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Apostila Contabilidade de Custos - ano 2022

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Contabilidade de Custos 
 
 
 
 
 
Definição da contabilidade custo 
 
A contabilidade de custos pode ser definida como um conjunto de registros 
específicos, baseados em escrituração regular (contábil) e apoiada por elementos de 
suporte (planilhas, rateios, cálculos, controles) utilizados para identificar, mensurar e 
informar os custos das vendas de produtos, mercadorias e serviços. 
 
Objetivos 
 
 Conhecer os procedimentos básicos dos sistemas de custos 
 
 Identificar as etapas inerte à formação dos custos de um objeto de 
custeio 
 Analisar qual é a melhor possibilidade da alocação mais criteriosa dos 
custos de produção aos produtos 
 
 
 
 
Introdução 
 
 
 
Neste capítulo, a contabilidade de custos será tratada como um instrumento que 
permite produzir informações para diversos níveis gerenciais de uma entidade. Essas 
informações atenderão não somente às demandas dos usuários internos que 
necessitam realizar planejamento, controle, e comercialização de bens e serviços, 
mais também dos usuários externos que exigem informações de gastos para 
negociação de preços (ex.: escolas e sindicatos) ou para repasse de recursos (ex.: 
tributos para o governo). 
 
A contabilidade de custos, a contabilidade financeira e a contabilidade 
gerencial 
 
Sentimo-nos muitas vezes confundidos com as expressões Contabilidade 
Financeira, Contabilidade de Custos e Contabilidade Gerencial. São sinônimas? 
Representam disciplinas distintas? São apenas enfoques diferentes dados à 
Contabilidade? Essas e outras dúvidas são comumente dirimidas por meio de uma ligeira 
análise histórica; esta, ao explicar cronologicamente o aparecimento de cada expressão 
e a razão de seu uso, acaba por dar-nos uma visão mais ampla dos conceitos em 
questão. Por isso, e para podermos também saber o porquê de muitos dos princípios 
utilizados na Contabilidade de Custos, faremos um breve retrospecto histórico. 
 
DA CONTABILIDADE FINANCEIRA À DE CUSTOS 
 
Até a Revolução Industrial (século XVIII), quase só existia a Contabilidade 
Financeira (ou Geral), que, desenvolvida na Era Mercantilista, estava bem estruturada 
para servir as empresas comerciais. Para a apuração do resultado de cada período, bem 
como para o levantamento do balanço em seu final, bastava o levantamento dos 
estoques em termos físicos, já que sua medida em valores monetários era extremamente 
simples: o Contador verificava o montante pago por item estocado, e dessa maneira 
valorava as mercadorias. Fazendo o cálculo basicamente por diferença, computando o 
quanto possuía de estoques iniciais, adicionando as compras do período e comparando 
com o que ainda restava, apurava o valor de aquisição das mercadorias vendidas, na 
clássica disposição: 
 
Resumo 
 
A Contabilidade de Custos nasceu da Contabilidade Financeira, quando da necessidade 
de avaliar estoques na indústria, tarefa essa que era fácil na empresa típica da era do 
mercantilismo. Seus princípios derivam dessa finalidade primeira e, por isso, nem 
sempre conseguem atender completamente a suas outras duas mais recentes e 
provavelmente mais importantes tarefas: controle e decisão. Esses novos campos deram 
nova vida a essa área que, por sua vez, apesar de já ter criado técnicas e métodos 
específicos para tal missão, não conseguiu ainda explorar todo o seu potencial; não 
conseguiu, talvez, sequer mostrar a seus profissionais e usuários que possui três facetas 
distintas que precisam ser trabalhadas diferentemente, apesar de não serem 
incompatíveis entre si. 
 
