social de qualquer organização. d) Qualidade dos processos Já foi mencionado antes, mas volto a repetir que todo processo existe para uma fi nalidade ou tenta alcançar um resultado. Ele é formatado para chegar a um objetivo! E esse intento, para ser efi ciente e efi caz, depende da qualidade de seus processos. Se conduzidos adequadamente, os produtos ou serviços gerados devem ser capazes de: Responder a uma necessidade ou utilização objetivamente defi nida. Satisfazer plenamente os clientes ou usuários para os quais se destinam. Atender a determinadas normas ou especifi cações. Envolver custos adequados e preços compatíveis. (FERREI- RA, 2014, p. 19). A garantia da efetividade dos processos, e a sua qualidade, nos leva a considerar determinados aspectos e procedimentos, dos quais alguns estão listados no quadro seguinte: Quadro 31 - Principais aspectos e procedimentos da qualidade Padrão O padrão é uma referência de comparação ou o nível de desempenho desejado e em relação ao qual um processo pode ser avaliado. Ele envolve registro de especifi cações, métodos, procedimentos, tecnologias e habilidades escolhidas como referencial de comparação para a gerência de processos. Requisitos (ou pré-requisitos) Os requisitos dizem respeito às condições que devem ser satisfeitas, exigências legais ou particulares essenciais para o sucesso de um processo, serviço ou produto. Requisitos do cliente Requisitos do cliente são as especifi cações que defi nem claramente como o demandante deseja receber o produto ou o serviço de seu fornecedor. No caso das organizações públicas, envolve as necessidades básicas dos cidadãos ou das demais partes interessadas, essenciais e importantes para sua satisfação, explicitadas por eles, de maneira formal ou informal. 148 FUNDAMENTOS DE GESTÃO DE PROCESSOS E DA QUALIDADE Normalização A normalização constitui atividade sistemática para estabelecer e utilizar padrões. Deve ser compreendida como o processo de formulação e aplicação de regras para atingir o desenvolvimento ordenado de uma atividade específi ca, para o benefício e com a cooperação de todos os envolvidos. Indicadores Indicadores são formas de representação, preferencialmente quantifi cáveis, de características de produtos e processos, utilizados para acompanhar e melhorar resultados. Indicadores de processos Os indicadores de processo são formas de representação objetiva de características do processo que devem ser acompanhadas ao longo do tempo para avaliar e melhorar o seu desempenho. Eles medem o esforço que é realizado nas atividades do processo. Problema Problema é a diferença entre a situação desejada (proposta) e a situação do momento (atual), ou seja, entre o que se quer (meta a ser alcançada) e o que se tem. Ele envolve resultados ou efeitos indesejados de um processo e, portanto, pode ser considerado sinônimo de erro, falha, desvio ou não conformidade. Essas ocorrências prejudicam a qualidade do processo e de seus resultados e, portanto, devem ser observadas com atenção pela gerência responsável. Análise crítica A análise crítica compreende a avaliação global de um projeto, serviço, produto, informação ou processo organizacional com relação a requisitos, cujo objetivo é a identifi cação de problemas e a proposição de soluções. Memória administrativa A memória administrativa compreende o conjunto singular de documentos legais, técnicos e históricos, formais e informais, que atendem às exigências legais, necessidades futuras de referência ou utilização e de registro histórico da organização. Esses registros são importantes porque fornecem parâmetros para comparações e, consequentemente, para a avaliação dos processos. Fonte: Elaborado a partir de Ferreira (2014, p. 19-20). Há muitos conceitos e defi nições acerca da qualidade na literatura e em outras áreas especializadas. E conforme Garvin (2002, p. 48 apud MARSHALL JUNIOR et al., 2012), “existem cinco abordagens principais para a defi nição de qualidade: transcendental, baseada no produto, baseada no usuário, baseada na produção e baseada no valor”, as quais podem ser entendidas no quadro a seguir: 149 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 Quadro 32 - As cinco Principais Abordagens na Defi nição de Qualidade Ti po d e A bo rd ag em Transcendental • Uma condição de excelência que implica ótima qualidade, distinta de má qualidade (GARVIN, 2002). • Qualidade é atingir ou buscar o padrão mais alto em vez de se contentar com o malfeito ou fraudulento (TUCHMAN, 1980). • Qualidadenão é uma ideia ou uma coisa concreta, mas uma terceira entidade independente das duas... Embora não se possa defi nir qualidade, sabe-se o que ela é (PIRSIG, 1974). Baseada no Produto • Diferenças de qualidade correspondem a diferenças de quantidade de algum ingrediente ou atributo desejado (ABBOTT, 1955). • Qualidade refere-se às quantidades de atributos sem preço presentes em cada unidade do atributo com preço (LEFFLER, 1982). Baseada no Usuário • Qualidade consiste na capacidade de satisfazer desejos (EDWARDS, 1968). • Na análise fi nal de mercado, a qualidade de um produto depende de até que ponto ele se ajusta aos padrões das preferências do consumidor (KUEHN; DAY, 1962). • Qualidade é adequação ao uso (JURAN, 1994). Baseada na Produção • Qualidade [quer dizer] conformidade com as exigências (CROSBY, 1979). • Qualidade é o grau em que o produto específi co está de acordo com o projeto ou especifi cação (GILMORE, 1974). Baseada no Valor • Qualidade é o grau de excelência a um preço aceitável e o controle da variabilidade a um custo aceitável (BROH, 1982). • Qualidade quer dizer o melhor para certas condições do cliente. Essas condições são: a) o verdadeiro uso; e b) o preço de venda do produto (FEIGENBAUM, 1961). Fonte: Elaborado a partir de Marshall Junior et al. (2012, p. 427-449). A conceituação do termo qualidade ainda pode ser expandida em elementos básicos conforme quadro a seguir Garvin (2002, p. 48 apud MARSHALL JUNIOR et al., 2012): 150 FUNDAMENTOS DE GESTÃO DE PROCESSOS E DA QUALIDADE Quadro 33 - Elementos básicos da qualidade El em en to s B ás ic os d a Q ua lid ad e Desempenho • Refere-se às características operacionais básicas do produto. Característica • São as funções secundárias do produto, que suplementam seu funcionamento básico. Confi abilidade • Refl ete a probabilidade de mau funcionamento de um produto. Conformidade • Refere-se ao grau em que o projeto e as características operacionais de um produto estão de acordo com padrões preestabelecidos. Durabilidade • Refere-se à vida útil de um produto, considerando suas dimensões econômicas e técnicas. Atendimento • Refere-se à rapidez, cortesia, facilidade de reparo ou substituição. Estética • Refere-se ao julgamento pessoal e ao refl exo das preferências individuais. Qualidade Percebida • Refere-se à opinião subjetiva do usuário acerca do produto. Fonte: Elaborado a partir de Marshall Junior et al. (2012, p. 374-382). Neste contexto, de aprendizado da temática gestão e qualidade dos processos, é importante conhecer as linhas de pensamento principais que geraram toda essa onda de mudança de paradigma, via sistematização conceitual e instrumental que foi proposta e também implementada por especialistas mais renomados neste campo do conhecimento. A