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TRABALHO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

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CURSO: DIREITO 
 
 
 
 
DOUGLAS RICARDO FERRACINI 
 
 
 
 
TRABALHO DE D. PROCESSUAL CIVIL 
7º SEMESTRE DIREITO (NOTURNO) 
“ASPECTOS RELEVANTES DO PROCEDIMENTO ESPECIAL DAS 
ESPECIALIDADES” 
1º BIMESTRE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fernandópolis-SP 
Setembro 2019 
II 
 
UNIVERSIDADE BRASIL 
CAMPUS FERNANDÓPOLIS – SP 
CURSO: DIREITO – 7º SEMESTRE NOTURNO 
TRABALHO DE D. PROCESSUAL CIVIL 
ME AILTON NOSSA MENDONÇA 
1º BIMESTRE 
ALUNOS: DOUGLAS RICARDO FERRACINI 
 
 
 
 
TEMA: 
 
- ASPECTOS RELEVANTES DO PROCEDIMENTO ESPECIAL DAS 
ESPECIALIDADES. 
I – Da consignação em pagamento; 
II – Das ações possessórias 
III – Manutenção de posse 
IV – Reintegração de posse 
V – Interdito proibitório 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
III 
 
SUMARIO 
 
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 4 
1.1 Um tema com variações ................................................................................. 4 
1.2 Primeira visão dos procedimentos especiais ................................................. 5 
1.3 A nomenclatura empregada ........................................................................... 7 
2 AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO .................................................... 7 
3 AÇÕES POSSESSÓRIAS .................................................................................... 9 
3.1 Outras ações, que não podem ser confundidas com as possessórias ........ 13 
3.1.1 Ação de imissão de posse ..................................................................... 13 
3.1.2 Ação reivindicatória ............................................................................... 13 
3.1.3 Ação de nunciação de obra nova .......................................................... 14 
3.1.4 Embargos de terceiro ............................................................................ 14 
3.2 Os três interditos possessórios .................................................................... 15 
3.3 Peculiaridades das ações possessórias ....................................................... 16 
3.3.1 Fungibilidade ......................................................................................... 16 
3.3.2 A cumulação de pedidos ....................................................................... 16 
3.3.3 Natureza dúplice .................................................................................... 18 
3.3.4 Exceção de domínio .............................................................................. 18 
3.3.5 Impossibilidade de, no curso das possessórias, ser intentada ação de 
reconhecimento de domínio ................................................................................ 20 
4 DA MANUTENÇÃO E DA REINTEGRAÇÃO DE POSSE .................................. 21 
5 DO INTERDITO PROIBITÓRIO .......................................................................... 26 
6 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 28 
7 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................... 33 
 
 
4 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
1.1 Um tema com variações 
 
Os procedimentos especiais, sendo indiferente para essa finalidade a 
distinção entre os de “jurisdição contenciosa” e os de “jurisdição voluntária”, devem 
ser compreendidos como variantes do “procedimento comum”, que é o 
paradigmático, o padrão, tal qual estabelecido pelo CPC de 2015. 
Estas variações a partir do procedimento comum devem-se por diversos 
fatores. Além de razões históricas, a distinção procedimental justifica-se diante das 
peculiaridades do próprio direito material envolvido. 
Diante do necessário e incessante diálogo entre os planos material e 
processual, as características daquele acabam influenciando ou sugerindo ao 
legislador a conveniência (ou, até mesmo, a necessidade) de se alterar o 
procedimento para viabilizar uma mais adequada e eficiente prestação da tutela 
jurisdicional sempre preocupada com a maior efetividade do próprio direito material 
pelo processo. 
A consignação em pagamento é bom exemplo do acerto da afirmação que 
acabei de fazer: consignar em pagamento, de acordo com o art. 334 do CC, é 
modalidade extintiva da obrigação que pressupõe, dentre outros fatores, a recusa do 
recebimento do pagamento (no sentido técnico de adimplemento da obrigação) pelo 
credor. O devedor quer se libertar da obrigação, oferta o pagamento ao credor e ele 
é recusado. Na perspectiva processual, é fundamental que esta recusa seja, de 
alguma forma, documentada ou oportunizada. Sem isto, não há, na perspectiva do 
direito material, lugar para a consignação. 
É freqüente, por isso mesmo, que, nos procedimentos especiais, haja cortes 
de cognição, em geral, no plano horizontal, que acaba por viabilizar uma maior 
eficiência procedimental diante das peculiaridades do direito material. O 
procedimento especial relativo à consignação em pagamento, mais uma vez, é 
excelente exemplo da pertinência da afirmação, já que as defesas argüíveis pelo réu 
cingem-se às hipóteses do art. 544 (não ter havido recusa ou mora no recebimento; 
ter sido justa a recusa; o depósito não ter sido efetuado no prazo ou no lugar do 
pagamento, ou, ainda, não ter sido integral). Típico caso, pois, de cognição judicial 
parcial, que racionaliza a prestação da tutela jurisdicional na perspectiva 
5 
 
procedimental e que, enfatizo – e nem poderia ser diferente –, não agride o inciso 
XXXV do art. 5º da CF, já que quaisquer outras alegações, para além daquelas, 
podem ser levadas ao Estado-juiz pelo procedimento comum. 
É certo que nem todos os procedimentos especiais do CPC de 2015 permitem 
explicação tão aderente entre os planos material e processual. Para eles, contudo, o 
fator preponderante de sua disciplina como procedimento especial é, como já 
adiantei, preso a razões históricas ou escolhidas por razões políticas feitas, em 
algum momento, pelo legislador. Até mesmo, com os olhos voltados ao CPC de 
2015, de algum capricho, como ocorre, por exemplo, no caso da oposição, que, no 
CPC de 1973, apresentava-se como modalidade de intervenção de terceiro e que, 
no CPC de 2015, está entre os procedimentos especiais que, de especial, têm 
apenas e tão somente o prazo simples para a contestação dos réus, a despeito de 
eles estarem representados por advogados diversos e de eles não serem citados 
para comparecer a audiência de conciliação ou de mediação. 
 
1.2 Primeira visão dos procedimentos especiais 
 
O CPC de 2015 disciplina como procedimentos especiais de jurisdição 
contenciosa, em quatorze Capítulos do Título III do Livro I da Parte Especial, os 
seguintes: (i) ação de consignação em pagamento; (ii) ação de exigir contas; (iii) 
ações possessórias; (iv) ação de divisão e de demarcação de terras particulares; (v) 
ação de dissolução parcial de sociedade; (vi) inventário e partilha; (vii) embargos de 
terceiro; (viii) oposição; (ix) habilitação; (x) ações de família; (xi) ação monitória; (xii) 
homologação do penhor legal; (xiii) regulação de avaria grossa; e (xiv) restauração 
de autos. 
O décimo quinto e último Capítulo do Título III do Livro I da Parte Especial 
ocupa-se com os procedimentos de jurisdição voluntária, distribuindo-os em doze 
seções, fazendo uma interessante mescla do que, no CPC de 1973, é disciplinado 
como “procedimentos especiais de jurisdição voluntária” e como “procedimentos 
cautelares específicos”. 
Ainda mais interessante essa opção do CPC de 2015 porque alguns 
procedimentos cautelares específicos foram verdadeiramente descautelarizados – e 
não sem tempo –, tendo sido preservadas, de qualquer sorte, suas finalidades. 
Exemplos seguros dessa afirmação estão na produção antecipada de provas (arts. 
6 
 
381 a 383); no arrolamento de bens para fins de documentação (art. 381, § 1º); najustificação (art. 381, § 5º); na caução a ser prestada por quem se ausentar, sem 
bens imóveis, do Brasil durante o processo (art. 83); no atentado (77, VI, e § 7º) e na 
posse em nome do nascituro (art. 650). Cautelares como o arresto, o sequestro, os 
alimentos provisionais, o protesto e apreensão de títulos e as genéricas “outras 
medidas provisionais” do art. 888 do CPC de 1973 não foram reproduzidas, nem 
sequer como procedimentos especiais, ainda que de jurisdição voluntária. A menção 
àquelas duas primeiras figuras pelo art. 301 não tem o condão de infirmar a 
afirmação. 
São disciplinados, como de jurisdição voluntária, os seguintes procedimentos: 
(i) notificação e interpelação; (ii) alienação judicial; (iii) divórcio e separação 
consensuais, extinção consensual de união estável e alteração do regime de bens 
do matrimônio; (iv) testamentos e codicilos; (v) herança jacente; (vi) bens dos 
ausentes; (vii) coisas vagas; (viii) interdição; (ix) disposições comuns à tutela e à 
curatela; (x) organização e fiscalização das fundações; e, por fim, (xi) ratificação dos 
protestos marítimos e dos processos testemunháveis formados a bordo. 
Há distinções relevantes quando se compara o CPC de 2015 com o CPC de 
1973, sem prejuízo do que já quis evidenciar. 
O CPC de 2015, com efeito, não reproduz a disciplina procedimental da 
nunciação de obra nova, da venda a crédito com reserva de domínio e da 
especialização da hipoteca legal. Além disso, o CPC de 2015, ao impor, em 
determinadas hipóteses (art. 259), a expedição de editais de citação de possíveis 
interessados, ainda que incertos, eliminou a “ação de usucapião (imóvel)” e a “ação 
de recuperação ou substituição de título ao portador”. Por fim, mas não menos 
importante, a “ação de depósito” deixou de ser prevista expressamente como 
procedimento especial e acabou sendo absorvida por uma das hipóteses do que o 
CPC de 2015 chama de “tutela da evidência” (art. 311, III). 
O rol do CPC de 2015, posto que extenso, não esgota o assunto. Há diversos 
e variadíssimos procedimentos especiais dispersos na legislação extravagante, isto 
é, fora do Código de Processo Civil. 
Apenas para mencionar alguns, a título ilustrativo, é o caso das “ações de 
locação de imóveis urbanos”, cuja Lei n. 8.245/1991 trata de procedimentos 
especiais vocacionados ao despejo, à revisão do aluguel e à renovação da locação; 
do mandado de segurança (Lei n. 12.016/2009); de todas as chamadas “ações 
7 
 
