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Contabilidade de Custos Definição da contabilidade custo A contabilidade de custos pode ser definida como um conjunto de registros específicos, baseados em escrituração regular (contábil) e apoiada por elementos de suporte (planilhas, rateios, cálculos, controles) utilizados para identificar, mensurar e informar os custos das vendas de produtos, mercadorias e serviços. Objetivos Conhecer os procedimentos básicos dos sistemas de custos Identificar as etapas inerte à formação dos custos de um objeto de custeio Analisar qual é a melhor possibilidade da alocação mais criteriosa dos custos de produção aos produtos Introdução Neste capítulo, a contabilidade de custos será tratada como um instrumento que permite produzir informações para diversos níveis gerenciais de uma entidade. Essas informações atenderão não somente às demandas dos usuários internos que necessitam realizar planejamento, controle, e comercialização de bens e serviços, mais também dos usuários externos que exigem informações de gastos para negociação de preços (ex.: escolas e sindicatos) ou para repasse de recursos (ex.: tributos para o governo). A contabilidade de custos, a contabilidade financeira e a contabilidade gerencial Sentimo-nos muitas vezes confundidos com as expressões Contabilidade Financeira, Contabilidade de Custos e Contabilidade Gerencial. São sinônimas? Representam disciplinas distintas? São apenas enfoques diferentes dados à Contabilidade? Essas e outras dúvidas são comumente dirimidas por meio de uma ligeira análise histórica; esta, ao explicar cronologicamente o aparecimento de cada expressão e a razão de seu uso, acaba por dar-nos uma visão mais ampla dos conceitos em questão. Por isso, e para podermos também saber o porquê de muitos dos princípios utilizados na Contabilidade de Custos, faremos um breve retrospecto histórico. DA CONTABILIDADE FINANCEIRA À DE CUSTOS Até a Revolução Industrial (século XVIII), quase só existia a Contabilidade Financeira (ou Geral), que, desenvolvida na Era Mercantilista, estava bem estruturada para servir as empresas comerciais. Para a apuração do resultado de cada período, bem como para o levantamento do balanço em seu final, bastava o levantamento dos estoques em termos físicos, já que sua medida em valores monetários era extremamente simples: o Contador verificava o montante pago por item estocado, e dessa maneira valorava as mercadorias. Fazendo o cálculo basicamente por diferença, computando o quanto possuía de estoques iniciais, adicionando as compras do período e comparando com o que ainda restava, apurava o valor de aquisição das mercadorias vendidas, na clássica disposição: Resumo A Contabilidade de Custos nasceu da Contabilidade Financeira, quando da necessidade de avaliar estoques na indústria, tarefa essa que era fácil na empresa típica da era do mercantilismo. Seus princípios derivam dessa finalidade primeira e, por isso, nem sempre conseguem atender completamente a suas outras duas mais recentes e provavelmente mais importantes tarefas: controle e decisão. Esses novos campos deram nova vida a essa área que, por sua vez, apesar de já ter criado técnicas e métodos específicos para tal missão, não conseguiu ainda explorar todo o seu potencial; não conseguiu, talvez, sequer mostrar a seus profissionais e usuários que possui três facetas distintas que precisam ser trabalhadas diferentemente, apesar de não serem incompatíveis entre si. Terminologia utilizada na contabilidade de custos Os gastos estão sempre ocorrendo na empresa, sendo necessário um desembolso financeiro por meio do consumo e da produção de bens ou de serviços. O sacrifício final cria a possibilidade da entrega de um bem ou da prestação de um serviço em troca da promessa de recebimento de outro ativo, conhecido como dinheiro. Dependendo de sua aplicação, os gastos podem ser classificados em investimentos, custos, despesas, perdas ou desperdícios. As terminologias básicas usualmente utilizadas na contabilidade de custos são as