seguir podemos ter uma visão melhor desta linha de pensamento (MARSHALL JUNIOR et al., 2012): • Juran e Deming foram os dois principais responsáveis pelo movimento da qualidade no Japão. Os japoneses os consid- eram como os inspiradores do milagre industrial de seu país, iniciado na década de 1950. Os norte-americanos só lhes de- ram o devido valor nos anos 1980. • Do lado norte-americano, Philip Crosby contribuiu com sua te- oria do zero defeito e Armand Feigenbaum foi o grande impul- sionador do conceito de controle da qualidade total. • Do lado japonês, Kaoru Ishikawa e Genichi Taguchi são dois nomes importantes. Ishikawa foi o responsável pela adaptação da cultura japonesa aos ensinamentos de Deming e Juran. Foi ainda o grande inspirador dos Círculos de Controle da Qualidade (CCQ). Taguchi deu forte impulso à promoção do design industri- al, que marcou a segunda onda do movimento da qualidade no Japão, após a primeira fase, assentada no controle estatístico. (MARSHALL JUNIOR et al., 2012, p. 462-471, grifo nosso). O alcance da qualidade se ampliou e continua se ampliando quando o assunto é gestão de processos. E sua aplicação está corroborada nas normas gerais de padronização. 151 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 CADEIA DE VALOR EM PROCESSOS Nesta seção iremos aprender o que se tem de mais relevante acerca da temática cadeia de valor para os processos. Fique atento! Vamos conhecer e identifi car os reais valores! O princípio da noção de cadeia se deu com as análises feitas envolvendo valor - a percepção de que há certos custos que aumentam a qualidade de um determinado produto (consequentemente aumentam a satisfação do cliente); e para outros produtos nem tanto. O idealizador do conceito cadeia de valor foi Michael Porter (1985), quando a conceituou como sendo uma cadeia de atividades relacionadas e desenvolvidas por uma empresa que busca a satisfação. De forma mais completa, as necessidades de seus clientes/consumidores. Envolve os macroprocessos da organização e estes estão relacionados de forma hierárquica. Michael Eugene Porter (1947-) Economista e engenheiro. PhD em Economia de Negócios, em Harvard (1973), após o curso de Engenharia Aeroespacial (aviação) e Engenharia Mecânica, em Princeton, foi o primeiro a graduar-se em sua turma, em 1969. De lá, ele foi para a Universidade de Harvard, onde obteve um MBA com grande distinção da Harvard Business School em 1971. Professor na Harvard Business School nas áreas de Administração e Economia. É cofundador da Monitor Group Consulting. Nasceu na cidade de Ann Arbor, no Estado de Michigan (EUA). Seu pai era um ofi cial do exército de carreira, e Michael cresceu em vários países onde seu pai serviu. Após seu PhD, Porter permaneceu no mundo acadêmico, dando palestras na Harvard Business School. Em 1980, publicou a primeira edição da Competitive Strategy. Tornou-se rapidamente um texto de negócios infl uente e um best- seller internacional. Até 2016, tinha sido traduzido em 19 línguas e tinha sido reimpresso 63 vezes. O texto serve como parte do currículo central da Harvard Business School, bem como em quase todas as escolas de negócios do mundo. O seu tema de estudos e pesquisas refere-se às estratégias de competitividade no mundo empresarial. 152 FUNDAMENTOS DE GESTÃO DE PROCESSOS E DA QUALIDADE É de sua autoria a defi nição das três fontes genéricas de vantagens competitivas: diferenciação, baixo custo e focalização em mercado específi co. A sua obra mais expressiva é The Competitive Advantage of Nations (MacMillan, 1990), em alusão ao conceito clássico de vantagens competitivas de David Ricardo, em que amplia a sua análise e propõe a aplicação da lógica das corporações ao estudo das nações. Fonte: FERREIRA, A. (2O14, p. 24); BELTON, Pádraig. A Macat analysis of Michael E. Porter’s Competitive Strategy: Techniques for Analyzing Industries and Competitors (Locais do Kindle 115-131). Macat.com. Edição do Kindle, 2016. A Cadeia de Valor se torna muito útil por ser um instrumento que reúne várias características para demonstrar o que se torna importante para que a organização atinja seus objetivos estratégicos. Uma visão geral desse conceito é dada no quadro a seguir. A Cadeia de Valor se torna muito útil por ser um instrumento que reúne várias características para demonstrar o que se torna importante para que a organização atinja seus objetivos estratégicos. Quadro 34 - Visão geral de uma Cadeia de Valor Visão geral: Cadeia de valor é utilizada para demonstrar um fl uxo simples contínuo da esquerda para direita dos processos que diretamente contribuem para produzir valor para os clientes. O conceito de cadeia de valor foi introduzido por Michel Porter em seus trabalhos sobre estratégia corporativa e é tipicamente aplicado à modelagem corporativa em nível de planejamento. Principais características Quando usar • Características variam de acordo com a ferramenta. • Algumas vezes implementado como diagrama de cadeia de valor agregado. • Sobreposições podem ser adicionadas para representar executores, custos,tempo, sistemas ou grupos específi cos de dados. • Raias podem ser utilizadas para aumentar a efi cácia. Para criar uma decomposição de processos que se relacionam diretamente com a agregação de valor para o cliente. Para visualizar níveis de processos. Vantagens Desvantagens Fácil de ler e interpretar. Baixa ambiguidade devido a relacionamentos simples. Pode ser incrementado com entradas adicionais e identifi cação de saída, ou outras sobreposições, tais como fi nanceiras ou de envolvimento organizacional. Pontos de decisão não claros. Utilidade diminui com aumento de complexidade requerendo uso de notações mais detalhadas para decomposição adicional. Fonte: Elaborado a partir de ABPMP (2013, p. 93-94). 153 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 1. Cadeia de Valor: O conjunto de processos por meio do qual a empresa adquire seus recursos, aplica-os para transformação de produtos e/ou serviços, vende-os, entrega, fatura e apura a entrada de receita para o negócio. Fonte: Da Silva (2015, p. 11). 2. Cadeia de valor: É um modelo de estruturação das atividades desenvolvidas pelas empresas, visando garantir a máxima qualidade do serviço e produto ao cliente fi nal, além de criar vantagem competitiva no mercado. Consiste na criação de um fl uxograma dos conjuntos de atividades essenciais para a agregação de valor ao produto ou serviço de determinada empresa. Na cadeia de valor de Porter, cada etapa do processo de desenvolvimento do produto ou serviço é essencial para a sua valorização total, desde o modo como é mantida a relação com os fornecedores da matéria-prima, até o modo como o produto fi nal é entregue aos consumidores. Com a cadeia de valor a empresa consegue identifi car quais as etapas de produção responsáveis por agregar valor ao produto e, com isso, desenvolver uma estratégia que ajude a potencializar esses setores. Assim, aqueles processos que não agregam nenhum valor podem ser revistos, seja como alvo de reestruturação ou corte (evitando desperdício de dinheiro e tempo de produção). De acordo com o esquema proposto por Porter, a cadeia de valor pode ser dividida em dois principais grupos de atividades: Atividades primárias: logística interna; operações; logística externa; marketing; vendas; e serviço (pós-venda). Atividades de apoio: aquisição; desenvolvimento de tecnologias; gerência de recursos humanos; e infraestrutura da empresa. Fonte: Disponível em: <https://www.signifi cados.com.br/ cadeia-de-valor/>. Acesso em: 15 maio 2017. 