coletivas”, previstas na Lei n. 7.347/1985 (Lei da Ação Civil Pública), na Lei n. 
8.078/1990 (Código do Consumidor) e em diversos outros diplomas; da “ação de 
improbidade administrativa” (Lei n. 8.429/1992) e da “ação de alimentos” ainda 
prevista pela Lei n. 5.478/1968, a despeito da revogação de seus arts. 16 a 18 
determinada pelo inciso V do art. 1.072, que merece ser complementada com a 
disciplina da tutela jurisdicional executiva por ele disciplinada em seus arts. 528 a 
533 (quando se tratar de título executivo judicial) e arts. 911 a 913 (quando se tratar 
de título executivo extrajudicial). 
 
1.3 A nomenclatura empregada 
 
Ainda há tempo para uma derradeira consideração a título introdutório. 
O rol constante no número anterior acaba por evidenciar que o CPC de 2015, 
mantendo a tradição, refere-se a diversos procedimentos especiais como “ações”. 
Assim, por exemplo, a “ação de consignação em pagamento”, a “ação de exigir 
contas”, as “ações possessórias” e as “ações de família”. 
A nomenclatura, a despeito de ser consagradíssima (inclusive fora do Brasil), 
“ações” não variam de acordo com o direito material e/ou com suas peculiaridades. 
A “ação” é, como lá evidencio, invariável. Trata-se de direito de fazer atuar o Estado-
juiz para obtenção da tutela jurisdicional. O exercício deste direito, tanto no aspecto 
de romper a inércia da jurisdição como na perspectiva de atuar aolongo do processo 
para a atuação concreta da tutela jurisdicional reconhecida, não varia de acordo com 
o direito material, até porque independe dele e de sua existência. 
 
2 AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO 
 
A chamada “ação de consignação em pagamento” é o procedimento especial 
de jurisdição contenciosa que pretende a prestação de tutela jurisdicional 
consistente no reconhecimento judicial da extinção da obrigação pelo devedor em 
face de seu(s) credor(es), mediante o pagamento em consignação (art. 334 do CC). 
O CPC de 2015 não traz para ela nenhuma alteração substancial quando 
comparada com a disciplina do CPC de 1973 (inclusive quando, no art. 549, 
prescreve aplicar-se o mesmo procedimento aos casos de resgate de aforamento), 
cabendo ao autor que, no plano material, é quem se afirma devedor da obrigação, 
8 
 
requerer, ao juízo do local do pagamento (art. 540) o depósito da quantia do valor ou 
da coisa devida a ser realizado no prazo de cinco dias contados da admissibilidade 
da petição inicial e a citação do réu para aceitar (e levantar) o depósito ou oferecer 
contestação (art. 540). Os depósitos de prestações sucessivas podem ser feitos pelo 
autor no mesmo processo, desde que o faça no prazo de cinco dias de seu 
vencimento (art. 541). 
A matéria arguível pelo réu em contestação é limitada pelo art. 544: não ter 
recusado o recebimento ou não ter havido mora; ter sido justa a recusa; o depósito 
não ter sido efetuado no prazo ou no lugar do pagamento, ou, ainda, se não tiver 
sido integral. Quando o réu alegar que o depósito não foi integral, cabe a ele indicar 
qual é o montante que entende devido (art. 543, parágrafo único). 
Nesta hipótese, de o réu alegar a insuficiência do depósito, pode o autor 
complementá-lo em dez dias, salvo quando se tratar de prestação cujo 
inadimplemento acarretar a rescisão do contrato (art. 545, caput). 
Complementado o depósito, o réu pode levantá-lo, com a correspondente 
quitação parcial, prosseguindo-se o processo para apuração de eventual diferença 
(art. 545, § 1º). Se constatada diferença, a sentença a reconhecerá e, como título 
executivo, viabilizará ao réu cobrá-la em face do autor, observadas as regras 
relativas à liquidação e ao cumprimento de sentença (art. 545, § 2º). 
Se o pedido do autor for acolhido, a sentença reconhecerá a extinção da 
obrigação e imporá ao réu o pagamento de custas e honorários advocatícios (art. 
546, caput), tanto quanto se o credor receber e der quitação (art. 546, parágrafo 
único). 
Havendo dúvidas no plano material sobre quem deve receber o pagamento, o 
autor requererá a citação dos possíveis credores (réus, no plano do processo) para 
provarem seu direito (art. 547). Se ninguém comparecer ao processo, o depósito 
será convertido em arrecadação de coisas vagas, observando-se, a partir daí, a 
disciplina do art. 746 (art. 548, I). Se aparecer apenas um, o magistrado analisará se 
se trata, na perspectiva do plano material, do credor (art. 548, II). Se vier ao 
processo mais de um que se afirme credor, o processo prosseguirá, com 
observância do procedimento comum, apenas com relação aos réus, que 
disputarão, entre si, a posição de credor da obrigação, extinta, com o depósito, em 
relação ao autor (art. 548, III). 
9 
 
O CPC de 2015 também preservou, nos parágrafos do art. 539, a 
possibilidade de, tratando-se de obrigação em dinheiro, o devedor efetuar depósito 
extrajudicial do valor que entende devido em banco do local do pagamento. O 
credor, neste caso, deverá ser cientificado do depósito para, em dez dias, contados 
do recebimento da carta com aviso de recebimento, manifestar-se a respeito. Se não 
houver recusa expressa, a obrigação é considerada extinta, ficando o valor 
depositado à disposição do credor. Havendo-a – e sua manifestação deve ser por 
escrito ao banco –, cabe ao devedor, querendo, ingressar em juízo, requerendo o 
reconhecimento judicial da extinção da obrigação, hipótese em que deverá instruir a 
petição inicial com as provas do depósito e da recusa.Terá, para tanto, um mês, sob 
pena de ser considerado sem efeito o depósito, que poderá ser levantado por ele 
próprio. 
 
3 AÇÕES POSSESSÓRIAS 
 
As “ações possessórias” são o procedimento especial de jurisdição 
contenciosa que tem como finalidade a proteção da posse. Na expressão estão 
compreendidos não só os pedidos de tutela jurisdicional voltados à manutenção 
(casos em que há turbação da posse, isto é, embaraços no exercício pleno da 
posse) e à reintegração (quando houver esbulho na posse, isto é, perda total ou 
parcial da posse) de posse, mas também o chamado “interdito proibitório”, voltado à 
proteção preventiva da posse, cabendo ao magistrado expedir “mandado proibitório” 
com multa em detrimento de quem descumpri-lo. As duas primeiras hipóteses estão 
previstas no art. 560 e a terceira no art. 567, e dialogam suficientemente bem com a 
previsão do art. 1.210 do CC, segundo o qual: “O possuidor tem direito a ser mantido 
na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência 
iminente, se tiver justo receio de ser molestado”. 
A distinção, não obstante ter relevo no plano material, é minimizada pelo 
caput do art. 554, que prevê verdadeira fungibilidade, no plano processual, entre as 
técnicas a serem empregadas pelo Estado-juiz para tutelar a posse, tenha ou não 
sido esbulhada, meramente turbada ou, ainda, de forma preventiva, isto é, ainda 
quando ameaçada. O que pode ocorrer, destarte, é que a petição inicial descreva, 
para o Estado-juiz, uma situação de mera ameaça a direito e que seja formulado, 
consequentemente, pedido de expedição do mandado a que se refere o art. 567 e 
10 
 