seguintes: a) Investimento – ocorre quando a empresa realiza um gasto de modo que possa construir-se numa receita futura. Ex.: compras de matérias-primas, móveis e utensílios e veículos; b) Custos – são os gastos essenciais à produção, pois os fatores produtivos são utilizados com o objetivo de adquirir novos produtos ou serviços. Ex.: consumo de matéria-prima, energia, salários e encargos sociais dos empregados da produção, depreciação dos bens da fábrica e material de embalagem; c) Despesas – são gastos incorridos em um determinado período de tempo com o objetivo da venda de produtos e serviços para a geração de receitas. São todos os outros gastos efetuados nas áreas de apoio da empresa. Ex.: salários e encargos sociais dos empregados da administração, material de consumo da administração, depreciação dos bens da administração, comissões sobre vendas, juros bancários, impostos de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro; c) Perdas – são gastos de natureza excepcional, já que ocorrem de forma anormal e involuntária. Entende-se consumo involuntário o extravio e o desaparecimento de bens. São apropriados diretamente no resultado do período. Ex.: roubo e incêndio de produtos; d) Desembolsos – são saídas de dinheiro do caixa ou das ou das contas bancária das empresas, como, por exemplo, entrega a terceiros de parte do numerário da empresa. Os desembolsos ocorrem em virtude do pagamento de compras à vista ou de uma obrigação assumida anteriormente. e) Desperdícios – são gastos incorridos no processo produtivo ou de geração de receitas e que possam ser eliminados sem prejuízo da qualidade ou quantidade de bens, serviços ou receitas geradas; f) Subproduto – nasce de forma normal durante o processo de produção e origina-se de desperdícios. Os subprodutos e preço certos e têm faturamento ínfimo em relação ao faturamento global da empresa. A receita líquida das despesas variáveis com a sua venda é considerada redução do custo com a produção do produto principal, pois compõe os estoques da empresa. Ex.: farelo de trigo, em relação à farinha de trigo, serragem, em relação à serraria; h) Sucata – considerada um item de venda esporádica. O seu valor de venda não é previsível na data em que surge na produção. A sucata não recebe custos, pois não compõe os estoques da empresa e a sua venda é considerada como outras receitas operacionais. No Quadro 6.1, são apresentadas de forma objetiva as principais características e diferenças entre custos e despesas. Quadro 6.1 Análise comparativa entre custos e despesas. Custos Despesas É um gasto efetuado no setor de produção É um gasto efetuado fora do setor de produção. É um gasto gerado para obter novo produto ou serviço. É um gasto gerado para obter receitas. É lançado primeiramente no ativo em conta do estoque. É lançado diretamente no resultado do exercício. Não diminui de imediato o pagamento líquido, pois o valor está embutido em conta de estoque. Reduz de imediato o patrimônio líquido via resultado do exercício. É lançado no resultado quando da venda do produto estocado ou serviço, transformando- se numa despesa. É lançado no resultado do período quando da ocorrência do seu fato gerador. Classificação dos Custos Os custos podem ser classificados seja quanto à forma de apropriação ou quanto à variabilidade. Quanto à forma de apropriação aos produtos e serviços, os custos se dividem em diretos e indiretos. Os custos diretos são aqueles gastos que em tese são facilmente mensurados e diretamente aplicados à produção. São exemplos de custos diretos: mão de obra direta e consumo de materiais diretos. Os custos indiretos são aqueles gastos que necessitam de um critério de rateio, pois eles não são facilmenteidentificáveis. São exemplos de custos indiretos: aluguel da fábrica, mão de obra indireta, manutenção da fábrica e material indireto. Quanto à variabilidade, face aos diferentes volumes de produção dos bens e serviços, os custos podem ser fixos ou variáveis. Os custos fixos independem das quantidades produzidas e