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Aula-4-Gerenciamento-de-custos-em-Enfermagem-2019-02

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A Enfermagem e o gerenciamento de custos nos serviços de saúde 1 
Rosângela Maria Greco2 
Nádia Fontoura Sanhudo3 
Herica Silva Dutra 3 
 
 
1. Objetivos 
• Destacar a relevância da política de recursos financeiros para a qualidade da assistência nas instituições de 
saúde; 
• Discutir as competências do enfermeiro no gerenciamento de recursos financeiros nos serviços de Enfermagem. 
 
2. Introdução 
O gerenciamento dos recursos materiais, humanos e financeiros é essencial para possibilitar o alcance dos 
objetivos determinados pela organização pública ou privada, com finalidade lucrativa ou não (CASTILHO; MIRA; LIMA, 
2016). Na área da saúde a crescente elevação dos custos, tem feito com que os profissionais busquem cada vez mais a 
racionalização da alocação de recursos e o equilíbrio entre custos e recursos financeiros, visando à eficiência e eficácia. 
A busca por conhecimento e o desenvolvimento de habilidades sobre o gerenciamento de custos são 
necessários na formação e no trabalho dos enfermeiros em serviços de saúde, considerando o cenário atual de escassez 
de recursos e aumento das demandas assistenciais em saúde. Tais conhecimentos e habilidades são importantes para 
subsidiar o processo de planejamento e tomada de decisão na gerência do cuidado de enfermagem (CASTILHO; LIMA; 
FUGULIN, 2016). 
A preocupação com os custos na saúde é relativamente nova, principalmente nas instituições públicas, pois não 
havia o hábito de se avaliar e relacionar a quantidade de material utilizado, a produção e os custos, ou seja, trabalhar 
com eficiência. Por isso, a sensibilização da equipe de saúde se faz necessária para definir e reavaliar seus processos 
de trabalho (CASTILHO et al, 2011). A sustentabilidade das instituições deve ser desenvolvida por meio do gerenciamento 
de processos assistenciais, auxiliares e administrativos a fim de melhorar a produtividade e reduzir desperdícios, o que 
se apresenta como possibilidades variadas de aprimoramento do gerenciamento do cuidado de enfermagem (VIANA et 
al., 2016). 
 
3. Recursos Financeiros e o Sistema Único de Saúde 
 No Brasil, os recursos financeiros do Sistema Único de Saúde (SUS) de acordo com a Constituição Federal de 
1988, Leis n° 8080, 8142 e a Emenda Constitucional (EC) 29/2000, é de responsabilidade de Municípios, Estados e União 
(SANTOS, 2018). A origem dos recursos para saúde vem do Fundo Nacional da Saúde que é composto da verba pré-
determinada pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e pela Lei Orçamentária Anual (LOA), que devem respeitar as 
leis federais Lei n° 8080 e Lei n° 8142 e a EC 29. 
 Entretanto, o subfinanciamento do SUS vem se arrastando com o passar dos anos, impondo aos profissionais e 
gestores desafios para garantir a manutenção da oferta dos serviços. Dentre os problemas enfrentados pode-se 
mencionar: a) desvio de possíveis recursos do SUS para outras áreas (ex: CPMF); b) EC 29, Lei da Responsabilidade 
 
1 Este texto foi elaborado como material instrucional para a Disciplina Administração da Assistência de Enfermagem II e atualizado para os acadêmicos do Curso de 
Graduação em Enfermagem do 8º período da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora em junho de 2019. Pedimos que caso haja o 
interesse em utilizar este material para outro fim seja citada a referência. Outras informações podem ser solicitadas pelos seguintes e-mails: herica.dutra@ufjf.edu.br 
ou nadiasanhudo@gmail.com. 
2 Doutora em Enfermagem. Professora aposentada do Departamento de Enfermagem Básica da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora. 
3 Professora Doutora do Departamento de Enfermagem Básica da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora. 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA 
FACULDADE DE ENFERMAGEM 
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM BÁSICA 
DISCIPLINA ADMINISTRAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM II 
Fiscal e criação da Agência Nacional de Saúde (ANS); c) renúncia fiscal para planos privados, ampliada para o mercado 
de medicamentos; d) não ressarcimento de planos privados ao SUS; e) veto presidencial a artigo da LDO/2016, reduzindo 
o orçamento do SUS de 2015 para 2016, com valor estimado entre 8 e 14 bilhões; g) aprovação da EC 95/2016 que 
reduziu a correção anual do financiamento federal da área social, inclusive do SUS (SANTOS, 2018). 
No Brasil, o SUS não consegue atender as demandas da população em sua totalidade, aspecto que também 
está relacionado ao fator econômico, visto que as melhorias do sistema de saúde dependem e muito dos recursos 
disponíveis e de sua aplicação. O desperdício na área de saúde é representado pelo gasto desnecessário de recursos 
na produção de processos, produtos, procedimentos ou serviços destinados à assistência aos clientes. Na verdade, o 
desperdício na área da saúde vem agravar as dificuldades já existentes devido aos recursos escassos (CASTILHO et al, 
2011). Dessa forma, é importante o comprometimento dos profissionais e gestores com o uso responsável dos escassos 
recursos financeiros, trabalhando para evitar desperdícios. 
 