Terminologia utilizada na contabilidade de custos 
 
Os gastos estão sempre ocorrendo na empresa, sendo necessário um 
desembolso financeiro por meio do consumo e da produção de bens ou de serviços. 
O sacrifício final cria a possibilidade da entrega de um bem ou da prestação de um 
serviço em troca da promessa de recebimento de outro ativo, conhecido como 
dinheiro. 
Dependendo de sua aplicação, os gastos podem ser classificados em 
investimentos, custos, despesas, perdas ou desperdícios. As terminologias básicas 
usualmente utilizadas na contabilidade de custos são as seguintes: 
 
a) Investimento – ocorre quando a empresa realiza um gasto de modo que 
possa construir-se numa receita futura. Ex.: compras de matérias-primas, 
móveis e utensílios e veículos; 
 
b) Custos – são os gastos essenciais à produção, pois os fatores produtivos 
são utilizados com o objetivo de adquirir novos produtos ou serviços. Ex.: 
consumo de matéria-prima, energia, salários e encargos sociais dos 
empregados da produção, depreciação dos bens da fábrica e material de 
embalagem; 
 
c) Despesas – são gastos incorridos em um determinado período de tempo com 
o objetivo da venda de produtos e serviços para a geração de receitas. São 
todos os outros gastos efetuados nas áreas de apoio da empresa. Ex.: 
salários e encargos sociais dos empregados da administração, material de 
consumo da administração, depreciação dos bens da administração, 
comissões sobre vendas, juros bancários, impostos de Renda e Contribuição 
Social sobre o Lucro; 
 
c) Perdas – são gastos de natureza excepcional, já que ocorrem de forma 
anormal e involuntária. Entende-se consumo involuntário o extravio e o 
desaparecimento de bens. São apropriados diretamente no resultado do 
período. Ex.: roubo e incêndio de produtos; 
 
d) Desembolsos – são saídas de dinheiro do caixa ou das ou das contas 
bancária das empresas, como, por exemplo, entrega a terceiros de parte 
do numerário da empresa. Os desembolsos ocorrem em virtude do 
pagamento de compras à vista ou de uma obrigação assumida anteriormente. 
 
e) Desperdícios – são gastos incorridos no processo produtivo ou de geração 
de receitas e que possam ser eliminados sem prejuízo da qualidade ou 
quantidade de bens, serviços ou receitas geradas; 
 
f) Subproduto – nasce de forma normal durante o processo de produção e 
origina-se de desperdícios. Os subprodutos e preço certos e têm faturamento 
ínfimo em relação ao faturamento global da empresa. A receita líquida das 
despesas variáveis com a sua venda é considerada redução do custo com a 
produção do produto principal, pois compõe os estoques da empresa. Ex.: 
farelo de trigo, em relação à farinha de trigo, serragem, em relação à serraria; 
 
h) Sucata – considerada um item de venda esporádica. O seu valor de venda 
não é previsível na data em que surge na produção. A sucata não recebe 
custos, pois não compõe os estoques da empresa e a sua venda é 
considerada como outras receitas operacionais. 
 
No Quadro 6.1, são apresentadas de forma objetiva as principais 
características e diferenças entre custos e despesas. 
 
Quadro 6.1 Análise comparativa entre custos e despesas. 
 
Custos Despesas 
É um gasto efetuado no setor de produção É um gasto efetuado fora do setor de 
produção. 
É um gasto gerado para obter novo produto 
ou serviço. 
É um gasto gerado para obter receitas. 
É lançado primeiramente no ativo em conta 
do estoque. 
É lançado diretamente no resultado do 
exercício. 
Não diminui de imediato o pagamento 
líquido, pois o valor está embutido em conta 
de estoque. 
Reduz de imediato o patrimônio líquido via 
resultado do exercício. 
É lançado no resultado quando da venda do 
produto estocado ou serviço, transformando- 
se numa despesa. 
É lançado no resultado do período quando 
da ocorrência do seu fato gerador. 
 
Classificação dos Custos 
Os custos podem ser classificados seja quanto à forma de apropriação 
ou quanto à variabilidade. 

Quanto à forma de apropriação aos produtos e serviços, os custos se 
dividem em diretos e indiretos. 
 
Os custos diretos são aqueles gastos que em tese são facilmente mensurados 
e diretamente aplicados à produção. São exemplos de custos diretos: mão de obra 
direta e consumo de materiais diretos. 
 
Os custos indiretos são aqueles gastos que necessitam de um critério de 
rateio, pois eles não são facilmenteidentificáveis. São exemplos de custos indiretos: 
aluguel da fábrica, mão de obra indireta, manutenção da fábrica e material indireto. 
 
Quanto à variabilidade, face aos diferentes volumes de produção dos bens 
e serviços, os custos podem ser fixos ou variáveis. 
 
