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Políticas Educacionais e Gestão Escolar

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¹Licenciada em Pedagogia pela Universidade Federal do Maranhão - UFMA e Bacharela em Direito 
pela Estácio de São Luís. Email: angelica_spessoa@hotmail.com. 
²Doutora em Educação, pela Universidade Federal do Pará - UFPA. Professora Adjunta da 
Universidade Federal do Maranhão -UFMA. E-mail: vercar1407@gmail.com. 
 
 
AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS E A GESTÃO ESCOLAR: contribuições para a efetivação 
do direito à educação 
Angélica Telles de Souza Pessoa¹ 
Verônica Lima Carneiro Moreira² 
Eixo: Impasses e Desafios das Políticas de Educação 
 
Resumo 
Para compreender a Gestão Escolar e suas contribuições à 
efetivação do direito à educação, foi desenvolvido um estudo 
de caso em uma escola pública de Ensino Médio em São Luís. 
Realizou-se análise bibliográfica, observações e entrevistas 
semiestruturadas, para avaliar a gestão e o cumprimento do 
direito à educação. Utilizou-se, além da Constituição, o 
Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional e, como referencial teórico, 
Dourado (2007); Prado (2012). Constatou-se que a 
engrenagem da escola envolve a participação de vários 
agentes, pois o processo de aprendizagem depende de toda 
comunidade escolar. 
 
Palavras-chave: Gestão escolar. Direito à educação. 
Democracia. 
 
Abstract 
In order to understand of School Management and its 
contributions to the realization of the right to education, a case 
study was carried out in a public high school in São Luís. A 
bibliographic analysis, observations and semi-structured 
interviews, to diagnose compliance with the right to education 
and democratic management. In addition to the constitution, the 
Statute of the Child and Adolescent, the Law of Guidelines and 
Bases of National Education and, as theoretical reference, 
Dourado (2007). It was verified that the school gear involves the 
participation of several agents, because the learning process 
depends on the whole school community. 
 
Keywords: School management. Right to education. 
Democracy. 
 
I. INTRODUÇÃO 
 
A importância da garantia da educação enquanto um direito público subjetivo 
inalienável, inerente à pessoa humana, deve nortear a implementação das políticas públicas 
 
voltadas para a educação, bem como as ações de professores, gestores e demais membros 
da comunidade escolar. Dessa forma, a gestão, em sua perspectiva democrática, deve 
inserir a todos no processo ensino-aprendizagem, na tentativa de lhe proporcionar melhorias 
contínuas. 
Sendo assim, esse artigo possui como base uma investigação voltada para as 
contribuições da gestão escolar no que tange à efetivação do direito à educação. Como 
forma de demonstrar como ocorre essa concretização sob o viés metodológico, foi traçada 
uma pesquisa de campo, a qual foi classificada como qualitativa e utilizou o estudo de caso, 
com a aplicação de entrevistas semiestruturadas. 
O lócus escolhido para a realização da pesquisa empírica foi uma escola 
estadual que atende o ensino médio no município de São Luís, Maranhão. Foram 
entrevistados um Gestor auxiliar e uma Supervisora, buscou-se compreender a atuação e a 
importância de cada função no desenvolvimento das atividades da unidade, o planejamento 
de ações para o semestre e as dificuldades de colocar em prática melhorias no ensino. 
Tendo em vista os aspectos descritos, e outros a serem tratados no decorrer 
desse estudo, o questionamento norteador da presente pesquisa é: Como a gestão escolar 
tem contribuído para a efetivação do direito à educação? 
O objeto é fruto de discussões sobre os direitos da criança e do adolescente 
vivenciadas no decorrer da graduação, em especial o direito à educação, pois, assim como 
a Constituição Federal de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8069/90) 
prelecionam em seus artigos, esses são cidadãos com condições especiais em relação aos 
demais e o cumprimento de seus direitos é dever da sociedade. 
A inquietação gerada pelas condições de vulnerabilidade as quais os menores 
têm sido expostos na atualidade levam profissionais que lidam com essa realidade a ficarem 
alarmados, e aqueles que ainda possuem uma esperança de mudança buscam de alguma 
forma melhorar a realidade atual. 
Portanto, o interesse dessa pesquisa foi motivar a busca por melhorias no 
ensino e a efetivação dos direitos tão bem redigidos no ordenamento. É importante também 
destacar o quanto um pequeno recorte da realidade do município de São Luís do Maranhão, 
em termos da efetivação do direito à educação, poderá ser útil para gestores, estudiosos 
dessa temática e aos demais cidadãos. 
Existem, autores como Cury (2008), Candau (2012) que defendem a 
necessidade das crianças conhecerem seus direitos desde o início de sua escolarização, no 
sentido de reforçar sua formação cidadã. Porém, o próprio contexto social dos alunos de 
escola pública do município de São Luís não favorece que esses se empenhem em buscar 
seus direitos. 
 