154 FUNDAMENTOS DE GESTÃO DE PROCESSOS E DA QUALIDADE O conceito sugerido por Michael Porter é apontado como a melhor ferramenta para identifi car os meios de criar mais valor para o cliente. "Toda empresa consiste em um conjunto de atividades desenvolvidas para projetar, produzir, mercadejar, distribuir e apoiar seus produtos" (FERREIRA, 2014, p. 24). Nessa visão de cadeia de valor, a empresa é dividida em nove atividades de criação de valor, para que possamos entender melhor o comportamento dos custos. “Toda empresa consiste em um conjunto de atividades desenvolvidas para projetar, produzir, mercadejar, distribuir e apoiar seus produtos” Figura 36 - Cadeia de valor de Michael Porter Fonte: Ferreira (2014, p. 25). Nessa fi gura, podemos perceber que das nove atividades de criação de valor, cinco são atividades básicas e quatro de apoio. A seguir vamos aprender ainda acerca da estruturação da cadeia de processos. a) A estruturação de processos A partir de agora entenderemos como estruturar uma cadeia de processos objetivando uma gestão bem mais efi ciente na organização, com padrões de excelência orientados pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) – organização renomada na área. E para compreendermos melhor, vamos apresentar esta estrutura em quatro fases distintas, vejamos: 155 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 • A estrutura da cadeia de valor Uma Cadeia de Valor, no âmbito organizacional, representa a forma de uma empresa ordenar os seus mais diversos processos - tanto os macroprocessos como os processos e subprocessos - com o objetivo de criar valor às partes interessadas, assegurando sua posição estratégica no ambiente em que se localiza, visando tanto o tempo presente quanto o futuro. E essa forma de ordenamento se refere tanto às operações principais quanto às operações de apoio da organização. Pensando assim, quando se tenciona construir uma Cadeia de valor, o passo inicial a ser dado é "promover o entendimento básico do negócio e da organização por meio da identifi cação do fl uxo de valor, partes interessadas e suas necessidades, estrutura organizacional e objetivos estratégicos da empresa" (FNQ, 2014, p. 14). A fi gura a seguir nos mostra, de forma simplifi cada, o passo a passo para essa construção. Uma Cadeia de Valor, no âmbito organizacional, representa a forma de uma empresa ordenar os seus mais diversos processos - tanto os macroprocessos como os processos e subprocessos - com o objetivo de criar valor às partes interessadas, assegurando sua posição estratégica no ambiente em que se localiza, visando tanto o tempo presente quanto o futuro. Figura 37 - Passos para estruturação da cadeia de valor Fonte: FNQ (2014, p. 14). São passos norteadores claros, com basicamente poucas palavras de comando: defi nir - entender o modelo - entender o modo - elaborar - aprovar. E na fi gura seguinte, visualiza-se o modelo mais geral de uma cadeia de valor e suas variáveis inter-relacionadas. Figura 38 - Modelo genérico da cadeia de valor Fonte: FNQ (2014, p. 14). 156 FUNDAMENTOS DE GESTÃO DE PROCESSOS E DA QUALIDADE Por ser formada por um conjunto de processos interligados, a cadeia de valor acaba se portando como um sistema vivo e seus componentes são subjetivos (cultural e humanos: clientes) e objetivos (processos). Ela tem a capacidade de retroalimentação por meio dos feedbacks - retornos - dados pelos clientes e a sociedade em geral. Observe o sentido de ida e volta das setas na cor alaranjada. "As crenças e os valores da organização devem permear a execução de todas as atividades diretas e indiretas para que seja percebido o valor da organização por todas as partes interessadas em cada atitude/comportamento" (FNQ, 2014, p. 15). 4, p. 15) • Desdobramento da cadeia de valor Nesse ponto, após estruturar a Cadeia de valor, deve-se fazer um detalhamento máximo dos processos que a integram, chegando até o nível que for satisfatório para que sejam executadas suas rotinas por áreas. O pressuposto desse desdobramento em níveis da cadeia de valor é a hierarquia de processos. De acordo com FNQ (2014), a maioria das organizações adota, costumeiramente, até quatro níveis de desdobramento a partir dela. Na fi gura a seguir, temos exemplo de um passo a passo do desdobramento da cadeia de valor. Por ser formada por um conjunto de processos interligados, a cadeia de valor acaba se portando como um sistema vivo e seus componentes são subjetivos (cultural e humanos: clientes) e objetivos (processos). Ela tem a capacidade de retroalimentação por meio dos feedbacks - retornos - dados pelos clientes e a sociedade em geral. Figura 39 - Passos para o desdobramento da cadeia de valor Fonte: FNQ (2014, p. 15). Para esse procedimento de desdobramento da Cadeia de Valor: Deve-se ter uma noção clara do tamanho dos processos e alin- há-los à hierarquia de processos defi nida pela organização. Além disso, também é preciso levantar as necessidades e ex- pectativas dos clientes internos e externos para que seja pos- sível estabelecer indicadores com níveis de serviços e entregas sob medida, além de incorporar esses requisitos nos processos. 157 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 A hierarquia de processos é uma abordagem que permite à organizaçãovisualizar como seus processos desdobram-se desde uma "visão do todo" – normalmente representada pela Cadeia de processos - até uma "visão operacional", em geral representada por fl uxogramas e procedimentos. Para iniciar o desdobramento, indicamos usar a Matriz SIPOC, que é uma forma de visualização geral do processo (FNQ, 2014, p. 15). O cerne do desdobramento da cadeia de valor é que se conheçam todos os processos e quais são aqueles que têm proeminência para a organização. • Visão Geral do Processo de uma Cadeia de Valor Como geralmente há muitos processos em uma organização, fi ca claro que não é possível estruturar, ou ainda melhorar, todos os processos, simultaneamente. É conveniente que se faça uma avaliação para medir a maturidade dos processos e só depois fazer o estabelecimento de sequência para que os processos tidos como críticos sejam melhorados, tendo com base as diretrizes estratégicas e outros parâmetros signifi cativos da empresa. No exemplo a seguir, a fi gura dá uma ideia de como deve ser construído o diagrama da Cadeia de valor (FNQ, 2014, p. 17). Figura 40 - Visão geral do processo da cadeia de valor com SIPOC Fonte: FNQ (2014, p. 17). 