que, pelo passar do tempo, mesmo que breve, entre a apresentação da petição 
inicial e a análise do pedido a ser feita pelo magistrado, a ameaça tenha se 
transformado, no plano fático, em lesão. Nem por isso, contudo, haverá necessidade 
de emendas ou de qualquer outra formalidade no plano do processo. A ordem do 
magistrado deverá proteger a posse, tida como digna de tal proteção, mesmo que a 
ameaça tenha se convertido em lesão ou vice-versa. Ademais e em rigor, o 
procedimento do “interdito proibitório” é idêntico aos dos casos de manutenção ou 
reintegração na posse, tal como revela, expressamente, o art. 568. 
As “ações possessórias” disciplinadas pelos arts. 554 a 568 ocupam-se com a 
tutela jurisdicional da posse, e não da propriedade. Para a tutela jurisdicional desta 
não há, no CPC de 2015 – e já não havia no CPC de 1973 –, nenhum procedimento 
especial. É correto, até mesmo, sustentar, com fundamento no art. 557 do CPC de 
2015 e no § 2º do art. 1.210 do CC, que é vedado, durante as “ações possessórias”, 
que as partes demandem uma a outra questionando a propriedade. 
Há mais, contudo: mesmo para a tutela jurisdicional da posse, o procedimento 
especial ora em estudo é reservado para os casos em que o pedido respectivo é 
formulado até ano e dia da turbação ou do esbulho descrito na petição inicial, a 
chamada “posse nova”. Depois deste prazo, o procedimento a ser observado, 
mesmo que visando à tutela jurisdicional da posse (a “posse velha”), é o comum (art. 
558). Não há nenhum óbice em tais casos, contudo, para que o autor, diante dos 
respectivos pressupostos, formule (e lhe seja concedido) pedido de tutela provisória, 
observando-se o disposto nos arts. 294 a 311. 
A petição inicial pode trazer, além do pedido de tutela jurisdicional da posse, 
pedidos de pagamento de perdas e danos e de indenização dos frutos (art. 555, I e 
II). O autor também poderá requerer a concessão de tutela apta a evitar nova 
turbação ou esbulho e a imposição de medida necessária e adequada para evitar 
nova turbação ou esbulho e para cumprir tutela provisória ou final (art. 555, 
parágrafo único). 
O art. 561 complementa a regra ao impor ao autor que prove, com a inicial, a 
sua posse, a turbação ou o esbulho praticado pelo réu com a respectiva data (para a 
distinção derivada do art. 558) e, tratando-se de manutenção, o prosseguimento do 
exercício da posse e, quando se tratar de esbulho, a perda da posse. 
Recebida a petição inicial e estando devidamente instruída, o magistrado 
deferirá, sem a oitiva do réu mandado liminar de manutenção (se a hipótese for de 
11 
 
turbação) ou de reintegração (se a hipótese for de esbulho). É típico – e clássico – 
caso de concessão de tutela antecipada independentemente de urgência, nos 
moldes generalizados pelo art. 311 para a tutela imediata do melhor direito, in casu, 
da posse nova. Não havendo elementos suficientes para tanto, o autor e o réu serão 
citados para o que é chamado de “audiência de justificação”, na qual serão colhidas 
provas tendentes à expedição do mandado liminar de manutenção ou de 
reintegração (arts. 562, caput, e 563). 
O parágrafo único do art. 562 veda a expedição de mandado liminar sem a 
prévia oitiva das pessoas de direito público, por intermédio de seus respectivos 
representantes judiciais. A regra é flagrantemente inconstitucional porque viola a 
isonomia que deve presidir as relações dos particulares e das pessoas de direito 
público e que é princípio vetor da administração pública (art. 37, caput). Nada há que 
autorize a distinção preservada pelo CPC de 2015 porque inexiste nenhuma 
presunção de que pessoas de direito público não turbem ou não esbulhem a posse 
dos particulares. Fosse assim, aliás, e a doutrina e a jurisprudência não teriam 
desenvolvido o que é chamado de “desapropriação indireta”. 
Concedido ou não o mandado liminar de manutenção ou reintegração, o autor 
deverá, nos cinco dias seguintes, criar condições para que o réu seja citado para 
apresentar, em quinze dias, sua contestação (art. 564, caput). Quando houver a 
designação da audiência de justificação, contudo, o prazo para o autor tomar as 
providências que lhe couber, a citação fluirá da intimação da decisão que deferir ou 
não o referido mandado (art. 564, parágrafo único). 
O réu pode requerer em sua contestação tutela possessória e tutela relativa 
aos danos que entende ter experimentado em seu favor (art. 556). É o que a 
doutrina usualmente chama de “pedido contraposto” (a tornar desnecessária a 
reconvenção) e o que a leva a acentuar o “caráter dúplice” das “ações 
possessórias”, já que é possível ao réu receber tutela jurisdicional equivalente à do 
autor no mesmo processo, independentemente de qualquer formalismo. 
Se o réu provar, a qualquer tempo, que o autor provisoriamente mantido ou 
reintegrado na posse não tem idoneidade financeira para, sendo rejeitado seu 
pedido, responder por perdas e danos, o magistrado concederá ao autor o prazo de 
cinco dias para requerer caução, real ou fidejussória, sob pena de ser depositada a 
coisa litigiosa. A regra, constante do art. 559, não se aplica às partes que sejam 
economicamente hipossuficientes. 
12 
 
Preocupado com a realidade social do país, o CPC de 2015 trouxe 
importantes modificações na disciplina das “ações possessórias”. 
As primeiras correspondem aos três parágrafos do art. 554, que estabelecem 
regras a serem observadas na citação “no caso de ação possessória em que figure 
no polo passivo grande número de pessoas”. Neste caso, como se lê do § 1º, será 
feita a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação 
por edital dos demais, sem prejuízo da intimação do Ministério Público para intervir e 
atuar no caso na qualidade de custos legis, e, havendo pessoas em situação de 
hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública. É típico caso em que a atuação 
da Defensoria Pública justifica-se na qualidade de custos vulnerabilis, dado o caráter 
coletivo do litígio. O § 2º, complementando a regra, prevê que, “para fim da citação 
pessoal prevista no § 1º, o oficial de justiça procurará os ocupantes no local por uma 
vez, citando-os por edital os que não forem encontrados”. Sem prejuízo, o § 3º 
impõe ao magistrado o dever de determinara ampla publicidade do processo e dos 
prazos processuais respectivos, valendo-se, conforme o caso, de anúncios em jornal 
ou rádio locais, da publicação de cartazes na região do conflito, e de outros meios. 
A outra novidade trazida pelo CPC de 2015 para as “ações possessórias” está 
no art. 565, que, pela sua importância e rente à realidade brasileira, abrange, 
excepcionalmente, também o litígio sobre a propriedade do imóvel (§ 5º). 
De acordo com o caput do dispositivo, no litígio coletivo pela posse de imóvel, 
quando o esbulho ou a turbação afirmado na petição inicial houver ocorrido há mais 
de ano e dia, o magistrado, antes de apreciar o pedido de concessão da medida 
liminar, deverá designar audiência de mediação, a realizar-se em até trinta dias. 
Desta audiência participarão o Ministério Público, na qualidade de custos legis, e a 
Defensoria Pública sempre que houver parte beneficiária da justiça gratuita (§ 2º), 
mais um caso inequívoco de atuação daquela instituição na qualidade de custos 
vulnerabilis. Também poderão ser intimados da audiência os órgãos responsáveis 
pela política agrária e pela política urbana da União, de Estado, do Distrito Federal 
ou do Município em que esteja situada a área em litígio. Caberá a estas pessoas 
manifestarem, ou não, seu interesse no processo e a existência de possibilidade de 
solução para o conflito (§ 4º). A audiência também será designada quando, após a 
concessão da proteção liminar, ela não for cumprida no prazo de um ano (§ 1º). O § 
3º, por fim, autoriza que o magistrado compareça à área objeto do litígio quando sua 
presença se fizer necessária à efetivação da tutela jurisdicional. 
13 
 
 
3.1 Outras ações, que não podem ser confundidas com as possessórias 
 
3.1.1 Ação de imissão de posse 
 
O nome poderia levar o leitor a pensar que se trata de ação possessória. Mas 
não é: a ação é petitória, fundada não na posse, mas na propriedade. 
A ação de imissão de posse é aquela atribuída ao adquirente de um bem, que 
tenha se tornado seu proprietário, para ingressar na posse pela primeira vez, 
quando o alienante não lhe entrega a coisa. Essa ação nunca poderia ter natureza 
possessória, porque o seu autor não tem nem nunca teve posse. O seu objetivo é 
obtê-la pela primeira vez, quando se obtém a propriedade da coisa. Aquele que 
compra um bem tem o direito de o ter consigo. Se o vendedor não o entrega, a ação 
adequada não será possessória, porque o adquirente não quer a coisa para si por 
ser um possuidor esbulhado ou turbado, mas por ter adquirido a propriedade e ser o 
novo dono da coisa. 
Mas, às vezes, no contrato de alienação de bens, as partes fazem constar 
uma cláusula especial, pela qual, por meio daquele instrumento, o vendedor 
transfere ao comprador não só a propriedade, mas a posse do bem. Com isso, o 
comprador tornar-se-á possuidor, ainda que não apreenda a coisa. A sua posse é 
decorrência da cláusula contratual, que se chama constituti. Havendo recusa do 
vendedor em entregar a coisa, o comprador poderá valer-se da ação possessória, já 
que pela cláusula constituti houve transferência da posse, e se o vendedor não a 
entregar, ficará configurado o esbulho. Mas só se houver a cláusula. Sem ela, o 
comprador só terá a propriedade tendo que se valer da ação de imissão de posse, 
que nada mais é que uma espécie de ação reivindicatória, de ação do proprietário 
para, com fundamento no domínio, haver a posse do bem. 
A vantagem da ação possessória sobre a imissão de posse é que a primeira, 
preenchidos os requisitos, permitirá ao juiz conceder liminar específica. 
 