permanecem constantes dentro de um intervalo determinado de volume de produção. Quanto maior for o volume de produção, menor será o custo fixo por unidade. São exemplos de custos fixos: aluguel, manutenção e seguro da fábrica. Os custos variáveis dependem da quantidade produzida. Eles estão diretamente relacionados com o volume de produção. Quanto maior a quantidade produzida maiores serão os custos variáveis totais de produção. O custo variável unitário fica constante. São exemplos de custos variáveis a matéria-prima consumida e a mão de obra. Os custos podem ainda ser semifixos ou semivariáveis. Os custos semifixos são fixos em uma determinada faixa de produção, mas variam quando ocorre uma mudança nessa faixa. É o caso da empresa que necessita aumentar a capacidade produtiva sendo obrigada a alugar um galpão, gerando novos custos fixos. Os custos semivariáveis variam com o nível de produção de bens ou serviços, tendo uma parcela fixa existente mesmo que não ocorra uma produção. Cita-se, por exemplo, o caso da conta de energia elétrica da fábrica e de telefone, pois há uma taxa mínima a ser paga mesmo que nada seja gasto ou produzido no período. Para elaboração de sistemas de custos, é necessário que a empresa tenha na contabilidade um elenco de contas relacionadas ao estoque. As contas básicas para iniciar um sistema de custos integrado com a contabilidade da empresa podem ser classificadas em: 1. Matérias-primas que representam todos os produtos que sofrem transformações no processo produtivo; 2. Matérias de acondicionamento e embalagem que se referem a todos os itens de estoque que se destinam à embalagem ou acondicionamento para remessa; 3. Manutenção e suprimentos gerais que representam materiais para manutenção de máquinas, equipamentos ou edificações para uso em conserto, manutenção, lubrificação, pintura etc.; 4. Mercadoria para revenda que englobam todos os produtos adquiridos de terceiros para revenda; 5. Produtos em elaboração que englobam todos os custos diretos e indiretos que estão sendo apropriados na produção de bens não concluídos, como, por exemplo, matéria-prima direta; mão de obra direta (salários, prêmios, encargos sociais, auxílio-alimentação, INSS, FGTS, férias, 13º salário, aviso- prévio e indenizações etc.); custos indiretos de fabricação (consumo de matérias-primas, consumo de outros materiais, salários, contribuições previdenciárias, contribuições ao FGTS, seguro contra acidentes de trabalho, outros gastos com o pessoal, aluguéis, manutenção e reparos de bens, depreciações, seguro contra incêndio, energia elétrica e outros gastos com produção); 6. Produtos acabados que representam os produtos já terminados oriundos da própria produção e disponível à venda. Na contabilidade de custos são também utilizadas outras nomenclaturas, tais como: a) custos primários, que representam o somatório dos custos com matéria-prima e mão de obra direta; b) custo de transformação, que representa o esforço da empresa para transformar o material em produto acabado. O custo de produção pode ser representado pela soma da mão de obra direta com os gastos gerais de fabricação, tais como: mão de obra direta e indireta, energia, materiais de consumo industrial; c) custo de produção de período (CPP), que representa o somatório de todos os custos ocorridos no período determinado na fabricação do bem ou do serviço (matéria-prima consumida, mão de obra direta e custo indireto de fabricação); d) custo de produtos em elaboração (CPE), que representa o somatório de estoque dos produtos em elaboração e dos custos da produção do período. Quando o produto em elaboração é finalizado, deve ser transferido para a conta de custos dos produtos acabados; e) custo da produção acabada (CPA), que representa a soma dos custos dos produtos acabados em um período determinado; Resumo: Custo e Despesa não são sinônimos; têm sentido próprio, assim como Investimento, Gasto e Perda. A utilização de uma terminologia homogênea simplifica o entendimento e a comunicação. Neste livro, Custo só se