Este trabalho está dividido em duas seções, além desta Introdução e Conclusão, 
sendo que a primeira é embasada na revisão bibliográfica e, a segunda, constituiu-se dos 
resultados e discussões acerca dos dados levantados junto ao lócus da pesquisa empírica. 
 
II. A GESTÃO ESCOLAR E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A EFETIVAÇÃO DO DIREITO À 
EDUCAÇÃO 
 
Em meio aos outros princípios que devem nortear o ensino, previstos no artigo 
3º da LDBEN/1996, está a gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da 
legislação dos sistemas de ensino. Ainda com base nas diretrizes, o artigo 14º reforça: “Os 
sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na 
educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os princípios da 
participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola 
e das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes”. 
Além dos mencionados artigos da LDBEN, temos o posicionamento da CRFB/88 
onde o artigo 206 (BRASIL, 1988) em seu inciso VI preceitua como princípio do ensino, ser 
ofertada a gestão democrática do ensino público, na forma da lei. Conforme Prado (2012) os 
ideais democráticos foram responsáveis pela substituição da terminologia diretor por gestor: 
 
Mas, em nome dos ideais de democracia e de descentralização o vocábulo “diretor” 
(não necessariamente as práticas) é substituído não só na legislação, mas também 
na produção acadêmica que se sucede no período, por “gestor”, aquele que 
administra as tensões, que se envolve em todas as áreas da escola, que aproxima 
as questões burocrático-administrativas das pedagógicas e de pessoas, que delega 
poderes e tarefas, enfim, aquele que enxerga as especificidades da administração 
escolar para além da administração empresarial e que é (ou deveria ser) 
“democrático” (PRADO, 2012, p. 25). 
 
A previsão legislativa é um avanço, porém, ainda é superficial diante da 
necessidade de reformar a gestão escolar, como pressupõe os autores Bordignon e 
Gracindo: 
 
A gestão democrática da educação requer mais do que simples mudanças nas 
estruturas organizacionais; requer mudança de paradigmas que fundamentem a 
construção de uma Proposta Educacional e o desenvolvimento de uma gestão 
diferente da que na atualidade é vivenciado. Ela precisa estar para além dos 
padrões vigentes, comumente desenvolvidos pelas organizações burocráticas. 
(BORDIGNON e GRACINDO, 2000, p.148) 
 
Como forma de ampliar a visão sobre a gestão, foi necessário compreender 
essa sua forma democrática, a qual, para Medeiros e Luce (2006), está associada ao 
estabelecimento de mecanismos institucionais e à organização de ações que desencadeiem 
processos de participação social: na formulação de políticas educacionais; na determinação 
 
de 5 objetivos e fins da educação; no planejamento; nas tomadas de decisão; na definição 
sobre alocação de recursos e necessidades de investimento; na execução das deliberações; 
nos momentos deavaliação. Esses processos devem garantir e mobilizar a presença dos 
diferentes atores envolvidos nesse campo, no que se refere aos sistemas, de um modo 
geral, e nas unidades de ensino – as escolas e universidades. 
As ações propostas visam ao comprometimento de todos os atores envolvidos 
no sistema e unidades de ensino, sendo assim, superam a proposta da LDBEN e 
ultrapassam os muros das escolas para efetivar políticas sociais. Em conformidade, Vieira 
(2007, p.65) aduz: “a gestão democrática da escola é, portanto, apenas um desses espaços 
de intervenção que se articula a outros, no campo da política sindical, partidária e em outras 
formas de exercício da cidadania e da militância”. 
Dessa forma, fica demonstrada a relação da escola com outros espaços e seu 
papel político na conjuntura do Estado. Para retratar a relação entre a democracia já 
conceituada e a gestão, apresenta-se o seguinte pensamento: 
 