3.1.2 Ação reivindicatória 
 
Tanto o proprietário, privado injustamente do bem, quanto o possuidor 
esbulhado têm o direito de reavê-lo. O proprietário, por força do disposto no art. 
14 
 
1.228 do CC, que lhe dá o direito de reaver a coisa do poder de quem injustamente 
a possua ou detenha. O segundo, porque a posse é protegida por lei, e não pode ser 
tirada do possuidor de forma indevida, ilícita. 
Imagine-se, por exemplo, que A seja proprietário de um bem, e B, o seu 
possuidor, que o tenha consigo sem autorização do dono. O proprietário pode 
ajuizar ação reivindicatória para reavê-lo e, se provar a sua condição, terá êxito. Mas 
nem mesmo ele (muito menos outras pessoas) pode tomar a coisa do possuidor, 
indevidamente, com emprego de violência, clandestinidade ou precariedade. Se isso 
ocorrer, o possuidor merecerá a proteção possessória, até mesmo contra o 
proprietário, que tomou a coisa à força. 
A ação reivindicatória é a que tem o proprietário para, com base em seu 
direito, reaver a posse da coisa, que está indevidamente com o terceiro; a ação 
possessória é a ação que tem o possuidor cuja posse está sendo agredida ou 
ameaçada. O fundamento da primeira é o direito de propriedade e o direito de 
sequela do proprietário, que lhe permite buscar a coisa em mãos de quem quer que 
com ela esteja indevidamente; o fundamento da possessória é o direito do possuidor 
de manter a posse, impedindo que ela lhe seja tirada por meios indevidos. A posse 
pode ser tirada do possuidor apenas por meios lícitos, como pelo ajuizamento de 
ação reivindicatória pelo dono. Mas não por esbulho, turbação ou ameaça, caso em 
que o possuidor poderá defender-se pela autotutela e pelas ações possessórias até 
mesmo contra o dono. 
 
3.1.3 Ação de nunciação de obra nova 
 
Conquanto pressuponha que o autor seja proprietário ou possuidor do bem, a 
nunciação de obra nova não é possessória, porque não tem por finalidade proteger a 
posse. Sua função é permitir àquele que tem posse ou propriedade impedir a 
construção de obra nova em imóveis vizinhos; ou ao condômino, que impeça que o 
coproprietário altere a coisa comum. 
 
3.1.4 Embargos de terceiro 
 
É a ação que mais se aproxima das possessórias. Sua função é permitir ao 
terceiro, que não é parte do processo, recuperar a coisa objeto de constrição judicial. 
15 
 
Não é possessória porque pode ser ajuizada não apenas pelo possuidor, mas 
também pelo proprietário, e visa proteger o terceiro, não propriamente de esbulho, 
turbação ou ameaça, mas de apreensão judicial indevida. 
 
3.2 Os três interditos possessórios 
 
As ações possessórias são também chamadas interditos possessórios. São 
elas: a reintegração de posse, a manutenção de posse e o interdito proibitório, 
cabíveis quando houver, respectivamente, esbulho, turbação ou ameaça. O que 
permite identificar qual a adequada é o tipo de agressão que a posse sofreu. 
É preciso identificar cada um desses tipos: 
 
• esbulho: pressupõe que a vítima seja desapossada do bem, que o perca para 
o autor da agressão. É o que ocorre quando há uma invasão e o possuidor é 
expulso da coisa; 
• turbação: pressupõe a prática de atos materiais concretos de agressão à 
posse, mas sem desapossamento da vítima. Por exemplo: o agressor destrói 
o muro do imóvel da vítima; ou ingressa frequentemente, para subtrair frutas 
ou objetos de dentro do imóvel; 
• ameaça: não há atos materiais concretos, mas o agressor manifesta a 
intenção de consumar a agressão. Se ele vai até a divisa do imóvel, e ali se 
posta, armado, com outras pessoas, dando a entender que vai invadir, há 
ameaça. 
 
Mas nem sempre nos casos concretos será fácil identificar quando há 
esbulho, turbação ou ameaça. Há casos que ficam em uma zona cinzenta, que 
alguns podem classificar de uma maneira, e outros de forma distinta. 
A lei material não foi precisa, nem estabeleceu com exatidão os limites 
distintivos entre as diversas formas de agressão. Por essa razão, e para evitar 
eventuais prejuízos à vítima, no momento de escolher a ação adequada, a lei 
considerou as três ações possessórias fungíveis entre si, permitindo que o juiz 
conceda uma forma de proteção possessória diferente da que foi postulada, sem 
que a sua sentença seja extra petita. 
 
16 
 
3.3 Peculiaridades das ações possessóriasAntes de examinarmos o procedimento especial das ações possessórias de 
força nova, convém conhecer algumas de suas peculiaridades, úteis para distingui-
las de outras ações. Elas são exclusivas das três ações possessórias anteriormente 
mencionadas. São elas: 
 
3.3.1 Fungibilidade 
 
Vem expressamente prevista no art. 554 do CPC: “A propositura de uma ação 
possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue 
a proteção legal correspondente àquela, cujos pressupostos estejam provados”. 
Em outras ocasiões, vemos que a lei processual se vale da fungibilidade para 
evitar prejuízo aos litigantes, em situações nas quais pode haver dúvida sobre qual a 
providência adequada. 
Por exemplo, nos recursos, quando existe controvérsia a respeito da natureza 
da decisão recorrida; ou nas tutelas provisórias, quando o juiz verifica que a 
providência postulada não é a que assegure melhor a proteção ao postulante. 
Diante da possível dúvida sobre a natureza da agressão à posse, o legislador 
houve por bem considerar fungíveis as ações possessórias. 
Ao fazê-lo, flexibilizou o princípio da adstrição do juiz ao pedido, permitindo 
que conceda medida diversa da postulada. 
 
3.3.2 A cumulação de pedidos 
 
O art. 327 do CPC autoriza, genericamente, a cumulação de pedidos nos 
processos em geral, desde que sejam compatíveis entre si, que o juízo tenha 
competência para julgar todos e que os procedimentos sejam os mesmos. 
Ainda quando haja diferenças de procedimento, admite-se a cumulação 
desde que o autor observe, em relação a todos, o comum, quando possível. 
Uma importante particularidade das ações possessórias é a que vem 
consignada no art. 555 do CPC: “É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o 
de: I — condenação em perdas e danos; II — indenização dos frutos”. Além disso, 
17 
 
dispõe o parágrafo único que o autor pode requerer a imposição de medida 
necessária e adequada para evitar nova turbação ou esbulho e para cumprir-se a 
tutela provisória ou final. 
O que há de peculiar é que haverá cumulação sem prejuízo do procedimento 
especial, sem que o autor possa postular a liminar possessória. 
Também outros pedidos podem ser, em princípio, cumulados, desde que se 
observe o procedimento comum. Isso, a priori, também não obsta o emprego de 
técnicas processuais diferenciadas, desde que não haja incompatibilidade com o 
procedimento comum (art. 327, § 2º, do CPC). 
Os pedidos que podem ser cumulados são: 
a) Reparação de danos. Da agressão à posse podem decorrer prejuízos. O 
invasor é capaz, por exemplo, de provocar destruição e danos à coisa. E pode 
impedir o possuidor de usá-la, e retirar os frutos que ela produz. Pode haver lucros 
cessantes e danos emergentes. 
b) Indenização dos frutos. Se o réu tiver mantido a posse com boa-fé, ele 
tornará seus os frutos colhidos. Mas, se for possuidor de má-fé, terá que restituí-los 
todos (se não for possível a restituição, deve-se pagar o equivalente em dinheiro) e 
indenizar aqueles frutos que, por sua culpa, se perderam. O autor pode, na inicial, 
postular esse ressarcimento. Imposição de medida para evitar novas agressões à 
posse ou para compelir ao cumprimento da tutela provisória ou final. A medida, por 
excelência, é a multa cominatória. É instrumento de prevenção. O autor pede ao juiz 
que fixe uma multa suficientemente elevada para atemorizar o réu de, no futuro, 
tentar novas agressões à posse. Há controvérsia se, havendo nova agressão, a 
multa pode ser executada no mesmo processo em que foi fixada, ou se há 
necessidade de ajuizamento de um novo, para que se prove a nova agressão. 
Parece-nos que, ao fixar a multa, o juiz decide relação condicional, tal como permite 
o art. 514 do CPC. O réu incorrerá em multa caso promova nova agressão. Não há 
necessidade de nova ação, bastando ao autor que, na forma do citado artigo, faça a 
comprovação do novo ataque à sua posse, para que possa executar a multa. 
Parece-nos que não é necessária nova ação, nem mesmo para expulsar o 
invasor, após a segunda agressão à posse. Ele terá descumprido a sentença 
anterior, que reconheceu a melhor posse do autor, bastando a esse que postule ao 
juiz o revigoramento do mandado de reintegração de posse, sem prejuízo da multa. 
18 
 
A multa cominatória é o pedido principal nas ações de interdito proibitório, 
cujo caráter é sempre preventivo, já que só há uma ameaça. Nas demais 
possessórias, a multa ou qualquer outra medida coercitiva não é o pedido principal, 
mas pode ser postulada cumulativamente. 
 