158 FUNDAMENTOS DE GESTÃO DE PROCESSOS E DA QUALIDADE Nesta fi gura temos um exemplo de megaprocesso, utilizando o SIPOC, em que é evidenciado o planejamento estratégico da organização. O objetivo está em dar as condições para a empresa defi nir e implementar sua estratégia atual e futura. • Avaliação da maturidade dos processos A avaliação dos processos tende a conhecer até que ponto suas práticas atuais têm atendido em conformidade às práticas de classe mundial. “A avaliação de maturidade permite apoiar a análise de cenário interno no ciclo de revisão da estratégia. Com isso, é possível direcionar esforços e recursos para alavancar processos com focos estratégicos com maior assertividade" (FNQ, 2014, p. 19). A fi gura adiante mostra as etapas de uma avaliação da maturidade. “A avaliação de maturidade permite apoiar a análise de cenário interno no ciclo de revisão da estratégia. Com isso, é possível direcionar esforços e recursos para alavancar processos com focos estratégicos com maior assertividade” Figura 41 - Passos para avaliação da maturidade Fonte: FNQ (2014, p. 19). Após avaliação dos processos, uma das metodologias existentes e que pode ser utilizada é a matriz de qualidade x maturidade (FNQ, 2014, p. 22). Figura 42 - Matriz de Qualidade x Maturidade Fonte: FNQ (2014, p. 22). 159 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 Nessa matriz devem ser mapeadas as variáveis da qualidade (quanto à prática exemplar no mercado de atuação) versus a maturidade (robusto, repetível e com indicadores integrados à estratégia). A seguir veremos os parâmetros da qualidade para o posicionamento na matriz. • Critérios para Posicionamento na Matriz Os critérios nada mais são do que os parâmetros delineados para que se alcance a qualidade do processo. Veja a fi gura a seguir que nos dá exemplo de como esses critérios estão dispostos. Figura 43 - Critérios da matriz de Qualidade x Maturidade Fonte: FNQ (2014, p. 23). Critérios que começam no nível totalmente sem padronização até alcançar o nível mais alto, da inovação. Quando há um critério a ser seguido, a organização consegue se modernizar bem mais rápido. • Priorização dos processos Nessa fase, da priorização dos processos, a maturidade dos processos será a base para avaliação dos resultados. "Vale ressaltar que o resultado da priorização deverá fazer sentido frente às prioridades da organização decorrentes da revisão da estratégia e do contexto" (FNQ, 2014, p. 24). Nessa fase, da priorização dos processos, a maturidade dos processos será a base para avaliação dos resultados. 160 FUNDAMENTOS DE GESTÃO DE PROCESSOS E DA QUALIDADE − Processos críticos Os processos críticos são aqueles que causam maior impacto na vida da empresa, tanto no presente quanto no futuro dela - afetam diretamente seus objetivos estratégicos e na satisfação daquelas partes que lhe são interessadas. Veja a fi gura a seguir para melhor compreensão das etapas da priorização dos processos. Figura 44 - Etapas da Priorização dos Processos Fonte: FNQ (2014, p. 24). Esses processos também podem ser analisados na matriz de priorização, bem como podem ser defi nidos por critérios diversos, tais como: problemas e/ou reclamações de clientes, e altos custos para sua execução. Para identifi cação dos processos mais críticos, pode-se usar uma matriz de priorização, com critérios de análise conforme mostra fi gura a seguir (FNQ, 2014). Figura 45 - Case na matriz de priorização Fonte: FNQ (2014, p. 25). 161 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 Após condensar todas as informações referentes aos processos prioritários, chega-se a outra fase também importante: validá-las com a alta gestão da organização. E após essa maratona, quando se chega a um consenso, é a hora de implementar as melhorias. E assim se fecha o ciclo de estruturação de processos e se inicia o ciclo de melhorias (FNQ, 2014). b) Agregação de valor na gestão de processos Uma particularidade muito importante da gestão de processos, dentro das organizações, é agregação de valor. E essa noção de valor engloba o conjunto de atividades e fl uxos das informações que uma empresa possui e faz uso em todas as suas movimentações. Nesse aspecto, podemos dizer que há uma conexão direta entre a criação de valor e a excelência da organização, pois nisso há o envolvimento de processos de trabalho. "O modelo de gestão propício à criação de valor deve ser orientado para a obtenção da maior efi ciência e efi cácia das atividades internas focadas em resultados" (FERREIRA, 2014, p. 23). Por causa disso, se faz necessário que as organizações aprimorem seus processos de trabalho, para que tenham condições de elevar sua efi ciência e capacidade em atuar melhor estrategicamente. A agregação de valor é alusiva também a diversos pontos de vista que estão envoltos com a organização, tais como os acionistas, seus fornecedores, produtos e clientes. • Valor do Produto Na atualidade, já está mais que confi rmado que o valor de um produto, qualquer que seja ele, não se mede apenas observando os custos gastos para sua obtenção. O critério de maior peso nessa hora é a perspectiva do cliente/consumidor. Nesse raciocínio, Ferreira (2014) em menção a Porter (1989) esclarece que: O valor de um produto é o montante que os compradores estão dispostos a pagar por aquilo que uma empresa lhes fornece. Nessa mesma direção é estabelecida a defi nição de Maranhão (2004), segundo o qual o valor é um atributo fi xado pelo cliente e não pela organização que realiza o produto. De acordo com essa perspectiva, o valor em um processo é a diferença de valor entre o produto (na saída de um processo) e a soma dos valores das entradas (matérias-primas ou insumos). Essa seria a fórmula do que se defi ne como valor agregado, ou seja: Valor Agregado = Valor do Produto - Σ Valores de Entrada (FERREI- RA, 2014, p. 24, grifo nosso). 162 FUNDAMENTOS DE GESTÃO DE PROCESSOS E DA QUALIDADE O valor do produto tem mais a ver com aquilo que o cliente/consumidor está disposto a desembolsar para sua satisfação do que necessariamente o valor que a empresa gastou para obtê-lo. • Valor para o Cliente Quando levamos em consideração apenas as organizações empresariais, segundo Albrecht (1992 apud FERREIRA, 2014), o valor para o cliente se dá de acordo com uma hierarquia de quatro níveis - básico, esperado, desejado e inesperado –, defi nidos da seguinte forma, conforme quadro a seguir. Quadro 35 - Hierarquia de valor para o cliente Quatro níveis de valor para o cliente N ív ei s Básico ⇒ Compreende os componentes essenciais exigidos do negócio. Esperado ⇒ Envolve o que os clientes normalmente esperam deum determinado negócio. Desejado ⇒ Valor adicional que os clientes conhecem e apreciam, mas não esperam. Inesperado ⇒ Envolve aspectos que surpreendem e vão além das expectativas e desejos que o cliente tem ao fazer o negócio. Fonte: Elaborado a partir de Albrecht (1992 apud FERREIRA, 2014, p. 25). As Notações de cadeia de valor abrangem um conjunto de símbolos que servem para visualizar a agregação de valor ou passos necessários para se atingir um objetivo. Muitas abordagens dessa cadeia de valor usam conjunto próprio de símbolos, "mas, em geral, são facilmente interpretados e frequentemente empregam uma seta ou um traço horizontal para expressar cada passo na cadeia. Grupos de passos podem ser sumarizados sob um objeto de “processo superior”. Na cadeia de valor, o fl uxo, normalmente, segue da esquerda para a direita e descreve os subprocessos que contribuem diretamente para produzir valor para os clientes (ABPMP, 2013, p. 93). Maiores detalhes na fi gura a seguir. Acompanhe esse exemplo. 