Os custos fixos independem das quantidades produzidas e permanecem constantes 
dentro de um intervalo determinado de volume de produção. Quanto maior for o volume 
de produção, menor será o custo fixo por unidade. São exemplos de custos fixos: 
aluguel, manutenção e seguro da fábrica. 
 
Os custos variáveis dependem da quantidade produzida. Eles estão diretamente 
relacionados com o volume de produção. Quanto maior a quantidade produzida 
maiores serão os custos variáveis totais de produção. O custo variável unitário fica 
constante. São exemplos de custos variáveis a matéria-prima consumida e a mão de 
obra. 
 
Os custos podem ainda ser semifixos ou semivariáveis. 
 
 
Os custos semifixos são fixos em uma determinada faixa de produção, mas 
variam quando ocorre uma mudança nessa faixa. É o caso da empresa que necessita 
aumentar a capacidade produtiva sendo obrigada a alugar um galpão, gerando novos 
custos fixos. 
Os custos semivariáveis variam com o nível de produção de bens ou serviços, 
tendo uma parcela fixa existente mesmo que não ocorra uma produção. Cita-se, 
por exemplo, o caso da conta de energia elétrica da fábrica e de telefone, pois há uma 
taxa mínima a ser paga mesmo que nada seja gasto ou produzido no período. 
 
 
Para elaboração de sistemas de custos, é necessário que a empresa tenha 
na contabilidade um elenco de contas relacionadas ao estoque. As contas básicas para 
iniciar um sistema de custos integrado com a contabilidade da empresa podem ser 
classificadas em: 
 
 
1. Matérias-primas que representam todos os produtos que sofrem 
transformações no processo produtivo; 
 
2. Matérias de acondicionamento e embalagem que se referem a todos os itens 
de estoque que se destinam à embalagem ou acondicionamento para remessa; 
 
3. Manutenção e suprimentos gerais que representam materiais para 
manutenção de máquinas, equipamentos ou edificações para uso em conserto, 
manutenção, lubrificação, pintura etc.; 
 
4. Mercadoria para revenda que englobam todos os produtos adquiridos de 
terceiros para revenda; 
 
5. Produtos em elaboração que englobam todos os custos diretos e indiretos que 
estão sendo apropriados na produção de bens não concluídos, como, por 
exemplo, matéria-prima direta; mão de obra direta (salários, prêmios, encargos 
sociais, auxílio-alimentação, INSS, FGTS, férias, 13º salário, aviso- prévio e 
indenizações etc.); custos indiretos de fabricação (consumo de matérias-primas, 
consumo de outros materiais, salários, contribuições previdenciárias, 
contribuições ao FGTS, seguro contra acidentes de trabalho, outros gastos com 
o pessoal, aluguéis, manutenção e reparos de bens, depreciações, seguro 
contra incêndio, energia elétrica e outros gastos com produção); 
 
6. Produtos acabados que representam os produtos já terminados oriundos da 
própria produção e disponível à venda. 
 
Na contabilidade de custos são também utilizadas outras nomenclaturas, tais como: 
 
 
 
a) custos primários, que representam o somatório dos custos com matéria-prima e 
mão de obra direta; 
b) custo de transformação, que representa o esforço da empresa para transformar o 
material em produto acabado. O custo de produção pode ser representado pela 
soma da mão de obra direta com os gastos gerais de fabricação, tais como: mão de 
obra direta e indireta, energia, materiais de consumo industrial; 
c) custo de produção de período (CPP), que representa o somatório de todos os 
custos ocorridos no período determinado na fabricação do bem ou do serviço 
(matéria-prima consumida, mão de obra direta e custo indireto de fabricação); 
d) custo de produtos em elaboração (CPE), que representa o somatório de estoque 
dos produtos em elaboração e dos custos da produção do período. Quando o 
produto em elaboração é finalizado, deve ser transferido para a conta de custos dos 
produtos acabados; 
e) custo da produção acabada (CPA), que representa a soma dos custos dos produtos 
acabados em um período determinado; 
 
 
Resumo: 
Custo e Despesa não são sinônimos; têm sentido próprio, assim como 
Investimento, Gasto e Perda. A utilização de uma terminologia homogênea simplifica o 
entendimento e a comunicação. Neste livro, Custo só se refere a sacrifício na produção, 
salvo quando expressamente alertada a modificação da terminologia utilizada. Logo, 
temos Custos de Produção e Despesas de Administração, de Vendas e Financeiras. 
 