refere a sacrifício na produção, salvo quando expressamente alertada a modificação da terminologia utilizada. Logo, temos Custos de Produção e Despesas de Administração, de Vendas e Financeiras. Levantamento, critérios e avaliação de estoques Os estoques representam bens adquiridos ou produzidos pela empresa com objetivo de comercialização ou de consumo próprio no decorrer de suas atividades normais. A avaliação ou atribuição de custos aos estoques é complexa, porém, será apresentado o que recomendam os órgãos profissionais e fiscais reguladores da contabilidade do país. O Conselho Federal de Contabilidade (CFC), no bojo de sua NBC T 4, que trata da Avaliação Patrimonial, estabelece os critérios de avaliação dos estoques, como sendo: a) Os estoques de mercadorias, matérias-primas, outros materiais e componentes são avaliados pelo custo de aquisição, atualizado monetariamente, ou pelo valor de mercado, quando este for menor. b) Os estoques de produtos acabados e em elaboração e os serviços em andamento são avaliados pelo custo de produção, atualizado monetariamente, ou valor de mercado quando este for menor. c) Os estoques obsoletos ou inservíveis são avaliados pelo valor líquido de realização e os estoques invendáveis devem ser baixados. d) Os estoques de animais e de produtos agrícolas e extrativos, destinados à venda, poderão ser avaliados pelo valor de mercado, quando atendidas as seguintes condições que: 1) Atividade seja primária; 2) O custo de produção seja de difícil determinação; 3) Haja um efetivo mercado que possibilite a liquidez imediata desse estoque e que valide a formação do seu preço; 4) Seja possível estimar o montante das despesas de realização da venda. A lei das Sociedades por Ações (Lei 6.404/76) estabelece que os direitos que tiverem por objeto mercadorias e produtos do comércio da companhia, assim como matéria primas, produtos em fabricação e bens em almoxarifado, serão avaliados pelo custo de aquisição ou produção, deduzido de provisão para ajustá-lo ao valor de mercado, quando este for inferior. Considera-se valor de mercado das matérias-primas e dos bens em almoxarifado o preço pelo qual possam ser repostos, mediante compra no mercado; dos bens ou direitos destinados à venda, o preço líquido de realização mediante venda no mercado, deduzidos os impostos e demais despesas necessárias para a venda, e a margem de lucro. Os estoques de mercadorias fungíveis destinadas à venda poderão ser avaliados pelo valor de mercado, quando esse for o costume mercantil aceito pela técnica contábil. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) estabelece que os critérios para avaliação de estoques devam ser consoantes com a Lei 6.404/76, não aceitando critérios estabelecidos por legislação especial ou tributária que contrariem a referida Lei. As despesas financeiras não podem ser ativadas no estoque. Para o Instituto Brasileiro de Contadores (IBRACON), o principal critério para a avaliação de estoques é o custo histórico. Isto quer dizer que no critério se utiliza o preço de compra mais os gastos adicionais, representando a soma dos gastos aplicáveis e débitos incorridos direta ou indiretamente para colocar um bem do estoque em sua condição e localização atuais. Assinala-se que há exceção para produtos agrícolas, pecuários e extrativos, pois estes serão avaliados aos preços correntes de mercado deduzidos das despesasde vendas, ficando este critério prevalecendo nesse ramo de atividade. Diferentes métodos são usados na prática para atribuição de custo aos estoques. São destacados o método de custo médio para ponderado, PEPS ou FIFO (primeiro a entrar, primeiro a sair), UEPS ou LIFO (último a entrar, primeiro a sair) e identificação específica. Destaca-se que no Brasil os aplicados com frequência são os dois primeiros. O fato é que o custo por identificação específica necessita de condições peculiares para a sua aplicação, exigindo um controle demasiado rígido que pode ocasionar um custo elevado de manutenção do sistema. No caso do método UEPS, há um uso