A democratização da gestão escolar, por sua vez, supõe a participação da 
comunidade em suas decisões, podendo ocorrer através de órgãos colegiados e 
instituições auxiliares de ensino. A participação da comunidade não deve ficar 
restrita apenas aos processos administrativos, mas ocorrer nos processos 
pedagógicos que supõem o envolvimento da comunidade nas questões relacionadas 
ao ensino (SILVA, 2006, p.102). 
 
Conforme o posicionamento mencionado acima, a comunidade deve ser 
participativa nos processos administrativos e pedagógicos dos ambientes de aprendizagem. 
O avanço no número de vagas compreendeu-se como um grande feito para o ensino, 
entretanto, é apenas parte do direito assegurado. Afinal, é necessário combinar o aspecto 
quantitativo ao qualitativo nos espaços educacionais. 
De acordo com a análise de Dourado (2007), qualidade da aprendizagem na 
educação básica, pressupõe, por um lado, identificar os condicionantes da política de gestão 
e, por outro, refletir sobre a construção de estratégias de mudança do quadro atual. 
Ampliando o posicionamento do autor: 
 
O conceito de qualidade, nessa perspectiva, não pode ser reduzido a rendimento 
escolar, nem tomado como referência para o estabelecimento de mero ranking entre 
as instituições de ensino. Assim, uma educação com qualidade social é 
caracterizada por um conjunto de fatores intra e extra-escolares que se referem às 
condições de vida dos alunos e de suas famílias, ao seu contexto social, cultural e 
econômico e à própria escola – professores, diretores, projeto pedagógico, recursos, 
instalações, estrutura organizacional, ambiente escolar e relações intersubjetivas no 
cotidiano escolar (DOURADO, 2007, p. 940-941). 
 
Nessa perspectiva, demonstra-se a necessidade de todos os Entes Federados e 
agentes da educação trabalhar em prol de avanços para os recintos de aprendizagem, e 
 
consequentemente, na formação dos profissionais que sairão desse ambiente. Os 
investimentos na educação devem primar pela qualidade, ou seja, devem estar direcionados 
a ações e metas possíveis e eficientes. 
Um contexto democrático no ambiente escolar pressupõe civilidade, como 
explica Beraldo e Pelozo (2007), a democracia promove o discurso e o debate num 
ambiente civilizado. Numa democracia, todos podem concordar, discordar e debater os 
problemas até chegar ao consenso. Este debate precisa ser conduzido com civilidade, o que 
não exclui paixão. Mas, uma vez encerrado, deverá haver respeito pelas diferentes opiniões 
e um envolvimento construtivo. No contexto da escola, a civilidade significa a capacidade de 
ouvir e promover o discurso de todos os grupos, independentemente de suas posições. 
De certa forma, o respeito que se espera na vida em sociedade, conforme os 
autores, começa nas instituições de ensino, sendo implementado por meio das escolhas da 
maioria, como acontece nas eleições, onde o vencedor foi escolhido pelo quantitativo maior 
de votos e cabe aos demais respeitar essa escolha. Entretanto, a postura de compreensão 
mútua entre as partes não significa a total passividade da minoria, tanto na política quanto 
no meio estudantil é possível reivindicar e, principalmente, cobrar as promessas e o avanço 
das políticas essenciais. 
Cabe ao gestor escolar mediar as relações e propiciar um ambiente participativo 
onde cada membro da comunidade compreenda sua importância enquanto parte da 
instituição. Para ampliar o posicionamento acima, Honorato (2012, p.5) ressalta que: “o 
papel do diretor tem ido além da administração centralizadora e técnica [...] o diretor possui 
uma visão do futuro e parte para a sua conquista junto com todos os seus seguidores”. 
A liderança desse personagem da gestão escolar só não pode suprimir os 
direitos inerentes aos jovens, porém, é observada a utilização do cargo em uma posição de 
superioridade sobre os demais membros da comunidade estudantil. Pensamento 
sintetizando por Forno, Ferreira e Markowicz (2002) esse novo modelo pautado pela 
liderança do diretor pretende que este seja o pivô da administração escolar, ou seja, 
liderança seria uma subárea que transforma o diretor em uma espécie de gerente executivo 
que busca os recursos e os professores em técnicos da educação. O objetivo é claro, é a 
lucratividade e não a qualidade do serviço, não é apenas a lógica técnica, mas também a 
lógica comercial. Este tipo de profissionalismo tende a criar um abismo que divide ainda 
mais as categorias de professores, com os demais profissionais da escola e os pais e a 
comunidade escolar. 
Cury (2007) sistematiza a gestão democrática da educação por meio da carta 
magna: é ao mesmo tempo, por injunção da nossa Constituição (art. 37) (BRASIL, 1988): 
transparência e impessoalidade, autonomia e participação, liderança e trabalho coletivo, 
 