163 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 Fonte: ABPMP (2013, p. 94). Observe na fi gura que o ponto inicial do processo é à sua esquerda e descreve aqueles subprocessos que são os responsáveis em infl uenciar mais na perspectiva do cliente. Para conhecer e aprender mais sobre esta temática acesse o sítio: <http://www.value-chain.org>. Mais um momento de treino!! Vamos fortalecer o aprendizado... Atividades de Estudos: 1) Analise as afi rmativas adiante e classifi que-as em verdadeiro (V) ou falso (F): a) ( ) A principal marca de uma cadeia de valor é indicar quais processos são aleatórios para a organização. b) ( ) Quando Porter idealizou sua teoria, se baseou na percepção de valor que os clientes davam aos produtos ofertados pelas empresas. Figura 46 – Exemplo de fl uxo de uma cadeia de valor 164 FUNDAMENTOS DE GESTÃO DE PROCESSOS E DA QUALIDADE 2) Conceitue com suas palavras o que signifi ca “Cadeia de Valor” e quais são suas principais características. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 3) Quais são as principais partes a ser consideradas para estruturar uma Cadeia de Valor? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ REENGENHARIA DE PROCESSOS Nessa parte, abordaremos outra metodologia criada para tratar a gestão de processos: a reengenharia. Sua característica é a reformulação brusca e radical nos processos das empresas que a adotam. Essa metodologia ainda é adotada em muitos ambientes empresariais, e às vezes recebe outros nomes, como reengenharia, redesenho e outros tantos. Reengenharia é uma metodologia que propõe à organização começar do zero (HAMMER; CHAMPY, 1994). Não signifi ca reformular o que existe ou fazer mudanças tímidas que deixem as estruturas básicas intactas; signifi ca abandonar procedimentos consagrados e reexaminar o trabalho necessário para criar os bens e serviços, oferecendo aos clientes o que eles realmente desejam. Fonte: Marshall Junior (2012, p. 2097-2100). 165 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 a) A revolução da produtividade A história dá testemunho de que após a Segunda Guerra Mundial houve um tremendo impulso com avanços tecnológicos nas diversas áreas do conhecimento humano, visando principalmente a questão da produtividade nas áreas da produção. Avanços tecnológicos baseados na tecnologia da informação, biotecnológicos, por exemplo, impulsionaram ainda mais a produtividade das empresas. Não apenas as tecnologias, mas também novos modelos de gestão surgiram para ajudar no aumento da produtividade da empresa. Dentre esses modelos há o da Reengenharia. E logo no início de seu surgimento, havia uma grande expectativa de seus benefícios. Acreditava-se que ela iria produzir uma revolução nos processos de trabalho muito maior do que a revolução causada pelo taylorismo e fordismo no início do século XX. Alcoforado (1997), fazendo menção a Hammer e James Champy, diz: A reengenharia empresarial signifi ca pôr de lado grande par- te da sabedoria legada por dois séculos de gestão industrial. Signifi ca esquecer como o trabalho era realizado na era do mercado de massa e decidir como melhor realizá-lo agora. Na reengenharia empresarial, os antigos cargos e estruturas or- ganizacionais - departamentos, divisões, grupos, e assim por diante - perdem a importância. Eles são artefatos de outras eras. O que importa na reengenharia é como queremos orga- nizar o trabalho agora, frente à demanda dos mercados atuais e ao potencial das atuais tecnologias. Como as pessoas e as empresas funcionavam outrora não importa para a reengenha- ria empresarial (HAMMER; CHAMPY, 1994, p. 2 apud ALCO- FORADO, 1997, p. 49). Era a promessa futurística que havia na cabeça dos mais ousados da área. Os modelos existentes nas empresas nos anos imediatos à Segunda Guerra Mundial eram considerados lentos e complexos demais. Isso mudou no início da década de 1990 com a reengenharia de processos de negócio (BPR), que foi iniciada mais ou menos si- multaneamente em 1990 por dois artigos: [...] Reengenharia do Trabalho: Não Automatize, Elimine, de Michael Hammer [...] e A Nova Engenharia Industrial: Redesenho da Tecnologia da In- formação e de Processos de Negócio, de Thomas Davenport e James Short. Posteriormente, em 1993, Davenport escreveu um livro, Reengenharia de Processos: Como inovar na Empresa at- ravés da Tecnologia da Informação, e Michael Hammer juntou-se a James Champy para escrever Reengenharia: Revolucionando a Empresa (BROCKE; ROSEMANN, 2013, p. 50, grifo nosso). Não apenas as tecnologias, mas também novos modelos de gestão surgiram para ajudar no aumento da produtividade da empresa. 166 FUNDAMENTOS DE GESTÃO DE PROCESSOS E DA QUALIDADE Simultaneamente a tudo isso, havia os que defendiam que a principal força motriz da tão sonhada mudança eram as tecnologias da informação - TI. Eles ofereceram inúmeros exemplos de empresas que haviam mudado gradativamente os processos de negócio, automati- zando processos de uma forma que gerava melhorias pouco signifi cativas. Em seguida, eles consideraram exemplos em que as empresas haviam reconcebido completamente seus processos utilizando as técnicas de TI mais recentes para que o processo funcionasse de um modo radicalmente novo (BROCKE; ROSEMANN, 2013, p. 51). Paim (2009) acrescenta que a Reengenharia revolucionou todo o contexto organizacional: • À Reengenharia se atribui a ampla difusão da lógica de se en- tender e melhorar negócios através de mudanças nos processos e de reprojetos organizacionais e também como um instrumento estratégico para a manutenção de vantagem competitiva. A Re- engenharia pode ser pensada como uma iniciativa de redefi nir as tarefas do negócio, que haviam se tornado especializadas e hierarquizadas, em processos enxutos e integrados. Um proces- so de negócio deve conter apenas as atividades essenciais que, tomadas conjuntamente, criam valor para os consumidores. • A Reengenharia deveria ser uma ruptura radical e não podia ser feita em pequenas etapas. A organização deveria partir de uma "folha em branco", romper com o passado e reprojetar o futuro da organização em direção ao que se desejasse. Depar- tamentos deveriam ser reestruturados em equipes de processos e hierarquias multiníveis deveriam ser substituídas por organi- zações com poucos níveis hierárquicos (Flat Organization), e a TI deveria exercer um papel central. (PAIM, 2009, p. 43). Eram as promessas esperadasda reengenharia para aquela época. As vantagens para as organizações seriam: • Decisões tomadas pelos próprios empregados. • Custos reduzidos. • Fluxos de processos com poucas esperas. • Ações céleres às mudanças de requisitos. • Redução em monitorar e controlar fl uxos e regras do proces- so (PAIM, 2009, p. 43). Por outro lado, segundo Paim (2009), também há algumas causas para o insucesso da aplicação de Reengenharia: 167 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 ο Falha em focar nas necessidades estratégicas do negócio. ο Alta gerência confunde ou abdica de suas responsabilidades. ο Aceitação de soluções fracamente fundamentadas. ο Falhas em reconhecer a natureza única da Reengenharia de processos de negócios. ο A Reengenharia não foi orientada por tecnologia. ο Falta de experiência antes de se iniciar os esforços de Reen- genharia. ο Acreditar que Reengenharia é uma solução imediata. ο Acreditar que a medição de desempenho é desnecessária. ο Esquecer a gestão da mudança. ο Falhar em manter o curso (PAIM, 2009, p. 51). Apesar