4. Recursos Financeiros e a Enfermagem 
A prestação da assistência à saúde exige que o enfermeiro exerça o gerenciamento de custos no processo de 
trabalho. A utilização dos recursos é integrada à medida que tudo irá refletir em custo para a instituição: comprar um 
determinado material gera um determinado custo, contratar um profissional também gera custo. O gerenciamento de 
custos é uma ferramenta de ordem administrativa que o enfermeiro pode utilizar para contribuir nos processos decisórios 
(CASTILHO; LIMA; FUGULIN, 2016). 
Os avanços tecnológicos têm impulsionado o aumento constante da complexidade assistencial, exigindo cada 
vez mais recursos materiais, o que exige uma atenção maior dos profissionais para o gerenciamento desses recursos, a 
fim de promover uma assistência de qualidade a um menor custo, e assegurar a quantidade e qualidade desses materiais 
objetivando garantir a segurança do atendimento para os clientes e para os profissionais (CASTILHO; MIRA; LIMA, 2016). 
O profissional enfermeiro, engajado no processo gerencial das instituições de saúde, seja como gerente ou diretor de 
divisão, de serviço, ou unidade, necessita mais do que nunca buscar conhecimentos sobre custos, reconhecendo seu 
papel como agente de mudanças no alcance de resultados positivos, bem como buscando o equilíbrio entre qualidade, 
quantidade e recursos limitados (FRANCISCO; CASTILHO, 2006). 
Gerenciamento de custos em enfermagem é um processo administrativo que visa o controle de custos e a 
tomada de decisão dos enfermeiros para uma eficiente racionalização de recursos disponíveis e limitados, sem perder o 
propósito de atender às necessidades dos clientes e da instituição (CASTILHO; LIMA; FUGULIN, 2016). A discussão na 
enfermagem sobre as questões econômicas envolvidas na prestação da assistência é emergente. De acordo com o 
Conselho Internacional de Enfermagem (ICN), todos os países compartilham de um problema comum de custos 
galopantes na área de saúde frente a recursos ou orçamentos limitados (FRANCISCO; CASTILHO, 2006). 
 
5. Finalidade e objetivos do gerenciamento de custos em enfermagem 
A gerência de custos consiste em manter o equilíbrio entre receitas e despesas, de modo a que a organização 
possa cumprir sua finalidade e atingir as suas metas. Nos serviços de saúde, como em qualquer instituição, há a 
necessidade de se conhecer os custos, controlar os gastos e eliminar os desperdícios. Na saúde os gestores devem 
administrar os custos sem prejuízo da qualidade, com eficiência na distribuição dos recursos, garantir a oferta de serviços 
qualificados e compatibilizar custos e orçamentos (CASTILHO; LIMA; FUGULIN, 2016). 
O gerenciamento de custos se configura como uma necessidade mundial decorrente do aumento dos gastos 
com saúde, da insuficiência de recursos e da dificuldade de controle de gastos. Assim, podemos inferirque a gerência 
de custos em enfermagem deve ser realizada tendo como finalidade tanto a economia como a otimização dos recursos, 
não se perdendo de vista a qualidade, a eficácia e a eficiência com baixo custo. 
 