restrito por não ser aceito pelo fisco brasileiro, e este demandaria um controle paralelo de estoques. Para o Fisco Federal, as mercadorias, matérias-primas e bens em almoxarifado deverão ser avaliados pelo custo de aquisição. Para quem possua inventário permanente, a apuração do custo de aquisição far-se-á considerando-se o critério do custo médio ponderado móvel ou, alternativamente, o custo das mercadorias adquiridas mais recentemente (PEPS ou LIFO). Para quem não possua o inventário permanente, somente o critério PEP é aceito. Os critérios de avaliação de estoques mais difundidos no mundo são o custo médio ponderado, o PEPS, o UEPS e o preço específico. No custo médio ponderado, a média mensal ou do período é estabelecida tomando as quantidades em estoques no início do período e os respectivos valores unitários constantes do balanço ou balancete anterior, e adicionando as entradas pelos respectivos valores unitários de aquisição ou produção. A média ponderada assim obtida estabelece o custo unitário das unidades inventariadas ao fim do período, que assim figuram avaliadas na conta de estoques no ativo, e estabelece também o custo operacional as unidades saídas durante o período, que é levado para débito de lucros e perdas. A média ponderada também pode ser apurada permanentemente, a cada nova entrada, sendo a ponderada igualmente afetada a cada nova saída. O FIFO (first in first out) ou PEPS (o primeiro que entra é o primeiro que sai) toma as quantidades em estoque no início do período e os respectivos valores unitários constantes do balanço ou balancete anterior, anterior, adicionando as entradas, pelos respectivos valores unitários de aquisição ou produção. Em seguida, excluem-se as quantidades saídas durante o período aos custos unitários de aquisição ou produção sempre mais antigos. Lote por lote, o custo operacional das quantidades saídas, debitado a lucros ou perdas, é obtido pelos valores unitários das quantidades que estavam no estoque no início do período e, depois de produção de cada lote imediatamente subsequente, restam em estoque no ativo as quantidades não saídas aos valores unitários de aquisição ou produção dos últimos lotes entrados. O LIFO (last in first out) ou UEPS, que consiste no custo operacional das quantidades saídas, debitado a lucros e perdas, é obtido pelos valores unitários da última aquisição ou produção e, depois de esgotada a quantidade desta, pelos valores unitários de aquisição ou produção de cada lote imediatamente anterior, restam em estoque no ativo as quantidades não saídas aos valores unitários de aquisição ou produção das primeiras entradas ocorridas no período e/ou ao valor unitário do estoque inicial. No preço específico, o custo de cada produto é identificado individualmente. Só é possível utilizar esse método quando existe a identificação do preço específico de cada unidade de estoque, como, por exemplo, em indústrias de bens de capital, revenda de veículos e serviços. O critério de avaliação determinado pelas normas contábeis para mercadorias, produtos acabados, produtos em elaboração, matérias-primas, almoxarifado etc. deve ser pelo custo histórico, custo corrigido ou valor de mercado quando este for menor. Já o critério de avaliação aceito pelo fisco referente ao custo de aquisição de mercadorias, produtos acabados, produtos em elaboração, matérias-primas, almoxarifado etc. pode ser pelo método de custo médio ou PEPS ou FIFO. Quando se trata do critério de avaliação determinado pelas normas contábeis para bens fungíveis, deve ser pelo valor de mercado. No entanto, a provisão para ajuste dos estoques ao valor de mercado não é dedutível na apuração do lucro real e da base de cálculo da Contribuição Social sobre Lucro. Em se tratando de critério de avaliação determinado pelas normas contábeis para produtos agrícolas, animais e extravios, deve-se fazê-lo pelo valor de mercado. Finalmente, o critério de avaliação determinado pelas normas contábeis para estoques em produção ou construção que se prolongue no tempo deve