das muitas expectativas criadas em torno das melhorias da reengenharia, houve também muitos contratempos com seu surgimento. Como exemplos de empresas que foram bem-sucedidas ao adotarem a Reengenharia em seus processos, citamos: A IBM Credit Corporation, a Ford Motor, a Kodak, a Hallmark, a Capital Holding Corporation e a Bell Atlantic (ALCOFORADO, 1997): Nelas, os processos de trabalho se tornaram rápidos, o pes- soal envolvido e os custos foram reduzidos, bem como foi el- evado o nível de qualidade dos produtos e serviços. As mu- danças radicais nos processos de trabalho associados ao uso da tecnologia da informação vêm contribuindo para uma drásti- ca redução de pessoal na atividade produtiva. A integração dos processos de trabalho contribuiu de forma decisiva para re- duzir as despesas gerais de administração (ALCOFORADO, 1997, p. 49). As mudanças no meio empresarial já estavam em célere andamento. Os processos lentos, concomitantemente, estavam sendo mirados para se acabarem. A partir desse ponto, podemos dizer que a reengenharia de processos de negócio iniciou o que temos como realidade nos dias atuais. Os executivos passaram a ver a TI como uma forma de transformação radical no modo de desenvolver e conduzir seus processos. b) Objetivo Quando bem empregada, a Reengenharia se constitui em um conjunto de medidas que objetivam o aprimoramento dos métodos e processos organizacionais de forma intensa, buscando reduzir custos e aumentando a produtividade radicalmente. Quando bem empregada, a Reengenharia se constitui em um conjunto de medidas que objetivam o aprimoramento dos métodos e processos organizacionais de forma intensa, buscando reduzir custos e aumentando a produtividade radicalmente. 168 FUNDAMENTOS DE GESTÃO DE PROCESSOS E DA QUALIDADE "Ela repensa a maneira de desenvolver o trabalho dentro das organizações e não simplesmente a melhoria dos processos existentes. Muda o processo completamente, para que fi que lógico, efi ciente e orientado pela vocação das organizações". (MARSHALL JUNIOR, 2012, p. 2119-2121). Essa proposta se via como um repensar fundamental e uma reestruturação radical diferente do que se havia feito nos processos até aquele momento - visava alcançar melhorias profundas, transformadas em indicadores críticos e contemporâneos de desempenho, que eram: custo, qualidade, atendimento e velocidade. Ressalto que a reengenharia pressupõe começar do zero, não partir de processos existentes. Segundo Marshall Junior (2012), a reengenharia, em geral, tem quatro grandes características ou peculiaridades, que são descritas no quadro a seguir: Quadro 36 - Características da reengenharia 1ª Característica Grande foco nos clientes da organização (internos e externos). 2ª Característica Processos da organização repensados, para se obter melhorias na produtividade e nos tempos de ciclos. 3ª Característica Reorganização estrutural, que, tipicamente, quebra hierarquias funcionais, criando times multifuncionais, com formação de grupos e atividades de desenvolvimento organizacional. 4ª Característica Sistemas de mensuração e novas informações que usam a última palavra em tecnologia para direcionar a distribuição de dados e tomadas de decisão como tecnologia da informação e qualidade. Fonte: Elaborado a partir de Marshall Junior (2012, p. 2106-2110). Cada característica é inovação quando em comparação aos processos mais antigos. A primeira, por exemplo, começa a dar importância ao cliente da organização. c) Metodologia Quanto aos aspectos metodológicos da Reengenharia, são consideradas as seguintes etapas para o aperfeiçoamento de processos de negócios, conforme Marshall Junior et al. (2012, p. 2121-2127): ⇒ Desenvolver visão de processo. ⇒ Identifi car a questão crítica do negócio. ⇒ Selecionar o processo crítico. ⇒ Compreender o processo: desenvolver os mapas de relacio- namentos que descrevam o estado atual de cada processo e seus inter-relacionamentos. ⇒ Redefi nir o processo: desenvolver um mapa ideal de processos. ⇒ Visualizar, projetar e implementar novo processo. 169 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 Na história da Reengenharia é possível identifi car que há muita divergência quanto à sua efetiva contribuição. Em desfavor, podemos mencionar pelo menos dois fatores: • Insucesso de algumas empresas – Ao tentar implantarem a Reengenharia, se depararam com aplicativos (softwares) muito caros e de pouca aplicabilidade; • Drástica mudança para o fator humano – O uso generalizado nos processos produtivos das novas tecnologias associada à reengenharia tende a reduzir as oportunidades de emprego na agricultura, na indústria e nos serviços numa escala sem precedentes. Por outro lado, em seu favor é possível citar: Muitos de seus preceitos já foram implementados – os serviços de compra e venda on-line são os exemplos mais clássicos que há; Mudança de atitude dos altos executivos da atualidade – a maioria utiliza ferramentas tecnológias avançadas (com- putador/celular com programas avançadissímos); A TI não é mais um serviço - se tornou a essência da es- tratégia da empresa – A prática das empresas agora não é mais de reestruturar seus principais processos; logo de imediato pensam na possibilidade de deixar de lado um processo inteiro e partir para algo totalmente novo e procurar tirar o máximo proveito da tecnologia da infor- mação (BROCKE; ROSEMANN, 2013, p. 51). Contudo, apesar desses atrativos constatados com a implementação de Reengenharia, e que ela seja útil para o desenvolvimento de processos com excelência, Paranhos Filho observa que "a consequência de sua adoção radical e equivocada por muitas empresas pode acabar por provocar problemas estruturais sérios" (PARANHOS FILHO, 2007, p. 53). E comenta ainda: Similar às pessoas que são anoréxicas, Prahalad e Hamel chamam de anorexia corporativa à situação de fraqueza das empresas que adotaram de forma radical os princípios da re- engenharia, pois fi cavam enxutas no sentido de fi carem sem a força muscular necessária para desenvolver suas competências essenciais, uma vez que, com a eliminação de muitos postos de trabalho, há grande número de demissões e juntamente com as pessoas demitidas esvai-se parte da memória da empresa, que assim pode perder a capacidade de enfrentar e reagir aos desa- fi os e às mudanças. (PARANHOS FILHO, 2007, p. 53). 170 FUNDAMENTOS DE GESTÃO DE PROCESSOS E DA QUALIDADE O que podemos compreender é que urge ter cautela nas decisões que se referem à implantação adequada da Reengenharia nas organizações. Essa mudança de práxis trouxe muitos inconvenientes à empresa, principalmente no que diz respeito ao fator humano, com reduções/demissões de pessoal. Contudo, em algumas empresas foi uma mudança irreversível para que elas tivessem condições demelhorar sua competitividade e continuassem sobrevivendo em meio à concorrência acirrada existente no novo cenário criado pela globalização. Nossa hora de exercitar!! Mãos à obra!! Atividades de Estudos: 1) Qual era a proposta da reengenharia para as empresas? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Ainda se vê nos dias atuais aplicação da reengenharia? Justifi que. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 3) Assista ao vídeo indicado no link <https://www.youtube.com/ watch?v=O0JDTb9UZSM> e responda: qual a diferença entre os processos modelados com a reengenharia? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 171 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 GESTÃO DE PROCESSOS DE NEGÓCIOS No livro O Futuro da Administração, de Gary Hamel, se enfatiza a relevância de desenvolver melhores processos para negócios no mercado global; comenta- se de forma bem sucinta a necessidade da aplicação de recursos modernos para gerir um negócio em tempos modernos, e nos relata (JESUS; MACIEIRA, 2015): “As empresas competem no ambiente do século XXI e, no en- tanto, ainda adotam práticas de gestão do século XX” (HAMEL, 2007). É preciso buscar novas formas de gerir, mais aderentes a uma realidade nova, na qual os clientes são mais exigen- tes, há maior competição, incerteza e complexidade nas oper- ações, o capital intelectual é cada vez mais valorizado e o uso intensivo da tecnologia da informação condiciona os negócios. (JESUS; MACIEIRA, 2015, p. 412-418). Neste contexto, uma organização que se orienta por processos é uma estrutura organizada, mensurada e gerenciada em torno de seus processos de negócios (ABPMP, 2013). E, para a realização desta visão sistêmica do mundo dos negócios em atender às novas exigências do século XXI, uma das principais ações perpassa em moldar a própria estrutura organizacional quanto à gestão de seus processos, com acréscimos ou restruturações hierárquicas estratégicas. Acerca desta temática, trataremos da importância da formação de uma estrutura consolidada por processos. Acompanhe o passo a passo a seguir. a) Gestor do processo de negócio Apesar dos avanços tecnológicos em torno da gestão de processos, uma peça é fundamental para seu sucesso ou fracasso - o gestor de processos, aquele que é responsável pela condução da gestão do processo. "Organizações orientadas por processos nos diversos estágios de desenvolvimento incluem indivíduos que realizam ou proveem suporte à execução e transformação de processos" (ABPMP, 2013, p. 314). Sãos os papéis funcionais. Um fator organizacional que parece refl etir a evolução ou a ma- turidade das organizações [...] é a existência de um grupo espe- cializado reconhecido como especialistas em processos. Muitos iniciam com um escritório de processos ou grupo similar que forneça à organização conhecimento especializado em méto- dos, técnicas, ferramentas e padrões, atuando como consultoria interna. Uma organização mais madura e experiente orientada por processos terá um grupo de governança de gerenciamento de processos para supervisionar o portfólio de processos e alin- har, priorizar esforços de transformação na organização. E algu- mas organizações podem ter os dois tipos de grupos trabalhan- do em conjunto. Esses grupos são compostos por profi ssionais de gerenciamento de processos com uma ampla gama de títulos e responsabilidades. (ABPMP, 2013, p. 24). 172 FUNDAMENTOS DE GESTÃO DE PROCESSOS E DA QUALIDADE Destaco, dentre esses diversos papéis, a fi gura do gerente de processo e a do analista de processo. Gerente de Processo coordena e gerencia o desempenho dos processos no dia a dia e lidera iniciativas de transformação de processos. Analistas de Processos realizam trabalhos de análise de processos e apoiam o desenho de processos em iniciativas de transformação. Fonte: ABPMP (2013, p. 322). O gerente de processos é o responsável pela administração do processo. E o analista é aquele que recebe a incumbência de estabelecer os parâmetros do processo, que pode ser também o de criação, visando sempre a melhoria desse processo. Esses dois personagens devem fazer o máximo para modernizar e simplifi car toda a parte de documentação interna da empresa, com objetivos práticos de melhoria da produtividade, efi ciência e efi cácia das atividades realizadas nos processos de negócio. Esses dois papéis requerem um conjunto de requisitos e qualidades para aqueles que deverão desempenhar suas funções. Dentre elas, citamos algumas (OLIVEIRA, 2013): Autocontrole e autodisciplina. Interação com competências básicas da empresa. Criatividade. Capacidade de oferecer melhor solução de forma sistêmica aos anseios do cliente. A maior relevância são os resultados. Trabalhar na diversidade. Atuar na adversidade com equilíbrio. Possuir humildade. Possuir otimismo e pessimismo moderados. Trabalhar com inteligência em empresas inteligentes. Moderável ao esperar mudança de cultura. Delegar evidenciando efi ciência, efi cácia e efetividade. 173 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 Possuir pessoal de fora do sistema ou processo, objetivando apoio ao desenvolvimento e consolidação na gestão de pro cessos. Partilhar as informações. Possuir gestão do tempo. Atuar com sistemas e processos autogeridos. Trabalhar aproveitando as vitórias pequenas de forma gradual e acumulativa. Ter satisfação ao trabalhar e gerir processos. Além dessas qualidades, devem possuir também um bom conhecimento da estrutura da organização - seus setores e atividades desenvolvidas, bem como das equipes que a compõem, iniciando na área operacional até chegar à gerência –, conhecer cada detalhe peculiar de toda a empresa - tanto funções quanto os que estão envolvidos nas atividades. Acrescento ainda ao rol dos requisitos de quem exerce o papel de gerente/ analista de processos: é de muito bom tom que essas pessoas conheçam métodos, técnicas e formas de análises, englobando aqui o uso da tecnologia da informação no desenvolvimento de atividades administrativas em geral. Esse cenário de exigência fez com que o mercado de gestão de processos crescesse consideravelmente, abrindo oportunidades de profi ssionalização na área com outro up - a certifi cação. Essas certifi cações profi ssionais são um diferencial no currículo de quem as possui, pois elas confi rmam que esses profi ssionais possuem habilidade e experiência naquela área específi ca do conhecimento, bem como dão maior credibilidade ao profi ssional. Os profi ssionais certifi cados, segundo algumas pesquisas, têm mais chances (cerca de 53%) de conseguir novo emprego do que aquele que não tem tal certifi cação. Contudo, alerto para o fato da necessidade de qualifi cação para obtenção dessa certifi cação profi ssional - se faz necessária a realização de prova; há ainda a possibilidade de realização de cursos preparatórios antes da prova. E fora esse preparatório, é recomendável que o gerente/analista procure melhorar sua formação acadêmica formal. No aspecto das possibilidades de certifi cação, é recomendável também que se procure daquelas empresas de renome na área. Dentre essas empresas, podemos mencionar algumas, de acordo com o quadro seguinte: Certifi cações profi ssionaissão um diferencial no currículo de quem as possui, pois elas confi rmam que esses profi ssionais possuem habilidade e experiência naquela área específi ca do conhecimento, bem como dão maior credibilidade ao profi ssional. 