6. Definindo termos 
Nos ambientes hospitalares, a contabilidade de custos é um instrumento gerencial que auxilia na determinação, 
controle, e análise dos gastos (custos e despesas), permitindo o confronto desses custos e despesas com os preços dos 
procedimentos realizados, que são definidos pelo mercado, composto de seguradoras, cooperativas de saúde, governo 
e outros (CASTILHO; LIMA; FUGULIN, 2016). O sistema de custeio tem como objetivo calcular os bens e serviços 
prestados. É o conjunto de procedimentos adotados para mensurar os custos dos recursos consumidos quando são 
realizadas atividades significativas para a empresa, suprindo com informações sobre o custo dos produtos, dos processos 
e das atividades, tudo isso passível de acompanhamento para efeitos gerenciais (CASTILHO; LIMA; FUGULIN, 2016). 
Para melhor compreender o gerenciamento de custos na enfermagem é importante definir alguns conceitos: 
 
Quadro 1: Conceitos envolvidos no gerenciamento de custos no serviço de saúde 
Investimento É o gasto realizado tendo em vista a aquisição de bens ou serviços que irão ser incorporados ao 
patrimônio. Exemplo: aquisição de móveis e máquinas. 
Gasto É o investimento, um custo ou uma despesa (normalmente em dinheiro) que uma instituição faz para 
obter um produto ou realizar um serviço. Exemplo: compra de matéria prima. 
Despesa Refere-se ao gasto que não está diretamente relacionado ao processo de produção. Ex: juros de um 
financiamento. 
Desembolso Aquilo que se paga por adquirir um bem ou serviço. 
Custo Refere-se aos gastos realizados na produção de bens ou serviços fins da organização. Ex: insumos 
utilizados na produção, prestação de serviços de saúde. 
Rateio Divisão proporcional dos custos apurados. 
Adaptado de CASTILHO; LIMA; FUGULIN, 2016. 
 
Os custos podem ser classificados em: 
1) Custos diretos: são os gastos referentes à aplicação direta na produção de um produto, por exemplo, gasto com mão-
de-obra e medicação, material para administrar uma medicação. 
2) Custos indiretos: são comuns a diversos setores, sendo possível sua verificação setorial por meio de critérios e 
fórmulas de rateio, por exemplo, a energia elétrica, depreciação, água, luz, telefone, entre outros. 
3) Custo fixo: são os custos operacionais referentes à infraestrutura instalada e se mantêm constantes, mesmo não 
havendo modificação no número de atendimentos, por exemplo, aluguel de determinado aparelho, salário dos 
profissionais. 
4) Custos variáveis: são aqueles relacionados ao volume de produção, aumentando quando ela cresce e diminuindo 
quando o volume cair, por exemplo, luvas de procedimentos (CASTILHO; LIMA; FUGULIN, 2016). 
 Os centros de custos agrupam informações referentes aos elementos que compõem o custo necessário ao 
funcionamento de determinada unidade. Engloba informações relativas aos custos produtivos, custos auxiliares e custos 
administrativos, dependendo, então, da identificação e mensuração dos custos. Os centros de custos produtivos finais 
são aqueles responsáveis por atividades fim (ex: clínica cirúrgica). Os centros de custos auxiliares oferecem suporte aos 
centros produtivos (ex: nutrição). Os centros de custos administrativos desenvolvem atividades de natureza administrativa 
na organização (ex: recursos humanos). As planilhas com os custos compilados por determinado período de tempo são 
elaboradas pelos serviços de contabilidade de custos e enviadas às gerências das unidades (CASTILHO; LIMA; 
FUGULIN, 2016). 
 O acompanhamento das informações nos relatórios de custos da unidade permitirá ao gerente de enfermagem 
identificar aspectos relacionados aos custos, especialmente possíveis desvios e padrões, a fim de evitar desperdícios. 
 