representatividade e competência. Voltada para um processo de decisão baseado na 
participação e na deliberação pública, a gestão democrática expressa um anseio de 
crescimento dos indivíduos como cidadãos e da sociedade enquanto sociedade 
democrática. Por isso, a gestão democrática é a gestão de uma administração concreta. 
Ao final, ao mesmo tempo em que a gestão democrática propicia o posto de 
liderança aos gestores, ela resguarda os educandos, pois a autonomia proposta para a 
escola pressupõe os direitos e deveres de toda a comunidade escolar, bem como sua 
participação nas principais decisões e vislumbra melhorias para o ensino, de forma que a 
proposta não é tornar o gestor dono da instituição, mas, sim, mediador das relações e parte 
importante no avanço da aprendizagem. 
O objetivo de melhor a aprendizagem deve juntar todos os sujeitos, inclusive na 
produção de documentos como a Proposta Político Pedagógica (PPP): 
 
A legislação em vigor estabelece a construção do PPP pela própria escola, tendo em 
vista sua realidade, de forma a assegurar a participação dos profissionais da 
educação, dos pais, alunos e comunidade local. Ao construir, implementar e avaliar 
seu projeto, a escola propicia uma educação de qualidade e exerce sua autonomia 
pedagógica, o que possibilita a ampliação do espaço de decisão e participação da 
comunidade (CORDEIRO; ROCHA e SOUSA, 2009, p. 61). 
 
O texto legislativo ao qual os autores se referem é a própria LDBEN (1996), que 
dispõe, em seu artigo 12, que: “Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas 
comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de elaborar e executar sua 
proposta pedagógica”. Fica evidente, pela reiterada norma, a existência de muitos 
dispositivos que se coadunam com a efetivação do ensino de qualidade e a proposição de 
autonomia direcionada ao grupo responsável pela instituição. 
A intenção de refletir sobre o papel da escola compõe as tarefas essenciais da 
escola e devem nortear a produção do PPP, de forma que seu resultado final norteie 
verdadeiramente a prática da escola e impulsione as aulas dadas pelos professores a um 
patamar superior de qualidade e compromisso. 
Para os autores Cordeiro,Rocha e Sousa (2009), o PPP possui um papel social, 
deve ser construído de forma que aponte para as necessidades de reconstrução do homem 
como ser integral, por intermédio da integração de conhecimentos específicos, adaptados à 
realidade do educando, buscando sua integração com o meio social onde vive. 
Sendo assim, compete aos gestores articular todo o processo ensino-
aprendizagem na busca por alcançar os objetivos educacionais. Inúmeras são as 
dificuldades existentes para chegar ao patamar desejado, mas o diretor tem que ter, nesse 
percurso, o professor como aliado e não como mais um empecilho. Para tanto, é preciso 
 