3.3.3 Natureza dúplice 
 
O art. 556 do CPC estabelece que “É lícito ao réu, na contestação, alegando 
que foi ofendido em sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização 
pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor”. 
Esse dispositivo atribui, às possessórias, caráter dúplice, pois autoriza o réu a 
formular pedidos contra o autor, na contestação, sem reconvir. 
Pode ocorrer, por exemplo, que as divisas entre dois imóveis não estejam 
muito claras. O autor acha que está sendo esbulhado, e o réu, por sua vez, pensa 
que é o autor quem está desrespeitando as divisas. 
Proposta a ação, o réu, na contestação, pode alegar que é a vítima, e postular 
ao juiz que conceda a ele a reintegração de posse. 
O réu poderá cumular, na contestação, os pedidos indicados no art. 555, o 
possessório, o de reparação de danos, o de indenização de frutos e a aplicação de 
medida coercitiva, para evitar novas agressões à posse ou compelir ao cumprimento 
da tutela final. Só não pode pedir liminar, já que o procedimento só permite que seja 
postulada pelo autor. Sobre os pedidos formulados na contestação, o juiz ouvirá o 
autor e, na sentença, os examinará todos. 
Em razão da natureza dúplice, em regra não caberá reconvenção nas ações 
possessórias, já que ela será desnecessária. Mas não se pode afastá-la quando o 
réu formular contra o autor algum pedido, que preencha os requisitos do art. 343 do 
CPC, mas não esteja entre aqueles do art. 555. Por exemplo: o réu pode reconvir 
para postular rescisão ou anulação de contrato. 
 
3.3.4 Exceção de domínio 
 
19 
 
Exceção é expressão utilizada para se referir à defesa. A exceção de domínio 
consiste na possibilidade de o réu defender-se, com êxito, na ação possessória, 
alegando a qualidade de proprietário do bem. 
Uma vez que a ação é possessória, poderia o juiz julgá-la decidindo com 
fulcro na propriedade, em vez de ater-se à questão da posse? 
Em princípio, não haveria dificuldade nessa questão, pois posse e 
propriedade são coisas diferentes, e a primeira pode ser protegida até mesmo contra 
a segunda, se o proprietário se vale de meios indevidos ou ilícitos, para retirar a 
coisa do possuidor. 
Mas a exceção de domínio tornou-se tema complexo por força do art. 505 do 
Código Civil de 1916, cuja redação era bastante confusa: “Não obsta à manutenção 
ou reintegração na posse, a alegação de domínio, ou de outro direito sobre a coisa. 
Não se deve, entretanto, julgar a posse em favor daquele a quem evidentemente 
não pertencer o domínio”. 
As duas partes do dispositivo mostravam-se em franca contradição: enquanto 
a primeira dizia que a possessória deve ser julgada exclusivamente com base na 
posse, não interessando a questão do domínio, a segunda dizia que a ação não 
poderia ser julgada a favor de quem não fosse o proprietário. Afinal, a questão da 
propriedade interessava ou não para o julgamento da possessória? 
Depois de muita discussão, pacificou-se a jurisprudência no sentido de que, 
em princípio, o juiz deveria ater-se à posse, não interessando quem era o 
proprietário. Apenas em um caso era possível julgar com base na propriedade. Era 
aquele indicado na Súmula 487 do Supremo Tribunal Federal: “Será deferida a 
posse a quem, evidentemente, tiver o domínio, se com base neste for ela disputada”. 
O novo Código Civil, no art. 1.210,§ 2º, dispõe: “Não obsta à manutenção ou 
reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa”. 
A lei não traz exceção à regra, e não permite mais, em nenhuma hipótese, que nas 
ações possessórias se alegue ou se discuta propriedade, ou que o juiz julgue com 
base nela. 
Não há mais em nosso ordenamento jurídico, em nenhuma circunstância, a 
exceção de domínio, e o réu não pode, com sucesso, defender-se invocando a sua 
condição de proprietário. O juiz deverá ater-se à posse, sem pronunciar-se a 
respeito da propriedade. Está revogada, portanto, a Súmula 487 do STF. 
 
20 
 
3.3.5 Impossibilidade de, no curso das possessórias, ser intentada ação de 
reconhecimento de domínio 
 
Dispõe o art. 557 do CPC: “Na pendência de ação possessória é vedado, 
tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se 
a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa”. Esse dispositivo mostra a 
preocupação do legislador em manter estanques o juízo petitório e o possessório. 
Se uma das partes pudesse ajuizar ação dominial contra a outra, versando 
sobre o mesmo bem sobre o qual pende a ação possessória, haveria necessidade 
de reunião de ações, por conexidade, e a propriedade acabaria interferindo no juízo 
possessório. 
Por isso, na pendência da ação possessória — portanto, desde o seu 
ajuizamento até o trânsito em julgado — não se admite ação de reconhecimento de 
domínio, envolvendo as mesmas partes. 
A proibição é temporária: concluída a ação possessória, aquele que quiser 
propor ação dominial poderá fazê-lo. Mas, se o fizer pendente a possessória, o 
processo será extinto sem resolução de mérito, por falta de pressuposto processual 
negativo, o que poderá ser conhecido pelo juiz de ofício. 
Não há inconstitucionalidade na vedação legal, porque o proprietário não fica 
privado, em definitivo, de seu acesso à justiça, mas somente enquanto tramita a 
ação possessória. 
Um exemplo pode aclarar a situação. Imagine-se que A seja possuidor de um 
bem, e B, o seu proprietário. 
Se B quiser reaver o bem, deverá ajuizar em face de A ação reivindicatória 
que, se acolhida, obrigará à restituição. Mas, se B, em vez disso, for até o imóvel e 
tomá-lo à força, ou de forma clandestina, A poderá ajuizar contra ele ação 
possessória, porque B, embora proprietário, perpetrou esbulho. 
Não adianta B alegar em defesa a sua condição de dono, já que não mais se 
admite a exceção de domínio no Brasil. Ele não poderá ainda ajuizar ação 
reivindicatória contra A, enquanto a possessória estiver pendente. Comprovado o 
esbulho, o juiz acolherá a possessória e mandará B restituir o bem a A. Só então, B 
poderá ajuizar, em face de A, ação reivindicatória para reaver a coisa por meios 
legítimos. 
 
21 
 
4 DA MANUTENÇÃO E DA REINTEGRAÇÃO DE POSSE 
 
Espécies de ações possessórias. Ações possessórias típicas são as de 
manutenção de posse, reintegração de posse e interdito proibitório. O cabimento de 
cada uma delas será determinado pelo tipo de ofensa perpetrada ao direito do 
possuidor. 
Adequado se reputa o ajuizamento da ação de manutenção de posse quando 
ocorrer a turbação, consistente no embaraço ao livre exercício da posse. O 
possuidor é turbado quando, apesar de continuar possuindo a coisa, perder parte do 
poder sobre ela. Os atos de turbação podem ser positivos, como o corte de árvores 
ou a implantação de marcos, ou negativos, como quando o turbador impede o 
possuidor de praticar certos atos. 
Terá lugar a ação de reintegração de posse quando o possuidor sofrer 
esbulho, ou seja, quando houver sido desapossado por terceiro, perdendo a 
disponibilidade sobre a coisa. Saliente-se, por relevante, que não é necessário o 
desapossamento da integralidade da coisa para fins de configuração do esbulho. É 
perfeitamente possível que o possuidor perca a disponibilidade de parte da coisa, 
fato que caracteriza o esbulho e não a turbação. Isso porque o traço distintivo entre 
as duas figuras é justamente a possibilidade de o possuidor continuar exercendo seu 
direito ou não, não importando se sobre toda a coisa ou apenas parte dela. 
Finalmente, o interdito proibitório será cabível quando se estiver diante de 
ameaça ao exercício da posse. Caracteriza-se a ameaça quando há fundado receio 
de que a posse seja turbada ou esbulhada. Nesse caso, nenhum ato ofensivo à 
posse foi perpetrado, mas há indícios concretos de que algo pode ocorrer. À guisa 
de exemplo, tem-se por configurada a ameaça quando o ofensor se posiciona 
defronte ao imóvel portando objetos e máquinas que façam presumir a invasão. 
Essas são, portanto, as três ações possessórias típicas, assim chamadas 
porque encerram a tutela de um possuidor contra algum fato que ofenda a relação 
possessória existente. Ao lado delas, existem outras ações que têm por fim a 
aquisição ou recuperação da posse com base na existência de alguma relação 
jurídica que enseje o surgimento desse direito. Porque não versam sobre qualquer 
modalidade de ofensa à posse, tais ações não são consideradas como 
possessórias. 
22 
 