 
Levantamento, critérios e avaliação de estoques 
 
Os estoques representam bens adquiridos ou produzidos pela empresa com 
objetivo de comercialização ou de consumo próprio no decorrer de suas atividades 
normais. A avaliação ou atribuição de custos aos estoques é complexa, porém, será 
apresentado o que recomendam os órgãos profissionais e fiscais reguladores da 
contabilidade do país. 
O Conselho Federal de Contabilidade (CFC), no bojo de sua NBC T 4, que trata 
da Avaliação Patrimonial, estabelece os critérios de avaliação dos estoques, como 
sendo: 
a) Os estoques de mercadorias, matérias-primas, outros materiais e componentes 
são avaliados pelo custo de aquisição, atualizado monetariamente, ou pelo valor 
de mercado, quando este for menor. 
b) Os estoques de produtos acabados e em elaboração e os serviços em 
andamento são avaliados pelo custo de produção, atualizado monetariamente, 
ou valor de mercado quando este for menor. 
c) Os estoques obsoletos ou inservíveis são avaliados pelo valor líquido de 
realização e os estoques invendáveis devem ser baixados. 
d) Os estoques de animais e de produtos agrícolas e extrativos, destinados à venda, 
poderão ser avaliados pelo valor de mercado, quando atendidas as seguintes 
condições que: 
 
1) Atividade seja primária; 
 
2) O custo de produção seja de difícil determinação; 
 
3) Haja um efetivo mercado que possibilite a liquidez imediata desse estoque e 
que valide a formação do seu preço; 
4) Seja possível estimar o montante das despesas de realização da venda. 
 