7. A importância do plano orçamentário para assistência à saúde 
Para que se possa ter os recursos humanos e materiais necessários para o desenvolvimento de ações voltadas 
para a assistência à saúde de indivíduos e comunidades é necessário que se delimitem os recursos financeiros 
disponíveis e necessários. Portanto, para o funcionamento de um serviço de assistência em saúde é preciso que se faça 
o planejamento, organização e controle de recursos financeiros; é necessário que se faça um ORÇAMENTO 
(CHIAVENATO, 2013). 
Para o Serviço de Enfermagem, o planejamento orçamentário diz respeito à parte relativa à assistência de 
enfermagem aos pacientes, ou seja, a fração do orçamento da instituição que é aplicada em enfermagem, sendo que a 
definição de um orçamento e um sistema de controle orçamentário são funções que estão inseridas no papel do 
enfermeiro como administrador da assistência de enfermagem. 
O enfermeiro deve fazer um bom planejamento orçamentário, levando em conta as necessidades do paciente, 
a necessidade de pessoal, equipamentos e materiais adequados de acordo com cada unidade, com apresentação de 
argumentos que sejam convincentes demonstrando a necessidade de recursos para a manutenção da qualidade dos 
programas da instituição. 
Assim, um orçamento afeta as políticas que determinam a quantidade e tipo de equipamento, recursos de planta 
física e outros recursos que estarão disponíveis para a produção, incluindo o preparo e controle durante o período para 
o qual está destinado (CHIAVENATO, 2013). Os limites do orçamento fazem com que a enfermagem redefina a extensão 
de suas metas, seus objetivos. No que diz respeito às vantagens e desvantagens do orçamento pode-se citar que: 
• Possibilita que se critique o próprio planejamento sendo um importante instrumento de avaliação do mesmo, 
mostrando quais os aspectos em que as estimativas foram adequadas ou não; ao mesmo tempo, pode 
possibilitar a defesa do planejamento contra ataques injustificados; 
• Seu uso como um meio de pressionar para obter resultados pode estimular problemas de relacionamento 
humano; 
• Quando se torna a meta, ou seja, o próprio fim, e não um meio para o alcance dos fins, seus objetivos são 
anulados; 
• Quando bem elaborado, um plano orçamentário evita desperdícios; mal elaborado leva a desperdícios; 
• Proporciona qualidade no serviço, ao possibilitar a provisão de recursos; 
• Evita a falta de materiais e o estresse da equipe. 
 