174 FUNDAMENTOS DE GESTÃO DE PROCESSOS E DA QUALIDADE Quadro 37 - Empresas certifi cadoras CBPP1 (Certifi ed Business Process Professional) • É uma certifi cadora que mais tem se destacado no cenário brasileiro, e sua unidade certifi cadora é a ABPMP. • Sua validade é de três anos. • Tem valor internacional. OCEB2 (OMG Certifi ed Expert in BPM) • É uma certifi cação concedida pelo Object Management Group. • Não foca a experiência do profi ssional, e sim seu conhecimento e domínio de técnicas. • É uma certifi cação dividida em cinco titulações, com três níveis. Fonte1: Disponível em: <http://www.abpmp-br.org/ certifi cacao-cbpp/>. Acesso em: 15 jun. 2017. Fonte2: Disponível em: <http://blog.iprocess.com.br/2014/06/certifi cacoes- para-profi ssionais-de-processos-de-negocio/>. Acesso em: 15 jun. 2017. Além dessas certifi cações que tratam dos conhecimentos de métodos e técnicas, já estão disponíveis também as relativas a ferramentas de softwares, destinadas a certifi cações de processos. Essas ferramentas são de grande valia, apesar de suas restrições – destinadas a um produto específi co. Oracle BPM Suite, Bizagi BPM Suite, IBM Websphere Lombardi e TIBCO ActiveMatrix BPM são algumas das empresas que atuam nessa área de certifi cação profi ssional. Para maiores informações sobre esse tema, acesse os links a seguir e descubra mais sobre certifi cações de processos: - Webinar: <https://www.youtube.com/watch?v=dYpaHLdeask>. - CBPP:<http://www.abpmp-br.org/?option=com_content&view =article&id=72&Itemid=148> e <http://abpmp-br.org/>. - OCEB2: <http://www.omg.org/oceb-2/> e <http://www.omg.org/>. - CBPMP: <http://www.bpminstitute.org/certifi cation>. - CPBPM: <https://www.villanovau.com/programs/certifi cates/ bpm-certifi cate/>. 175 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 Aos profi ssionais que atuam como gestores de processos existe ainda a possibilidade de trabalharem na área de consultorias externas ou mesmo em escritório no ambiente interno da empresa. Nessa área de atuação, geralmente, acham-se alguns níveis de profi ssionais. O primeiro nível envolve o profi ssional modelador e mapeador do processo. Em seguida, vem o arquiteto. Logo após, vem o gestor de projetos de processos. Por último, aparece o nível de gestor de processos. Contudo, esse nivelamento não é padrão em todas as empresas. b) Escritório de gestão por processos Para o bom andamento da gestão de processos, recomenda-se a implementação de escritório de gestão por processos. Essa designação se refere a uma forma usada pelas empresas para institucionalizar em seu ambiente interno a gestão por processos. Essa forma visa precipuamente a efetivação e implementação da gestão por processos no “DNA” das tarefas da empresa. “São menos centrados no conteúdo dos processos e mais sobre como esse conteúdo é gerenciado” (ABPMP, 2013, p. 332) Escritório de gestão de processos: É essencialmente uma estrutura que serve a todas as demais unidades organizacionais. Ele auxilia a alta administração a alinhar e operacionalizar suas estratégias com as demais unidades, garantindo uma governança sobre as ações de gestão e transformação de processos organizacionais. Possui elementos que facilitam a operacionalização do processo de governança e mantêm atualizados os procedimentos, as ferramentas e um conjunto de conhecimentos sob a forma de métodos e técnicas. Fonte: USIRONO (2015, p. 3-4). A fi gura a seguir nos dá um exemplo de uma estrutura funcional cuja base são os processos transversais conjugados a um escritório de processos. Este último vai tratar do ciclo de vida do desenho de processos e tem atribuições de normatizar e de melhoria. 176 FUNDAMENTOS DE GESTÃO DE PROCESSOS E DA QUALIDADE Figura 47 - Estrutura funcional de processos transversais e escritório de processos Fonte: Pinho et al. (2008, p. 28). Agora observe a Figura 48. Ao contrário da Figura 47, ela nos dá exemplo de uma estrutura por processos com alternativas para que o Escritório de Processos atue mais contundentemente. Na primeira fi gura temos a separação das atribuições de normatização e melhorias; a segunda, inversamente, nos dá a ideia do escritório acumulando estas funções. Figura 48 - Estrutura por processo e a mudança no papel do escritório de processo Fonte: Pinho et al. (2008, p. 30). 177 MELHORIAS E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS Capítulo 4 Numa organização existem muitas áreas que executam ações voltadas aos processos da empresa. É uma multiplicidade de áreas, fato esse que causa difi culdade no momento de se obter informações unifi cadas, com parâmetros específi cos, consistentes e integrados, com uma visão una do processo. O escritório busca criar um espaço comum, com visão com- partilhada dos processos, capaz de apoiar cada uma das par- tes na gestão de seus processos e no alcance de resultados globais. Mesmo com o escritório ao centro da fi gura, não há intenção de defi nir que o escritório centraliza (ou descentrali- za) a gestão de processos. O escritório auxilia na promoção da articulação da gestão de processos; O escritório conforma uma área fortemente focada na per- manência na organização – a garantia de que práticas e a lógi- ca da gestão de ou por processos vão continuar internalizadas e atualizadas (PAIM, 2009, p. 243). O escritório de processos se mostra, então, de grande proveito à organização. E algumas de suas responsabilidades são: Defi nir princípios, práticas e padrões. Proporcionar ferramentas e métodos comuns. Formar e educar sobre práticas e princípios de gerenciamento de processos de negócio. Fornecer orientação, mentoria e treinamento em melhores práticas e padrões. Prover recursos (humanos, ferramentas) para projetos de análise e desenho. O objetivo de um escritório de processos é bastante teórico, mas envolve o alinhamento, viabilização e operacionalização das estratégias do negócio organizacional, incluindo aqui a coordenação de ações que otimizem seus processos organizacionais. Com isso, Usirono (2015) nos diz que há três grandes objetivos do escritório de processos, e são descritos no quadro a seguir: O objetivo de um escritório de processos é bastante teórico, mas envolve o alinhamento, viabilização e operacionalização das estratégias do negócio organizacional, incluindo aqui a coordenação de ações que otimizem seus processos organizacionais. Quadro 38 - Objetivos do escritório de processos AÇÕES ELEMENTOS 1. Atua como elo entre o planejamento estratégico e demais áreas ⇒ Principal foco nas áreas funcionais. ⇒ Essa integração garante que as decisões estratégicas estejam alinhadas e incorporadas às ações e melhorias e/ou inovações em processos através de ações de transformação. 178 FUNDAMENTOS DE GESTÃO DE PROCESSOS E DA QUALIDADE Fonte: Elaborado a partir de Usirono (2015, p. 5). Nessas ações, há a essência do fazer diário da empresa, com envolvimento entre o planejamento estratégico e as demais áreas – entenda-se o elo entre a alta cúpula e os níveis mais operacionais; seu viés estrutural, bem como todo o seu comportamento organizacional. Na fi gura a seguir podemos visualizar alguns exemplos da interação entre escritório de processos e outras áreas. 2. Estrutura um processo de governança do portfólio de processos ⇒ Estabelece padrões de acompanhamento de desempenho, grau de maturidade, níveis de detalhamento e documentação de processos. ⇒ Consolida as responsabilidades e os procedimentos de avaliação, aprovação e acompanhamento de iniciativas de processos. ⇒ Determina critérios para a seleção de ferramentas, técnicas e métodos. 3. Operacionaliza o processo
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