 
A lei das Sociedades por Ações (Lei 6.404/76) estabelece que os direitos que 
tiverem por objeto mercadorias e produtos do comércio da companhia, assim como 
matéria primas, produtos em fabricação e bens em almoxarifado, serão avaliados pelo 
custo de aquisição ou produção, deduzido de provisão para ajustá-lo ao valor de 
mercado, quando este for inferior. 
Considera-se valor de mercado das matérias-primas e dos bens em 
almoxarifado o preço pelo qual possam ser repostos, mediante compra no mercado; 
dos bens ou direitos destinados à venda, o preço líquido de realização mediante venda 
no mercado, deduzidos os impostos e demais despesas necessárias para a venda, e 
a margem de lucro. 
Os estoques de mercadorias fungíveis destinadas à venda poderão ser 
avaliados pelo valor de mercado, quando esse for o costume mercantil aceito pela 
técnica contábil. 
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) estabelece que os critérios para 
avaliação de estoques devam ser consoantes com a Lei 6.404/76, não aceitando 
critérios estabelecidos por legislação especial ou tributária que contrariem a referida 
Lei. As despesas financeiras não podem ser ativadas no estoque. 
Para o Instituto Brasileiro de Contadores (IBRACON), o principal critério para 
a avaliação de estoques é o custo histórico. Isto quer dizer que no critério se utiliza o 
preço de compra mais os gastos adicionais, representando a soma dos gastos 
aplicáveis e débitos incorridos direta ou indiretamente para colocar um bem do 
estoque em sua condição e localização atuais. Assinala-se que há exceção para 
produtos agrícolas, pecuários e extrativos, pois estes serão avaliados aos preços 
correntes de mercado deduzidos das despesasde vendas, ficando este critério 
prevalecendo nesse ramo de atividade. Diferentes métodos são usados na prática para 
atribuição de custo aos estoques. São destacados o método de custo médio para 
ponderado, PEPS ou FIFO (primeiro a entrar, primeiro a sair), UEPS ou LIFO (último 
a entrar, primeiro a sair) e identificação específica. Destaca-se que no Brasil os 
aplicados com frequência são os dois primeiros. O fato é que o custo por identificação 
específica necessita de condições peculiares para a sua aplicação, exigindo um 
controle demasiado rígido que pode ocasionar um custo elevado de manutenção do 
sistema. No caso do método UEPS, há um uso restrito por não ser aceito pelo fisco 
brasileiro, e este demandaria um controle paralelo de estoques. 
Para o Fisco Federal, as mercadorias, matérias-primas e bens em almoxarifado 
deverão ser avaliados pelo custo de aquisição. Para quem possua inventário 
permanente, a apuração do custo de aquisição far-se-á considerando-se o critério do 
custo médio ponderado móvel ou, alternativamente, o custo das mercadorias 
adquiridas mais recentemente (PEPS ou LIFO). Para quem não possua o inventário 
permanente, somente o critério PEP é aceito. 
Os critérios de avaliação de estoques mais difundidos no mundo são o custo 
médio ponderado, o PEPS, o UEPS e o preço específico. 
No custo médio ponderado, a média mensal ou do período é estabelecida 
tomando as quantidades em estoques no início do período e os respectivos valores 
unitários constantes do balanço ou balancete anterior, e adicionando as entradas pelos 
respectivos valores unitários de aquisição ou produção. A média ponderada assim 
obtida estabelece o custo unitário das unidades inventariadas ao fim do período, que 
assim figuram avaliadas na conta de estoques no ativo, e estabelece também o custo 
operacional as unidades saídas durante o período, que é levado para débito de 
lucros e perdas. A média ponderada também pode ser apurada permanentemente, a 
cada nova entrada, sendo a ponderada igualmente afetada a cada nova saída. 
O FIFO (first in first out) ou PEPS (o primeiro que entra é o primeiro que sai) 
toma as quantidades em estoque no início do período e os respectivos valores unitários 
constantes do balanço ou balancete anterior, anterior, adicionando as entradas, pelos 
respectivos valores unitários de aquisição ou produção. Em seguida, excluem-se as 
quantidades saídas durante o período aos custos unitários de aquisição ou produção 
sempre mais antigos. Lote por lote, o custo operacional das quantidades saídas, 
debitado a lucros ou perdas, é obtido pelos valores unitários das quantidades que 
estavam no estoque no início do período e, depois de produção de cada lote 
imediatamente subsequente, restam em estoque no ativo as quantidades não saídas 
aos valores unitários de aquisição ou produção dos últimos lotes entrados. 
O LIFO (last in first out) ou UEPS, que consiste no custo operacional das 
quantidades saídas, debitado a lucros e perdas, é obtido pelos valores unitários da 
última aquisição ou produção e, depois de esgotada a quantidade desta, pelos 
valores unitários de aquisição ou produção de cada lote imediatamente anterior, restam 
em estoque no ativo as quantidades não saídas aos valores unitários de aquisição ou 
produção das primeiras entradas ocorridas no período e/ou ao valor unitário do estoque 
inicial. No preço específico, o custo de cada produto é identificado individualmente. Só 
é possível utilizar esse método quando existe a identificação do preço específico de 
cada unidade de estoque, como, por exemplo, em indústrias de bens de capital, 
revenda de veículos e serviços. 
O critério de avaliação determinado pelas normas contábeis para mercadorias, 
produtos acabados, produtos em elaboração, matérias-primas, almoxarifado etc. 
deve ser pelo custo histórico, custo corrigido ou valor de mercado quando este for 
menor. 
Já o critério de avaliação aceito pelo fisco referente ao custo de aquisição de 
mercadorias, produtos acabados, produtos em elaboração, matérias-primas, 
almoxarifado etc. pode ser pelo método de custo médio ou PEPS ou FIFO. 
Quando se trata do critério de avaliação determinado pelas normas contábeis 
para bens fungíveis, deve ser pelo valor de mercado. No entanto, a provisão para 
ajuste dos estoques ao valor de mercado não é dedutível na apuração do lucro real 
e da base de cálculo da Contribuição Social sobre Lucro. 
Em se tratando de critério de avaliação determinado pelas normas contábeis 
para produtos agrícolas, animais e extravios, deve-se fazê-lo pelo valor de mercado. 
Finalmente, o critério de avaliação determinado pelas normas contábeis para 
estoques em produção ou construção que se prolongue no tempo deve ser pelo 
custo histórico ou valor de mercado quando este for menor. 
No Brasil, não se admite em nenhuma hipótese a adoção do método LIFO 
(UEPS). Os estoques são avaliados pelo custo histórico e, em período de alta 
inflação, é aconselhada a utilização pelo custo histórico corrigido monetariamente ou 
pelo valor de mercado, quando este for menor. Normalmente, são utilizados os 
métodos FIFO (PEPS), custo médio e preço específico. 
Vejamos o seguinte exemplo. A firma Alimentos Ltda. realizou as seguintes 
transações mercantis com a mercadoria do tipo Alfa, durante o mês de janeiro 
corrente: 
 