ser pelo custo histórico ou valor de mercado quando este for menor. No Brasil, não se admite em nenhuma hipótese a adoção do método LIFO (UEPS). Os estoques são avaliados pelo custo histórico e, em período de alta inflação, é aconselhada a utilização pelo custo histórico corrigido monetariamente ou pelo valor de mercado, quando este for menor. Normalmente, são utilizados os métodos FIFO (PEPS), custo médio e preço específico. Vejamos o seguinte exemplo. A firma Alimentos Ltda. realizou as seguintes transações mercantis com a mercadoria do tipo Alfa, durante o mês de janeiro corrente: Data Histórico Valor 02/01/XX 1ª compra de 10 u a R$ 8,00 u = R$ 80,00 12/01/XX 2ª compra de 10 u a R$ 10,00/u = R$ 100,00 22/01/XX 3ª compra de 15 u a R$ 12,00/u = R$ 180,00 25/01/XX 1ª venda de 10 u a R$ 15,00/u = R$ 150,00 31/01/XX 4ª compra de 6 u a R$ 15,00/u = R$ 90,00 O cálculo dos produtos vendidos será: a) pela utilização do método PEPS, igual a 10 u x R$ 8,00 = R$ 80,00 b) pela utilização do método UEPS, igual a 10 u x R$ 12,00= R$ 120,00 c) pela média ponderada móvel, igual a Custo Médio = (10 u x R$ 8,00 + (10 u x R$ 10,00 + (15 u x R$ 12,00) 10 u + 10 u + 15 u Custo Médio Unitário = R$ 10,29 Então, o custo dos produtos vendidos será igual a 10 u x R$ 10,29 = R$ 102,90 e o resultado da empresa, pelos três métodos, ficará igual a: Demonstração do Resultado do Exercício em R$ Contas PEPS UEPS Média ponderada Receita de vendas 150,00 150,00 150,00 (-) Custos dos produtos vendidos (80,00) (120,00) (102,90) Resultado 70,00 30,00 47,10 Métodos de custeio Custeio por absorção O método de custeamento por absorção ou integral consiste na apropriação de todos os custos de produção de forma direta ou indireta aos produtos adquiridos e elaborados ou aos serviços prestados. Por este método, a apropriação dos custos diretos é constituída de forma econômica e viável ao objeto de custeio. Geralmente, os custos diretos mais importantes são os materiais diretos e a mão de obra direta. A apropriação dos custos indiretos torna-se um pouco mais complicada, pois necessita de uma definição clara dos critérios de rateio. A problemática está relacionada com a forma do rateio dos custos comuns ou dos custos indiretos de fabricação (CIF), porque não podem ser alocados de forma direta ou objetiva a um seguimento, atividade operacional ou produtos. Quando atribuídos aos produtos, serviços ou departamentos, os CIF são alocados por meio de critérios de distribuição ou métodos subjetivos e muitas vezes arbritários. O processo de alocação de gastos pelo método de custeio por absorção parte da separação entre custos e despesas até chegar à Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), quando os produtos ou serviços são vendidos e quando os gastos incorridos são realizados no período financeiro (ver Figura 6.2). Figura 6.2 Esquema do fluxo de gastos pelo método de custeio por absorção. Existe a possibilidade de o gestor alocar os custos indiretos de produção de forma arbitrária e às vezes enganosa, interferindo no valor final do bem. Os principaisproblemas relacionados com os critérios de rateio dos CIF estão na utilização de estimativas de dados, obtenção de resultados diversos, de acordo com o critério escolhido e da subjetividade e arbritrariedade. Para minimizar a influência da subjetividade e arbitrariedade, o gestor deverá mapear o processo de produção, a estrutura da empresa, bem como estudar as origens dos custos indiretos de fabricação. Em seguida, deverá criar critérios de rateio bem definidos para centro de custos ou departamento. Existe ainda a necessidade de manter consistência nos critérios de rateio, pois os dados servirão de base para a comparação dos custos de produtos diferentes e para a análise do comportamento dos custos e do desempenho econômico da empresa no tempo. Além disso, a empresa precisa obedecer ao princípio contábil da consistência ou uniformidade, que prevê a homogeneização de procedimentos adotados para apuração de dados. Outro ponto importante a ser abordado está