Petição inicial – Requisitos. A petição inicial deverá observar todos os 
requisitos essenciais insculpidos nos arts. 319 e 320. Haja vista a especialidade do 
procedimento, destaque há de ser dado à causa de pedir e ao pedido, que variarão 
de acordo com o tipo de ofensa perpetrada contra a posse. Em primeiro lugar, deve 
o autor noticiar a sua posse anterior. É que, como sabido, o pleito possessório se 
assenta justamente na ofensa à posse como estado fático. Logo, se não havia 
posse, não se pode falar em pretensão de tutela, razão por que se fala, nessa 
situação, em ausência de interesse processual. Nem mesmo a alegação de domínio 
tem o condão de substituir o requisito da posse anterior, porquanto, como já 
consignado alhures, a discussão acerca da propriedade não tem lugar nas ações 
possessórias. Aliás, convém advertir que a posse anterior não se prova com cópia 
da escritura registrada ou qualquer título de domínio, mas sim com documentos que 
demonstrem o poder fático sobre a coisa, de maneira a dar-lhe destinação 
socioeconômica. São exemplos de documentos que bem demonstram a posse: 
contas de luz, correspondências, fotografias, entre outros. Nada obsta a que a prova 
se faça por meio de prova oral. Afinal, com relação à posse, vige o princípio da 
realidade fática. 
Faz-se imprescindível também narrar em que consiste a ofensa perpetrada 
pelo réu (ameaça, turbação ou esbulho). Já se conceituou alhures cada uma das 
modalidades de violação ao direito de posse, oportunidade em que restou 
demonstrado o quão tênue é a diferença entre elas. Naturalmente, dada a similitude 
entre as figuras, é muito comum a indicação errônea na petição inicial, o que não 
prejudica a prestação jurisdicional. É que, dada a fungibilidade entre as medidas, 
perfeitamente possível reconhecer uma forma de afronta à posse diversa daquela 
narrada na inicial, se os elementos trazidos aos autos assim permitirem. O que 
importa, na verdade, é deixar claro que a posse anterior foi molestada. 
Outro elemento que não deve faltar é a data em que levado a efeito o ato 
espoliativo. Isso porque, com base nesse dado, será determinado o procedimento, 
se comum ou especial. A data exata da turbação ou esbulho, por se tratar de 
matéria exclusivamente fática, envolve certa dificuldade de comprovação. Via de 
regra, a prova é feita por meio de declarações de vizinhos ou boletins de ocorrência. 
Caso não haja prova, na inicial, acerca da ocorrência do esbulho há menos de ano e 
dia, será designada audiência de justificação, sobre a qual falaremos adiante. 
23 
 
Por fim, importante mencionar a continuação ou a perda da posse após o ato 
espoliativo, como forma de se caracterizar a ofensa perpetrada e, em última análise, 
definir a tutela possessória adequada. 
Todos esses fatos – posse anterior, violação, data da ofensae perda ou 
continuação na posse – deverão ser demonstrados, ainda que superficialmente, no 
ato do ajuizamento da ação, com o fito de se verificar a adequação do procedimento 
eleito pelo autor, bem como a possibilidade de concessão da liminar. 
Não se trata de exigir prova pré-constituída de tudo quanto seja exposto na 
petição inicial, mas somente daqueles fatos que levam à especialização do 
procedimento. 
Nada impede que se utilize do procedimento possessório mesmo não 
dispondo de prova documental. Em tal caso, entretanto, para fins de concessão de 
tutela antecipatória, indispensável será a realização de audiência de justificação 
prévia. 
Audiência de justificação. Consoante se extrai do art. 562, caso o autor não 
comprove os fatos indicados no art. 561, deverá justificar o pedido de tutela liminar 
em audiência, para a qual será citado o réu. O STJ entende que o termo “citação” é 
utilizado de forma imprópria, já que o réu, neste caso, não será chamado para se 
defender, mas apenas para, querendo, comparecer e participar da audiência de 
justificação. Por esta razão, a Corte também considera que a ausência dessa 
“citação” não é capaz de gerar a nulidade absoluta do feito. 
Nessa audiência, o autor produzirá provas tendentes a demonstrar a posse 
anterior e o ato ofensivo perpetrado há menos de ano e dia. 
Como se vê, a audiência em comento não guarda qualquer similitude com a 
audiência preliminar do procedimento comum, porquanto não tem escopo de 
conciliar as partes, mas de oportunizar ao autor a demonstração dos requisitos para 
a concessão da liminar, dificilmente evidenciados por prova documental pré-
constituída. 
Ganha relevo, nesse momento, a prova testemunhal, a qual, segundo 
entendimento da doutrina majoritária, será produzida exclusivamente pelo autor, 
cabendo ao réu, no máximo, inquiri-las ou contraditá-las. Argumentam os defensores 
dessa ideia que, nesse estágio, o que se busca é unicamente substrato para a 
concessão da tutela antecipatória, o que se faz mediante juízo de cognição 
perfunctório e não exauriente. A despeito disso, não se vislumbra qualquer óbice à 
24 
 
participação efetiva do réu. Com base no princípio da verdade real, que deve presidir 
também o processo civil, é necessário conferir ao réu a oportunidade de produzir 
todas as provas que julgar necessário. Isso porque a decisão concessiva da tutela 
antecipatória lhe trará enorme gravame, fato que justifica a necessidade de se 
oportunizar desde logo o contraditório. 
Realizada, portanto a justificação, estará o juízo apto a proferir decisão acerca 
do pedido de liminar. Seja para conceder ou não a tutela almejada, a decisão será 
atacável por meio de agravo de instrumento, haja vista a total inocuidade da 
modalidade retida. 
Resposta do réu. Citado o réu – ou intimado, caso já tenha sido citado para a 
audiência de justificação –, este poderá apresentar resposta no prazo de 15 (quinze) 
dias ou quedar-se inerte, hipótese em que se aplicarão os efeitos da revelia, tal 
como no procedimento comum. 
Em sede de contestação, será possível arguir a incompetência absoluta do 
juízo, caso a regra do art. 47, § 2º, não seja observada. Além disso, cabível se 
mostra a arguição de incompetência relativa e de todas as demais questões 
elencadas no art. 337. 
No mérito, o réu, de regra, alegará que o autor não preenche os requisitos 
contemplados no art. 561, a saber: a posse anterior, a turbação, o esbulho ou 
ameaça, a data do ato, a continuação ou perda da posse em virtude da moléstia. 
Não se pode olvidar que, também no procedimento especial das 
possessórias, vige o princípio da eventualidade, bem como o ônus da impugnação 
especificada. Nesse diapasão, poderá o réu alegar e provar que o ato espoliativo foi 
perpetrado há mais de ano e dia, fato que ocasionará a revogação da liminar. 
Convém observar, por relevante, que se reputa perfeitamente possível, 
também nas lides possessórias, a alegação de usucapião como matéria de defesa. 
Isso porque a Súmula nº 237 do STF, ao permitir a alegação de usucapião como 
matéria de defesa, não restringe o seu emprego ao âmbito das ações petitórias. 
Ademais, caso tenha ocorrido, de fato, a prescrição aquisitiva, não se reputa 
razoável reintegrar ou manter na posse aquele que não a exerce há anos, daí a 
utilidade da usucapião como matéria de defesa. 
Poder-se-ia objetar tal afirmação, ao argumento de que a alegação de 
usucapião incluiria no pleito possessório a discussão sobre o domínio. Contudo, não 
25 
 