Data Histórico Valor 
02/01/XX 1ª compra de 10 u a R$ 8,00 u = R$ 80,00 
12/01/XX 2ª compra de 10 u a R$ 10,00/u = R$ 100,00 
 
22/01/XX 3ª compra de 15 u a R$ 12,00/u = R$ 180,00 
25/01/XX 1ª venda de 10 u a R$ 15,00/u = R$ 150,00 
31/01/XX 4ª compra de 6 u a R$ 15,00/u = R$ 90,00 
 
 
O cálculo dos produtos vendidos será: 
 
a) pela utilização do método PEPS, igual a 10 u x R$ 8,00 = R$ 80,00 
 
b) pela utilização do método UEPS, igual a 10 u x R$ 12,00= R$ 120,00 
c) pela média ponderada móvel, igual a 
Custo Médio = (10 u x R$ 8,00 + (10 u x R$ 10,00 + (15 u x R$ 12,00) 
 
10 u + 10 u + 15 
u 
 
Custo Médio Unitário = R$ 10,29 
 
 
 
Então, o custo dos produtos vendidos será igual a 10 u x R$ 10,29 = R$ 
 
102,90 e o resultado da empresa, pelos três métodos, ficará igual a: 
 
 
 
Demonstração do Resultado do Exercício em R$ 
Contas PEPS UEPS Média ponderada 
Receita de vendas 150,00 150,00 150,00 
(-) Custos dos produtos vendidos (80,00) (120,00) (102,90) 
Resultado 70,00 30,00 47,10 
 
 
 
Métodos de custeio 
 
 
Custeio por absorção 
 
 
O método de custeamento por absorção ou integral consiste na apropriação 
de todos os custos de produção de forma direta ou indireta aos produtos adquiridos 
e elaborados ou aos serviços prestados. 
Por este método, a apropriação dos custos diretos é constituída de forma 
econômica e viável ao objeto de custeio. Geralmente, os custos diretos mais 
importantes são os materiais diretos e a mão de obra direta. 
A apropriação dos custos indiretos torna-se um pouco mais complicada, pois 
necessita de uma definição clara dos critérios de rateio. A problemática está 
relacionada com a forma do rateio dos custos comuns ou dos custos indiretos de 
fabricação (CIF), porque não podem ser alocados de forma direta ou objetiva a um 
seguimento, atividade operacional ou produtos. Quando atribuídos aos produtos, 
serviços ou departamentos, os CIF são alocados por meio de critérios de distribuição 
ou métodos subjetivos e muitas vezes arbritários. 
O processo de alocação de gastos pelo método de custeio por absorção parte 
da separação entre custos e despesas até chegar à Demonstração do Resultado do 
Exercício (DRE), quando os produtos ou serviços são vendidos e quando os gastos 
incorridos são realizados no período financeiro (ver Figura 6.2). 
 
Figura 6.2 Esquema do fluxo de gastos pelo método de custeio por absorção. 
 
 
 