8. As competências do enfermeiro no gerenciamento de recursos financeiros 
Os enfermeiros, bem como outros profissionais da área da saúde, devem assessorar os responsáveis pela área 
de compras de materiais. A compra no serviço público acontece por meio de um processo denominado licitação e, mais 
recentemente, o pregão. No serviço privado, o sistema de compra é mais aberto. Cada instituição tem suas regras, que 
geralmente refletem a questão do custo-benefício e da concorrência do mercado. Mas, também podem seguir o processo 
de licitação: convite; tomada de preço; concorrência; concurso; leilão. 
Independente do tipo de serviço de saúde, privado ou público, o enfermeiro é o profissional responsável pelo 
gerenciamento do cuidado e coordenação da atividade assistencial, tendo a responsabilidade de determinar a quantidade 
e qualidade do material para a execução da assistência. Assim, o enfermeiro deverá estar apto a atender as demandas 
dos serviços de saúde, preocupados com a elevação crescente de custos, a racionalização de recursos, o controle de 
desperdícios e a otimização de resultados, assumindo assim um papel efetivo na gestão econômica dos serviços de 
Enfermagem (FRANCISCO; CASTILHO, 2006). 
Embora pareça tão relevante a questão dos custos decorrentes da assistência de enfermagem, a Lei do 
Exercício Profissional da Enfermagem, Lei nº 7.498 de 1986, não trata diretamente dos aspectos relacionados aos 
“custos” ou aos aspectos “econômicos” em saúde, porém o enfoque administrativo que foi dado à função privativa do 
enfermeiro pode vir a indicar a necessidade dessesconhecimentos no gerenciamento de instituições de saúde públicas 
e privadas (FRANCISCO; CASTILHO, 2006). 
Os enfermeiros que gerenciam as unidades de saúde são responsáveis pelo gerenciamento de recursos 
humanos, materiais, físicos e estruturais, os quais demandam recursos financeiros. Sobretudo nessa questão destaca-
se o grande contingente de profissionais de enfermagem que é necessário para atender as demandas dos clientes, que 
representa, geralmente, cerca de 60% a 70% do total de quadro de pessoal. Além disso, a enfermagem produz um bem 
não material, o cuidado de enfermagem, que não pode ser estocado. Independente da média de ocupação de clientes 
no hospital, o que dependendo das características da instituição ou da própria unidade pode ser oscilante, o quantitativo 
de recursos humanos se mantém o mesmo, gerando um custo fixo para os serviços de saúde (CASTILHO; LIMA; 
FUGULIN, 2016). 
Em decorrência disso, muitos enfermeiros são pressionados a reduzir o quantitativo de profissionais, quando 
não conhecem o perfil dos gastos-custos, muitas vezes, perdem o poder de argumentação. Para debater essa questão 
é preciso incorporar que o gerenciamento de custos também diz respeito ao exercício profissional do enfermeiro. Embora 
o afastamento econômico-financeiro relativo à assistência de enfermagem seja historicamente reconhecido, existe uma 
preocupação que essa visão se transforme, buscando inserir os enfermeiros no processo de gerenciamento dos custos 
dos cuidados de enfermagem (CASTILHO et al, 2011). 
Existem diferentes métodos de aferição de custeio. Para a enfermagem é importante reconhecer esses 
diferentes métodos para auxiliar na geração de informações que subsidiem a missão de melhorar o desempenho e a 
eficiência da unidade ou serviço, pelo qual é responsável, bem como da organização como um todo. Essa atitude 
repercute positivamente na gerência dos cuidados e na gerência da unidade. 
De acordo com Castilho et al (2011), além de a enfermagem trabalhar no sentido de evitar desperdícios de 
materiais e medicamentos, também existem os desperdícios na estrutura física devido a falta de manutenção, 
vazamentos nas válvulas de gases e torneiras pingando, luz acesa sem necessidade e demora no aquecimento de água, 
dentre outros desperdícios. Essas situações corroboram para aumentar os custos fixos, e, nesse caso, estão em sua 
maioria relacionados ao comportamento dos profissionais, o que pode comprometer a sustentabilidade da instituição e 
do nosso planeta. 
Um aspecto que se destaca nessa abordagem é o enfermeiro conhecer e acompanhar o perfil de consumo dos 
materiais de sua unidade, com a finalidade de garantir a eficácia da assistência de enfermagem e evitar os desperdícios. 
Evitar o desperdício é uma tendência que cada vez mais ganha forças nos serviços de saúde. O desperdício pode ser 
definido como sendo o uso dos recursos disponíveis de forma descontrolada, abusiva, irracional e inconsequente 
(CASTILHO et al, 2011). O conhecimento de informações detalhadas e consistentes a respeito dos custos envolvidos na 
assistência são essenciais para que as organizações de saúde sejam capazes de aplicar de maneira eficiente e eficaz 
os recursos disponíveis, enfatizando os diferentes processos assistenciais e seus impactos nos custos, desenvolvendo 
estratégias capazes de favorecer a distribuição dos recursos e serviços, garantindo a qualidade da assistência e 
ampliando a acessibilidade dos usuários (LIMA, 2018). Num estudo que avaliou as principais fontes de desperdícios num 
hospital, os materiais mais citados como sendo desperdiçados foram os medicamentos, pacotes de curativo, papel sulfite 
e dispositivos de infusão, cujo custo do desperdício anual nas unidades estudadas foi em torno de R$ 479.262,86 
(CASTILHO et al, 2011). 
Para tanto, é importante que o enfermeiro se mantenha atualizado em relação aos novos produtos lançados no 
mercado, e desenvolva um olhar crítico para reconhecer quais materiais irão contribuir para a qualidade da assistência 
de enfermagem, proporcionando o cuidado mais seguro para os clientes e para os profissionais. A questão do custo é 
importante visto que a inclusão de novas tecnologias deve ser ponderada em relação a seu positivo impacto nos cuidados. 
O enfermeiro deve promover junto à equipe de enfermagem ações educativas referente à otimização dos recursos 
disponíveis, pois a falta de capacitação relaciona-se ao despreparo e a inexperiência profissional (CASTILHO et al., 
2011). 
Outra estratégia utilizada no gerenciamento dos custos refere-se à auditoria de enfermagem por subsidiar a 
avaliação dos aspectos qualitativos e quantitativos relacionados à assistência (VIANA et al., 2016; DIAS et al, 2011). Ao 
evidenciar os fatores que afetam o aumento dos custos, é possível monitorá-los ou diminui-los, sem negligenciar a 
segurança dos clientes e dos profissionais. Por exemplo, a monitorização do procedimento de punção venosa com 
determinado dispositivo intravascular periférico, possibilitou verificar que no momento da punção o cateter não progredia 
suavemente para “a luz” vascular, acarretando na necessidade de repetir o procedimento pela perda do acesso. O que 
determinava danos físicos e psicológicos para os clientes, custos para a instituição, retrabalho para o profissional, enfim 
uma série de efeitos indesejáveis que afetam todo o cuidado de enfermagem prestado. Tal situação conduz o enfermeiro 
a solicitar a substituição do material. 
Essa atitude pode parecer óbvia, e a decisão em implementa-la irá acarretar benefícios para todos os sujeitos 
envolvidos, inclusive na redução dos custos. Ao diminuir o número de punções se reduz o quantitativo de luvas de 
procedimentos, álcool, fita adesiva, horas de atendimento do profissional nesse procedimento, dentre outros. Nesse 
sentido, é essencial o comprometimento do enfermeiro com a qualidade da assistência enquanto um compromisso ético, 
o que irá reverter em benefícios para o paciente, profissionais e instituição, impactando nos custos assistenciais. 
Cabe mencionar ainda a Resolução nº 301/2005 que “Atualiza os valores mínimos da Tabela de Honorários de 
Serviços de Enfermagem”, apontando valores norteadores de honorários para as diferentes atividades de enfermagem 
exercidas por enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem. 
 