ouvir o educador, pôr em prática ações que facilitem o dia-a-dia em sala de aula e promover 
incentivos à formação continuada. 
Com base no posicionamento de Dourado (2007), a problematização das 
condições de formação e profissionalização docentes coloca-se como questão interligada à 
gestão educacional e, nesse sentido, deve considerar os diferentes fatores que interferem 
na atuação dos profissionais da educação, bem como possibilitar o acesso a processos 
formativos que não descurem de uma base sólida de formação, não se reduzindo à 
disseminação de metodologias e estratégias de aprendizagem. Rever a formação 
pedagógica requer, portanto, a articulação entre as políticas educacionais e as concepções 
de formação enquanto processos de construção coletiva. 
A qualidade no ensino perpassa as funções dos grupos que compõe a escola, 
pois, na visão de Oliveira e Araújo (2005), três significados distintos de qualidade foram 
construídos e circularam, simbólica e concretamente, na sociedade: um primeiro, 
condicionado pela oferta limitada de oportunidades de escolarização; um segundo, 
relacionado à ideia de fluxo, definido como número de alunos que progridem ou não dentro 
de determinado sistema de ensino; e, finalmente, a ideia de qualidade associada à aferição 
de desempenho mediante testes em larga escala. 
De acordo com esse entendimento sobre a qualidade no ensino, se compreende 
que a gestão deve acompanhar esses três aspectos ligados a ele. Então, será prioridade 
contribuir com a oferta de vagas, acompanhar e promover a permanência desse estudante e 
aferir a qualidade do ensino por meio dos testes. 
 
III. RESULTADOS E DISCUSSÕES 
 
Para analisar o caso da escola escolhida em relação às contribuições da gestão 
para a efetivação do direito à educação, foi necessário, preliminarmente, caracterizar o 
ambiente e os sujeitos pesquisados e as respostas dadas durante as entrevistas. O primeiro 
passo foi fazer uma pesquisa bibliográfica referente ao direito à educação, além disso foram 
realizadas observações e houve a aplicação de um roteiro de entrevista semiestruturada, 
convencionou-se a pesquisa qualitativa para dirimir os fatos relacionados a como as ações 
da gestão escolar contribuem para a efetivação do direito à educação. 
Sobre o aspecto comparativo entre a análise qualitativa e 
quantitativa, Gunther (2006, p. 203) faz uma distinção entre a interação dinâmica entre o 
pesquisador e o objeto de estudo: “Na pesquisa quantitativa, dificilmente se escuta o 
participante após a coleta de dados, não sendo a reflexão continua especificidade do estudo 
qualitativo”. 
 
A abordagem escolhida para alcançar o objeto de estudo foi a pesquisa 
qualitativa, através do estudo de caso, com a aplicação de entrevistas relacionadas à forma 
de gerir a escola. As vantagens de um ou outro tipo de questão dependem das propostas do 
estudo e da necessidade de profundidade da análise sobre o objeto de estudo. A qualidade 
das perguntas e do processo de pesquisa interfere nos resultados. 
O processo investigativo ocorreu nos meses de maio a agosto de 2016 no turno 
vespertino na escola-campo durante a realização do Estágio em Gestão de Sistemas 
Educacionais e Instituições de Ensino Médio. Período em que identificou-se que a instituição 
foi fundada no ano de 1838, fica localizada no Centro da cidade de São Luís e possui 
estrutura física bem completa e ampla. Funciona nos turnos matutino e vespertino possuem 
um total de 32 turmas, no período noturno são 12 classes em funcionamento. O Centro 
conta com 197 docentes e, em contrapartida, possui 2778 discentes. 
Para aprofundar a temática estudada por meio de pesquisa bibliográfica, optou-
se pela utilização da análise de entrevistas realizadas no espaço escolar. Denominarei os 
entrevistados como P1 e P2 como forma de preservar a identidade dos mesmos, 
promovendo, em consonância com o artigo 5º, X, da CRFB/88 “a proteção do direito à 
intimidade e à vida privada do indivíduo”. 
Primeiramente, contamos com as respostas do professor P1, o qual ocupa a 
função de Gestor auxiliar. Tem como formação a Licenciatura em Física e foi supervisor 
técnico responsável pelo acompanhamento da equipe do Estágio. Posteriormente 
entrevistou-se uma Supervisora aqui denominada de P2, formada em Pedagogia com 
habilitação em gestão escolar. 
O histórico da Legislação voltado à concretização do direito à educação é vasto 
e foi se aperfeiçoando com o passar dos anos, mas, assim como mudar a nomenclatura de 
diretor para gestor não muda muitos aspectos práticos, uma lei no papel também não muda 
muito a realidade. O que é responsável por mudanças são as ações diante das demandas e 
do que está assegurado juridicamente, logo é a efetiva implantação de políticas públicas no 
ambiente educativo que faz a diferença. 
Neste contexto, para Prado (2012) a formação do novo gestor ganha um papel 
central e, dentro dele, a função do estágio curricular supervisionado. Os cursos de formação 
de professores-gestores devem propiciar momentos de reflexão e de contato com práticas 
de escolas que visem à construção educativa “de” e “para” processos participativos e 
democráticos. 
O que ficou evidente foi a necessidade de uma formação inicial que prepara os 
estudantes da graduação para atuar junto à gestão e, principalmente, de promover a sua 
 