Existe a possibilidade de o gestor alocar os custos indiretos de produção de 
forma arbitrária e às vezes enganosa, interferindo no valor final do bem. Os principaisproblemas relacionados com os critérios de rateio dos CIF estão na utilização de 
estimativas de dados, obtenção de resultados diversos, de acordo com o critério 
escolhido e da subjetividade e arbritrariedade. 
Para minimizar a influência da subjetividade e arbitrariedade, o gestor deverá 
mapear o processo de produção, a estrutura da empresa, bem como estudar as origens 
dos custos indiretos de fabricação. Em seguida, deverá criar critérios de rateio bem 
definidos para centro de custos ou departamento. Existe ainda a necessidade de manter 
consistência nos critérios de rateio, pois os dados servirão de base para a comparação 
dos custos de produtos diferentes e para a análise do comportamento dos custos e 
do desempenho econômico da empresa no tempo. Além disso, a empresa precisa 
obedecer ao princípio contábil da consistência ou uniformidade, que prevê a 
homogeneização de procedimentos adotados para apuração de dados. 
Outro ponto importante a ser abordado está relacionado aos custos das 
mercadorias e serviços vendidos que aparecem na DRE. Estes deveriam se chamar 
despesas das mercadorias e serviços vendidos, pois os custos só se transformam em 
despesas quando correm às vendas dos bens. 
Embora esteja incorreta a nomenclatura Custos das Mercadorias Vendidas 
(CVM) ou Custos dos Produtos Vendidos (CPV), nos demonstrativos contábeis, a 
forma de apresentação como custos é aceita pelos órgãos reguladores da 
contabilidade no Brasil. 
Sob os aspectos fiscais, as empresas são obrigadas a adotar o custeio por 
absorção. Sob os aspectos legais, a Lei das Sociedades por Ações (Lei 6.404/76) 
menciona que serão avaliados “os direitos que tiverem por objeto mercadorias e 
produtos do comércio da companhia, assim como matérias-primas, produtos em 
fabricação e bens em almoxarifado, pelo custo de aquisição ou produção, deduzido de 
provisão para ajustá-lo ao valor de mercado, quando este for inferior”. 
Embora a lei seja omissa, a avaliação dos produtos deverá seguir os princípios 
fundamentais de contabilidade. Nesse caso, o método de custeio por absorção deverá 
ser adotado pelas empresas. 
 
 
Custeio pleno ou custeio por absorção total 
 
 
 
Existe um sistema de custeio muito parecido com o método de custeio por 
absorção chamado de Reichskuratorium fur Wirtschaftlichtkeit (RKW). O RKW é 
também conhecido como método de custeio pleno ou custeio por absorção total, que 
consiste no rateio dos custos de produção e de todas as despesas da empresa, 
inclusive financeiras, a todos os produtos ou serviços (ver Figura 6.3). 
A sigla representa as iniciais de um antigo conselho governamental para 
assuntos econômicos que existiu na Alemanha. Sua utilização aqui no Brasil se deve 
em parte à influência do Conselho Interministerial de Preços, que incentivou a 
divulgação de custos na década de 70. Infelizmente, seu impacto foi mínimo diante da 
realidade da inflação galopante da época, e o interesse por custos no campo da saúde 
foi abandonado rapidamente. 
Embora contenha arbitrariedade na forma de alocação dos gastos, o RKW, 
serve como instrumento de fixação de preços e informações gerenciais, pois há 
inclusão de todos os custos e despesas incorridos pela empresa. 
Pelo método RKW, o valor do gasto unitário é influenciado por maior ou 
menor atividade como, por exemplo, despesas de distribuição, comercialização, 
financeiras e de administração geral. Assim, o preço dos produtos terá características 
de eventos não condizentes com sua realidade, decorrentes das subjetividades 
pessoais na escolha dos critérios de rateio. 
 
 
 
 
 
Figura 6.3 Esquema do fluxo de gastos pelo método RKW. 
 
 
Custeio variável 
 
 
No método de custeamento variável, todos os custos variáveis são alocados 
aos bens ou serviços, sejam eles diretos ou indiretos. Aqui, apenas os custos variáveis 
são considerados no valor do bem sem a utilização de métodos de rateio, sendo 
mensuráveis objetivamente, pois não sofrerão processos arbitrários ou subjetivos. 
Logo, há um custo unitário parcial, pois os custos fixos são considerados despesas 
do exercício (ver Figura 6.4) 
O método de custeio variável constitui um conceito de custeio de inventário 
que corresponde diretamente aos dispêndios necessários para manufaturar os 
produtos, possibilitando mais clareza no planejamento do lucro e na tomada de 
decisão. Além disso, o lucro líquido não é afetado por mudanças de aumento ou 
diminuição de inventários. 
Sendo integrado com o custo padrão, esse método permite o correto controle 
de custos, porque, após definidos os custos fixos, os preços de venda e o custo 
variável, os dados para analisar a relação custo, volume e lucro são fáceis de 
encontrar. 
A obtenção de indicadores de desempenho possibilita melhor entendimento 
dos gestores sobre os gastos da empresa. A principal vantagem desse método é 
possibilitar encontrar a margem de contribuição unitária de cada produto, servindo 
como instrumento de decisão de curto prazo. 
 
 
 
 
 
Figura 6.4 Esquema do fluxo de gastos pelo método de custeio variável.

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