Para finalizar.... 
É competência do enfermeiro manter a equipe informada sobre o custo da assistência, visando com isto obter 
destes o apoio no sentido da racionalização da utilização de materiais e equipamentos, evitando desperdícios, sem 
perder de vista a qualidade da assistência. Frente ao aumento dos gastos com saúde; da insuficiência de recursos; e da 
dificuldade de controle de gastos, dentre outras, uma questão emergente na enfermagem relativa ao gerenciamento de 
custos trata-se de saber o custo do cuidado de enfermagem. Daí a relevância de investigações para validar metodologias 
de cálculo de custos nos serviços de enfermagem. 
A análise de custos dos procedimentos poderá contribuir para que os profissionais de enfermagem sejam 
capazes de detectar ineficiências e desperdícios e assim, interferir nos processos de cuidado a fim de promover o uso 
racional dos recursos e contribuir para a assistência de excelência (LIMA, 2018) com impacto para pacientes, profissionais 
e instituições. 
 
Exercícios de fixação do conteúdo 
1. Explique por que estudar e discutir o gerenciamento de custos em enfermagem? 
2. Defina com suas palavras o que é gasto, custo, despesa e receita? 
3. O que significa gerenciar custos? Dê um exemplo. 
4. Exemplifique o que são custos diretos e indiretos? 
5. Explique o que é um orçamento? 
6. Quais são as vantagens e desvantagens de um orçamento em enfermagem? 
7. Quais as responsabilidades dos enfermeiros no gerenciamento de custos em instituições de saúde? 
 
Referências 
1. CASTILHO V. Et al. Levantamento das principais fontes de desperdício de unidades assistenciais de um hospital 
universitário. Rev.Esc. Enferma USP. v. 45, n. esp, p. 1613-1620, 2011. 
2. CASTILHO, V.; MIRA, V.L., LIMA; A.F.C. Gerenciamento de recursos materiais. In: Kurcgant P. (Coord). 
Gerenciamento em enfermagem. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2016. 
3. CASTILHO. V.; LIMA, A.F.C.; FUGULIN, F.M.T. Gerenciamento de custos nos serviços de enfermagem. In: Kurcgant, 
P. (Coord.) Gerenciamento em enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 
4. CHIAVENATO, I. Princípios da Administração: o essencial em teoria geral da Administração. 2. ed. rev. e atual. Rio 
de Janeiro: Manole, 2013. 
5. COFEN. RESOLUÇÃO COFEN-301/2005. Atualiza os valores mínimos da Tabela de Honorários de Serviços de 
Enfermagem. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-3012005-revoga-a-resoluao-cofen-n-
2642001_5642.html. Acesso em 08 jun 2019. 
6. DIAS, L.C.T. et al. Auditoria em enfermagem: revisão sistemática da literatura. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 
64, n. 5, p. 931-7, 2011. 
7. FRANCISCO, I.M.F.; CASTILHO, V. A inserção do ensino de custos na disciplina administração aplicada à 
enfermagem. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 40, n. 1, p. 13-19, 2006. 
8. LIMA, A.C.F. Custos diretos de procedimentos integrantes da hemodiálise convencional realizada por profissionais de 
enfermagem. Revista Latino-Americana de Enfermagem, n. 26, p. e2944, 2018. 
9. SANTOS, N.R. SUS 30 anos: o início, a caminhada e o rumo. Ciênc. saúde coletiva, v. 23, n. 6, p. 1729-1736, 2018. 
10. VIANA, C.D. et al. Implantação da auditoria concorrente de enfermagem: um relato de experiência. Texto Contexto 
Enfermagem. v. 25, n. 1, p. e3250014, 2016.

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