forma democrática, bem como uma formação continuada para quem está à frente da escola 
para lidar com as mudanças e com todos os grupos da comunidade escolar. 
Os profissionais registraram a importância de formação específica para o 
exercício da gestão, pois suas experiências anteriores eram na sala de aula. Demonstrando 
que precisam manter boa convivência com quatro segmentos para realização de suas 
atividades: o corpo docente, os discentes, a comunidade externa (incluindo pais e 
responsáveis) e demais funcionários da instituição. 
De certa forma, a gestão da escola pesquisada tem um discurso democrático, 
mas tenta se justificar por não ter a comunidade ainda mais imersa no espaço educacional 
evidenciando que o colégio tem educandos de vários pontos da cidade e não apenas de um 
bairro, o que facilitaria uma relação mais aproximada. 
Para Silva (2006, p.149), “a culpa da não implantação da gestão democrática 
não é exclusiva dos diretores, ou da comunidade escolar, [...] não podemos negar a 
existência de vários elementos que emperram a organização de um coletivo, como 
dirigentes escolares autoritários; membros da comunidade escolar desinteressados em 
decisões cujos benefícios sejam de todos; dependência de que o diretor dê abertura para 
que professores, pais, alunos e funcionários participem da gestão da escola, ficando todos à 
mercê do temperamento desse ou daquele dirigente escolar”. 
Assim, como o sucesso do ensino depende de vários elementos e agentes, a 
implantação de uma gestão mais participativa também depende da superação de vários 
impasses e de uma combinação de fatores. Em conformidade com o papel de liderança, 
pressupõe-se que o gestor se antecipe diante de algumas demandas, essa antecipação 
favorece a proposição e efetivação de políticas educacionais no espaço escolar. Estando 
esse compromisso com a qualidade do ensino intimamente ligada a motivação e empenho 
que se busca por parte dosestudantes. 
Quanto à função de gerir os recursos financeiros, para Cury (2007) é um dos 
critérios que auxilia na permanência do aluno. Hoje, todo o gestor educacional acaba de 
uma forma ou de outra lidando com recursos financeiros. Como ignorar essa dimensão de 
uma realidade que necessita permanentemente de uma base material? Eis porque os 
gestores educacionais devem conhecer elementos básicos da dinâmica do Fundeb, não só 
para serem guardiães morais da destinação legal desses recursos, mas, também, para gerir 
os recursos destinados diretamente à escola e, com isso, poder auxiliar o órgão executivo 
na indicação das necessidades materiais da escola. 
Sobre as suas atribuições na escola P2 respondeu que o supervisor escolar tem 
a função de “acompanhamento e assessoramento pedagógico dos professores. O trabalho 
 