se afigura correta tal conclusão, haja vista que a discussão acerca da prescrição 
aquisitiva se assenta justamente na posse. 
Esclareça-se, entretanto, que a alegação de usucapião na contestação tem o 
único escopo de afastar a pretensão possessória do réu, não se podendo falar em 
sentença declaratória do domínio. 
Prosseguindo na análise das matérias arguíveis em contestação, cumpre 
observar que o réu poderá também pleitear o pagamento das benfeitorias 
eventualmente implementadas por ele. Para tal desiderato, deverá listar, na 
contestação, os melhoramentos levados a efeito e os valores efetivamente 
desembolsados. 
Por derradeiro, poderá o réu, em sede de contestação, demandar proteção 
possessória e indenização pelos prejuízos resultantes da suposta moléstia 
perpetrada pelo autor. Exemplificando, imagine-se a situação em que o possuidor 
tem porção de terra invadida por militantes do MST, os quais, por sua vez, ajuízam 
ação possessória alegando que sofreram esbulho por parte do primeiro. Nesse caso, 
o verdadeiro possuidor, réu na ação intentada pelos sem-terra, poderá alegar, na 
contestação, que o ato espoliativo foi perpetrado pelos autores. Assim, o réu poderá 
pleitear proteção possessória e indenização por todos os prejuízos causados pela 
invasão levada a efeito pelos sem-terra. 
Litígios possessórios coletivos. O dispositivo institui novidade relativa às 
demandas possessórias de caráter coletivo. Diferentemente do CPC/1973, o 
CPC/2015 se preocupou em definir a tutela jurídica para esse tipo de conflito, 
normalmente ocasionado pela desigual repartição da propriedade fundiária e pelo 
déficit habitacional. 
O novo procedimento proporciona tratamento diferenciado entre as ações 
possessórias individuais e as ações possessórias coletivas. E não poderia ser 
diferente. Como os conflitos que envolvem a posse coletiva, na maioria das vezes, 
implicam gravames aos litigantes devido ao grande número de ocupantes nas áreas 
envolvidas, é razoável a definição de regras próprias visando minimizar os prejuízos 
advindos desse tipo de demanda. 
Entre as especificidades do procedimento está a regra contida no caput, que 
permite a formalização de pedido liminar nas ações coletivas de “posse velha”, 
desde que tenha ocorrido prévia audiência de mediação. A disposição tende a evitar 
a concessão de medidas liminares antes da tentativa de autocomposição entre os 
26 
 
litigantes. Além disso, a norma segue a recomendação da Secretaria de Estudos 
Legislativos do Ministério da Justiça, que indica a necessidade de se realizar 
audiência de mediação 
 
“[...] em qualquer caso que envolva conflito coletivo pela posse ou 
pela propriedade da terra, urbana ou rural, previamente a tomada de 
decisão liminar, não apenas na hipótese de constatada a 
potencialidade que o conflito coloque em risco a integridade física 
das partes envolvidas, mas como forma de prevenir a violação de 
princípios e garantias constitucionais.”1 
 
O CPC/2015 prevê a participação nas ações possessórias coletivas de órgãos 
responsáveis pelas políticas agrária e urbana de cada ente federativo, além da 
necessária intervenção do Ministério Público como custos legis. A Defensoria 
Pública terá participação em todos os casos nos quais qualquer das partes não 
puder constituir advogado próprio ou não puder arcar com as despesas processuais 
sem prejuízo do sustento próprio oude sua família. 
Como já dito, algumas modificações quanto ao procedimento foram 
necessárias tendo em vista a exclusão do procedimento sumário e a adoção de um 
procedimento único para todas as ações de conhecimento. 
 
5 DO INTERDITO PROIBITÓRIO 
 
Aplicação subsidiária. A seção II de que trata esse dispositivo versa sobre o 
rito especial das demais ações possessórias típicas. Assim, no caso de interdito 
proibitório, é possível o manejo da especial tutela possessória a partir de uma 
cognição simplificada (liminar). Os requisitos que devem ser comprovados serão 
aqueles pertinentes ao interdito proibitório, conforme exposto nos comentários ao 
art. 560. 
O interdito proibitório é o tipo adequado de ação possessória quando ainda 
não houve agressão à posse, mas tão somente ameaça; tem certas peculiaridades 
 
1 SAULE JR., Nelson; LIBÓRIO, Daniela; AURELLI, Arlete Inês (Coord.). Conflitos coletivos sobr e a posse e a pr 
opr iedade de bens imóveis. Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça (SAL). (Série: Pensando 
o Direito nº 07/2009), p. 138. Disponível em: <http://participacao.mj.gov.br/pensandoodireito/wpcontent/ 
uploads/2012/11/07Pensando_Direito.pdf>. 
27 
 
que o distinguem das demais, pois seu caráter é preventivo, não repressivo. O autor 
não pedirá ao juiz a expedição de mandado possessório, mas a fixação de uma 
multa, suficientemente amedrontadora, que desanime o réu de perpetrar a agressão 
que ele ameaça realizar. 
A ameaça que dá ensejo ao interdito proibitório é a séria, que provoque temor 
fundado de agressão injusta à posse. Por isso, cumpre ao autor descrevê-la, na 
inicial, com precisão. 
O procedimento do interdito proibitório, quando a ameaça tenha ocorrido há 
menos de ano e dia, é o das ações de força nova. O juiz poderá conceder a liminar, 
de plano ou após a audiência de justificação. A diferença é que a liminar não será 
para reprimir alguma agressão realizada, mas para fixar a multa na qual o réu 
incorrerá caso transforme a ameaça em ação. 
Deferida a liminar, caso o réu cometa a turbação ou o esbulho, haverá duas 
consequências: por força do princípio da fungibilidade, o juiz, ao final, concederá ao 
autor a reintegração ou manutenção de posse; e o réu incorrerá na multa, que 
poderá ser executada nos mesmos autos, observando-se as regras do art. 537, § 3º, 
do CPC que, conquanto verse sobre as astreintes, pode ser aplicado, por analogia, à 
multa cominatória do interdito proibitório. 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
6 CONCLUSÃO 
 
O referido trabalho, ao ser feito, trouxe (no aspecto de sua composição) 
diversas dificuldades a serem enfrentadas e exigiu do grupo entendimento 
multidisciplinar em relação à proposta apresentada. Tratar do tema, dentro de 
abordagem legal, buscando até mesmo referências formais e jurídicas inerentes ao 
assunto abordado, exigiu intensa pesquisa em obras doutrinárias, jurisprudenciais e 
até mesmo de legislação em sua conformação pura e original. Após os fatos e ante 
mesmo das dificuldades enfrentadas, tivemos uma percepção bastante relativa 
sobre a tratativa que os procedimentos especiais possuem em nosso ordenamento 
pátrio e até mesmo o quão ainda encontra-se pouco debatido o referido assunto, 
dadas as impossibilidades e até mesmo insuficiência em material (seguro) para 
tratar do assunto. Dentre as impossibilidades pontuais/percepções que ocorreram, 
podemos citar: a ausência de qualquer sistematização legislativa acerca dos 
diversos procedimentos especiais; a dispersão da matéria a ser examinada no 
Código de Processo Civil e em numerosas leis extravagantes; a notável importância 
das normas de direito material para correta compreensão do respectivo 
procedimento especial destinado a tutelá-lo; a coexistência de procedimentos 
especiais criados em contextos legislativos distintos; a dificuldade de aplicar 
subsidiariamente aos procedimentos especiais as regras do procedimento comum, 
dentre outras. 
Sendo assim, faz-se necessária a divulgação, e a intensa necessidade de 
entendimento do que trata este diploma normativo por vias únicas de pertinência e 
entendimento. Devemos enveredar nos caminhos que o Código pátrio apresenta, 
para fins de não tratar os procedimentos especiais de maneira secundária, ou como 
estrutura apensa ao todo, mas sim buscar sua completa introdução, discussão, 
aplicação e problematização e direcionar nossa atenção para todos os 
procedimentos (como um todo) vez que todos apresentam forte importância na 
composição das necessidades sociais, mas também chamamos atenção (em 
especial) sobretudo no tocante à subsidiariedade das normas do procedimento 
comum aos procedimentos especiais e à cumulabilidade de demandas sujeitas a 
procedimentos diversos, quando ao menos um deles é especial. 
Redigir este instrumento conclusivo e até mesmo fazer este trabalho, exigiu 
do grupo diversas potencialidades e uso correto das funções pertinentes ao ato e 
29 
 
justamente por essa premissa, reforçamos que percebemos uma recorrente atitude 
errônea muito recorrente no meio jurídico, que é a da utilização indevida e muitas 
vezes equivocada de três termos imprescindíveis para a área processual. O termo 
“ação”, “processo” e “procedimento” em seu sentido léxico estão formalmente 
definidos nas obras padrão de nossa língua pátria, mas quando se chega no ãmbito 
jurídico, nos deparamos com um desvio de definição e consequentemente de 
aplicabilidade do tema, fazendo-se assim necessário e justo o entendimento do que 
se trata estes temas. 
Compreende-se “ação” como garantia constitucional ampla de acesso ao 
Poder Judiciário, para obtenção da tutela jurisdicional efetiva, por meio do devido 
processo legal. 
O primeiro ato decorrente do exercício desse direito de índole constitucional 
provoca a instauração do “processo”, assim entendido como uma relação jurídica de 
caráter público, desenvolvida sob o signo do contraditório, autônoma com respeito à 
relação jurídica de direito material existente entre os litigantes, e cujo objetivo é a 
pacificação do litígio, a aplicação do direito objetivo e a afirmação do poder soberano 
estatal. 
Por sua vez, o “procedimento” é entendido como um conjunto complexo de 
atos encadeados em sequência lógica com vistas à produção de um resultado, pelo 
qual se exterioriza o processo 
A exemplo do que ocorre na generalidade dos sistemas jurídicos, o 
ordenamento processual civil brasileiro tradicionalmente estabeleceu um 
procedimento padrão para prestação de tutela jurisdicional, denominado de 
“procedimento comum”que se coloca como modelo a ser seguido na generalidade 
dos casos, independentemente do direito material versado pelos litigantes. 
Plural é uma denominação que pode ser dada à sociedade e mais pluralista 
ainda, são as relações estabelecidas entre os indivíduos. O direito/ordenamento 
jurídico, não diferente dessa pluralidade apresentada pela sociedade/relações, 
adquiriu conformação um tanto quanto “plástica” e buscou abarcar todas estas 
interações e demandas oriundas das relações humanas, o que fez com que surgisse 
múltiplas modalidades instrumentárias para justamente ser abrangente ao que se 
detém o termo. Diversos foram os atos normativos e múltiplos são os exemplos de 
vezes em que o direito precisou reger e existir de maneira diferente para poder 
compor os seus tutelados e não diferente foi nos casos trazidos e atinentes ao 
30 
 