relacionado aos custos das mercadorias e serviços vendidos que aparecem na DRE. Estes deveriam se chamar despesas das mercadorias e serviços vendidos, pois os custos só se transformam em despesas quando correm às vendas dos bens. Embora esteja incorreta a nomenclatura Custos das Mercadorias Vendidas (CVM) ou Custos dos Produtos Vendidos (CPV), nos demonstrativos contábeis, a forma de apresentação como custos é aceita pelos órgãos reguladores da contabilidade no Brasil. Sob os aspectos fiscais, as empresas são obrigadas a adotar o custeio por absorção. Sob os aspectos legais, a Lei das Sociedades por Ações (Lei 6.404/76) menciona que serão avaliados “os direitos que tiverem por objeto mercadorias e produtos do comércio da companhia, assim como matérias-primas, produtos em fabricação e bens em almoxarifado, pelo custo de aquisição ou produção, deduzido de provisão para ajustá-lo ao valor de mercado, quando este for inferior”. Embora a lei seja omissa, a avaliação dos produtos deverá seguir os princípios fundamentais de contabilidade. Nesse caso, o método de custeio por absorção deverá ser adotado pelas empresas. Custeio pleno ou custeio por absorção total Existe um sistema de custeio muito parecido com o método de custeio por absorção chamado de Reichskuratorium fur Wirtschaftlichtkeit (RKW). O RKW é também conhecido como método de custeio pleno ou custeio por absorção total, que consiste no rateio dos custos de produção e de todas as despesas da empresa, inclusive financeiras, a todos os produtos ou serviços (ver Figura 6.3). A sigla representa as iniciais de um antigo conselho governamental para assuntos econômicos que existiu na Alemanha. Sua utilização aqui no Brasil se deve em parte à influência do Conselho Interministerial de Preços, que incentivou a divulgação de custos na década de 70. Infelizmente, seu impacto foi mínimo diante da realidade da inflação galopante da época, e o interesse por custos no campo da saúde foi abandonado rapidamente. Embora contenha arbitrariedade na forma de alocação dos gastos, o RKW, serve como instrumento de fixação de preços e informações gerenciais, pois há inclusão de todos os custos e despesas incorridos pela empresa. Pelo método RKW, o valor do gasto unitário é influenciado por maior ou menor atividade como, por exemplo, despesas de distribuição, comercialização, financeiras e de administração geral. Assim, o preço dos produtos terá características de eventos não condizentes com sua realidade, decorrentes das subjetividades pessoais na escolha dos critérios de rateio. Figura 6.3 Esquema do fluxo de gastos pelo método RKW. Custeio variável No método de custeamento variável, todos os custos variáveis são alocados aos bens ou serviços, sejam eles diretos ou indiretos. Aqui, apenas os custos variáveis são considerados no valor do bem sem a utilização de métodos de rateio, sendo mensuráveis objetivamente, pois não sofrerão processos arbitrários ou subjetivos. Logo, há um custo unitário parcial, pois os custos fixos são considerados despesas do exercício (ver Figura 6.4) O método de custeio variável constitui um conceito de custeio de inventário que corresponde diretamente aos dispêndios necessários para manufaturar os produtos, possibilitando mais clareza no planejamento do lucro e na tomada de decisão. Além disso, o lucro líquido não é afetado por mudanças de aumento ou diminuição de inventários. Sendo integrado com o custo padrão, esse método permite o correto controle de custos, porque, após definidos os custos fixos, os preços de venda e o custo variável, os dados para analisar a relação custo, volume e lucro são fáceis de encontrar. A obtenção de indicadores de desempenho possibilita melhor entendimento dos gestores sobre os gastos da empresa. A principal vantagem desse método é possibilitar encontrar a margem de contribuição unitária de cada produto, servindo como instrumento de decisão de curto prazo. Figura 6.4 Esquema do fluxo de gastos pelo método de custeio variável.
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