do supervisor consiste em acompanhar não somente os professores, mas também os 
alunos. Acompanhar o processo de ensino-aprendizagem como um todo”. 
Com vistas aos estudos de Gimenes e Martins (2010), a responsabilidade 
trazida pelo supervisor é de liderar sua equipe, tendo como principal função a de mediador e 
articulador de todo o processo ensino-aprendizagem, vislumbrando um profissional que 
anseia por colocar em prática as teorias apreendidas nos cursos de formação, mas limitado 
pelo pouco tempo destinado às suas verdadeiras atividades, pois a maior parte do tempo 
deste é direcionado à resolução de questões burocráticas. Frequentemente, observa-se um 
hiato entre a área administrativa e a área pedagógica das instituições escolares, sendo esta 
última relegada a segundo plano no prol das atribuições do supervisor escolar. 
Quanto à existência de um planejamento de ação da Coordenação Pedagógica, 
foi informado que são realizados planejamentos, formações continuadas, acompanhamento 
do processo de avaliação, acompanhamento das famílias e outros. Sobre o momento no 
qual se percebe falhas no processo de ensino-aprendizagem compreendeu-se que a gestão 
deve ter um olhar de acordo com a situação e fazer as intervenções necessárias. 
Com relação a proporcionar um ambiente de trabalho favorável às relações 
interpessoais, apresentam a proposta de não querer se aproximar dos educadores como 
fiscalizadores. O posicionamento de Candau (2000, p.27) sobre a criação de ambientes 
participativos dispõe: “é uma condição básica da gestão democrática. Deles fazem parte a 
criação de uma visão de conjunto da escola e de sua responsabilidade social; o 
estabelecimento de associações internas e externas; a valorização e maximização de 
aptidões e competências múltiplas e diversificadas dos participantes”. 
De acordo com Silva (2006), a comunidade, uma vez na escola, pode ampliar a 
sua forma de participação e determinar uma nova relação com o espaço público, 
envolvendo-se em decisões relacionadas à elaboração, execução e avaliação das 
atividades desenvolvidas nesse local. Então, conforme as portas da escola vão sendo 
abertas verdadeiramente, aumenta-se a possibilidade de envolvimento entre as partes 
responsáveis pelo ensino. 
 
IV. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Em conformidade ao questionamento norteador, a gestão escolar tem 
contribuído para a efetivação do direito à educação ao buscar a implantação de uma gestão 
mais democrática, pois essa tem o objetivo de proporcionar a participação da comunidade 
escolar no planejamento, no acompanhamento do aprendizado e na produção de 
documentos que direcionam a prática. 
 
O percurso de conhecer a temática mais minuciosamente, observar a instituição 
e seus profissionais, aplicar as entrevistas semiestruturadas e analisa-las foi responsável 
pela visualização da função de liderança como uma das contribuições para ocorrer a 
garantia da educação. 
A gestão também pode contribuir para a efetivação do direito à educação, na 
medida em que cumpre sua função social, planeja e coloca em prática suas propostas. Não 
somente planejar, mas projetar em conjuntos com os outros seguimentos escolares e 
buscando o cumprimento das metas dentro calendário escolar anual. 
A qualidade do ensino está intimamente ligada a sua efetividade, de forma que a 
formação continuada orienta esse avanço do direito à educação. Além disso, esse 
conhecimento cria uma compreensão profissional por parte do indivíduo, capaz de torna-lo 
mais engajado na busca pelas garantias educacionais e da aplicação das políticas 
relacionadas. 
A proposição do objeto abordado na presente pesquisa relacionou-se à sua 
relevância social e contemporaneidade diante do cenário educacional e democrático. Ao 
final da análise, constatou-se que o sucesso de uma escola, em especial o caso da escola 
pública de ensino médio pesquisada, está na união e participação de vários agentes, pois o 
processo ensino-aprendizagem não depende de um único indivíduo. 
Em síntese, para o gestor cabe a liderança mas ao mesmo tempo o olhar 
aproximado sobre as demandas da escola e a cobrança direta aos órgãos superiores. Junto 
aos professores e outros agentes é necessário produzir documentos como o PPP, que 
orientarão o funcionamento da escola e o planejamento “individual”. A todos os profissionais 
compete está em constante aprimoramento e aprendizagem, e os estudantes devem ser 
incentivados a ter compromisso com os estudos e lutar por seus direitos. 
 
REFERÊNCIAS 
 
BERALDO, Fernando. PELOZO, Rita de Cássia Borguetti. A gestão participativa na escola 
pública: tendências e perspectivas. Revista Científica Eletrônica de Pedagogia/ 
Faculdade de Ciências Humanas de Garça FAHU/FAEF. ano V, n.10. Garça, SP: Editora 
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