direito civil. Diante dos matérias pesquisados e conforme o objeto utilizado para 
fazer este ato conclusivo, conseguimos captar e expressar cinco modalidades, das 
quais seguem: 
a) Criação de microssistemas legislativos, calcados em princípios e institutos 
próprios, com ou sem conjugação com normas de direito material, como os dos 
Juizados Especiais e da tutela coletiva. Trata-se da solução complexa, adotada com 
menor frequência, pois depende de grau elevado de inadequação do standard de 
prestaçãode tutela jurisdicional em relação à natureza do conflito e das normas que 
o regem; 
b) Criação legislativa de procedimentos especiais, seja no corpo do Código, 
seja na legislação extravagante. Essa opção foi tradicionalmente prestigiada pelo 
legislador brasileiro. A exemplo dos dois diplomas nacionais que o antecederam, o 
CPC de 2015 reserva o Título III do Livro I da Parte Especial a eles, os quais 
convivem com dezenas de outros procedimentos especiais sediados em legislação 
extravagante. Costuma-se identificar o procedimento especial pela posição que 
ocupa, pela atribuição legal de um nomen iuris e, principalmente, pela existência de 
um conjunto de normas processuais e procedimentais criadas com o objetivo de 
adequar o instrumento padrão de prestação de tutela jurisdicional à configuração da 
relação jurídica litigiosa ou a um aspecto do direito material em conflito; 
c) Promulgação de disposições legais especiais, destinadas à adaptação 
processual e procedimental, a serem observadas no procedimento comum, sem que 
ele se converta em procedimento especial. Exemplos não faltam no CPC de 2015: (i) 
norma que impõe citação dos cônjuges nos processos que disserem respeito a 
direito real imobiliário (art. 73, §1.º); (ii) normas que permitem a denunciação da lide 
nas situações de direito material previstas no art. 125, I e II e o chamamento ao 
processo aludidas no art. 130, I a III; (iii) normas que impõem citações na ação que 
requerer a declaração de usucapião (arts. 246, §3.º, 259, I) e a recuperação ou 
substituição de título ao portador (art. 259, II); (iv) previsão de tutela provisória de 
evidência em caso de “pedido reipersecutório fundado em prova documental 
adequada do contrato de depósito” (art. 311, III); etc. Trata-se de solução mais 
racional que a criação de diversos procedimentos especiais, sobretudo nos casos 
em que esses apresentam modificações pequenas em relação ao procedimento 
comum. Evitam-se, assim, diversos problemas teóricos e práticos, como, por 
31 
 
exemplo, dúvidas em torno da subsidiariedade do regime do procedimento comum, 
quanto ao regime de cumulabilidade de pedidos etc. 
d) Adaptação e flexibilização de disposições processuais e procedimentais 
por decisão judicial à luz das circunstâncias do caso concreto, nos casos 
especificados no ordenamento. O art. 107, V, do anteprojeto de novo CPC, 
elaborado pela Comissão de Juristas nomeada pelo Senado Federal em 2009, 
previa amplos poderes judiciais para “adequar as fases e os atos processuais às 
especificações do conflito, de modo a conferir maior efetividade à tutela do bem 
jurídico, respeitando sempre o contraditório e a ampla defesa”. Tal alternativa 
apresentaria vantagens e desvantagens. Atribuir ao juiz o poder de adaptar o 
procedimento tornaria desnecessária a criação de novos procedimentos especiais 
(ou até mesmo, em último grau, a manutenção de grande parte daqueles já 
presentes em nosso ordenamento), mas, por outro lado, essa adaptação 
procedimental poderia causar graves atrasos na marcha processual, seja pela 
necessidade de observância do contraditório (preferencialmente prévio), seja pela 
falta de habitualidade dos juízes com o exercício de tal poder. Esse dispositivo foi 
duramente combatido no Senado Federal e, em seu lugar, subsistiu no art. 139, VI, 
do CPC de 2015, que confere ao juiz apenas o poder “dilatar os prazos processuais 
e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades 
do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito”. Além disso, há 
outros exemplos, no CPC de 2015, de poderes judiciais para adaptação processual 
e procedimental à luz da situação litigiosa e do direito material a ela aplicável, tal 
como: (i) realização ou não de audiência de conciliação (art.334, §4.º, II) e de 
saneamento (art. 357, §3.º), a depender da natureza do direito controvertido; e (ii) 
dinamização do ônus da prova (art. 373, §1.º); 
e) Adaptação e flexibilização de disposições processuais e procedimentais 
por convenção processual, seja em hipóteses típicas espalhadas no texto do CPC 
de 2015, seja, principalmente, com base na cláusula geral de negociação processual 
prevista no art. 190 que expressamente permite adequação procedimental 
(“mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa”) e 
processual (“convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres 
processuais”). 
Como reforçamos anteriormente, estas adequações justas e necessárias são 
efetivas na composição formal e integral dos fatos que afetam e estão diretamente 
32 
 
ligados ao direito material, justamente por este motivo, surgem os procedimentos 
especiais, que na condição de não abrangência do fatos reais pelo processo 
comum, fizeram-se necessários. O detalhe é que o legislador se depara com dois 
riscos: o de deixar de alterar o procedimento comum naquilo que seria necessário 
para uma adequada tutela dos direitos materiais, ou modificá-lo sem benefício algum 
à atividade jurisdicional. Ambos os deslizes produzem consequências insidiosas. 
Entretanto, a postura inversa é também bastante prejudicial. Não raro, 
procedimentos especiais simplesmente não se justificam como um todo,ou trazem 
regras diferenciadoras do padrão do Código de Processo Civil sem qualquer razão 
de ordem prática, e que atentam contra a celeridade e a efetividade processuais, 
bem como à isonomia. 
Em uma primeira vista, nosso sistema incorreu mais frequentemente no 
segundo erro aqui apontado, pois prevê uma quantidade exagerada de 
procedimentos especiais, muitos deles injustificáveis tecnicamente. As causas dessa 
descontrolada proliferação são também conhecidas: (i) a crônica ineficiência do 
procedimento ordinário; (ii) o apego injustificado a tradições históricas; e (iii) razões 
de conveniência política. 
Conclui o grupo portanto, o reconhecimento de que diversas são as 
modalidades de abrangência advindas dos procedimentos especiais e 
consequentemente maiores as possibilidades de atingir a plural 
existência/necessidade social. Do que tange a composição do código pátrio, 
entendemos muitos procedimentos como letra morta, ou que apenas surtiram efeitos 
em determinados momentos pontuais no ordenamento jurídico, o que gera um fluxo 
grande de procedimentos e instruções normativas que exigem as devidas 
atualizações e respaldo jurídico muitas vezes desnecessários. Atinentes à estes 
fatos, a manutenção de um ordenamento atualizado, pluralista e efetivo é quesito 
básico para execução justa do direito. 
 
 
 
 
 
 
33 
 
7 BIBLIOGRAFIA 
 
BRASIL. Código de processo civil e normas correlatas. – 9. ed. – Brasília : Senado 
Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2016. 
 
BRASIL. Código de processo civil [recurso eletrônico] : Lei n. 13.105, de 16 de 
março de 2015. – Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2016. – (Série 
legislação ; n. 251). 
 
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado/Marcus 
Vinicius Rios Gonçalves; coordenador Pedro Lenza. – 6. ed. – São Paulo : Saraiva, 
2016. – (Coleção esquematizada). 
 
MEDINA, José Miguel Garcia. Direito Processual Civil. 3º ed. São Paulo: Editora 
Revista dos Tribunais, 2017. 
 
Novas Reflexões em torno da Teoria Geral dos Procedimentos Especiais. Disponível 
em: <http://genjuridico.com.br/2017/04/26/novas-reflexoes-em-torno-da-teoria-geral-
dos-procedimentos-especiais/>. Acesso em: 29 set. 2019. 
 
Novo código de processo civil anotado. OAB – Porto Alegre: OAB/RS, 2015.

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